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AULA #11 - LEITURA DE NOVEMBRO


12 REGRAS PARA A VIDA
JORDAN B. PETERSON

Penúltima leitura desse ano, estamos encerrando o nosso Clube 2020,


e um dos livros pra fechar essa turma com chave de ouro tinha que ser
DESSE cara: Jordan Peterson. Eu tenho certeza que vocês estão
entendendo o que eu tô dizendo porque leram esse livro, viram o
quanto ele é essencial e sabem que eu não poderia ter escolhido nada
melhor. É especialmente complicado falar da importância do Peterson
na minha vida porque sua presença me transformou. Mesmo. O
primeiro contato que tive com ele foi num vídeo sobre dieta carnívora,
depois de uma conversa com uns amigos a respeito do assunto. O
Peterson é um entusiasta da dieta baseada em carne e meus amigos,
que queria me explicar melhor o assunto, me sugeriram esse vídeo. E…
olha… eu nunca imaginei que aquele homem que falava sobre a
importância de consumir carne vermelha fosse impactar no meu
amadurecimento enquanto ser humano. E esse vídeo foi a porta de
entrada para outras drogas. Comecei nele e depois fui pra outro,
depois outro e outro e outro e, quando percebi, eu já havia visto tudo,
ouvido tudo, lido tudo. E já era outra pessoa. Foi porque eu queria
muito que esse impacto que o Peterson teve na minha vida também
existisse também sobre a vida de cada um de vocês que eu trouxe
esse livro para o Clube. Engana-se profundamente quem olha pra
Jordan Peterson e acha que sua obra é um amontoado de auto-ajuda,
de frases de efeito. Essa obra, especialmente, é um estudo
interdisciplinar entre psicologia, antropologia, política e religião que
analisa as questões contemporâneas de maneira assertiva, clara e bem
humorada. Mas quem é esse cara? Quem é esse cara que se aproxima
do leitor enquanto traz episódios de sua vida para responder questões
valiosas a respeito da vida?

SOBRE O AUTOR:
Bom, deixa eu contar um pouco da história dele pra vocês. Peterson
nasceu em 12 de junho 1962, um geminiano daqueles, e cresceu em
Fairview, em Alberta. Formou-se em ciência política em 1982 e em
psicologia em 1984, ambos pela Universidade de Alberta. Em 1991,
concluiu doutorado em psicologia clínica da pela Universidade McGill.
Ele permaneceu na Universidade McGill, por dois anos antes de se
mudar para os Estados Unidos, trabalhando como assistente e
professor adjunto do departamento de psicologia na Universidade de
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Harvard, onde estudou a agressão decorrente de abuso de drogas e


álcool e a predisposição herdada ao alcoolismo de filhos de
alcoólatras. Um tema muito interessante. Em 1997, Peterson mudou-se
para a Universidade de Toronto e lá ficou como professor catedrático
até hoje. Como acadêmico, publicou mais de cem artigos científicos,
com mais de 10.000 citações e foi eleito pelos alunos da Universidade
de Toronto um dos três professores da instituição que “mudaram
vidas”. Sempre foi um acadêmico de primeiro nível, muitíssimo
respeitado. Em 2016, Peterson lançou uma série de vídeos em seu
canal do YouTube criticando uma proposta de lei que tratava de
mudança na gramática inglesa, a famosa linguagem inclusiva, que ele
ousou chamar de "compulsória e autoritária". Esses vídeos geraram
uma enorme polêmica e receberam uma significativa cobertura da
mídia. Mas ele explodiu mesmo na internet depois de um debate com
Cathy Newman, uma jornalista feminista que o entrevistou (vou colocar
o debate aqui na plataforma, vale MUITO a pena assistir). E ele sequer
imaginaria que essa “explosão” aconteceria. Peterson era somente um
pacato professor de psicologia, especialista na obra do psiquiatra
suíço Carl Jung e um leitor apaixonado do Nietzsche. Tinha escrito o
“Mapas de Sentido – A Arquitetura da Crença”, um livro gigantesco, de
leitura delicada, e foi desse sucesso na internet que Peterson escreveu
este livro que lemos, o “12 Regras Para a Vida”, um dos livros mais
vendidos no mundo. Peterson é muito mais que um psicólogo clínico,
um professor, um palestrante. Peterson é um mestre da vida. É
impossível ler sua obra e não se deixar tocar, refletir, repensar e
remodelar nossa vida. E, perdoem o meu francês, mas o mais foda do
Peterson é a sua garra pessoal para lutar pela vida. Não sei se vocês
sabem, mas em fevereiro desse ano Peterson foi internado em uma
clínica na Rússia para realizar um tratamento contra o seu vício em
benzodiazepínicos e uma constante ideia suicida que, segundo os
médicos, era um efeito colateral desse vício. Peterson entrou e crise e
passou a fazer o uso compulsivo desse medicamento quando a sua
esposa, Tammy Peterson, recebeu um diagnóstico de câncer. Isso foi
um bálsamo para a turminha da lacração que o odiava por seus
comentários incisivos e verdadeiros a respeito do politicamente
correto. Peterson recebeu milhares de comentários terríveis, mas que
foram insuficientes para derrotá-lo. Não conseguiram. Ele é muito
maior que isso e, hoje, ele está bem. Agora, vamos ao que realmente
interessa: quais são as 12 regras para a vida?

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INTRODUÇÃO:
Aaaaantes de começarmos, acho interessante explicar pra vocês como
surgiu a ideia de escrever esse livro. O “12 Regras para a Vida"teve
origem num programa de perguntas e respostas do site canadense
chamado Quora, onde o Peterson começou a escrever em 2012. Lá no
Quora, ele recebia perguntas como “Quais são as coisas mais valiosas
que todos deveriam saber?”

E, para essa pergunta, ele listou as seguintes regras:

“Seja agradecido, apesar do sofrimento”,

“Não faça coisas que você odeia”,

“Não esconda as coisas na neblina” e outras.

Os leitores gostaram bastante do que ele vinha escrevendo e até


mesmo os seus alunos na Universidade de Toronto vieram até Peterson
para dizer que tinham gostado. Só que tem mais: essa lista foi
visualizada por milhares de pessoas e, então, estavam abertas as
portas para as “12 Regras para a Vida”.

REGRA 1: Costas eretas, ombros para trás


A primeira regra é: “costas eretas, ombros para trás”. Vocês já devem
imaginar o que isso significa, mas a maneira com que o Peterson
explica é sensacional. Ele começa falando das lagostas e diz que esses
crustáceos interessantes e deliciosos nos oferecem muito em que
pensar. Seu sistema nervoso é relativamente simples, com neurônios,
as células mágicas do cérebro, grandes e facilmente observáveis, as
lagostas têm mais em comum com a gente do que a gente possa
imaginar. Essa observação da natureza das lagostas leva Peterson a
reler as ideias de evolução que para ele refletem em caos e
ordem. Como assim? A nossa postura física e a nossa atitude mental
podem ser fatores cruciais para trajetória de nossa vida e também para
nossos resultados. As lagostas, ancestrais comuns do ser humano,
vivem no planeta há mais de 350 milhões de anos — mais tempo do
que as árvores e os dinossauros. Essa sobrevivência, essa resiliência
das lagostas é estruturada em hierarquias que estão associadas a seu
sistema nervoso que possui um mecanismo amparado serotonina e
octopamina. Esse mecanismo, que também está presente no nosso
sistema nervoso, é o que capta o status do ser. Ou seja, quanto maior
for o nível de serotonina, maiores serão a confiança, as emoções
positivas e o status do indivíduo. E é partir dessa configuração natural
das hierarquias das lagostas que Peterson mostra que a formação de
hierarquias entre as pessoas não são construções sociais do
capitalismo ocidental, como muitos colocam; mas uma inevitável
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continuidade na forma como animais e seres humanos organizam suas


estruturas e, portanto, conseguem sobreviver.

Outro bom exemplo disso são as folhas. As folhas mudam mais


rapidamente que a árvore, e as árvores mais rapidamente do que a
floresta. É o caos dentro da ordem, dentro do caos, dentro de uma
ordem maior. Contextualizando isso para a nossa realidade, a realidade
humana e social, o nosso passado de fracassos pode mudar. O
bullying é um exemplo disso. Em algum momento, você é um perdedor,
mas não precisa continuar assim. Pode mudar. Se as circunstâncias
mudam, então você pode mudar. Esses ciclos de retorno positivo
podem certamente te impulsionar aí para a frente. Então Peterson
sugere que se a nossa postura for ruim, se estivermos sempre com as
costas curvadas, os ombros pra baixo, peito para dentro e a cabeça
baixa, você vai se sentir pequeno, derrotado e incapaz; se você se
apresentar como perdedor, as pessoas vão reagir negativamente e vão
te enxergar como um perdedor. Agora, se você começa a se alinhar, as
pessoas vão te olhar e vão te tratar de maneira diferente, então você
vai estar motivado, encorajado e fortalecido, e poderá trabalhar por sua
constância e melhora sempre. Essa é a lição da primeira regra: "levante
a cabeça, mantenha as costas eretas e os ombros para trás”.

REGRA 2: Cuide de si mesmo como cuidaria de alguém sob sua


responsabilidade

Eita… essa segunda regra é pedrada, hein? Essa é pedrada. Quando


Peterson sugere que devemos cuidar de nós mesmos como
cuidaríamos de alguém sob nossa responsabilidade, ele diz que todos
nós, quando nos tornarmos conscientes, compreendemos os sentidos
do Bem e do Mal. E é justamente essa compreensão não só sobre
aquilo que nos faz bem, mas, especialmente, sobre aquilo que nos faz
sofrer que faz toda a diferença na vida. Nós sabemos o que nos faz
sofrer, mas nós sabemos também que faz os outros sofrerem. Ou seja,
nós temos a capacidade de fazer conscientemente os outros felizes, o
que é ótimo, ou fazer os outros sofrerem, o que terrível. Como ele
mesmo diz, “ninguém entende melhor a escuridão do indivíduo do que
o próprio indivíduo.”

Peterson explica que essa ideia de que o sofrimento é um princípio


está presente em todas as doutrinas religiosas, no cristianismo, no
judaísmo e no budismo, assim como a qualidade de Bom, de bondade,
que foi concedida ao Homem e à Mulher originais.

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Peterson aponta que há algo de libertador quando você definitivamente


escolhe ser bom, e que talvez o livre-arbítrio tenha a sua importância
em algum sentido cósmico. Só que, mesmo escolhendo a bondade,
quando nos deparamos com a injustiça , a tragédia, o horror e a dor ou
somos vítimas de algo, a gente fica tentado a amaldiçoar… Deus. E
isso é um perigo, meu amigo, porque o Diabo mora nos detalhes.

Não é o fato de que a vida é difícil, dura, não é o nosso fracasso, nossa
amargura ou o ressentimento que motiva o mal; é justamente essa
dureza da vida ampliada pelo sacrifício rejeitado. Então, se revoltar
contra Deus, culpá-lo pelos nossos problemas, acaba se tornando o
caminho mais fácil e mais interessante. A história de Caim e Abel
representa isso. O erro exige sacrifício e ignorar a verdade por muito
tempo aumenta ainda mais a dívida. E, segundo Peterson, o único jeito
de descobrir no que você realmente acredita é examinando as suas
ações. Elas refletem mais precisamente suas crenças profundas do que
palavras soltas no ar. É por isso que dizemos que, para conhecer
alguém, é preciso olhar para o legado desse alguém, não apenas ouvir
o que diz. Além disso, a gente precisa lembrar os nossos erros. Isso
serve como uma ferramenta para que a gente imponha limites nas
nossas ações e não repita os erros do passado no futuro. Se não
tivermos essas limitações, se acreditarmos que podemos tudo, nós
nunca vamos encarar e superar os nosso vícios. Sem encarar nossos
vícios, não há história. Sem história não há o Ser. Cara… isso aqui é
um tesouro. Vocês conseguem perceber a importância disso? Então,
em resumo, é o seguinte… o mundo é dividido em três elementos: Um
deles é o caos. Outro é a ordem. E o terceiro elemento é aquilo que faz
a mediação entre os dois e que parece idêntico ao que as pessoas
modernas chamam de consciência. O caos é o domínio da ignorância,
é o que se estende, eternamente e sem limites. É o estranho, o
monstro debaixo da cama. Já a ordem, ao contrário disso, é o território
explorado. É a hierarquia de lugar, posição e autoridade com centenas
de milhões de anos. Quando tudo está definido, resolvido, então,
estamos em ordem.

Peterson é uma autoridade acadêmica e clínica na psiquiatria e é uma


referência no entendimento humano graças ao tipo de convívio que
tem com as pessoas. Ele diz: “Durante minha prática clínica, encorajo
as pessoas a darem crédito a si mesmas, e àqueles ao seu redor por
agirem produtivamente e com cuidado, assim como pela preocupação
e consideração genuínas que manifestam com os outros”. Ou seja,
todas as pessoas são falíveis, passíveis de erro. Todos estão
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destituídos da glória de Deus. Só que, se isso significasse que a gente


não tem a responsabilidade de cuidar de si como cuidamos dos outros,
todos seríamos punidos o tempo todo.

Ele diz, também: "Você é importante para outras pessoas, tanto quanto
para si mesmo. Você tem um papel vital a desempenhar no destino que
se desenrola no mundo. Você é, portanto, moralmente obrigado a
cuidar de si mesmo. Você deve cuidar, ajudar e ser bom consigo
mesmo da mesma forma que cuidaria, ajudaria e seria bom com
alguém que você ama e valoriza.”

REGRA 3: Seja amigo de pessoas que queiram o melhor para você


A terceira regra toca em um ponto que, certamente, é muito sensível a
todos nós aqui: a amizade. Ele vai dizer que as pessoas escolhem
amigos que não são bons por vários motivos. Às vezes, é porque
querem resgatar, salvar alguém. Isso é mais comum entre os jovens,
embora também aconteça com pessoas mais velhas.

Isso acontece porque elas pensam que “Nada mais justo do que ver o
melhor das pessoas. A virtude suprema é o desejo de ajudar.” Mas nem
todos que fracassam são vítimas e nem todos que estão no fundo do
poço desejam subir. Essa é a primeira lição. Pensa comigo: você vê
uma pessoa que não está bem. Ela precisa de ajuda. Ela até pode
querer a ajuda. Mas não é fácil distinguir entre alguém que
verdadeiramente quer e precisa de ajuda e alguém que está apenas
explorando alguém que está ali se mostrando disposto a ajudar. E fazer
essa distinção é complicado até mesmo para as pessoas que estão
querendo e precisando, e possivelmente até para aquela que está
explorando. A pessoa que tenta e falha, e é perdoada, e tenta e falha
novamente, e é perdoada, também é geralmente a pessoa que quer
que todos acreditem na autenticidade de todas estas tentativas.

Ou seja, antes de ajudar alguém, você deveria entender por que essa
pessoa está com problemas, o que, de fato, está acontecendo.

Você não deveria ver essa pessoa que precisa de ajuda como uma
vítima de exploração e injustiça. Naturalmente é o contrário disso. E se
você engolir a história de que tudo de terrível aconteceu do nada com
aquela pessoa, sem que ela tenha a sua responsabilidade, você nega a
essa pessoa toda sua capacidade de agir e fazer coisas por conta
própria no passado e, consequentemente, no presente e no futuro
também. E aqui ele diz uma coisa que pra mim é fantástica: se você
tem um amigo cuja amizade não recomendaria à sua irmã, ao seu pai
ou filho, por que teria você aquela amiga? E a resposta de muitas
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pessoas para essa pergunta é: porque eu sou leal. Mas lealdade não é
o mesmo que burrice. A lealdade deve ser negociada, justa e
honestamente. A amizade é um acordo mútuo. Você não não tem
obrigação moral nenhuma de ajudar alguém que está tornando o
mundo um lugar pior. E tem mais: as pessoas que gostam de você não
vão aceitar jamais que você não tenha ambições maiores na vida.
Aquelas que não gostam de você vão sentir prazer em ver que você é
inferior, então vão fazer de tudo para colocar vocês para baixo, vão
alardear as conquistas delas em vez de valorizar as suas conquistas.
Tenham isso em mente de maneira constante e carreguem essa lição
com vocês pra vida.

REGRA 4: Compare a si mesmo com quem você foi ontem, não


com quem outra pessoa é hoje

A quarta regra joga luz a uma coisa que, por muitas vezes,
esquecemos: o nosso foco deve estar em nós mesmos e na análise de
nossas próprias fraquezas, não no outro. Simplesmente porque,
quando nos comparamos ao outro, nós paramos de olhar para a nossa
história e olhamos para a história do outro, observando o que o outro
conquistou, mas esquecemos que nós não temos conhecimento do
que o outro precisou fazer para ter aquela vida, salário ou emprego.
Então a gente fica se perguntando “por que fulano ganha mais do que
eu?”, “porque o casamento de fulano dá mais certo que o meu?” e por
aí vai. Só que o que a gente precisa ter sempre em mente é que cada
pessoa tem uma vida diferente, dificuldades diferentes, percepções
diferentes, limitações e competências diferentes e consequentemente,
resultados diferentes. Por qual razão você ainda insiste em se
comparar com o outro? E tem uma coisa muitíssimo importante nisso
tudo: a ação humana, lei que nos rege, é baseada no fato de que
sempre tomamos decisões e fazemos escolhas pensando naquilo que
é melhor para nós. Esse prejulgamento faz parte da nossa psique. Mas,
por enxergarmos o mundo por uma ótica muito restrita, não
observamos coisas primordiais. Como por exemplo, que, muitas vezes
admiramos muito alguém que está no topo da nossa profissão ou que
está em uma condição social que queríamos estar e simplesmente não
não percebemos que temos uma família muito mais estruturada que a
dele. Ou que temos um casamento muito mais feliz. Ou filhos muito
mais inteligentes… Ou seja, você precisa assumir quem você é, mesmo
que isso pareça algo ruim, pode ser bom para algumas pessoas. Se
não fosse verdade, os anti-heróis não fariam tanto sucesso.

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A internet meio que potencializou isso com a exposição das pessoas,


né? É muito comum a gente ver ali no Instagram as pessoas mostrando
uma vida muito legal, divertida, um casamento perfeito, amigos, filhos
maravilhosos e a gente tende a achar que aquilo ali representa a
totalidade da vida daquela pessoa, então olhamos pra nossa vida, que
conhecemos a fundo, notamos as nossas fraquezas, as nossas falhas,
as nossas imperfeições e desafios e começamos a achar que somos
muito piores do que realmente somos, mas a verdade é que todos
somos meio bostas, mesmo. O problema é que comparamos a nossa
vida com parte da vida de alguém que sequer conhecemos
pessoalmente.

E aí, para que a gente consiga voltar os nossos olhos para as nossas
vidas, Jordan Peterson propõe uma forma de melhorar a vida
paulatinamente, determinando o seguinte objetivo: "ao final do dia,
quero que as coisas na minha vida estejam um pouquinho melhores do
que estavam essa manhã. Depois, você pergunta a si mesmo: o que eu
poderia fazer, e que eu realmente faria, que realizaria isso, e de que
pequeno prêmio eu gostaria como recompensa? Então você faz o que
decidiu fazer, mesmo que faça mal. Daí, você se dá a porcaria do café,
em triunfo.”

Peterson diz que três perguntas diárias são fundamentais para se


melhorar a vida: “O que está me incomodando?”, “É algo que posso
consertar?” e “Eu estaria de fato disposto a consertar isso?”. Portanto,
algumas pequenas mudanças são suficientes, como se dar um prêmio
ou pedir para alguém lhe dizer obrigado depois de boas atitudes. Pode
parecer bobo mas você não tem total controle sobre sua consciência
para ter certeza de que não funcionará. O foco não é não ter uma
utopia porque elas não funcionam, o foco é mirar alto e fazer pequenas
mudanças positivas para que no fim o resultado também seja positivo.

REGRA 5: Não deixe que seus filhos façam algo que faça você
deixar de gostar deles

Opa! Essa regra aqui, pra quem tem filhos, é uma verdadeira lição de
vida, isso porque, segundo Peterson, muitos pais negligenciam a
disciplina no relacionamento com os filhos, enquanto bancam os
justiceiros sociais. Ou seja, dizem que não devemos nos dobrar a
fascistas… mas obedecem tudo que o filho de 3 anos os obriga a fazer.

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E Peterson explica que existem inúmeros motivos biológicos para


existir algum favorecimento na hora da criação dos filhos, mas isso não
é consciente e pode ser ajustado. Quando a gente dá a atenção certa
para os nossos filhos, os tornamos mais abertos ao mundo, só que
isso deve ser feito da maneira correta. A gente pode aprender isso com
exemplos, e não nos tornando ressentidos ou invejosos quando vemos
outros pais dando uma educação melhor que a nossa.

Rosseau disse que o ser humano nasce bom, mas o meio o corrompia.
Ou seja, era o contato desse ser humano com uma sociedade egoísta e
a com a propriedade privada que o fazia mal. Mas a verdade é que
qualquer pessoa que conheça e conviva com crianças sabe que isso é
uma mentira, uma balela. O comportamento dessas crianças podem
ser iguais ou muito piores que o de adultos, o bullying é um exemplo.
Apenas moldando as crianças é que elas realmente evoluirão e se
tornarão bons adultos. Não tem outro caminho. O impasse surge
porque os pais têm medo de disciplinar seus filhos, já que não querem
perder a amizade deles. Isso é, sem dúvidas, uma péssima ideia e uma
postura que fará muito mal a eles no futuro. Pais não são amigos dos
filhos e não devem tentar ser. É claro que dizer isso não significa dizer
que eles não podem ter uma boa e amorosa relação. Mas é preciso
entender pais e amigos possuem funções completamente diferentes, e
até mesmo opostas. Um amigo compreende quando você erra. Um pai
repreende. Dá pra entender? Os pais que fazem isso, que invertem a
ordem natural das coisas, aleijam os filhos. O resultado disso é aquele
vimos em Podres de Mimados.

Disciplinar e Punir: essas são duas palavrinhas que assustam os pais e


os fazem sair correndo, mas elas são necessárias para se moldar o
comportamento e o caráter de uma criança. Dar bons estímulos é o
passo mais importante. Se, por exemplo, queremos que nosso filho se
torne mais participativo, então é necessário que o pai dê toda atenção
quando o filho que é mais introspectivo fala algo para ele. Caso
contrário ele terá todos os motivos para não repetir isso. Fugir de
disciplinar e punir é fazer o mesmo que a alegoria da Bela Adormecida,
em que ela prefere ficar inconsciente em relação a dura realidade. Se
isso não for feito pelos pais, que amam profundamente os seus filhos,
será feito por alguém mais duro no futuro. Se os pais não ensinam em
casa, a vida se encarrega de ensinar lá fora, mas sem o mesmo amor.

Eu lembro que já contei um pouco da minha mãe nos stories, mas não
sei se todos viram. Em resumo, dona Tânia não era bem um doce de
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pessoa, digamos, e pegava muito no meu pé. Minha mãe era muito
rígida com a nossa disciplina, minha e do meu irmão. Era tudo preto no
branco, sabe? E por mais que, naquela época, quando era criança, eu
odiasse mortalmente essa postura dela, hoje eu sou infinitamente
grata. Foi justamente essa rigidez na disciplina, essa certeza de que ela
precisava ser minha mãe e não minha coleguinha, que forjou o meu
caráter. Lembro que, sempre que ela repreendia algo que eu fazia de
errado, ou não me deixava ir a algum lugar, eu chorava e ela dizia: “é
melhor você chorar porque ouviu um não do que eu chorar porque te
disse sim”. É claro que, enquanto criança, eu não conseguia
compreender o peso, a importância dessa frase, mas hoje eu entendo
como ouvir isso foi importante para a construção da pessoa que sou
hoje.

Peterson explica que a força que devemos usar para disciplinar as


crianças deve ser mínima. Uma conversa por vezes não é suficiente.
Dizer para elas que elas devem se comportar de uma forma que sejam
agradáveis ao lado de outras pessoas pode surtir efeito em crianças
mais espertas, mas em algumas mais rebeldes, uma ação física deve
ser necessária. Não sei vocês, mas eu era exatamente essa criança
rebelde e apanhei bastante. Dizer que a punição física não se justifica
ou que bater em filhos só alimenta violência são duas mentiras. A
punição física é necessária em várias escalas da vida humana, mas se
não for feita por um pai amoroso que quer o melhor para o seu filho,
será feita, no futuro, por um policial revoltado. Sem uma postura adulta,
inteligente e firme da parte dos pais, as crianças cresceram achando
que adultos “falam demais” e não devem ser ouvidos nem respeitados.
Por outro lado, se muitas regras são impostas, elas perdem valor.
Assim como tudo na vida, pra isso também existe um meio termo.

Ou seja, limitar as regras, usar a força mínima, manter uma família


estruturada é o caminho mais seguro para educar uma criança. Não
tenha medo dos conflitos ou das chateações. Uma criança que cresce
sem direção, sem instrução, sem alguém pra lhe impor limites e lhes
dizer o que é e o que não é certo compromete o arranjo de toda a
sociedade. Se você quer um mundo melhor, crie bem os seus filhos.

REGRA 6: Deixe sua casa em perfeita ordem antes de criticar o


mundo

Essa regra aqui é aquela regra que a gente tem vontade de mandar
imprimir em grande escala e sair colando pela cidade, né? Afinal,
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quantas pessoas não estão por aí muito mais preocupadas em criticar


o mundo, em querer transformar o mundo, mas são incapazes de
sequer arrumar a própria cama quando levantam de manhã? Pois é.

E olha… a vida é muito dura de verdade. Todos nós estamos fadados a


sentir dor e programados para sermos destruídos em algum momento.
O sofrimento, muitas vezes, é resultado de um erro pessoal, de uma
cegueira voluntária ou de escolhas ruins. Nesses casos, quando o
sofrimento aparenta ser imposto a si mesmo, pode até parecer justo.

As pessoas têm aquilo que elas merecem, você pode dizer. Isso é um
triste consolo, mesmo sendo verdade. Só que, às vezes, se aqueles
que estão sofrendo mudassem seu comportamento, sua vida se
desenrolaria menos tragicamente. Acontece que o controle humano,
nosso controle sobre a vida, é limitado. Mas não é porque as pessoas
sofrem devido às condições que fogem do seu controle que acabam
caindo num niilismo destrutivo. O próprio Nietzsche dizia isso. Uma
pessoa pode aprender a ser alguém melhor por causa dessa condição.
Se não fosse dessa forma, se, por exemplo, todas as pessoas que
sofreram abusos também se tornassem abusadores, a humanidade
não existiria. Teria acabado. Mas se não somos os arquitetos da nossa
própria fragilidade, quem é? Peterson fala aqui sobre Alexandre
Sojenitsin, um senhor que sofreu tanto no regime de Stalin quanto no
de Hitler. Ele tinha todos os motivos para questionar a estrutura da
existência quando foi aprisionado num campo de concentração
soviético em meados do século XX. Ele foi preso, surrado e lançado à
prisão pelo próprio povo. Depois foi acometido por um câncer. Esse
homem, assim como Viktor Frakl (autor que leremos no próximo mês),
poderia ter criado um grande ressentimento e amargura, afinal, a sua
vida foi aterrorizada por Stalin e por Hitler, dois dos piores tiranos da
história. Mas ele não permitiu que sua mente se voltasse para esses
sentimentos. Ele encontrou pessoas que se comportavam de maneira
nobre sob circunstâncias horríveis. Sojenitsin escreveu Arquipélago
Gulag e contou a história do sistema soviético de prisão em campos de
trabalho forçado.

Peterson sugere que a gente arrume a nossa vida e diz que podemos
começar com pouco, aproveitando as oportunidades que nos são
oferecidas e assumindo as responsabilidades, afinal, nós sabemos o
que é errado. Fazer a falar apenas coisas que você teria orgulho que os
outros soubessem é um bom começo para não tomar atitudes erradas
e destrutivas.

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REGRA 7: Busque o que é significativo, não o que é conveniente

Essa regra é muito, muito clara. Peterson diz:

“Mire alto. Preste atenção. Conserte o que puder consertar. Não seja
arrogante com o próprio conhecimento. Empenhe-se em ser humilde,
porque o orgulho totalitário se manifesta na intolerância, opressão,
tortura e morte. Considere a parte sanguinária do próprio espírito antes
de ousar acusar os outros e de tentar consertar a estrutura do mundo.
Talvez a falha não esteja no mundo. Talvez ela esteja em você. E acima
de tudo não minta. As mentiras levam ao Inferno. Foram as mentiras
grandes e pequenas dos estados nazistas e comunistas que
produziram a morte de milhões de pessoas. Faça disso um axioma:
com o melhor das minhas habilidades agirei de forma que alivie dor e
sofrimento desnecessários.”

É pesado e muito profundo isso aqui. É uma reflexão sobre o controle


dos nossos impulsos mais urgentes, sobre sacrifício. No começo da
raça humana, quando era necessário guardar alguma comida para os
próximos dias, por mais que isso fosse contraintuitivo na época, os
humanos guardavam, porque precisavam sobreviver e precisam manter
a sobrevivência dos outros. Isso é o que se entende por sacrifício.

A história do deserto em que Cristo encontra Satanás significa que Ele


é eternamente aquele que se determina a assumir a responsabilidade
pela total profundidade da depravação humana. Ele refuta todas as
argumentações do diabo, que só fala de comportamentos
contingenciais como a fama ou fome. Mas sem os elementos
transcendentais da ética que Jesus defende ali, o pão não terá valor
nenhum. Afinal, a salvação não se obtém através das obras, mas da fé.

Nietzsche foi um grande crítico do cristianismo, disse que "Deus estava


morto". Suas várias críticas eram sobre essa morte de Deus, sobre a
remoção do verdadeiro fardo moral do cristianismo. E olhem o
problema: foi isso que abriu precedente a várias ideologias assassinas
do século XX, como o nazismo e o comunismo que Peterson citou.

Ele diz que, pra gente se redimir do mal que é inerente aos seres
humanos, precisamos focar em aliviar dor e sofrimento desnecessário.
Afinal, fazemos parte da estrutura sanguinária do mundo, é nosso
papel lutarmos contra isso, lutarmos contra o nosso mal antes de lutar
contra o mal no mundo, pois nós somos ele.

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REGRA 8: Diga a verdade. Ou, pelo menos, não minta

Peterson começa essa regra contando a sua experiência pessoal. Ele


diz: “Percebi nitidamente que quase tudo o que dizia não era verdade.
Tinha razões para dizer aquelas coisas: queria vencer os debates,
ganhar status, impressionar as pessoas e conseguir o que queria. Eu
estava usando a linguagem para forçar o mundo a me dar o que
achava que era necessário. Só que assim eu era falso. Quando percebi
isso, comecei uma prática de apenas dizer coisas, às quais a voz
interna não se oporia. Comecei a praticar dizer a verdade.”

Isso é muito curioso. Quando a gente mente, a gente está usando as


palavras para manipular o mundo, para que ele nos dê o que
queremos. Então a gente distorce a realidade. Isso é o que todos fazem
quando querem alguma coisa e decidem falsificar a si mesmos para
agradar e lisonjear. Mas viver na verdade e na responsabilidade por si
mesmo pode ser difícil, é normal que as pessoas se sintam voltadas a
querer um apoio ou a ilusão, mas isso não faz com que elas melhorem.

Acreditar nas tradições pode ser uma boa saída, deixar de lado os
objetivos e ideologias que levam sua vida para trás e acreditar no que
foi confirmado pelo ônus do tempo também é uma atitude de coragem.
Por mais que Peterson se denomine um liberal, liberal clássico, esse é
um princípio Conservador, hein? Saber que as coisas mudam com o
tempo e que devemos agir com coragem mediante a essa contingência
é entender como a realidade funciona. Viver na mentira traz um
resultado final desvinculado do que é certo. Por outro lado, dizer e viver
a verdade pode ser a solução simples para muitos dos nossos
problemas.

REGRA 9: Presuma que a pessoa com quem está conversando


possa saber algo que você não sabe

Peterson diz que a psicoterapia não é simplesmente ouvir conselhos, a


psicoterapia é uma conversa autêntica. E, numa conversa autêntica, é
impressionante o que as pessoas lhe dizem quando você está disposto
a ouvir. Ele conta a história de uma paciente que achava que tinha sido
estuprada 5 vezes. Ela era uma mulher totalmente perdida dentro de si,
e mediante a várias ideologias ele poderia ter dado conselhos, mas se
ateve a escutá-la pois era o necessário para ela se conhecer melhor.
Ela devia perceber que era protagonista do próprio drama e não
apenas uma coadjuvante na vida de alguém. Ela era o "pálido
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delinquente" de Nietzsche, a pessoa que em um momento ousa violar


a lei sagrada e em seguida se recusa a pagar o preço. Às vezes,
quando realmente ouvimos, as pessoas nos dizem até mesmo o que há
de errado com elas. Às vezes, até nos dizem como pretendem corrigir
isso. E, às vezes, isso as ajuda a corrigir algo de errado consigo
mesmo. Olha que incrível isso.

Agora, pega essa dica: uma forma de contra-argumentar com alguém


num debate é resumir o que a própria pessoa está dizendo, nesse
caso, muitas fazendo a própria pessoa perceberá que seus pontos
estão realmente errados, se tornando uma pessoa mais inteligente por
aprender com alguém que sabe mais que ela.

Bom, as pessoas por vezes se posicionam nas conversas apenas para


se mostrarem superiores a alguém. Elas rebaixem, usam evidencias
seletivas e tentam impressionar os outros com lógicas simples de
entender. Quando você deixa de tratar os outros como plateia, mas sim
como indivíduos numa conversa, você consegue expor melhor suas
ideias e consegue ouvir as ideias dos outros. Dessa forma, todos se
movem na direção de algo novo, mais amplo e melhor. Todos mudam,
se transformam, e deixam as velhas presunções pra trás.

REGRA 10: Seja preciso no que diz


Quando olhamos o mundo ao nosso redor, percebemos apenas o
suficiente para que nossos planos e ações funcionem e para que
possamos enfrentar uma situação específica. Dessa forma, o lugar
onde estamos naquele momento presente é “suficiente”. Essa é uma
ideia funcional, inconsciente e radical do mundo – e é quase impossível
não confundirmos essa visão com a realidade.

Só que aquilo que a gente vê não está simplesmente no mundo, eles


existem numa relação recíproca, complexa e multifuncional, e não
como objetos independentes. Para explicar isso, Peterson usa o
exemplo de uma folha numa arvore e diz que ela só existe devido a
toda estrutura que a mantêm. Passado algum tempo, essa folha
deixará de ser útil. Ou seja, nós não percebemos os objetos, mas a sua
utilidade e, ao fazer isso, nós os tornamos simples o suficiente para
uma compreensão satisfatória. É por isso que devemos ser objetivos
em nosso propósito. Sem essa objetividade, a gente se afoga na
complexidade do mundo. Quando a gente identifica as coisas com
atenção e com cuidado, a gente simplifica. A gente torna essas coisas
específicas e úteis, e reduz sua complexidade. Se a gente deixa as
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coisas indefinidas, nunca vai saber o que é uma coisa ou outra. Tudo
vai se misturar com todo o resto.

O mesmo acontece com os nossos problemas. Quando temos poucos


problemas ou problemas pequenos, simples de resolver, a gente
sempre acha que eles são maiores do que são, portanto é fundamental
essa precisão sobre qual é o tamanho verdadeiro desse problema.
Esse é o primeiro passo para resolvê-lo. Se ele for pequeno, trate-o
como um problema pequeno. Se for realmente grande, trate-o como
um problema grande. Ter noção de qual é sua situação exata que você
precisa enfrentar, de onde está e de onde quer chegar, é a única
maneira de ter energia suficiente para resolver o que precisa ser
resolvido.

Quer dizer, a lição que fica dessa regra é a seguinte: a precisão é um


instrumento e uma virtude. Faça uso dela.


REGRA 11: Não incomode as crianças quando estão andando de
skate

Ahhh, eu amo essa regra. É a minha preferida. Quem aqui nunca viu um
grupinho de meninos andando de skate na rua, fazendo um monte de
manobra radical, perigosa e que pode derrubá-los no chão e causar
ferimentos? Pois é. Só que, ao lado desses garotinhos ousados no
skate, tem sempre um outro grupo, que é o grupo do: “para com isso,
menino, isso é perigoso.” Mas esses moleques continuam andando no
skate, sem desistir, mesmo com alguns machucados aqui e ali. Isso
acontece porque as pessoas, incluindo as crianças (que também são
pessoas), não buscam minimizar os riscos, mas otimizá-los. O que é
que isso significa? Significa que elas dirigem, andam, amam e brincam
para que alcancem o que desejam, mas ao mesmo tempo se desafiam
um pouco, também, para que continuem se desenvolvendo. Isso é
fundamental pra evolução humana. É claro que homens,
principalmente, cedem a alguns exageros. Lembrei agora do Darwin
Awards, um prêmio que é dado as pessoas que morreram fazendo as
coisas mais estúpidas que vocês podem imaginar. É muito engraçado.
Pesquisem aí depois.

Mas, voltando ao que interessa, Peterson também aborda nessa regra


a tentativa insana de tornar os meninos iguais às meninas, porque
essas pessoas que fazem isso acreditam piamente que as
características dos gêneros são construções sociais e as meninas
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deveriam se tornar mais agressivas, enquanto os meninos deveriam se


tornar mais sensíveis. Essas pessoas insistem nisso porque juram que
o mundo seria muito melhor se os meninos fossem socializados como
as meninas, mas isso é uma bobagem. Aqueles que defendem essas
teorias de ideologia de gênero, presumem, antes de tudo, que a
agressividade é um comportamento aprendido, e assim poderia
simplesmente não ser ensinado, e segundo (usando um exemplo
específico) que meninos ser estimulados a desenvolverem qualidades
socialmente positivas, como delicadeza, sensibilidade emocional,
cuidado e atenção, apreço pela estética e cooperação. O problema é
que essas pessoas ignoram a nossa natureza. Elas acham que a
agressão somente será reduzida quando os adolescentes e jovens do
sexo masculino “adotarem os mesmos padrões de comportamento
tradicionalmente incentivados para as mulheres”. Mas Peterson explica
que, primeiro, que não é verdade que a agressividade é simplesmente
aprendida. A agressividade existe desde sempre e ela tem a sua
importância. Dentro dessa lógica, parece que um subconjunto de
meninos de dois anos (cerca de 5%) é bastante agressivo por
temperamento. Eles tomam os brinquedos de outras crianças, chutam,
mordem e batem. Contudo, a maioria está efetivamente socializada aos
quatro anos. Isso, porém, não se deve ao fato de terem sido
encorajados a agir como garotinhas.Mas ao contrário, eles são
ensinados a integrar suas tendências agressivas em rotinas
comportamentais mais sofisticadas, ou seja, eles são educados a
manterem a agressividade sob controle.

Peterson toca aqui nessa regra num tema muito caro, mas muito
delicado. Ele diz que as mulheres querem homens que tenham
desempenhos melhores que os seu nas áreas que lhes são
importantes. Elas, em geral, não trocam o cuidado com a família por
um trabalho, que para porque isso não lhes preenche emocionalmente,
ao contrário do que acontece com os homens. O mercado de trabalho
não tá nem aí pra essas diferenças. Ele quer que a pessoa faça o que
tem que fazer e pronto, mas isso é um problema para algumas
mulheres, principalmente aquelas com filhos pequenos. Desse modo, o
casamento, ao contrário do que defendem as feministas, se tornou um
luxo, curiosamente a "instituição opressora e patriarcal" é propriedade
apenas dos próprios tiranos.

Peterson também fala aqui da importância de um pai na vida das


crianças e da mãe. Sem um pai, as crianças tem quatro vezes mais
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chances de serem pobres, serem ansiosas, abusarem de drogas e


cometer suicídio.

Bom, homens agem de forma grosseira uns com os outros para


desenvolverem a dominância entre os membros do grupo, mas
também, em parte, para ver o que o outro fará se submetido ao
estresse social. Sem isso, é impossível confiança mutua. Se, por
acaso, a docilidade e a inofensividade se tornam as únicas virtudes
aceitáveis, então a severidade e a dominância começarão a exercer um
fascínio inconsciente. Em parte, o que isso significa para é que, se os
homens forem obrigados a se feminilizar, eles se interessarão cada vez
mais por ideologias políticas severas e fascistas. Isso exemplifica o fato
de que os homens fracos são muito mais assustadores que os fortes.

Nas palavras do próprio Peterson, "se você acha que um homem durão
é perigoso, espere até ver do que são os homens fracos."

Ou seja, pelo amor de Deus, não incomode as crianças quando


estiverem andando de skate.

REGRA 12: Acaricie um gato ao encontrar um na rua

Essa é a última regra desse livro e Peterson começa dizendo que gosta
de cães, como o seu, que se chama Sikko. Ele faz isso que é pra não
afastar r os proprietários de cães, já que essa regra fala sobre gatos.
gatos. Ele diz: “Estou descrevendo meu cão em vez de escrever
diretamente sobre gatos, porque não quero entrar em conflito com um
fenômeno conhecido como ‘identidade social’, descoberto pelo
psicólogo Henri Taifel.” Os estudos de Taifel demonstraram duas
coisas: a primeira, que as pessoas são sociais; a segunda, que as
pessoas são antissociais. São sociais porque gostam dos membros do
seu grupo. E são antissociais porque não gostam dos membros de
outros grupos. A razão disso te sido estudada continuamente. Pode ser
assim por causa causa da tensão que existe entre a cooperação e a
competição, duas coisas que são social e psicologicamente desejáveis.

A cooperação serve para a segurança, proteção e companheirismo. A


competição serve para o crescimento pessoal e para o status.

A ideia de que a vida é sofrimento é um princípio, de uma forma ou de


outra, em todas as doutrinas religiosas. Os budistas falam disso
abertamente. Os cristãos falam disso abertamente e o representam
com a cruz. Os judeus homenageiam o sofrimento suportado ao longo
dos séculos. Ou seja, de acordo com essas religiões, os seres
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humanos são frágeis e o sofrimento é uma coisa da qual não dá pra


fugir. A melhor forma de lidar com seus problemas, com esse
sofrimento, e não se entregar a ansiedade, é dedicando um tempo "X"
para eles. O nosso cérebro está mais interessado em traçar um plano
para lidar com o problema do que com a solução em si. E, talvez,
quando estiver caminhando na rua, com a cabeça cheia de problemas
a serem resolvidos, se encontrar um gatinho, preste atenção nele e
então terá um lembrete durante apenas 15 segundos de que a
maravilha do Ser pode compensar o sofrimento que o acompanha de
modo inseparável.

Faça um carinho nesse gato.

Encerramento

Pra encerrar esse fantástico livro, essa sessão de terapia com ninguém
mais, ninguém menos que Jordan Peterson, ele vai dizer que discutir
com uma pessoa pode ser uma luta sem sentido para mostrar que está
certo, mas a paz verdadeira só existe quando se encontra a solução, e
isso não tem relação com o fato de você estar certo ou errado. Só
quando você tem noção de que tanto você como a outra pessoa são
dois idiotas é que a humildade necessária aparecerá.

Algumas questões são fundamentais para entendermos o nosso futuro.


"O que farei amanha? No ano que vem? O que farei da vida?" E você
pode até não ter ainda a resposta essas perguntas, mas deve saber
que precisa fazer o bem e mantê-lo.

É tendo consciência da nossa limitação que conseguiremos, aos


poucos, crescer como seres humanos e resolver os problemas a nossa
volta. É só assim que conseguimos, também, ser uma fonte de força
para os outros em seus momentos de dificuldade. Não ser a causa de
seu próprio inferno e manter seus princípios, por mais que a multidão
tente menosprezá-los, é uma luz no meio da sua escuridão e na
escuridão dos outros.

Êta, pauleira! Que livro, senhores! Que livro.

Essa é aquela leitura que, quando você acaba, respira fundo, toma um
café e passa 3 meses refletindo sobre o que leu. Entenderam a razão
desse livro estar aqui? Entenderam por que o escolhi? Esse livro é
necessário. É necessário para entendermos por que algumas pessoas
se deleitam com a própria inveja e ressentimento, enquanto outros
fazem um esforço para serem pessoas melhores.

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É isso, meus jovens. Se vocês pensam que esse livro foi pesado, que
foi um soco na nossa cara, esperem até ver o que Em Busca de
Sentido nos reserva! Hahahaha.

Beijos, fiquem com Deus, e vamos para a nossa última leitura.

Só não fico tão triste de saber que nosso clube tá acabando porque o
próximo tá logo aí e eu tenho certeza que verei todos vocês lá de novo.

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