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1. COMPORTAMENTO VERBAL
a) INTRODUÇÃO
O que é comportamento verbal? Comportamento verbal é mais do
que a fala, pode ser um gesto, comunicação aumentativa alternativa,
leitura, escrita e etc. A fala apenas faz parte de uma das possibilidades de
comportamento verbal.
O que é comportamento verbal vocal? Trata-se da utilização da fala
para comunicação. Aí sim a criança utilizará da fala para se comunicar.
Portanto, quando perguntamos se uma criança é verbal, ainda que
ela não fale, pode ser que ela seja verbal, basta que ela se comunique
qualitativamente bem de outras formas que não seja a fala. Quando uma
criança utiliza a fala para se comunicar, dizemos que ela é verbal vocal.
O curso faz uma retomada histórica acerca dos estudos da Análise
do comportamento sobre o comportamento verbal. Inicialmente ocorreu o
processo de criação do livro “O comportamento verbal”, de Skinner. O livro
foi publicado pela primeira vez em 1957.
O livro de Skinner (comportamento verbal) levou um tempo para ser
reconhecido pelos analistas do comportamento da época, por não ter uma
pesquisa científica que o embasasse. Hoje, porém, comportamento verbal
é uma área de estudo e não mais apenas um livro de Skinner.
Comportamento humano
Antes das contribuições da Análise do comportamento (AC), as
definições de comportamento já eram discutidas por outras abordagens,
em sua maioria mentalistas. Para a AC, comportamento operante é
definido como a ação dos seres humanos no mundo, modificando-os, e
sendo modificados pelas consequências de suas ações. Ou seja,
comportamento não é apenas a ação, há também um contexto para que a
ação aconteça e uma consequência dessa ação.
O curso se propôs a dar enfoque na teoria dos operantes verbais. A
título de citação, é pertinente ressaltar que temos, além dos operantes
verbais, a teoria dos quadros relacionais e a teoria da nomeação, que são
formas de explicar os comportamentos verbais. Todas essas estão dentro
da AC, mas tem formas diferentes de explicação.
Nos casos de TEA, com alto déficit de comunicação - dificuldade de
se expressar, de falar, atraso de linguagem e etc - é imprescindível pensar
os operantes verbais. Nos casos de TEA, o déficit de comunicação pode ser
identificado em crianças que fazem uso repetitivo de palavras e ausência
de fala verbal vocal.
Existem crianças com TEA que se expressam bem e fazem uso da
palavra, mas falam apenas de temas específicos, temas que os interessam;
CONTINGÊNCIA DE MANDO
- OM: Operação motivadora (estabelecedora ou abolidora)
- SD: Estímulo discriminativo
- R: Resposta (vocal, gestual, língua de sinais e figuras).
- C: Consequência.
Ex: Está um dia quente, 30º. Você está em uma sala de aula com ar, e você
pede para alguém ligá-lo, causando. Nesse caso, a operação motivadora é
estabelecedora, porque o calor para aquela pessoa era aversivo e a
probabilidade de aumentar o ar condicionado acaba sendo maior nessa
circunstância. SD e OM foi o calor; a resposta foi a vocalização; e a
consequência foi reforçadora, porque a pessoa ligou.
b) TATO
De uma maneira não técnica, o tato é o operante verbal que pode ser
chamado de nomeação. Vemos um carrinho e falamos “carrinho”; vemos o
copo e falamos “olha, o copo”.
De maneira técnica, “um tato pode ser definido como um operante
verbal, no qual uma resposta é evocada (ou pelo menos reforçada) por um
objeto particular ou acontecimento ou propriedade de objeto ou
acontecimento” (SKINNER, 1957, p.79).
O tato pode ser um objeto, um acontecimento específico ou uma
propriedade do objeto (característica do objeto) ou propriedade do
acontecimento (característica do acontecimento).
Vamos aos exemplos: duas crianças estão de frente para a outra na
escola conversando. Temos um acontecimento nesse exemplo, cuja
propriedade (característica) é a conversa entre os alunos. Nesse
acontecimento (alunos de frente um para o outro) poderia ter outras
propriedades: apenas se olhando; discutindo; soprando um ao outros;
dentre outras.
Existem os mais diversos tipos de tato: tato de eventos, de emoções,
de expressões faciais, de objetos e etc.
Tato de eventos: nomeação da chuva, nomeação sobre a
temperatura (frio, calor)...
Tato de emoções: a criança está triste, feliz, preocupada, ansiosa…
Tato de expressões faciais: identificar emoções nas figuras, nas
pessoas, dar exemplos de emoções erefletir emoções em seus rostos.
Para crianças não verbais, podemos utilizar da comunicação
alternativa para mostrar o que está sentindo. Esse exemplo não seria um
tato, mas seria uma forma de expressar o que sente;
Observação - Para a AC, as emoções não causam nenhum
comportamento, ou seja, não são o princípio explicativo dos
comportamentos humanos, mas não é por isso que deixam de ser
importantes.
e) TEXTUAL
É a habilidade de identificar o que uma palavra diz (Skinner), ou seja,
leitura. Mas não necessariamente com o entendimento do que foi lido, não
há garantia da compreensão do que foi lido.
- Pedagogia e psicopedagogia tem uma vasta literatura sobre
codificação e decodificação da habilidade de leitura.
Contingência do Textual: SD - palavra impressa; R - verbal vocal; C -
estímulo reforçador condicionado generalizado.
Muitas crianças que têm hiperfoco em letras e números sabem ler a
palavra, mas nem sempre sabem ligar a palavra lida ao seu significado ou
ao objeto que a palavra representa. A criança não consegue discriminar
qual é o objeto “sapo” mas lê a palavra “sapo''.