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1ª SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Fontes e conhecimento em História: mensagens


no espaço e cápsula do tempo
Nesta sequência didática, propõe-se a formulação de hipóteses sobre dois objetos que podem
ser considerados documentos históricos. Também se propõem outras reflexões por meio de uma
produção escrita e da construção de uma cápsula do tempo.

A BNCC na sala de aula


Formas de registro da história e da produção do conhecimento histórico.
Objeto de conhecimento

(EF06HI02) Identificar a gênese da produção do saber histórico e analisar o


Habilidade significado das fontes que originaram determinadas formas de registro em
sociedades e épocas distintas.
Identificar e distinguir os diferentes tipos de fontes históricas (escritas,
iconográficas, audiovisuais, sonoras etc.).
Objetivos de aprendizagem
Refletir sobre a História e suas formas de registro.
Elaborar uma cápsula do tempo.
Formas de registro: diferentes tipos de documentos históricos.
Conteúdos Cultura material.
História e memória.

Materiais e recursos
 Aulas expositivas.
 Projetor.
 Computador com acesso à internet.
 Folhas de papel sulfite.
 Recipiente (caixa de sapatos, lata ou mala velha).
 Embalagens (saco plástico).
 Objetos pessoais.

Desenvolvimento
 Quantidade de aulas: 4.

Aula 1
Sugere-se iniciar esta sequência didática com uma apresentação da imagem gravada na
chamada placa Pioneer (ver seção Ampliação) e, se possível, do áudio do Disco de Ouro da
Voyager (ver seção Ampliação), ambos colocados nas naves enviadas ao espaço pela agência

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História – 6º ano – 1º bimestre – Plano de desenvolvimento – 1ª Sequência didática

espacial e aeronáutica dos Estados Unidos (Nasa), na década de 1970. Se não for possível projetar a
imagem e reproduzir o áudio, explicar aos alunos o que foram a placa Pioneer e o disco Voyager.
Os arquivos de áudio devem ser exemplos das gravações que estão no disco de cobre banhado
a ouro transportado pela sonda Voyager I, lançada pela Nasa, em 1977. A Pioneer 10 foi o primeiro
objeto construído por seres humanos a viajar além do nosso Sistema Solar. A produção tanto das
placas Pioneer quanto do disco de cobre da Voyager I teve o envolvimento do astrônomo e
astrofísico Carl Sagan (1934-1996). Sagan se tornou conhecido do grande público por seus livros e
palestras e, em especial, por ter sido o criador e apresentador do programa de televisão Cosmos,
que fez muito sucesso no início da década de 1980.
Neste primeiro momento, pedir aos alunos que observem as imagens que estão nas placas
Pioneer e que formulem oralmente hipóteses sobre elas. Alguns exemplos de questões que podem
ser levantadas junto aos alunos para que eles tentem responder com hipóteses: “O que essas
imagens mostram?”; “O que elas significam?”; “O que serão os símbolos e desenhos geométricos
que acompanham as imagens do homem e da mulher?”; “Com qual propósito essas imagens foram
produzidas?”; “Quando? Onde? Por quem? Para quem?”. Se preferir, pedir também que desenhem
as imagens, tal qual um arqueólogo que faz um registro visual dos seus achados. Essa etapa deve
durar, no máximo, um terço do tempo da aula.
Depois, pedir aos alunos que ouçam atentamente alguns dos sons que foram gravados no
disco de cobre que está na Voyager I. Conforme forem ouvindo, eles devem tentar identificar cada
som e, caso não consigam, deverão formular hipóteses. Alguns dos sons serão facilmente
identificáveis pelos alunos: o choro de um bebê; a voz de uma mulher, provavelmente a mãe,
tentando confortar a criança (mesmo falando em outra língua, o tom amigável deixa clara a
intenção); os sons do vento e da chuva; o ruído de trens e de carroças; entre outros. Também podem
ser ouvidos sons emitidos por diversas espécies de animais, algumas facilmente identificáveis,
outras nem tanto, dentre os quais um dos mais fascinantes é o “canto” das baleias. Outras faixas
desse disco incluem também saudações, músicas folclóricas de vários países, exemplos de música
clássica e a saudação “paz e felicidade a todos!” dita em 55 idiomas diferentes, inclusive o
português. Em relação ao áudio, orientar os alunos a realizarem procedimentos semelhantes aos
adotados em relação às imagens. Perguntar qual teria sido o propósito de se gravarem e se reunirem
sons tão diferentes no mesmo disco. Para quem se dirigem as saudações de “paz e felicidade a
todos!”? Pedir que distingam os sons produzidos por objetos criados pelo ser humano dos sons
causados por fenômenos naturais. Por fim, perguntar quais aspectos culturais (idiomas, música)
podem ser encontrados nos sons criados por seres humanos. Estabelecer um prazo de cerca de dez
minutos para os alunos responderem. Não há necessidade de os alunos ouvirem integralmente todas
as faixas do disco; sugerimos a seleção de apenas algumas faixas ou trechos para os alunos
ouvirem. Estabelecer o outro terço do tempo da aula para essa atividade.
Por fim, selecionar alguns alunos para compartilharem suas hipóteses para as imagens e os
sons. Aproveitar para verificar se a maior parte dos alunos chegou ou não a conclusões semelhantes,
do que eles mais gostaram ou com o que ficaram impressionados, bem como se algum aluno
elaborou uma resposta que se destaque pela originalidade.

Aula 2
Vale lembrar que as placas Pioneer e o disco de cobre da Voyager I são exemplos de objetos
que foram produzidos com a intenção de serem registros da existência da espécie humana em nosso
planeta. Tanto as placas quanto o disco podem, portanto, ser classificadas como elementos da
cultura material. Para avaliar a compreensão dos alunos acerca dos tipos de fontes históricas, fazer a
seguinte pergunta e pedir que a respondam oralmente: “As imagens que estão nas placas Pioneer
são exemplos de fontes escritas, sonoras, iconográficas, materiais ou audiovisuais?”.
Como parte do trabalho do historiador, é importante formular questões para que a fonte
histórica ajude na investigação do passado. No caso das placas Pioneer e do disco de cobre da

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Voyager I, propõe-se levantar a seguinte questão aos alunos: “A quem se destinam essas
mensagens?”. Há duas respostas possíveis: os destinatários podem ser ou nossos descendentes em
um futuro distante (na hipótese de que nossa espécie já não tenha desaparecido por causa de uma
guerra nuclear ou por causa de uma catástrofe natural) ou uma hipotética civilização extraterrestre,
sobre a qual, se existir mesmo, só se pode especular (na hipótese de que formas de vida inteligente
também tenham evoluído em planetas de outros sistemas solares). Outra forte possibilidade é que
todo esse esforço tenha sido em vão e que essas mensagens não encontrem destinatário algum. Por
isso, podem-se comparar esses objetos enviados ao espaço a uma carta guardada dentro de uma
garrafa lançada por um náufrago no meio do oceano. No entanto, desde 2003, quando um fraco
sinal foi enviado à Terra, já não foi mais possível contatar a Pioneer 10, que permanece
desaparecida e viaja em direção à estrela Aldebarã, na constelação Taurus, aonde deverá chegar
dentro de 1,6 milhão de anos.
Mostrar novamente as imagens que estão gravadas nas placas Pioneer. Nelas, vemos o
desenho de um homem e uma mulher nus, que lembram as figuras bíblicas de Adão e Eva. O
homem aparece com um dos braços levantados, num gesto que, do ponto de vista das sociedades
humanas, costuma ser entendido como um sinal de saudação (um gesto de boa vontade), mas que
pode ser incompreensível do ponto de vista de um hipotético destinatário extraterrestre. No entanto,
o gesto representado deixa claro que possuímos cinco dedos (dos quais um deles é o polegar
opositor) em cada uma das mãos. A mulher aparece representada com os braços relaxados, uma
forma de indicar que as posições dos membros não são fixas. Além das figuras humanas, a placa
traz representações do hidrogênio com diferentes níveis de energia (por se tratar do elemento mais
abundante no Universo e que, portanto, seria conhecido por uma civilização desenvolvida o
bastante para analisar a placa), mapas de pulsares (estrelas de nêutrons) e uma representação de
nosso Sistema Solar. Em suma, a placa pretende mostrar quem somos e em qual parte do Universo
vivemos. Quanto à autoria das imagens, Carl Sagan e o seu colega, o também astrônomo e
astrofísico Frank Drake, conceberam as representações a serem gravadas na placa, e a esposa de
Sagan à época, Linda Salzman Sagan, desenhou as figuras humanas. Uma versão final do desenho
para a gravação foi feita por Owen Finstad, e a gravação foi feita por Carl Ray. Um dos materiais
usados na fabricação das placas foi o alumínio.
Agora que os alunos já sabem do que se trata as placas e o disco, perguntar a eles: “Do que
são feitas as placas que trazem essas inscrições?”; “Por que foi usado cobre na produção do disco?”;
“Por que o mesmo disco foi também banhado a ouro?”. Independentemente do grau de precisão das
respostas dos alunos, é importante que eles percebam que houve uma preocupação quanto à
durabilidade e à resistência dos materiais empregados na fabricação desses objetos, já que eles
foram projetados para resistir aos rigores de uma viagem pelo espaço, que pode levar milhares de
anos.
Chamar a atenção dos alunos para o fato de que esses objetos, assim como qualquer outro
documento, revelam algo sobre a cultura e a época em que foram feitos. Reparar que houve uma
seleção daquilo que se considerou mais importante de ser lembrado ou preservado. Todos esses
objetos foram feitos na década de 1970, quando a Guerra Fria entre Estados Unidos e União
Soviética ainda estava sendo travada, e por isso refletem a época; por exemplo: os temores da
destruição do meio ambiente (cuja degradação ainda é atual e ameaça de extinção diversas espécies)
e de uma guerra nuclear que trouxesse o fim da humanidade. Por fim, percebe-se que houve um
critério para definir o que foi incluído. Houve a preocupação em destacar aspectos positivos da
nossa cultura (uma mensagem de paz e felicidade; amostras daquilo que consideramos belo ou
como exemplos de nossa capacidade e motivos de orgulho). A intenção foi mostrar que somos uma
espécie capaz de realizar grandes façanhas. O que se destacou foi a nossa faceta pacífica, e não a
belicosa. Enfim, se soubermos formular as perguntas, os objetos podem nos dizer algo a respeito
dos remetentes, do grupo a que pertencem as pessoas que fizeram a seleção.

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Após a parte expositiva, que deve durar, no máximo, metade do tempo da aula (o tempo pode
ser maior ou menor conforme os comentários e questões apresentados pelos alunos), propor aos
alunos que se imaginem no lugar de historiadores de um futuro distante que encontraram esses
objetos enviados ao espaço pela Nasa. A ideia é que os alunos se imaginem no lugar de pessoas do
futuro que encontraram esses objetos durante alguma missão espacial. A partir desse exercício de
imaginação, os alunos deverão elaborar uma redação. Orientá-los a inserir nessa redação as
questões que eles supõem que esses historiadores do futuro fariam ao se deparar com esses objetos.
Distribuir folhas de papel sulfite para que os alunos elaborem a redação. Sugere-se que a segunda
metade da aula seja reservada para a atividade.

Aula 3
Como os alunos já conhecem a história dos objetos e das mensagens enviados ao espaço pela
Nasa e já refletiram a respeito deles como documentos históricos, propor a criação de uma cápsula
do tempo. Reservar esta aula para orientações sobre como elaborá-la.
Essa cápsula do tempo deve conter objetos representativos do momento presente na opinião
dos alunos e mensagens escritas por eles sobre as expectativas em relação ao futuro, assim como a
redação elaborada na aula anterior.
Os objetos podem ser embalados em sacos plásticos e depois guardados dentro de um
recipiente a ser lacrado, que pode ser uma caixa de sapatos, uma lata ou uma mala velha. Por
último, orientar os alunos para não trazerem objetos perecíveis, como alimentos, chicletes ou balas.

Aula 4
Aula reservada para a confecção da cápsula do tempo. Estabelecer com a turma um prazo para
a cápsula ser aberta. Há várias possibilidades: elaborar a cápsula no primeiro bimestre do ano letivo
com o objetivo de abri-la no quarto bimestre; ou propor prazos maiores (no final do Ensino
Fundamental – Anos Finais, quando os alunos estiverem concluindo o 9º ano, ou mesmo quando já
estiverem no Ensino Médio).

Avaliação
 Participação em sala de aula (assiduidade e interação).
 Elaboração de redação.
 Elaboração de uma cápsula do tempo.
Para auxiliar na avaliação, sugerem-se as fichas e as questões a seguir.
Ficha para o professor
Nome do(a) aluno(a):
________________________________________________________________________________________
1. Participou das discussões de maneira ativa e com desenvoltura? ( ) Sim. ( ) Não.

2. Elaborou a redação? ( ) Sim. ( ) Não.

3. Elaborou a cápsula do tempo? ( ) Sim. ( ) Não.

1. Você acha que a placa Pioneer e o disco Voyager sejam documentos históricos? Justifique sua
resposta.
Resposta: resposta pessoal. Espera-se que o aluno compreenda que a placa e o disco foram formas de
registro, intencional, de um momento da História e que, se analisados no presente, podem nos dar diversos
elementos para investigar o passado.

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2. Você acha que a cápsula do tempo feita no presente poderá ser considerada uma fonte histórica
no futuro?
Resposta: resposta pessoal. Espera-se que o aluno compreenda que, da mesma maneira que a placa Pioneer, a
cápsula do tempo também é uma forma de registro intencional sobre o presente e, por isso, também poderá
ser objeto de estudo por historiadores no futuro.
Ficha de autoavaliação
1. Participei ativamente das atividades propostas. ( ) Sim. ( ) Parcialmente. ( ) Não.
2. Respeitei os acordos estabelecidos. ( ) Sim. ( ) Parcialmente. ( ) Não.
3. Posicionei-me criticamente com base em princípios ( ) Sim. ( ) Parcialmente. ( ) Não.
éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

Ampliação
STUDY Finds Heat is Source of “Pioneer Anomaly”. Disponível em:
<https://www.nasa.gov/topics/solarsystem/features/pioneer_anomaly.html>. Acesso em: 17 set.
2018. Imagens da placa Pioneer.
OUÇA o lendário disco dourado que viaja pelo cosmos a bordo das naves Voyager.
Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/noticia/2015/08/ouca-o-lendario-
disco-dourado-que-viaja-pelo-cosmos-bordo-das-naves-voyager.html>. Acesso em: 18 set. 2018.
Matéria sobre as gravações no disco de cobre transportado pela Voyager I.
WALL-E. Direção: Andrew Stanton. Produção: Pixar Animation Studios, 2008. Filme de
animação ambientado em um futuro em que, após terem tornado a Terra inabitável com tanta
poluição e acúmulo de lixo, os seres humanos abandonam o planeta para viver em uma nave onde o
sedentarismo é generalizado.
OS ÚLTIMOS suspiros da Pioneer 10. Disponível em: <http://cienciahoje.org.br/os-ultimos-
suspiros-da-pioneer-10/>. Acesso em: 18 set. 2018. Reportagem da revista Ciência Hoje sobre a
Pioneer 10.
VOYAGER: tudo sobre a missão espacial mais longa de todos os tempos. Disponível em:
<https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2017/09/voyager-tudo-sobre-missao-espacial-
mais-longa-de-todos-os-tempos.html>. Acesso em: 18 set. 2018. Reportagem sobre a sonda
Voyager I.

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