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Instituto Superior Universitário de Tete – ISUTE

Patrícia Inácio Mchenga

Etelvina André

Palmira do Rosário

Pelka Jacinto

Regina Simão

Estudos de Coorte
Daniela Manache

Patrícia Inácio Mchenga


Etelvina André
Licenciatura em Enfermagem Geral – Pós Laboral
Palmira do Rosário
Pelka Jacinto
Regina Simão
3º Ano/6º Grupo

Estudos de Coorte
Tete, 2023
Trabalho em Grupo a ser apresentado ao Curso
de Licenciatura em Enfermagem, como requisito
de avaliação parcial na cadeira de Epidemiologia
e Bioestatística.

Docente: Rito Pereira.

Tete, 2023

Índice
1. Introdução.................................................................................................................................1

1.1. Objectivos da pesquisa..................................................................................................2

1.1.1. Geral.......................................................................................................................2

1.1.2. Específicos.............................................................................................................2

2. Metodologia de pesquisa..........................................................................................................2

2.1. Tipo de Pesquisa............................................................................................................2

2.1.1. Quanto a abordagem..............................................................................................2

2.1.2. Quanto aos objectivos............................................................................................2

2.1.3. Quanto aos procedimentos técnicos.......................................................................2

3. Revisão da Literatura...............................................................................................................3
3.1. Estudos de coorte..........................................................................................................3

3.1.1. Definição................................................................................................................3

3.1.3. Tipos de estudos de Coorte....................................................................................5

3.1.4. Etapas do estudo de coorte.....................................................................................5

3.1.5. Cálculo do Tamanho da Amostra..........................................................................6

3.2. Exemplo prático de estudo de coorte............................................................................6

3.3. Vantagens e Limitações................................................................................................8

3.3.3. Vantagens...............................................................................................................8

3.3.4. Limitações..............................................................................................................9

4. Conclusão...............................................................................................................................10

5. Referencias Bibliográficas.....................................................................................................11
1. Introdução

Os Estudos de coorte fazem parte do grupo de estudos observacionais de cunho


epidemiológico que se propõem a observar, em uma população previamente definida, qual
será a incidência de determinada doença ou fenômeno relacionado à saúde ou doença.

O presente trabalho versa sobre “o estudo de coorte”, não se trata de um enfoque cabal, mas
sim, o mesmo aborda aspectos básicos sobre os temas supracitados.

Este trabalho caracteriza-se quanto ao escopo, como um teórico de natureza exploratória. Os


estudos exploratórios buscam maiores informações sobre o tema em questão, daí a
importância da revisão bibliográfica.

Por conseguinte, a ordem teórica do presente trabalho se fundamenta em argumentações


doutrinárias e nos autores especializados. De facto, utilizamos no seu desenvolvimento a
pesquisa bibliográfica com recurso material bibliográfico que se fizerem necessários bem
como á obras especializadas nas matérias tratadas que sirvam de substrato para o
desenvolvimento das ideias e efectivo alcance dos objectivos pretendidos no decorrer do
presente trabalho.

1.1. Objectivos da pesquisa

1.1.1. Geral

Compreender o estudo de coorte.


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1.1.2. Específicos

 Definir o estudo de coorte;


 Falar do modelo conceitual, tipos e etapas do estudo de coorte;
 Evidenciar um exemplo prático sobre estudo de coorte.
2. Metodologia de pesquisa

2.1. Tipo de Pesquisa

2.1.1. Quanto a abordagem


A classificação metodológica da pesquisa quanto a abordagem é qualitativa, porque basea-se
numa argumentação lógica de ideias. De acordo com Vilelas (2009), a pesquisa qualitativa tem
como objectivos a observação, a descrição, a compreensão e o significado, não existem hipóteses
pré-concebidas, quem observa ou interpreta é influenciado pelo fenómeno pesquisado não
obstante, a existência de alguns dados relactivos a pesquisa quantitativa.

2.1.2. Quanto aos objectivos


A classificação metodológica do tipo de pesquisa quanto aos objectivos é exploratória, Sampieri,
Collado e Lúcio (2006) defendem que, as pesquisas exploratórias têm como objetivo
proporcionar maior familiaridade com o tema, com vistas a torna-lo mais explícito ou a constituir
hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de
ideias ou a descoberta de intuições.

2.1.3. Quanto aos procedimentos técnicos


Quanto aos procedimentos técnicos, é uma pesquisa bibliográfica. “Entende-se por pesquisa
bibliográfica o acto de fichar, relacionar, referenciar, ler, arquivar, fazer resumos de assuntos
relacionados com a pesquisa em questão. Assim, no presente estudo, a pesquisa foi elaborada a
partir de material já publicado, fonte secundária, constituído fundamentalmente, de livros, artigos
de jornais científicos; artigos publicados em portais científicos da internet, (Vilelas, 2009).

3. Revisão da Literatura

3.1. Estudos de coorte

3.1.1. Definição
Segundo Lima e Barreto (2013), estudo de coorte é um tipo de estudo em que o investigador
limita-se a observar e analisar a relação existente entre a presença de fatores de riscos ou
características e o desenvolvimento de enfermidades, em grupos da população. Este
delineamento é também conhecido como prospectivo, longitudinal, de incidência, ou de
2
seguimento. Entretanto, o termo coorte é o mais utilizado. É um estudo longitudinal, onde os
participantes são observados por um período de tempo pré- estabelecido, cuja duração é
dependente da enfermidade de interesse, para que sejam verificadas mudanças na frequência da
ocorrência da enfermidade associadas à presença do fator de risco. Sendo a unidade de
observação o indivíduo, o acompanhamento permite detectar as mudanças que ocorreram em
todos os participantes do estudo.

Conforme Roothman (2012), o termo coorte vem do latim "cohors", que identificava um décimo
das legiões de soldados romanos que marchavam juntos nas campanhas bélicas do Império. Em
epidemiologia, coorte identifica um grupo de pessoas com uma experiência em comum.
3.1.2. Modelo conceitual

De acordo com Araújo (2006), o modelo conceitual de um estudo de coorte é relativamente


simples: uma amostra representativa da população a ser estudada é selecionada e informações a
respeito de algum fator de risco ou característica de interesse são obtidas. Esta amostra é dividida
em dois grupos distintos:

1. os expostos (ou que possuam) ao fator de risco ou característica de interesse

2. os não expostos (ou que não possuam) ao fator de risco ou característica de interesse.
Estes grupos são acompanhados, no tempo, com objetivo de se verificar quais dos seus
membros irão desenvolver o evento a ser estudado (infecção, enfermidade, morte ou
outro problema de saúde) e, se a exposição prévia se relaciona ou não a ocorrência deste
evento. A questão básica a ser respondida em um estudo de coorte é, portanto, a
identificação dos efeitos da exposição na incidência do evento de interesse (Figura 1).
Neste tipo de estudo é possível avaliarmos o risco relativo (RR) e o risco atribuível (RA) de
um determinado desfecho, a partir da exposição (Jansen, 2017).

3
ou:

Risco Relativo  (RR): é uma medida de associação, também conhecida por razão de riscos, e
corresponde à razão entre os riscos ou incidências cumulativas dos indivíduos expostos e a dos
não expostos. Responde à questão "quantas vezes mais provável é os indivíduos expostos virem
a desenvolver a doença em relação aos indivíduos não expostos?".

Risco Atribuível  (RA): é uma medida que corresponde à diferença de riscos, ou incidências
cumulativas, entre os indivíduos expostos e os não expostos ao fator em estudo. Responde à
questão "qual é o risco (incidência cumulativa) adicional de vir a desenvolver a doença devido à
exposição ao factor estudado?".

Percentagem de Risco Atribuível  (RA%): é uma medida de impacto e é uma estimativa da


"quantidade de doença" que é atribuível, unicamente, à exposição. Representa, também, a
proporção de doença que poderia ser eliminada se fosse removida a exposição.

3.1.3. Tipos de estudos de Coorte


Segundo Limas e Barreto (2013), os estudos de coorte podem ser conduzidos de dois modos
distintos:
 estudos concorrentes ou de coorte prospectiva
 estudos não-concorrentes ou de coorte histórica, retrospectiva
Nos estudos concorrentes, indivíduos com e sem exposição ao fator de risco sendo investigado
são selecionados no início do estudo e acompanhados por um período especificado de tempo. Por
sua vez nos estudos não-concorrentes, o investigador volta ao passado, onde seleciona os grupos
4
de comparação (com base na exposição ao fator de risco) e “segue” ou “acompanha” estes
grupos, através do tempo, geralmente até o presente, por uma variedade de métodos (Limas e
Barreto, 2013).

3.1.4. Etapas do estudo de coorte


Segundo Javier (2007), o estudo de coorte compreende as seguintes etapas:

 Definição dos objetivos da pesquisa - em primeiro lugar, deve-se revisar o problema de


pesquisa e os objetivos da pesquisa. Afinal de contas, deve-se entender qual é a pergunta
que a pesquisa deve responder e pra onde deve ir;

 Selecção dos participantes - em seguida, deve-se selecionar as pessoas que participarão


da pesquisa;

 Verificação da exposição ao fator objeto de estudo - dentre todos os participantes, deve-


se entender quais estão expostos ao fator objeto de estudo e quais não estão;

 Selecção do grupo de comparação - a partir da etapa anterior, deve-se dividir os dois


grandes grupos, a partir do status de exposição;

 Acompanhamento do que aconteceu com a amostra - essa etapa consiste em acompanhar


o que está acontecendo com a amostra ao longo do tempo específico da pesquisa;

 Análise do tipo de exposição que causou o desfecho - analisar o resultado e verificar qual
foi o tipo de exposição que resultou nas conclusões;

 Análise das variáveis que podem confundir o resultado - verificar a existência e o


comportamento de variáveis que podem levar à confusões;

 Redacção do relatório - por último, é o momento de formalizar os resultados da pesquisa


em um relatório.

3.1.5. Cálculo do Tamanho da Amostra


Araújo (2006) refere que "o tamanho da amostra necessária para realizar um estudo de coorte
pode ser estimado através de fórmulas encontradas em livros de epidemiologia ou estatística, ou
através de pacotes de programas de computador". Para o cálculo do tamanho da amostra, é
necessário que o investigador defina alguns parâmetros ainda na fase de planeamento do estudo:

 Razão entre participantes expostos e não expostos (geralmente esta razão é de um (1)
5
participante exposto para um (1) participante não exposto).

 Valor mínimo do Risco Relativo (RR) a ser detectado: um valor aceitável do RR, que se
detectado, permitirá concluir que existe associação entre o fator de risco e a doença.

 Frequência do evento de interesse no grupo de não exposto (p0):

 Nível de significância (alpha): geralmente é especificado o valor de 0,05 que significa


uma chance em 20 de se cometer o erro tipo I, isto é, de concluir que a exposição é
relacionada ao evento de interesse quando na realidade isto não ocorre.

 Poder do teste (1-beta): geralmente é especificado um valor entre 80% e 90%. Quando
especificado em 80% teríamos 20% de probabilidade de se cometer o erro tipo II (beta),
ou seja, de concluir que a exposição não é relacionada ao evento de interesse, quando isto
ocorre na realidade.

3.2. Exemplo prático de estudo de coorte

O exemplo abaixo mostra um estudo de coorte (hipotético) para investigar em indivíduos com
infecção pelo M. tuberculosis (exposição) com e sem infecção pelo HIV (variável de confusão) o
desenvolvimento de tuberculose pulmonar.
Fator de Risco Principal (exposição): Infecção pelo M. tuberculosis

Enfermidade (evento): Tuberculose pulmonar

Variável de Confusão: Infecção pelo HIV

1. RR NÃO AJUSTADO: Factor de Risco Principal (Infecção pelo M. tuberculosis)


x Tuberculose pulmonar

Infecção M. Tuberculose Pulmonar Total


tuberculosis Sim Não

Presente 39 701 740

Ausente
27 1244 1271

39
740
RR = 27 = 2,48
1271

6
RR não ajustado = 2,48

Intervalo de 95% de Confiança = 1,53 - 4,02

2. Analisar se a infecção pelo HIV (possível variável de confusão) está associada


à doença e à exposição:
a) Associada à Tuberculose Pulmonar?

Tuberculose Pulmonar
Infecção
Total
pelo HIV Sim Não

Sim 23 180 203


Não 43 1765 1808

22
203
RR = 43 = 4,76
1808
b) Associada à infecção pelo M. tuberculosis?

M. tuberculosis
Infecção
Total
pelo HIV Sim Não

Sim 124 79 203

Não 616 1192 1808

124
203
RR = 616 = 1,79
1808

Intervalo de 95% de Confiança = 1,58 - 2,04

3. Ajustamento para variável de confusão: Infecção pelo HIV

i. Primeiro estrato = HIV(+)

Infecção Tuberculose Pulmonar


M. tuberculosis Total
Sim Não

7
Presente 17 107 124

Ausente 6 73 79

17
124
RR = 6 = 1,81
79
Intervalo de 95% de Confiança = 0,74 - 4,38

ii. Segundo estrato = HIV(-)

Infecção Tuberculose Pulmonar


M. tuberculosis Total
Sim Não

Presente 22 594 616

Ausente 21 1171 1192

22
616
RR = 21 = 2,03
1192

Intervalo de 95% de Confiança =1,12 - 3,66

c) Interpretação: O valor do RR não ajustado foi 2,48 e após o ajustamento e


remoção do efeito da variável de confusão, o valor do RR decresceu para 1,95.
A infecção pelo HIV neste estudo é uma variável de confusão; super-estimou o
valor de RR.

3.3. Vantagens e Limitações

3.3.1. Vantagens
Conforme Lima e Barreto (2013), constituem vantagens do estudo de coorte os seguintes:
 Os estudos de coorte permitem o cálculo do risco de desenvolver (ou falecer) uma
determinada enfermidade em indivíduos expostos a um factor de risco específico em
relação aqueles não expostos à este mesmo factor de risco;
 O estabelecimento de critérios e procedimentos para condução do estudo antes que este
se inicie, faz com que os dados sobre a exposição e a doença possam ser de excelente
qualidade; os dados são coletados durante a realização do estudo. Decresce, portanto, a
possibilidade de introdução de vícios ao se obter informações;
8
 Relações entre o factor de risco de interesse e outras enfermidades podem ser
investigadas; todo espectro de morbidade (gravidade) e/ou mortalidade pode ser
estudado. Durante o planeamento é importante definir quais serão os eventos a serem
avaliados durante o acompanhamento e o evento final do estudo. Ao contrário, nos
estudos de caso-controle, uma única doença é seleccionada;
 Dependendo da característica e da enfermidade sendo investigadas, informações sobre
aqueles participantes nos quais houve mudança de exposição ao fator de risco podem ser
obtidas;
 Não apresentam problemas éticos quanto à decisão em expor os participantes a fatores de
risco ou tratamento como ocorre nos estudos experimentais;
 A selecção dos controlos ao contrário dos estudos de caso-controle é relativamente
simples.

3.3.2. Limitações
Segundo Lima e Barreto (2013), o estudo de coorte tem as seguintes limitações:
 Além do alto custo, são mais difíceis de serem conduzidos, principalmente em estudos de
longa duração. Mudanças administrativas e dificuldades de financiamento podem
comprometer a realização do estudo;
 Como requerem exames periódicos de toda a amostra, o facto de participar em um estudo
pode influenciar o comportamento do exposto ou do não exposto em relação ao factor de
risco de interesse e, consequentemente, ao desenvolvimento da enfermidade estudada;
 São ineficientes para doenças raras, pois necessitam de grandes amostras para que Riscos
Relativos significantes possam ser calculados;
 As perdas durante o seguimento podem ser grandes, principalmente em estudo de longa
duração;
 Ausência de informações sobre exposição e sobre morbidade para a realização de estudos
de coorte histórica;
 Mudanças na categoria de exposição podem levar a erros de classificação.

4. Conclusão
A contribuição da epidemiologia, notadamente os estudos de coorte, para o campo da saúde é
fundamental, uma que é capaz de subsidiar políticas públicas apropriadas. Dentre os estudos
observacionais, destacam-se os estudos de coorte. Estes estudos são capazes de indicar a
incidência de determinado fenômeno, e a maneira como este fenômeno acontece ao longo do

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tempo. Assim como os estudos de intervenção, é o que mais se aproxima da "realidade"
cientificamente procurada.

A finalidade dos estudos de coorte é averiguar se a incidência da doença ou evento adverso à


saúde difere entre o subgrupo de expostos a um determinado fator de risco se comparado com o
subgrupo de não expostos. Em outros termos, busca-se identificar os efeitos da exposição a um
determinado fator.

Nesse tipo de estudo, a mensuração da exposição antecede o desenvolvimento da doença, além


disso, os que desenvolveram a doença e os que não desenvolveram não são selecionados, mas
sim identificados dentro das coortes de expostos e não expostos, não existindo o viés de seleção
de casos e controles. Os estudos de coorte permitem determinar a incidência da doença entre
expostos e não expostos e conhecer a sua história natural.

5. Referencias Bibliográficas
Araújo C. L. (2006) Aleitamento materno e sobrepeso na infância: evidências do estudo de
coorte de nascimentos de Pelotas em 1993. Int JObes (Lond).

Jansen, A. M. (2017). Epidemiology: beyond the basics. Gaithersburg: Aspen Publishers Inc.
Javier N. F. (2007). Basic study designs in analytical epidemiology. In: Szklo M, Javier. Lima,
C., Barreto S.M. (2013). Tipos de estudos epidemiológicos: conceitos básicos e aplicações na

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área do envelhecimento. Epidemiol Serv. Saúde.
Rothman K. J. (2012). Epidemiology: An Introduction. Oxford, England: Oxford University
Press Inc.

Sampier, R.; Collado, C. (2006). Metodologia de pesquisa. 3ª ed.. São Paulo: McGraw-Hill.

Vilelas, J., (2009). Investigação: O processo de Construção do Conhecimento. Lisboa: Edições


Silabo, Lda.

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