Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
Este artigo discute a importância do uso da língua falada, quase sempre negligenciada nas
salas de aula de inglês no Brasil, e de sua prática através da leitura em voz alta. Esta
estratégia, denominada em inglês de “Reading Aloud”, após muitos anos de rejeição, vem
ganhando espaço no meio acadêmico entre renomados estudiosos do ensino de língua
estrangeira. Através de extensa pesquisa bibliográfica, este estudo pode afirmar que a leitura
em voz alta é recomendada para o aperfeiçoamento da pronúncia e entonação, e aprendizado
de vocabulário, aspectos essenciais na aquisição da fluência oral da língua inglesa. Além de
discutir a relevância da utilização desta estratégia, este trabalho apresenta atividades práticas
de sua aplicação como proposta de ensino a partir da oralidade.
Palavras-chave
Oralidade; Leitura; Voz Alta; Reading Aloud.
1. INTRODUÇÃO
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Relatos de experiência são o caminho para conseguir falar, contar histórias e canções de
ninar são recursos falados que as pessoas têm e podem usar em sala de aula. Hoje, temos
muitas possibilidades para explorar a linguagem falada: recitar poemas, contar histórias, cantar
canções, interpretar obras, peças dramáticas e muito mais. Dentre as inúmeras técnicas
utilizadas para a prática da oralidade no ensino da língua inglesa, a leitura em voz alta foi a
escolhida como tema deste trabalho.
Desde o aparecimento da escrita, a leitura faz parte da história da humanidade. Em
Roma bem como na Grécia antiga, a escrita servia somente como registro da palavra falada,
como memória. Então, ler era sinônimo de ler em voz alta (Ferreira, 2014, p. 19). De acordo
com Jean (2000, p.34, apud Ferreira, 2014) “a leitura em voz alta entre os Gregos, é a única
forma de leitura própria para reconhecer o sentido sob e nos signos e a sua articulação
sintática”.
A metodologia mais utilizada no ensino de inglês como língua estrangeira nos seus
primórdios foi a tradução e gramática, onde os alunos somente liam e traduziam textos, que
eram lidos em voz alta. Porém, de acordo com (Ferreira, 2014, p. 19):
As modificações que foram sendo introduzidas pelas diferentes abordagens vieram
sempre no sentido de promover a competência comunicativa e outras estratégias
foram sendo progressivamente abandonadas, por não serem vistas como as mais
adequadas ou as mais eficazes. A leitura em voz alta na sala de aula foi uma dessas
estratégias que foi sendo deixada de lado[...]
3
Conforme podemos ver na linha do tempo acima, a partir dos anos 2000, o Principled
Eclecticism, em português Ecletismo, ou o Pós-Método proposto por Kumaravadivelu (1994,
apud Silva, 2017) tem se tornado a forma mais popular de ensinar inglês. Silva (2017) diz que
Brown (1997) “propôs um ecletismo esclarecido no qual o(a) professor(a) escolheria entre os
métodos e abordagens as atividades que mais o interessasse e que tinha surtido efeito em
aulas anteriores.”
Devido a esta nova tendência, atividades anteriormente relegadas ao esquecimento,
como a RA, podem ser usadas sempre que o(a) professor(a) considerá-las um meio eficaz de
atingir os objetivos propostos para a aula a ser ministrada.
Pode-se afirmar que o uso da RA com o objetivo de prática da oralidade durante as
aulas de inglês tem várias vantagens. Segundo Gabrielatos (2002), a RA, além de ser uma
técnica eficaz de prática da pronúncia, é uma tarefa desafiadora e uma habilidade por si só. A
atividade de RA, se executada corretamente, também proporciona uma melhor compreensão
do texto. Como diz Landeiro (2009, apud Ferreira, 2014) “[...] a boa leitura em voz alta
permite ao professor perceber se o aluno compreende aquilo que lê – através da entonação, da
expressividade, das pausas, das repetições, das hesitações.”
O vocabulário, também é outro aspecto trabalhado através da RA. Segundo Ferreira
(2014), “Os exercícios de leitura em voz alta podem ser benéficos para a aquisição de
vocabulário, pois a escolha de textos pode ser muito rica e variada, com uma riqueza
vocabular muito maior do que a utilizada em situações de comunicação em sala de aula.”
4
Fonte:<https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?
q=tbn:ANd9GcQGnzTqWHiUL6lPPGbdgsjjNmPkEr78tAg5womWu5GZjHv6C8R6BRF3d_Wncgr5LiqX8BM
&usqp=CAU>. Acesso em: 03/05/2022
Jeremy Harmer (2009), em seu artigo “Is Reading Aloud Allowed?”, relaciona uma
lista de razões em seu favor:
- A leitura em voz alta - pelo professor ou pelo aluno - ajuda a criar conexões entre as
palavras e frases e sons e recursos prosódicos, tais como acento e entonação.
- Como ferramenta de diagnóstico, a leitura em voz alta pode dizer para ambos, o
professor e o próprio aluno, quais problemas (se houver algum), eles estão tendo com
pronúncia.
- A leitura em voz alta pode ser extremamente motivante, mas somente se os alunos
puderem ver previamente o texto que irão ler - isto é, se eles tiverem a chance de
ensaiar antes de ler em frente à turma.
O último item de razões favoráveis ao uso da RA da lista de Harmer apresenta uma
condição para que a atividade de RA seja bem sucedida. Os alunos precisam estudar, ensaiar,
conhecer o texto que irão ler. O próprio estudo do texto já faz parte da atividade. É o momento
em que ele irá compreender perfeitamente a mensagem, a pronúncia correta de cada palavra e
como elas se relacionam e conectam-se dentro do texto, bem como a importância da entonação
para o entendimento da mensagem.
Desta forma, pode-se constatar que a RA é uma excelente atividade para a prática da
oralidade nas aulas de inglês. Sendo assim, como o professor pode proceder para elaborar e
implementar tal atividade? Veja a seguir algumas sugestões.
Um dos objetivos apresentados no planejamento sugerido por Gabrielatos (2002) para
as atividades de RA é fonológico, para tornar os alunos conscientes e proporcionar a prática
dos seguintes aspectos:
5
in the Ukraine + and by this evening its radiation h(a)d been recorded in Sweden + Finland +
Denmark + and Norway ++ Although higher than normal + the radiation w(a)s said to be
harmless to people.
Em seu artigo “Reading Loud and Clear: Reading Aloud in ELT”, Gabrielatos (2002)
nos dá sugestões de planejamento para três tipos de textos. O exemplo acima é da leitura de
um boletim informativo. Além dele também é citada a leitura de um diálogo - que é um texto
mais informal - e por último a contação de histórias. Os alunos podem ler histórias curtas,
contos de fadas ou piadas. As histórias mais longas podem ser preparadas e contadas por
pares ou grupos de alunos.
Desta forma, constata-se que a leitura em voz alta tem grande potencial para a prática
da oralidade, função essencial de uma língua, muitas vezes relegada ao segundo plano nas
salas de aula das escolas brasileiras.
3. METODOLOGIA
Para apresentar as vantagens da utilização da Leitura em Voz Alta nas aulas de inglês
para presente trabalho foi realizada uma pesquisa do tipo explicativa. O método utilizado foi o
qualitativo e a técnica para obtenção de dados foi a pesquisa bibliográfica. Para o melhor
entendimento do tema foi realizada extensa leitura de livros, artigos e blogs de especialistas
da área do ensino de inglês como língua estrangeira.
Entre os autores aqui citados, os que, de forma direta, mais contribuíram para os
resultados foram: Gabrielatos (2002) com seu excelente artigo “Reading Loud and Clear:
Reading Aloud in ELT” , Ferreira (2014), com seu relatório “A Leitura em Voz Alta na Aula
de Língua Estrangeira” e Harmer (2009) através do artigo “Is Reading Aloud Allowed?"
Leituras imprescindíveis para o entendimento do assunto aqui abordado.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
base alicerçada para tal formação ou até mesmo das dificuldades didáticas desenvolvidas,
conforme podemos observar na discussão proposta por Jean (2000, citado por Luciano, 2014),
é necessária uma boa formação inicial dos professores, que inclua "diferentes formas de
formação oral, em especial, na arte de contar e na arte de ler em voz alta” (p. 81). Sendo assim
sabe-se que existe tal deficiência e tal necessidade, porém não se sabe com certeza cem por
cento a causa, podendo ser parte significativa de um conjunto de fatores onde a falta da RA
tem papel significativo até mesmo na formação do docente da Língua Estrangeira e isso gera
um efeito em cadeia na sociedade após o ano Dois mil, isso pode ser verificado mais
especificamente nas falas:
Brown (1997, apud Silva, 2017) “propôs um ecletismo esclarecido no qual o(a)
professor(a) escolheria entre os métodos e abordagens as atividades que mais o interessasse e
que tinha surtido efeito em aulas anteriores.”
Talvez esse seja o principal fator que tenha tornado a RA menos usada ao longo do
tempo, assim causando efeito em cascata na sociedade.
E também em minha própria fala onde “Devido a esta nova tendência, atividades
anteriormente relegadas ao esquecimento, como a RA, podem ser usadas sempre que o(a)
professor(a) considerá-las um meio eficaz de atingir os objetivos propostos para a aula a ser
ministrada.’’, onde se justifica através da fala de: Gabrielatos (2002), a RA, além de ser uma
técnica eficaz de prática da pronúncia, é uma tarefa desafiadora e uma habilidade por si só.
Na fala acima se observa que o professor é mais exigido para a aula ter eficácia, e
algum fator seja motivação de remuneração, valorização do professor pela sociedade em seus
mais amplos fatos de demonstração de valores, e na minha vivência na sociedade e analisando
professores da educação pública e relatos esporádicos de pais de alunos e alunos percebo que
no geral, professores buscam mais praticidade, menos trabalho e muitas vezes até desinteresse
pela eficácia real de suas aula cumprindo meramente com protocolos e exigências
documentais da educação pública e tendo tal atividade na educação como mero serviço de
tarefas concluídas e vencimento retribuído ao final do mês, excluindo de suas práticas
pedagógicas atividades que exigem mais empenho e trabalho ao professor.
Mesmo com tantos fatores influenciando, mas focando na eficácia do Ensino da
Língua estrangeira, a RA na prática da oralidade, tem ainda mais vantagens contribuindo com
o domínio da Língua Estrangeira visto a citação de Landeiro (2009, apud Ferreira, 2014) “[...]
a boa leitura em voz alta permite ao professor perceber se o aluno compreende aquilo que lê –
através da entonação, da expressividade, das pausas, das repetições, das hesitações.” E
8
5. CONCLUSÃO
De acordo com os objetivos traçados neste estudo, percebe-se que ler em voz alta é
uma prática relevante por si só para o ensino de fundo. Devido às suas propriedades, podemos
supor que desempenha um papel importante no percurso acadêmico do aluno, enquanto
prática têm um alcance reconhecido nas áreas de compreensão de leitura e expressão oral, e
permite o desenvolvimento de habilidades de leitura. Além de perceber a importância da
prática da leitura em voz alta, não menos relevante é o processo que a causa. Treinamento e
prática anteriores a leitura é valiosa, porque somente nesse caminho os alunos podem
melhorar a prática, dominar os mecanismos, assim alcançar uma qualidade na leitura, só
assim você se sentirá mais confiante em suas habilidades de leitor.
Também podemos apontar que, embora a prática da leitura em voz alta tenha se
tornado evidente, os professores ainda precisam de mais conhecimentos e estratégias. Diante
disso, como aponta Jean (2000, citado por Luciano, 2014), é necessária uma boa formação
inicial dos professores, que inclua "diferentes formas de formação oral, em especial, na arte
de contar e na arte de ler em voz alta” (p. 81). Quando perguntados por quanto tempo usavam
a prática, descobrimos que os entrevistados a usavam diariamente, no entanto, nem sempre
visa o desenvolvimento de competências de leitura, mas sim como suporte para o trabalho
noutros domínios, pois esta é a resposta dada quando questionada na maioria dos casos, para
que finalidade eles usam ler em voz alta. Alguns professores dizem usar essa prática como
estratégia de treinamento de leitura, valorizando a formação e o desenvolvimento da
capacidade de leitura dos alunos.
9
REFERÊNCIAS
GABRIELATOS, C. Reading Loud and Clear: Reading Aloud in ELT. 2002. ERIC,
ED477572.
HARMER, J. Is Reading Aloud Allowed? English Teaching Professional, 65, Nov. 2009.
Disponível em: <https://pdfcookie.com/documents/is-reading-aloud-allowed-j-harmer-
nlz018gy74v5> Acesso em: 29/04/2022