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Seminário Ciência Política, aula VII

Stephanie da Motta Virginio

SARTORI, Giovanni. La politica. Lógica y metodo en las ciencias sociales. Fondo de


Cultura Economica: México, 2002, pags. 225 a 260.

Cap. VIII - La Política como Ciencia

A filosofia não pressupõe um método filosófico, enquanto a ciência é caracterizada através do


método científico, que é múltiplo e em contínua evolução.

Espírito científico do séc XVII - Não há ciência sem método científico. Posição que
privilegia UM método científico e que coincide com o “método newtoniano”:

1° Geometria e matemática - primeiro arquétipo de cientificidade (geral)

2° Ciências no plural (flexível, não se reconhecem na física newtoniana) Escapa a redução


unitária. Escalas ou padrões de flexibilidade e de juízo:

- Padrão historiográfico: perspectiva diacrônica;


- Padrão epistemológico: perspectivas “do nosso tempo”

“(...)¿Aristóteles y Maquiavelo fueron "científicos" de la política? En el dominio historiográfico se puede


responder afirmativamente; pero en el dominio epistemológico se debe responder en forma negativa” (pg.226).

Se a observação realista antecipa a ciência, tomada em si não é ciência, do mesmo modo que
se ciência não é filosofia, não se faz ciência pelo simples fato de não fazer filosofia.

Mosca, Pareto e Michels teorizaram leis do debate político que ainda se mantêm centrais: lei
da classe política, lei da circulação de elites, lei de ferro da oligarquia, respectivamente.
Examinando a cientificidade, leis não são um objetivo do conhecimento científico?

“(...)Está bien que el método histórico-inductivo no sea científico, ¿pero la ciencia política puede realmente
ignorar la historia y la experiencia histórica? ¿O es que el método de la ciencia política, aun siendo científico y
no histórico, debe incluir un modo de "tratar" la experiencia histórica aunque sea para sus propios fines?”

Modo autônomo de estudar política e a política vista em sua própria autonomia, onde sua leis
não são redutíveis a outras coisas. Dentre as confluências ocorridas:

“A despecho de los cánones de la cientificidad, el grueso de nuestro saber en materia política supone el
"encuentro significativo" entre la autonomía del observador político y la autonomía de la política que observa.
Digo a despecho de los cánones de la cientificidad porque ésta no es, en rigor, una confluencia entre la "ciencia"
y la "política". (...) Hoy estamos intentando la convergencia entre la matemática y la política; pero no está
demostrado todavía que nuestra matemática haya llegado a un desarrollo que permita un encuentro fecundo
entre ambas. La matemática constituye desde hace milenios un modelo y un instrumento de cientificidad; sin
embargo los filósofos que fueron grandes matemáticos no aportaron nada a nuestros conocimientos políticos”.
O decisivo para o surgimento de uma ciência política no sentido amplo da expressão, foi a
separação da filosofia.

Filosofía, ciencia y teoría

Nas ciências humanas, o problema das relações com a filosofia segue em pé; diferente do que
ocorre nas ciências naturais e experimentais. a) Diferente das ciências físicas, onde parte-se
destas para extrair uma identificação negativa da filosofia com não ciência. b) Nas ciências
humanas convém respeitar a ordem genética, portanto, partir da filosofia para extrair dela
uma identificação negativa da ciência como não filosofia. (ordem histórica, em que ocorre a
cisão da filosofia para se chegar a ciência).

Sartori propõe duas questões centrais acerca da diferenciação do que é filosofia e do que é
ciência, em geral. E mais especificamente, a filosofia política da ciência política.

1) Em que consiste a filosofia em sua diferença com a ciência?

2) O que diferencia a filosofia política da ciência política?

● Argumenta segundo formulações propostas por N. Bobbio para caracterizar o


pensamento filosófico;

A linha divisória entre os temas do filósofo e do politólogo reside que os critérios e objetivos
do primeiro não são os mesmos do segundo, portanto, reside no “tratamento” e, nesse sentido,
no método.

Nessa linha, menciona diversas dicotomias e pontos que se opõem e podem diferenciar a
filosofia da ciência. Em resumo, dentro da acepção “filosofia” se incluiria o pensar
caracterizado por mais de um dos sintomas seguintes (não necessariamente por todos): 1)
dedução lógica; 2) justificação; 3) valoração normativa; 4) universalidade e
fundamentalidade; 5) metafísica das essências, e 6) inaplicabilidade. Por outro lado, dentro da
palavra “ciência” teríamos um pensamento caracterizado por mais de uma das seguintes
características (não necessariamente por todas): 1) comprovação empírica; 2) explicação
descritiva; 3) não valoração; 4) particularidade e acumulabilidade; 5) pesquisa de inventário
(relevamiento de existências), e 6) operacionalidade e operatividade.

1) Em primeiro lugar, há um mesmo denominador comum que permita reduzir a


multiplicidade das filosofias a uma unidade de um mesmo filosofar?
2) Em segundo, dado que o tratamento filosófico produz resultados tão diferentes do
tratamento científico, qual é o fundamento da divisão, se é que exista?

Com relação ao terceiro tema tratado, digamos assim, a teoria pertence tanto à filosofia como
à ciência.

“De tal modo, podríamos definir la teoría política en lo que tiene de irreductible, como el modo autónomo (ni
filosófico ni científico) de "ver" la política en su propia autonomía. Pero en cuanto mira hacia el futuro, la teoría
política como tercer género parece destinada a ser reabsorbida. En la medida en que una disciplina científica se
consolida, desarrolla una teoría endógena, fruto de la reflexión que la ciencia realiza sobre sí misma” (pg. 236).

“Para resumir, podemos establecer estos tres puntos. Primero, a todo lo largo del continuo cuyos extremos están
caracterizados por los tipos ideales "filosofía" y "ciencia", encontramos teorías políticas que no se pueden
asimilar ni a uno ni a otro, aunque se las pueda aproximar más a uno que a otro. Segundo, entre la filosofía y la
ciencia, quedará siempre una zona intermedia, ocupada por "doctrinas políticas". Tercero, las teorías, doctrinas e
ideologías se sitúan entre sí en un orden jerárquico que va de un máximo a un mínimo de valor cognoscitivo, y a
la inversa, de un mínimo a un máximo de valor voluntarista” (pg. 236-37).

Investigación y aplicabilidad

A ciência aponta para “transformar” a realidade, a dominá-la com a ação - intervenção - e não
somente com o pensamento. Portanto, a filosofia carece de operatividade, ou mais
essencialmente, de aplicabilidade.

Não existe ciência sem teoria. Mas a ciência também é aplicação, tradução da teoria em
prática. A exemplo da mais avançada das ciências humanas, a econômica, que adverte que a
ciência não é apenas teoria que se esgota na investigação, sendo também teoria que se
prolonga na atuação prática; um projetar para intervir, uma “praxislogia”.

Porém, a afirmação da “aplicabilidade da teoria”, e de sua incompatibilidade com a filosofia,


apenas é válida - essa tese - para as filosofias metafísicas e demasiadamente racionalistas.
Torna-se menos geral se considerarmos as filosofias pragmáticas, empiristas, ou mesmo
Aristóteles. Filosofias essas que teorizam a dependência do pensamento com respeito a ação,
e que incluem a aplicação e demonstração da prova da verdade.

Não se pode falar de filosofia em bloco, é variada e um regramento pressupõe encontrar um


mínimo denominador comum a todas.

La línea divisória linguistica

Todo saber passa através de um instrumento de linguagem ad hoc, de uma linguagem


apropriada para “servir” aos objetivos desse saber. Por tanto, devemos fixar nossa atenção no
instrumento linguístico.

Filosofia e ciência são usos linguísticos diferentes. O filósofo pergunta “por quê?” (de forma
metafísica, buscando a razão essencial); o cientista pergunta “como?”

Na filosofia, a explicação subordina a descrição, enquanto que na ciência, a descrição


condiciona a explicação. Todo saber “explica”, a diferença está na investigação.

A filosofia é um “compreender ideado”, enquanto que a ciência é um “compreender


observado”. Se infere disso que a filosofia é tendencialmente um “compreender justificador”,
é uma explicação dada pela justificação; já a ciência é um “compreender causal”, uma
explicação em termos de causalidade.
A filosofia, segundo Sartori, é um uso metaempírico da linguagem, “ultra ou
metarepresentativo”, que dá fundamento ao predomínio do conceito e aborda precisamente
um mundo inteligível no qual busca o “sentido”, a “essência” e a justificação última. A
ciência, ao contrário, desenvolve um vasto vocabulário denotativo, quer dizer
observador-descritivo, em qual as palavras significam o que representam.

Cientificidad y no valorabilidad

Ciência política como é, desde dentro. Elementos comuns a todas as ciências:

-Linguagem (conceito, crítica, repetição e acumulação)

- Construção de: conceitos empíricos, classificações, leis, comprovação, sistematização)

Momento de estabilização da disciplina como ciência política propriamente dita: Anos 50 "revolução
behaviorista, introdução de técnicas quantitativas e sínteses lógicas rigorosas e precisas, paradigma
“fisicalista”. Pergunta: A ciência política pode reduzir-se ao domínio do quantificável?

Status epistemológico da questão: o que são os valores? Existem regras que neutralizam os valores,
valores não constituem um obstáculo para um saber científico, desde que os identifique como tais e
não perturbem as pesquisas descritivas.

Favorabilidade é um princípio regulador e não um princípio construtivo.

Un Balance:

Transição da ciência política “sintética” para a “teorética”. A multiplicidade de aproximações


e teorizações gerou uma crise profunda, mas também é vista como uma crise de crescimento.

O Behaviorismo provocou uma percepção difusa e impulsionou uma visão horizontal da


política, muito mais do que sua verticalidade. Esta diluição horizontal da política reflete sua
massificação e democratização.

A crise de identidade da política é multifatorial, mas ainda segue o maior peso no


behaviorismo que leva a uma ciência guiada por retroalimentação de dados e, se levadas ao
extremo, de tender a desaparição do que é político. (a ciência devora a política ou o extremo
oposto, a política devora a ciência - função do politólogo impedir)

Resumo: Stephanie Virginio.

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