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TERMINOLOGIA DO ÓRGÃO PÚBLICO DO PODER

L E G I S L AT I V O D O T O C A N T I N S

Jackeline Arruda Lima¹

Resumo: O Poder Legislativo como órgão coletivo ou órgãos coletivos


apresenta terminologia as quais caracterizam a língua de especialidade dentro
da área legislativa. A terminologia busca uma normalização de diálogos
específicos de uma profissão a fim de eliminar ambiguidades. Logo, objetiva-se
nessa pesquisa identificar e definir os termos técnicos legislativos utilizados no
Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Tocantins (AL-TO). A
metodologia escolhida, com vistas a estabelecer um repertório terminológico
para uso prático, foi uma pesquisa qualitativo-descritiva em duas vertentes:
terminologia na área de especialidade e as relações semântica entre os
conceitos dos termos com sinônimos. Como resultado confeccionou-se um
repertório terminológico.
Palavras-chaves: Terminologia. Área de especialidade. Poder Legislativo.

1. Introdução
Neste artigo será apresentado a terminologia do órgão público do Poder
Legislativo do Tocantins, a Assembleia Legislativa, compostos de membros
eleitos pelo povo destinado a exercer a função de legisla. O estudo teve como
objetivo principal compreender a organização administrativa desse órgão,
analisando os termos principais do seu Regimento Interno, documento que
prescreve as diretrizes a serem seguidas e como deve ser a postura do
Deputados dentro da Assembleia Legislativa, além de outras doutrinas que são
destacadas. A pesquisa buscou selecionar, descrever e analisar os termos
técnicos: Ad referendum; Ad Nutum; Escusa; Escrutínio; Processo Legiferante;
Quórum; Vacância que foram extraídos do documento interno da Assembleia
Legislativa do Tocantins. No decorrer do estudo, procura-se responder quais os
conceitos desses termos no contexto legislativo e qual a importância de serem
usadas nessa área de especialidades e consequentemente porque outras
palavras não podem ser utilizadas no lugar desses termos.
Esta pesquisa foi embasada principalmente nos aportes teóricos de Pavel
e Nolet (2002) com o Manual de Terminologia e Silva (20110 que traz
abordagens sobre sinonímia no Boletim da Academia Galega da Língua
Portuguesa.
No texto prevalecem pesquisas qualitativas, como análise documental,
bibliografica e descritivo, sendo que, para definição do corpus em análise, foi
realizada uma pesquisa documental no Regimento Interno da AL-TO, pesquisa
1-Graduanda em Licenciatura em Letras- Habilitação em Língua Portuguesa pelo Instituto
Federal do Tocantins – IFTO, Palmas (TO).
bibliográfica de dicionários com termos técnicos utilizados nessa área e também
foi realizado pesquisa de outros documentos que abordam sobre assuntos
semelhantes e de aportes teóricos para embasamento da pesquisa. O estudo
ainda adotou alguns métodos de uma pesquisa terminológica, como
levantamento de dados, organização dos dados, exemplificação de uso dos
termos no Regimento Interno da AL-TO.

2. Brasil: uma Federação composta por entes federativos

O Estado brasileiro constituído pelo povo, território e governo soberano é


uma federação por possui uma grande dimensão continental, sendo mais de 8,5
milhões de km², o equivalente a 92 vezes o território de Portugal. Nesse sentido,
a organização administrativa pública do Estado somente é possível por meio da
divisão de responsabilidades e competências aos diferentes entes federados, as
entidades políticas ou estaduais, sendo eles, a União (representada pelo
presidente da república), os Estados-membros, o Distrito Federal e os
Municípios, os quais são autônomos, isto é, possuem um conjunto de
competências ou prerrogativas garantidas pela constituição que não podem ser
abolidas ou alteradas de modo unilateral pelo governo central.
O nosso país possui um governo republicano, no qual o povo exerce a
sua soberania diretamente por meio do plebiscito ou da iniciativa popular ou
indiretamente pelas eleições de representantes políticos, ou seja, trata-se de
uma democracia semidireta, diferentemente de países monarcas em que apenas
um só governa. Sob essa perspectiva, o povo exerce seu poder por meio do
sufrágio, voto em eleições, delegando seus representantes para exercerem os
Poderes Públicos (Legislativo; Executivo e Judiciário) do Estado, assim como
está escrito no artigo 1⁰ da Constituição de 1988.
Por conseguinte, essa ideia da tripartição do Poder vem do teórico da
Revolução Francesa Montesquieu que vigora nos Estados Democráticos. Desse
modo, um Poder limita a atuação do outro de forma a manter um constante
equilíbrio visando sempre o interesse público, possuem função precípua e não
exclusiva em que um pode exercer a função do outro. O Poder Legislativo
elabora as leis, função normativa, o Executivo aplica as leis, função
administrativa, e o Judiciário aplica as leis de forma coativa, função judicial.
Vale ressaltar, que os três poderes do Estado devem atuar para o
cumprimento dos objetivos fundamentais da República Brasileira, definidos na
lei de maior hierarquia, Lei Maior, a Constituição Federal de 1988:

Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do


Brasil: I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – garantir o
desenvolvimento nacional; III – erradicar a pobreza e a marginalização
e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV – promover o bem
de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação. (Brasil, 1988).

Assim, a Constituição é a reunião de todos os valores supremos de um


Estado, instituída para regular a atuação governamental, as relações jurídicas
existentes na sociedade, bem como proteger os indivíduos de abusos de poder
público.

3. Assembleias Legislativas: Poder Legislativo no nível estadual

Como foi abordado anteriormente, o Estado brasileiro possui uma divisão


para que seja alcançada uma organização administrativa pública da nossa
República. Sob esse viés, uma entidade política, como um estado, possui órgãos
que integram a sua estrutura como por exemplo Assembleia Legislativa, e
consequentemente nas Casas Legislativas precisamos de representantes, para
isso elegemos por meio das eleições os Deputados estaduais do nosso estado
a cada quatro anos, junto com as eleições para presidente.

Poder Legislativo é, pois, o órgão coletivo (ou conjunto de órgãos


coletivos) compostos de membros eleitos pelo povo destinado Brasília a.
47 n. 187 jul./set. 2010 139 a exercer a função de legislar e outras que a
doutrina costuma destacar. (SILVA,2010, p. 138-139)
O Poder Legislativo é responsável pela criação das regras de convivência
em nossa sociedade. São os Deputados estaduais que fiscalizam membros do
executivo como o Governador do estado para saber se ele tem cumprido seu
papel e se o poder público tem aplicado adequadamente os recursos públicos,
sempre observando a lei (essa última tarefa é desempenhada com a ajuda do
Tribunal de Contas estadual).
Dentro das Casas Legislativas (Assembleia Legislativa) dos estados,
formam-se comissões permanentes que subsistem através da legislatura
(período de quatro anos) e temporárias, órgãos do Poder Legislativo, compostas
por Deputados. São essas comissões que propõem e discutem entre si sobre os
projetos de leis a serem criados, cada comissão tem objetivos específicos, assim
iram defender aquilo no que acreditam ser o melhor para a população local.
Destarte, cada Assembleia Legislativa possui seu próprio Regimento
Interno que é embasada nas leis da Constituição Federal. Nesse sentido, o
documento do Regimento Interno apresenta as diretrizes sobre como deve
proceder a posse dos Deputados, como se formam as comissões, como deve
ser a Administração e Economia interna, etc., garantindo assim que haja uma
organização na estrutura do Poder Legislativo no âmbito estadual, assim como
há no nível Federal e Municipal.

4. O Latim e a Questão Terminológica

O Latim é uma língua que surgiu entre 5.000 e 2.000 a.C, faz parte da
grande família do indo-Europeu. A partir do Latim outras línguas surgiram as
línguas românicas, especialmente a partir do Latim Vulgar, expressão utilizada
para designar as pessoas menos cultas que falavam o Latim e
consequentemente o diferenciava do Latim Clássico falado pela elite da época.
As principais línguas românicas ou neolatinas são: catalão, espanhol,
francês, italiano e português. Todas elas possuem traços do Latim Vulgar em
sua estrutura linguística e “na maioria das vezes, esses traços, por já terem sido
incorporados ao uso escrito, sequer levantam a dúvida quanto à sua origem.”
(OLIVEIRA, 2015, p. 3). Assim sendo, muitas palavras são empregadas
normalmente como vocábulos da Língua Portuguesa (OLIVEIRA, 2015, p. 3).
Sob essa perspectiva, nesse projeto também será possível perceber ao
longo das análises dos termos que ainda prevalece o uso de palavras e/ou
termos latinos que questionam a afirmação de que o Latim seja uma língua
morta. Esse aspecto relacionado com o estudo terminológico demonstrará que
o uso mantém vivas e funcionais determinadas estruturas latinas (OLIVEIRA,
2015, p. 9). Nesse sentido, é valido considerar a seguinte citação sobre o
trabalho terminológico:
Não se admite uma terminologia que não leve em conta as dimensões
históricas e diacrônicas da língua sobre a qual se trabalhe. A
terminologia contemporânea não surge do vazio. Suas bases são
estruturadas pela história: a história de cada língua formata e caracteriza
seu léxico, sua semântica, sua morfologia, sua lexicografia moderna.
Nenhum comportamento linguístico, geral ou profissional, escapa à
história, nem à sociedade que construiu a história (BOULANGER, 1995,
s/p apud OLIVEIRA, 2015, p. 9).

5. Terminologia: línguas de especialidades

A palavra Terminologia vem do latim Terminu (termo) e Logia (estudo),


sendo assim, uma disciplina linguística que tem por objeto de estudo os termos
das linguagens especializadas próprios de uma ciência, arte, técnica e profissão.
A Terminologia nasce com a necessidade de se padronizar os termos para
facilitar a comunicação entre especialistas. Nesse sentindo, a língua comum é
utilizada no dia a dia e a linguagem especializada quando falamos de uma área
do conhecimento especifica, dentro dessa área os termos tem um significado
particular (PAVEL; NOLET, 2002, p. xvii)
A Terminologia tem sua origem como disciplina na década de 30, tendo
como referência o trabalho de Eugen Wüster (1898-1977) engenheiro austríaco
que fez sua tese na Escola de Viena sobre a normalização internacional da
linguagem dos domínios técnicos suscitando a criação do Comitê 3,
“Terminologia”, no seio da ISA (atual ISO- Internacional Standard Organization).
Wüster, também foi responsável por desenvolver a Teoria Geral da Terminologia
(TGT) com a publicação, em 1931, de sua tese de doutorado intitulada
Internationale Sprachnormung in der Techik, besonders in der Elektrotecknick (A
normalização internacional da terminologia técnica, com ênfase especial na
eletrotécnica), pela Universidade Técnica de Stutgart, na Alemanha
(ALMEIDA,2003, p.213)
É importante destacar que a Terminologia até metade do século XX era
enfoque apenas dos próprios especialistas de cada área, os linguistas ainda não
tinham interesse por essa disciplina. Porém, esse fato se deve porque a TGT
tinha como objetivo principal a normalização de termos, para garantir uma
comunicação inequívoca e eliminar as imprecisões da linguagem técnica e
cientifica.
Nos anos 90, críticas a TGT começam surgir devido a seu caráter
prescritivo, normativo, que descartava a utilização de outros termos referente a
um mesmo conceito para atribuição de um único termo para determinado
conceito. Para Wüster as Terminologias representam conceitos e não
significados.
Nesse sentindo, a TGT é continuada pelo grupo de terminólogos,
linguistas e especialistas em documentação – que constituía o Infoterm, o
Instituto Austríaco de Normalização e o Instituto Internacional de Investigação
Terminológica – é considerada o desenvolvimento teórico mais sistemático e
coerente já realizado sobre os termos (Cabré, 1996:6). Com Maria Tereza Cabré
surge a Teoria Comunicativa – TCT, uma nova teoria sobre a Terminologia, ou
seja, a Teoria Comunicativa da Terminologia.
Enquanto para a TGT não existe polissemia, uma vez que o termo é único,
para a TCT o termo é poliédrico, ou seja, pode ser visto do ponto de vista
linguístico, cognitivo ou social. Assim, a TCT reconhece as variações conceituais
da língua na dimensão textual e discursiva.
Nessa mesma perspectiva, Pavel e Nolet (2002, p.3) afirmam que um
mesmo conceito pode receber designações diferentes ou o mesmo termo pode
designar conceitos diferentes. Em síntese, a designação é a representação do
conceito por um termo constituído de uma ou mais palavras. Assim, a relação
entre o termo e o conceito é que designa a condição de ambiguidade de um
termo. Neste caso, os termos que não apresentam mais de um conceito são
chamados monossêmicos e os demais termos que apresentam mais de um
conceito ou vice-versa, recebem outras designações chamadas de ambiguidade
como homônimos e sinônimos (LARA,2005, p.13-14).
Ademais, vale destacar o que são os termos e o que os difere de palavras
da língua comum. Os termos são designações especificas de conceitos de uma
língua especializa, apresenta-se num discurso com características particulares
e delimitadas, já a palavra no léxico geral se limita a diversos contextos, ou seja,
tem sentido em vários contextos, por isso não pode ser traduzida na ausência
de um contexto (LER GUERN, 1989 apud LARA, 2005, p.3-4).
Em suma, o trabalho terminológico exige muita pesquisa e preparo do
pesquisador iniciante, começando assim pela leitura de documentos sobre a
determinada área temática, ou seja, a área de especialidade ao qual o
terminológo irá se dedicar nos seus estudos para autenticar o uso terminológico
da língua de especialidade. No mais, esse pesquisador precisa estar ciente dos
princípios da pesquisa terminológica, da metodologia que irá utilizar antes
mesmo de iniciar a coleta e análise dos dados, os termos. Consoante a Pavel e
Nolet (2002, p.9) “Na condição de provedor de conteúdo em uma língua de
especialidade, o terminólogo responsável por uma área temática determinada
deve garantir que os dados que põe à disposição dos usuários de terminologia
sejam coerentes, estejam atualizados e cumpram normas de qualidade.”.

6. Sinonímia: relação de natureza linguística entre termos diferentes e


um mesmo conceito

A princípio, a sinonímia faz parte dos processos da Semântica. A


Semântica é uma palavra formada do grego “sêmainô” (significar) que é derivado
de “sêma” (sinal), é em sua origem o adjetivo de “sentido” (GUIRAUD, 1980, p.8).
Sob esse viés, a Semântica sendo um ramo da Linguística, tem como função a
significação, o estudo dos sentidos das palavras e das sentenças que essas
unidades formam.
Os significados e sentidos em semântica não são interpretados da mesma
maneira, o significado é a relação aplicada entre o referente e o termo/palavra e
o sentido ou significação é a relação do termo/palavra com as outras palavras
no enunciado, o sentido está atribuído a disposição das palavras em sentenças
sintagmáticas, enquanto o significado está relacionado a um plano pragmático.
Nesse sentido, a sinonímia como parte dos processos semânticos
aparece quando termos e/ou palavras diferentes designam o mesmo sentido,
entretanto, os sinônimos (termos/palavras) não são perfeitos, ou seja, iguais ou
semelhantes. Além disso, podemos dizer que “duas palavras são sinônimas
sempre que podem ser substituídas no contexto de qualquer frase sem que a
frase passe de falsa a verdadeira, ou vice-versa” (ILARI; GERAUDI, 2004, p.44).
Em consonância a uma citação de Cruse (1986) feita por Márcia Cançado
(2008) há a afirmação de que é impossível se falar de sinônimos perfeitos; só
faz sentido se falar de sinonímia gradual, ou seja, as palavras, mesmo
consideradas sinônimas, sempre sofrem um tipo de especialização de sentido
ou de uso (CANÇADO, 2008, p. 42, grifo nosso).
Em uma outra perspectiva, é importante salientar que a identificação de
sinônimos depende muito do como definimos sinonímia, isso significa dizer que
há diferentes abordagens sobre esse processo semântico, a mais comum é a
abordagem estruturalista:
A perspectiva tradicional da noção de sinonímia em semântica lexical é
a do modelo estruturalista das relações lexicais, segundo o qual o
significado de uma unidade linguística se define como o conjunto de
relações paradigmáticas que essa unidade estabelece com outras
unidades do sistema da língua (Lyons, 1963: 59; 1977 apud SILVA,
2011, p.37).
As outras abordagens são:
Na perspetiva da Linguística Cognitiva (Geeraerts; Cuyckens, eds. 2007,
para a visão de conjunto mais completa e autorizada) e, em particular,
da teoria do protótipo (Geeraerts, 1985, 1997; Taylor, 1995) e da
semântica lexical cognitiva (Cuyckens, Dirven; Taylor, 2003, para uma
visão de conjunto) (SILVA, 2011, p. 36).
Assim sendo, a análise terminológica adiante apresentará as relações de
conceitos entre os termos técnicos selecionados e palavras sinônimas.
Entretanto,
Segue-se destas observações que a sinonímia é um fenómeno mais
flexível e contextual do que aparenta na conceção tradicional; que não
há um padrão para a identificação da sinonímia, mas vários; que existem
vários tipos de sinonímia, determinados por efeitos contextuais e por
níveis gradativos das redes esquemáticas de significado; que a
identificação da sinonímia deve ter sempre em conta o efeito do
contexto, a flexibilidade do significado e a correlação entre vários
métodos de observação da equivalência semântica (SILVA, 2011, p. 38).

7. Analise e discursão dos dados

O presente projeto visa identificar, analisar e definir de forma objetiva as


unidades terminológicas: Ad referendum; Ad Nutum; Escusa; Escrutínio;
Processo Legiferante; Quórum; Vacância que são usadas no documento interno
da área legislativa no nível estadual. O corpus selecionado foi o documento de
Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Tocantins dentro da área do
Poder Legislativo.

O plano de análise dividiu-se da seguinte maneira: Primeiro, selecionou-


se e delimitou-se o corpus, fez uma leitura do documento Interno da Assembleia
Legislativa do Tocantins e identificaram-se os termos de especialidade dessa
área. Posteriormente, elaboração das fichas terminológicas com as seguintes
informações: área temática, subárea, conceito; definição e sinônimo. Por último,
após a identificação e conceituação dos Termos, confeccionou-se o Repertório
Terminológico, pretende-se se mostrar como os termos são utilizados no uso
prático e qual a relação com palavras da língua comum. Dos resultados
conseguiu-se identificar as seguintes terminologias:

a) Ficha terminológica 1
[1] Entrada (Termo legislativo): Ad Referendum

[2] Área Temática [3] Sub-área


Direito Público Poder Legislativo
[4] Conceito
1. Ad Referendum – (Latim)Para ser referendado. Ato que depende de
aprovação ou ratificação de autoridade ou poder competente.
(GUIMARÃES, 2008, p. 62)

[5] Definição
Classe gramatical: locução adjetiva e locução latina

[6] Sinônimo
1. Aprovação – (do Latim approbatio) que foi aprovado, que teve
consentimento, que foi autorizado.

Fonte: Elaboração da autora

Analisando esse termo, identificou-se que seu uso é comumente utilizado


em várias áreas do ramo do Direito Público, ou seja, é um termo de
especialidades, mas não necessariamente utilizada em apenas uma área
temática especifica. Desse modo, é valido destacar que o Direito público tem
como áreas o Direito constitucional, administrativo, tributário e penal. Sob essa
perspectiva, dentro do Direito constitucional temos os três poderes do Estado:
Legislativo; Executivo; Judiciário, ou seja, nesse caso a análise do termo se volta
para a especialidade da área legislativa no qual o termo é empregado no
seguinte caso:

Fonte: RESOLUÇÃO Nº 201, DE 18 DE SETEMBRO DE 1997 Publicado no Diário da


Assembléia nº 968

Assim sendo, como está prescrito no documento interno do órgão público


legislativo do Tocantins quanto as Sessões Legislativas todas deverão acontecer
no Palácio Deputado João D’ Abreu, todavia, caso precise acontecer em outro
local somente poderá ad referendum do Plenário que é o órgão deliberativo
máximo do Poder Legislativo, absolutamente soberano em suas decisões e
composto somente por deputados.

Nesse sentido, a unidade terminológica na língua comum é o mesmo que


“aprovação”, ou seja, é necessária aprovação do Plenário para que as Sessões
Legislativas aconteçam em outro local a não ser na Sede devido ser o órgão de
maior nível hierárquico dentro da Casa Legislativa.

Nota-se nesta análise que o termo verificado e o “Ad Nutum” que será
analisado a seguir são termos latinos e a Língua Portuguesa é originária da
Língua Latina, uma língua considerada morta, entretanto, percebe-se que alguns
termos latinos poderiam ser facilmente aportuguesados para melhor
compreendimento de sua significação. No entanto, "sem a
terminologia, os especialistas não conseguiriam se comunicar, repassar seus
conhecimentos, nem tampouco representar esse conhecimento de forma
organizada” (DIAS, 2000, p.91 apud OLIVEIRA, 2015.).

b) Ficha terminológica 2
[1] Entrada (Termo legislativo): Ad Nutum

[2] Área Temática [3] Sub-área


Direito Administrativo Poder Legislativo
[4] Conceito
1. Ad Nutum – (Latim) Conforme a vontade de, ao arbítrio de; ato
revogável pela vontade só de uma das partes. Demissibilidade de
funcionário público que ocupe cargo de confiança: os Ministros são
demissíveis ad nutum, isto é, basta a vontade do Presidente da
República (GUIMARÃES, 2008, p.61)
[5] Definição
Classe gramatical: adjetivo e locução

[6] Sinônimo
1. Arbítrio – (Do latim arbitrium) decisão dependente apenas da
vontade.
Fonte: elaboração da autora

O termo descrito acima na ficha terminológica 2, é proveniente da área do


Direito Administrativo que por sua vez também é um ramo do Direito público. A
função administrativa é exercida tipicamente pelo poder Executivo, entretanto,
como já mencionado os Poderes Públicos exercem função atípica e não somente
precípua, ou seja, em sua em que um exerce o poder do outro o Poder Legislativo
nesse caso também pratica atos administrativos, realiza suas nomeações de
servidores, faz suas licitações e celebra contratos administrativos, ou seja, toma
medidas concretas de gestão de seus quadros e atividades. Desse modo, no
Título VIII, capítulo do documento interno da Assembleia Legislativa aparece o
termo “ad nutum” no seguinte contexto do exercício do Mandato dos Deputados:
Fonte: RESOLUÇÃO Nº 201, DE 18 DE SETEMBRO DE 1997 Publicado no Diário da
Assembléia nº 968.

Verifica-se que nesse contexto fica, assim, vedado ao Deputado a


aceitação ou exercício de qualquer espécie de função remunerada, inclusive
aquelas de livre nomeação e demissão, em pessoas jurídicas de direito público,
autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista ou empresas
concessionárias de serviço público.

Em relação aos processos semânticos, o conceito do termo “ad nutum”


aproxima-se do conceito da palavra “arbítrio”, diferentemente de “ad referendum”
que já tem em sua própria conceituação seu sinônimo, em “ad nutum” parte-se
de outras designações que o conceito pode receber para encontrar o sinônimo.
De acordo, Palvel e Nolet (2002) “um mesmo conceito pode receber
designações diferentes, de acordo com a área temática em que se utilize, ou o
mesmo termo pode designar conceitos diferentes em outras especialidades.”
Nesse caso, o conceito “a vontade de alguém” no contexto de hierarquia recebe
designações diferentes.

c) Ficha terminológica 3
[1] Entrada (Termo legislativo): Escrutínio

[2] Área Temática [3] Sub-área


Direito Público Poder Legislativo
[4] Conceito
1. Escrutínio – Votação por meio de cédulas, em assembleia
deliberativa ou em uma eleição, as quais são colocadas em urnas; o
recolhimento, verificação e apuração, com proclamação dos candidatos
vitoriosos. O escrutínio é público, quando os votos são declarados;
secretos, quando os votantes não declaram seu nome nem o da pessoa
na qual votaram (GUIMARÃES, 2008, p.346)

[5] Definição
Classe gramatical: substantivo masculino

[6] Sinônimo
1. Votação – ato, processo ou efeito de votar.
2. Apuração – contagem de votos de uma eleição, de um pleito.
Fonte: elaboração da autora

Na análise do termo “escrutínio” verificou-se que outras palavras como


voto e sufrágio podem trazer ambiguidades na interpretação do conceito dessa
unidade terminológica. O “escrutínio” é o processo de como se pratica o voto, ou
seja, de forma secreta ou pública, o sufrágio é o direito que toda pessoa possui
de votar e de ser votado. Já o voto é a forma de exercer o direito ao sufrágio.
São termos/palavras que se complementam, visto que, estão relacionadas ao
pleito, momento de disputa entre os candidatos para desempenhar algum cargo
ou função pública. Vejamos o exemplo abaixo em que o termo é utilizado para
designar o processo de votação para a Mesa Diretora:

Fonte: RESOLUÇÃO Nº 201, DE 18 DE SETEMBRO DE 1997 Publicado no Diário da


Assembléia nº 968.
Nesse contexto da Casa Legislativa dos Deputados, “escrutínio”
geralmente designa dois sentidos: votação e apuração que consequentemente
são sinônimos do termo. A votação será como ocorrerá o processo ou efeito de
votar e a apuração será feita pelo escrutinador, aquele que assiste ao escrutínio
verificando a relação de votantes e contando o número de votos. “Neste caso, a
sinonímia ocorre nos contextos em que conceitos semanticamente muito
próximos designam a mesma entidade ou situação” (SILVA, 2011, p.39).

d) Ficha Terminológica 4
[1] Entrada (Termo legislativo): Processo Legiferante/Legiferar

[2] Área Temática [3] Sub-área


Direito Constitucional Poder Legislativo
[4] Conceito
1. Legiferar – O mesmo que legislar (GUIMARÃES, 2008, p. 457)
2. Legiferante - inerente à elaboração de leis (prática legiferante;
dever legiferante). (ref.: Dicionário Aulete Digital)
[5] Definição
1.Classe gramatical: verbo intransitivo e verbo transitivo indireto
(Legiferar)
2.Classe gramatical: adjetivo de dois gêneros
[6] Sinônimo
1. Legislar - Fazer ou decretar as leis que devem reger determinado
país ou assunto.
Fonte: elaboração da autora

O termo da ficha terminológica 4 no Poder Legislativo tem sentido de


função legislativa, como está no art. 44 da Constituição de 1988. Assim,
“esquematicamente, podemos dizer que as funções fundamentais do Poder
Legislativo são a de representação, a de legislação, a de legitimação da ação
governamental, a de controle, a de juízo político e a constituinte.” (SILVA, 2010,
p. 139).
Fonte: RESOLUÇÃO Nº 201, DE 18 DE SETEMBRO DE 1997 Publicado no Diário da
Assembléia nº 968.

Diante a prova textual acima, vale destacar que o processo legiferante é


atribuído especificamente aos órgãos que exercem função legislativa e de
maneira secundária, o Executivo e o Judiciário podem legislar, mas sempre de
modo limitado e circunscrito.

Nesse aspecto, os termos “Legiferante” e “Legislar” são sinônimos desde


que apresentam conceitos semelhantes, de criar leis, entretanto, “Legiferante”
não é um termo utilizado no dia a dia e somente designado ao Poder Legislativo
no sentido de que este tem função precípua de elaborar leis que devem ser
seguidas pelo Poder Executivo e tomadas como referencial pelo Poder
Judiciário, em suas respectivas atividades específicas.

e) Ficha terminológica 5
[1] Entrada (Termo legislativo): Quórum

[2] Área Temática [3] Sub-área


Direito Constitucional Poder Legislativo
[4] Conceito
1. Quórum – Número mínimo de membros presentes para que funcione
tribunal ou assembleia, deliberando regularmente. Maioria de votos
proferidos em julgamento de corte judiciária. No Legislativo, presença
de um mínimo regimental de deputados e senadores, indispensável em
certas votações (GUIMARÃES, 2008, p.558).

[5] Definição
Classe gramatical: substantivo masculino
[6] Sinônimo
1. quantidade mínima – O valor mais baixo; a menor quantidade (de
determinada coisa).
Fonte: elaboração da autora

A utilização do termo acima é bem comum em reuniões de votações ou


assembleias. Vejamos o exemplo abaixo:

Fonte: RESOLUÇÃO Nº 201, DE 18 DE SETEMBRO DE 1997 Publicado no Diário da


Assembléia nº 968.

Esse trecho do corpus trata das Sessões Plenárias, nas quais os


deputados se reúnem para discutir e votar os projetos depois de analisados pelas
comissões. Neste caso, a “quantidade mínima” exigida é de um terço dos
Deputados, caso contrário a Sessão não é aberta.

O termo “quórum” deve ser utilizado somente em sentidos dessa


categoria, entretanto, é comum o uso errado do termo, para se referir, por
exemplo, à quantidade de espectadores ou ouvintes de uma apresentação. A
sua relação com o sinônimo “quantidade mínima” somente se concretiza se esse
for utilizado no mesmo contexto do exemplo acima, visto que, é uma palavra que
recebe diferentes conceitos e sentidos dependendo do contexto. Assim sendo,
o termo “quórum” e as palavras “quantidade mínima” são quase sinônimos
levando “em conta as diferenças conceptuais que existem entre os itens lexicais”
(SILVA, 2010, p. 39).

f) Ficha terminológica 6
[1] Entrada (Termo legislativo): Vacância

[2] Área Temática [3] Sub-área


Direito Constitucional Poder Legislativo
[4] Conceito
1. Vacância – Estado de coisa não ocupada ou desabitada. Diz-se do
tempo em que uma comarca, termo, cargo, emprego ofício permanente
não é preenchido (GUIMARÃES, 2008, p.659)

[5] Definição
Classe gramatical: substantivo feminino.
[6] Sinônimo
1. desocupação – saída, abandono de uma atividade, uma função que
se estava ocupando. (cargo)

Fonte: elaboração da autora

O uso do termo “Vacância” no corpus é literalmente utilizado no sentido


de desocupação de cargo, ou seja, de acordo o significado de seu sinônimo
“desocupação” no contexto de atividades trabalhistas, qualquer que seja.
Entretanto, há que destacar que esse termo é utilizado em outras áreas de
especialidades como na área Econômica, tendo seu sentido e uso voltado a
identificação das porções de um investimento imobiliário que não estão,
atualmente, gerando lucro.
Fonte: RESOLUÇÃO Nº 201, DE 18 DE SETEMBRO DE 1997 Publicado no Diário da
Assembléia nº 968.

Analisando o uso do termo “Vacância” é importante discernir o conceito


próprio da área legislativa para facilitar a comunicação isenta de ambiguidades
(PAVEL; NOLET, 2002). Essa mesma relação em que o termo designa diferente
conceitos dependendo do contexto também aparece no próximo termo a ser
analisado.

g) Ficha terminológica 7
[1] Entrada (Termo legislativo): Escusa

[2] Área Temática [3] Sub-área


Direito Constitucional Poder Legislativo
[4] Conceito
1. Escusa – desculpa, justificativa, razão que se alega para obter
dispensa de função ou ônus que a lei impõe; dispensa legal de múnus
público (GUIMARÃES, 2008, p.346).
[5] Definição
Classe gramatical: adjetivo e substantivo feminino. Flexão do
verbo escusar na: 3ª pessoa do singular do presente do indicativo, 2ª
pessoa do singular do imperativo afirmativo.
[6] Sinônimo
1. Justificativa – motivo ou argumento que explica determinada ação,
situação.
Fonte: elaboração da autora

O termo “Escusa” assim como o termo da ficha terminológica anterior,


apresenta conceitos em outras áreas do conhecimento como no Direito Jurídico,
em que escusa é uma garantia concedida ao cidadão pela Constituição de 1988
no inciso VIII do artigo 5º. Essencialmente, a escusa de consciência é o direito
do indivíduo de não cumprir um serviço obrigatório por razões relacionadas a
sua crença filosófica, religiosa ou política.

Já no âmbito da área legislativa “Escusa” significa justificar a ausência, ou


seja, quando um deputado não pode participar de uma reunião, o mesmo deverá
comunicar ao seu presidente, como está prescrito no documento interno da
Assembleia.

Nesse sentido, os exemplos das fichas terminológicas 6 e 7 fazem jus a


mesma designação a respeito do aspecto semântico entre seus sinônimos.
Sendo que são quase-sinônimos ou sinônimos parciais por serem termos que
designam o mesmo conceito, mas que não podem ser substituídos um pelo outro
por causa de diferenças de uso dependentes de situações comunicativas.
(PAVEL; NOLET, 2002, p.49).

Fonte: RESOLUÇÃO Nº 201, DE 18 DE SETEMBRO DE 1997 Publicado no Diário da


Assembléia nº 968.
Desse modo, como exemplificado acima na prova textual, a “Ata a escusa”
vem a ser um documento que é publicado no Diário da Assembleia, para justificar
a falta do Deputado e consequentemente convocar o seu suplente. O suplente é
o candidato que não obteve número de votos suficientes para tomar posse na
qualidade de titular do mandato eletivo podendo ser convocado para substituir o
titular, nos seus afastamentos e licenças, ou, definitivamente, nas hipóteses de
morte, renúncia ou perda do mandato.

8. Considerações

Finalizada a análise foi possível observar que os termos técnicos


possuem relações semânticas de sentidos com outras palavras da língua comum
e para evitar ambiguidades na atividade comunicativa das áreas de
especialidades utiliza-se esses termos que geralmente ou são do Latim, língua
considerada morta ou são derivações da mesma. Nesse sentido, devido o Latim
ser uma língua morta os significados das palavras não mudam, por isso, muitos
são os termos latinos presentes em áreas de especialidades como no caso da
área legislativa com a presença de termos como “Ad Referendum” e “Ad Nutum”.

A busca pelos termos foi de grande importância, pois são elementos


fundamentais para a construção do saber, alguns revelam o quanto é importante
a linguagem de especialidade para que termos como “Escusa” e “Vacância” que
tem diferentes conceitos de acordo o contexto não apresente ambuiguidade no
uso em determinada área de especialidade. No mais, os exemplos de uso e as
unidades fraseológicas mostram o funcionamento dos termos no discurso de
especialidade.
Referências
ALMEIDA, G. M. de B. O Percurso da Terminologia: de atividade prática a
consolidação de uma disciplina autônoma. Trad Term, São Paulo, 9, p. (211-
222), dez, 2003.
BLUME, Bruno André. Assembleia Legislativa estadual: o que é e como
funcional. Politize, 2016. Disponível em: https://www.politize.com.br/assembleia-
legislativa-o-que-e/ . Acesso em: 20, nov. 2022.
CANÇADO, Márcia. Manual de Semântica: Noções Básicas e Exercícios. Belo
Horizonte: UFMG, 2⁰ ed. 2008, p. (41-44)
GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Técnico Jurídico. 10°. ed. São
Paulo. Rideel. 2008.
ILARI, Rodolfo; GIRAUDI, João Wanderley. Semântica. São Paulo: Ática, 3 ed.
2004, p. (42-51).
LARA, Marilda Ginez d. Elementos de Terminologia (apostilas para uso
didático). São Paulo, abril de 2005.
MONTESQUIEU, Charles de Secondat; RIBEIRO, R. J.(apresentação);
MURACHCO, Cristina (tradução). O Espirito das Leis. São Paulo: Martins
Fontes, 1996. p. (19-28).
OLIVEIRA, T. S. de. Do latim ao português moderno: a questão do latinismo
como terminologia. RÓNAI: Revista de estudos clássicos e tradutórios – UFJF,
v.3 n.2, 2015, p. (3-17).
PAVEL, S.; NOLET, D. Manual de terminologia. Adaptação para a língua
portuguesa de Enilde Faulstich. Canada: Public Works and Government
Services, 2002.
SILVA, J. A. da. Estrutura e Funcionamento do Poder Legislativo. Brasília:
Revista de informações legislativas, v. 47, n. 187, jul./set. 2010, p. (137-154).
SILVA, A. S. da. Sinonímia, conceptualização e variação social. In: Academia
Galega da Língua Portuguesa: Boletim da AGPL n⁰ 4 – 2011, p. (35 – 53).
ANDRADE, Antônio et alt. Assembleia Legislativa do Tocantins: Regimento
Interno (resolução n⁰ 201 de 18 de setembro de 1997, atualizado). Palmas: Diário
da Assembleia, n⁰ 968, 2022.

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