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Naiade Seixas Bianchi

LÉSBICAS NO CINEMA NACIONAL


Influências entre identidade e linguagem

Projeto de pesquisa apresentado à


Universidade Estadual da Bahia para a
obtenção do título de Especialista em
Fundamentos sociais e políticos da educação.

Orientadora: Professora Doutora Silvia Regina


Marques Jardim

Salvador
2018
RESUMO: A presente proposta busca entender as maneiras como a construção da identidade
lésbica se relaciona com as significações formuladas por meio da linguagem cinematográfica.
Será feito um estudo de recepção, a partir da perspectiva das mediações, de filmes nacionais
com protagonistas lésbicas por meio de um grupo focal com mulheres lésbicas. Este projeto
procura dar voz a um tema pouco debatido na mídia, arte, militância feminista e LGBT e
produções acadêmicas. Neste sentido, pode trazer contribuições para o desenvolvimento de
estudos sócio-culturais e fortalecer o ativismo a favor de demandas lésbicas.

PALAVRAS-CHAVE: lésbicas, cinema nacional, estudos culturais, identidade.


SUBSTRATIC: The present propose pretends to understand the ways which the construction
os lesbian identity relates to the meaning created by means of cinematic language. Will be
done a reception study from the mediation’s perspective, os Brazilian movies whith lesbians
protagonists by creating a focal group with lesbians woman. This project try to give voice to a
subject insufficient discussed in the media, art, feminist and LGBT activism and academic
productions. In this sense, can bring contributions to the development of socio-cultural studies
and strengthen the activism in favour of lesbian demands.

KEY-WORDS: lesbians, brazilian movie, cultural studies, identity.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................5

2 JUSTIFICATIVA.....................................................................................................6

3 PROBLEMA DE PESQUISA..................................................................................8

4 OBJETIVOS.............................................................................................................8

4.1 Geral..................................................................................................................8

4.2 Específicos........................................................................................................8

5 MARCO TEÓRICO-CONCEITUAL......................................................................9

6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...........................................................17

7 CRONOGRAMA...................................................................................................18

REFERÊNCIAS............................................................................................................19
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1 INTRODUÇÃO

A presente proposta de pesquisa busca fazer um estudo de recepção de filmes sobre


lésbicas no cinema nacional sob a perspectiva das mediações, de Martin-Barbero (1997).
Foram escolhidos dois longas-metragens com protagonistas lésbicas: ‘Amor Maldito’ (1984)
e ‘Como Esquecer’ (2010). Busca-se, assim, entender de que maneira a construção da
identidade lésbica se relaciona com as significações formuladas por meio da linguagem
cinematográfica.
O desejo de realizar esta pesquisa surgiu a partir do envolvimento com o ativismo
lésbico e acesso à leitura de teorias lésbicas. O interesse pelo tema nasceu também com a
afinidade com a arte e busca de expressões artísticas que sejam capazes de contemplar as
expectativas de mulheres lésbicas. O que paira, como demonstra Portinari (1989), é um
silêncio, que se reflete ao ignorar a temática lésbica ou retratar a experiência lésbica de
maneira estigmatizada.
Desta forma, este projeto procura dar voz a um tema pouco debatido seja na mídia, na
arte, entre a militância feminista e LGBT, como também nas produções acadêmicas. Neste
sentido, acredito que a pesquisa pode trazer contribuições para o desenvolvimento de estudos
acadêmicos na área de comunicação bem como fortalecer o ativismo a favor das demandas de
mulheres lésbicas. Isso permite ajudar a construir e ampliar um importante espaço de debate
sobre a construção da identidade lésbica na arte e na mídia, por meio do cinema nacional e
para além dos espaços reservados aos estudos de gênero. A fundamentação teórica para
desenvolver a proposta se orienta por meio das teóricas lésbicas como Adrienne Rich (2010),
Denise Portinari (1989) e Jules Falquet (2004), o que representa, também, uma visibilidade às
produções feitas por lésbicas.
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2 JUSTIFICATIVA

Ao longo da história o cinema demonstrou sua importância na elaboração de


significados e práticas sociais sendo considerado, além de uma nova forma de fazer arte, o
primeiro meio de comunicação de massa, o que durou até a década de 1950. A partir daí as
pessoas passaram, pouco a pouco, a mudar seu hábito de ir ao cinema para ver filmes com o
auxílio de outras tecnologia de comunicação, como a televisão e, mais atualmente, a internet.
De qualquer maneira, o hábito de ver filmes permanece.
Concomitante a isto, com um pouco de observação é possível perceber a presença
parca da temática lésbica no cinema, sobretudo o nacional, como também na arte, mídia,
história, discussões feministas e pesquisas acadêmicas. Estas afirmações são balizadas por
Facco (2004), ao estudar a literatura contemporânea; Portinari (1989), que estuda os discursos
que mais se repetem sobre a homossexualidade feminina nos mais variados meios de
comunicação - diálogos, literatura, cinema; Navarro-Swain (1999, 2004), que faz um
panorama histórico e discursa sobre a construção da identidade lésbica e o que é lesbiandade;
entre outras pesquisadoras que têm levado o tema à academia. O ensaio de Vance (1995)
demonstra como os estudos da sexualidade nos Estados Unidos ainda são conservadores ao
considerar apenas a sexualidade normativa como legítima de estudo em diversas áreas de
pesquisa acadêmica. Para a autora os estudos de sexualidade são também uma disputa de
poder.
Um fator determinante para a pouca presença de trabalhos com um olhar direcionado à
perspectiva da lesbiandade foi o tratamento desta sexualidade como um apêndice da
homossexualidade, sem considerar as particularidades da existência lésbica; o que contribuiu,
também, para uma abordagem enviesada, sob a perspectiva do olhar masculino. Esta trajetória
começou a mudar por meio do “processo afirmativo da identidade lésbica iniciado na década
de 1970 e intensificado na década de 1990”, o que vincula o aumento de pesquisas
acadêmicas sobre a lesbiandade à autonomização do movimento lésbico em relação ao
homossexual (SANTOS, 2017, p. 1).
O paralelismo ao termo homossexual, gay, ou à situação dos homens é considerado
redutor e enganoso; o feminismo tem demonstrado como a opressão patriarcal coloca as
mulheres em uma posição estrutural diferente da dos homens. Embora tenha sido adotado o
uso do termo homossexualidade feminina ao referenciar a pesquisa de Portinari (1989), que o
adota inclusive em seu título, há a preferência pelo uso dos termos lésbicas, lesbiandade ou
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existência lésbica. O debate político em torno do tema, suscitado pela reflexão lesbo-
feminista, considera o papel político da lesbiandade bem como a adoção desses termos como
uma “crítica em atos e um questionamento teórico ao sistema heterossexual de organização
social” e uma importante ruptura epistemológica (FALQUET, 2004, p. 8).
Os Estudos culturais em comunicação têm demonstrado um importante avanço ao
repensar os meios como um processo sociocultural que constitui as práticas sociais e estrutura
a sociedade a partir da ação de todos os sujeitos envolvidos na construção do sentido, a partir
da teoria das mediações de Martin-Barbero (1997). Discussões sobre a construção da
identidade, hegemonia e ideologia têm constituído o eixo central desta perspectiva que, na
visão de Ecostesguy (2001), desafiou a centralidade da classe-social na interpretação dos
processos hegemônicos e introduziu a categoria gênero. No entanto, a mulher tem sido apenas
um indicador entre tantos outros, como índice socioeconômico e faixa-etária, nos estudos de
recepção latino-americanos. As abordagens não têm considerado o sentido estrutural da
condição feminina na articulação social; o que parece não haver uma inflexão feminista nestas
pesquisas.
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3 PROBLEMA DE PESQUISA

Todas nós somos atravessadas por diversos processos culturais que influenciam na
construção da própria identidade e construção de significação do mundo. Estes processos são
vivenciados nas relações sociais, como família, igreja, escola, trabalho, meios de
comunicação, de acordo com as experiências individuais e coletivas, contexto histórico e
sociocultural em que estamos inseridas. Os meios de comunicação, incluindo o cinema,
contêm a visão de sua realizadora, que também é atravessada por estes processos culturais.
Desta maneira, são criadas influências e significações que não são fixas e se ressignificam
mutuamente, o que contribui, consequentemente, na construção das identidades e práticas
sociais. Portanto, a questão que orienta este projeto é: De que maneira a construção da
identidade lésbica se relaciona com as significações formuladas por meio da linguagem
cinematográfica?

4 OBJETIVOS

4.1 Geral

Analisar as maneiras como a construção da identidade lésbica se relaciona com as


significações formuladas por meio da linguagem cinematográfica.

4.2 Específicos

- Analisar os sentidos apreendidos pelas lésbicas participantes da pesquisa em relação


aos filmes apresentados;
- Analisar em que medida o grupo se identifica com a construção das personagens
apresentadas em seu contexto sócio-cultural;
- Estabelecer relações entre os sentidos formulados pelas participantes em relação aos
filmes assistidos e a criação da própria identidade.
- Apontar e avaliar diferenças e semelhanças apresentadas entre os dois filmes em
analogia com seu contexto histórico;
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5 MARCO TEÓRICO-CONCEITUAL

A máquina cinematográfica nasceu com a Revolução Industrial da burguesia no fim


do século XIX, assim como a transformação da produção, relações de trabalho e da sociedade.
Diferente de outras artes, como a literatura, música, teatro, artes plásticas, com o cinema é
possível projetar uma imagem captada por meio do uso de uma máquina, sem a intervenção
humana; diferente também da fotografia, que é capaz de captar uma imagem pelo mesmo
processo, porém sem o movimento do cinema. Este fenômeno cria uma impressão de
realidade, que resultou na sua expansão inicial. De acordo com Bernardet (1993), a crítica ao
cinema como expressão do real se iniciou apenas a partir da década de 1960.
Mas, para o autor, a impressão de realidade causada pelo cinema apaga a visão
subjetiva de seu realizador; somada ao desenvolvimento da linguagem cinematográfica
permite a propagação de valores hegemônicos como se fossem verdade. A linguagem
cinematográfica é definida por um conjunto de escolhas como a posição da câmera,
movimentos, sequências, recorte temporal e sons que dão sentido ao filme. O cinema é um
dos elementos que produzem significados, estruturam processos sociais e constituem a relação
com o mundo (BERNARDET, 1993).
Outro fator que contribuiu para a expansão do cinema foi a facilidade de se fazer
cópias do original por um custo consideravelmente menor que o gasto para a produção de um
filme, o que permite que o mesmo filme seja projetado em diversos lugares ao mesmo tempo.
Isso também permitiu a inserção de produções cinematográficas em outros países, entre eles o
Brasil, que iniciou sua produção cinematográfica somente mais tarde (BERNARDET, 1993).
Estas características contribuíram em grande parte para transformar o cinema no
primeiro veículo de massa, o que durou até a década de 1950, quando a televisão passou a
ocupar seu lugar. Segundo Bernardet (1993), a partir de então os filmes passaram a ser
exibidos não só nos cinemas, mas também em outros meios. Para alcançar o maior público
possível as produções, com grandes investimentos, costumam seguir uma fórmula que tende a
homogeneizar o produto e o público. Muda-se o enredo, mas as estruturas permanecem ou
mudam lentamente, confirmando gostos e valores hegemônicos.
Tomar a educação como um processo social atuante no desenvolvimento de valores
culturais, como indica Brandão (1981), permite que nela se inclua o cinema. Para o autor,
educação não se restringe ao aspecto formal, ela começa no nascimento. Todos os processos e
relações sociais vivenciadas são formas de educar, entre eles a formal, mas também os hábitos
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do grupo social em que se está inserido e meios de comunicação. Estes processos são também
chamados de socialização. Na visão de Duarte (2008), o cinema como produção cultural não
apenas inventa histórias, mas também produz sentidos, cria e transforma significados e
realidades. As representações fílmicas são produzidas e produtoras de práticas sociais.
Os Estudos Culturais em Comunicação, por meio da intercessão com diversas
disciplinas, como a sociologia e antropologia, possibilitaram repensar os meios como um
processo sociocultural que constitui as práticas sociais e estrutura a sociedade a partir da ação
de todos os sujeitos envolvidos na construção do sentido. Muda-se o foco da pesquisa das
tecnologias da comunicação para as práticas socioculturais e a constituição das variadas
identidades, cada vez mais mediadas por estas tecnologias. Se trata de um deslocamento do
estudo isolado dos meios de comunicação para sua inclusão na cultura, articulando o contexto
histórico e sócio-cultural de inserção do sujeito; o que permite observar as dimensões do
conflito social de formação de novos sujeitos e modos de resistência, baseado em diferenças,
entre outras, de sexo (ESCOSTEGUY, 2001).
Na perspectiva das Mediações, Martin-Barbero (1997) propõe o uso social dos meios
para entender a relação entre meios de comunicação e receptores a partir das articulações
entre práticas de comunicação e movimentos sociais tendo em vista temporalidade e as
múltiplas matrizes culturais da América Latina. A comunicação assume o papel de sentido e o
receptor, produtor de sentidos, os reelabora e ressignifica, de acordo com sua experiência
cultural. Para o autor é necessário, a partir da recepção, rever o processo inteiro de
comunicação e prestar atenção nos movimentos dessas articulações. O uso social dos meios é,
também, uma forma de romper com a razão dualista das concepções de comunicação
anteriores, que centravam sua atenção no uso técnico dos meios de comunicação, o que
fragmenta e reduz o processo de comunicação ao de transmissão de uma informação.
A identidade constitui, hoje, eixo central nos Estudos Culturais pelas reflexões em
torno de como é constituída; em especial a partir da modernidade, quando passou a ser
encarada como algo construído e suscetível a mudanças, atravessada pela forma como o
sujeito está inserido no mundo, suas relações sociais, o papel da globalização, dos meios de
comunicação na formação e proliferação de novas identidades (ESCOSTEGUY, 2001). O
estudo centrado na particularidade latino-americana, principalmente por meio de Martin-
Barbero (1997, p. 16), propõe o conceito de mestiçagem não somente como fenômeno racial,
mas trama de “modernidade e descontinuidades culturais, deformações sociais e estruturas de
sentimento, de memórias e imaginários” que misturam diversas identidades, o que inclui,
fundamentalmente, pensar as diferenças sociais, exclusão e marginalização.
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O debate sobre identidade gira em torno de duas perspectivas: uma essencialista, a-


histórica, que tende a fixá-la e a outra de construção social, que a entende como constituída no
bojo das relações. Neste panorama, implica diferença, que constitui classificar, hierarquizar e
excluir, e relação de poder. Ao se fixar como norma, esta se torna parâmetro em relação às
diferenças; ela não é nem considerada identidade, não é preciso pensar sobre ela, pois é ela
que define as outras em oposição (SILVA, 2000). Outro elemento importante em sua
constituição é a representação, que “inclui as práticas de significação e os sistemas simbólicos
por meio dos quais os significados são produzidos, posicionando-nos como sujeitos”
(WOODWARD, 2000, p. 17); um processo cultural, que estabelece identidades individuais e
coletivas, forma como damos sentido às experiências.
Navarro-Swain (1999) critica a definição de uma identidade lésbica por meio de uma
prática sexual como eixo central, pelas delimitações impostas pelo social, quando se entende a
diferença como construção de exclusão feita pelo poder patriarcal. No entanto, Facco (2003)
lembra que a lesbiandade, de certa maneira, passou a existir a partir do momento que foi
inserida pelo discurso médico, como desvio do natural; nesta ótica, adotar uma identidade
significaria, por um lado, aceitar a existência de uma diferença fundamental, mas por outro,
interferir na norma estabelecida, um ato de transgressão, de se colocar também como agente
de construção.
Cada sociedade interpreta práticas sexuais e afetivas entre mulheres de maneiras
diferentes, assim como varia também a aceitação e visibilidade dada a elas. Diante da
dificuldade de se compreender, antes, o que é uma mulher, definir o que é homossexualidade
ou heterossexualidade não é simples. Na maioria das culturas existentes hoje predominam
relações fundadas sob o ponto de vista patriarcal e firmado na heterossexualidade. O
entendimento de uma identidade relativamente fixa atribuída às práticas sexuais é um
conceito recente que surgiu no pensamento ocidental (FALQUET, 2013).
Na compreensão de Rich (2010. p. 19), a heterossexualidade é uma “instituição
política que retira o poder das mulheres”, que são também controladas por meio de outras
instituições como a maternidade, exploração econômica e família nuclear. O cinema, ao lado
de outras mídias e expressões artísticas, reforça estas instituições e esconde a escolha de
direcionamento afetivo de mulheres por outras mulheres.
Entre as estratégias que reafirmam o poder dos homens sobre as mulheres, a autora
destaca a apresentação de imagens ‘pseudolésbicas’ na mídia e na literatura; idealização do
romance heterossexual na arte, literatura, cinema, mídia; definição das buscas e intenções
masculinas como mais importantes que as femininas, tornando os valores culturais uma
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“personificação da subjetividade masculina”; silêncio sobre as mulheres - sobretudo sobre a


“existência de lésbicas na história e na cultura”. Essas estratégias representam, em parte, um
controle da consciência das mulheres (RICH, 2010, p. 24).
Enquanto a ideologia do romance heterossexual é projetado nas mulheres desde a
primeira infância, a começar pelos contos de fada, televisão, cinema, é apreendido por
homens e mulheres que o locus sexual pertence aos homens. A identificação com os homens,
lealdade social, política e intelectual, ocorre também em mulheres lésbicas. Esta concepção
representa para Rich (2010, p. 34) o “reforço da heterossexualidade para as mulheres como
um meio de assegurar o direito masculino de acesso físico, econômico e emocional a elas”.
Rich (2010) utiliza o termo existência lésbica para definir a presença de lésbicas na
história, o que tem acontecido sem conhecimento de seu registro ou amparo social, e a criação
contínua de significados para essa existência, o que inclui a rejeição a um modo compulsório
de vida, uma recusa ao patriarcado, uma resistência. A experiência lésbica é “uma experiência
profundamente feminina, com opressões, significados e potencialidades particulares” (RICH,
2010, p. 37). Continuum lésbico seria a capacidade de todas as mulheres de voltarem sua
atenção e cuidado entre si. Nessa perspectiva, todas as mulheres estão, em maior ou menor
escala, inseridas num continuum lésbico. A questão, para a autora, seria porque mudamos
nossa atenção para a perspectiva masculina e porque isso acontece mesmo às mulheres
lésbicas.
Na visão de Portinari (1989, p. 48) “por ser um objeto histórico, a linguagem deve ter-
se moldado nos termos de um universo que se percebe como dominado pelos signos da
masculinidade”. Em um primeiro momento a busca do que se fala sobre lésbicas é marcada
pelo silêncio, mesmo que este silêncio seja relativo. A ausência relativa de documentos
históricos e da presença feminina na produção cultural denuncia que o silêncio sobre as
lésbicas faz parte de um silêncio que recobre o universo feminino como um todo.
A linguagem da lesbiandade é uma linguagem de marginalidade, vive nas entrelinhas,
mas também é onde encontra resistência. Para Portinari (1989) o silêncio e sua denúncia
talvez façam parte do discurso sobre a homossexualidade feminina. Quando os movimentos
lesbo-feministas denunciam que a homossexualidade feminina não encontra outra linguagem
para se expressar que não seja a dos homens, está a inserindo no discurso, dá voz, leva a
questionar e modificar.
A preocupação, a partir daí, passa a ser o que se fala sobre as lésbicas. A
homossexualidade feminina é ininteligível. Diferente da heterossexualidade que já é dada,
está sempre ali, a lésbica precisa antes se entender e se inserir no discurso. Ao fazer isso é
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colocada a prova como se fosse se mostrar uma fraude a qualquer momento; então é
convidada a ocupar um lugar na escala que inclui a dicotomia feminino/passivo (a bela) e
masculino/ativo (a fera), o que a torna mais compreensível dentro do modelo heteropatriarcal
(PORTINARI, 1989).
Na compreensão de Ferraz (2006, p. 128) “os discursos constituem práticas sociais
determinadas pelo contexto sócio-histórico e que influem, de forma complexa, na constituição
da identidade do sujeito”, que se produz e se modifica por meio da interação no mundo social.
Os meios de comunicação amplificaram a velocidade dessas mudanças, por meio da
introdução da técnica, criando novas formas de interação e novos tipos de relações sociais.
Portanto, não se pode tomar o cinema apenas como conteúdo ou representações, mas também
como discurso, que cria significados e designa o lugar do ser e das práticas sociais que
reproduz. Ao apresentar conteúdos sobre sexualidade, reforça padrões de comportamento e
relações em determinado contexto histórico e social. Nesta dimensão as sexualidades não
normativas usualmente não são atendidas de maneira adequada ou suficiente ou são
ignoradas, o que contribui para reforçar papéis deterministas a elas.
Kaplan (2002, p. 212) observa que a maneira como a mulher é geralmente idealizada
nos dramas convencionais de Hollywood surge do olhar masculino e até mesmo o próprio
olhar das mulheres sobre mulheres está impregnado com a visão patriarcal. Os filmes
comerciais frequentemente possuem o que a autora chama de hierarquia do discurso, que
privilegia o discurso masculino em detrimento do feminino. Na visão da autora, os filmes
estruturaram sua linguagem para satisfazer as necessidades da família nuclear do século XIX
e estão profundamente comprometidos com a diferença sexual demarcada. Este tipo de olhar
tem mudado com o passar do tempo e com a expansão do discurso feminista, possibilitando
uma mudança do discurso sobre as mulheres e a inserção da subjetividade feminina nos
filmes. Porém, mesmo com as evoluções ocorridas nas produções cinematográficas e aumento
da perspectiva feminina, as produções continuam, essencialmente, heterocentradas.
Na compreensão de Louro (2008, p. 82) os filmes exercem “pedagogias da
sexualidade” sobre sua plateia. A sexualidade é um dado histórico, uma construção social; os
significados atribuídos às identidades e práticas sociais são disputados historicamente e
representados nos filmes como legítimos. Mesmo que estas construções não sejam fixas seus
vestígios persistem e, repetidas por outros processos culturais, “podem assumir significativos
efeitos de verdade”.
A predominância de valores patriarcais pode ser observado em filmes de temática
lésbica produzidos no Brasil em especial na década de 80, em que as pornochanchadas
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predominavam as produções cinematográficas no país. Mesmo em filmes atuais é possível


encontrar padrões hegemônicos nas mensagens produzidas. No entanto, uma característica
marcante na cinematografia nacional é o baixo número de produções que contemplem a
temática lésbica (BIANCHI, 2017).
A pesquisa de Vance (2005) sobre estudos da sexualidade nos Estados Unidos também
demonstra que este tema não é considerado totalmente legítimo de estudo. Poucos
departamentos de pós-graduação são dedicados a ele, os pesquisadores que se interessam são
desencorajados e precisam redescobrir os trabalhos de gerações passadas, o que os empurra
para a marginalidade. Por este motivo, a autora critica que o habitual uso de Foucault nas
pesquisas atuais obscurece as origens das teorias da construção social, tema que nunca foi
caro à academia.
Para a autora, a sexualidade é uma área disputada entre o poder hegemônico e forças
contra-hegemônicas na tentativa de implementação de plataformas e alteração de modelos e
ideologias sexuais, Um importante impacto sobre as noções de o que é natural surgiu por
meio de esforços feministas que procuravam demonstrar as origens históricas das noções de
gênero e sexo. As primeiras abordagens construtivistas apareceram em meados dos anos 1970
por escritores interessados em assuntos feministas e de liberação gay. Vance (2005) constata
que os autores possuem opiniões diferentes sobre o que pode ser construído, desde o gênero
até o próprio desejo. O que é comum aos que adotam esta abordagem é a noção de que os atos
sexuais não possuem significados universais fixos, variam de acordo com a cultura e período
históricos. Construções que influenciam não só o “comportamento individual, mas também
dão significado à experiência sexual coletiva” (VANCE, 2005, p. 17).
A respeito de estudos realizados no Brasil, devido à dificuldade de se encontrar
enfoques diretamente relacionados a lésbicas no cinema, foram feitas buscas por temas
adjacentes. Uma dessas buscas foi feita por temática de gênero e sexualidade em pesquisas de
comunicação com abordagem centrada em estudos de recepção vinculados aos estudos
culturais; foram encontrados dois levantamentos bibliográficos distintos: o primeiro com
enfoque em gênero e o outro em sexualidade não normativa; não foram encontrados
levantamentos bibliográficos que abordassem a temática lésbica no cinema. A outra busca foi
dedicada a encontrar estudos que tratassem das temáticas mulher e cinema; homossexualidade
e cinema, lésbicas e cinema, lésbicas e audiovisual.
Na análise de Escosteguy (2002) os estudos em comunicação se proliferaram na
América Latina e, mais tardiamente, no Brasil somente após a publicação do livro Dos Meios
às Mediações, de Martin-Barbero, em 1987. Um levantamento que tenha a mulher como
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elemento chave nos estudos de recepção ainda é provisório e fragmentado; o que persiste
ainda hoje, visto que não foram encontradas pesquisas bibliográficas recentes com esta
mesma abordagem.
Incorporar a categoria gênero nos estudos de recepção não significa, para Escosteguy
(2002), que tenham uma perspectiva feminista; algumas das pesquisas levantadas adotaram
esta categoria apenas para diferenciar sexo como variação sócio-demográfica. Diferente de
outras trajetórias dos estudos culturais em comunicação, os estudos de recepção latino-
americanos não possuem um desenvolvimento profícuo focado no feminismo. Em um
levantamento de teses e dissertações publicadas no período de 1992 a 2002 foram encontradas
apenas 17 pesquisas que buscassem compreender a mulher, relacionando à mídia audiovisual
(ESCOSTEGUY, 2008).
O levantamento realizado por Rodrigues (2014) constatou que a produção acadêmica
sobre homossexualidade também ainda é tímida, foram encontrados apenas 34 trabalhos que
abordassem o tema de maneira direta e 17 tangencialmente. De acordo com a análise do autor,
até 1996 não existiam pesquisas sobre o tema; o período em que foram encontradas em maior
número foi entre 2006 e 2008, com o total de 15 pesquisas.
No levantamento realizado a fim de compor este projeto foi verificado:
 
Google Acadêmico Capes
Palavras-chave
Total No título Qualquer Título e assunto

Lésbica / Cinema 5100 1 18 0

Lésbica / Audiovisual 1720 0 14 0

Mulher / Cinema 63600 53 415 5

LGBT / Cinema 1930 1 20 11

Homossexualidade / Cinema 16700 3 60 0

Sexualidade / Cinema 35700 39 198 7

Gênero / Cinema 8400 137 463 27

Em uma análise mais rigorosa verifica-se que mesmo na busca das palavras-chave
diretamente relacionadas ao tema “lésbicas” e “cinema”, embora haja algum retorno, muitos
dos estudos adotam a temática homossexual genericamente, sem um viés específico para
lésbicas.
16

A dissertação de mestrado intitulada ‘A personagem homossexual no cinema


brasileiro’ (MORENO, 2001) faz um levantamento das produções cinematográficas realizadas
desde meados da década de 1960 até 1994/1995. Somente foram encontrados poucos artigos
sobre lesbiandade e cinema, como a análise de alguns filmes, a exemplo ‘Azul É A Cor Mais
Quente: discursos sobre o corpo, gêneros e sexualidades em fronteiras’ (DIAS, 2015) e
‘Ameaça lavanda: uma análise dos relacionamentos homoafetivos femininos em ‘Tomates
verdes fritos’, ‘Assunto de meninas’ e ‘Elena Undone’ (BRAGA, 2012). Não foram
encontradas pesquisas sobre filmes realizados no Brasil. No audiovisual existe um número
maior de pesquisas sobre lésbicas em novelas e seriados, a exemplo ‘Direito è comunicação e
cidadania das e para as mulheres lésbicas: uma primeira mirada de gênero sobre L Word’
(AUAD, 2010); ‘Repertórios sobre lesbianidade na novela Senhora do Destino: possibilidades
de legitimação e de transgressão’ (BORGES, 2008).
Entende-se, assim, que as pesquisas sobre cinema que falam sobre mulher geralmente
possuem abordagens heterocentradas. As focadas na população LGBT se centram em homens
gays. Os estudos sobre a sexualidade lésbica, em sua maioria, possuem outros enfoques e
abordagens teóricas.
17

6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A partir da perspectiva das mediações utilizaremos os estudos de recepção sobre os


filmes ‘Amor Maldito’ (1984) e ‘Como Esquecer’ (2010) por meio do uso de um grupo focal
formado por mulheres lésbicas residentes na Bahia. A intenção é que elas assistam a cada
filme e revelem suas impressões, as relacionando com o seu contexto sócio-cultural e
cotidiano, procurando entender o universo simbólico que permeia a construção da própria
identidade e os seus significados formulados. Pretendemos gravar os encontros em vídeo e
analisar as reações do grupo durante a exibição dos filmes.
O grupo focal, assim como as relações cotidianas, é também um processo social, uma
interação com troca de ideias e significados de diversas realidades e com diversas
compreensões diferentes. Para Bauer (2000, p. 75) se trata de mais que a soma das partes, mas
uma entidade em si, que “caminha lado a lado com o desenvolvimento de uma identidade
compartilhada”. Seu uso poderá permitir a compreensão com maior profundidade das relações
dos atores com os seus meios sociais.
Sob a perspectiva de Marques (2006, p. 39), o grupo pode ser visto como uma
“mediação capaz de incentivar a produção de sentido em situações de recepção coletiva” e
revelar questionamento de representações, formação e reconhecimento de identidades. Ao
exibir os filmes propostos, mais do que conhecer a opinião das participantes, pretende-se
entender como são vivenciadas as representações expostas nos filmes. De acordo com a
autora, isso torna possível a construção coletiva de significados e relação entre sujeitos que,
na troca de opiniões, buscam entender o outro e seu próprio lugar no mundo.
O espaço doméstico, considerado em sua complexidade, é espaço central de mediação
dos sujeitos e abrange não somente o núcleo familiar, mas todas as relações marcadas por um
objetivo comum, como rotinas, relações afetivas e modos de comunicação. Estas relações
influenciam no modo do sujeito se ver e se colocar no mundo e suas formulações de
significados e práticas de acordo com suas próprias percepções. As mensagens midiáticas,
neste caso os filmes a serem exibidos, servirão como ponto de referência, porém é importante
manter em mente que os valores, interesses e percepções que compõem os referenciais
particulares e coletivos dos sujeitos sempre estão presentes, sobretudo quando chamados a
fazer interpretações e construir suas próprias narrativas a respeito de suas experiências
(MARQUES, 2006).
18

Para Bauer (2000) a seleção de entrevistados é diferente da amostragem, pois poderá


exibir resultados generalizados e uma probabilidade de erro maior na pesquisa qualitativa.
Uma sugestão é o uso de grupos naturais, em que as pessoas interagem conjuntamente, por
terem um passado, projetos ou interesses em comum, e formam um meio social. O autor
também aconselha a considerar a relevância de características como idade, gênero, educação,
mas principalmente o ambiente social em que as pessoas estão inseridas. O moderador é o
catalisador da interação entre os participantes, seu objetivo é estimulá-los a falar e reagir
frente às opiniões dos membros do grupo.
Os recortes para a escolha dos filmes se deram pelo período de exibição, direção de
mulheres e a existência de personagens protagonistas lésbicas na produção. ‘Amor Maldito’
(1984) foi escolhido por ser entendido como o primeiro de temática inteiramente lésbica num
período marcado por filmes pornográficos no Brasil, de acordo com Silva (2014). Este filme
discute a lesbofobia sofrida por uma mulher acusada de matar a mulher com quem era casada.
Baseado em uma história que circulava em um jornal de grande circulação de maneira
sensacionalista, a cineasta decidiu gravar depois de assistir a um dos julgamentos e ficar
sensibilizada pela maneira violenta em que a ré era tratada no tribunal. Boa parte das cenas
são do julgamento, intercalado com outras que ajudam os espectadores a entender os fatos que
precedem a morte de uma das personagens. O julgamento mostra ser não pela morte, mas pelo
fato da protagonista ser uma lésbica assumida. A escolha de ‘Como Esquecer’ (2010) se deu
por abordar um período contemporâneo, que pode servir de contraponto ao primeiro filme
proposto. O filme retrata o sofrimento de uma mulher que foi abandonada por sua namorada
depois de dez anos de relacionamento. Neste filme o relacionamento entre duas mulheres é
considerado algo normal pelos personagens, não é questionado.

7 CRONOGRAMA

 
  1º Semestre 2º Semestre 3º Semestre 4º Semestre

Revisão bibliográfica x x x x

Cumprimento de créditos x x    

Revisão do projeto x      

Coleta de dados   x    

Análise de dados     x  
19

Exame de qualificação     x  

Defesa de dissertação       x
REFERÊNCIAS

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