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TIPO DE DOCUMENTO: PROTOCOLO CÓD. DO DOCUMENTO: PCG.ASS.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 3
2 OBJETIVOS 3
3 TIPOS DE ABDOME AGUDO 4

3.1 ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO 4

A) APENDICITE AGUDA 4

B) COLECISTITE AGUDA 5

C) DIVERTICULITE AGUDA 5

D) PANCREATITE AGUDA 6

E) DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA 6

3.2 ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO 7

3.3 ABDOME AGUDO PERFURATIVO 8

3.4 ABDOME AGUDO VASCULAR 9

3.5 ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO 10

4 ADMISSÃO E AVALIAÇÃO INICIAL 10

5 INDICADORES 11

6 INTERAÇÕES DE PROCESSOS COM OS SERVIÇOS DE APOIO 12

6.1 LABORATÓRIO 12

6.2 RADIOLOGIA 12

6.3 AGÊNCIA TRANSFUSIONAL 12

6.4 SCIH 13

7 REFERÊNCIAS CONSULTADAS 14

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1 INTRODUÇÃO

A dor abdominal é o principal sintoma nos pacientes com Abdome Agudo. Na maioria dos casos tem etiologia
benigna e/ou auto-limitada. O objetivo da avaliação inicial é identificar os pacientes que necessitem de
intervenção cirúrgica de urgência. Uma atenção maior deve ser dada aos idosos, crianças e gestantes, pois
estes podem ter evolução atípica da dor(1).

A investigação da dor abdominal deve ser caracterizada de acordo com a localização, cronologia, intensidade,
fatores agravantes e atenuantes e sintomas associados, que devem ser interpretados juntamente com outros
aspectos da história clínica. Pacientes podem evoluir ainda com abdome agudo não cirúrgico: causas
metabólicas (uremia, cetoacidose, porfiria), hematológicas (leucemias, anemia falciforme) e medicamentosas
(opióides).

Didaticamente as causas de Abdome Agudo Cirúrgico são divididas em cinco grupos: Inflamatório, Obstrutivo,
Perfurativo, Vascular e Hemorrágico(2).

INFLAMATÓRIO OBSTRUTIVO PERFURATIVO VASCULAR HEMORRÁGICO

Apendicite Aguda Volvo de sigmóide Úlcera péptica Trombose de vasos Cisto ovariano
ou ceco perfurada mesentéricos hemorrágico

Colecistite Aguda Hérnias Apendicite Torção do pedículo Rotura esplênica


perfurada de cisto ovariano

Diverticulite Aguda Bridas/Aderências Diverticulite Infarto esplênico Gestação ectópica


perfurada rota

Pancreatite Aguda Íleo Biliar Colecistite Torção de mioma Aneurisma de


perfurada uterino Aorta Abdominal
roto
Doença Neoplasias Neoplasias
Inflamatória Pélvica gastrointestinais gastrointestinais

2 OBJETIVOS

 Estabelecer um protocolo de atendimento ao paciente com suspeita de Abdome Agudo, além de


descrever normas e rotinas do serviço de Cirurgia Geral do HRSC.
 Criar padronização do serviço, tornando possível a condução dos fluxos por qualquer profissional do
setor.
 Otimizar os processos assistenciais, visando o produto desejado do processo: Cirurgia em tempo hábil e
alta segura do paciente com Abdome Agudo.

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3 TIPOS DE ABDOME AGUDO

3.1 ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO

As causas inflamatórias são as mais comuns de abdome agudo cirúrgico. O quadro é desencadeado devido a
processo inflamatório/infeccioso em orgãos intra-abdominais. A dor abdominal, sintoma mais comum,
inicialmente é leve e tende a piorar progressivamente ao longo do tempo. Os diagnósticos mais comuns de
Abdome Agudo Inflamatório são Apendicite Aguda, Colecistite Aguda, Diverticulite Aguda e Pancreatite
Aguda(3).O exame laboratorial mais importante no Abdome Agudo Inflamatório é o hemograma, onde
costuma-se identificar leucocitose com desvio à esquerda na maioria casos mais arrastados. Além disso, a
medição do hematócrito é importante para avaliar o grau de hidratação do paciente.

A) APENDICITE AGUDA

Etiologia

É a causa mais frequente de abdome agudo. Apesar de ser mais prevalente na segunda e terceira décadas
de vida, pode manifestar-se em qualquer idade. Classicamente a dor inicia de modo insidioso no epigastro ou
na região periumbilical e posteriormente migra para o quadrante inferior direito. A anorexia está presente na
maioria das vezes. Náuseas e vômitos também podem estar presentes, assim como a hipertermia(3).

Exame Físico

Ao exame físico, sinais de peritonite como Blumberg (dor à descompressão brusca em Fossa Ilíaca Direita) e
Rovsing (dor em Fossa Ilíaca direita durante palpação profunda de Fossa Ilíaca Esquerda) podem estar
presentes. Em alguns pacientes é palpável plastrão em Fossa Ilíaca Direita, correspondendo a bloqueio por
epíplon e alças intestinais ao processo inflamatório local(4,5).

Avaliação Diagnóstica Complementar

O diagnóstico de Apendicite Aguda é eminentemente clínico, não sendo obrigatório exames de imagem para
diagnóstico em casos de evolução clássica. Entretanto, em caso de dúvida diagnóstica (principalmente em
mulheres) ou quando há suspeita de complicações, exames de imagem fornecem auxílio diagnóstico. A
Ultrassonografia abdominal é o exame rotineiramente solicitado, podendo a Tomografia Computadorizada (TC)
ser indicada em casos em que a USG não foi esclarecedora. A TC apresenta acurácia de até 98% (6), sendo
considerada padrão-ouro.

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B) COLECISTITE AGUDA

Etiologia

A colecistite aguda caracteriza-se pela presença de dor abdominal no quadrante superior direito ou no
epigástrio, podendo irradiar-se para o dorso. A dor geralmente é progressiva e usualmente está associada a
náuseas, vômitos e anorexia. Febre pode estar presente. É mais prevalente em mulheres e os achados do
exame físico são variáveis, dependendo do grau de inflamação da vesícula biliar(7).

Exame Físico

O sinal de Murphy (interrupção súbita da inspiração à palpação profunda do hipocôndrio direito) usualmente
está presente. Em 1/3 dos casos pode ocorrer a presença de massa no hipocôndrio direito que representa o
bloqueio do epíplon à vesícula biliar em resposta ao processo inflamatório. É importante lembrar que
pacientes diabéticos, idosos ou portadores de doenças neurológicas podem apresentar colecistite aguda sem
quadro álgico importante(4,5).

Avaliação Diagnóstica Complementar

Na Colecistite Aguda o USG costuma ser eficaz, pois nele é possível determinar espessamento da parede da
vesícula, além da presença de cálculos, líquido perivesicular, dilatação de vias biliares, além de outros sinais
sugestivos de colecistite(5).

C) DIVERTICULITE AGUDA

Etiologia

A diverticulite aguda é patologia mais frequente em pacientes idosos. A dor geralmente localiza-se no
quadrante inferior esquerdo, no entanto os pacientes podem ter dor no quadrante inferior direito ou
suprapúbica devido a presença de um cólon sigmóide redundante. Aproximadamente 50% dos pacientes
tiveram um ou mais episódios anteriores de dor semelhante(8).

Exame Físico

Uma massa em fossa ilíaca esquerda é palpável em aproximadamente 20% dos pacientes devido a
inflamação pericolônica ou abscesso peridiverticular. Os pacientes podem apresentar disúria e polaciúria
associados. Mulheres podem evoluir com dor em fundo de saco ao toque retal. Náuseas, vômitos e febre
também podem estar presentes(4,5).

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Avaliação Diagnóstica Complementar

O exame de escolha é a Tomografia Computadorizada, que permite diagnosticar a doença e avaliar as


possíveis complicações (perfuração, abscessos pericólicos...) além de possibilitar o planejamento terapêutico
(abordagem cirúrgica por laparoscopia ou mesmo drenagem percutânea)(9,10).

D) PANCREATITE AGUDA

Etiologia

Para confirmação diagnóstica é necessário evidência bioquímica ou radiológica. A maioria dos pacientes
apresenta início agudo e persistente de dor abdominal epigástrica, com aproximadamente 90% dos pacientes
tendo náuseas e vômitos associados. Em aproximadamente 50% dos pacientes a dor irradia para o dorso,
sendo parcialmente aliviada ao permanecer em posição antálgica (inclinar-se para a frente)(11).

Exame Físico

Em pacientes com pancreatite leve o quadro álgico epigástrico pode ser discreto. Entretanto, nos casos
graves pode haver peritonite difusa. Os pacientes podem evoluir com distensão abdominal e íleo secundário à
inflamação. Pacientes com pancreatite aguda grave podem apresentar febre, taquipnéia, hipoxemia e
hipotensão. No abdome podem estar presentes os sinais de Cullen (equimose na região periumbilical) e Gray
Turner (equimose ao longo dos flancos)(5).

Avaliação Diagnóstica Complementar

A dosagem de amilase e lipase é importante para excluir ou confirmar suspeita de Pancreatite Aguda. Nos
casos de pancreatite leve os exames de imagem geralmente não apresentam alterações. Nos casos graves é
possível identificar na tomografia edema do tecido pancreático e eventuais focos gasosos e de necrose
pancreática, além de coleções peripancreáticas(12).

E) DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA

Etiologia

A Doença Inflamatória Pélvica é uma síndrome clínica atribuída à ascensão de microorganismos do trato
genital inferior, comprometendo endométrio, trompas, anexos uterinos e/ou estruturas contíguas. A infecção
geralmente é polimicrobiana, envolvendo organismos sexualmente transmissíveis. Os agentes etiológicos
incluem principalmente Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. Entretanto microorganismos que
habitam a lora vaginal (anaeróbios, G. vaginalis, Haemophilus inluenzae, Gram negativos entéricos e
Streptococcus agalactiae) também estão associados à DIP.

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Aproximadamente ⅔ dos casos ocorrem em mulheres menores de 25 anos de idade. Entre os fatores de risco
pode-se citar: nuliparidade, infecção por DST´s, baixo nível sócio-econômico, raça negra, múltiplos parceiros
sexuais, entre outros.

Exame Físico

As pacientes com DIP geralmente cursam com dor à palpação em andar inferior do abdome ou à mobilização
cervical. Não é rara a presença de massa anexial palpável ao exame físico abdominal. Pacientes com
evolução insatisfatória podem cursar com abscesso pélvico, febre e corrimento vaginal de odor fétido. O
exame físico completo é fundamental, com exame especular (inspeção do colo do útero para friabilidade e
secreção mucopurulenta) e exame bimanual para avaliação uterina, dor à mobilização cervical ou anexial e
massas pélvicas

Avaliação Diagnóstica Complementar

O diagnóstico diferencial exige estudos laboratoriais e de imagem.

Entre os exames laboratoriais é rotina a solicitação de: Hemograma (leucocitose com desvio à esquerda),
Proteína C reativa ou VHS, Urina tipo I e cultura e Teste de gravidez.

A Ultrassonografia transvaginal é o exame de imagem inicialmente solicitado, possibilitando avaliar a


presença de abscesso tubo-ovariano. A laparoscopia é o padrão ouro, mas é impraticável como procedimento
de rotina, ficando restrito aos casos em que a dúvida persiste após investigação com outros métodos de
imagem. Na DIP a conduta cirúrgica é tratamento de exceção, direcionado às complicações (abscessos
pélvicos).

3.2 ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO

Etiologia

A obstrução intestinal tem causas variadas e é motivo frequente de abdome agudo cirúrgico em unidades de
emergência. Há dois tipos de obstrução intestinal: obstrução funcional por deficiência da motilidade do
intestino e obstrução mecânica decorrente de obstrução da luz intestinal. A distinção é imprescindível pois a
obstrução funcional tem tratamento clínico e a mecânica, cirúrgico. As causas mais frequentes de obstrução
do intestino delgado são: aderências (bridas), hérnias da parede abdominal, Doença de Crohn, infecções
abdominais, neoplasias primárias de intestino delgado ou comprometimento secundário, íleo biliar e bezoar,
entre outras. As causas mais comuns de obstrução do intestino grosso são as neoplasias primárias, os
tumores pélvicos, volvo, complicações de doença diverticular, etc (13).

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Exame Físico
A dor abdominal é frequentemente em cólica e de forte intensidade. Os vômitos são mais frequentes e
precoces nas obstruções proximais (jejuno e íleo proximal). A distensão abdominal é maior nas obstruções
mais distais e a parada de eliminação de gases e fezes ocorre na obstrução total da luz intestinal(5).

Avaliação Diagnóstica Complementar

Os pacientes devem ter coletados hemograma, dosagem de eletrólitos e função renal na admissão. O
hemograma pode evidenciar anemia de doença crônica, fortalecendo hipótese de neoplasia ou doença
inflamatória. O leucograma infeccioso pode estar presente em casos de infecção secundária por translocação
bacteriana. Os distúrbios eletrolíticos podem ser consequentes a obstrução e vômitos, mas também podem
ser a causa de uma obstrução funcional. O exame de imagem inicial na avaliação de Abdome Agudo
Obstrutivo é a radiografia de abdome em ortostase. Nas obstruções de delgado as radiografias apresentam
níveis hidroaéreos com padrão de “empilhamento de moedas” e distensão importante de alças, mais
comumente na região central do abdome. Nas obstruções colônicas predomina um padrão periférico de
distensão gasosa, geralmente com ausência de gás no reto. Caso a válvula ileocecal seja competente, não
haverá distensão de delgado. Em casos de volvo de sigmóide, pode-se observar imagem semelhante a “grão
de café” ou padrão em U, característicos dessa afecção. A Tomografia é mais específica ao determinar a
causa exata da obstrução, além de fornecer dados sobre a viabilidade de alças em casos de encarceramento
e possíveis complicações, como perfurações ou abscessos(14).

3.3 ABDOME AGUDO PERFURATIVO

Etiologia

Abdome Agudo Perfurativo é a terceira causa mais comum de Abdome Agudo. As causas podem ser
infecciosas, inflamatórias, neoplásicas, traumáticas, medicamentosas, iatrogênicas ou por ingestão de corpo
estranho. A perfuração gástrica e duodenal é geralmente secundária à Doença Ulcerosa Péptica Crônica.
Entretanto pode associar-se a úlceras agudas, neoplasia ou trauma. O etilismo e o uso de anti inflamatórios
são as principais causas de perfurações por úlceras agudas. Pacientes com perda de peso crônica, sintomas
dispépticos e anorexia devem ter neoplasia entre as causas a se investigar. As perfurações colônicas estão
relacionadas a processos inflamatórios agudos, tais como apendicite e diverticulite, neoplasia, obstrução em
alça fechada (ex. volvo de sigmóide), ingestão de corpo estranho, megacólon tóxico, Síndrome de Ogilvie
(pseudo-obstrução) e empalamento(13).

Exame Físico

A dor abdominal geralmente é intensa e de início abrupto. O abdome costuma encontrar-se rígido e doloroso
difusamente, associado a náuseas e vômitos. Febre pode estar presente e associar-se a sinais de sepse.
Quanto mais proximal a perfuração no TGI, mais rápida a progressão dos sintomas devido a facilidade de
disseminação do conteúdo na cavidade abdominal(4,5).

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Avaliação Diagnóstica Complementar

A radiografia de tórax é o exame inicial realizado e pode evidenciar lâmina de ar entre o diafragma e o fígado
(pneumoperitôneo). Esse achado em paciente sem cirurgia recente confirma o diagnóstico de perfuração de
víscera oca e indica abordagem cirúrgica. Sua ausência, entretanto, não exclui o diagnóstico. A tomografia é
mais sensível que a radiografia de tórax para a detecção do pneumoperitôneo, além de possibilitar a
localização da víscera perfurada(14).

3.4 ABDOME AGUDO VASCULAR

Etiologia

O Abdome Agudo Vascular geralmente ocorre quando há sofrimento de uma víscera por interrupção súbita do
aporte sanguíneo para esse órgão. A Isquemia Mesentérica apresenta taxas de mortalidade de até 50% e
pode ser difícil de diagnosticar. O quadro de dor abdominal é de intensidade variável e progressiva(13).

Exame Físico

O exame físico costuma ser incompatível com a exuberância da dor abdominal.

Náuseas, vômitos, diarréia transitória, anorexia e melena podem estar presentes. Comorbidades como
arritmias cardíacas e doença aterosclerótica coronariana ou periféricas geralmente estão presentes nos
pacientes com diagnóstico de isquemia intestinal(5).

Avaliação Diagnóstica Complementar

Devem ser coletados na admissão exames laboratoriais (hemograma, gasometria arterial, dosagem de
eletrólitos e função renal). Pacientes graves podem apresentar acidose metabólica na gasometria. O mais
frequente, entretanto, é que os exames sejam inespecíficos. A radiografia de abdome pode revelar distensão
de alças intestinais e níveis líquidos, porém é inconclusiva. O exame padrão-ouro para o diagnóstico da
isquemia intestinal é a Angiografia, que além de identificar o vaso acometido, em algumas situações é
terapêutica, desobstruindo-o. Devido a dificuldade de acesso à angiografia e o quadro clínico muitas vezes
inespecífico, torna-se difícil indicar esse exame para todos os pacientes com suspeita diagnóstica. A
tomografia computadorizada permite o estudo dos principais troncos arteriais e venosos da circulação
mesentérica. O achado mais comum, porém menos específico, é de espessamento de alças intestinais.
Achados mais específicos incluem a identificação do trombo arterial ou venoso, distensão gasosa de alças,
perda do realce intestinal, pneumatose intestinal, além de complicações como pneumoperitôneo ou líquido
livre na cavidade peritoneal(14).

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3.5 ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO

Etiologia

Quadro decorrente de sangramentos na cavidade abdominal. Dentre as causas mais comuns temos a
Gravidez Ectópica Rota e a Rotura de Aneurisma da Aorta Abdominal(13).

Exame Físico

O quadro clínico consiste em dor abdominal súbita, de localização difusa. Inicialmente o paciente apresenta-
se taquicárdico, com posterior evolução para hipotensão, sudorese fria, palidez e agitação, podendo evoluir
para choque hemorrágico.

Avaliação Diagnóstica Complementar

Os exames laboratoriais costumam ser inespecíficos, podendo evidenciar queda dos níveis de hemoglobina.
Em mulheres em idade fértil é necessário descartar gestação ectópica rota. Nestas paciente é imprescindível
a dosagem do Beta-HCG(4,5).

Em pacientes estáveis hemodinamicamente deve-se realizar USG, que pode confirmar ambos os diagnósticos
mais comuns de Abdome Agudo Hemorrágico. Na avaliação do aneurisma de Aorta a tomografia de abdome
é especialmente importante pois identifica sua localização e extensão, importantes para o planejamento
cirúrgico(14).

4 ADMISSÃO E AVALIAÇÃO INICIAL

Os pacientes com suspeita de Abdome Agudo Cirúrgico são admitidos no HRSC via Célula de Regulação do
Sistema de Saúde (CERSI) ou provenientes de outros setores da própria unidade. Os pacientes internados
em outros setores da unidade têm solicitados pelo médico assistente um pedido de interconsulta para a
Cirurgia Geral, descrevendo de maneira detalhada o quadro clínico vigente e a suspeita clínica para o caso. O
Núcleo de Atendimento ao Cliente (NAC) programa a interconsulta e aciona o cirurgião de plantão. Os
pacientes admitidos via CERSI são ser encaminhados para leito na Clínica Cirúrgica onde são admitidos pelo
cirurgião.

Os pacientes admitidos sem definição diagnóstica têm exames solicitados em caráter de urgência, conforme a
suspeita clínica. Os pacientes admitidos com diagnóstico de Abdome Agudo definido são imediatamente
inseridos no mapa cirúrgico e encaminhados ao centro cirúrgico. O médico esclarece ao paciente o
procedimento proposto para posterior assinatura dos termos de consentimento (cirúrgico e anestésico) pelo
paciente. O Plano Terapêutico Multidisciplinar é aberto na admissão médica.

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Após a admissão são avaliadas as medidas de suporte: jejum, acesso vascular, reposição de fluídos, uso de
sintomáticos, passagem de sonda gástrica na presença de vômitos repetitivos e/ou distensão abdominal, além
da possibilidade de passagem de sonda vesical de demora para guiar a reposição de líquidos.

Os pacientes admitidos com suspeita de Abdome Agudo devem ter definição diagnóstica em até 6 horas do
internamento e tratamento cirúrgico realizado, idealmente, nas primeiras 9 horas após a admissão.

Os pacientes submetidos a investigação para Abdome Agudo que tenham as causas cirúrgicas descartadas,
mas que persistam sintomáticos, são encaminhados à enfermaria de Clínica Médica via transferência interna
para prosseguir com investigação clínica.

5 INDICADORES

Após confecção de série histórica do indicador e análise das variáveis que impactam no processo, o intervalo
de tempo entre admissão e cirurgia será repactuado, visando torná-lo mais oportuno.

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6 INTERAÇÕES DE PROCESSOS COM OS SERVIÇOS DE APOIO

6.1 LABORATÓRIO

Os resultados dos exames laboratoriais solicitados em caráter de urgência são disponibilizados no Sistema
VITAE em até 03 horas após a solicitação. Os exames com resultados críticos são impressos e entregues na
enfermaria à equipe assistencial (preferencialmente à equipe médica, podendo ser recebido pelo enfermeiro
ou técnico de enfermagem do setor). Exames solicitados na rotina são disponibilizados em até 06 horas após
a solicitação.

6.2 RADIOLOGIA

Os exames radiológicos solicitados em caráter de urgência/emergência são priorizados e têm seus laudos
disponíveis em até 6 horas. Nos exames com alterações importantes (resultados críticos) há a comunicação
do radiologista com o médico assistente via telefone como medida adicional para agilizar a definição
diagnóstica. Tal ação não exime a obrigatoriedade de disponibilização do laudo digitalizado do exame.

O HRSC dispõe de um Guia de proteção de nefropatia induzida por contraste que é aplicado a todos os
pacientes que possuam fatores de risco para tal. Nos pacientes com disfunção renal deve-se avaliar risco-
benefício do exame contrastado, cabendo ao radiologista a decisão final sobre a infusão do contraste. Os
pacientes submetidos a exames contrastados passam a ser acompanhados pelo serviço de Radiologia quanto
a possibilidade de lesão renal induzida por contraste através da dosagem de creatinina 48h após a infusão do
mesmo.

6.3 AGÊNCIA TRANSFUSIONAL

Todo paciente com indicação de laparotomia exploradora tem Tipagem Sanguínea coletada e reserva
cirúrgica de 01 concentrado de hemácias, sendo necessário o preenchimento da Requisição de Transfusão.
Caso seja necessário transfusão pré operatória, esta é solicitada separadamente (a solicitação de
hemocomponentes é realizada no Sistema VITAE, na Aba RT). As solicitações classificadas como não
urgentes são disponibilizadas em até 24 horas, as urgentes em até 3 horas e as solicitações de extrema
urgência (CS: O-) são liberadas em até 15 minutos da solicitação mediante assinatura de termo de
responsabilidade pelo médico assistente.

O HRSC dispõe de um Guia de Transfusional com orientações acerca das indicações de reserva cirúrgica e
transfusão de cada hemocomponente.

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6.4 SCIH

A equipe de enfermagem utiliza o Escore para Alerta Precoce (MEWS) como parâmetro de deterioração
clínica, acionando o enfermeiro ou médico para avaliação do paciente, conforme a necessidade.

Pacientes admitidos com quadro de sepse ou que evoluam no internamento com MEWS >4 devem ter o
Protocolo de Sepse prontamente acionado para rastreio.

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7 REFERÊNCIAS CONSULTADAS

Rhode L, Osvaldt AB. Rotinas em cirurgia digestiva. 2ª ed. Porto Alegre: Artemed; 2011.

McNamara R, Dean AJ. Approach to acute abdominal pain. Emerg Med Clin North Am. 2011 May;29(2):159-
73, vii. doi: 10.1016/j.emc.2011.01.013.

MONTANDON JUNIOR, Marcelo Eustáquio et al . Apendicite aguda: achados na tomografia


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TIPO DE DOCUMENTO: PROTOCOLO CÓD. DO DOCUMENTO: PCG.ASS.002
VERSÃO: 00
ATENDIMENTO INICIAL AO PACIENTE REVISÃO: --
COM ABDOME AGUDO PÁGINA 15 DE 15

Concensos do XXVI Congresso do Colégio brasileiro de Cirurgiões; 2005 jun 5-9; Rio de Janeiro, Brasil. Bol
CBC. 2006;(ed.esp.):40-3.

HISTÓRICOS DE VERSÕES
DESCRIÇÃO DA PRÓXIMA
VERSÃO DATA RESPONSÁVEL / FUNÇÃO
ALTERAÇÃO REVISÃO
Wlademir Roriz Neto - Coordenador
da Cirurgia | HRSC;
Nayana Nayla Vasconcelos Rocha -
00 Documento inicial 03/11/2020 Assessora técnica da qualidade 03/11/2022
Nugesp | HRSC;
Cristiano de Oliveira Rabelo - Diretor
de Processos Assistenciais | HRSC.
VALIDAÇÃO: Francisco Julimar Correia de Menezes - Cirurgião Geral - Centro de Estudos | HGWA;
Virgínia Angélica Silveira Reis - Diretora de Ensino e Pesquisa - DEP | ISGH.

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