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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA)

LICENCIATURA EM HISTÓRIA (2020.4)

DOCENTE: ANNA MARIA ALVES LINHARES

DISCENTE: MIGUEL RAMOS DOS SANTOS COSTA

RESENHA CRÍTICA SOBRE O TEXTO “CONCEITOS E PRECONCEITOS EM


HISTÓRIA INDÍGENA”

ANANINDEUA-PA

2020
A obra de Marco Couto Henrique aborda pontos interessantes a respeito dos povos indígenas
e como nós, pessoas de fora de suas culturas diversificadas, observamos e analisamos esses
povos de maneira generalizada, como, por exemplo, falar que os indígenas vivem da caça e da
pesca, ou que os indígenas vivem em ocas. O principal ponto do autor no seu texto é tentar
mostrar e quebrar essa visão limitada da maioria das pessoas de que os indígenas são um povo
só, com uma única cultura e modos de viver, já que essa é uma visão que existe há muito
tempo em nosso cotidiano, essa visão de pensar que os nativos que aqui viviam antes da
chegada dos portugueses não tinham nenhuma distinção entre si, coisa essa que é vista no
texto de maneira totalmente diferente, já que o autor apresenta uma ampla gama de exemplos
mostrando o quanto esses povos são diversificados em muitos aspectos, mostrando que eles
podem viver em apartamentos, casas de tijolo, condomínios, moradias que as pessoas que
vivem no meio urbano também habitam, junto disso, esses mesmos povos podem apresentar
meios diferentes de suprir suas necessidades, podendo sim haver a caça e a pesca, mas
também eles podem ir ao supermercado comprar mantimentos. Pequenos exemplos como
esses já mostram que o dito “indígena” é bem mais do que a figura de um homem ou mulher
nua, de corpo pintado e que vive na floresta caçando e louvando aos deuses em que acreditam.
(essa sendo outra questão o autor apresenta no texto, generalização da religião desses grupos,
falando que esses cultuam ao deus Tupã, assim tendo um total descaso com a diversidade
religiosa que existe nesses grupos indígenas)

Outra questão levantada por Henrique é o preconceito, descaso e até mesmo esquecimento
que existe em cima desses povos, pois enquanto estes estão lutando pelo reconhecimento de
suas culturas, lutando para poder tornar oficial algum pedaço de terra que são deles por direito
e estão sendo invadidas por grandes latifundiários, as pessoas de fora passam a julgar eles por
inúmeras razões infundadas, taxando esses indígenas de preguiçosos, ladrões de terras que,
supostamente, eram para ser deles (do homem branco) e que essas terras estão sendo tomadas
em demasia, sem nenhuma necessidade, segundo essas pessoas desinformadas, já que não
existe tanto índio para esse grande amontoado de terra, ignorando totalmente as crenças,
culturas e modos de viver de cada grupo existente nas regiões paraenses. É visando a quebra
dessas visões antigas, preconceituosas e ignorantes que o autor finaliza o seu texto
enfatizando a necessidade de que os professores não devem mais pregar essa ideia
generalizada sobre o que é o indígena para os seus alunos e sim ensinar a respeito da
diversidade cultural que se faz presente entre esses grandes aglomerados étnicos que sim,
são diferentes de nós, mas que também são diferentes entre eles mesmos (os indígenas).
A obra de Henrique é bem construída, de fácil entendimento, bem exemplificada e levanta
questões que, ao mesmo tempo que são antigas, são atuais também, pois os indígenas estão
aqui muito antes de nós e eles continuam enfrentando esses problemas desde a época da
colonização.

O texto reforça o tempo inteiro a respeito da diversidade que existe no que diz respeito ao
índio, não sendo um grupo único, com uma única crença, um único modo de vida, e sim
vários grupos diversos que possuem suas próprias culturas e crenças, o que é um ponto muito
bom de ser analisado, pois vai puxar o leitor do texto para isso e torna-lo curioso para
conhecer mais sobre essa grande variedade cultural existente que, infelizmente, não é bem
aprofundada nas instituições de educação (escolas, tanto de ensino fundamental quanto
médio).

Também é importante ressaltar o que o autor fez no final de sua obra, dando orientações para
os profissionais da educação para direcionar os ensinos sobre esses povos de maneira mais
correta, respeitando a diversidade que existe entre eles. Essa atitude do autor pode vir a ajudar
na disseminação do fato que existe a diversidade indígena que muitos não conhecem e, junto
disso, pode vir a trazer maior reconhecimento para esses povos que vivem lutando por isso e
seus direitos na sociedade como nativos da mesma.

Concluindo, é uma excelente leitura para quem quer se informar a respeito dos indígenas, não
como uma entidade isolada, mas como uma grande rede de sociedades distintas que
apresentam conceitos, detalhes e culturas distintas, assim absorvendo-as no meio da leitura e
tornando assim o conceito de diversidade bem mais presente no vocabulário da população.
BIBLIOGRAFIA

COUTO, Márcio Couto. "Conceitos e pré-conceitos em História Indígena" IN Educação para


a diversidade: olhares sobre a educação para as relações étnico-raciais. COELHO, Wilma
de Nazaré Baía & VASCONCELOS, Ana Del Tabor (Orgs.), Belo Horizonte, Mazza Edições,
2010.

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