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A APRENDIZAGEM DO ALUNO COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA:


DIFICULDADES E PERSPECTIVAS

Franciele Pinheiro Silva 1

Claudete Da Silva Lima Martins 2

Resumo:

O presente trabalho discute a respeito do Transtorno do Espectro do Autismo, que compromete


habilidades sociais, comunicativas e dificuldades nas atividades. Além disso, o transtorno não tem cura,
mas o quadro vai mudando conforme a pessoa envelhece e em muitos casos podem vir acompanhadas de
outras manifestações de déficits como a hiperatividade. Sendo assim, a presente pesquisa está sendo
realizada em uma escola regular da cidade de Bagé/ RS com um aluno que apresenta o Transtorno do
Espectro do Autismo - Síndrome de Asperger. O trabalho trata-se de um estudo de caso do tipo
qualitativo, tendo como objetivo investigar a linguagem, comunicação e a aprendizagem do aluno que
apresenta o Transtorno do Espectro do Autismo. Os sujeitos do estudo são pais e professores do aluno
com TEA, utilizando para coleta de dados entrevistas, observações e diário de campo. A metodologia
para análise dos dados será realizada através da análise do conteúdo (BARDIN, 2009) com pré-análise,
exploração do material e interpretação dos dados no período de agosto a dezembro. Com esse estudo,
pode-se perceber que o aluno-caso investigado gosta de ser tratado como os outros colegas sem
diferença. A linguagem utilizada por ele é basicamente a verbal, tanto com professores ou colegas, sendo
que os professores não utilizam outros recursos diferenciados para chamar sua atenção, apenas a
oralidade para que ele participe da aula, o que proporciona ao aluno-caso momentos de expressar sua
opinião e conviver com os demais discentes sem distinção ou exclusão.

Palavras-chave: Inclusão Escolar. Transtorno do Espectro Autista. Linguagem. Comunicação


Aprendizagem

Modalidade de Participação: Iniciação Científica

A APRENDIZAGEM DO ALUNO COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA:


DIFICULDADES E PERSPECTIVAS
1 Aluno de graduação. franelepssf@gmail.com. Autor principal

2 Docente. claudetemartins@unipampa.edu.br. Orientador

Anais do 9º SALÃO INTERNACIONAL DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO - SIEPE


Universidade Federal do Pampa | Santana do Livramento, 21 a 23 de novembro de 2017
Licenciado para - Leidi Oliveira Pinto - 03552103635 - Protegido por Eduzz.com

A APRENDIZAGEM DO ALUNO COM TRANSTORNO DO ESPECTRO


AUTISTA: DIFICULDADES E PERSPECTIVAS

1. INTRODUÇÃO
A sociedade dos últimos tempos passou por várias mudanças. Por muito
tempo a sociedade viveu com padrões pré-estabelecidos, onde quem não
contemplasVH RV UHTXLVLWRV SDUD VHU GHILQLGR FRPR ³QRUPDO´ HUD PXLWDV YH]HV
H[FOXtGR 'H DFRUGR FRP %UDVLO S ³$V HVFRODV GH PRGR JHUDO WrP
conhecimento da existência das leis acerca da inclusão de pessoas com
necessidades educacionais especiais no ambiHQWH HVFRODU´ (QWmR DSyV PXLWRV
anos e através de vários estudiosos, pesquisas e leis, a inclusão culminou em
um processo significativo para a sociedade, fazendo com que as escolas
regulares matriculassem alunos com deficiência, dentre eles os alunos com
Transtorno do Espectro do Autismo.
O tema Transtorno do Espectro Autista (TEA) é estudado por vários
autores como Ribeiro (2013) e Vasconcelos (2011), como sendo uma síndrome
comportamental, caracterizada por comportamentos estereotipados
(repetitivos) e dificuldades na comunicação e linguagem. A aprendizagem de
pessoas com TEA responsabiliza não só a família, mas também professores e
outros profissionais que tenham o comprometimento de estabelecer condições
para o desenvolvimento da linguagem e comunicação, possibilitando sua
efetiva inclusão social.
A temática da inclusão de alunos com TEA surgiu para a autora do
presente trabalho, após um estágio no Curso Normal em 2011, pois existia uma
aluna que apresentava o Transtorno. Ela não se comunicava com facilidade e
seu comportamento era atípico, diferenciando-a da turma no processo ensino-
aprendizagem, o que me fez deste aquela época, questionar de que forma os
alunos com TEA desenvolvem sua comunicação e aprendem. Assim para
responder a questão problemática (Como um aluno que apresenta o
Transtorno do Espectro Autista da escola regular utiliza a linguagem e sua
comunicação?), procurou-se conhecer a linguagem e outras demonstrações de
comunicações do aluno com o Transtorno (linguagem verbal ou não verbal),
investigar as características dos alunos com TEA e como os professores
trabalham em sala de aula, observando se existe efetivamente a inclusão e os
recursos utilizados para o tratamento desse aluno.
O objetivo desse trabalho é o de apresentar uma pesquisa, do tipo
estudo de caso, onde é investigado o caso de um aluno com TEA que está
matriculado regularmente em uma escola pública de Bagé/RS, analisando a
linguagem e a comunicação no processo ensino-aprendizagem. Portanto, será
importante conhecer as especificidades do Transtorno, os recursos e as
intervenções pedagógicas desenvolvidas. Portanto, a seguir apresenta-se a
metodologia adotada, os resultados obtidos, as discussões realizadas, as
considerações finais e referências adotadas neste trabalho.

2. METODOLOGIA
Este trabalho apresenta uma pesquisa de natureza qualitativa do tipo
estudo de caso (GIL, 2008), na qual é investigado o caso de um aluno que
apresenta o Transtorno do Espectro Autista, matriculado em uma escola
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regular do município de Bagé/RS. Os sujeitos da pesquisa são todos os


professores que atuam junto ao aluno com TEA no segundo semestre de 2017
(agosto a dezembro), com especial atenção aos professores da área de
linguagem. Para coleta de dados estão sendo utilizados os seguintes
instrumentos: entrevistas, observações e diário de campo.
‡ (QWUHYLVWDV ± Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com professores
do aluno com TEA e com a diretora da escola. Conforme Lakatos e Marconi
S HVWD WpFQLFD SHUPLWH ³Xm encontro entre duas pessoas, a fim de
que uma delas obtenha informações a respeito de determinados assuntos,
PHGLDQWH XPD FRQYHUVDomR GH QDWXUH]D SURILVVLRQDO´
‡ 2EVHUYDo}HV ± Foram realizadas observações não participantes, das aulas
dos professores que manifestaram utilizar estratégias e recursos diferenciados
para a comunicação com o aluno com TEA durante as entrevistas, pois estas,
conforme Marconi e Lakatos (2011, p. 276-278), possibilitam que o pesquisador
HQWUH ³HP FRQWDWR FRP D UHDOLGDGH HVWXGDGD´
‡ 'LiULR GH FDPSR ± O diário de campo está sendo escrito registrando as
observações, entrevistas e diálogos com professores, pais e alunos.
Os dados estão sendo organizados em três categorias de acordo com
Bardin (2009, p. 121): pré- análise (material escolhido da pesquisa para ser
analisado indicado para a interpretação final), a exploração do material
(escolher textos para registrar as categorias conforme elementos
categorizando-os), o tratamento dos resultados (interpretação através dos
dados teóricos a serem investigados tomados como base para a análise e
estudo, fazendo uma relação entre prática e fundamentação teórica). Assim,
embora a pesquisa esteja em andamento, os dados iniciais coletados são
significativos e possibilitam o aprofundamento da temática investigada e a
identificação dos recursos que os professores utilizam no ensino-aprendizagem
dos alunos com Transtorno do Espectro Autista.

3. Resultados e Discussão
Como o presente trabalho apresenta uma pesquisa em andamento, os
resultados obtidos e as discussões tecidas fundamenta-se nos dados coletados
por meio das entrevistas realizadas.
O caso investigado refere-se a um aluno com Síndrome de Asperger
(TEA) que está matriculado no 2º ano do Ensino Médio de uma escola regular
do município de Bagé.
No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-IV
(2002), a Síndrome de Asperger apresenta algumas insuficiências como a não
existência do atraso do desenvolvimento da linguagem, mas se acontece um
desenvolvimento dessa linguagem, no entanto é adquirida tardiamente, sendo
correta e formal demais. A linguagem das pessoas com essa Síndrome é
estranha, chamando a atenção com limitações pragmáticas e prosódicas na
fala.
Partindo desse conceito, o percebido é que o aluno de 16 anos
apresenta uma linguagem correta e formal (conforme os relatos realizados em
entrevista coordenada pela professora do AEE no início do ano de 2017, a
informação foi de que segundo a mãe, o aluno falou aos 5 anos, tardiamente),
porém sua comunicação é direcionada para apenas alguns professores como
para a professora Língua Portuguesa, que é a professora conselheira da turma
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e sempre solicita que o aluno saia da sala para buscar algo, pois sabe que ele
tem a necessidade de levantar e caminhar.
Nas aulas de Filosofia onde assuntos cotidianos da vida são discutidos
em aula e aluno-caso participa normalmente assim como nas aulas de História
onde ele discute a temática do conteúdo em aula sobre as guerras com a
professora. Nas aulas de Geografia e Sociologia (a professora é a mesma para
os dois componentes curriculares) o aluno-caso interessa-se pelos assuntos
tratados e comenta os fatos atuais acontecidos na sociedade. De todos os
professores investigados até o momento, observou-se que a Professora de
Geografia e Sociologia é a que mais chama a atenção do aluno para a aula,
fazendo com que ele interaja sempre que necessário, contribuindo para a sua
aprendizagem e dos demais colegas. Acredita-se que pelas observações feitas
em aula e pelos relatos dos professores o aluno prefere a área das ciências
humana, porque pode expressar o que pensa e seu desempenho é melhor.
Através das entrevistas com professores o que se pode perceber é que
o aluno gosta de ser tratado como os outros colegas sem diferença e não
aceita sua condição de ser diagnosticado com a Síndrome de Asperger.
Contudo sua mãe também não fala sobre o assunto (não foi possível realizar a
entrevista com a mãe do aluno, por solicitação da escola).
Dentre os recursos utilizados pelos professores no processo de ensino
aprendizagem, verificou-se que eles não utilizam recursos diferenciados dos
demais alunos, mas em geral os apresentados em aula são o quadro,
polígrafos e livros sempre com a linguagem verbal entre professor e aluno-caso
para que haja diálogo em debates ou na explicação dos conteúdos.
Para auxiliar os professores no processo de inclusão do aluno com
TEA, a escola orienta os professores por meio da entrega de polígrafos sobre o
Transtorno, o que na perspectiva dos professores investigados, dificulta o
trabalho na prática.
Embora o Transtorno do Espectro do Autismo seja trabalhado nas
escolas, ainda falta muito preparo para alguns professores desenvolverem as
atividades com eles, pois às vezes a inclusão torna-se um grande desafio.
Assim,

...a vivência escolar tem demonstrado que a inclusão pode ser


favorecida quando observam as seguintes providencias: preparação e
dedicação dos professores; apoio especializado para os que
necessitam; e a realização de adaptações curriculares e de acesso
ao currículo, se pertinentes (CARVALHO, 1999, p.52).

Partindo desse conceito acredita-se que a escola inclui seus alunos,


porém falta diálogo entre AEE e alguns professores e orientação prática para
não ser somente teoria em forma de polígrafos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos objetivos propostos e dos dados coletados no presente
trabalho, podemos perceber que a linguagem e comunicação do aluno-caso
investigado ocorre a linguagem verbal, pois ele expressa sua opinião e dialoga
com colegas.
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Para comunicação os professores utilizam o quadro, polígrafos e livros,


realizando intervenções para que o aluno expresse livremente sua opinião
como os debates, pois ele às vezes é um pouco retraído em alguns
componentes curriculares, mas quando quer participar, argumenta
significadamente.
Sendo assim, pode-se perceber que o processo de inclusão do aluno-
caso está sendo realizado de forma parcial, porque alguns professores
entrevistados relatam não estarem preparados para o trabalho dos alunos com
deficiência, pois não há um acompanhamento realizado pela escola para saber
quais as dificuldades enfrentadas por eles.
Após conclusão da pesquisa espera-se obter maior compreensão sobre
como um aluno com TEA conversa e se expressa, bem como, a identificação
dos desafios enfrentados pelos professores para inclusão dos alunos com TEA
na escola regular. Assim, espera-se que pesquisa realizada contribua tanto
para o trabalho que é desenvolvido na escola investigada como para a autora
desta pesquisa, pois a mesma está concluindo o Curso de Licenciatura em
Letras-Língua Portuguesa/Respectivas Literaturas e, portanto, pretende tornar-
se professora e atuar a favor da inclusão escolar.

5. REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal; Edições 70, LDA, 2009.

BRASIL, Ministério da Educação. (2005) Documento Subsidiário à Política de


Inclusão. Educação. Brasília: Ministério da Educação.

CARVALHO, Rosita Elder. O Direito de Ter Direito. In: Salto para o futuro.
Educação Especial: Tendências atuais/ Secretaria de Educação a Distância.
Brasília: Ministério da Educação, SEEP, 1999, p. 52. Disponível em:
http://www.ideau.com.br/getulio/restrito/upload/revistasartigos/168_1.pdf.
Acesso em: 29 maio 2017.
DSM-IV ± Manual Diagnostico e Estatístico de Transtornos Mentais. Porto
Alegre: Artmed, 2002.

FALKEMBACH, E.M.F. (1987) Diário de Campo: um instrumento de reflexão.


Contexto e Educação. Universidade de Ijui. ano 2. nº 7,julho /set. p. 19-24.
Disponível em: http://www.ufrgs.br/psicologia/graduacao/servico-
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12 maio 2017.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo,
Atlas, 2008.

LAKATOS, E.M.; MARCONI, M.A. (2010) Fundamentos da Metodologia


Cientifica. São Paulo: Atlas. Disponível em:
file:///C:/Users/User2/Downloads/EMILIA%20LUCASDisserta%C3%A7%C3%A
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20 professor%20aluno%20desafios%20e%20possibilidades.pdf. Acesso em: 23


abr. 2017.

MARCONI, M.A.; LAKATOS, E.M. (2011) Metodologia científica. 6. ed. São


Paulo: Atlas. Mynaio, M.C.S. (1994) Teoria Método e Criatividade. Rio de
Janeiro: Vozes.

RIBEIRO, Emília Lucas. A comunicação entre professores e alunos autistas no


contexto da escola regular: desafios e possibilidades. Universidade Federal da
Bahia. 2013. (Acesso em: 31 abr. 2017). Disponível em:
https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/14569/1/EMILIA%20LUCASDisserta%C
3%A7%C3%A3o%20Final_CD.pdf..

VASCONCELOS, Maria Manuela Ribeiro. O dia-dia de uma criança com


perturbação do Espectro Autista em contexto escolar e família ± estudo de
caso. Lisboa. 2011. (Acesso em: 24 set. 2017). Disponível em:
http://recil.grupolusofona.pt/bitstream/handle/10437/1645/Maria%20Manuela%2
0Vasconcelos.pdf?sequence=1.

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