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ISTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANO

LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Tema: Análise da Participação da comunidade rural no processo de desenvolvimento


local em Moçambique. Estudo de caso na localidade de Ntemangau, Changara· (2018 -
2020).

Angelina Albertino Baulene

Tete, 13 de Novembro 2021

I
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANO

LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Tema: Análise da Participação da comunidade rural no processo de desenvolvimento


local em Moçambique. Estudo de caso na localidade de Ntemangau, Changara· (2018 -
2020).

Monografia científica entregue ao centro de recurso de Tete


/Departamento de Ciências Sociais e Humanas, como requisito para
obtenção do grau académico de licenciatura em Gestão de Recursos
Humanos.

A Candidata: O Supervisor:

________________________ _______________________
Angelina Albertino Baulene João Alberto Cossa

Tete, 13 de Novembro 2021

II
Índice
DECLARAÇÃO DE HONRA......................................................................................V

RESUMO ....................................................................................................................... VI

AGRADECIMENTOS .................................................................................................. VII

LISTA DE GRÁFICOS .................................................................................................. IX

LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................X

Lista de Tabela ............................................................. Erro! Marcador não definido.

1.1.Contextualização ..................................................................................................... 1

1.2.Problema de pesquisa .............................................................................................. 2

1.3.Objectivos ............................................................................................................... 2

1.4. Geral ...................................................................................................................... 2

1.5. Específicos ............................................................................................................. 2

1.6. Hipoteses ................................................................................................................ 2

1.7.Justificativa ............................................................................................................. 3

1.8.Delimitação do tema ............................................................................................... 3

1.9.Relevância Social e Institucional ............................................................................ 4

1.10.Relevância académica ........................................................................................... 4

1.11.Limitações do trabalho.......................................................................................... 4

2.1. Participação Comunitária ....................................................................................... 6

Órgãos locais do Estado .............................................................................................. 10

Quadro conceptual ...................................................................................................... 10

Tipos de descentralização ........................................................................................... 10

2.2.Participação ........................................................................................................... 11

Participação cidadã no desenvolvimento endógeno ................................................... 11

2.3.Comunidade local ................................................................................................. 13

2.1.2. Desenvolvimento local ..................................................................................... 14

2.1.3. Historial da Participação da Comunidade Rural no Processo de


DesenvolvimentoLocal em Moçambique ................................................................... 15

III
2.1.4.Princípios, Características e Formas de Participação da Comunidade no
Processo de Desenvolvimento Local .......................................................................... 18

2.1.5.Importância da Participação da Comunidade no Desenvolvimento Local ........ 22

Capitulo III: Metodologia do Trabalho .......................................................................... 25

3.1.Classificacação do Estudo ........................................................................................ 25

3.2.Quanto aos objectivos ........................................................................................... 26

3.2.Pesquisa Bibliográfica .......................................................................................... 27

3.3.Instrumento de recolha de dados .......................................................................... 27

3.4.Sujeito da pesquisa e universo Amostral .............................................................. 27

CAPÍTULO:IV. A PRESENTAÇÃO ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS


RESULTADOS .......................................................................................................... 28

4.1.Breve apresentação do Distrito de Changara ........................................................ 28

Fonte: Google (2021) .................................................................................................. 28

4.2.Principais actividades económicas ........................................................................ 29

Fonte: Autora (2021) .................................................................................................. 29

4.2.Idade de Funcionários ........................................................................................... 30

4.3.Distribuição por representação do Conselho Consultivo Local ............................ 30

4.4. Sobre as relações estabelecidas através da participação Popular......................... 31

Gráfico4: relações estabelecidas através da participação Popular .............................. 31

5.Conclusão................................................................................................................. 32

5.1.Recomendações .................................................................................................... 33

6. Referencia Bibliográfica ......................................................................................... 34

Anexo 1 ....................................................................................................................... 39

Anexo 2 ....................................................................................................................... 41

IV
DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Angelina Alberto Baulene, estudante do programa académico em Licenciatura em


Administração Pública do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância,
declaro que o conteúdo do trabalho intitulado: Análise da Participação da comunidade
rural no processo de desenvolvimento local em Moçambique. Estudo de caso na
localidade de Ntemangau, Changara (2018 - 2020), é reflexo de meu trabalho pessoal e
manifesto que perante qualquer notificação de plágio, cópia ou falta em relação à fonte
original, sou directamente o responsável legal, económica e administrativamente,
isentando Orientador, a Universidade e as instituições que colaboraram com o
desenvolvimento deste trabalho, assumindo as consequências derivadas de tais práticas.

------------------------------------------------------

Angelina Alberto Baulene

V
RESUMO

Análise da Participação da comunidade rural no processo de desenvolvimento local em


Moçambique. Estudo de caso na localidade de Ntemangau, Changara· (2018 -2020). O
presente artigo caracteriza a participação da comunidade rural no processo de
desenvolvimento local em Moçambique, considerando os conceitos, o historial da
participação da comunidade rural no processo de desenvolvimento local em
Moçambique, os princípios, características e formas de participação da comunidade no
desenvolvimento local, e por fim, a importância da participação da comunidade no
desenvolvimento local. Para a concretização do artigo usou-se como metodologia a
pesquisa bibliográfica. Esta consistiu na recolha de obras que abordam sobre a temática
e posterior produção de fichas de leitura, que permitiram analisar e interpretar os dados
para a sustentação teórica.
Palavras-chave: Analise, Participação comunitária, Desenvolvimento local.

VI
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar o meu agradecimento vai para o meu Deus, por tudo que tem feito
por mim todos os dias na minha vida; à minha família pela coragem para que me tem mi
dado;

Aos deste Serviços distritais de educação juventude e tecnologia, pela sua


disponibilidade das da matéria, e;

O meu supervisor que tanto me apoiou para a concretização deste trabalho.

VII
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho á meu querido Marido, e aos meus filhos.

VIII
LISTA DE GRÁFICOS
Grafico1:Género dos funcionários……………………………………….………..39
Gráfico 2: Idade dos Funcionários ………………..……………………………………………………….....39
Gráfico 3: Tempo de serviço dos Funcionários………………………..…….……40
Gráfico 4: Distribuição por representação do Conselho Consultivo Local….…....40
Gráfico 5: relações estabelecidas através da participação Popular….……..….…..41

IX
LISTA DE FIGURAS

Edifício ,............................................................................43

X
CAPÍTULO I – Introdução

1.1.Contextualização

O presente trabalho debruça-se sobre análise de participação da comunidade rural no


processo de desenvolvimento local em Moçambique, localidade de Ntemangau entre
2018 a 2020, considerando os conceitos, o historial da participação da comunidade rural
no processo de desenvolvimento local em Moçambique, os princípios, características e
formas de participação da comunidade no desenvolvimento local, e por fim, a
importância da participação da comunidade no desenvolvimento local. O mecanismo da
gestão centralizada do Estado em Moçambique aliado aos erros de estratégia da
socialização do campo para promover o desenvolvimento local, regional e nacional, fez
com que a capacidade real de participação dos atores sociais neste processo fosse
raramente abordada até hoje. Nossa hipótese central para o desenvolvimento local em
Moçambique, leva em consideração as possibilidades de escolhas na visão simétrica dos
mediadores no processo de tomada de decisões. A metodologia foi de cunho qualitativo
no âmbito do meio rural moçambicano. A população das comunidades rurais
moçambicanas pode ser capaz de decidir e, consequentemente, participar de forma
efectiva do processo de desenvolvimento. O presente projecto de pesquisa de campo
acima citada esta composta por 5 capítulos, que compõem a introdução, revisão da
literatura, metodologia, analise e discursos de dados e por fim conclusão e sugestões.

1
1.2.Problema de pesquisa

Com a aprovação da Lei sobre os Órgãos Locais do Estado em 2003, e o seu


enquadramento em 2005, os governos locais passam a ser mais descentralizados e
ganham uma relativa autonomia, em particular, no que se refere ao processo de
planificação e de decisão. Verifica-se que esta autonomia, sobretudo no processo de
planificação e de decisão, se manifesta apenas ao nível da consulta e auscultação (um
encontro das acções na direcção daquele que demanda ou é estimulado a demandar).
Assim, as autoridades tradicionais locais se transformaram na voz que o cidadão não
tem, reforçando a ideia de que o Estado é o actor que decide, na medida em que ele
escolhe o que vai ser difundido. A esse respeito, Bilério (2007, p.12), adverte que a
participação significa que antes de uma política ser adoptada pela uma associação
(governo), todos membros devem ter oportunidades iguais defectivas de tomar seus
pontos de vista conhecidos, bem como opinar qual deveria ser a política.
Perante essa situação, colocamos o seguinte questionamento:
Até que ponto a comunidade de Ntemangau participa no processo de
desenvolvimento da sua localidade?

1.3.Objectivos

1.4. Geral
 A presente monografia tem como foco principal análise da participação da
comunidade rural no processo de desenvolvimento local em Moçambique.

1.5. Específicos

 Conhecer os princípios, aracterísticas e formas de participação da comunidade


no processo de desenvolvimento Local.
 Identificar o objectivo da participação Comunitária pode gerar o
desenvolvimento na comunidade.
 Entender a importância da participação comunitária no desenvolvimento local;

1.6. Hipoteses
 Fraca participação comunitária pode geral no atraso desenvolvimento na
localidade de ntemangau;

2
 O desenvolvimento local poder ser entendida como um processo de
melhoramento geral da qualidade de vida e do bem-estar de uma comunidade.

1.7.Justificativa
A escolha a localidade de Ntemangau, Changara o meu tema, deve-se ao facto de estes
constituir um vector indispensável pela participação da comunidade rural no processo
de desenvolvimento local em Moçambique, no processo de governação participativa, no
âmbito da descentralização e desconcentração de poderes em curso no país com vista a
uma governação participativa. Os Conselhos Locais, constituem um órgão que garante a
interacção entre as comunidades locais e os gestores públicos locais, todo este processo
está inserido na participação das comunidades na identificação e resolução dos
problemas para a promoção de desenvolvimento local e como corolário disse mesmo
processo, promover também a democracia participativa. O que se tem verificado, é que
o processo de democratização através da descentralização e desconcentração de poderes
revela-se ineficiente para os objectivos a que foi preconizado, isto devido à motivos
diversos dentre os quais pode-se indicar o processo da selecção dos membros dos
Conselhos Consultivos e indica também a fraca institucionalização do Estado, a fraca
capacidade técnica, a corrupção, a falta de prestação de contas entre outros. Há ainda
outro factor importante, os Conselhos Locais tinham no início da sua criação
competências para decidir executar e controlar programas de desenvolvimento no
respectiva escalão mas um outro documento, neste caso, Guião Sobre a Organização e o
Funcionamento dos Conselhos Locais, preconiza que os Conselhos Locais, passam a
funcionar apenas como órgãos de consulta e só podem influenciar nos pedidos de
concessão de financiamento de projectos de iniciativa local. Optou-se em estudar a
localidade de Ntemangau, pelo facto de ser a Localidade onde há relativa facilidade de
contacto directo com as Comunidades Locais e também os reais anseios das
Comunidades estão nas localidades, por ser a estância inferior da população e que assim
pode-se interagir directamente com as populações nos bairros e povoados.
1.8.Delimitação do tema

A pesquisa abordar-se em torno análise da Participação da comunidade rural no


processo de desenvolvimento rural, e irá procurar perceber como é a sua a análise de
inclusão das comunidades locais, no período compreendido entre os anos 2018 a 2020.
No que diz respeito a localização espacial, a Localidade de Ntemangau localiza-se no

3
distrito de Changara Província de Tete.

1.9.Relevância Social e Institucional


É uma pesquisa que socialmente tem relevância uma vez que trata-se sobre o bem-estar
da comunidade na participação da comunidade na participação no desenvolvimento da
local da localidade de ntemangau distrito de Changara nisto gera o desenvolvimento das
comunidades visto que são inclusos no processo de evolução da localidade.
Segundo Doniak (2002:45), afirmam que a participação comunitária significa dar às
pessoas maiores oportunidades de participação efectiva nas actividades de
desenvolvimento. Isso significa proporcionar condições para que elas mobilizem seu
próprio potencial, sejam agentes sociais em vez de sujeitos passivos, gerenciem seu
recursos, tomem decisões e controlem as actividades que afectam suas vidas.

1.10.Relevância académica

Como relevância académica, o tema é muito importante porque versa-se análise da


Participação da comunidade rural no processo de desenvolvimento
local, neste caso gera um grande desenvolvimento na localidade porque a comunidade
tem muita contribuição no desenvolvimento no país no geral, assim tornando uma
relação entre os conhecimentos adquiridos com o facto é para que o governo olhe mais
para as comunidades a sua inclusão no processo de tomada de desenvolvimento local.

1.11.Limitações do trabalho
No tange a realização de uma pesquisa implica desafios de vária ordem, entre os quais
os constrangimentos decorrentes aquando da pesquisa.
Neste sentido, uma vez encontrando-se comprometido com a produção de um trabalho
científico e de caris académico, deparou-se com inúmeras dificuldades, sem as quais,
eventualmente a pesquisa teria sido melhor:

 Dificuldade no acesso a documentos orientadores sobre a análise da participação


da comunidade no desenvolvimento local;
 Dificuldades no preenchimento dos instrumentos de recolha de dados
dificultando a sua codificação;
 Dificuldade de ter acesso para a permissão da pesquisa na localidade;

4
 Dificuldades no retorno dos instrumentos;
 Indisponibilidade para a recepção dos instrumentos de recolha de dados.

5
CAPITULO II: REVISÃO DE LITERATURA

2.1.1. Participação Comunitária

Forquilha (2011) faz referência a um dos aspectos mais marcantes das reformas
políticas a nível local nos últimos anos em Moçambique que foi a constituição e
institucionalização dos Conselhos Consultivos. Numa fase inicial estes órgãos estavam
associados às experiências de planificação participativa na região norte do país, nos
finais dos anos 1990, os Conselhos Consultivos vieram a ter mais tarde um
enquadramento jurídico-legal, no âmbito da Lei dos Órgãos Locais do Estado (LOLE)
aprovada em 2003 (Lei 8/2003). Mas mesmo assim, em muitos casos do país, só em
2006 foram constituídos os Conselhos Locais, muito relacionados ao Orçamento de
Investimento de Iniciativa Local (OIIL), hoje conhecido por Fundo de
Desenvolvimento Distrital (FDD).

Valá (2009), a respeito do papel dos CCLs como promotores do desenvolvimento


distrital, diz ser forçoso reconhecer que os CCLs são um dos mais inovadores actores
institucionais que emergem no ano 2006. O autor, entende que os CCLs são fórum de
consulta híbridos, constituídos por representantes do Estado e da sociedade civil que
debruçam sobre assuntos relacionados com o desenvolvimento local. Eles procuram ser
um instrumento de materialização da democracia representativa e da democracia directa
participativa.
Os CCLs são a prova da mudança em que as decisões eram tomadas apenas pelo
Estado para um padrão em que há envolvimento da sociedade civil.
Forquilha (2009), diz que a experiência do funcionamento dos Órgãos Locais do
Estado é muito variado ao longo do país, há maior institucionalização dos Conselhos
Consultivos Locais nos Distritos em que os mesmos surgiram no âmbito dos
programas de Planificação e Finanças descentralizados em relação aos Distritos onde
os CCLs são uma criação recente e ligados ao processo de OIIL (Orçamento de
Investimento de Iniciativa Local).
O balanço de Plano Económico e Social (PES) de 2008 considera positivo a
consolidação e funcionamento dos CCLs. Todavia, a qualidade de participação
contínua sendo um grande desafio para o processo de reformas de Descentralização
Administrativa. Este desafio tem a ver com a representatividade dos CCLs causado

6
pela natureza neo-patrimonial do Estado.
A respeito dos Órgãos Locais do Estado Faira e Chichava (1999), dizem que a par do
Poder Local, a emenda constitucional de 96, consagra a existência dos órgãos locais do
Estado, cujo objectivo é a representação do Estado ao nível local, para a administração e
desenvolvimento do respectivo território e contribuem para a integração e unidade
nacionais (artigo 185). São OLE os governos provinciais, as administrações distritais,
dos postos administrativos e das localidades (nesta ordem hierárquica).
A esse respeito Canhanga (2007), sustenta que o quadro legal, define que os Órgãos das
Autarquias Locais devem auscultar as opiniões e sugestões das autoridades tradicionais
reconhecidas pelas comunidades locais. Para o autor não há um quadro normativo que
define governação participativa assim, as consequências de inexistência desse quadro
normativo conduzem-na a reduzir o nível de responsabilização das autoridades e
fragiliza as condições institucionais de democracia participativa ao nível dos órgãos de
poder local, também a ausência de uma metodologia e um arranjo institucional
enfraquece a objectividade de os órgãos de poder local envolverem todos segmentos
sociais no processo de planificação participativa.
Sociedade Aberta, (2010:8), o termo participação provem da palavra (parte), fazer parte
de alguma associação tomar parte numa determinada actividade, ter parte que fazem
diferença, contribuir para construção de um futuro melhor para nós e para as futuras
gerações.
Segundo Macuácua (2012:14), enfatiza ainda que a participação é o caminho natural
para o Homem explicar sua tendência inata de realizar, fazer coisas, afirmar-se a si
mesmo, dominar a natureza e o mundo, além disso a sua prática envolve satisfação de
algumas necessidades não menos básicas tais como a interacção com os demais homens,
auto-expressão, desenvolvimento do pensamento reflexivo, o prazer de criar e recriar
coisas e, ainda, a valorização de si mesmo pelos outros na comunidade.
A Lei de Terras aprovada pela Assembleia da República em 1997, define no seu artigo
1, a comunidade como sendo um agrupamento de famílias e indivíduos, vivendo numa
circunscrição territorial de nível de localidade ou inferior, que visa a salvaguarda de
interesses comuns através da protecção de áreas agrícolas, sejam cultivadas, ou em
pousio, florestas, sítios de importância cultural, pastagens, fontes de água e área de
expansão.
Nguenha (2009), acredita que Moçambique vai continuar a privilegiar o envolvimento
dos cidadãos na governação do país em geral e dos governos locais em particular. Pois a

7
Constituição da Republica e a legislação ordinária Autárquica garantem a participação
dos cidadãos na vida política e confere-lhes responsabilidade para contribuir para o
desenvolvimento local.

Diz ainda o autor que para além da legislação, que é favorável à participação dos
cidadãos na governação local e das práticas de participação comunitária já iniciadas nos
pais, deixam claro que Moçambique não pode escolher outra via para governação
sustentável que não seja consolidar mecanismos da participação comunitária.

Assim, Tabosa (2004), afirmam que a participação comunitária significa dar às pessoas
maiores oportunidades de participação efectiva nas actividades de desenvolvimento.
Isso significa proporcionar condições para que elas mobilizem seu próprio potencial,
sejam agentes sociais em vez de sujeitos passivos, gerência seu recursos, tomem
decisões e controlem as actividades que afectam suas vidas.

Doniak (2002:45), percebe a participação comunitária como acto e efeito de um


processo em que a sociedade civil, a sociedade política e a sociedade económica tenham
tomado uma decisão em conjunto.

E ainda no contexto de participação, Tomo (2009:55) sustenta que, o número 1 do


artigo 103 do decreto 11/2005 de 10 de Junho estabelece que os Planos de
Desenvolvimento Distrital (PDD) são elaborados com a participação da população
residente através dos Conselhos Consultivos Locais e visam mobilizar recursos
humanos, materiais e financeiros adicionais para a resolução dos problemas do Distrito.
Com efeito, o decreto supracitado atribui várias funções aos Conselhos Locais, donde se
destaca a participação no processo de preparação, implementação e monitoria dos
planos estratégicos provinciais, monitoria dos planos distritais de desenvolvimento e
apreciação dos relatórios sobre a planificação, destacando a qualidade de participação
das comunidades locais e dos grupos de interesse.
Paulo (s.d) recorda que com aprovação da Lei sobre os Órgãos Locais do Estado em
2003 e o seu regulamento em 2005, os governos locais passaram a ser mais
descentralizados e ganharam uma relativa autonomia, em particular no que se refere ao
processo de planificação e implementação porém o nível de participação das
comunidades está nas consultas.
A esse respeito, Bilério (2007:12), diz que a participação significa que antes de uma
política ser adoptada pela uma associação (governo), todos membros devem ter

8
oportunidades iguais defectivas de tomar seus pontos de vista conhecidos, bem como
opinar qual deveria ser a política.
Assim, neste capítulo foi feita a revisão da literatura sobre os Conselhos Consultivos
Locais. Na literatura, foi demonstrado a génese dos Conselhos Consultivos Locais e o
processo que ditou a implementação dos mesmos em todo país. A literatura faz também
menção ao quadro jurídicolegal do funcionamento bem como da composição dos
Conselhos Consultivos Locais. A literatura mostra uma certa dificuldade no que
concerne a legislação no capítulo da operacionalização da referida legislação, isto é, há
um fosso entre o que está legalmente constituído e a operacionalização com vista a
materialização dos Conselhos Consultivos Locais, o que coloca a materialização dos
mesmos numa zona cinzenta.
Constatação de Pijnenburg (1998), dá conta que os programas de desenvolvimento onde
há participação activa da população das comunidades locais, tem tido sucessos enquanto
o contrário só pode influenciar negativamente o processo de desenvolvimento, não
colocando outra hipótese se não o envolvimento da comunidade como determinante do
processo de desenvolvimento.

Canhanga (2009), Numa perspectiva desenvolvimentista, as autarquias locais foi lhes


atribuída a responsabilidade de realizar tarefas e programas económicos, culturais e
sociais de interesse local, a administrar o desenvolvimento no respectivo território da
administração local.
Assim, com vista a impulsionar a desenvolvimento local, as autoridades locais não
agem isoladamente, há envolvimento das comunidades locais, isto mostra que há
sempre uma interdependência entre os OPL e as Comunidades locais cujo objectivo é
satisfazer as necessidades de todos os envolvidos neste processo.
Para a boa governação local e participativa temos os Conselhos Consultivos Locais, que
constituem um elo de ligação entre gestores públicos locais e as comunidades com vista
a uma governação que garanta o desenvolvimento local.
A perspectiva funcionalista, advoga que os envolvidos num processo podem ter funções
diferentes, o mais importante é que tenham o mesmo objectivo.
Então, a participação das comunidades locais na governação com vista ao
desenvolvimento, torna mais fácil aos gestores públicos a tomada decisões que se
ajustem a realidade uma vez havendo o envolvimento das comunidades porque estes
bem conhecem os problemas locais.

9
A perspectiva neo-institucionalista, centra as suas análises nas instituições e parte de
princípio que as instituições jogam um papel preponderante no comportamento dos
indivíduos
A esse respeito, Bilério (2007:12), diz que a participação significa que antes de uma
política ser adoptada pela uma associação (governo), todos membros devem ter
oportunidades iguais defectivas de tomar seus pontos de vista conhecidos, bem como
opinar qual deveria ser a política
2.1.2.Órgãos locais do Estado

Os Conselhos Consultivos estão inseridos na governação local e no que tange a função


dos órgãos locais do Estado temos o seguinte:
Representar o Estado a nível local para administração do desenvolvimento do
respectivo território e contribuem para unidade e integração nacional e no âmbito das
suas funções de direcção estatal, exercem competências de decisão e
execução e controlo do respectivo escalão.

2.1.3.Quadro conceptual

Para o alcance dos objectivos neste trabalho torna-se necessário definir alguns conceitos
importantes. Os principais conceitos a serem operacionalizados a serem definidos são os
seguintes: descentralização, conselhos locais, comunidades locais e Participação.

2.1.4.Descentralização

Para Faria e Chichava (1999) sem recorrerem a conceitos de direito civil e


administrativo a descentralização pode ser definida como a organização das actividades
na administração central fora do aparelho do governo central. Para as autoras, (idem) a
descentralização pode ser feita a partir de seguintes medidas.
Medidas administrativas (e fiscais) que permitam a transferência de responsabilidades e
recursos para agentes criados pelos órgãos da administração central.
Medidas politicas que permitam a atribuição pelo governo central, de poderes,
responsabilidades e recursos específicos para autoridades locais.
2.1.5.Tipos de descentralização

Descentralização política ou devolução, quando a descentralização implica uma

10
transferência final de poder de decisão e implementação da administração central para
os órgãos locais eleitos.
Descentralização administrativa ou desconcentração, nos casos em que a
descentralização é feita sem implicar uma transferência definitiva de autoridades,
poder de decisão implementação da administração central para outros agentes fora dos
órgãos centrais.
A desconcentração é uma condição necessária, embora não suficiente, para atingir os
níveis desejados de descentralização na tomada de decisões.
Conjunto de técnicas de descentralização, delegação, privatização e desregularão,
quando a descentralização implica uma transferência limitada de poderes de decisão e
implementação da administração central para uma empresa ou agência de Estado, ou
uma transferência parcial de tais poderes para uma companhia privada ou comunitária.

2.1.6.Participação

Sousa (2004) entende que participação é um fenómeno capaz de estimular e suscitar a


atenção e a acção das camadas populares na consecução das políticas e propostas de
desenvolvimento económico. A nova Administração requer estratégias que permitam a
participação das partes que são afectadas ou envolvidas na solução procurando através
da participação a integração da informação que está disponível na solução. A liderança
num contexto de governação participada terá de ser entendida como uma actuação
colectiva que inclui o envolvimento da sociedade (Araújo, 2003). Para Ornelas (2003),
O conceito de participação enfatiza que deve ser dada voz às pessoas nos processos de
desenvolvimento e de tomada de decisão, no acesso aos recursos e ao conhecimento
proveniente desse processo de desenvolvimento assim como acesso aos benefícios por
ele alcançados. A participação Comunitária é feita através dos Conselhos Locais a nível
dos Distritos, Posto Administrativos, Localidades ou Povoação. Em Moçambique, com
a institucionalização da participação comunitária, os governos locais passaram a ser
mais descentralizados e ganharam uma relativa autonomia, em particular no que se
refere ao processo de planificação. Mas a participação da comunidade, apenas observa-
se o nível da consulta e auscultação.
2.1.7.Participação cidadã no desenvolvimento endógeno

11
É importante considerar alguns aspectos do discurso da participação, sobretudo aqueles
estimulados e apreciados pelo poder público. Nestes aparecem já um certo desgaste do
que até então é chamado de desenvolvimento local. Como lembra Souza (2004, p.80):

A preocupação maior é para com a ordem social: que ela se mantenha e facilite o
próprio desenvolvimento económico. A participação aparece como fenómeno capaz de
estimular e suscitar a atenção e a acção das camadas populares na consecução das
políticas e propostas de desenvolvimento económico.

No entanto, aparece basicamente como acção pedagógica a ser deflagrada, requerendo a


acção de agentes externos. Ainda o autor pondera adiante que estimular a participação
da população se traduz em acções como trabalhar os motivos individuais da população
através de recursos psicossociais e trabalhar a realidade cultural da população através da
introdução de novos valores e padrões de comportamentos (Souza, 2004, p.80). Em
Moçambique, com a introdução de formas institucionalizadas de participação social, os
governos locais passaram a ser mais descentralizados e ganharam uma relativa
autonomia, em particular no que se refere ao processo de planificação e de decisão.
Porém sob a perspectiva da participação da comunidade, apenas observa-se o nível da
consulta e auscultação.

Sob esse aspecto, o que é a participação cidadã no sentido ético dos agentes do poder
estatal moçambicano? É a acção comunitária, um encontro das acções na direcção
daquele que demanda ou é estimulado a demandar. Cria-se, inclusive, os canais para
receber as demandas. Sob diferentes concepções, a reificada comunidade ora surge
como o demandante, ora é evocada como uma alternativa para colectivizar os pedidos
ou, ainda, é empregada como um termo substituto para referir-se à população carente.
Nas entrevistas preliminares com os agricultores, constatou-se que as percepções dos
agentes do Poder estatal cumprem este papel: são estabelecidos mecanismos para ouvir
a população, encaminhar os pedidos ao governo, articular, promover a solidariedade,
interagir as instâncias de participação: as Autoridades Tradicionais locais (Régulo) se
transformam na voz que o cidadão não tem. Isto reforça a ideia de que o Estado é um
ator que toma decisões, na medida em que ele escolhe o que vai ser difundido
(SANTOS, 2002). Deste modo, a expectativa de construção de relações mais iguais, a
partir do acesso à informação, se frustra com o tipo de informação e o momento em que
estas são repassadas à população interessada.

12
Por intermédio das actividades desenvolvidas na concepção de participação social, nota-
se o papel activo dos mediadores locais na criação da Comunidade como uma unidade
política frente a instâncias externas, sejam elas estatais ou não, como ONGs e Igrejas.
Por exemplo, a comunidade é assim entendida como uma unidade política relevante na
relação com estes agentes externos capazes de proporcionar bens públicos, como escola,
água e posto de saúde, além de outros serviços de interesse colectivo. Assim, é também
a base para a formulação de demanda e espaço público legitimado para os investimentos
dos serviços distritais, e corresponde a um grupo de lealdades primordiais,
preferencialmente com reconhecimento oficial, pelo registo da criação de associações
em cartório. Não obstante, comunidade equivale à unidade associativa, base de gestão
de acções políticas (neves, 2006, p.13). A este respeito, e utilizando da análise feita por
Weber, cabe sublinhar que comunidade é um termo utilizado como “recurso
instrumental ideológico e político, cuja especificidade é produzir a deificação, o
essencialíssimo e moralismo” (Weber, 1999, p.84). Sob esse aspecto, um conjunto
diferenciado de crenças e valores viabiliza a participação política pela constituição de
interesses comuns atribuídos à comunidade. A filiação comunitária deve ser entendida,
portanto, como uma forma política de construção de nós: é uma forma de produção de
imagens, valores e crenças compartilhadas, razão pela qual se institucionaliza na
reafirmação social e política da nação de comunidade (Weber, 1999, p.84).

2.1.8.Os Conselhos locais

O Guião Sobre a Organização e Funcionamento e dos CLs, no artigo 2 define o


Conselho Local (CL) como um órgão de consulta das autoridades da administração
local, na busca de soluções as questões fundamentais que afectam a vida das
populações, o seu bem-estar e desenvolvimento sustentável, integrado e harmonioso.

2.1.9.Comunidade local

O artigo 5 do Guião sobre a Organização e Funcionamento dos Conselhos locais,


define comunidade local como sendo o conjunto de população e pessoas colectivas
compreendidas numa determinada unidade de organização territorial, integrada
nomeadamente na Província, distrito, posto administrativo, localidade e povoação,
agrupamentos familiares que visam salvaguardar interesses comuns tais como a

13
protecção de áreas habitacionais, áreas agrícolas, quer sejam cultivadas ou em pousio,
florestas, lugares importância cultural, pastagem, fontes de agua, áreas de caça e de
exploração.
Comunidade – e suas derivações – é um termo substantivo para outras denominações
que tanto pode dizer respeito aos limites físicos ou territoriais, como também à adesão
de pessoas a determinadas ideias, enfeixando-as em um senso comum legítimo. E ainda
o termo comunidade é frequentemente substantivado. Passado, desta forma, a substituir
o sujeito da acção. Como esta comunidade pressupõe uma colectividade, diferentes
agentes sociais disputam a sua autoridade, controle e domínio (Fonseca; Brites, 2006,
p.45). Assim, conforme salienta Pereira (2008), o primado do discurso de uma
comunidade harmónica, total e coesa interessa de perto aos grupos dominantes.
Portanto, quanto mais forte for esse discurso, mais forças terão os grupos hegemónicos.
Deste modo, depreende-se que a conquista da voz política própria e de uma capacidade
de articulação dos interesses dos diferentes grupos é um desafio para as associações das
comunidades rurais moçambicanas, o que recoloca mais uma vez, sob outro ângulo, a
questão de construção de mecanismos políticos realmente participativos na interlocução
entre as comunidades, o Estado e outros agentes externos. A novidade de processo do
cenário de descentralização chamado distrito pólo de panificação e desenvolvimento,
em Moçambique, deve ser entendida como lutas culturais sobre o significado das nações
recebidas de cidadania, direitos humanos, fórum, conselhos consultivos:

2.1.2. Desenvolvimento local

Desenvolvimento local está ligado ao fortalecimento dos actores inseridos em seus


territórios, capazes de propor acções socioeconómicas que venham potencializar tal
desenvolvimento. De acordo com Macedo & Villela (2014:105), pensar no
desenvolvimento local requer o desenvolvimento de diversas dimensões: económica,
social, cultural, política e ambiental.
Implica ainda, considerar o inter-relacionamento activo dos diversos actores da
sociedade: Estado, sociedade civil e mercado.
Assim sendo, Magalhães & Bittencourt (1997) citados por Doniak (2002:29), salientam
que o desenvolvimento local é o resultado da acção articulada dos diversos agentes
sociais, culturais, políticos, económicos, públicos ou privados, existentes no município e
região, na construção de um projecto estratégico que orienta as suas acções a longo

14
prazo. Portanto, não se trata apenas de políticas públicas, mas de uma nova cultura de
acções voltadas à construção de um objectivo comum.
Conforme Machava (2011:26), o desenvolvimento local é um processo de
melhoramento geral da qualidade de vida e do bem-estar de uma comunidade, com
profundo respeito e consideração pelas reais necessidades e aspirações desse povo,
assim como pela própria capacidade criativa, próprios valores, potencialidades e formas
de expressão cultural.
Contudo, entendemos que quando se fala de desenvolvimento local, trata-se de um
processo de mudança progressiva, sobretudo no melhoramento da qualidade de vida e
do bem-estar de uma comunidade.
2.1.3. Historial da Participação da Comunidade Rural no Processo de
Desenvolvimento Local em Moçambique

Nguiraze, (s/d:13), a abertura sociopolítica ocorrida em Moçambique, com aprovação


da Constituição da República de mil novecentos e noventa (1990), estabeleceu-se
expressamente a participação dos cidadãos na resolução dos problemas das
comunidades rurais, através dos órgãos representativos e executivos, por um lado, e, por
outro lado, iniciou o processo de descentralização política, através da criação de novas
entidades jurídicas, com territórios e população, as Autarquias locais, considerados de
órgãos de poder local e, por outro, através da descentralização administrativa, através da
qual passa-se a atribuir competências aos distritos, que constituem os órgãos locais do
Estado e a outros órgãos hierarquicamente subordinados, tornando-os mecanismos
administrativos, visando aproximar a prestação de serviços dos seus beneficiários.
Segundo os autores Nguiraze & Aires (2011:8), diz que com esta participação aparece
como fenómeno capaz de estimular e suscitar a atenção e a acção das camadas
populares na consecução das políticas e propostas de desenvolvimento económico.
Também, aparece basicamente como acção pedagógica a ser deflagrada, requerendo a
acção dos agentes externos. É importante frisar que, com a criação de novas entidades
jurídicas, iniciava-se, de forma legal, a introdução de formas institucionalizadas de
participação da comunidade nos espaços rurais e no processo de planificação a nível
distrital.
Assim, com a aprovação da Lei sobre os Órgãos Locais do Estado em 2003, e o seu
enquadramento em 2005, os governos locais passam a ser mais descentralizados e

15
ganham uma relativa autonomia, em particular, no que se refere ao processo de
planificação e de decisão Nguiraze, (2013:54).
Nguiraze & Aires (2011a:42), diz que esta autonomia, sobretudo no processo de
planificação e de decisão, se manifesta apenas ao nível da consulta e auscultação um
encontro das acções na direcção daquele que demanda ou é estimulado a demandar.
Assim, as autoridades tradicionais locais se transformaram na voz que o cidadão não
tem, reforçando a ideia de que o Estado é o actor que decide, na medida em que ele
escolhe o que vai ser divulgado.
Entretanto, da afirmação do autor acima citado, percebe-se que a conquista da voz
política própria e de uma capacidade de articulação dos interesses dos diferentes grupos
é um desafio para as associações das comunidades rurais moçambicanas, o que recoloca
mais uma vez, sob outro ângulo, a questão de construção de mecanismos políticos
realmente participativos, na interlocução entre as comunidades, o Estado e outros
agentes externos.
No entanto, subentende-se que a participação da comunidade se efectua quando a
instituição e seus agentes se colocam diante do demandante, como objecto de satisfação
(Nguiraze & Aires, 2011:10). Infelizmente, de acordo com Doniak (2002:58), muitas
organizações acreditam que é participativo reunir uma ou mais comunidades em uma
sala e captar seus problemas, para depois realizar projectos que elas vêm como solução
para a comunidade. Mas é importante frisar que, para um plano de desenvolvimento ser
realmente participativo, é necessário que a sociedade participe antes da planificação,
durante e depois.
Em Moçambique, para os grupos sociais historicamente excluídos residentes, a
oportunidade de participar de discussões e definições sobre o desenvolvimento local,
representa um ganho inestimável. Contudo, a situação de extrema carência das
comunidades rurais, aliada à falta de informação, coloca esses grupos em situação de
fragilidade e vulnerabilidade, diante dos seus interlocutores, ao longo de processos
participativos. É válido frisar que o que as pessoas procuram de forma colectiva é o
direito de realizar sua própria identidade (Nguiraze &
Aires, 2011:11).
De acordo com Viveiros & Luís (2008:2), para que essas pessoas realizem a sua
identidade, é importante torná-las não apenas meros agentes de consulta e auscultação,
mas também, e sobretudo, actores da sua opção, com um papel relevante no processo de
tomada de decisões e controle das políticas públicas, isto é, é relevante o envolvimento

16
das comunidades locais no processo de tomada de decisões, implementação e controle
das políticas públicas, bem como em acções tendentes ao desenvolvimento local para o
fortalecimento da governação local.
Relativamente ao desenvolvimento local, este, teve a sua génese no século dezanove,
com os movimentos sociais organizados em ambientes fabris e entre os camponeses que
empreendiam múltiplas actividades designadas de desenvolvimento comunitário
(Ibid:3). No entanto, segundo Machava (2011:21), desde o pós-guerra até o início da
década de setenta, período em que predominou o modelo de desenvolvimento regional
top down, o desenvolvimento local era visto nas abordagens neoclássica, Keynesiana e
institucional dentro de uma perspectiva exógena de desenvolvimento. Para estas
abordagens, o desenvolvimento local tinha como motor, estímulos externos ao local, ou
seja de regiões mais desenvolvidas.
Ainda no contexto das abordagens de desenvolvimento local, o autor que temos estado a
mencionar, sustenta que depois da década de 80, o desenvolvimento local passou a ser
visto como uma problemática própria local. Neste novo contexto, o desenvolvimento
local busca ser uma resposta proactiva, aos desafios da mundialização da economia, da
informação, da necessidade de gerar novos empregos, da exclusão social, da
necessidade de modernização tecnológica e requalificação profissional. Neste âmbito,
segundo a mesma fonte, os governos locais aparecem como os actores propulsores do
processo de desenvolvimento económico local.
Enquanto isso, até os finais da década 80, em Moçambique, o governo central promovia
o desenvolvimento económico através do fornecimento directo de insumos como
sementes e fertilizantes; e, providenciava serviços de formação, através de agências
governamentais descentralizadas em todo o país. Esta conjuntura mudou em 1990, com
a nova constituição (Idem).
Nota-se que os projectos de desenvolvimento local ou regional passam a privilegiar os
arranjos locais de produção, às sinergias entre os diferentes actores, à implantação de
infra-estruturas multi-institucionais de fomento, à agregação de valor e à produção
local.
Faria (2011:16), cita Franco (2000) a referir que o novo paradigma de desenvolvimento
deve ser visto de maneira bastante simplificada: O Desenvolvimento deve melhorar a
vida das pessoas, de todas as pessoas, das que estão vivas hoje e das que viverão no
futuro.
Sobre esta discussão, Machava (2011:26), entende o desenvolvimento local como

17
processo de melhoramento geral da qualidade de vida e do bem-estar de uma
comunidade, com profundo respeito e consideração pelas reais necessidades e
aspirações desse povo, assim como pela própria capacidade criativa, próprios valores e
potencialidades e formas de expressão cultural.
Ainda nesta mesma ordem de ideias, acrescenta a fonte que o desenvolvimento local
pressupõe uma transformação consciente da realidade local, implicando uma
preocupação numa perspectiva futura.
Disto, entende-se que o desenvolvimento local não está relacionado unicamente com
crescimento económico, mas também com a melhoria da qualidade de vida das pessoas
e com a conservação do meio ambiente.
Vale sublinhar que durante o processo de desenvolvimento local, a comunidade não
pode ser vista como um mero utente de serviços, mas como actor e autor das práticas de
desenvolvimento local. Este modelo de desenvolvimento caracteriza-se por ser um
processo de melhoria das condições culturais, económicas, educativas e sociais das
populações, através de iniciativas de base comunitárias, de valorização dos recursos
humanos e materiais em ligação privilegiada com as populações locais e as instituições
do território em zonas rurais ou urbanas, no litoral ou interior, Viveiros & Luís,
(2008:2).
Em suma, o desenvolvimento local é aquele processo que se preocupa essencialmente
com a melhoria da qualidade de vida e o bem-estar da população local, a conservação
do meio ambiente e a participação activa, organizada e democrática da população, de
forma consciente, para que possa por si própria, garantir sua sustentabilidade e
continuidade do processo. Portanto, é útil referir que este processo deve ser realizado
com a participação de todos os actores da comunidade, pois, cada um dos actores tem
um papel a contribuir para o desenvolvimento local.
2.1.4.Princípios, Características e Formas de Participação da Comunidade no
Processo de Desenvolvimento Local

A avaliar por Oliveira (s/d) citado por Macuacua (2012:14), a participação da


comunidade no processo de desenvolvimento local congrega 10 princípios a saber:
A participação é uma necessidade humana e, por conseguinte, constitui um
direito das pessoas;

A participação justifica-se por si mesma, não por seus resultados;

18
A participação é um processo de desenvolvimento da consciência crítica e de
aquisição de poder;
A participação leva a apropriação do desenvolvimento pelo povo. O povo é
comparticipante, co-responsável pelo sucesso ou pelo fracasso do projecto;
A participação é algo que se aprende e se aperfeiçoa;
A participação pode ser provocada e organizada sem que isto signifique
necessariamente manipulação;
A participação é facilitada com a organização e a criação de fluxos de
comunicação;
Devem ser respeitadas as diferenças individuais na forma de participar;
A participação poderá resolver conflitos mas também poderá gerá-los;
Não se deve sacralizar a participação: ela não é indispensável em todas as
ocasiões.
Não se deve sacralizar a participação: ela não é indispensável em todas as
ocasiões.
Haverá momentos em que ela não se fará necessária.
Flexibilidade – os resultados são produzidas pelo grupo que participa;
Transparência – transforma a inteligência individual em colectiva, não induz
nem manipula os participantes;
Multidisciplinaridade – envolve profissionais de várias áreas de conhecimento;
Comunicação nas duas direcções – técnicos e comunidades aprendem;
Quantidade e Qualidade – a avaliação são realizadas levando em consideração
os dois métodos;
Orientação segundo o grupo – deslocamento do poder de decisão para o grupo;
Parcela do poder – envolve o aumento do poder de encaminhamento e decisão
por parte do grupo;
Presença local – projectos construídos localmente e com a participação
comunitária;
Documentação - registo de todas as etapas do processo participativo

Olhando para as características da participação da comunidade no desenvolvimento


local, a agenda 21, procura, na sua essência, que o desenvolvimento local seja realizado
com a participação da comunidade, mas, para assim ocorrer com sucesso, é preciso que
haja mecanismos que possibilitem a participação. Doniak (2002:48), vaticina que o

19
primeiro mecanismo que leva à participação é a sensibilização da comunidade no que se
refere à importância de sua participação no desenvolvimento local, e, o outro, é a
criação de um conselho municipal de desenvolvimento, a partir do qual seja possível
identificar os conselhos que o município precisa ter. Assim, além de dinamizar as
acções de cada conselho, permite-se que eles tenham uma visão sistémica sobre suas
acções.
Nguiraze (s/d:11), adianta que entre 1975 a 84, a participação das comunidades rurais
foi caracterizada por um grande movimento das cooperativas agrícolas, aldeias
comunais e por diversas iniciativas de desenvolvimento rural, que preconizavam formas
colectivas de produção e vivência comunitária. No entanto, as estratégias visando a
participação eram definidas centralmente, com uma imposição das metodologias de
participação comunitária, sem ter em conta, tanto as práticas existentes localmente,
quanto as suas lógicas de funcionamento, seus universos culturais distintos e seus
saberes múltiplos.
Doniak (2002:45), advoga que a participação da comunidade: deve ser entendida como
acto e efeito de um processo em que a sociedade civil, política e económica tenham
tomado uma decisão em conjunto. Ela acontece quando há acesso efectivo dos
envolvidos no planeamento das acções, na execução das actividades e em seu
acompanhamento e avaliação; É um instrumento importante no sentido de promover a
articulação entre os actores sociais, fortalecendo a coesão da comunidade e melhorando
a qualidade das decisões, tornando mais fácil alcançar objectivos de interesse comum;
Significa estar presente activamente no designar e no escolher alternativas, caminhos e
em ter possibilidades reais de utilizar toda e qualquer alternativa, bem como combiná-
las.
Vale a pena sublinhar que existem várias formas de participação da comunidade no
desenvolvimento local. Para JÚLIO (2013:21), existem dois principais tipos de
participação, a directa e a indirecta. A indirecta executa-se por meio de representantes
para o efeito; este tipo também é chamado por participação representativa. Na maioria
dos casos, a participação representativa reúne alguns elementos de participação directa,
ora vejamos: a participação directa acontece quando os membros duma colectividade
reúnem-se para discutir e resolver os seus
próprios problemas, sendo a votação feita com a participação de todos, onde cada
participante tem um voto.

20
Mas ARNSTEIN (1969:217), classifica a participação da comunidade no
desenvolvimento local em oito aspectos, nomeadamente: (i) Manipulação; (ii) Terapia;
(iii) Informando; (iv) Consulta; (v) Pacificação; (vi) Parceria; (vii) Poder delegado; e
(viii) Controle pelo cidadão.
Nos dois primeiros níveis, o que ocorre, segundo o autor, é uma “não participação”, isto
é, ainda que existam mecanismos para que os cidadãos participem, os autores que
conduzem o processo têm como objectivo apenas educar os participantes (Manipulação)
ou mantê-los sob controlo (Terapia). Os três degraus seguintes fazem parte da
participação “simbólica”, onde é possível as pessoas falarem e serem ouvidas ao longo
do processo participativo (Informação e Consulta), mas não há garantias de que aqueles
com poder de decisão irão cumprir o que foi prometido, ou considerar o que ouviram
dos actores; a falta de garantia também ocorre no degrau da Pacificação, sendo que,
nesse nível, a influência do cidadão é maior, ainda que não haja obrigação dos
tomadores de decisão. Finalmente, nos últimos três degraus, a Parceria é o degrau em
que os actores têm a possibilidade de negociar com os tradicionais detentores de poder e
realizar trocas e cooperação, com a partilha de actividades de planeamento e de tomada
de decisão. A Delegação de Poder e o Controle pelo Cidadão representam níveis em que
há um real poder de decisão por todos os actores que fazem parte do processo, com a
população assumindo a gestão em sua totalidade (Idem).
Disto, entende-se a manipulação como sendo o processo em que os cidadãos são
deliberadamente incutidos pelos detentores de poder, a acreditar que a sua opinião
conta; terapia, como processo em que os cidadãos são vistos como o problema e os
detentores do poder abordam os problemas através de soluções terapêuticas e que não
resolvem os problemas em si; informando como processo em que os cidadãos são
informados das decisões tomadas pelos detentores do poder; consulta como processo na
qual os cidadãos são consultados pelos detentores do poder antes de tomada de
decisões; pacificação como processo segundo a qual os cidadãos são realmente
envolvidos na tomada de decisões. Contudo, a participação do cidadão a este nível
contínua como assistência passiva no sentido de que o poder simplesmente usa-o para
atrasar, adiar, ou manter grandes decisões por iludir o público; parceria como processo
em que os cidadãos igualmente compartilham as responsabilidades de tomada de
decisões com os detentores do poder; poder delegado como processo no qual os
cidadãos são delegados poderes de tomada de decisões sob direcção de uma agência
governamental relevante. Aqui, um corpo de cidadãos ou uma agência local de maneio

21
passa a ser semi-autónomo; controle pelo cidadão como processo onde os poderes de
tomada de decisões são completamente devolvidos aos níveis locais.
Ainda nesta mesma ordem de ideias, Doniak (2002:46), mostra outras formas de como
as instituições de desenvolvimento interpretam ou usam o termo participação. Portanto,
este classifica-a em 7 formas, a saber:

1) Participação passiva: as pessoas participam sendo informadas do que vai acontecer


ou já aconteceu. É uma decisão unilateral, sem qualquer tipo de consulta ou diálogo.
2) Participação via extracções de informações: as pessoas participam respondendo a
perguntas formuladas através de questionários fechados. Os métodos não são discutidos
e não há retorno de dados ou de resultados.

3) Participação consultiva: as pessoas participam sendo consultadas por agentes


externos, os quais definem problemas e propõem soluções com base na consulta, mas
sem dividir a tomada de decisão.

4) Participação por incentivos materiais: as pessoas participam fornecendo recursos


como mãode-obra e terra em troca de dinheiro, equipamentos, sementes ou outra forma
de incentivo. A maioria dos experimentos em propriedades e projectos agrícolas se
encaixa neste tipo. Quando a ajuda é retirada, o entusiasmo logo termina.
5) Participação funcional: as pessoas participam formando grupos para atender a
objectivos pré- determinados e definidos por agentes externos. Estes grupos, em geral,
dependem dos facilitadores, mas às vezes se tornam independentes.
6) Participação interactiva: as pessoas participam de forma cooperativa, interagindo
através de planos de acção e análise conjunta, os quais podem dar origem a novas
organizações ou reforçar as já existentes. Estes grupos têm controlo sobre as decisões
locais. É dada ênfase a processos interdisciplinares e sistemas de aprendizado que
envolvem múltiplas perspectivas.

7) Participação por auto-mobilização: as pessoas participam tomando iniciativas para


mudar os sistemas independentemente de instituições externas. O resultado dessa acção
colectiva pode ou não mudar uma situação social indesejável por exemplo, distribuição
desigual de renda e de poder.

2.1.5.Importância da Participação da Comunidade no Desenvolvimento Local

22
O desenvolvimento local deve ser um processo de mobilização das sinergias sociais, dos
recursos e das potencialidades locais para a implementação de mudanças que elevam as
oportunidades sociais e as condições de vida no plano local, tendo como base a
participação da sociedade no processo decisório.
MAKUMBE (2002) citado por MUSSA (2013:12), mostra que a participação pode
aumentar a eficiência no uso dos recursos para o desenvolvimento; facilita o melhor uso
de conhecimento e do trabalho, reduzindo assim, os custos dos projectos e aumentando
a auto-suficiência e o desenvolvimento auto-sustentável.
É importante frisar que a participação é essencial para que a sociedade tenha o retorno
esperado da administração pública, além de mostrar à comunidade as dificuldades pelas
quais uma administração pública soturnamente passa. Assim, a própria comunidade
consegue ajudar a administração pública a enfrentar os problemas.
Aliando-se a esta questão, MUSSA (2013:16), diz que o desenvolvimento local deve
assegurar ao Município, uma melhoria das condições socioeconómicas a médio e longos
prazos, não sendo apenas uma simples soma de iniciativas locais bem sucedidas.
Por sua vez, JÚLIO (2013:21), olha para a participação como um elemento fundamental
para a promoção da democracia, tal como plasmado na Constituição da República e, em
democracias modernas. Este elemento é cada vez mais presente.
Uma sociedade participante é mais unida e coesa do que outra, na qual as pessoas se
consideram apenas súbditos, passivamente obedientes aos poderes constituídos. Importa
salientar que a participação ajuda as pessoas a interpretarem o fenómeno do governo
como uma forma de acção, e não um mero tipo de acontecimento. Faz críticas sob ponto
de vista de agentes, e não de espectadores.
Citando LUCAS (2001), MUSSA (2013:26), vaticina que a participação pode resultar
em melhores decisões, porque quanto mais pessoas estiverem envolvidas no poder
decisório, haverá mais informações e maior troca de ideias. Disto, percebe-se que o
papel do cidadão também é indispensável na definição e implementação de políticas
públicas voltadas para a colectividade.
A participação também constitui a única fonte de informação a respeito das opiniões e
desejo do indivíduo, e tais informações tornam-se essenciais se o governo quiser saber
quais os interesses dos indivíduos.
Para DONIAK (2002:51), a participação da comunidade no processo de
desenvolvimento local:
Implica a democratização da vida social;

23
Contribui para a democratização interna dos organismos governamentais;
Permite que os cidadãos e as comunidades estejam informados de modo a garantir a
transparência da gestão pública;
É um dos pressupostos fundamentais para o alcance dos objectivos dos projectos;
É de vital importância para a descentralização do poder público, além de trazer como
benefício o poder de comando que a comunidade adquire.
Em suma, com a participação, surge um processo organizado, pelo qual todos adquirem
uma visão compartilhada do desenvolvimento local, permitindo que cada cidadão e
organização saibam seu papel, para que ocorra o melhor desenvolvimento local.

24
Capitulo III: Metodologia do Trabalho

3.1.Classificacação do Estudo

Como já se fez menção, o trabalho é referente ao período de 2018 à 2020 na localidade


de Ntemangau no Distrito de Changara.

No presente trabalho, privilegia-se uma abordagem qualitativa, contudo, recorre-se


também a abordagem quantitativa, uma vez ser necessária para explanar dados que
precisam de uma quantificação. Recorreu-se abordagem qualitativa, por meio deste tipo
de abordagem, o pesquisador interpreta os factos procurando solução para o problema
proposto (Soares, 2003), mas usou-se também uma abordagem quantitativa uma vez que
durante as pesquisa houve dados que necessitaram de uma quantificação. Analisou-se o
conteúdo da informação colhida e confrontou-se com a realidade dos factos,
substanciada com a literatura disponível para o alcance do objectivo em causa. (Sitoe,
2011), diz que o presente estudo qualitativos há possibilidade de desenvolver
determinado problema e que estes estudos ajudam a perceberem o modo de vida de
grupos sociais. Para o presente trabalho a partir da pesquisa qualitativa foi possível
saber a analise da Participação da comunidade rural no processo de desenvolvimento
local.
Concorrem para este estudo, um conjunto de métodos para facultar as pesquisas no
presente trabalho, privilegia-se uma abordagem qualitativa, contudo, recorre-se também
a abordagem quantitativa, uma vez ser necessária para explanar dados que precisam de
uma quantificação.
Recorreu-se abordagem qualitativa, por meio deste tipo de abordagem, o pesquisador
interpreta os factos procurando solução para o problema proposto (Soares, 2003), mas
usou-se também uma abordagem quantitativa uma vez que durante as pesquisa houve
dados que necessitaram de uma quantificação. Analisou-se o conteúdo da informação
colhida e confrontou-se com a realidade dos factos, substanciada com a literatura
disponível para o alcance do objectivo em causa.
Concorrem para este estudo, um conjunto de métodos para facultar as pesquisas.

a) Quanto à natureza

Quanto a sua natureza pesquisa é de natureza aplicada, porque buscar na informação,


objectivando gerar conhecimentos para aplicação prática com o intuito de melhorar

25
motivação de cada indivíduo em relação ao seu trabalho, é aplicada, pois, é motivada
pela necessidade de resolver problemas. Vargara (2009).

b) Quanto à abordagem

A presente trabalho baseou-se numa metodologia qualitativa e na interpretação dos


fenómenos e atribuição de significados são essenciais e não requer o uso de métodos
e técnicas estatísticas, a primeira considera que tudo pode ser quantificável, o que
significa traduzir, em números opiniões e informações. Gil (1999).

c) Método de procedimento

Quanto ao procedimento, foi usado o método monográfico que Marconi e Lacatos


(2007) entendem que este método pode estudar indivíduos, profissões, instituições,
condições, comunidades ou mesmo grupos com objectivo de obter generalizações.
Abordou-se indivíduos com diferentes funções ou profissões em especial a nível dos
da localidade e fez-se também entrevistas a alguns membros da comunidade e assim
foi possível tirar conclusões da realidade sobre análise da participação da comunidade
rural no processo de desenvolvimento local em Moçambique.
d) Técnicas
A técnica usada foi observação directa intensiva com as entrevista como técnicas de
recolha de dados, tidas como conversações efectuadas face a face, de maneira metódica:
proporciona ao entrevistador, verbalmente a informação necessária (Marconi &
Lakatos, 2009:111). As entrevistas foram semi-estruturadas e as mesmas, foram um
frente a frente através de conversações com os seleccionados, o que facilitou a
exploração das mesmas com vista a obtenção de informação necessária. Fez-se
entrevistas aleatórias a diferentes pessoas e a partir delas as conclusões tiradas foram
colocadas em generalizações do estudo uma vez que se tornaria difícil abordar todos
elementos da população que se pretendia estudar As entrevistas foram
fundamentais para descortinar a realidade sobre análise da participação da comunidade
rural no processo de desenvolvimento local.

3.2.Quanto aos objectivos


O tipo de pesquisa quanto ao objectivo é a pesquisa exploratória, porque conforme o
fundamento de Aaker, (2004), a pesquisa exploratória costuma envolver uma

26
abordagem qualitativa, tal como o uso de grupos de discussão; geralmente, caracteriza-
se pela ausência de hipóteses, ou hipóteses pouco definidas.

De acordo com Gil (2002), o objectivo desta pesquisa é de proporcionar maior


familiaridade com
o problema de modo a torná-lo mais explícito. Pode envolver levantamento
bibliográfico, entrevistas com pessoas experientes no problema pesquisado.

3.2.Pesquisa Bibliográfica
Para Gil (2008), pesquisa bibliográfica é aquela que desenvolvida com base do material
já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e a internet e
permitiu a pesquisadora a cobertura de uma gama de fenómenos muito mais ampla do
que aquela que poderia pesquisar directamente.
3.3.Instrumento de recolha de dados

Quantos aos procedimentos de investigação adaptados a pesquisa se apresentaram sob


óptica de pesquisa de dados primários, de campo, por meio da colecta de dados com
aplicação de entrevista semi-estruturada junto aos trabalhadores e moradores da
localidade de Ntemangau distrito de Changara. Vergara (2000), colectar dados é o
processo no qual se objectiva obter informações da realidade investigada.

3.4.Sujeito da pesquisa e universo Amostral

Malhotra (2001), População é entendida como sendo a soma de todos os elementos que
compartilham um conjunto de características em comum, confirmando o universo para o
propósito do problema a ser pesquisado. E amostra um subgrupo dos elementos de uma
determinada população seleccionada para a participação de um determinado estudo.
Para o efeito estudo, opta-se em aplicar um questionário com uma parte da comunidade
da localidade os funcionários da localidade de Ntemangau.

Para a materialização do trabalho neste contexto, para responder o questionário,


utilizou-se uma parte dos funcionários e moradores da localidade sendo um universo de
40 dentre ela comunidade e funcionários dentre os quais 10 são do sexo masculino e os
restantes 10 são do sexo feminino.

27
CAPÍTULOIV: A PRESENTAÇÃO ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Apresentação e Análise de Resultados Este capítulo remete-se à apresentação e análise


dos resultados da pesquisa de campo. Para tal, será feita uma breve apresentação do
local das pesquisas, sua localização geográfica, suas características físicas. Tema:
Análise da Participação da comunidade rural no processo de desenvolvimento
local em Moçambique. Estudo de caso na localidade de Ntemangau, Changara· (2018 -
2020).

4.1.Breve apresentação do Distrito de Changara

Fonte: Google (2021)

O Distrito de Changara está localizado a Sul do Rio Zambeze, com a Sede Luenha, a
96 Km da cidade capital da Província, confinando a Norte a província de Manica.

A superfície do distrito1 é de 6.640 km2 e a sua população está estimada em 184


mil habitantes.
Changara é um distrito da província de Tete, em Moçambique, com sede na povoação
de Luenha, tendo perdido o posto administrativo de Marara com a sua elevação a
distrito em 2013.
Área: 8 660 km²
Hora local: sexta-feira, 13:26
Posto(s) administrativos(s): Chioco e Luenha Província: Tete

28
4.2.Principais actividades económicas
A agricultura é actividade principal, e criação de gado bovino e caprino, há uma
associação de camponeses que tenta com seu esforço e com ajuda do governo local e
distrital, levar a vante esta actividade, o governo ajudou a localidade na região de
ntemagau na construção de represas para retenção de água para agricultura e para outros
fins, embora segundo um dos nossos interlocutores e também apuramos no terreno que
a referida represa foi mal construída e deixa escapar água.

Neste capítulo, são apresentados os resultados de entrevista e do questionário aplicados


aos gestores e trabalhadores em forma de gráficos e tabelas:
Grafico1:Género dos funcionários

25%

Homens
Mulheres
75%

Fonte: Autora (2021)

Segundo o gráfico acima citado quanto ao género o maior número é composto por
homens que corresponde a 75%, e os restantes composta por 25% de mulheres.
4.2.Idade dos funcionários
Gráfico 2: Idade dos Funcionários

idade de funcionarios

16%
6 -15 Anos
0-5 Anos
52%
32% 16-25 Anos

Fonte: Autor (2021)

29
Dos funcionários inqueridos um dos dados analisados foi o tempo de serviço na
instituição, os recém admitidos estiveram mais dispostos a responder ao questionário
onde indica, dos 25 inquiridos, 13 estão na instituição no intervalo de 6 á 15 anos, e 8
estão no intervalo compreendido entre 0 á 5 anos e os restantes 4 encontram-se na faixa
de 16 á 25 anos.

4.2.Tempo de serviço dos Funcionários


Gráfico 3: Tempo de serviço dos Funcionários

Idade de Funcionarios
16% 16%
01 a 10 anos
11 a 20 anos
16%
21 a 30 anos
52%
31 a 35 anos

Fonte: Resultados da pesquisa (2021).

Do universo de 40 funcionários existentes na Instituição, 16% estão no intervalo


compreendido entre 1 a 10 anos de serviço, 52% entre 11 a 20 anos; 16% entre 21 aos
30 anos e 16% entre 31 a 35 anos, como se pode depreender, o maior número de
funcionários está na instituição a mais de 10 anos.

4.3.Distribuição por representação do Conselho Consultivo Local

Gráfico 4: Distribuição por representação do Conselho Consultivo Local

Representação do Conselho Consultivo Local

Jovens
32% 36%
Lideres Comum
Mulheres
14% Func Pública
18%

Fonte: Autora (2021)

30
Segundo os dados facultados pelo chefe da localidade sobre a representação do conselho
consultivo local conta-se com participação jovens que corresponde a 36% na sua
maioria, 18% corresponde a líderes comunitário, 14% é composto por mulheres e por
último 32% por função pública.

4.4. Sobre as relações estabelecidas através da participação Popular.

Gráfico 5: relações estabelecidas através da participação Popular

17%

Boas
28% 55%
Partilha o poder
Não são Boas

Fonte: Autora (2021)

Segundo os entrevistados afirmam que da relação através da participação popular é boa


que corresponde na sua maioria 55%, 28% dos entrevistados afirmam que a participação
popular é boa porque há partilha de poder e por ultimo afirmaram que as relações não
são boas devido a desigualdade social.

31
5.Conclusão
Concluindo que a participação das comunidades rurais, sendo esse intensificado
no momento de operacionalizar as intervenções. Portanto, mesmo tendo a participação
das comunidades prevista na lei com previsão de momentos de discussão e condições
necessárias para tanto, o Estado não conseguiu instaurar um processo contínuo de
participação na localidade estudada, de modo que os membros das comunidades
envolvidas pudessem chegar mais conscientes nos momentos de discussões e definições
e dar continuidade a sua luta pela efectivação de seus direitos pós-intervenção. As
práticas e lutas emanciparias devem se articular em rede para que sejam bem- sucedidas,
e isto passa pelo reconhecimento de ostentações de direitos. Ao considerá-la capaz de
decidir a constituição de uma esfera pública, que respeite a diversidade e as pluralidades
dos atores envolvidos, contribuiria com a criação de possibilidades de escolha para a
população rural moçambicana. Tais escolhas, decorrentes do processo
participativo, teriam influência de factores como base informacional, oportunidades de
participação em discussões e interacções públicas e valores sociais. Mas permeando a
formação dos critérios, estariam os condicionantes sócios económicos das populações,
que limitam as possibilidades de escolha e interferem nas decisões. Neste sentido, a
habilitação social dos atores para a participação efectiva poderia ocorrer a partir do
próprio processo, mas também a partir da ampliação do acesso da população aos seus
direitos sociais e políticos. É neste sentido que a participação aponta para duas fontes: a
primeira para a tomada de decisões como apresentação de demandas ao poder público e
a deliberação de políticas públicas. A segunda refere-se à participação para o controle
social, acompanhamento da acção pública do gestor pela sociedade, e do uso dos
recursos nas políticas públicas. Contudo, este estudo se propõe a apontar questões que
mereceriam atenção para aperfeiçoamento do processo. Em suma, com a participação,
surge um processo organizado, pelo qual todos adquirem uma visão compartilhada do
desenvolvimento local, permitindo que cada cidadão e organização saibam seu papel,
para que ocorra o melhor desenvolvimento local.

32
5.1.Recomendações

 Não deve haver burocratização do processo participativo para continuar


atendendo seus interesses particulares e colocar a culpa dos problemas sobre a
sociedade.
 Deve haver uma boa capacidade de articulação dos interesses dos diferentes
grupos para as associações da comunidade rural de entemangau-Changara.
 Deve envolver a comunidade no processo de tomada de decisões e
controle das políticas públicas.
 Os projectos de desenvolvimento local devem privilegiar os arranjos
locais de produção.
 Deve proporcionar o projecto de desenvolvimento local no processo
de melhoramento geral da qualidade de vida e do bem-estar de uma comunidade
local.

33
6. Referencia Bibliográfica

Araújo,J.(2002). Os Dirigentes na Relação entre a Administração Pública e os Cidadãos.


in Revista de Administração de Políticas Públicas, Vol. III, Braga.
Andrade & Lakatos, (2007). Fundamentos da Metodologia Cientifica. 6ª ed. São Paulo:
Atla.
Andrade & Lakatos, (2009). Metodologia do Trabalho Cientifico. 6ª ed. São Paulo:
Atlas
Bairoch, P, (1986). Desenvolvimento Subdesenvolvimento In: Enciclopédia Einaudi, 7ª
edição, Lisbonne, Imprensa Nacional.
Doniak, A.(2002). Participação Comunitária no Processo de Desenvolvimento Local:–
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, UFSC.
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em Moçambique: Universidade Federal de Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, UFRJ.

Fernanda, & Chichava, (1999). Descentralização e cooperação descentralizada em


Moçambique. Lei nr 9/96, de 22 de Novembro de 1996.
Gil, C. (1999). Métodos e técnicas de pesquisa social. 5ª Edição, Editora Atlas S.A,
Paulo v.40, n.4.
Gil, A. C. (1999). Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª Edição, Editora Atlas S.A,
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Gil, C. (2007). Métodos e técnicas de pesquisa social. 5ª Edição, Editora Atlas S.A,
Paulo v.40, n.4.
Macuácua, F. (2012).Governação e Desenvolvimento: os 7000.000 mt na promoção
social das comunidades locais: o caso do distrito de Changara. Projecto (apresentado
Instituto Superior de Administração Pública, Maputo, ISAP.
Tabosa, F. (2004). Desenvolvimento Local e Capital Social: Uma Leitura Sobre os
Núcleos e Arranjos Produtivos do Estado do Ceará. s/d. Disponível em
www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/5330. Acesso em 14 de Outubro de 2021.
Sell, C. (2006). Introdução à Sociologia Política: Politica e Sociedade na Modernidade
Tardia. 6ª Edição. Rio de Janeiro.
Sitoe, J. (2011). Análise do Papel do Governo Distrital e das Comunidades Locais na
Promoção do Desenvolvimento Económico local no– FLCS, Universidade Eduardo
Mondlane, Maputo.

34
Soares, E. (2003). Metodologia Cientifica: Lógica, Epistemologia e Normas. 6ª
edição.São Paulo: Atlas.
Souza, M. (2004). Desenvolvimento de comunidade e participação. 6ª.ed. São Paulo:
Cortez.
Tomo, R.(2009). Participação dos Cidadãos nos Conselhos Locais e na Monitoria do
Plano-Económico-social e Orçamento Distrital – PESOD. In Economia Politica e
Desenvolvimento. 6ª ed.CAP, Maputo.
Valá, S. (2009). Imperativos da participação comunitária no desenvolvimento Rural. In:
artigo publicado no jornal Domingo, 11/01/1998. Acesso em 15 de Outubro de 2021.

Valá, S.(2009). O Orçamento de Investimento de Iniciativa Local e a Dinâmica da


Economia Rural em Moçambique: resultados, desafios e perspectivas: economia,
Política e Desenvolvimento. Revista Científica Inter-Universitária. Vol.1, nº 2. 2010.

Legislação

Constituição da República de Moçambique. (2004)


Lei 9/96. Boletim da República, I Série, n° 47. De 22 de Novembro de 1996.
Lei 8/2003. Boletim da República, I Série n° 20, 1º Suplemento. 19 De Maio de 2003.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto 11/2005. Boletim da República, I Série, n°
23. 10 de Junho de 2005.
Diploma Ministerial nº 67/2009, de 17 de Abril de 2009. Guião sobre a Organização e
Funcionamento dos Conselhos Consultivos Locais.

35
ANEXOS/APÊNDICE

36
Instrumentos de recolha de dados
Entrevistas semi-estruturadas
Guião de entrevistas

Entrevistas aos membros dos Conselhos Consultivos Locais (CCLs) Perfil e nome do
entrevistado Cargo que ocupa
1. Qual é a função que desempenha?
2. Quando foram constituídos os CCL nesta localidade?
3. Quantos anos duram os mandatos dos CCL
4. Quem são os representantes dos CCC?
5. Quantos membros compõem o CC de Matsequenha?
6. Como é feita a selecção? Por eleições? Ou nomeação? E quem faz?
7. A composição do CCLs, privilegia a participação das comunidades nos programas de
desenvolvimento local?
8. Quantas vezes realizam sessões ordinárias por ano? E ordinárias caso existam?
9. Quem preside as sessões dos CCLs
10. Todas as mudanças feitas na governação são do conhecimento das comunidades
locais? Como fazem para informarem as comunidades sobre programas de governação
local? E como fazem darem feedback as comunidades sobre qualquer programa de
desenvolvimento local?
11. De que estrato social são os membros dos CCLs?
12. Sendo que todos programas de desenvolvimento local devem reflectir o PESOD,
sentem que as vossas opiniões são reflectidas nas decisões tomadas a nível distrital? Se
sim pode dar um exemplo concreto?
13. A relação entre os CCLs e as comunidades são boas? Se não o que há de negativo e
o que gostaria que fosse feito para melhorar?

37
Instrumentos de recolha de dados Entrevistas
Semi-estruturadas
Guião de entrevistas

Entrevistas aos membros das Comunidades Locais Perfil e nome do entrevistado

1. Qual é a sua profissão?


2. Já ouviu falar dos CCLs? O que são?
3. Nesta localidade existem os CCL?
4. Qual tem sido o contributo das Comunidades Locais nas reuniões com vista ao
desenvolvimento local?
5. Há representatividade de todos segmentos da população na tomada de decisão?
6. De que forma os membros do CCL têm feito a auscultação das necessidades das
comunidades?
7. Quais são as actividades desenvolvidas pelos CCL junto as comunidades?
8. Consegue sentir nas decisões tomadas as vossas opiniões? Pode dar algum exemplo?
9. Sente-se satisfeito com o nível de participação das comunidades na governação local?
O que gostaria que fosse feito para melhorar o nível de participação das comunidades na
governação local?
10. Como fazem para canalizar as inquietações aos CCLs
11. Há boas relações entre os CCLs e as CLs?
12. São dados espaço suficiente pelos CCLs para que sintam a vossa participação na
governação local?
13. Depois de serem consultados sobre algo, sentem que os CCL levam em
consideração as vossas opiniões?
14. Tem algo a acrescentar?

38
Anexos

39
Edifício de Serviços Distritais juventude e Tecnologia de Changara.

Fonte: Autora (2021).

40
Anexo 2

Edifício da SDEJT-Changara

Fonte: Autor (2021).

41

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