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CIRURGIAS DE GLÂNDULA MAMÁRIA

A glândula mamaria é extremamente irrigada, sendo que na junção entre a glândula e o teto
há vasos mais calibrosos. A região entre o ducto papila e a cisterna do teto é denominada
roseta de Furstenberg, servindo como barreira mecânica.

LACERAÇÕES

Entre as patologias cirúrgicas da glândula mamária, as lacerações traumáticas são as mais


comuns a serem tratadas, seja por ação de outro animal, ou por trauma no ambiente ao se
levantar, deitar. A literatura descreve que lacerações com até 12h é descrita como aguda, e
com mais de 12h como crônicas, e nessas agudas a indicação é fechar por cicatrização de
primeira intenção, e com mais de 12h as diretrizes técnicas determinam que se deve ou fechar
por segunda intenção ou por terceira (depois de melhorar o aspecto da ferida se submete a
sutura), pois com esse período a contaminação já é maior e fechando, se cria um ambiente
propicio para infecção. Essas indicações são de livro texto, sendo que atualmente isso é muito
variado, pois existem feridas com mais de 12h que podem sim passar por cicatrização por
primeira intenção, como ao contrário também é verídico.

Feridas agudas tendem a ser mais hemorrágicas, com coágulo, com tecido de aspecto mais
vivo, enquanto as crônicas já são mais pálidas, sem sangramentos, podendo ter pus e áreas de
fibrose. Também deve se avaliar a localização da ferida e sua profundidade, pois uma ferida
mesmo que seja crônica, se bem limpa e consegue aproximar as bordas de forma alinhada,
independente do período da ferida, pode-se aplicar sutura. Pelo teto ser muito irrigado,
edema de pós operatório é muito comum. Depois que reaviva o tecido, é tranquilo realizar
sutura, com dermorrafia de escolha do profissional, e se haver exposição de mucosa NUNCA
faça rafia com plano invaginante. Lacerações em região distal de teto são muito complicadas e
podem causar prejuízos futuros, por isso pode-se amputar o teto.

TELOTOMIAS

As telotomias são cirurgias cuja a principal indicação é a desobstrução do teto, por alguma
alteração que esteja dificultando a descida do leite e estenosando o canal, com obstrução
parcial, seja por lactólitos, granulomas, pólipos, por prolapso de mucosa, obstrução da roseta,
fibrose da cisterna ou formação de tecido de granulação ou fibropapilomas, muitas dessas
causas por traumas durante a ordenha, principalmente por mal ajuste da ordenhadeira. Para
cisterna do teto, não se usa bisturi de teto, se precisa ter acesso a essa região faz uso de uma
abertura cirúrgica, mas não um bisturi de teto, faz-se uma telotomia.

Para telotomias, se usa o instrumental normal que se usa para outras cirurgias quaisquer,
tendo uma tesoura de Metzembaun fina romba, sonda de teto, equipo para fazer capton, e
garrote, pois sangra muito. O procedimento pode ser feito com a vaca em estação, através de
anestesia circular. O teto não se consegue esticar a pele, e para isso coloca a sonda mamária, a
sonda entra se a obstrução for menor que 80%, do contrário o recomendado é amputação.
Coloca a sonda, estica a pele com o apoio gerado e faz o corte com o bisturi, expondo todas as
camadas. Remove o excesso de tecido e faz a sutura. A extensão da incisão deve ser suficiente
para expor a mucosa sem se prolongar e chegar no ducto do teto. A rafia, pode ser feita assim
como outras suturas para pele, fazer dermorrafia em três planos demora, e expõe muito o teto
a contaminação, principalmente se o animal estiver dando leite, por isso pode-se fazer dois
planos de colchoeiro. O primeiro plano começa de fora da pele para dentro, quando inserir a
agulha a primeira camada que deve fechar é a submucosa, com muscular se preferir, mas
jamais vai chegar até a mucosa, com fio nylon 3-0 ou 4-0, quando termina a parte distal da
borda, sai novamente para a parte externa da pele, e retorna para segunda camada, sem
cortar, apenas colocando um cápton, pegando a submucosa. Se o animal estiver dando leite,
não vai haver extravasamento e a chance de contaminação é menor. Remove o fio em 10-15d.

ESTENOSE DO DUCTO PAPILAR

As principais alterações de ducto papilar são as estenoses e obstruções, sendo que é comum
principalmente em propriedades que fazem uso errado do bisturi de teto. Não
necessariamente precisa de anestesia, pois o procedimento é muito rápido, mas pode, se
conseguir passar a sonda e aplicar, porém causa mais edema do que analgesia que é o
esperado.

Além do bisturi de teto, para esses procedimentos precisa de sonda mamária, e dilatadores de
teto (serve para orientar a cicatrização sem promover a obstrução do ducto, usar ´so em
estenoses de ducto), e sempre que for ordenhar, tira o dilatador, coloca a sonda, esvazia,
passa o medicamento intramamário com a bisnaga, e coloca um novo dilatador, por pelo
menos uns 5-7d, e ao mesmo tempo ordenha com a sonda. Na base da sonda tem uma
pomada antimicrobiana e cicatrizante. NÃO USAR ORDENHADEIRA E NEM ORDENHA MANUAL.
Atb mamário por 3-5d, e se houver laceração, usar sistêmico.

MASTECTOMIAS

São recomendadas em processos de mastite graves, como os casos de mastite gangrenosa,


processo infeccioso severo e extremamente doloroso, sendo que algumas podem gerar um
processo de endotoxemia violenta culminando com a morte aguda do animal. A glândula
nesses casos está fria, escura, e muitas vezes já não gera mais dor pela necrose. Mas alguns
casos, a infecção não gera resposta sistêmica, mesmo com um grau alto de comprometimento
da glândula, para isso coloca-se o animal num tronco e retira-se o máximo de tecido que
conseguir com a tesoura, faz-se antibiótico e deixa cicatrizar por segunda intenção. Mas se o
animal estiver mal, com sinais de sepse ou endotexemia, fazer uma cirurgia nessas condições
não deve ser feita imediatamente, aplica-se atb em altas doses, hidrata o animal, tratamento
sintomático, e avalia como o animal responde em 24h, se não morrer, planeja anestesia geral
inalatória e mastectomia radical, muito difícil realizar a campo, por isso deve-se encaminhar o
animal, pois o ambiente é impróprio, o sangramento é intenso.

Antibióticos utilizados: de preferência aqueles de amplo espectro, mas cuidado com a via de
eliminação, pois dependendo do grau de sepse o animal já tem um comprometimento renal.
Usar cefalosporinas de terceira ou quarta geração, cefalo de 3 geração com gentamicina
(hidratar bem para evitar falência renal). Fazer AI sistêmico como o flunixin.

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