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Aclamação de Amador Bueno

urante um período, Portugal entrou numa crise dinástica, pois


não havia um herdeiro para se tornar rei. O rei D. Sebastião
morreu na batalha de Alcácer-Quibir, na África, combatendo
os mouros, em torno de 1578. O rei não tinha herdeiros e, ao
sumir, o seu tio D. Henrique foi proclamado rei, mas este era
muito velho e reinou apenas dois anos, sendo a linha
sucessória da casa de Avis esgotada. Assim, nessa disputa
pelo trono, no ano de 1581, o rei da Espanha, Filipe II, se
tornou rei também de Portugal, unindo Portugal a Espanha
durante 60 anos (União Ibérica).

Com essa união, que ia contra a vontade da maior parte dos


portugueses (que além de não quererem ser subordinados à
Espanha, alguns acreditavam que seu rei D. Sebastião iria
voltar da África, mesmo anos depois de desaparecido), o
território brasileiro passou a ser controlado pela Espanha.
Com o fim da União Ibérica, no ano de 1640, Portugal
retomou o controle total de sua colônia. Mas é fácil de
imaginar que depois de anos da presença espanhola no Brasil,
alguns colonos acabaram criando relações comerciais com os
espanhóis. Então, quando Portugal e Espanha se separaram
novamente, alguns paulistas que mantinham relações
comerciais com os espanhóis ficaram preocupados com
possíveis medidas que a coroa portuguesa poderia
interromper. Esses comércios eram ligados a atividades de
escravização dos índios, onde os bandeirantes paulistas
praticavam o apresamento e a comercialização de índios
encontrados pelo interior do Brasil, e de contrabando na
região do Rio da Prata. O problema foi que Portugal proibiu a
escravização dos indígenas, assim acabava forçando os
bandeirantes a comprarem escravos africanos, lucrando com
esse comércio. O motivo dos portugueses não explorarem a
mão de obra indígena é que eles já se beneficiavam com o
lucro das exportações de navios negreiros africanos.

Os bandeirantes paulistas não apoiaram essa nova medida


que iria acabar com o comércio e aumentar as despesas dos
mesmos. Um grupo desses homens resolveu formar uma
revolta, um levante onde o principal ponto de reivindicação
era o fim da proibição da escravização dos nativos. Mais do
que um simples levante, os bandeirantes acabaram formando
um estado, no ano de 1641, que era independente de
Portugal e que ainda estava ligado economicamente com a
Espanha, servindo aos seus interesses.

Aclamação de Amador Bueno, pintura de Oscar Pereira da Silva, 1931.

Nesse contexto, a figura de Amador Bueno da Ribeira, um


proprietário de terra e administrador colonial, é escolhida
como líder do motim e foi proclamado rei do novo estado que
se tornara independente de Portugal. Amador Bueno tinha
consciência de que a revolta contra os portugueses só
prejudicaria mais ainda o comércio na Vila de São Paulo e
acabaria causando uma repressão muito violenta por parte do
rei de Portugal, D. João IV. Com esse pensamento sensato, o
proprietário de terras Amador Bueno acabou recusando a
oferta de líder e rei da revolta e da província independente e,
por conta dessa negação, acabou sendo perseguido pelos
revoltosos, tendo que se refugiar no Mosteiro São Bento,
juntamente com os jesuítas que eram contra a escravização
dos índios e foram expulsos da Vila de São Paulo pelos
revoltosos.
Amador Bueno ainda jurou fidelidade ao rei de Portugal, D.
João IV. Os bandeirantes paulistas que haviam se revoltado,
acabaram reconhecendo a sua derrota e aceitaram a
subordinação à Metrópole.

Referências Bibliográficas:

DEL PRIORE, Mary, VENANCIO, Renato. Uma Breve História


do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2010.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996.

MONTEIRO, Rodrigo Bentes. O rei de São Paulo. Apesar da


escassa documentação, Amador Bueno passou à História
como figura central do movimento que desafiou o domínio
monárquico português no século XVII.
Link: http://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/wp-
content/uploads/2017/02/O-rei-de-S%C3%A3o-Paulo-
Revista-de-Hist%C3%B3ria.pdf
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/brasil-colonia/aclamacao-de-amador-bueno/

Arquivado em: Brasil Colônia


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