LETÍCIA APARECIDA DA FONSECA

PEDAGOGA - PSICOPEDAGOGA – NEUROPSICOPEDAGOGA - EDUCADORA ESPECIAL

PESQUISADORA CLÍNICO ANALÍTICO COMPORTAMENTAL (ABA)

AVALIAÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA

I - IDENTIFICAÇÃO

Nome:
Data de nascimento:
Escolaridade:
Escola:
Dominância manual:
Filiação: Mãe:
Pai:
Faz uso de medicamento?

II - QUEIXA

A queixa principal é a falta de atenção e dificuldade de aprendizagem.

Segundo sua mãe a Julia apresenta boa capacidade para decorar letras de música, mas precisa
de muito incentivo na leitura e escrita.

III – HISTÓRICO DE SAÚDE

A gestação foi planejada e acompanhada por consultas pré-natais desde o início, tendo a
genitora na época 18 anos. A mesma não precisou fazer uso de medicamentos na gestação e
não houve abortos anteriores.
Nasceu de parto normal, apgar não informado na anamnese, necessitando ir para UTI Neo-
Natal onde permaneceu 9 dias, pois a genitora teve pré-eclampsia que ocasionou um Acidente
Vascular Cerebral (AVC) e uma pequena lesão do lado esquerdo no cérebro da Júlia no
nascimento, vindo a necessitar de cuidados como: uso de oxigênio e sonda de alimentação,
teve icterícia ao nascer e realizou foto terapia na incubadora.
Segundo relato da mãe, todos os testes (olhinho, pezinho, coraçãozinho...) apresentaram
resultados dentro dos padrões de normalidade.
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Não aceitou aleitamento materno, passando a fazer uso de fórmula nos primeiros anos,
mamadeira até os 3 anos e uso de chupeta até os 2 anos.
Iniciou a introdução de alimentos aos 3 meses, apresentando boa aceitação a todas as texturas
e sabores.
Em seu desenvolvimento sensório motor, sentou no tempo certo, mas com pouco equilíbrio e
sem sustentação de cabeça, engatinhou aos 8 meses e andou sem apoio com
aproximadamente 2 anos, segundo relato coletado em anamnese com a mãe.
Atualmente apresenta atrasos de fala e motor.
Durante o sono quando bebê era muito agitada e dormia pouco, atualmente dorme por um
período adequado apresentando agitação e ranger de dentes.
Dorme com a mãe e a irmã na mesma cama, apresenta enurese e em alguns momentos
podem ocorrer escapes de xixi.
Desfraldou com 2 anos durante o dia e aos 3 durante a noite. Fazendo uso inicial de pênico e
posteriormente do vaso sanitário.
Falou as primeiras palavrinhas próximo de 1 ano, frases curtas e compreensíveis próximo a 1
ano e meio e segundo relatos da mãe não houve trocas na fala.

III – 1 ANTECEDENTES FAMILIARES:

Júlia não faz nenhum acompanhamento terapêutico;

Não há histórico familiar de Transtorno do Neurodesenvolvimento.

III-2 JEITO DE SER DA JULIA, SEGUNDO A MÃE:

Júlia é uma adolescente tranquila, apresenta poucos momentos de desentendimento e

contrariações.
Tem poucos amigos, e quando está com outras pessoas de sua idade é possível observar que
seu comportamento é mais infantilizado do que os pares.
Ajuda em casa com a rotina da irmã mais nova, gosta de cozinhar, mas precisa de muito
incentivo nos afazeres domésticos.
Em momentos livres, está sempre no celular, assistindo novela e navegando na internet.
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IV – VIDA ESCOLAR:

Iniciou na escola aos 4 anos na educação infantil, onde a escola não relatava queixas de
aprendizagem e que tudo era tranquilo.
Não se alfabetizou dentro do tempo esperado, mesmo com apoio e incentivo da família, fazia
poucas amizades e não gostava muito da escola, sofreu bullyngs, foi reprovada 2 anos e
desistiu da escola após 8º ano.
Atualmente estava em acompanhamento psicopedagógico com a Especialista Celma,
realizando as tarefas em casa com auxílio da família, mas não estava apresentando avanços.

V – COMPORTAMENTO DURANTE A AVALIAÇÃO:

Julia se mostrou receptiva e participativa durante todo processo de avaliação, entretanto a

queixa da mãe relacionado a não realizar a leitura completa de palavra foi observada, bem
como a falta de interesse em atividades que exigiam mais atenção dela, como em atividades
de pintura, relato oral, criatividade e autonomia.
Nota-se que a Julia tem interesse para aprender a ler e escrever, mas seu desempenho foi
melhor nas atividades lúdicas onde fez uso de estratégias e compreensão de comandas
propostas.
Na sondagem de leitura e escrita a Julia está no nível Silábico com algum valor sonoro (SCAVS),
identifica quase todas as letras do alfabeto, escreve nome e nome composto sem auxílio,
realiza leitura de palavras simples e com poucas sílabas.
Em matemática identifica números até 20 com propriedade e outros aleatórios. Realizou
adição e subtração simples (na unidade da dezena) fazendo uso de desenhos para realizar a
operação.
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VI – AVALIAÇÃO:

Para a Avaliação Neuropsicopedagógica foram utilizados testes padronizados, qualitativos,

além da observação clínica, lúdica, das informações obtida pela família e pela educanda,
realizou-se 4 sessões as quais discorreram sobre as áreas: Sócio Afetiva/ Emocional;
Habilidades Sociais; Psicomotora; Funções Executivas, Memória e Atenção; Linguagem (Leitura
e Escrita); e Pensamento Lógico-Matemático/ Aritmético, além do IAR (Instrumento de
Avaliação do Repertório Básico para a alfabetização), aos quais a Júlia respondeu aos testes
específicos a seguir:

VI.1 – INSTRUMENTOS:

INSTRUMENTO OBJETIVO
Conversa Informal Construção de vínculo com a paciente
Testes Projetivos: Compreender melhor os sentimentos, as relações familiares e o nível
Desenho da família e de maturidade afetiva da paciente.
Planta da casa
Investigar a representação do campo geográfico da sua casa, real e
desejada na mesma.
Instrumento de Avaliar os pré-requisitos para a aprendizagem da Leitura e Escrita.
Avaliação do Repertório
Básico para a
Alfabetização (IAR) Verificar quais habilidades ou conceitos precisão ser trabalhados para
melhor desenvolver as habilidades de Leitura e Escrita.
Teste de Atenção por Funções Executivas padrão: Organização, Planejamento e Execução
Cancelamento (TAC) das ações.
Teste de Trilhas Funções Executivas padrão: Organização, Planejamento e Execução
Parte A e B das ações.
Teste do Desempenho Avalia as capacidades fundamentais para o desempenho escolar, mais
Escolar (TDE) especificamente da escrita, aritmética e leitura. Indica de uma
maneira abrangente, quais as áreas de aprendizagem escolar que
estão preservadas ou prejudicadas no examinando.
Avaliação da Leitura e Avaliar a aquisição da Habilidade da leitura, para posterior avaliação
Escrita – Borel Maysony da escrita.
– Tompson
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VI.2 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS:

INSTRUMENTO RESULTADO
TAC Desempenho médio

TRILHAS Desempenho médio

TDE Desempenho Inferior ao esperado

IAR Falhas em Lateralidade; Tamanho; Discriminação auditiva;

Verbalização das palavras e coordenação motora fina.
LEITURA E ESCRITA Na escrita: Reconhece quase todas as letras, fez trocas fonéticas
(D/G, P/B e T/P).

Sua memória auditiva e de trabalho é razoavelmente boa.

Não foi capaz de organizar o pensamento para a narrativa de

história, tão pouco apresentou a ideia central da narrativa: quem
é personagem principal, onde está? Que ação executa.
Demonstrou pouca criatividade e ainda não domina os recursos
de escrita.

Na leitura: Lê apenas letras em caixa alta e palavras simples,

obteve um erro de 27 palavras dentre 55 (observei que algumas
palavras lidas são de memória)

VII – CONCLUSÃO

As teorias e práticas que amparam a Avaliação Neuropsicopedagógica decorrem dos estudos

das Neurociências e da Educação, com a finalidade de compreender a enredamento do
funcionamento cerebral e as articulações entre cérebro, comportamento e os processos de
aprendizagem humana. Com isso, os problemas na aprendizagem podem emergir de
problemas neurofuncionais e das dificuldades escolares, como transtorno de déficit de
atenção, depressão, transtorno de humor, problemas emocionais em decorrência de baixa
estima, dentre outros, como também por problemas vinculados ao ambiente em que a criança
está inserida e do método de ensino que é adotado pelos professores.
Faz se necessário portanto, destacar após a avaliação e elementos trazidos na narrativa da
Júlia sinalizaram como hipóteses, os comprometimentos na aprendizagem vinculados a sinais
característicos de déficit de atenção, sintomas vinculados a instabilidade e insegurança e
déficit cognitivo, o qual merece maiores investigações já que a hipótese pode estar vinculada a
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fatores decorrentes no nascimento, sociais e emocionais/psíquicos, além da baixa autoestima,

sempre destacando “Eu não sei”, “Eu não consigo”...
Tais fatores vinculados ao nascimento e ao longo do desenvolvimento da adolescente,
influenciam a qualidade e no resultado da aquisição das experiências de aprendizagem. Fato é
que a autoestima e afetividade são elementos essenciais para que as experiências de vida do
indivíduo se façam possíveis e necessárias.
A história de vida da Júlia, compreendendo seus contextos sociais e a partir das respostas dos
testes específicos, pode-se inferir que a mostra da capacidade cognitiva abaixo da normalidade
conforme sua faixa etária, e muitos foram os momentos que apresentou desatenção, bem
como insegurança, baixa autoestima e necessidade de realizar as atividades propostas com
auxílio, mostrando-se bem dependente.

Após análise dos instrumentos padronizados aplicados, da observação lúdica e das provas
qualitativas conclui-se que a Júlia apresenta:

 Consciência Fonológica em desenvolvimento;

 Desatenção;
 Dificuldades em raciocínio lógico;
 Falhas perceptivas que interferem no processo de codificação e decodificação dos
sons;
 Hipótese de problemas de baixa autoestima interferindo no processo de
aprendizagem.

VIII – INDICAÇÕES DE TRATAMENTO

Para melhor posicionamento e acompanhamento terapêutico solicito os seguintes

procedimentos:

 Avaliação neurológica;
 Avaliação e acompanhamento psicológico;
 Avaliação e acompanhamento fonológico;
 Avaliação e acompanhamento com terapeuta ocupacional
 Acompanhamento neuropsicopedagógico.

IX – ORIENTAÇÃO A ESCOLA
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Atualmente a Julia não está frequentando escola, sugiro que retome ao EJA e aos
atendimentos neuropsicopedagógicos para que tenha uma consistência maior no seu processo
de alfabetização.

X – ORIENTAÇÃO AOS RESPONSÁVEIS

 Construir regras e combinados comportamentais com a participação nas atividades

diária;
 Propiciar momentos de lazer e interação entre a família;
 Manter rotina diária de estudos e realização de tarefas, sob o olhar sensível da família,
bem como sua estimulação e incentivo;
 Valorizar potencialidades e habilidades;
 Estimular a participar de atividades coletivas com demais pessoas e seus familiares;
 Reduzir os momentos de uso de telas (celulares, televisões entre outros).

Coloco-me a disposição para quaisquer outros esclarecimentos

Atenciosamente,

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Letícia Aparecida da Fonseca

CPF: 372.461.138-27