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ESTERLITA BOUÇAS
Niterói
2014
2
ESTERLITA BOUÇAS
Niterói
2014
3
4
Dedico este trabalho a todos os colegas farmacêuticos, que fazem do seu dia-a-dia, um novo
começo para esta profissão.
5
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, pela educação primorosa, que me deu as bases morais fundamentais para
me tornar o que sou hoje. Sem seu amor, proteção e incentivo eu não teria chegado a lugar
algum.
Ao meu marido, Leonardo Dias Pinto, pelo carinho, paciência e compreensão em tantas
horas de ausência, ansiedade e nervosismo, sempre tentando me animar com suas piadas e
frases de efeito.
À Prof.a Dr.a Débora Omena Futuro, minha orientadora, por me ensinar a manter a medida
certa do equilíbrio nos momentos mais difíceis, sempre com muito carinho. Sua orientação
me conduziu a um novo caminho profissional, que certamente será muito promissor.
À Prof.a Dr.a Selma Rodrigues de Castilho, minha coorientadora, por seu estímulo, atenção e
dedicação, que tanto contribuíram para minha formação.
A José Carlos Magalhães e Charles Souleyman Al Odeh, pela oportunidade profissional que
me possibilitou a condução desta pesquisa.
6
Monteiro Lobato
7
RESUMO
ABSTRACT
The discussion of quality assessment in health care has become a universal phenomenon,
whose essence is to ensure the highest standards of patient care in order to obtain good
results in an increasingly competitive market. Despite the sector's development, failures are
still happening. Among the most serious events are medication errors, as a result of
inappropriate drug management, becoming a real public health problem. This study
analyzes the impact of accreditation in hospital pharmacies from the perspective of
pharmacists and their stakeholders. For this, a case study was conducted in five private
hospitals in the city of Rio de Janeiro, belonging to a large health carrier and accredited by
ONA until April 2012. Two questionnaires were applied to the personal to characterize the
hospitals and their pharmacy services trying to identify the changes promoted by the
Accreditation in structure, processes and outcomes. In parallel, focus group was conducted
to understand the implications of the accreditation in the hospital pharmacies from the
perceptions of the subjects who experienced the phenomenon. The questionnaires
identified changes resulting from the pharmacy’s accreditation, such as investments on
structure, technology and personnel. It also provided an increase in desirable activities for
hospital pharmacy, with emphasis on clinical pharmacy, which resulted in processes'
adaptations and overall performance improvement. The difference was significant (p =
0.0088) for a confidence level of 95%. It was observed that the hospital pharmacy’s services
are expanding in the sample studied. This creates a new model of professional practice that
contributes to a slow but continuous transformation in the hospital pharmacy's reality. From
the perspective of stakeholders there was a slight improvement in efficiency, quality and
safety of services provided by hospital pharmacy. However, the overall quality of care
provided to the patient remains below the desired level which contributes to a weak view of
processes deployed as a result of accreditation. Despite the partial fulfillment of customer
expectations, the overall performance was positive. In this context it is concluded that the
accreditation's guidelines may point the way for the development of hospital pharmacies,
since they require compliance with standards for the quality of pharmaceutical care, based
on security and optimization of clinical, economic and social outcomes.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 15
1.1 JUSTIFICATIVA 17
1.2 OBJETIVOS 18
1.2.1 OBJETIVOS GERAIS 18
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 18
2 REFERENCIAL TEÓRICO 20
2.1 O HOSPITAL: CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES 20
2.2 QUALIDADE EM SAÚDE 23
2.2.1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS 24
2.2.2 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS DE SAÚDE 28
2.2.2.1 Acreditação hospitalar 33
2.2.3 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA HOSPITALAR NO CONTEXTO DA ACREDITAÇÃO E DA 40
CULTURA DA SEGURANÇA
2.3 GRUPO FOCAL 54
3 METODOLOGIA 57
3.1 DETERMINAÇÃO DA POPULAÇÃO DE ESTUDO 57
3.2 SUJEITOS DA PESQUISA 57
3.3 COLETA DE DADOS 58
3.3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS HOSPITAIS E DOS SERVIÇOS DE FARMÁCIA 58
3.3.2 GRUPO FOCAL 62
3.4 VALIDAÇÃO DOS INSTRUMENTOS INVESTIGATIVOS 64
3.5 ASPECTOS ÉTICOS 66
3.6 TRATAMENTO DE DADOS 67
4 RESULTADO E DISCUSSÃO 68
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA 68
4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS HOSPITAIS 69
4.3 CARACTERIZAÇÃO DA FARMÁCIA HOSPITALAR 71
4.3.1 ORGANOGRAMA 71
4.3.2. ESTRUTURA 74
4.3.3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELA FARMÁCIA HOSPITALAR 76
4.3.3.1 Gerenciamento 77
4.3.3.2 Participação em comissões institucionais 79
4.3.3.3 Logística 81
4.3.3.4 Distribuição 82
10
5 CONCLUSÃO 106
7 APÊNDICES 119
7.1 QUESTIONÁRIO DE PESQUISA - CARACTERIZAÇÃO DO HOSPITAL 119
7.2 QUESTIONÁRIO DE PESQUISA - CARACTERIZAÇÃO DA FARMÁCIA 120
HOSPITALAR
7.3 AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA 123
7.4 TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DO PROJETO DE 124
PESQUISA
7.5 TERMO DE TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 125
7.6 TERMO DE COMPROMISSO GRUPAL 126
7.7 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO SERVIÇO DE FARMÁCIA EM 127
FUNÇÃO DA UNIDADE HOSPITALAR
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SIGLAS
AF Assistência Farmacêutica
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ASHP American Society of Health-System Pharmacists
BVS Biblioteca Virtual em Saúde
CAC Colégio Americano de Cirurgiões
CCIH Comissão de Infecção Hospitalar
DST Doença Sexualmente Transmissível
EUA Estados Unidos da América
FH Farmácia Hospitalar
GF Grupo Focal
ISQua International Society for Quality in Health Care
JCAH Joint Commission on Accreditation of Hospitals
JCAHO Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organization
JCI Joint Commission International
MS Ministério da Saúde
OMS Organização Mundial de Saúde
ONA Organização Nacional de Acreditação
OPAS Organização Panamericana de Saúde
OPME Órteses, Próteses e Materiais Especiais
PNAF Política Nacional de Assistência Farmacêutica
PNM Política Nacional de Medicamentos
POP Procedimento Operacional Padrão
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
SBRAFH Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar
SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
SIM Serviço de Informações de Medicamentos
SUS Sistema Único de Saúde
TI Tecnologia da Informação
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
A FH, como parte integrante dos serviços de saúde, deve contribuir para a obtenção
de tais resultados, na medida em que permeia de forma crucial as atividades finalísticas do
cuidado e seu produto base - o medicamento - interfere diretamente nos custos da
assistência (OSÓRIO-DE-CASTRO; CASTILHO, 2004). Neste sentido, a FH deve estruturar-se
para garantir o uso seguro e racional de medicamentos em prol da qualidade da AF e a
acreditação, como importante ferramenta de avaliação, pode contribuir com esses alcances.
Em consulta à biblioteca virtual em saúde (BVS)1, foram identificados alguns
trabalhos relacionados aos resultados dos programas internacionais de acreditação na FH,
realizados em outros países (RICH, 2010; YOUNG, 2004; KOWIATEK et al., 2002; TRAVERSO
et al., 2002; HOFFMANN, 1988). No Brasil, contudo, localizou-se apenas uma iniciativa, cuja
meta foi sistematizar e propor indicadores para FH com foco na acreditação nacional
(CIPRIANO, 2004).
Desta forma, a escassez de informações disponíveis sobre o impacto do processo de
acreditação no âmbito da FH brasileira motivou a realização da pesquisa aqui proposta. Não
se sabe a fundo que mudanças são promovidas pela acreditação e, nem mesmo, quais são as
percepções ou o conhecimento dos sujeitos que empregam tal ferramenta como meio de
excelência para a AF, havendo uma lacuna científica entre a exposição teórica do assunto e a
aplicação prática da metodologia pelos farmacêuticos no cenário nacional.
1.2 OBJETIVOS
1
Descritores empregados: acreditação, serviço de farmácia hospitalar.
19
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O hospital é uma organização de natureza social que tem por finalidade “produzir e
oferecer serviços de saúde à população” (GOMES; REIS, 2003). Segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), o hospital é definido como:
Este conceito é aplicado para todos os estabelecimentos com pelo menos cinco leitos
para a internação de pacientes, que “garantam um atendimento básico de diagnóstico e
tratamento, com equipe clínica organizada e com prova de admissão e assistência
permanente prestada por médicos” (BRASIL, 2011).
Os hospitais evoluíram desde pequenos grupos estruturados informalmente até as
grandes organizações dos dias atuais, cujas características e funções transformam tais
instituições nas mais complexas e dinâmicas do setor saúde (BRASIL, 2011).
Na concepção de Gonçalves (1998), a principal função das organizações hospitalares
é proporcionar serviços de qualidade com os recursos disponíveis adequados às
necessidades da sociedade, atendendo aos doentes, promovendo a educação profissional,
conduzindo a pesquisas e exercendo a medicina preventiva e curativa. Para isso, devem
apresentar projeto arquitetônico, estrutura e densidade tecnológica compatíveis com suas
funções e complexidade, em escala adequada para operar com eficiência e qualidade. Em
2
Organización Mundial de la Salud. Comité de Expertos en Organización de la Asistencia Médica. Función de los
hospitales en los programas de protección de la salud. Ser Inform. Tecn., v.122, n.4, 1957.
21
3
DEMO, P. Avaliação Qualitativa. São Paulo: Editora Cortez, 1999.
24
4
NUTO, S. S.; NATIONS, M. K. Avaliação qualitativa dos serviços como processo de construção de cidadania.
Ação Coletiva, Brasília, v.2, p.25-29, 1999.
5
MALIK, A.M.; SCHIESARI, L.M.C. Qualidade na gestão local de serviços e ações de saúde. São Paulo: Ed.
Fundação Petrópolis: Faculdade de Saúde Pública; 1998.
25
6
LAPORTE, J.R.; TOGNONI, G. Princípios de epidemiología Del medicamento. 2ª ed. Barcelona: Masson; 1993.
7
BERWICK, D.M.; GODFREY, A.B., ROESSNER, J. Curing health care: new strategies for quality improvement. San
Francisco: Jossey-Bass; 1991.
27
O cuidado médico, além de difícil padronização, não possui valor de troca, mas tão
somente valor de uso para aquele que o consome. Alia-se a este fato que, ao
contrário do que ocorre na evolução da manufatura para a indústria, a incorporação
tecnológica não substitui o trabalho vivo consumido no cuidado, nem tecnologias
mais antigas (REIS et al., 1990, p.52).
Tornou-se, assim, imperativo conhecer melhor o que acontecia de fato nos serviços
de saúde, qual a sua real participação na dinâmica social, e quais os seus efeitos para os
indivíduos e para a sociedade. Desta forma, as estratégias de avaliação se tornaram uma
ferramenta importante para permitir a racionalização das decisões e das práticas, visto que
os resultados poderiam ser úteis para facilitar a tomada de decisão e subsidiar intervenções
necessárias (MESSEDER, 2005).
A qualidade, portanto, deixou de ser apenas um requisito dos serviços oferecidos,
assumindo um papel estratégico para melhorar a competitividade das instituições, pelo
aumento da eficácia de suas operações. Perez Arias e Feller reforçam esta percepção ao
afirmar que:
8
PEREZ ARIAS, E. B.; FELLER, J. J. El Control de los Sistemas de Atención Médica Conceptualización y Mecánica
Operativa. Medicina y Sociedade, Buenos Aires, v.6, n.6, p. 239-246, 1983.
28
A demanda, cada vez mais expressiva, por conceitos de melhoria da qualidade, fez
com que diversos países desenvolvessem e sistematizassem métodos de avaliação, para
comparação de resultados e planejamento de metas, visando melhorias no âmbito da
prestação dos serviços de saúde (LABBADIA et al., 2004).
De maneira mais específica, Worthen, Sanders e Fitzpatrick9 (1997, apud SILVA, 2003,
p.39) definem avaliação como a “identificação, clarificação e aplicação de critérios
defensáveis para determinar o valor e o mérito de um determinado objeto avaliado, sua
qualidade, utilidade, efetividade ou significado em relação a estes critérios”, definição que é
essencialmente compartilhada por Contandriopoulos (1997).
Um dos elementos comuns a estes autores é o fato de colocarem a definição de
critérios como condição essencial para se avaliar um objeto ou fenômeno. Pelo exposto,
para que se possa afirmar o que é bom ou ruim, o que está ou não correto, o que vale ou
não a pena, o que é mais custo-efetivo, o que mais satisfaz profissionais, consumidores e
financiadores, é necessário que critérios sejam estabelecidos pelos interessados e que o
processo de avaliação se dê com base nestes critérios, para que se estabeleça uma avaliação
sistemática (MESSEDER, 2005).
Conforme Alfoldi10 (apud ESHER et al., 2010, p.204), “critério é uma ferramenta típica
da avaliação e pode ser definido como uma dimensão padrão em função da qual a realidade
do objeto da avaliação receberá julgamento qualitativo e/ ou quantitativo”. A explicitação
9
WORTHEN, B.R.; SANDERS, J.R., FITZPATRICK, J.L. Program evaluation: alternative approaches and practical
nd
guidelines. 2 ed. New York: Longman; 1997.
10
ALFÖLDI, F. Savoir Évaluer en Action Sociale et Médico-Sociale. Paris: Dunod; 2006.
29
11
DONABEDIAN, A. The Quality of Medical Care. Science, v.200, n.4344, mai. 1978.
31
12
LINDER-PELZ, S. Toward a Theory of Patient Satisfaction. Social Science and Medicine, v.16, p.577-582, 1982.
33
influencia a qualidade e a relevância que certos aspectos podem assumir dentro de uma
avaliação (ACURCIO; CHERCHIGLIA; SANTOS, 1991).
Para Donabedian (1990), a avaliação do ponto de vista dos usuários é feita,
sobretudo, por meio da categoria aceitabilidade, que se refere à conformidade dos serviços
oferecidos em relação às expectativas e aspirações individuais dos respondentes em relação
ao atendimento e suas próprias características individuais como idade, gênero, classe social
e estado psicológico. Neste sentido, a segurança surge como importante dimensão da
qualidade, considerada talvez como a mais crítica e decisiva para os pacientes, já que um
cuidado inseguro aumenta o risco de danos desnecessários, que podem ter impacto
negativo, representando um verdadeiro hiato entre os resultados possíveis e os alcançados
(ANVISA, 2013).
Assim, o desafio da avaliação da qualidade em saúde está em compreender o
complexo e conflituoso jogo de interesses e construir critérios que atendam diferentes
expectativas. Contudo, não deve ser considerada um fim em si mesma, mas um processo
onde um julgamento explícito é elaborado, e a partir daí desencadeia-se um movimento de
transformação na direção da qualidade previamente desejada.
O verbete Acreditação não faz parte da maioria dos dicionários da língua portuguesa,
mas o verbo acreditar tem como uma de suas definições “dar crédito a; tornar digno de
crédito, confiança” (FERREIRA, 2008, p.92). Portanto, o adjetivo acreditado tem como
significado algo que tem crédito, que merece ou inspira confiança; autorizado ou
reconhecido por uma potência junto à outra (FERREIRA, 2008).
Segundo o glossário de termos comuns nos serviços de saúde do MERCOSUL (BRASIL,
2002), a acreditação é definida como:
Desde então, várias nações vêm se articulando para cumprir as ações previstas na
aliança, através do lançamento de planos e alertas técnicos que concorram para a garantia
da segurança dos pacientes e a qualidade da assistência prestada, com base em metas
internacionais (ANVISA, 2013). No Brasil, o assunto ganhou força legal em 2013 com a
publicação da RDC 36, que institui ações para a promoção da segurança do paciente e
melhoria da qualidade dos serviços de saúde, a partir da criação de núcleos de
gerenciamento do risco para vigilância, monitoramento e notificações de eventos adversos.
Entre os eventos de interesse encontram-se aqueles relacionados ao uso de medicamentos,
produtos para saúde e terapias nutricionais (BRASIL, 2013).
Na mesma ocasião, a ONA associou-se a International Society for Quality in Health
Care (ISQUA), uma organização independente, sem fins lucrativos, cuja missão é melhorar a
qualidade e segurança dos cuidados de saúde no mundo. Seu programa de acreditação é
único, porque acredita os acreditadores e confere um reconhecimento mundial para
organizações acreditadas que atendem a padrões internacionalmente aprovados (JCI, 2013).
A acreditação representa uma distinção que a organização de saúde recebe pela
qualificação evidenciada, ao mesmo tempo em que sinaliza para os clientes e comunidade
que alcançou um padrão de gestão do negócio e da assistência externamente reconhecido
(ONA, 2010). Trata-se, portanto, de uma metodologia de consenso, racionalização,
ordenamento dos hospitais e, principalmente, de educação permanente do pessoal destes
serviços e de seus líderes, cujo objetivo final da avaliação será:
Segundo dados da ONA, em Junho de 2013, foi atingida a marca de mil acreditações
concedidas a partir da sua criação em 1999. Até Setembro de 2013, o Brasil contava com 203
hospitais acreditados pela ONA, em diferentes estágios de evolução no processo da
qualidade (ONA, 2013).
Diante de todo o exposto, conclui-se que a acreditação, como forma de avaliação em
saúde, sedimentou-se como um instrumento de gestão fundamental para garantia da
assistência prestada, na medida em que permite mensurar os esforços de uma organização
40
deu maior importância à gestão e aos serviços, especialmente dispensação e atenção. Tal
Resolução “integra as ações de AF e privilegia a efetivação do acesso, da qualidade e da
humanização, como garantias para o uso racional e seguro de medicamentos” (OLIVEIRA,
BERMUDEZ; OSÓRIO-DE-CASTRO, 2007, p.91). Neste contexto, o acesso deixou de restringir-
se ao produto para focar também no usuário, principal beneficiário dos serviços, uma vez
que disponibilizar medicamentos não é o suficiente para melhorar as condições de saúde
dos indivíduos (OLIVEIRA, BERMUDEZ; OSÓRIO-DE-CASTRO, 2007).
Como resultado destas políticas, a AF ganhou amplitude e visão sistêmica, passando a
ser considerada uma das prioridades na assistência à saúde, “face à sua transversalidade
com as demais ações e programas” (CIPRIANO, 2004, p.4). O medicamento transformou-se
em um “insumo estratégico, com forte impacto sobre a capacidade resolutiva dos serviços
de saúde” (CIPRIANO, 2004, p.4), representando gastos que chegam a comprometer até 12%
do orçamento do MS (BRASIL, 2009).
Nasceu aí o entendimento de que a AF é um campo multidisciplinar, cuja visão
sistêmica corporifica-se em um ciclo (figura 1), constituído pelas etapas de seleção,
programação, aquisição, armazenamento, distribuição, dispensação e utilização de
medicamentos, que só se completa na medida em que a atividade anterior tenha sido
adequadamente realizada, gerando produtos próprios com interfaces nas ações da atenção
à saúde (CIPRIANO, 2004).
do governo para conseguir a adequação dos serviços de farmácia e garantir a efetiva atuação
dos farmacêuticos segundo os conceitos internacionalmente aceitos.
Em revisão realizada por Magarinos-Torres, Osório-De-Castro e Pepe em 2006, foram
identificados sete componentes essenciais para o pleno desenvolvimento das atividades da
FH, destacados no quadro 3.
Outra iniciativa importante foi a publicação pela SBRAFH, em 2007, do guia com
padrões mínimos para FH e serviços de saúde, no qual são reconhecidas seis grandes
atribuições essenciais para a organização e a provisão da AF nos hospitais brasileiros,
detalhadas a seguir:
45
Gestão:
Estabelecer a sua missão, valores e visão de futuro;
Definir organograma, preferencialmente celular, da Farmácia, inserido no organograma
institucional;
Formular, implementar e acompanhar o planejamento estratégico para o cumprimento de
sua missão;
Estabelecer indicadores para a avaliação do desempenho do serviço;
Acompanhar e/ou monitorar a implementação das ações estabelecidas;
Avaliar continuamente o estabelecimento de ações preventivas ou correção das não
conformidades;
Prover corpo funcional capacitado, dimensionado adequadamente às necessidades do
serviço;
Estabelecer atribuições e responsabilidades do corpo funcional;
Promover treinamentos necessários e educação permanente do corpo funcional;
Elaborar e revisar continuamente o Manual de Procedimentos Operacionais Padrão;
Qualificar, quantificar e o gerenciar logística de suprimento de medicamentos e produtos
para saúde;
Realizar acompanhamento do desempenho financeiro/orçamentário;
Analisar custos das terapias medicamentosas de impacto econômico no hospital;
Participar de comissões responsáveis pela formulação de políticas e procedimentos
relacionados à assistência farmacêutica (Comissão de Farmácia e Terapêutica, Comissão
de Controle de Infecção Hospitalar, Comissão de Ética, Comissão de Suporte Nutricional e
Comissão de Gerenciamento de Resíduos de Saúde, Comissão de Avaliação de
Tecnologias, Comissão de Riscos Hospitalares, dentre outras).
Desenvolvimento de infraestrutura:
Disponibilizar equipamentos e instalações adequadas ao gerenciamento de suprimentos;
Implantar um sistema de gestão informatizado;
Disponibilizar recursos para a informação e comunicação;
Disponibilizar salas para prática de atividades farmacêuticas, respeitando suas
necessidades técnicas;
Disponibilizar serviços de manutenção, para assegurar o pleno funcionamento das
tecnologias disponíveis e instalações físicas;
Implantar e manter sistemas de arquivo.
que a busca pela qualidade na AF é uma ação estratégica em saúde, que garante, sobretudo
eficiência das operações e segurança dos pacientes (CIPRIANO, 2004).
Várias das atividades que podem potencialmente causar danos aos pacientes estão
relacionadas a erros na utilização de medicamentos e outras tecnologias em saúde, sendo a
FH um dos atores principais deste cenário, já que a AF compreende um número considerável
de processos (OSÓRIO-DE-CASTRO; CASTILHO, 2004). A realização inadequada de qualquer
dos componentes do ciclo da AF pode expor pacientes a não solução de seus problemas de
saúde, ou mesmo, à possibilidade de agravamento do quadro clínico, seja pela
indisponibilidade de insumos necessários ao cuidado, pelo surgimento de eventos adversos
ou ainda pela ocorrência de erros de medicação (BATES et al., 1997; FAUS; MUÑOZ;
MARTINEZ, 2008).
Erro de medicação é definido como “qualquer evento evitável que, de fato ou
potencialmente, pode levar ao uso inadequado do medicamento” (ANVISA, 2013). Incluem
erros de prescrição, dispensação e administração, que podem ocorrer em mais de uma
etapa da cadeia de utilização de medicamentos (ASHP, 1993).
Falhas na dispensação significam o rompimento de um dos últimos elos na segurança
do uso dos medicamentos, demonstram fragilidade no processo de trabalho e indicam, em
uma relação direta, riscos maiores de ocorrência de acidentes graves (ANACLETO; PERINI;
ROSA, 2005). Quando os medicamentos são prescritos e/ou utilizados de maneira
inadequada, ou ainda quando os serviços farmacêuticos não estão bem estruturados e
organizados, observa-se o aumento dos riscos de agravos à saúde e dos custos envolvidos e,
acima de tudo, o não cumprimento da função para a qual existem: melhorar efetivamente a
qualidade de vida da população (BRASIL, 2009). Neste sentido, cabe à FH buscar estratégias
que viabilizem a realização plena de seu potencial de contribuição para a prevenção de
erros, garantindo a segurança do paciente hospitalizado, através do fornecimento de
medicamentos e produtos para saúde de forma interdisciplinar, racional, efetiva e
resolutiva, premissas essenciais de um atendimento de qualidade (MAGARINOS-TORRES;
OSÓRIO-DE-CASTRO; PEPE, 2007).
Assim, ao avaliar todo o ciclo da AF no âmbito hospitalar é possível atuar em pelo
menos três pontos, a fim de garantir a qualidade do atendimento e a segurança dos
pacientes: prescrição médica, dispensação e administração. As estratégias de prevenção de
erros baseiam-se fundamentalmente no desenvolvimento de sistemas de utilização seguros,
50
Informatização e automação como meios para evitar erros e efeitos adversos, bem
como garantir a rastreabilidade do processo.
No âmbito hospitalar, a tecnologia da informação (TI) pode ajudar a melhorar o
desempenho, a comunicação e a segurança, na medida em que minimiza a
13
ASCIONE FJ, MANIFOLD, CC, PARENTI MA. Principles of drug information as scientific literature evaluation.
Hamilton (IL): Drug intelligence Publications, 1994.
52
políticas institucionais, bem como os produtos finais dos serviços prestados, prezando a total
satisfação e máxima obtenção de resultados (KÜHNER, 2005). Para isso, exige o
desenvolvimento de padrões, gerenciamento de processos, gestão participativa,
desenvolvimento humano, constância de propósito, comunicação e disseminação de
informações, garantia da qualidade e busca contínua pela perfeição (KÜHNER, 2005). Os
padrões especificam os requisitos mínimos, considerados essenciais, para a estruturação de
uma prática farmacêutica segura e integrada aos demais elementos da assistência ao
paciente.
Para conquista do primeiro nível da acreditação no âmbito da AF, os padrões estão
diretamente relacionados à organização e estrutura do serviço, no que tange os recursos
físicos, humanos, materiais, tecnológicos e financeiros (quadro 5). Para obtenção do selo de
acreditado pleno, a FH deverá evidenciar as interações com seus fornecedores e clientes,
padronizando e documentando os processos inerentes às operações, estabelecendo
sistemática de medicação de resultados com uso de indicadores de desempenho e tratando
as oportunidades de melhorias, apontadas como não conformidades processuais.
Finalmente, para tornar-se acreditada com excelência, a FH deverá gerenciar seus processos
e resultados, estabelecendo sistemáticas de comparações com referenciais externos, com
intuito de promover planos de melhorias contínuas na tríade estrutura-processos-
resultados, a partir do estabelecimento da relação de causa-efeito (ONA, 2010).
Diante do exposto, a busca por melhores qualificações para os serviços de saúde,
especialmente através da acreditação, tem contribuído para a adequação da FH, tornando-
se um caminho dos mais promissores para o seu desenvolvimento, a partir da
disponibilidade adequada de medicamentos e outras tecnologias, da sua qualidade e
conservação, da efetividade e segurança da terapêutica e sobretudo da eficiência das suas
atividades, capazes de promover a melhoria das condições de assistência à saúde e um
atendimento cada vez mais humanizado.
54
Nas palavras de Morgan14 (1996, apud BERENGER; ELLIOT; PARREIRA, 2012, p.230),
GF pode ser definido como “uma técnica de pesquisa que coleta dados por meio da
14
MORGAN, D.L. Focus Groups. Annual Review of Sociology, Palo Alto, v.22, p129-152, ago., 1996.
55
desgaste mental. Já o local de realização deve ser agradável, acolhedor e de fácil acesso para
os participantes. A construção e o uso de guia, norteador dos temas, ajuda a sistematizar
questões e objetivos para cada GF, mantendo a discussão em foco, com o aprofundamento
necessário (RESSEL et al., 2008). A qualidade da discussão dos grupos deve ser garantida pela
presença de um moderador, que assumirá o papel de facilitador dos temas para discussão,
dando ênfase aos processos psicossociais que emergem do grupo, a partir das
multiplicidades de pontos de vista e processos emocionais ancorados na experiência
cotidiana dos participantes. Além disso, é desejável a presença de um observador, com a
finalidade de registrar os acontecimentos no decorrer dos encontros, considerando os
aspectos verbais e não verbais (RESSEL et al., 2008; MAZZA; MELO; CHIESA, 2010).
Na área de farmácia, mais especificamente, a técnica vem se fazendo cada vez mais
presente, ainda que de forma tímida. Yokaichiya (2004) utilizou o GF com equipes de
farmácia dos serviços de saúde do município de São Paulo, para conhecer as percepções dos
profissionais que atuam na dispensação de medicamentos às pessoas vivendo com a
síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA), tanto no que diz respeito às atividades do
seu cotidiano como aos aspectos gratificantes e estressantes dessa atividade. Galato e
colaboradores (2006) desenvolveram pictogramas com informações sobre utilização de
medicamentos, a partir dos resultados obtidos com o emprego do GF. Já Yokaichiya,
Figueiredo e Schraiber (2007) procuraram compreender as percepções de farmacêuticos,
técnicos e auxiliares, de unidades assistenciais do programa de doenças sexualmente
transmissíveis (DST) do município de São Paulo, sobre o seu papel nos desafios assistenciais
na adesão aos antirretrovirais por usuários de drogas injetáveis. McGrath e colaboradores
(2008) identificaram as percepções de médicos sobre o gerenciamento da terapia
medicamentosa promovida por farmacêuticos em farmácias comunitárias. Naves e
colaboradores (2010) investigaram a ocorrência da automedicação, suas motivações e a
qualidade do atendimento em farmácias a partir da realização de três grupos focais em um
serviço de referência para o tratamento de DST em Brasília.
Os estudos em questão reforçam a técnica como estratégia metodológica de
pesquisas qualitativas, avaliando aspectos relacionados à educação, promoção, programas e
projetos no âmbito da AF, reforçando a premissa de que é possível explorar o caráter
polissêmico da qualidade em qualquer área de atuação.
57
3. METODOLOGIA
de exclusão foi considerado apenas o fato do profissional ter sido transferido ou desligado
da instituição durante o processo de acreditação, não tendo, portanto, vivenciado sua
conclusão.
Desta forma, participaram do estudo os farmacêuticos gestores, assim como um de
seus assistentes e os stakeholders, clientes internos do serviço de farmácia, aqui
representados por enfermeiros, ocupando cargos de gerência na unidade hospitalar, além
de gestores da qualidade. Vale ressaltar que nenhum dos gestores de qualidade era
farmacêutico.
Logística;
Identificar as atividades implantadas ou Distribuição;
aprimoradas em decorrência do Fracionamento; 1,2,3,5,
processo de acreditação; Manipulação; 6,7,8,9,10
Identificar o nível de impacto na Farmácia Clínica;
segurança e eficiência do serviço Informação;
prestado, como resultado das Ensino;
implantações e aprimoramento das Pesquisa.
atividades.
Caracterizar a FH, identificando as Prontuário eletrônico do
Inovações tecnológicas empregadas na
Para validação dos roteiros estruturados que foram utilizados no GF, foram aplicados
aos sujeitos da pesquisa questionários contendo perguntas abertas idênticas às do roteiro,
uma vez que não haveria condições técnicas para simulação de um GF.
4 RESULTADO E DISCUSSÃO
Os sujeitos são, em sua maioria, farmacêuticos (6), do sexo feminino (7), com idade
média de 41 anos (dp= 9,23; amplitude 29-52; mediana= 43,5 anos) e atuação institucional
média de 7,8 anos (dp= 8,51; amplitude 1,5 – 26; mediana= 4).
69
Todos os questionários (n=5) foram aplicados no mês de Março de 2013, tendo sido
devolvidos, através de e-mail, aproximadamente 30 dias após o envio, com respostas a 100%
das perguntas. Nenhum respondente relatou dificuldades ou solicitou esclarecimentos à
pesquisadora durante a resposta ao questionário.
A maioria dos hospitais (n=4) está localizada no município do Rio de Janeiro, com
exceção de uma unidade, localizada na cidade de Niterói. A maior parte dos hospitais
estudados (n=3) é de grande porte, apresenta uma média de 142 leitos ativos (dp=68,7;
amplitude 44-210; mediana= 170). Todos são dotados de serviços de emergência e possuem
centro cirúrgico e centro de terapia intensiva. Apenas dois possuem maternidade. Vale
ressaltar que algumas instituições são marcas tradicionais do cenário médico carioca e têm
alto nível de especialização, com unidades cardiointensivas, neurológicas, neo-natais e
transplantados. As tabelas 3 e 4 sumarizam as características das unidades estudadas.
A acreditação destas instituições ocorreu em períodos variados da história de cada
unidade, como reflexo da busca pela humanização e excelência em seus serviços, aliada à
competitividade e reconhecimento de mercado. Ressalta-se o fato de que, em dois destes
hospitais, o tipo de certificado ONA evoluiu considerando o cenário encontrado na etapa de
seleção da amostra realizada em Abril de 2012. Além disso, outras duas unidades
70
4.3.1 ORGANOGRAMA
Cada serviço possui em média 5,6 farmacêuticos (dp= 0,54) e presta AF 24 horas por
dia, nos sete dias da semana. O horário de funcionamento integral da farmácia é o ideal para
um atendimento de excelência e está de acordo com a legislação (BRASIL, 2010), os padrões
mínimos para o setor (SBRAFH, 2007; ASHP, 2013) e práticas seguras nos serviços de saúde
(ANVISA, 2013). Além disso, o quantitativo médio de profissionais pode ser considerado
satisfatório quando comparado com os dados publicados recentemente no censo da FH
(SBRAFH, 2010), que apresentou média nacional de 0,9 farmacêuticos por hospital privado.
A contratação de farmacêuticos foi, possivelmente, uma conquista recente,
evidenciada pelo fato de três serviços terem sido beneficiados por aumento do quadro, em
função das adaptações e implantações decorrentes do processo de acreditação. Em dois
destes hospitais, o quadro de farmacêuticos sofreu incremento de cinco profissionais, sendo
incorporadas as funções de clínico e plantonista. Apesar disso, os farmacêuticos ocupam
posição secundária no quantitativo de profissionais lotados na FH revelando diminuta,
porém crescente inserção desta categoria na equipe multidisciplinar. A tabela 5 reforça o
fato, ao demonstrar a relação farmacêutico/leito observada nos serviços.
73
A relação média de 1 farmacêutico para cada 25 leitos foi observada, valor inferior ao
encontrado por Silva (2010) , que refere uma relação de 1 farmacêutico para cada 15 leitos.
Como não se buscou o detalhamento das funções exercidas por cada um dos farmacêuticos
contratados nas unidades hospitalares, não foi possível a comparação com os padrões
mínimos recomendados pela SBRAFH. Porém, se tomar como referencial apenas a tarefa de
maior impacto no dia-a-dia da FH, a SBRAFH recomenda uma relação de 1 farmacêutico para
cada grupo de 50 leitos na distribuição (SBRAFH, 2007). Com base neste parâmetro, os dados
sugerem que apenas dois serviços encontram-se em condições de realizar outras atividades
como aquelas voltadas à farmácia clínica, farmacovigilância e informações sobre
medicamentos. À luz destas atividades, conclui-se que o número de farmacêuticos pode
estar inadequado, frente às recomendações da SBRAFH (2007), que sugerem a adoção de
um profissional dedicado para cada uma destas funções. Vale ressaltar que o manual de
acreditação da ONA considera imprescindível a presença de número de farmacêuticos
compatível à complexidade e perfil da organização (ONA, 2010).
O expressivo número de assistentes aliado ao reduzido quantitativo de farmacêuticos
pode denotar um processo extremamente manual, centrado na logística (aquisição,
armazenamento, controle de estoque) e distribuição, pouco voltado para as questões
assistenciais, fato reforçado pelo relato de um serviço sobre a ampliação do quadro de
mensageiros, tão necessários em sistemas de distribuição de suprimentos.
Este cenário somado à inexistência de técnicos e à presença de apenas um estagiário
revela um quadro preponderantemente formado por profissionais de nível médio, sem
qualquer especialização ou formação direcionada para a atuação no segmento de FH. Tal
fato representa um “verdadeiro obstáculo ao desenvolvimento de serviços farmacêuticos
especializados, pelo baixo desempenho dos recursos humanos nos serviços de farmácia”
74
(OPAS, 1997) e pode contribuir para uma acentuada sobrecarga dos farmacêuticos,
favorecendo o comprometimento da qualidade e da segurança do serviço prestado.
4.3.2 ESTRUTURA
estratégia está de acordo com as proposições de Lima, Silva e Reis (2003, p.358), que
afirmam:
A tabela 7 ilustra a distribuição das farmácias satélites nos setores das unidades
hospitalares. Curiosamente, três hospitais relatam possuir estoques distribuídos pelos
setores, sem controle direto da farmácia. Tal fato evidencia a existência de um modelo
híbrido, onde coexistem farmácias satélites e estoques sob o controle da equipe assistencial.
Tal cenário contraria o conceito de descentralização e expõe os pacientes a riscos
desnecessários, comprometendo ainda a eficiência das operações, uma vez que os insumos
estão mais disponíveis e sujeitos ao desperdício, desvios e uso inadequado, demonstrando
certa fragilidade na cadeia de cuidados.
4.3.3.1 Gerenciamento
4.3.3.3 Logística
cuidado dos pacientes, evidenciando que o foco das atividades farmacêuticas ainda continua
sendo o insumo, o que não cabe dentro da visão de integralidade do cuidado. Apesar disso,
com exceção do processo de aquisição, todas as demais atividades do componente logístico
passaram por aprimoramentos decorrentes das exigências da acreditação. Merece ênfase
especial o processo de recebimento, onde a maioria dos respondentes (n=4) acusam alguma
melhoria, que pode ter relação direta com a adequação da área física e recursos humanos,
além da aquisição de móveis e equipamentos relacionadas por eles nos tópicos
organograma e estrutura.
4.3.3.4 Distribuição
Onde:
a = Avaliação Farmacêutica da prescrição médica
b = Intervenção farmacêutica e registro sistemático das atividades em prontuário
c = Plano formal para acompanhamento de pacientes internados
d = Monitoramento de interações medicamentosas
e = Participação nas visitas médicas/ Rounds
f = Participação na elaboração de protocolos terapêuticos
g = Reconciliação medicamentosa
h = Monitoramento do efeito de medicamentos de maior toxicidade/ risco
I = Farmacovigilância
J = Orientação para boas práticas de administração de medicamentos
atuação é nulo ou pouco expressivo em âmbito hospitalar (PENAFORTE, 2006; SILVA, 2010;
SANTANA et al., 2013).
Também merecem destaque o registro sistemático das intervenções farmacêuticas
em prontuário (n=4), o plano formal para acompanhamento de pacientes (n= 3) e a
reconciliação medicamentosa (n= 3) que, apesar de ainda não serem desenvolvidas por
todas as farmácias, estão presentes na maior parte dos serviços, evidenciando a crescente
inserção do farmacêutico na equipe multidisciplinar, como um dos agentes decisores no
processo medicamentoso. Importante salientar que o registro em prontuário está
expressamente definido na Portaria 4283/2010, no tópico cuidado ao paciente, enfatizando
a colaboração do farmacêutico na definição de condutas para manejo da farmacoterapia e
na retroalimentação da equipe e paciente, com informações para o uso seguro, racional e
eficiente de medicamentos e produtos para saúde (BRASIL, 2010).
A participação na elaboração de protocolos e o monitoramento do efeito dos
medicamentos de maior toxicidade/ risco foram identificados como pouco frequentes nos
serviços, o que pode ter relação com a evolução e sistematização do processo de qualidade
nas instituições em estudo, o nível de organização da FH ou até mesmo com o quadro
enxuto de farmacêuticos nas unidades pesquisadas. A elaboração de protocolos clínicos tem
por objetivo “estabelecer claramente os critérios de diagnóstico de cada doença e o
tratamento preconizado com os medicamentos disponíveis nas respectivas doses”
(PENAFORTE, 2006, p. 106). Sua formatação contribui para a instituição de mecanismos de
controle, acompanhamento e a verificação de resultados, para garantia de uma prescrição
segura e eficaz (PENAFORTE, 2006).
Já o monitoramento terapêutico de medicamentos de maior toxicidade/ risco tem,
como principal finalidade, avaliar a concentração biológica do fármaco dentro da faixa
terapêutica pré-estabelecida (PENAFORTE, 2006). Esta é considerada uma das principais
ferramentas dos programas de farmacovigilância, cujo escopo de trabalho contempla a
identificação e resolução de problemas relacionados a medicamentos, como queixas
técnicas, reações adversas, inefetividade terapêutica e erros de medicação. No entanto, este
estudo não identificou que tipos de práticas em farmacovigilância são desempenhadas por
cada unidade, no sentido de avaliar o grau de maturidade das mesmas e a existência de
redes sentinelas. É razoável supor que, pelo tempo de implantação, tais atividades limitem-
se à disseminação de informes/alertas e ao recebimento de queixas técnicas/ reações
87
4.3.3.7 Informação
Estes foram os requisitos com menor grau de desenvolvimento, uma vez que
apresentaram frequências de distribuição baixas.
Apenas duas unidades participam de programas de estágio, contribuindo para a
formação de novos profissionais farmacêuticos. Tal atividade não foi resultante do processo
de acreditação, cuja única influência foi o aprimoramento do programa em um serviço. Este
cenário está de acordo com os resultados apresentados por Osório de Castro e Castilho
(2004), que observaram a ausência destas atividades na grande maioria dos hospitais
brasileiros acompanhados no Projeto de Diagnóstico da FH no Brasil. Espera-se que o
crescimento das residências em FH possa contribuir para a mudança deste cenário.
Já em relação à atuação em pesquisas clínicas, apenas um serviço revelou
desempenhar tal atividade, iniciada após o processo de acreditação, fato já esperado face ao
cenário nacional exposto acima. Curiosamente, três unidades publicam trabalhos científicos,
duas delas antes mesmo da instauração da metodologia de avaliação da qualidade.
A farmácia foi acreditada pela primeira vez por um administrador, que era o chefe
da farmácia. Existia uma farmacêutica que era, dentro da hierarquia e do
organograma, um conselho consultivo; ela era apenas uma consultora dos
processos. Disso que a gente tinha, nós estamos falando de 6 anos atrás, ao que é e
existe hoje, a gente se inseriu 100%. (GF01)
Todo o meu setor com a acreditação foi muito mais longe. Não existia essa cultura.
Eu era um simples almoxarifado e passei a ser um serviço de farmácia hospitalar,
inserido na assistência. A gente queria muito ser visto como profissional de saúde,
né, não almoxarife e de quebra a acreditação traz isso (...) Todo mundo entendeu
que se a farmácia não for acreditada, o hospital também não vai. (GF02)
Estrutura física, ainda não mudei nada e é apontado toda vez como uma não
conformidade, mas em serviço foi abissal, assim, tomou outra dimensão. Eu ganhei
muito mais em processo. (GF01)
A gente vê muito bem, os setores que tiveram piloto de farmácia clínica, eles
alavancaram, né, e isso trouxe uma lição da porta pra dentro para eles começarem
a redesenhar alguns processos. (GQ01)
94
É, eu acho que a acreditação veio para mudar. Se não fossem algumas exigências
da acreditação, eu acredito que ainda estaríamos com apenas um farmacêutico
(GE03).
A gente só não tinha poder de convencimento, que é isso que a acreditação nos
obrigou a ver, na verdade. Então, assim, ‘ó, sem isso não vai’, coisas que a gente já
lutava, porque nada daquilo ali pra gente é novo, aquilo é pura normatização,
cumprimento de regra, de lei, de norma, de boa prática, que a gente tem no
sangue (...) Assim, a acreditação veio para dizer o que a gente já ta gritando há
anos. (GF01)
A equipe que fazia parte no exato momento da acreditação. De um lado, teu chefe
carregando caixa, levando pra cá, pra lá; de outro, o mensageiro junto com você
virando a noite. Isso foi importante, vendo que você fez parte daquela estrutura ali.
(FA05)
A farmácia começa a entender que o papel dela é importante também da porta pra
fora, mas não consegue avançar para o modelo, ainda por um entendimento da
administração engessado. A assistência fala, os gestores médicos falam da
necessidade, mas eles não conseguem se unir pra lutar por aquilo de uma forma
uníssona, entendeu, acho que a gente tá vivendo particularmente uma situação de
caos controlado (GQ01).
Acho que ainda falta uma longa estrada para poder fazer com que os processos que
a farmácia vem executando não sejam simplesmente a entrega de um produto. E
sim um modelo de gestão farmacêutica que possa ir além, de acordo com a
formação dele que é enfim, o papel assistencial (GE05)
96
Apesar de ser uma não conformidade apontada em toda visita, ela nunca me
impediu de ser acreditada.(...) E quando você vê que a acreditação não traz uma
mudança efetiva numa cultura administrativa, aí você começa até a duvidar
daquilo. Será que isso é puramente mercadológico? Juro. Eu tenho várias críticas
(GF01).
Quando veio o processo de acreditação, o nível de exigência, ele veio pra todo
mundo e eu acredito que esse nível de exigência, talvez, tenha se acelerado um
pouco mais da porta pra fora e aí quando foi pra dentro da farmácia, ela foi um
pouco reativa pra entender qual era o seu posicionamento nesse novo contexto.
(GQ01)
(...) e aí essa divisão de tarefas meio que criou um atrito de quem faz o quê. Não,
agora esse aqui é o teu papel e você tem que me entregar a droga para eu
administrar. Se a droga não tiver no teu estoque, isso é uma responsabilidade tua.
(...) Essa responsabilidade tá dividida, mas ainda não está assim assumida. (GE03)
Enfermagem e médico que notificam que a farmácia não cumpriu aquilo que
deveria cumprir. Daí, a percepção quando a gente entende que a expectativa que a
gente quer como produto de entrega era muito maior do que a farmácia deveria
entregar e não entregou (GE04).
Pelo pouco que eu vejo, é difícil você encontrar o farmacêutico que não fique só na
frente da dispensação, que tenha uma visão mais aberta. Isso é bom para o
mercado, isso é bom para a farmácia (GQ05).
Se a alta administração não anda em conformidade com o que está sendo exigido
de uma acreditação, como a gente faz? Os objetivos têm que ser comuns, a
acreditação não pode estar em todos os setores e seu administrador não te dar
aumento de quadro. Então, essa dicotomia habita a minha cabeça, bastante e todo
dia. (...) Eu acho que todos aqui que passaram pela acreditação, não conseguiram
sem trabalhar em casa, final de semana. O horário de trabalho não é viável (GF01)
Os outros setores não entendiam, até então, o impacto do meu trabalho, o quanto
a gente estava inserido em todos os processos. Então, com a acreditação veio a
segurança do trabalho, a CCIH, a enfermagem, a fisioterapia, a qualidade....Todos
começaram a enxergar o setor de farmácia e a sua real importância na instituição,
porque todo mundo tinha que fazer seus pactos com o mínimo de interação e aí
foram me inserindo. Não era mais aquela coisa de cada um vê o seu, cada um toma
conta do seu. Então, foi um momento em que a demanda de atenção no setor de
farmácia foi imensa, explodiu. (GF02)
(...) E, querendo ou não, o primeiro ponto que você pensa é: tem mais trabalho,
isso aqui não vai dar pra implantar, isso aqui nunca vai funcionar, isso aqui também
não vai pra frente; você sempre tende a pensar com pessimismo, mas com o tempo
você vai vendo que é possível fazer (GF05).
A gente ainda não conseguiu chegar ao fim, não conseguiu estar em todas as
etapas do monitoramento (GF01).
qualidade. Assim, o despertar para eventos, antes considerados normais e agora retratados
como não conformidades, foi notório, contribuindo sobremaneira para a prevenção e
resolução de problemas de naturezas variadas, bem como para o seu registro formal e
monitoramento com uso de indicadores, ferramentas da qualidade que fazem parte dos
requisitos da acreditação em prol da eficiência dos processos da AF.
É a partir deste momento que você tem farmacêutico, que você começa a
desenvolver protocolo e indicadores. (GF02)
Em todo processo de acreditação hoje, quando o avaliador vai ao hospital, ele quer
ver o registro do farmacêutico no prontuário do paciente. Ele quer ver, se não tiver,
não tem assistência farmacêutica. (GE03)
Em relação a essa pergunta, como é que a gente avalia o desempenho, ele ainda é
frágil, mas um frágil muitas vezes compartilhado. Não é frágil somente na farmácia,
né? (GQ 01)
101
Pra criar a confiabilidade, eu preciso confiar no que está sendo dispensado. Então,
a dispensação é um ponto bastante importante que é o que vai dar confiança pra
gente executar o trabalho e ter continuidade. (GE03)
O foco é muito mais a dispensação do que a assistência, óbvio. Essa é uma grande
discussão nossa aqui, já que almejamos uma participação maior e mais afetiva na
área assistencial. A equipe de enfermagem, em uma análise geral, ela tá muito mais
interessada em ter uma dispensação coerente, do que ter uma assistência
farmacêutica. Já que ela que administra, é ela que monitora os efeitos indesejados,
as reações adversas, ela que notifica. Então, ela prefere ter o produto na mão, pra
poder fazer na hora certa, da maneira certa e não atrasar o trabalho dela. Se o
farmacêutico vai interagir, isso não é percebido ainda na realidade. Então, se for
fazer essa quebra na sua pergunta, o interesse maior é a dispensação. Isso é o que
eu, como cliente, mais espero. (GE05)
Eles não têm noção dos processos que são inerentes àquela logística toda. ‘Você
toma conta de tudo isso aqui?’ Mas não sabem a real dificuldade. (FA05)
Afeta. A gente faz todos os protocolos, a gente faz retirada de acesso precoce, o
antibiótico tá injetável, bota pra oral. Então, impactou sim. (GF01)
É um selo de qualidade que vai render dinheiro para o hospital. Sem acreditação, o
hospital perde dinheiro! (GF03)
Para Silva (2003), as alternativas processuais, que garantirão uma melhor operação
às farmácias, podem encontrar apoio no modelo de acreditação, cujas características
poderão ter grande importância na reconstrução do papel do farmacêutico. Suas bases
sociais e organizacionais, legítimas e sustentáveis, podem alavancar o desenvolvimento de
uma efetiva rotina de acompanhamento dos pacientes, com a documentação de todos os
procedimentos técnicos e a adoção de quadros com responsabilidades bem definidas, o que
pode dar ao farmacêutico a chance de uma transformação radical em suas atividades. Essa
conclusão também é compartilhada por Gonsalves (2012) que, ao propor a construção de
um modelo de administração estratégica em farmácia hospitalar, afirma que a acreditação
impulsiona a formação de uma estrutura baseada no realinhamento das atividades
desenvolvidas na FH, a fim de oferecer ao paciente uma AF segura, de boa qualidade e que
subterfuja desperdícios provenientes de desvios de qualidade técnico-administrativos.
Apesar dos avanços, os farmacêuticos reconhecem que a reorientação do serviço
ainda não foi o suficiente, porque não refletiu em mudanças drásticas no cuidado global
oferecido ao paciente e, por isso, não foi tão percebida pelos demais profissionais. Há muito
104
mais planejamento do que efetiva execução, o que pode mascarar o real impacto das ações
exercidas pela FH para a qualidade da AF.
Então, hoje a gente planeja. Se isso tá tendo impacto... Eu acho que tá, porque
acredito que eles tão cumprindo o que tá sendo planejado, mas a gente queria
estar lá pra ver o que o farmacêutico faz lá na beira do leito, mas eu não consigo.
(GF01)
Mudou a minha vida. Sou outra pessoa, 6 anos parece que eu passei 20. Mudou
tudo, crescimento, amadurecimento, botar a cara pra bater, tá de frente com a
família, tudo, ir pra outra acreditação, brigar pelo que você quer, você acreditar,
discordar da acreditação, falar que não é assim... (GF01)
Sem dúvida. Acho que mudou bastante. O meu crescimento profissional acho que
foi grande. (GF03)
Você tem que cumprir 400 protocolos em um hospital, sem ganhar nada? Então,
ele vai pra qualquer lugar que não tenha isso (...) Quantos farmacêuticos você acha
que eu tive em 1 ano? Alta rotatividade (risos). Não ficava nem 15 dias” (GF02).
5 CONCLUSÃO
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119
APÊNDICE 1
ANO DE
HOSPITAL: INAUGURAÇÃO:
ENDEREÇO:
TELEFONE: E-MAIL:
NATUREZA DA ASSISTÊNCIA
NÍVEL DE ATENÇÃO
( ) Secundária ( ) Terciária ( ) Quaternária
NÚMERO DE LEITOS MÉDIA MENSAL DE INTERNAÇÕES
Total: __________ Ativos: __________ Média: __________
( ) Aberto ( ) Fechado
SISTEMA DE EDIFICAÇÃO
CERTIFICAÇÃO ONA
APÊNDICE 2
E-MAIL: TELEFONE:
ORGANOGRAMA
ESTRUTURA
2 2
Área Física total da farmácia em m : ( ) <50 m ( ) 51 a 150 m2 ( ) > 151 m2
Localização da Farmácia no Hospital:
( ) No prédio principal ( ) Fora do prédio com acesso coberto ( ) Fora do prédio com necessidade de circulação
Localização da Farmácia no Prédio: ( ) Subsolo ( ) Térreo ( ) Outro andar
Horário de Funcionamento com Farmacêutico: ( )8H ( ) 12 H ( ) 24 H
A farmácia possui documentos sanitários atualizados? ( ) SIM ( ) NÃO
Se não, relacione quais estão em atraso e os motivos: _________________________________________________________________________
Produtos armazenados: ( ) Medicamentos ( ) Material Hospitalar ( ) Dietas Industrializadas ( ) OPME
Possui Farmácia Satélite? ( ) SIM ( ) NÃO
Assinale os setores onde estão localizadas as farmácia satélites:
( ) UTI Adulto ( ) UTI Neo Natal ( ) Centro Cirúrgico ( ) Emergência ( ) Hemodinâmica
( ) Outros: _________________________________________________________________________________
Possui estoque em setores não controlados pela farmácia (não considerar carros de parada)? ( ) SIM ( ) NÃO
Relacione os estoques não controlados pela farmácia:____________________________________________________
Houve ampliação ou melhorias na estrutura física da farmácia decorrente do processo de acreditação? ( ) SIM ( ) NÃO
Se sim, relacione o incremento: ________________________________________________________________________________________________
Houve aquisição de mobiliários ou equipamentos para guarda, conservação ou controle de medicamentos e demais insumos decorrente do processo
de acreditação?
( ) SIM ( ) NÃO
Se sim, relacione o incremento: ________________________________________________________________________________________________
Aponte com (X) todas as atividades desenvolvidas pelo serviço de farmácia. Adicionalmente, informe se estas atividades já existiam, foram
implementadas ou aprimoradas como consequência da acreditação, marcando a coluna correspondente. Naquelas atividades marcadas como
implementadas ou aprimoradas, sinalize se provocaram impacto na segurança, na eficiência do seu serviço ou em ambos.
121
Visão do serviço
Controle de Indicadores
Registro de não
conformidades
Tratamento de não
conformidades
Participação do farmacêutico em comissões
Comissão de Farmácia e
Terapêutica/ Padronização
Comissão de Controle de
infecção Hospitalar
Equipe multidisciplinar de
terapia nutricional
Grupo de gerenciamento
do risco
Grupo de Gerenciamento
de resíduos de serviços de
saúde
Avaliação de fornecedores
Cadastro de fornecedores
Programação de compra
Logística
Aquisição
Recebimento
Estocagem e guarda
Controle de estoque
Fracionamento Distribuição
Dose coletiva
Dose individualizada
Dose unitária
Sólidos orais
Sólidos não orais
Líquidos
Injetáveis
Fórmulas magistrais
Manipulação
Nutrição parenteral
Citostáticos
Avaliação Farmacêutica da
prescrição médica
Intervenção farmacêutica e
Farmácia Clínica
Reconciliação medicamentosa
Monitoramento do efeito de
medicamentos de maior
toxicidade/ risco
Farmacovigilância
Orientação para boas práticas
de administração de
medicamentos
Ensino Informação
CIM
Elaboração de Guia
Farmacoterapêutico
Estágio acadêmico
Cursos de Pós-Graduação
Participação em ensaios
Pesquisa
clínicos
Publicação de trabalhos
científicos
INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS ALIADAS A DISPENSAÇÃO
Aponte quais inovações tecnológicas aliadas a dispensação são empregadas pelo serviço de farmácia, identificando-as com um (X). Adicionalmente,
informe se estas inovações já existiam, foram implementadas ou aprimoradas como consequência da acreditação, marcando a coluna
correspondente. Naquelas inovações marcadas como implementadas ou aprimoradas, sinalize se provocaram impacto na segurança, na eficiência do
seu serviço ou em ambos.
APÊNDICE 3
___________________________________________
Assinatura
124
APÊNDICE 4
___________________________________________
Assinatura
125
APÊNDICE 5
Convidamos você a participar do projeto de pesquisa supracitado, cujo objetivo será analisar
os impactos do processo de acreditação na assistência farmacêutica, sob a perspectiva de
farmacêuticos e outros profissionais de saúde.
A justificativa deste estudo se fundamenta na crescente demanda por eficiência e
profissionalização nas farmácias hospitalares, fruto dos processos de acreditação, como garantia de
qualidade e segurança do serviço prestado.
Sua participação é muito importante e, portanto, será voluntária. Consistirá em responder a
um questionário e/ ou participar de dinâmica de discussões, cujo áudio e vídeo serão gravados.
Todas as informações serão confidenciais e tratadas de forma anônima e sigilosa. Alguns trechos,
obtidos na dinâmica, serão reproduzidos, sem que haja identificação do seu nome ou hospital onde
trabalha, a fim de preservar a sua identidade e privacidade.
Este estudo não oferece riscos ou desconfortos para você e não haverá prejuízos ou
punições, caso você se recuse a participar da pesquisa. Além disso, a qualquer momento, você
poderá retirar seu consentimento, deixando de participar do estudo.
Esterlita Bouças
Aluna do Mestrado Profissional em
Administração e Gestão da Assistência Farmacêutica
Declaração de consentimento:
APÊNDICE 6
Os itens, abaixo relacionados, dispõem sobre o Termo de Compromisso Grupal que deverá
conduzir as discussões e os encontros do GRUPO FOCAL realizado na pesquisa de tese
“IMPLICAÇÕES DO PROCESSO DE ACREDITAÇÃO PARA OS SERVIÇOS DE FARMÁCIA DE
HOSPITAIS PRIVADOS SOB A PERSPECTIVA DA QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA:
UM ESTUDO DE CASO”
Este termo assegura:
1. Respeito pela fala do outro, evitando deboches, críticas depreciativas, censuras ou
interrupções.
2. Liberdade de expressão, ao expor toda e qualquer ideia acerca do tema em foco, sem
receio de ser censurado ou avaliado quanto ao certo e ao errado, ao expressar opiniões
contrárias as do grupo.
3. Espaço para que todos possam falar, exercitando o ouvir e o esperar por sua vez de falar,
de maneira que todos expressem suas ideias.
4. Pontualidade para o horário de início e término do encontro.
5. Notificação ao moderador do grupo sobre qualquer desistência de participação nos
encontros, para que esta informe aos demais participantes.
6. Sigilo compartilhado entre todos os participantes do grupo, garantindo o compromisso
ético.
APÊNDICE 7
APÊNDICE 8
APÊNDICE 9