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Universidade de Pernambuco (UPE)

Escola Politécnica de Pernambuco (POLI)


Física de Materiais (Fismat)

I Autumn Program Fismat


Introdução à Eletrostática
Aula 01: Fundamentação Vetorial
Giuliano G. Porciúncula
16/05/2023

1 Notação de Griffiths
Tome um vetor espacial tridimensional definido pela letra v, a sua notação é dada pela escrita
em negrito ou a presença da seta em cima:

v ou ⃗v

Observação: Mantenha consistente sua notação durante a solução de um problema. As duas


formas estão válidas, mas atente-se a não usar as duas ao mesmo tempo.

O seu módulo é dado pela escrita normal do mesmo vetor, sem ser em negrito / sem a presença
da seta:
|v| = v ou |⃗v | = v

O vetor unitário (versor) que aponta na mesma direção do vetor é notado com a presença do
acento circunflexo (chapéu). O versor está em negrito se o vetor for em negrito.

v ⃗v
v̂ = ou |v̂| =
v v

2 Operações Vetoriais
2.1 Multiplicação por Escalar
Ao multiplicar um escalar e um vetor, essencialmente está re-escalando-o proporcionalmente ao
escalar

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2.2 Adição Vetorial


Imaginando vetores como deslocamento no espaço a partir da origem para a posição indicada,
podemos definir a adição vetorial de dois vetores como o deslocamento de ambos os vetores em
conjunto.

2.3 Produto Escalar


Dado dois vetores definidos em um sistema de coordenadas ortonormais (Versores ortogonais)
de n dimensões: n n
X X
A= ai êi B= bi êi
i i

O produto escalar entre eles é definido como o escalar:


n
X
A·B = ai b i e A · B = AB cos(α)
i

Onde α é o ângulo entre A e B.

Veja que podemos tomar o produto escalar entre um vetor e ele mesmo
n
X n
X
A·A= ai ai = a2i A · A = AA cos(0) = A2
i i

Dessa forma, podemos definir o módulo de um vetor A como


" n # 12
X
A= a2i
i

2.4 Produto Vetorial


Em um sistema de coordenadas ortonormal tridimensional, dizemos que o produto vetorial é
um vetor perpendicular a ambos os vetores. Matematicamente podemos definir o módulo desse
vetor como o produto do módulo dos outros dois vetores multiplicado pelo seno do ângulo entre
eles.

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Exemplo: Tome os vetores A e B definidos em sistema de coordenadas ortonormal tridimen-


sional. Definimos o vetor C = A × B, temos então o seu módulo:

C = AB sin(α)

Onde α é o ângulo entre A e B.

Uma forma de visualizar o produto vetorial é utilizando a regra da mão direita

3 Componentes Vetoriais (x, y, z)


3.1 Componentes Cartesianos

Um vetor nas coordenadas cartesianas é definido nos versores cartesianos.


x̂ = (1, 0, 0) tem módulo 1 e aponta na direção positiva de x.
ŷ = (0, 1, 0) tem módulo 1 e aponta na direção positiva de y.
ẑ = (0, 0, 1) tem módulo 1 e aponta na direção positiva de z.
O vetor posição nas coordenadas cartesianas é

r = xx̂ + y ŷ + z ẑ

Um vetor qualquer A pode ser escrito como

A = Ax x̂ + Ay ŷ + Az ẑ

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3.2 Componentes Cilíndricas (s, ϕ, z)

Tome uma posição no plano xy, o vetor que aponta para essa posição é o vetor s. Dessa
forma, na posição, podemos substituir a componente x e y pela componente s, pois temos que
s = x + y. Ou seja, podemos calcular o módulo
p
s= x2 + y 2

E assim temos o vetor posição em coordenadas cilíndricas

r = sŝ + z ẑ

Note também o seguinte: ϕ é o ângulo entre x e s, formando o triângulo retângulos xys. Temos
então
x = s cos(ϕ) y = s sin(ϕ)

E consequentemente
ϕ = tan−1 (y/x)

Observe que
s=x+y =⇒ sŝ = xx̂ + y ŷ

Substituindo o que encontramos para x e y

sŝ = s cos(ϕ)x̂ + s sin(ϕ)ŷ =⇒ ŝ = cos(ϕ)x̂ + sin(ϕ)ŷ

ϕ̂ é ortonormal à ŝ, portanto


ϕ̂ · ŝ = 0

Podemos definir sem perda de generalidade

ϕ̂ = ϕx x̂ + ϕy ŷ

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Portanto
(ϕx x̂ + ϕy ŷ) · (cos(ϕ)x̂ + sin(ϕ)ŷ) = 0

ϕx cos(ϕ)[x̂ · x̂] + ϕx sin(ϕ)[x̂ · ŷ] + ϕy cos(ϕ)[ŷ · x̂] + ϕy sin(ϕ)[ŷ · ŷ] = 0

ϕx cos(ϕ) + ϕy sin(ϕ) = 0

Para resolver, precisamos de outra expressão. Tomamos a ortonormalidade dos vetores

ŝ × ϕ̂ = ẑ =⇒ (cos(ϕ)x̂ + sin(ϕ)ŷ) × (ϕx x̂ + ϕy ŷ) = ẑ

cos(ϕ)ϕx [x̂ × x̂] + cos(ϕ)ϕy [x̂ × ŷ] + sin(ϕ)ϕx [ŷ × x̂] + sin(ϕ)ϕy [ŷ × ŷ] = ẑ

cos(ϕ)ϕy ẑ − sin(ϕ)ϕx ẑ = ẑ =⇒ −ϕx sin(ϕ) + ϕy cos(ϕ) = 1

Temos então as expressões

ϕx cos(ϕ) + ϕy sin(ϕ) = 0 − ϕx sin(ϕ) + ϕy cos(ϕ) = 1

Multiplicando a primeira por sin(ϕ) e a segunda por cos(ϕ), obtemos então ϕy = cos(ϕ). Mul-
tiplicando a primeira por cos(ϕ) e a primeira por − sin(ϕ), obtemos ϕx = − sin(ϕ), dessa forma
temos a expressão
ϕ̂ = − sin(ϕ)x̂ + cos(ϕ)ŷ

Com isso, podemos reverter os versores para encontrar x̂ e ŷ em função de ŝ e ϕ̂. Primeiro
definimos x̂ em função dos versores ŝ e ϕ̂ com componentes a determinar. Depois multiplicamos
pelo versor que queremos encontrar e expandimos para encontrar a componente. Para ŝ temos
h i
x̂ = xs ŝ + xϕ ϕ̂ =⇒ ŝ · x̂ = ŝ · xs ŝ + xϕ ϕ̂

xs = (cos(ϕ)x̂ + sin(ϕ)ŷ) · x̂ =⇒ xs = cos(ϕ)

E repetindo para a componente phi


h i
x̂ = xs ŝ + xϕ ϕ̂ =⇒ ϕ̂ · x̂ = ϕ̂ · xs ŝ + xϕ ϕ̂

xϕ = (− sin(ϕ)x̂ + cos(ϕ)ŷ)) · x̂ =⇒ xϕ = − sin(ϕ)

Assim
x̂ = cos(ϕ)ŝ − sin(ϕ)ϕ̂

Repetindo o mesmo processo para y obtemos

ŷ = sin(ϕ)ŝ + cos(ϕ)ϕ̂

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3.3 Componentes Esféricas (r, ϕ, θ)

A partir das coordenadas cilíndricas, podemos levantar a posição do plano xy, apontando para
uma posição qualquer no espaço r = rr̂. Temos que
p
r= x2 + y 2 + z 2

Note que nesse sistema de coordenadas, o ϕ se mantém o mesmo dos cilíndricos

ϕ = tan−1 (y/x) ϕ̂ = − sin(ϕ)x̂ + cos(ϕ)ŷ

Veja que o ângulo θ é o ângulo superior do triângulo retângulo srz . Dessa forma temos

p !
x2 + y 2
tan(θ) = s/z =⇒ θ = tan−1
z

De antes temos
x = s cos(ϕ) y = s sin(ϕ)

Note que a partir do triângulo srz, obtemos que s = r sin(θ) e assim

x = r sin(θ) cos(ϕ) y = r sin(θ) sin(ϕ)

E também obtemos que


z = r cos(θ)

Temos que
r = xx̂ + y ŷ + z ẑ

Então
rr̂ = r sin(θ) cos(ϕ)x̂ + r sin(θ) sin(ϕ)ŷ + r cos(θ)ẑ

r̂ = sin(θ) cos(ϕ)x̂ + sin(θ) sin(ϕ)ŷ + cos(θ)ẑ

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Uma das formas de calcular o versor θ̂ é utilizando uma derivada parcial. Sabemos que r aponta
para a posição da partícula. Se derivarmos em relação a θ, vamos ter o vetor da variação da
posição na coordenada θ. Se queremos o versor que aponta na direção θ, precisamos então
dividir pelo módulo. Ou seja, matematicamente temos

∂r
θ̂ = ∂θ
∂r

∂θ

Podemos então calcular

∂r ∂ ∂
= r= r [sin(θ) cos(ϕ)x̂ + sin(θ) sin(ϕ)ŷ + cos(θ)ẑ]
∂θ ∂θ ∂θ

∂r ∂ sin(θ) ∂ sin(θ) ∂ cos(θ)


=r cos(ϕ)x̂ + r sin(ϕ)ŷ + r ẑ
∂θ ∂θ ∂θ ∂θ
∂r
= r cos(θ) cos(ϕ)x̂ + r cos(θ) sin(ϕ)ŷ − r sin(θ)ẑ
∂θ
Já o módulo
∂r 1/2
= r cos2 (θ) cos2 (ϕ) + cos2 (θ) sin2 (ϕ) + sin2 (θ)

=r

∂θ

(Botamos cos2 (θ) em evidência e usamos a relação fundamental da trigonometria)


Portanto, temos então o versor em θ como

θ̂ = cos(θ) cos(ϕ)x̂ + cos(θ) sin(ϕ)ŷ − sin(θ)ẑ

Para encontrar x̂, ŷ, e ẑ, em função de r̂, θ̂, e ϕ̂, precisamos realizar o mesmo processo que
fizemos em coordenadas cilíndricas.
Temos as expressões

x̂ = xr r̂ + xθ θ̂ + xϕ ϕ̂ ŷ = yr r̂ + yθ θ̂ + yϕ ϕ̂ ẑ = zr r̂ + zθ θ̂ + zϕ ϕ̂

Fazemos o produto escalar em cada uma delas por r̂, θ̂ e ϕ̂ para isolar a respectiva componente,
e então fazemos a substituição do vetor para encontrar a expressão da componente.
Tomemos por exemplo para encontrar xr
h i
r̂ · x̂ = r̂ · xr r̂ + xθ θ̂ + xϕ ϕ̂ =⇒ xr = x̂ · r̂

xr = x̂ · [sin(θ) cos(ϕ)x̂ + sin(θ) sin(ϕ)ŷ + cos(θ)ẑ] =⇒ xr = sin(θ) cos(ϕ)

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Repetindo esse procedimento para todas as combinações de coordenadas temos

x̂ = sin(θ) cos(ϕ)r̂ + cos(θ) cos(ϕ)θ̂ − sin(ϕ)ϕ̂

ŷ = sin(θ) sin(ϕ)r̂ + cos(θ) sin(ϕ)θ̂ + cos(ϕ)

ẑ = cos(θ)r̂ − sin(θ)θ̂

4 Elementos
4.1 Cartesianos
Elemento de linha dℓ
Um elemento de linha representa uma variação presa naquela coordenada. No caso das coor-
denadas cartesianas o elemento é trivial:

dℓx = dxx̂ dℓy = dy ŷ dℓz = dz ẑ

Elemento de superfície da
Um elemento de superfície representa a variação em duas coordenadas, portanto representa
uma área. Essas superfícies tem orientação, sendo esta como o produto vetorial entre as duas
direções variantes.

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daxy = dxdy ẑ dayz = dydz x̂ dazx = dzdxŷ

Elemento de volume (ou espaço) dτ


O elemento de volume representa a variação nas três coordenadas. Como temos três dimensões
espaciais, nosso volume não tem orientação.

dτ = dxdydz

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4.2 Cilíndricas
Elemento de linha dℓ
Como mantemos a coordenada z, o seu elemento de linha se mantém. s é uma variação em
distância, assim como x, y e z. ϕ é uma variação angular, portanto sua linha depende do seu
braço s.

dℓs = dsŝ dℓϕ = sdϕϕ̂ dℓz = dz ẑ

Elemento de superfície da

dasϕ = s ds dϕẑ daϕz = s dϕ dzŝ dazs = ds dz ϕ̂

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Elemento de volume (ou espaço) dτ

τ = s ds dϕ dz

4.3 Esféricas
Elemento de linha dℓ
r é uma variação em distância, assim como x, y, z e s. ϕ é a mesma variação angular das
cilíndricas, porém como estamos em cartesianas lembre-se que s = r sin(θ) (do triângulo srz).
Já para a variação em θ, temos o mesmo princípio da variação de ϕ nas cilíndricas: Temos o
braço r, com uma variação de ângulo dθ.

dℓr = drr̂ dℓϕ = r sin(θ)dϕϕ̂ dℓθ = rdθθ̂

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Elemento de superfície da

darϕ = r sin(θ) dr dϕ θ̂ daϕθ = r2 sin(θ) dϕ dθ r̂ daθr = r dr dθϕ̂

Elemento de volume (ou espaço) dτ

dτ = r2 sin(θ) dr dϕ dθ

5 Gradiente
Dada uma função escalar f , temos que o gradiente dela é a direção onde essa função mais
cresce. O gradiente de f é escrito como

∇f ou ⃗
∇f

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Temos o gradiente para as coordenadas cartesianas, cilíndricas e esféricas

∂f ∂f ∂f
∇f (x, y, z) = x̂ + ŷ + ẑ
∂x ∂y ∂z

∂f 1 ∂f ∂f
∇f (s, ϕ, z) = ŝ + ϕ̂ + ẑ
∂s s ∂ϕ ∂z

∂f 1 ∂f 1 ∂f
∇f (r, ϕ, θ) = r̂ + ϕ̂ + θ̂
∂r r sin(θ) ∂ϕ r ∂θ

6 Integrais de linha, superfície e volume


6.1 Definição
Integrais de linha e de superfície podem ser tanto de campos escalares ou campos vetoriais:
Z Z
Fe dℓ [integral de linha] Fv · dℓ
C C
Z Z
Fe da [integral de superfície] Fv · da
S S

E a integral de volume é sempre de um campo escalar, pois trabalhamos com três dimensões
espaciais: Z
Fe dτ
D

Onde Fe é uma função escalar e Fv uma função vetorial.

6.2 Exemplos Simples


Circunferência de um círculo Sabemos que a circunferência de um círculo tem medida de
comprimento (unidimensional). Utilizando coordenadas cilíndricas temos que na circunferência
o eixo z é fixo, o raio também é fixo (R por exemplo), e variamos ϕ de 0 até 2π. Se variamos
ϕ, utilizamos o elemento de linha dℓϕ = sdϕ. Portanto temos a circunferência C de um círculo
de raio R é definido pela integral de linha:
Z Z 2π
C= dℓ = sdϕ
C 0

Note que o nosso raio s é fixo e vale R. Como é constante, pode sair da integral
Z 2π
C=R dϕ = R ϕ|2π
ϕ=0 = R [2π − 0] =⇒ C = 2πR
0

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Área de um retângulo Supondo que temos um retângulo de lados b e h. Utilizando coorde-


nadas cartesianas temos que o eixo z é fixo, x varia de 0 até b, e y varia de 0 até h. Utilizamos
então o elemento de área da = dxdy. Portanto a área A desse retângulo é definido pela integral
de superfície:
Z Z h Z b Z h Z b  Z h h i Z h Z h
A= da = dxdy = dx dy = x|bx=0 dy = [b − 0] dy = bdy
S 0 0 0 0 0 0 0

Como b é constante, pode sair da integral


Z h
A=b dy = b y|hy=0 = b [h − 0]] =⇒ A = bh
0

Volume de uma esfera Supondo que temos uma esfera de raio R. Em coordeandas esféricas
varremos o raio de 0 até R, varremos ϕ de 0 até 2π e varremos θ de 0 até π. O elemento de
volume é dτ = r2 sin(θ) dr dϕ dθ. Portanto o volume V é definido pela integral de volume:
Z Z π Z 2π Z R Z π Z 2π Z R 
2 2
V= dτ = r sin(θ) dr dϕ dθ = r dr sin(θ) dϕ dθ
D 0 0 0 0 0 0

Z π Z 2π h i Z π Z 2π
3 R
V= r r=0 sin(θ) dϕ dθ = R3 sin(θ) dϕ dθ
0 0 0 0
3
Como R é constante, R pode sair da integral
Z π Z 2π Z π Z 2π  Z π
3 3 3
V=R sin(θ) dϕ dθ = R dϕ sin(θ) dθ = R [2π] sin(θ) dθ
0 0 0 0 0

Temos que a derivada de − cosseno é o seno, portanto a integral do seno é − cosseno

V = 2πR3 [− cos(θ)|πθ=0 ] = −2πR3 [cos(π) − cos(0)] = −2πR3 [−1 − 1]

V = 4πR3

6.3 Exemplos Densos


Em muitos casos da física, podemos descrever vários cenários a partir de densidades. Dessa
forma conseguimos pegar quantidades infinitesimais e transformar em integrais de linhas, su-
perfícies e volumes.
Por exemplo vamos tomar uma partícula com massa m. Se temos duas partículas com massas
m1 e m2 , a massa total do nossos sistema é M = m1 + m2 . Note que essas duas massas tem
posições no espaço diferentes (x1 , y1 , z1 ) e (x2 , y2 , z2 ). Generalizando, se temos n partículas com

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suas massas, então temos a massa total do sistema como


n
X
M= mi
i=1

Perceba novamente que cada massa tem sua própria posição no espaço (xi , yi , zi ) ∀ i ∈ N
Podemos tomar infinitas pontos n → ∞ com massas infinitesimais ∆m
n Z
Riemann
X
M = lim ∆m =⇒ M= dm
n→∞ M
i=1

Note que independente de quantas dimensões nosso objeto tenha (≥ 1), teremos infinitos pontos
(linhas, superfícies e volumes tem infinitos pontos). Porém para conseguirmos encontrar a
massa de objetos, precisamos conseguir descrever suas densidades de massa. Para isso temos
a densidade linear λ, a densidade superficial σ e a densidade volumétrica ρ. Por definição
uma densidade de massa é um valor de massa pela distância/área/volume. Podemos definir
densidades diferentes apenas trocando nosso objeto de estudo de massa por outra quantidade.
Dessa forma quando tratamos de elementos infinitesimais temos temos

dm dm dm
λ= σ= ρ=
dℓ da dτ

Se sabemos a densidade do nosso objeto, e conseguimos descrever ele espacialmente, então


conseguimos realizar o cálculo de propriedades relacionadas a essa densidade. Para o caso da
massa basta isolar dm, substituir na integral e calcular-la.

Além da massa de um objeto podemos falar do centro de massa. Para um sistema de n ≥ 2


partículas, o centro de massa é definido como a posição R onde satisfaz a expressão
n
X
mi (ri − R) = 0
i=1

Novamente com infinitas massas infinitessimais podemos re-escrever como


Z Z Z Z Z
(r − R)dm = 0 =⇒ rdm − Rdm = 0 =⇒ Rdm = rdm
M M M M M

Como R é uma posição fixa no espaço, então


Z Z
Rdm = R dm = RM
M M

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Ou seja
Z Z
1
MR = rdm =⇒ R= rdm
M M M

Onde para resolver essa integral é necessário novamente saber a densidade do objeto e a sua
construção espacial, como anteriormente.

Fica como exercício para o leitor realizar o cálculo do centro de massa de objetos
conhecidos na literatura.

O último exemplo que iremos discutir é o momento de inércia. Tome uma partícula de massa
m que gira em torno do centro do sistema de coordenadas. O momento de inércia é definido
como
I = r2 m

Para n partículas, o momento de inércia do nosso objeto é


n
X
I= ri2 mi
i=1

E para infinitas partículas com massas infinitesimais, temos analogamente a anteriormente


Z
I= r2 dm
M

Fica como exercício para o leitor realizar o cálculo do momento de inércia de objetos
conhecidos na literatura.

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