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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA


PÓS - GRADUAÇÃO LATO SENSO

ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

A INFLUÊNCIA DAS RELAÇÕES ENTRE PROFESSOR –


ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO – APRENDIZAGEM

Jucilene Pereira de Lima Farias

Brasília, 2014
1
Jucilene Pereira de Lima Farias

A INFLUÊNCIA DAS RELAÇÕES ENTRE PROFESSOR –


ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO – APRENDIZAGEM

Monografia apresentada a Universidade Cândido


Mendes – AVM Faculdade Integrada, como
requisito parcial para obtenção do título de
Especialista em Administração Escolar.

Professor orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de


Carvalho

Brasília, 2014
2
Jucilene Pereira de Lima Farias

A Influência das Relações entre Professor – Aluno no


Processo de Ensino – Aprendizagem

Monografia apresentada a Universidade Cândido


Mendes – AVM Faculdade Integrada, como
requisito parcial para obtenção do título de
Especialista em Administração Escolar.

Professor orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de


Carvalho

Aprovado pelos membros da banca examinadora em _____/_____/____, com


menção ______ (_________________________).

Banca Examinadora

_____________________________________________

_____________________________________________

3
AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus e a Virgem Maria, por todas as graças


e bênçãos em minha vida; minha filha Sofia e meu filho
Eitor, por serem a razão dos meus sonhos, ao meu
esposo João por sua presença e incentivo e a minhas
irmãs e amigas que sempre me incentivaram a vencer os
obstáculos com amor e dedicação.
Infinitamente, obrigada!

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DEDICATÓRIA

Dedico a todos os professores e alunos que constroem


nas relações de sala de aula um espaço de interação e
respeito.

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“[...] quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é
formado forma-se e forma ao ser formado. É neste
sentido que ensinar não é transferir conhecimentos,
conteúdos, nem formar é ação pela qual um sujeito
criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e
acomodado. Não há docência sem discência, as duas se
explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os
conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do
outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende
ensina ao aprender” (PAULO FREIRE, 1996, p.2).

RESUMO

O presente trabalho tem como principal objetivo estudar as influências que as


relações construídas em sala de aula entre professor e aluno e como influenciam no
processo de ensino e aprendizagem. Tendo como base o estudo bibliográfico de
grandes autores precursores do tema. A conclusão inicial leva-nos a constatar que
dependendo da relação construída pode ser instaurados sucessos e fracassos no

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processo ensino-aprendizagem, nesse contexto; o administrador escolar tem grande
importância como mediadores nos conflitos que podem surgir em sala de aula,
principalmente se forem influenciados por representações sócio culturais. Daí a
importância do tema, pois, tendo conhecimento do poder dessa relação, é possível a
transformação de tais relações e o professor terá condições de reverter o fracasso e
promover o sucesso de seus alunos e certamente do trabalho docente.

Palavras – chaves: Professor – Aluno – Relações – Ensino – Aprendizagem.

Abstract

The present work has as main objective to study the influences that built
relationships in the classroom between teacher and student and how they influence
in the process of teaching and learning. Based on the bibliographical study of great
authors forerunners of theme. The initial conclusion leads us to conclude that
depending on the relationship built can be instituted successes and failures in the
teaching-learning process in this context; the school administrator has great
importance as mediators in conflicts that can arise in the classroom, especially if they
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are influenced by social and cultural representations. Hence the importance of the
subject, because, having knowledge of the power of this relationship, it is possible
the transformation of such relationships and the teacher will be able to reverse the
failure and promote the success of its students and faculty will work.

Key words: Teacher - Student - relations – Teaching – Learning.

METODOLOGIA

A pesquisa terá como base o estudo bibliográfico tipo qualitativo, com referenciais
teóricos, no que se refere ao professor e ao aluno como sujeitos individuais e
sociais, culturais e históricos. Também será preciso, a compreensão da base das
relações como, emoções, afetos, desafetos, empatia e apatia. Para compreensão do
sucesso e do fracasso no ensino aprendizagem é essencial à fundamentação teórica
desse processo incluindo as influencias da instituição escolar e o administrador

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escolar, por isso buscaremos referencial teórico nos estudos de Trigo, Tacca,
Mosquera, Gonzaga e outros contemporâneos.

O estudo será desenvolvido por meio da pesquisa bibliográfica de caráter teórico


qualitativo. Embasados teoricamente, teremos subsídios para uma analise das
relações e conclusão dos estudos.

Sumário

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11

CAPÍTULO I
FUNDAMENTOS DAS RELAÇÕES EM SALA DE AULA ....................................... 14
1.1 Reflexões a respeito do processo ensino-aprendizagem.............................. 18

9
CAPÍTULO II
OBSERVAÇÕES A RESPEITO DO PROFESSOR E DO ALUNO ........................... 19
2.1 O Ser humano professor .................................................................................. 20
2.2 O Ser humano aluno ......................................................................................... 21

CAPÍTULO III
AS EXPECTATIVAS PROFESSOR-ALUNO NA DINÂMICA INSTITUCIONAL ..... 24
3.1 O diretor escolar – sujeito oculto no processo de ensino-aprendizagem ... 26
3.2 Os reflexos das representações na relação professor-aluno no processo de
ensino-aprendizagem ............................................................................................. 30

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 40

INTRODUÇÃO

O presente estudo sobre “A influência das relações entre professor e aluno no


processo de ensino – aprendizagem”; busca uma compreensão das relações
estabelecidas entre o professor e o aluno no processo de ensino aprendizagem em
sala de aula e como as representações construídas nessas relações podem
influenciar em cada sujeito envolvido.

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A questão central parte da reflexão: pode o professor e o aluno conviver em
sala de aula sem construírem uma relação de afeto ou desafeto? E ainda, a relação
construída entre esses sujeitos pode influenciar nas ações e interesses um do outro
no processo ensino aprendizagem?

No Capítulo I, buscamos fundamentar as relações em sala de aula com


algumas reflexões a respeito do ensino e aprendizagem, apresentando assim a
importância do tema, pois, qualquer tipo de educação envolve relações e relacionar-
se não é apenas estarmos presentes no mesmo ambiente e sim convivermos,
interagirmos, compartilharmos, ou seja, influenciar e ser influenciado por meio de
interações objetivas e subjetivas. A sala de aula é o espaço escolar mais propenso à
construção de relações, pois, envolve a complexidade do sujeito professor e do
sujeito aluno, que certamente já trazem para sala de aula, uma imagem pré-
construída um do outro.

Diante da complexidade dos sujeitos envolvidos no processo ensino


aprendizagem percebemos a importância de uma fundamentação em estudos
bibliográficos, para conhecimento e analise dos processos de construção do sujeito
professor e do sujeito aluno, relacionando a visão que cada um traz do outro. Assim
apresentamos no Capítulo II, algumas observações a respeito do professor e do
aluno, pois de acordo com Abreu e Masetto, apud Aquino (1996, p. 22), que
consideram essa relação é à base do processo educativo, acreditamos que
dependendo do rumo dessa relação poderá sucesso ou fracasso dos sujeitos
envolvidos.

Esse estudo contagia e envolve-nos na pesquisa, pois parte do conhecimento


prévio de que de que em qualquer relação humana estabelecida há o envolvimento
por meio do afeto e das emoções e principalmente da compreensão do processo
social, histórico e cultural que formam e transformam as pessoas.

Nosso principal objetivo é investigar se a representação que o aluno faz do


professor e o professor faz do aluno, influência nas ações desses sujeitos
contribuindo no sucesso ou no fracasso do processo de ensino - aprendizagem em
que estão inseridos. Com isso o estudo tem como objetivo específico contribuir na
qualidade do ensinar e do aprender e colaborar tanto com o professor como com o

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aluno para que percebam quando e como seus sentimentos e emoções no ambiente
de sala de aula estão contribuindo ou não no seu desempenho no ensino e na
aprendizagem. Ainda desenvolver uma prática educativa prazerosa e cheia de
sucesso para esses sujeitos envolvidos.

Partindo da certeza de que em todos os momentos da nossa vida é comum


sermos protagonistas de situações inusitadas que não se limitam ao nosso controle
ou compreensão; desempenhamos diversos papéis complementares ou
contraditórios, mas que são à base de várias relações como; pais e filhos, médicos e
pacientes, esposo e esposa, colegas de trabalho e são claro, professores e alunos.
Em cada situação em que essas relações acontecem há a interação de valores,
sentimentos, comportamentos que diferencia e torna cada um único. A interação
dessas diferenças torna as relações mais complexas e subjetivas, pois as
representações construídas nessas relações estão sujeitos interferências afetivas e
sociais. A relação professor aluno, assim como qualquer outra, não se estabelece
por acaso e nem está centrada em si e isolada da sociedade. É antes de tudo uma
relação historicamente constituída. Com isso, apresentamos no Capítulo III, algumas
expectativas da relação professor aluno na dinâmica da instituição escolar,
analisando também o diretor escolar como sujeito oculto nesse processo ensino –
aprendizagem.

O estudo terá como base a pesquisa bibliográfica de caráter teórico qualitativo


sobre o tema, fundamentando de onde vem à base dessas relações? Que espaço é
esse que gera sucesso e fracasso? Qual a influencia das relações construídas no
contexto escolar? Com base nesses e em outras perguntas, faremos o estudo do
que acontece na sala de aula e como acontece analisando um espaço anterior a ela,
ou seja, a própria sociedade. Acreditamos que o que acontece dentro de uma sala
de aula ilustra um contexto histórico – social, por isso se há algo nessa relação que
influencie no sucesso ou no fracasso, não se originou ali.

Acreditamos então que com a pesquisa teremos ao final a resposta a nossa


questão central e assim nossos objetivos alcançados.

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CAPÍTULO I

FUNDAMENTOS DAS RELAÇÕES EM SALA DA AULA

Em todos os momentos da nossa vida é comum sermos protagonistas de


situações inusitadas que não se limitam ao nosso controle ou compreensão. Durante
a vida o ser humano desempenha diversos papéis complementares ou

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contraditórios, mas que são à base de várias relações como; pais e filhos, médicos e
pacientes, esposo e esposa, colegas de trabalho e são claro, professores e alunos.
Em cada situação em que essas relações acontecem há a interação de valores,
sentimentos, comportamentos que diferencia e torna cada um único. A interação
dessas diferenças torna as relações mais complexas e subjetivas, pois as
representações construídas nessas relações estão sujeitos interferências afetivas e
sociais.

A escola cada vez mais se torna núcleo observação e construção da


representação individual e do outro como ser humano e essas representações
construídas na escola por meio das relações poderá ser benéfica ou não. A sala de
aula pode ser considerada um palco onde podemos observar a construção da
representação que cada personagem, nesse caso professor e aluno constroem de si
e do e do outro e também a influencia que essas representações exercem na
relação entre eles. Durante toda história da educação, professor e aluno sofreram
grandes transformações na estrutura de sua atuação em sala. Desde o poder
absoluto conferido ao professor e a submissão social e intelectual do aluno, até
chegarmos ao sujeito mediador do processo de construção do conhecimento de um
aluno visto como um sujeito que contribui e participa ativamente.

Questões ligadas à relação professor e aluno são discutidas por vários


teóricos que, em épocas diferentes da história da educação que destacaram
peculiaridades, muito significativas, detalhes que podem possibilitar uma visão mais
específica de como ela se estabelece. Dentre os diversos teóricos que discutiram a
dinâmica da relação professor e aluno no que se refere ao sentido e significado nos
processos de aprendizagem, temos Tacca, (2005) que afirma:

Essas conceituações e compreensões relativas aos sentidos e aos


significados são muito pertinentes, esclarecedoras e enriquecedoras para a
análise dos processos de ensino-aprendizagem na escola (...). Assim, os
conteúdos são objetivados e o aluno percebido “objetivamente” apenas como
sendo “um aluno a mais”, ou como ocupante de um espaço delimitado na
sala de aula. As questões relativas ao modo como o aluno participa das
atividades e constrói significados a partir dos conteúdos culturalmente
construídos, bem como a verificação de quais sentidos pessoais estão

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emergindo na situação de ensino, ficam à margem das preocupações e,
portanto, do próprio ensino. (TACCA, 2005, p. 234)

Para a questão da prática profissional, do desenvolvimento dos papéis


docentes, Tardif (2002), propõe uma epistemologia da prática de ensino profissional,
como “o estudo do conjunto dos saberes utilizado realmente pelos profissionais em
seu espaço de trabalho cotidiano, para desempenhar todas as suas tarefas” (p.255).
Tardif (2002), ainda dá ao termo saber um sentido que engloba os conhecimentos,
as competências, as habilidades e as atitudes, isto é, aquilo que muitas vezes foi
chamado de saber/fazer e saber/ser. Para esse autor, a epistemologia da prática
profissional visa compreender a natureza desses saberes, assim como o papel que
desempenham tanto no processo de trabalho docente quanto em relação à
identidade profissional dos professores.

De acordo com Gimeno (2000), o professor além de contribuir para a


configuração do autoconceito geral da criança, vai determinar o desenvolvimento de
um de seus aspectos específicos, o autoconceito acadêmico, referindo-se às
características e capacidades que o aluno acha que possui, em relação ao trabalho
acadêmico e ao rendimento escolar. O professor com um elevado sentimento de
eficácia, segurança em suas execuções e pouca ansiedade, fomenta nos alunos o
desenvolvimento de percepções positivo a respeito deles mesmo e de seus colegas,
incrementando a qualidade da interação em aula. Tanto as relações que mantém
com as crianças, como os modelos gerais de atuação que apresenta em aula,
possuem um impacto positivo no êxito acadêmico e no autoconceito dos alunos. Os
vínculos estabelecidos na relação com a criança são ações de ordem emocional,
pois a emoção é a promotora da formação de alguns espaços sociais, como a
escola, em que a aprendizagem se estabelece por uma emoção na conquista do
conhecimento.

Conforme Almeida (1999), (...) “as emoções revelam-se como o elo entre o
indivíduo e o ambiente concreto como também o indivíduo e outros indivíduos”. São
as emoções que possibilitam aos indivíduos se agregarem em uma forma primitiva
de comunhão e comunidade. As mudanças por elas estabelecidas diminuem os

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seus meios de expressão, os transformando em formas sociais cada vez mais
especializadas (Wallon, apud Kohl, 1999).

González Rey (2003) diz que a emoção evidencia o estado do sujeito


mediante a ação, ou melhor, as emoções e as ações não se separam. Por meio das
ações o sujeito se relaciona com o social, participando do cenário cultural. Por isso,
a emoção está presente em qualquer atividade que o sujeito realize.

Maturana (2000) reafirma essa ideia ao dizer que toda ação humana está
ligada a uma emoção que possibilita o ato. Ele conclui, então que não é a razão que
promove a ação, mas a emoção. Enfim, o vínculo emocional é o agente
determinante da vida social do sujeito, estimulando-o a se aproximar do outro e a
iniciar uma relação, ou qualquer outra ação que realize. Esse papel da emoção
garante à criança sua participação no espaço social e no desenvolvimento da cultura
e da educação. O referencial histórico/cultural representa uma nova maneira de
entender a relação entre sujeito e objeto no processo de construção do
conhecimento. Na concepção de Vygotsky, apud Kohl (1999), o indivíduo constrói
conhecimentos a partir de relações intra e interpessoais. É na troca com os outros
indivíduos e consigo próprio que se vão internalizando conhecimentos, papéis e
funções sociais, o que permite a constituição de conhecimentos e da própria
consciência. Trata-se de um processo que caminha do plano social – relações
interpessoais para o plano individual interno – relações intrapessoais.

Vygotsky apud Kohl (1999) argumenta que as crianças não conseguem


escapar das suposições preconceituosas que a sociedade de classes lhes transmite,
as quais, modelando suas atitudes e comportamentos, acabam por perpetuar a
discriminação e a injustiça social. Ora, a produção e reprodução do sistema de
valores em nosso contexto social não se perpetuam automaticamente; portanto, a
questão da educação não pode ser encarada de maneira ingênua. Assim a tarefa da
educação é agir no sentido de superar ou transcender positivamente o processo de
alienação a que o homem é submetido cotidianamente no campo de suas relações
sociais, afetivas, culturais e econômicas.

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Diante do grande numero de estudos a respeito da relação professor aluno,
percebemos a complexidade dos aspectos que constroem e influenciam nessa
relação polemica e dinâmica.

A relação professor aluno, assim como qualquer outra, não se estabelece por
acaso e nem está centrada em si e isolada da sociedade. É antes de tudo uma
relação historicamente constituída.

A escola tem papel fundamental na construção do conhecimento, pois é a


instituição social responsável sistematização do saber e de sua socialização.

Segundo Trigo, 1986, escola pode construir relacionamentos humanos


profundos, interacionais e permanentes envolvendo os sujeitos em todas as suas
potencialidades. Sendo assim dentro dela criam-se laços afetivos e até mesmo
relações desarmoniosas entre professor e aluno e entre outros sujeitos.

O professor e o aluno são os sujeitos sociais que convivem diretamente, por


isso para compreensão desses sujeitos e dos aspectos que os envolve segundo
Kohl, Piaget diz que afirmar que o homem é um ser social ainda não significa optar
por uma teoria que explique como este ser social interfere no desenvolvimento e nas
capacidades da inteligência humana.

Então de onde vem à base dessas relações? Que espaço é esse que gera
sucesso e fracasso? Qual a influencia das relações construídas no contexto escolar?
O “ser social”, dos indivíduos envolvidos influenciam e são influenciados pela
sociedade? Com base nesses e em outras perguntas, faremos o estudo do que
acontece na sala de aula e como acontece analisando um espaço anterior a ela, ou
seja, a própria sociedade. Acreditamos que o que acontece dentro de uma sala de
aula ilustra um contexto histórico – social, por isso se há algo nessa relação que
influencie no sucesso ou no fracasso, não se originou ali.

1.1 Reflexões a respeito do Ensino e da Aprendizagem

O processo ensino aprendizagem ocorre nas relações professor – aluno,


aluno – professor e aluno - aluno; assim como esses sujeitos, o ensino e a

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aprendizagem não acontecem isoladamente e nem da mesma forma em diferentes
tempos e ambientes.

As relações dentro da sala de aula ocorrem de acordo com as expectativas


que os sujeitos envolvidos possuem do ensino e da aprendizagem. Comecemos por
entender o que ensinar e o que aprender, porém esses conceitos não são tão
simples, pois nos levam a compreensão das diferentes épocas que se
desenvolveram como também compreender sua mudança no decorrer da história, o
que nos leva mais uma vez ao questionamento de que homem pretendeu formar.
Pois, o ensino e a aprendizagem estão diretamente relacionados aos sujeitos do
processo de ensino-aprendizagem que são professor e aluno.

O processo de ensino-aprendizagem tem sido historicamente caracterizado


de formas diferentes que vão desde a representação do professor como transmissor
de conhecimento, até as concepções atuais que concebem o processo de ensino-
aprendizagem com um todo integrado que destaca o papel do educando.

Lembrando o que está na LDB. 9394/96 TÍTULO I, ART. 1º que afirma que a
aprendizagem ocorre em todo momento e em qualquer lugar, podemos entender
que o ensino ocorre da mesma forma, logo ensino e aprendizagem ocorrem em
processo de formação e desenvolvimento dos sujeitos.

CAPÍTULO II

OBSERVAÇÕES A RESPEITO DO PROFESSOR E DO ALUNO

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A educação é um dos instrumentos sociais mais discutidos na história e será
interpretada como vilã ou heroína, de acordo com o contexto histórico, todos os
pensamentos e atitudes dos envolvidos no processo educativo parecem estar certos.
Durante seu percurso histórico, a educação teve o processo de ensinar e aprender
organizada e baseada na relação professor aluno, sistematizando conteúdos e a
forma de ensinar num único padrão. A escola é uma instituição social que tem sua
prática determinada por sua funcionalidade. “Quanto mais complexa e avançada for
à sociedade que a escola serve, tanto maiores serão as exigências impostas à
escola.” (Sandstrom, 1973).

Uma vez que a educação visa à formação do homem, se faz necessário ter
objetivos claros e coerentes, além disso, lidar com a educação também significa lidar
com os valores sociais numa relação dialética, pois o tipo de homem a ser formado
atenderá as concepções e valores de quem estiver envolvido no processo educativo
consequentemente da sociedade que a legitima.

Para compreender a dinâmica educacional como todo é importante conhecer


as peculiaridades de seus componentes, destacando suas funções, compreendendo
suas atitudes, percebendo as relações existentes entre as partes, ressaltando os
benefícios e prejuízos que essa relação pode trazer para os sujeitos envolvidos.

Cabe-nos então questionarmos sobre quem é esse professor e que


influências esse sujeito histórico – social pode ter sobre as relações construídas em
sala de aula e no processo ensino – aprendizagem. Da mesma forma quem é esse
aluno, sujeito igualmente histórico – social, quais suas expectativas em relação ao
professor, como ele influencia e como é influenciado nas relações complexas do
ambiente escolar. Com isso, buscaremos então entender como as relações entre
esses sujeitos podem influenciar no processo ensino – aprendizagem.

2.1. O professor: um ser humano

Antes de ser um professor, o sujeito que ocupa essa função social é uma
pessoa que tem um passado histórico que não se mede apenas por um relato
19
subjetivo, mas principalmente nas experiências vivenciadas e construídas em suas
ações. Um sujeito que desenvolveu habilidades e competências durante a sua vida
social e acadêmica que influenciaram na estrutura de sua base profissional.

Mosquera (1996) destaca algumas habilidades básicas para ser um professor,


como comunicação adequada, conhecimento de sua personalidade, conhecimento
de sua área de ensino, bom nível afetivo e social, bem como objetivos e metas
alcançáveis e disposição para trabalhar; pois a profissão professor exige dedicação
e energia.

Aquino (1996), também destaca outras características do professor:


esforçado, atualizado, sério, mas nunca intransigente. Deve evitar a distancia
excessiva do aluno, ser companheiro, amigo, além de apresentar um domínio
profundo o seu campo de conhecimento, bem como das técnicas de transmitir
conteúdos.

Segundo Filho, apud, Coll e Solé (1997) “o professor possui valores, atitudes
e comportamentos que adquiriu fora da escola, nesse contexto, é conhecimento
aquilo que ele construiu ao longo de sua vida que dá a ele a habilidade de trabalhar
sobre o provável e o possível e interagir com o outro simbolizado, inclusive por meio
da palavra escrita”. Sendo assim, podemos afirmar que é conhecimento o que foi
construído ao longo de sua vida. O professor possui valores e atitudes e
comportamentos adquiridos fora da escola, sua própria formação profissional servirá
de base para sua postura profissional em sala de aula. A qualidade e a profundidade
da formação do professor certamente influenciarão na sua prática pedagógica.

Lindgren (1971) aponta três categorias dos papéis desempenhados pelo


professor na instituição escolar; a primeira se refere aos papéis educativos e
administrativos, que envolve várias funções secundárias conde o professor atua
como instrutor, modelo representante da sociedade, administrador da sala de aula e
interprete para o público. Já na segunda categoria encontram-se os papéis
psicologicamente orientados do professor incluem os de psicólogo educacional,
artista em relações humanas, organizador de grupos, agente catalizador e promotor
de higiene mental. E ainda uma terceira categoria de papéis que estão ao auto
conceito dos professores, como a função de assistente social e símbolo paterno.

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Apesar de secundários muitos professores aceitam esses papéis, pois é claramente
uma parte da função do professor.

Segundo Mosquera, apud Coll e Solé (1997), “acima de qualquer tipo de


papel a ser atribuído ao mestre, temos inicialmente o de mediador da aprendizagem,
já que pode influir no ambiente de diferentes maneiras.” Coll e Solé (1997),
compartilham desse pensamento de Mosquera e defendem que “ (...) o verdadeiro
papel do professor consiste em agir como intermediário entre os conteúdos da
aprendizagem e a atividade construtiva que os alunos exercitam para assimilá-los”.

O sujeito professor apresenta-se ao longo da história como o responsável


direto do processor de ensino, muitas vezes visto de forma desarticulada da
aprendizagem.

2.2. O aluno: sujeito da aprendizagem

O aluno assim como o professor, é um ser constituído historicamente e que


também responde de um lugar determinado socialmente; as representações do
aluno também estão entrelaçadas a um determinado momento histórico – social.

A representação desse sujeito “o aluno”, está na maneira de pensar o tipo de


homem que se quer formar. Segundo Libânio (1994) na pedagogia tradicional a
aprendizagem é conduzida de forma “mecânica, associativa, não mobilizando a
atividade mental, a reflexão e o pensamento independente e criativo dos alunos”
(LIBÂNEO, 1994, p.61), ou seja, esta se apresenta como uma proposta de formação
baseada em atitudes receptivas, em que o papel do aluno se restringe a ouvir
atentamente o que é transmitido pelo professor e em silêncio, pois se acredita que
assim os alunos teriam condições de reter a matéria ensinada pelo professor.

Com o capitalismo Martins (2008) afirma que a ordem social era a formar
trabalhadores, ou seja, profissionalizar para instrumentalizar o mercado de trabalho;

“uma sociedade comum pela disseminação de determinados conteúdos


previamente selecionados e impostos a todos passa a ser entendida como
espaço de manipulação dos meios mais adequados para transmitir, socializar
21
aquilo que é necessário para a formação do homem adequado à unificação
da sociedade desejada” (MARTINS, 2008).

Entende-se que nessa perspectiva de educação a postura do aluno é a de


mero espectador, que assimila os conhecimentos de maneira disciplinada, repetitiva,
reproduzindo o que lhe é repassado. O ensino e a aprendizagem necessária era a
que o mercado de trabalho necessitava e oferecia.

Atualmente, envolvidos pelos estudos de teóricos como Piaget com o


construtivismo em Vygotsky com o sócio interacionismo, temos uma educação
voltada para o exercício da cidadania, onde o aluno é tido como um sujeito ativo na
sua aprendizagem, que possui uma história e participa socialmente da mesma.

Evidencia-se que nesse momento a educação e a formação do aluno se


caracterizam de modo igual para todos, já que advoga um princípio de que “a
educação é direito de todos e dever do Estado” (SAVIANI, 2008).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) em seu art.


2º destaca que;

[...] a educação é dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de


liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho. (LDB. 9394/96 TÍTULO II, ART. 2º)

Temos então destacado o fato de que o aluno na atualidade não é um ser


passivo. Preparar o aluno para o exercício da cidadania e qualificação para o
trabalho, colocando esse sujeito como um cidadão de direitos que vão desde a
expressão de suas ideias como ter possibilidades de desenvolvimento de forma que
amplie seu conhecimento; afirmando assim o que diz na LDB 9393/96 art. 1º;

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida


familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais. (LDB. 9394/96 TÍTULO I, ART. 1º)

22
Lindigren (1971), afirma que, os professores e os alunos são igualmente
afetados pelas normas e padrões da cultura e da comunidade e sentem tensões e
pressões para equilibrar suas necessidades pessoais com as exigências do grupo.
Ou seja, esses sujeitos e seus papéis estão relacionados ao processo histórico
social, envolvem-se e determinam-se constantemente de acordo com as
expectativas de ensino e aprendizagem.

CAPÍTULO III

AS EXPECTATIVAS PROFESSOR-ALUNO NA DINÂMICA


INSTITUCIONAL
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Outro ponto a se discutir refere-se à evolução das expectativas do professor e
do aluno de acordo com o ano e etapa de ensino. Enquanto as crianças mudam de
ano e avançam nos estudos, mudam também as expectativas tanto do aluno, quanto
do professor com relação a si e ao outro. E na medida em que os alunos crescem os
problemas da clientela começam a se sofisticar, embora a disciplina continue a ser o
pano de fundo do perfil discente. Então, além do comportamento, o professor se
depara com um número excessivo de alunos, raramente possui o aparato
pedagógico de que precisa, como recursos didáticos, por exemplo, dispõe de pouco
tempo para elaborar suas atividades, chegando a estender sua jornada de trabalho
ao conforto de sua casa, e consequentemente dificultando seu relacionamento
familiar, uma vez que leva seus problemas profissionais para casa. No entanto,
como ressalta Mosquera, apud Coll e Solé (1997) cabe ao professor propiciar
condições de estudo para turmas superlotadas, devem conseguir chamar e prender
a atenção e o entusiasmo das crianças devem dominar diversas áreas de estudo,
terá que saber lidar com problemas emocionais, e até mesmo, doenças físicas de
seus alunos.

É evidente que dependendo das condições de trabalho de que o professor


dispuser, sua atuação pedagógica poderá ser prejudicada. Mas isso não o impede
de tentar fazer o melhor possível para que o sucesso se instaure.

O que muitas vezes acontece é que o professor usa as dificuldades que


encontra na escola, ou na instituição, como justificativa para o seu insucesso. Se a
falta de material didático, o grande número de aluno e várias outras dificuldades,
fossem as únicas causas reais do fracasso de alguns professores, como se explica o
sucesso de outros que consegue, por exemplo, alfabetizar crianças de várias idades
em classes multi - seriadas como as que existem na zona rural? O professor que é
competente precisa usar sua criatividade para contornar seus problemas e também
precisa lutar por melhores condições de trabalho, e não apenas queixar-se delas.

O sistema educacional apresenta muitas incoerências, cobra um resultado e


números sem muitas vezes, ter dado chances ou meios para que ele fosse possível.
Nestas circunstancias a docência assume vário papéis que não lhe são próprios,
como o de sanitarista – ao manter a reeducação dos hábitos alimentares e
higiênicos; religioso – quando o professor sente como se fosse um missionário para
24
dar conta de seu trabalho; pai/mãe/família – quando o professor se percebe com
uma responsabilidade superior ou igual a dos pais, se vendo obrigado a suprir
carências emocionais, materiais e até alimentares do aluno, e a escola termina se
tornando realmente a segunda casa do aluno. “As condições da maior parte das
instituições educacionais são tais que os professores devem possuir qualidades
sobre-humanas para realizar um trabalho produtivo.” (Mosquera, apud Coll e Solé
(1997).

A escola como uma instituição social tem refletido, com cada vez mais
evidência, a estrutura social vigente, que está aos poucos descaracterizando o
espaço de formação e transição de informações e transformando num centro de
assistência social comunitário.

Nesse contexto, “as representações acerca do processo educacional parecem


congregar uma multiplicidade de âmbitos, e o professor, uma variedade de funções,
que vão desde uma espécie de assessoria psicopedagógica até a indução de
discussões éticas, de valores.” (Aquino, 1996).

Aqui também entra a questão do “preparar para a vida”, missão que o


professor costuma assumir como meta do seu trabalho, só que a escola não prepara
para a vida, ela fá faz parte desta vida que se desenvolve a cada dia.

“O que se visa, parece-nos é a internalização das regras morais de conduta


– o que definiria o caráter do aluno para a vida afora. Não mais uma
submissão cega ao professor, mas uma obediência voluntária e livremente
arbitrada pelo aluno. Não mais um movimento implacável, mas
fundamentalmente concebido.” (Aquino, 1996. P. 47).

Além disso, como lembra Coll e Solé (1997) à educação institucionalizada tem
como um dos principais objetivos o processo de socialização, no qual joga um papel
preponderante a figura do professor. O professor possui para isso poder e
autoridade que lhe é atribuído pelo cargo que ocupa e por seu status de líder da sala
de aula.

25
As expectativas relativas ao aluno ou ao professor são fundamentais na
ocupação de quaisquer lugares, configurando-se como professor-aluno, fator
destacado por Aquino, 1996;

“... o grau de estimulação do professor parece determinar a legitimidade dos


interesses dos alunos, ao passo que, da parte do professor, o interesse do
aluno é aquilo que reiterava a viabilidade do seu trabalho, do seu lugar e da
ocupação deste.” (Aquino, 1996).

Além disso, as atitudes do aluno parecem sustentar as habilidades a ele


atribuídas e o papel fundamental que os professores se atribuem parece ser algo
relativo à formação do caráter do aluno, e a prioridade é a vida fora da escola. Desta
forma, a vida dentro da escola seria como que um ensaio da vida real, para além
dos muros da escola. Enfim, o que os professores e alunos esperam uns dos outros
pode conduzir a formação de suas representações mútuas, o que irá formar
diferentes expressões para analisar as peculiaridades da relação professor-aluno.

3.1 O diretor escolar – sujeito oculto no processo de ensino-aprendizagem


Nas relações em sala de aula existe um “sujeito oculto” que faz grande
diferença dependendo de sua atuação ser ativa ou passiva. Esse sujeito é o diretor
da escola. Historicamente a representação do sujeito diretor sofreu algumas
modificações sociais desde ser visto como aquele que cuida de tarefas
administrativas e não tem relação com as questões pedagógicas, como também do
sujeito que representa a escola em estancias superiores e outros órgãos repassando
as decisões para que o quadro de funcionários siga; até ser o sujeito que pensa em
todos os detalhes para que não só a educação naquele espaço escolar seja de
qualidade, e sim que todos sejam escutados buscando encontrar o ponto de união
entre a equipe escolar e a comunidade.

“Um dia, enquanto caminha pelos arredores de uma nova construção, Miguelangelo
aproximou-se de dois artesãos. Ele se dirigiu ao primeiro e perguntou-lhe o que estava
fazendo. – “Senhor, eu estou quebrando estas pedras”, foi à resposta. Então,

26
prossegue e perguntou a mesma coisa ao segundo. A resposta desta vez foi: “Eu sou
parte de um grupo de trabalhadores e artesãos que está construindo uma catedral”. A
tarefa era a mesma, mas a perspectiva, bem diferente”. “Da segunda, por certo,
resulta a possibilidade de sucesso de qualquer empreendimento” (Heloisa Luck e
outros, 1998, p. 40).

Em seu cotidiano, as prioridades da agenda do diretor consistem em cuidar


da infraestrutura, corrigir o comportamento dos alunos, atender os pais, receber as
crianças na porta, participar de reuniões com as secretarias de Educação e
providenciar material. Sobra pouco tempo para conversar com professores, prestar
atenção nas aulas e buscar a melhoria do ensino, a meta essencial da
escola. Porém para o sucesso do processo ensino-aprendizagem, como na citação
de Heloisa Luck, 1998, é preciso a interação de todos os componentes desse
processo em uma perspectiva participativa de trabalho em equipe. Para que os
objetivos e metas sejam atingidos nenhum sujeito está sozinho.

Assim, podemos afirmar que o diretor escolar deve entender que uma escola
bem organizada e com uma gestão de qualidade é aquela que cria e assegura
condições organizacionais, operacionais, pedagógicas e didáticas para o bom
desempenho de professores e alunos em sala de aula, de modo a se obter sucesso
nas aprendizagens e é claro no ensino.

O papel do diretor escolar não se resume meramente à administração do


estabelecimento de ensino, mas a de um agente responsável por mudanças. O
diretor de uma escola deve ter os olhos e ouvidos abertos, percebendo o que está
certo ou errado, o que não funciona em que aspectos podem melhorar em si
mesmo, nos professores, nos alunos, nos objetivos da escola, na disposição do
tempo, na visão que os outros fazem da instituição, nas suas próprias atitudes e
habilidades.

Para Maria Luiza Alécio, diretora de Fortalecimento Institucional e Gestão da


Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), “... o gestor que
cuida apenas de administração e infraestrutura esquece que isso só faz sentido
quando utilizado como meio para melhorar o desempenho das turmas”.

Por isso o diretor escolar precisa perceber a importância de capacitar seus


professores a fim de que se vejam como ótimos profissionais, criando um conceito

27
positivo nos mesmos, causando motivação, pois, trabalhar motivado é o caminho
para o sucesso. O diretor escolar precisa entender que a educação não é uma área
inerte, as transformações ocorrem à medida que o aluno interage com o mundo
externo.

Como gestor do processo educacional, o diretor educacional precisa perceber


o ambiente educacional e seus componentes, como uma organização que tem uma
missão, um objetivo a ser alcançado e, recursos a serem administrados, e que tudo
está relacionado ao sucesso do ensino e aprendizagem.

No contexto educacional atual cabe ao gestor escolar pensar o processo


educacional e as ações da escola, definindo um projeto de cidadania, atribuindo-lhe
finalidades e pressupostos filosóficos, sociais e educacionais congruentes com a
proposta político-pedagógica do processo de ensino. O administrador escolar e
todos de sua equipe devem ser capazes de trabalhar com os atores sociais do
processo educacional e suas relações, como sujeitos da construção desse processo,
gerando participação, compromisso e responsabilidades, decentralizando decisões e
interagindo.

Nas pesquisas Saviani 2008, citando os estudos realizados por Nóvoa, 1995;
Barroso, 1996; Luck, 1998, mostra que o modo como funciona uma escola faz
diferença em relação aos resultados escolares dos alunos. Embora as escolas não
sejam iguais, essas pesquisas indicam características organizacionais úteis para
compreensão do funcionamento das escolas, considerados os contextos e as
situações escolares específicos.

Compete ao diretor escolar alertar e orientar os professores quanto à


importância de se dar atenção especial aos alunos, tendo em vista suas dificuldades
de adaptação, em consequência das mudanças no processo ensino-aprendizagem
das duas séries, ressaltando a necessidade de se dedicar atenção especial à
orientação dos professores, por meio de cursos de formação que priorizem a relação
teoria-prática, num espaço de construção coletiva de conhecimento, oportunizando o
desenvolvimento de competências necessárias à sua atuação profissional, com
vistas a favorecer o desenvolvimento integral do educando e o sucesso do processo
ensino-aprendizagem.

28
Compreende-se que na perspectiva de uma gestão participativa no processo
educacional professores e alunos não estão sozinhos com a missão do sucesso do
processo de ensinar e aprender; dessa forma não é possível à escola atingir seus
objetivos de melhoria da aprendizagem escolar dos alunos sem formas de
organização e gestão, tanto como provimento de condições e meios para o
funcionamento da escola, quanto como práticas socioculturais e institucionais com
caráter formativo.

O diretor escolar deve ser o articulador e mediador promovendo o


desenvolvimento de novos padrões de gestão educacional como forma de canalizar
e reordenar as forças emergentes no cotidiano escolar, viabilizando a consecução
de propostas pedagógicas que garantam o sucesso do processo ensino-
aprendizagem.

O gerenciamento do processo educacional requer de seus administradores a


capacidade de articulação e construção do processo, não limitando suas funções,
apenas ao controle dos padrões de legalidade. Devem ser capazes de lidar com as
relações de poder, presentes no cotidiano, sabendo observar, investigar e interpretar
os acontecimentos do universo escolar, aceitando os conflitos como desafios
saudáveis, conduzindo-os para o sucesso da ação administrativa Devem ser
articuladores de todas as forças no interior da instituição, administrando tensões
entre professores, professores e alunos e demais segmentos da unidade escolar,
buscando o equilíbrio e o bem estar, sem perderem de vista o seu papel de
mediadores e articuladores dos buscando o equilíbrio e o bem estar, sem perderem
de vista o seu papel de mediadores.

3.2 Os reflexos das representações na relação professor-aluno no processo de


ensino-aprendizagem

Conforme apresentado anteriormente, as representações mútuas do


professor e do aluno podem interferir no processo educativo. Uma vez que as ações
de ambos irão girar em torno das representações que forem constituídas ao longo

29
deste processo. As representações iniciais dos professores podem incluir ou excluir
os alunos de determinadas categorias instituídas socialmente. Esta inclusão ou
exclusão pode acarretar tanto no sucesso quanto no fracasso do aluno em diversos
setores de sua vida, vai depender muito, dentre outros fatores, das concepções que
o professor tiver sobre o seu papel e o papel do aluno.

O preconceito que está diluído na educação também é um gerador de


fracassos. Tacca, 1999 revela em sua pesquisa realizada em escolas públicas do
Distrito Federal sobre o que há por trás das explicações dos professores para
fracasso e sucesso escolar, que há um grande preconceito dos professores com
relação à classe social do aluno, ocorrendo uma não aceitação do seu ser social. Ela
relata que os comentários que o aluno recebia como retorno de suas atividades era
desanimadores;

Geralmente, o professor recebia a tarefa feita pelo aluno e mal olhava, tanto
para a criança, como para o trabalho que lhe estava sendo entregue. (...) Se
olhava, o que lhe chamava a atenção eram os erros e, às vezes, melhor seria
não comentar nada, já que, quando falava, ressaltava apenas o lado
negativo. (Tacca, 1999).

Esse tipo de comportamento manifesto pelo professor, dizem ao aluno quais


são suas expectativas e preconceitos, o que termina gerando um distanciamento
entre professor e aluno.

Em sua pesquisa, Tacca chegou à conclusão de que quanto mais o professor


se distanciava do seu aluno, menores eram suas chances de percebê-lo em suas
verdadeiras possibilidades. Desconhecendo o aluno ele propunha atividades
inadequadas e, assim, maiores eram as possibilidades de fracasso. Se acontecia
fracasso, este era explicado pela falta de condições do aluno e da sua família.

Outro fato interessante em sua pesquisa foi à constatação na prática, do que


se supunha na teoria;

Na situação de fracasso, o professor se colocava mais facilmente na


situação de observador e, então, buscava causas para esse fenômeno no
aluno ou no seu contexto social. Já na situação de sucesso, assumia uma
30
posição de ator e chamava para si as explicações para esse acontecimento.
(Tacca, 1999).

Mas o que é o fracasso? “O fracasso, opondo-se ao sucesso, implica um


julgamento de valor.” (Cordié, 1996). Cordié destaca que o sucesso escolar remete-
se ao sucesso na vida, ser bem sucedido na escola é ter a perspectiva de ter mais
tarde, uma bela situação, de ter acesso, portanto, ao consumo de bens. Significa
também, ser alguém, isto é, ser considerado, respeitado. O fracasso escola
pressupõe a renúncia a tudo isso, a renúncia à vitória.

O fracasso escola pode ser concebido sob vários enfoques, a culpa existente
nele é por via de regra, endereçado a um dos envolvidos no processo ensino-
aprendizagem. Dependendo do ponto de vista em que é analisado, a culpa do
fracasso escolar pode se centralizar em um ou vários personagens da educação;
professor, aluno, direção escolar, comunidade e família.

Com a intenção de facilitar o trabalho escolar, muitas vezes os alunos são


divididos em turmas segundo seu nível de aprendizagem, maturidade, domínio de
conteúdo ou qualquer outra característica que possa justificar a homogeneização.
Neste momento fica clara a influência das representações do professor com relação
ao seu aluno. Existe um grande preconceito envolvido neste processo, classificar
uma turma de acordo com seu desenvolvimento cognitivo é como negar ao aluno a
possibilidade de evolução de sua aprendizagem dando saltos qualitativos em seu
desenvolvimento. Numa classe homogênea os bons sempre serão bons e os ruins
tendem a ficar piores ainda. Sobreviver a este cotidiano escolar é muito difícil e
como ele foge ao controle do aluno, este acaba por fracassar.

Quando uma criança fracassa, ao contrário do que discursa a escola, significa


eu houveram falhas gerais e não apenas dela, ou do professor, ou da instituição. A
responsabilidade sobre o fracasso escolar deve ser partilhada com
responsabilidade. Mas ao contrário disso, a escola apresenta-se como vítima de
uma clientela inadequada, e como se não bastasse, ainda encontra justificativas de
diversas naturezas para respaldar suas teses sobre o real motivo para o fracasso.
Este acontecimento não é isolado, ele é um reflexo do atual contexto social, que

31
busca justificativas em terceiros para não assumir as responsabilidades dos próprios
atos.

A questão socioeconômica está sempre presente em meio a tais justificativas,


se não há recursos financeiros na família da criança, então ela não consegue
aprender, como se a inteligência do ser humano fosse compatível com a renda
familiar. Na verdade, as escolas é que não estão preparadas para desenvolver um
trabalho pedagógico significativo nas comunidades de baixa renda.

A desnutrição é outra justificativa constante, no entanto, ela não pode ser


associada diretamente com o fracasso escolar, pois, até então, nenhuma pesquisa
feita nesta área comprovou haver algum tipo de correlação entre ambos. A
desnutrição grave, no inicio da vida e de longa duração teoricamente poderia vir a
exercer alguma influência nas funções intelectuais superiores, mas essa informação
não tem respaldo científico, uma vez que não se pode medir a capacidade
intelectual de uma pessoa, principalmente se tal capacidade depender do tipo e
qualidade da alimentação da criança. A escola, no entanto, torna a desnutrição uma
justificativa para o fracasso escola, mesmo não podendo comprovar sua existência.
Esta é uma das formas de preconceitos que se disseminam no âmbito escolar.

As disfunções neurológicas, que se referem a uma condição biológica


inerente ao individuo, representam outra justificativa para o fracasso escola. No
entanto, os diagnósticos destas disfunções não podem ser feitos a “olho nu” ou com
rápidas e isoladas observações acerca do sujeito em questão. A escola também se
especializou neste tipo de preconceito, pois é muito mais fácil atribuir a uma criança
o estigma de hiperativo, dislexia ou qualquer outra deficiência neuro- cognitiva do
que assumir seus próprios preconceitos e as falhas no processo de ensino-
aprendizagem.

O professor, mesmo sem formação adequada precipita-se em fazer


diagnóstico e recomendar a especialidades médicas e psicológicas para solução de
um problema que muitas vezes surgiu de uma dificuldade de relação. Essa situação
pode ser fruto de muitas situações: o professor pode ter tido informações superficiais
sobre determinados distúrbios de aprendizagem, ter sido mal orientado na

32
identificação das mesmas e ainda aprendido a identificar em pouco tempo, os alunos
portadores das mesmas.

Se a criança não consegue aprender, inicialmente é porque ela pode ter algo,
assim responsabilidade do professor é inabalada, amenos que o contingente de
fracassados seja muito grande. Aí vem a justificativa da escola, quando poucos
alunos fracassam, o problema pode estar neles, mas quando se trata de mais da
metade da turma, então a culpa é do professor! E não é bem assim, pode acontecer
de a forma como o conteúdo foi trabalhado não ter sido significativa para os alunos,
ou outras situações que fazem do planejamento, uma ação flexível.

As crianças que de fato têm algum tipo de deficiência vale ressaltar que o
conceito de “deficiência” foi construído historicamente, sofrem o estigma de ser
diferente sendo tratada de forma igual. Na sala de aula, é marginalizada, sendo alvo
de um atendimento pedagógico precário e preconceituoso. Muitas vezes por que a
escola pode não saber como proceder com aquele ser que recebeu. E na tentativa
de evitar que a criança se constranja na sala de aula, a escola acaba ressaltando as
limitações desta criança. Além deste agravante, há a crença de que uma criança
portadora de necessidades especiais ou acometidas por algum tipo de doença é
incapaz de aprender. O que não é verdade.

A criança é um ser histórico, e como tal evolui constantemente. Sendo


respeitada, ela aprenderá a lidar com suas emoções e com todas as situações
novas que a escola lhe propõe. Infelizmente, a maioria dos professores se esquece
de que esta criança está num período de desenvolvimento diferente do seu, e as
alegações de imaturidade são um tanto quanto vagas e infundadas. A cada
momento, o ser humano tem características físicas, cognitivas que a determinam em
uma categorização. A cada momento, o ser humano tem características físicas,
cognitivas e emocionais diferentes, que se adequam a um momento determinado.
Considerar uma criança imatura é o mesmo que sufocar e limitar seu
desenvolvimento. Interessar-se pela escola e por tudo o que ela possa oferecer, não
é responsabilidade integral da criança. A escola deve se estruturar de forma tal que
a criança se sinta acolhida e livre para construir novos conhecimentos.

33
A escola construiu alguns mitos acerca da criança que nela estuda. Muitos
deles servem podem desviar a responsabilidade pelo fracasso escolar. Então muitos
passam a ser culpados, como; se a criança não tem família, ela não consegue
aprender. Ou seja, a escola só da conta de seu trabalho se houver alguém que a
represente fora dos seus muros. E esta família não pode ser qualquer família, ela
precisa se enquadrar no padrão de família politicamente correta, onde os pais vivem
bem, trabalham, vão à escola sempre que são solicitados e ajudam nas atividades
de casa. Cabe a pergunta: quem faz o papel de quem? A escola sente-se no dever
de alimentar a criança, de identificar possíveis problemas de saúde que interfiram na
sua aprendizagem, promover atividades recreativas enquanto que a família cabe o
dever de prover o ambiente necessário à aprendizagem dos conteúdos escolares.

Ao idealizar uma família, a escola revela o pouco conhecimento sobre a vida


concreta das pessoas com as quais convive e divide a responsabilidade da
educação das crianças. Vindas de uma família ideal, as crianças ideais são as que
progridem na escola. Essas crianças existem como hologramas na escola, pois
todas sofrem com algum tipo de fracasso num dado momento de sua escolaridade.
Ninguém acerta sempre; os erros são fundamentais na vida de uma pessoa, pois
através deles pode-se exercitar a reflexão sobre as próprias ações.

Para a escola, uma família desestruturada, gera crianças desestruturadas,


revoltadas e agressivas, depois de diagnosticado este quadro, à escola cabe à
função de rotular e classificar cada criança. É evidente a presença do preconceito
gerado de acordo com categorias socialmente construídas. O que acontece na
escola, não é um fato isolado, mas um eco dos preceitos sociais vigentes.

É interessante observar como a escola concebe a colaboração da família em


seu recinto. Segundo relato de Collares, 1996 para a escola, colaborar significa
participar sem questionar, atender aos seus chamados quase eu de forma inusitada,
indo às reuniões e acompanhando as tarefas escolares, ajudando com uma
inusitada, indo às reuniões e acompanhando as tarefas escolares, ajudando com
uma aula de reforço, como se apenas isso bastasse.

O preconceito advindo das representações constituídas ao longo do processo


educativo tem duas faces: a de quem o exercita e a de quem é estigmatizado por

34
ele. A primeira se sustenta na tentativa de justificar o fracasso usando o próprio
individuo, fazendo-o culpado por tudo, ou seja, não aprende porque não se esforça.
A segunda é muito mais dolorosa; uma pessoa pode vir a ser absorvida pelo estigma
de tal maneira, que poderá comprometer não só seu desenvolvimento, mas também,
qualquer possibilidade de sucesso que a mesma possa ter. Daí o perigo de ser
incluído numa categoria por engano.

No entendimento de Goes, 1997 quando o processo de ensino-aprendizagem


é assumido como transmissão-recepção de conhecimentos, espera-se que o outro
transmita algo que possui, enquanto ao sujeito é atribuído o papel de receber os
conhecimentos a que é exposto. Considerando o contexto pedagógico, o aluno pode
ou não aprender tudo o que o professor transmite. Existe, portanto uma assimetria
entre professor e aluno. Essa assimetria é fundamental, pois ela contribui para o
crescimento de ambos, uma vez que se faz necessária à intervenção do outro nas
formas de elaboração de conhecimento pelo sujeito.

O papel do outro na relação ensino-aprendizagem é fundamental, pois


permite a ressignificação dos conteúdos escolares, que terminam por atribuir a
função de mediador ao outro.

O “erro construtivo” não pode ser confundido com uma “visão construtiva do
erro”, pois é conceitos que podem fazer a diferença na hora de se corrigir a
produção dos alunos. Segundo Davis, (1990), “no erro construtivo, a produção do
aluno pode não ser a resposta certa, mas indica o caminho para alcança-la”. Já
numa visão construtiva do erro, o “erro” do aluno propõe uma investigação do
pensamento e do trabalho, o erro é visto como uma hipótese construída pelo aluno,
também situa e norteia a intervenção e a mediação do professor.

O erro permite enxergar não só a natureza do pensamento, mas também


serve de indicativo para que o professor analise sua prática pedagógica e situe seu
trabalho nas necessidades do aluno.

Por outro lado, se o professor não tem uma visão positiva do erro e o encara
como um fracasso único e exclusivo do aluno, então as possibilidades de progresso
e evolução deste aluno, é menor e como poucas possibilidades de sucesso. Tanto

35
os professores como o aluno devem entender que errar não é o mesmo que não
aprender ou não ensinar e sim que há sempre a possibilidade de buscar melhorar.

Com relação a essa postura do professor, é preciso estar atento ao alerta


feito por Luckesi, citado por Romão, 1990 onde se registra que não se pode fazer
“apologia do erro e do insucesso como fontes necessárias do crescimento”. Por
tanto, se o equivoco e o insucesso deixa de ser fonte de julgamento e punição, é
porque a visão de mundo de quem os aborda considera-os como contingências
necessárias no processo de construção do saber. Não se trata de buscar o erro para
que se possa construir o conhecimento, mas encará-lo como fonte de outros
saberes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

36
No desenvolvimento da pesquisa a respeito da “Influência das relações entre
professor e aluno no processo de ensino – aprendizagem, percebemos que se
quisermos compreender se professor e o aluno podem conviver em sala de aula
sem construírem uma relação de afeto ou desafeto e ainda, se a relação construída
entre esses sujeitos pode influenciar nas ações e interesses um do outro no
processo ensino aprendizagem, devemos entender como esses sujeitos interagem,
como se comportam e como se comunicam no ambiente escolar, temos que
reconhecer não somente os comportamentos manifestados e visíveis, mas também
aqueles apresentados indiretamente pelas representações que trazem de si e do
outro, como sujeitos do processo ensino – aprendizagem.

Com o objetivo de compreender como a relação entre um professor e seus


alunos, tanto em sala de aula, quanto ano contexto escolar, poderia afetar
significativamente o ensino e a aprendizagem, percebemos a necessidade analisar o
que existe por trás do sujeito que ensina (professor) e do sujeito que aprende
(aluno), que concepções de mundo estão presentes, que valores, representações,
expectativas, conceitos e pré-conceitos estão presentes no universo social do
professor e do aluno. E isso foi o que buscamos com essa pesquisa.

Durante este estudo tivemos momentos em que nossas representações


permaneceram e momentos em que se fez necessária uma grande reflexão sobre
nossos paradigmas, preconceitos. A falta de conhecimento e de compreensão da
dinâmica que ocorre dentro da sala entre professor e aluno e justamente a relação
de conhecimento e interação entre esses sujeitos, leva - os a se verem de forma
isolada e estanque com papéis e objetivos estanques; é como se conseguissem
isolar sentimentos, afetos e até mesmo a própria história simplesmente para
ensinarem (professor) e aprenderem (aluno). Porém o professor e aluno são seres
humanos, ou seja, sujeitos ativos que influenciam e são influenciados pelo meio
social em que vivem.

Acreditamos que nossos objetivos foram alcançados, pois entendemos que a


visão do educador acerca da origem das características individuais interfere na sua
maneira de compreender e explicar as relações entre o ensino e a aprendizagem,
além de revelarem determinadas concepções sobre os processos de
desenvolvimento e aprendizagem do ser humano e do papel da educação. Portanto,
37
as metodologias utilizadas, os objetivos propostos, as formas de avaliação, o tipo de
interação estabelecida em sala de aula, bem como as explicações sobre o
desempenho dos alunos, dependerão não só das concepções de homem do
educador, mas também das representações que construir a respeito de todo o
processo educativo.

Da mesma forma reconhecemos que o aluno na atualidade não é um ser


passivo e sim um cidadão de direitos que vão desde a expressão de suas ideias
como ter possibilidades de desenvolvimento de forma que amplie seu conhecimento
até a expressão de ideias e sentimentos que representam sua história, sócio -
cultural. Esse aluno trás consigo uma representações que são fonte das
expectativas sobre ensino e aprendizagem e consequentemente influenciaram no
ensino aprendizagem dependendo de como a relação for construída no ambiente de
sala.

Concluímos nossa pesquisa acreditando que uma opinião já formada a


respeito de determinado assunto, pessoa ou objeto, somada a atitude de
preconceito frente a uma coisa, está apoiada num conjunto referencial de
representações. Este referencial de representações foi construída na relação social
estabelecida pelas pessoas. Ela continua suas considerações sobre o preconceito
lembrando que se a nossa conduta é apoiada num conjunto de representações
sociais, essas noções e teorias coletivas estão também presentes em nosso
cotidiano de trabalho e, por conseguinte, na prática escolar. Assim, é comum que os
preconceitos e as atitudes de diferenças façam parte do nosso cotidiano escolar, na
medida em que se absorve para dentro do processo educativo aquilo que somos. Ou
seja, a complicada dinâmica do processo de interação social e ainda destaca que o
preconceito advindo dessa interação afeta todos os âmbitos de nossas relações na
dinâmica escolar.

Um fato curioso na pesquisa e que merece destaque em estudos posteriores


foi percebermos que o administrador escolar não está ausente nas relações em sala
de aula e principalmente nas responsabilidades com o ensino e a aprendizagem,
esse sujeito influencia e é influenciado da mesma forma, pois, dependendo de qual
for o tipo de relação estabelecida dentro da sala de aula, muitos problemas podem
surgir e outros serem resolvidos ou perderem a relevância na dinâmica escolar.
38
Passam a existir muitas possibilidades e muitas hipóteses podem ser levantadas. Se
houver identificação entre professor e alunos, é possível que a turma se desenvolva
melhor e com menores dificuldades e consiga muito mais sucessos.

Se a turma de alunos de um professor não corresponder às suas expectativas


e se criar uma gama de representações superficiais e negativas sobre ambos,
haverá possibilidade de fracasso do ensino e da aprendizagem. O sucesso no
processo ensino aprendizagem não está na “aprovação ou reprovação” para a série
ou etapa seguinte. Trata-se de despertar o interesse em buscar o conhecimento. Em
estimular a formação de um cidadão, ativo, crítico, pesquisador e autônomo na
sociedade.

Ensinar e aprender não ocorre como em uma via de mão única, embora as
representações que esses sujeitos trazem um do outro sejam de que cada um tenha
um papel e uma função a desempenhar, esses sujeitos constroem uma relação em
sala de aula que promove o despertar de interesses, objetivos e sonhos.

Nesse sentido concordamos com Paulo Freire ao afirmar que o ensinar e o


aprender não ocorram separadamente, eles ocorrem nas relações construídas e de
forma intrínseca, dialógica e dinâmica. Dessa forma se essas relações forem
harmônicas e de cooperação e respeito, o processo ensino aprendizagem
acontecerá de forma, positiva, prazerosa e significativa. Porém, ainda há muito que
se pesquisar para compreendermos de fato toda dinâmica da vida social existente
dentro da escola.

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41

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