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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEDC - CAMPUS XV – VALENÇA


CURSO DE PEDAGOGIA

Importância da Afetividade na relação professor- aluno na Educação


Infantil

Gleiciane Santana dos Santos


Luzia dos Santos Lacerda

Valença-Ba
2023
Gleiciane Santana dos Santos
Luzia dos Santos Lacerda

IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR- ALUNO


NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial para
obtenção do título de pedagogo da
Universidade do Estado da Bahia.

Orientadora: Cristiane Soares Mendes

Valença-Ba
2023
Trabalho de Conclusão de Curso
Importância da Afetividade entre Professor-aluno na Educação Infantil

Gleiciane Santana
Luzia Lacerda

Aprovado em: ___/___/____

_______________________________
Professor (a)

____________________________ _________________________
Professor Professor
AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus por nos fortalecer e nos ajudar a alcançar todas as nossas
metas de vida. Sua presença em nossas vidas nos deu força e direção para
enfrentar os desafios do TCC. Em segundo lugar, gostaria de expressar minha
gratidão aos nossos queridos familiares, em especial Jonatas Souto, Maria das
Graças e Sebastião e Maria. Seu apoio incondicional e incentivo foram fundamentais
para nossa jornada acadêmica.
Também não posso deixar de agradecer à nossa estimada professora Cristiane.
Sua orientação, conhecimento e dedicação foram essenciais para o sucesso do
nosso trabalho. Ela nos incentivou a buscar o melhor de nós mesmos, desafiou
nossas ideias e nos ajudou a superar obstáculos.
Por fim, gostaria de expressar minha imensa gratidão à nossa parceira de TCC.
Sem sua colaboração, comprometimento e trabalho em equipe, nada disso seria
possível. Juntas, enfrentamos os momentos de incerteza, compartilhamos ideias e
superamos os desafios que surgiram ao longo do caminho.
A todos vocês, meu mais profundo agradecimento por fazerem parte dessa
jornada tão especial. Seu apoio e presença fizeram toda a diferença em nosso TCC.
Que essa conquista seja apenas o começo de muitas outras realizações em nossas
vidas. Muito obrigado!
RESUMO
O presente estudo apresenta e discute a relação entre a afetividade e a educação infantil, o objetivo
geral desta pesquisa é compreender como a afetividade contribui de forma significativa na relação
professor-aluno no processo de ensino-aprendizagem. Problema e os objetivos específicos são:
Utilizamos a abordagem qualitativa e uma pesquisa bibliográfica utilizando fontes como livros, artigos
e produções textuais que abordam o tema proposto. Dialogamos sobre a temática proposta a
afetividade conforme alguns autores, como Freire (2021), Wallon, Lev Vygotsky e outros relevantes
para o estudo. O trabalho realizado pode contribuir para o aprofundamento dos estudos sobre a
afetividade na sala de aula e no desenvolvimento de práticas pedagógicas mais humanizadas.
Palavras-chave: Afetividade. Educação infantil. Relação Professor-aluno

ABSTRACT

This article presents and discusses the relationship between affectivity and early
childhood education through a bibliographical survey using sources such as books,
articles and textual productions that address the proposed theme. Initially, the
concept of affectivity is presented according to some authors, such as Freire (2021),
Wallon, Lev Vygotsky and other relevant ones. The general aim of this research is to
understand how affectivity contributes significantly to the teacher-student relationship
in the teaching-learning process. The work carried out can contribute to further
studies on affectivity in the classroom and to the development of more humanized
teaching practies.

Keywords: Affectivity. Early childhood education. Teacher-student.


SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO-------------------------------------------------------------------------------7
2. CONCEITO DE AFETIVIDADE-----------------------------------------------------
10
2.1. BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL -------------------------
18
2.2. AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL ----------------------------------
18 6
3. RELAÇÃO AFETIVA ENTRE PROFESOR E ALUNO PROCESSO
DE ENSINO E
APRENDIZAGEM--------------------------------------------------------------------19 7
3.1. ALGUNS CRITÉRIOS QUE FAVORECEM O ENSINO
APRENDIZAGEM PEDAGÓGICAS-----------------------------------------------------------23
8
4.1. ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS QUE PROMOVAM A
CONSTRUÇÃO DE VEÍCULOS AFETIVOS NA RELAÇÃO PROFESSOR X
ALUNO DA EDUCAÇÃO INFANTIL-----------------------------------------------------------
25 9
5.CONCLUSÃO-------------------------------------------------------------------------------------32
6.REFERÊNCIAS-------------------------------------------------------------------------------------35
1. INTRODUÇÃO

Quando pensamos em afetividade, sempre vêm à mente o amor,


carinho, atenção e cuidado. No entanto, a afetividade não se resume apenas a
isso, dessa forma ela abrange todas as emoções e experiências que nos
afetam. A afetividade é de suma importância para o equilíbrio da autoestima e
também para o desenvolvimento social do ser humano, principalmente na
infância, portanto o ser humano é influenciado pelo que o afeta, tanto de forma
positiva como negativa, através das trocas emocionais e afetivas com cada
criança, o professor constrói aprendizagens de maneira simples, permitindo
que elas aprendam mais rápido e estabeleçam uma relação segura com ele.
Vygotsky (1994, apud TASSONI, p.1), “ao destacar a importância das
interações sociais, traz a ideia da mediação e da internalização como aspectos
fundamentais para a aprendizagem, defendendo que a construção do
conhecimento ocorre a partir de um intenso processo de interação entre as
pessoas”.
A afetividade desempenha um papel fundamental na relação professor-
aluno na educação infantil, criando um ambiente seguro, acolhedor e
estimulante para as crianças explorarem, expressarem emoções e
aprenderem. Fortalece o vínculo, promove conexão positiva, compreensão e
valorização, favorecendo o desenvolvimento socioemocional e bem-estar da
criança. Segundo Wallon (1978) “o vínculo afetivo estabelecido entre o adulto e
a criança é que sustenta a etapa inicial do processo de aprendizagem. Seu
status é fundamental nos primeiros meses de vida, determinando a
sobrevivência”.
Por essa razão, é de fundamental importância que o educador
compreenda seu papel na interação com as crianças, transmitindo cuidado,
carinho, atenção e respeito. Essas qualidades são essenciais para o
desenvolvimento emocional saudável, autoestima positiva, habilidades sociais
e gestão emocional das crianças. A afetividade na relação professor-aluno
encoraja a exploração, experimentação, expressão de opiniões e cria um
ambiente colaborativo de aprendizado valorizando ideias e contribuições dos
alunos, influenciando positivamente seu desempenho acadêmico. Quando os
7
alunos se sentem seguros, amados e respeitados pelos seus professores, eles
se engajam mais nas atividades de aprendizado, desenvolvendo um interesse
genuíno e uma motivação intrínseca para aprender. (Fernández, 1991, p. 47 e
52).
No decorrer do desenvolvimento, os vínculos afetivos vão se
ampliando e a figura do professor surge com grande importância na
relação de ensino e aprendizagem, na época escolar. “Para aprender,
necessitam-se dois personagens (ensinante e aprendente) e um
vínculo que se estabelece entre ambos. (...) Não aprendemos de
qualquer um, aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e
direito de ensinar”. (Apud TASSONI, S/D, p. 1)

Portanto, a afetividade na relação professor-aluno na educação


infantil é essencial para o desenvolvimento integral das crianças, promovendo
um ambiente de aprendizado acolhedor, estimulante e significativo, onde elas
se sentem amadas, valorizadas e motivadas a aprender e crescer.
A justificativa para a escolha desse tema para pesquisa foi
fundamentada nas observações e experiências adquiridas durante os estágios
curriculares realizados. Durante esse período, foi possível perceber de forma
clara e significativa a importância da afetividade no contexto educacional,
especialmente na educação infantil. Diante disso, o presente trabalho se pauta
no seguinte problema de pesquisa: Qual é a importância da afetividade na
relação entre professor e aluno para a aprendizagem na educação infantil?
O objetivo geral desta pesquisa é compreender como a afetividade
contribui de forma significativa na relação professor-aluno no processo de
ensino-aprendizagem, considerando que nessa fase as crianças começam a
formar vínculos afetivos. Além disso, os objetivos específicos são focados em:
Definir o conceito de afetividade e sua importância, discutir a importância da
relação afetiva entre professor e aluno no processo de ensino e aprendizagem;
conhecer estratégias pedagógicas que promovam a construção de vínculos
afetivos na relação professor x aluno que auxiliam no processo de ensino na
educação infantil.
Para fundamentar essa pesquisa, faremos uso das obras de Paulo
Reglus Neves Freire (1921-1997), Henri Paul Hyacinthe Wallon (1879-1962),
Lev Vygotsky (1896-1934) e outros autores relevantes. Esses três teóricos
formam o tripé das teorias que abordam a relação íntima entre afeto e

8
cognição, auxiliando na compreensão da inteligência, aprendizado e
desenvolvimento humano, esses autores são especialistas na área da
educação e deram à afetividade uma importância elevada no processo
pedagógico.
Paulo Régis Neves Freire, educador pernambucano, nasceu em 1921 na
cidade do Recife. É conhecido por sua abordagem revolucionária da educação
e é considerado o brasileiro com mais títulos de doutorados honoris causa.
Este trabalho fará uso do livro "Pedagogia da autonomia".
Para embasar nossa pesquisa, utilizaremos a metodologia bibliográfica
como base de análise e fundamentação teórica pois,
“A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de
referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e
eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites.
Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica,
que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o
assunto. Existem, porém, pesquisas científicas que se baseiam
unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas
publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos
prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta”
(FONSECA, 2002, p. 32 apud Gerhardt e Silveira, 2009, p.37)

Para Gil (2007, p. 44, apud Gerhardt e Silveira, 2009, p.37), os exemplos
mais característicos desse tipo de pesquisa são sobre investigações sobre
ideologias ou aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca
de um problema.
A Pesquisa bibliográfica é considerada
[...] mãe de toda pesquisa, fundamenta-se em fontes bibliográficas; ou
seja, os dados são obtidos a partir de fontes escritas, portanto, de
uma modalidade específica de documentos, que são obras escritas,
impressas em editoras, comercializadas em livrarias e classificadas
em bibliotecas. (GERHARDT; SIVEIRA, 2009, p.69).

Esse tipo de pesquisa desempenha um papel fundamental ao fornecer


embasamento teórico para estudos e pesquisas acadêmicas, permitindo
identificar lacunas na literatura existente e para obter uma compreensão
aprofundada das perspectivas dos autores.
O trabalho a seguir foi estruturado da seguinte maneira:
Capítulo I: Conceito de Afetividade:
Foi apresentado a afetividade como um conceito que ainda está sendo
discutido com base em muitos teóricos, pesquisas e estudos. Há de se levar

9
em consideração também a sua importância no desenvolvimento emocional,
cognitivo e social das crianças, bem como na construção de vínculos afetivos
saudáveis. A afetividade pode ser compreendida de várias maneiras, incluindo
as perspectivas filosófica, psicológica e pedagógica. Vamos nos concentrar
exclusivamente na perspectiva pedagógica e psicológica, que se dedica ao
estudo e compreensão das emoções.
Também foi relatado sobre como afetividade desempenha um papel
fundamental na nossa forma de nos relacionar com os outros e de lidar com os
desafios da vida. É através da afetividade que expressamos nossas emoções,
estabelecemos conexões emocionais significativas e encontramos equilíbrio
emocional. Portanto, cultivar uma afetividade saudável é essencial para o
nosso bem-estar emocional e mental.
Capítulo II: Relação Afetiva Entre Professor e Aluno no Processo de
Ensino e Aprendizagem;
No capítulo, destacamos a infância é percebida como uma fase
transitória sem uma atenção especial às necessidades ou características
específicas das crianças. A história da infância em uma época em que não
havia uma ênfase na preservação de sua memória histórica. Isso se deve, em
parte, à ausência do sentimento de infância tal como o conhecemos
atualmente.
Nesse capítulo foi feito um levantamento histórico acerca da relação
entre professor-aluno através de uma perspectiva histórica do conceito de
infância. É preciso levar em consideração também que muitos educadores
evoluíram bastante no conceito de ensino e aprendizagem.
Capítulo III: Estratégias que Promovam a Construção de Vínculos
Afetivos na Relação Professor X aluno da Educação Infantil
No 3º e último capítulo, foi abordado a cerca da relação afetiva entre
professor e aluno que pode desempenhar um papel crucial no processo de
ensino e aprendizagem. É por meio dessa conexão que os estudantes se
sentem valorizados, motivados e encorajados a se envolverem ativamente na
busca do conhecimento. Antes de explorar sua importância, é necessário
compreender o significado da aprendizagem e como ela se desenvolve.

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2. CONCEITO DE AFETIVIDADE

Neste capítulo, será apresentada uma definição do conceito de


afetividade e discutida a sua importância no desenvolvimento emocional,
cognitivo e social das crianças, bem como na construção de vínculos afetivos
saudáveis. A afetividade pode ser compreendida de várias maneiras, incluindo
as perspectivas filosófica, psicológica e pedagógica. Vamos nos concentrar
exclusivamente na perspectiva pedagógica e psicológica, que se dedica ao
estudo e compreensão das emoções.
De acordo com o Wikipédia (2016) a afetividade

é representada por um apego a alguém ou a alguma coisa, gerando


carinho, saudade (quando distantes), confiança e intimidade, o termo
perfeito para amor entre duas pessoas. O afeto, é um dos
sentimentos que mais gera autoestima entre pessoas [...], pois produz
um hormônio que garante o bem-estar do corpo. Um conjunto de
fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções,
sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor
ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de
alegria ou tristeza.

Isso significa que o afeto é um dos sentimentos que mais contribuem


para o desenvolvimento da autoestima. Isso ocorre porque o carinho estimula a
liberação de substâncias químicas que promovem o bem-estar do corpo,
evidenciando a ligação entre saúde mental e emocional. É destacado a
importância da afetividade na formação de relacionamentos emocionais
saudáveis, na promoção da autoestima e no impacto positivo na saúde física e
mental das pessoas.
A afetividade desempenha um papel fundamental na nossa forma de
nos relacionar com os outros e de lidar com os desafios da vida. É através dela
que expressamos nossas emoções, estabelecemos conexões emocionais
significativas e encontramos equilíbrio emocional. Portanto, cultivar uma
afetividade saudável é essencial para o nosso bem-estar emocional e mental.
Para Henri, WALLON (1954, p. 288):
A afetividade é um domínio funcional, cujo desenvolvimento
dependente da ação de dois fatores: o orgânico e o social. Entre
esses dois fatores existe uma relação recíproca que impede qualquer
tipo de determinação no desenvolvimento humano, tanto que a
constituição biológica da criança ao nascer não será a lei única do
seu futuro destino. Os seus efeitos podem ser amplamente
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transformados pelas circunstâncias sociais da sua existência onde a
escolha individual não está ausente. (Apud AMORIM et al., 2012,
p.2).

Na perspectiva Walloniana a afetividade é a capacidade de estabelecer


e expressar emoções e é influenciada tanto por fatores biológicos quanto
sociais. Isso significa que o desenvolvimento da afetividade de uma pessoa
não é determinado apenas pela sua constituição biológica ao nascer, mas
também pelas circunstâncias sociais em que ela vive. Essas circunstâncias
podem incluir o ambiente familiar, as relações interpessoais, as experiências
sociais e culturais. Portanto, a escolha individual e as interações sociais
desempenham um papel importante na formação e transformação da
afetividade ao longo da vida.
A relação de afetividade na educação não se resume apenas a beijos e
abraços, mas também a dar voz e vez à criança. Ouvir e validar o que a criança
fala faz diferença no processo de ensino-aprendizagem. De acordo com as
ideias de Gabriel Chalita (2004, p. 33 apud (AMORIM et al., 2012, p.3) “[...]
afetividade é ter afeto no preparo, afeto na vida e na criação. Afeto na
compreensão dos problemas que afligem os pequenos [...]". A afetividade é
importante em todas as etapas da vida, desde o planejamento e preparo até a
execução e criação. Também envolve ter empatia e se importar com os
problemas que afetam as crianças. É sobre demonstrar carinho pois na
educação o que a criança mais precisa e deseja é afeto.
No relacionamento professor-aluno, é importante considerar aspectos
emocionais para promover um ambiente de confiança, segurança e estímulo
emocional positivo. Aspectos motores devem ser considerados para garantir
uma abordagem inclusiva que atenda às necessidades físicas dos alunos.
Aspectos culturais devem ser considerados para valorizar a diversidade e
promover a inclusão cultural. Aspectos sociais devem ser considerados para
incentivar a interação, colaboração e desenvolvimento de habilidades sociais
dos alunos. O professor não assume o papel da família, mas é fundamental
estabelecer limites para a aprendizagem. Além disso, demonstrar carinho e
afeto é importante, e quanto mais consciente o educador estiver das dinâmicas
estabelecidas com os alunos, maior será a chance de utilizar recursos
adequados para auxiliar no aprendizado. A afetividade envolve se importar com

12
o aluno e desejar que ele seja feliz em suas aprendizagens, crescendo junto
com ele nessa jornada. De acordo com Amorim et al. (2012, p.1)
"A Educação Infantil é uma das mais complexas fases do
desenvolvimento humano no que tange aos aspectos de
desenvolvimento intelectual, emocional, social e motor da criança, e,
por essa razão a escola que oferta essa modalidade de ensino
organizar-se num ambiente estimulante, educativo, seguro e afetivo,
com profissionais qualificados para acompanhar as crianças nesse
processo de descoberta e conhecimento, propiciando uma base
sólida para seu desenvolvimento [...]”

A afetividade é essencial no processo educativo, pois todos os seres


humanos são afetados e reagem a estímulos, mesmo que de forma
inconsciente. Desde o nascimento, somos seres frágeis e dependentes,
necessitando do cuidado de outros. Essa dependência nos torna seres
afetivos. A escola deve considerar a afetividade como parte importante da
formação dos alunos, promovendo um ambiente que valorize o
desenvolvimento emocional e social, além do intelectual. Isso contribui para
uma educação mais completa e significativa.
Piaget (2004, p.34 apud KOCHHANN et al., 2015, p.228) acreditava que
“nunca há ação puramente intelectual, assim como também não há atos que
sejam puramente afetivos” as ações humanas são resultado de uma
combinação complexa de processos cognitivos e afetivos. Isso significa que
nossas emoções influenciam nossos pensamentos e decisões, enquanto
nossos pensamentos e processos cognitivos também afetam nossas emoções.
Portanto, não podemos separar completamente o aspecto intelectual do
emocional em nossas ações diárias.
Na visão de VYGOTSKY (1993, p. 25)
[...] quem separa o pensamento do afeto, nega de antemão a
possibilidade de estudar a influência inversa do pensamento no plano
afetivo, volitivo da vida psíquica, porque uma análise determinista
desta última inclui tanto atribuir ao pensamento um poder mágico
capaz de fazer depender o comportamento humano única e
exclusivamente de um sistema interno do indivíduo, como transformar
o pensamento em um apêndice inútil do comportamento, em uma
sombra desnecessária e impotente. ” (Apud KOCHHANN et al., 2015,
p. 529-530).

É importante reconhecer que a influência mútua entre o pensamento e o afeto


permite aos educadores criar ambientes de aprendizagem que promovam tanto
o desenvolvimento cognitivo quanto emocional dos alunos, a interação entre o

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pensamento e as emoções, desempenham papéis fundamentais na vida
psíquica e no comportamento humano.

2.1 Breve histórico da educação infantil

Ao longo da história, a evolução da percepção da criança foi marcada


por transformações significativas, culminando no reconhecimento de sua
condição como sujeito que demanda cuidado e, posteriormente, como sujeito
de direito à educação. Nos séculos XVII e XVIII, as crianças eram
frequentemente consideradas como "pequenos adultos", destinadas à potencial
mão de obra. Segundo Ariés (1978)

Na sociedade medieval, que tomamos como ponto de partida, o


sentimento de infância não existia – o que não quer dizer que as
crianças não fossem negligenciadas, abandonadas ou desprezadas.
O sentimento da infância não significa o mesmo que afeição pelas
crianças: corresponde à consciência da particularidade infantil, essa
particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto,
mesmo jovem. Essa consciência não existia. Por essa razão, assim
que a criança tinha condições de viver sem a solicitude constante de
sua mãe ou de sua ama, ela ingressava na sociedade dos adultos e
não se distinguia mais destes. (P. 156).

Segundo o autor, na sociedade medieval, ao contrário das concepções


modernas, não existia um "sentimento de infância". Isso indica a ausência de
uma consciência clara das características distintas das crianças em
comparação aos adultos. Assim que as crianças podiam viver sem a constante
atenção materna, eram prontamente integradas à sociedade adulta, perdendo
sua distinção. A infância era percebida como uma fase transitória sem uma
atenção especial às necessidades ou características específicas das crianças.
Ariès (1978) aborda a história da infância em uma época em que não havia
uma ênfase na preservação de sua memória histórica. Isso se deve, em parte,
à ausência do sentimento de infância tal como o conhecemos atualmente, uma
vez que mesmo o nascimento dos bebês não era registrado com o rigor
observado nos dias de hoje. Contudo, nos séculos seguintes, emergiu uma
visão mais sentimental e protetora da infância, concebendo as crianças como
seres inocentes em desenvolvimento.

14
A família começou então a se organizar em torno da criança e a lidar
uma tal importância, que a criança saiu do seu antigo anonimato, que
se tornou impossível perdê-la ou substituí-la sem uma enorme dor,
que ela não pode mais ser reproduzida muitas vezes, e que se tornou
necessário limitar seu número para melhor cuidar dela ponto, portanto
não surpreende que essa revolução escolar sentimental”. (ARIÉS,
1978, p. 12).

Após a Segunda Guerra Mundial, documentos internacionais, como a


Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, começaram a defender a
necessidade de proteger e garantir os direitos das crianças. As décadas de
1970 e 1980 testemunharam um movimento crescente pelos direitos da
criança, culminando na Convenção sobre os Direitos da Criança em 1989, que
estabeleceu, entre outros, o direito à educação.

A criança tem direito à educação e o Estado tem a obrigação de


tornar o ensino primário obrigatório e gratuito, encorajar a
organização de diferentes sistemas de ensino secundário acessíveis
a todas as crianças [...]. Para garantir o respeito por este direito, os
Estados devem promover e encorajar a cooperação internacional. ”
(Convenção sobre os Direitos da Criança 2019, p. 23)

A família passou a dar grande importância à criança, reconhecendo sua


singularidade e tornando-a essencial, o que levou a uma mudança tanto
emocional quanto em relação ao cuidado. Com isso, houve um aumento na
atenção à higiene e no controle de natalidade, pois muitas crianças estavam
morrendo por falta de cuidados adequados.
Com a Constituição Federal de 1988, houve um reconhecimento da
criança como sujeito de direitos, o que impulsionou a necessidade de
atendimento na Educação Infantil. De acordo com o Referencial da Educação,
“a partir de então, a educação infantil em creches e pré-escolas passou a ser,
ao menos do ponto de vista legal, um dever do Estado e um direito da criança
(artigo 208, inciso IV). ” A partir daí, houve lutas pelo acesso à educação e o
reconhecimento de que o desenvolvimento do país depende desse acesso,
ratificando a importância dessas mudanças, o Referencial também estabelece:
“No título III, Do Direito à Educação e do Dever de Educar, art. 4o, IV,
se afirma que: “O dever do Estado com educação escolar pública
será efetivado mediante a garantia de (...) atendimento gratuito em
creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade”.
Tanto as creches para as crianças de zero a três anos como as pré-
escolas, para as de quatro a seis anos, são consideradas como

15
instituições de educação infantil. A distinção entre ambas é feita
apenas pelo critério de faixa etária”

Apesar dos avanços, desafios persistem, como a necessidade de


universalização do acesso, garantia de qualidade e promoção de abordagens
pedagógicas que respeitem a individualidade de cada criança. A jornada da
infância, de sujeito que demanda cuidado para sujeito de direito à educação,
reflete uma mudança profunda nas percepções sociais, alinhando-se com uma
compreensão mais holística e centrada nos direitos humanos.
Atualmente, existem várias escolas públicas especializadas no
atendimento às crianças, as creches e pré-escolas são reconhecidas não
apenas como um local para cuidar das crianças enquanto os pais trabalham,
mas como um ambiente educacional e pedagógico que atende às
necessidades específicas das crianças, respeitando suas particularidades. Os
profissionais precisam ter qualificação para atuar nessa área e não estão
preocupados apenas com o cuidado, mas com o desenvolvimento integral das
crianças, utilizando metas e prioridades.
Após a promulgação da constituição é elaborada a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (Brasil, 1996) que estabelece no Art. 29 que “A
educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos
físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da
comunidade”. Ou seja, a função principal é complementar a ação da família e
da comunidade, desenvolvendo crianças física, lógica, psicologicamente e
socialmente, fornecendo conhecimentos e habilidades que as prepararão para
o início do ensino fundamental I. Essa etapa está diretamente ligada à idade,
abrangendo crianças de 0 a 5 anos. Dentro desse ciclo, existem dois períodos:
creche e pré-escola.
No Art. 30. Da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a educação
infantil será oferecida em:
I - Creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos
de idade;
II - Pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade.
Na fase da creche, as crianças realmente recebem um atendimento
especializado e humanizado, com assistência em sala de aula. A partir dos 4
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anos, inicia-se a fase obrigatória da educação infantil na pré-escola, onde as
crianças têm atividades dinâmicas e contato com o letramento. Nesse
momento, é feita uma escolarização das crianças por meio dos registros de
desenvolvimento, que avaliam o progresso em relação às metas estabelecidas.
O objetivo dessa avaliação não é reprovar ou aprovar os alunos, mas sim
acompanhar o desenvolvimento e o alcance das metas.
Em 1998 foi criado o Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil (RCNEI), tendo objetivo:
“Contribuir com a implantação ou implementação de práticas
educativas de qualidade que possam promover e ampliar as
condições necessárias para o exercício da cidadania das crianças
brasileiras. ” (BRASIL,1998, p.13)
Embora não seja um documento obrigatório, o RCNEI desempenha o
papel de um manual para os Estados e Municípios na área da educação
infantil, levando em consideração as dimensões afetivas, emocionais, sociais
e cognitivas por meio dos seguintes princípios:

o respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas


nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais,
étnicas, religiosas etc.; o direito das crianças a brincar, como
forma particular de expressão, pensamento, interação e
comunicação infantil; o acesso das crianças aos bens
socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das
capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação
social, ao pensamento, à ética e à estética; a socialização das
crianças por meio de sua participação e inserção nas mais
diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie
alguma; o atendimento aos cuidados essenciais associados à
sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade (Brasil,
1998, p.13)

Percebemos, portanto, que a criança deve ser vista como a figura central
do planejamento educacional, um indivíduo que possui interpretações do
mundo, detém direitos e, por meio de suas interações e vivências, adquire
conhecimento, indaga, forma sua identidade e se diverte, sendo assim, ela está
em constante contato com o laço afetivo no meio em que está inserido. A
educação infantil passou por um longo processo até se tornar o que é
atualmente, por isso é importante perceber como os laços que são criados ao
decorrer do processo educacional são eixos indispensáveis para avançar ainda
mais no que se refere a mudanças cruciais para romper o modelo tradicional de
ensino.

17
2.2 Afetividade na Educação Infantil

A educação infantil é uma fase de descoberta e aprendizado, onde cada


sujeito tem suas especificidades e precisa de atenção e cuidado. O Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil, afirma que “Cabe ao professor a
tarefa de individualizar as situações de aprendizagens oferecidas às crianças,
considerando suas capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas,
assim como os conhecimentos que possuem dos mais diferentes assuntos e
suas origens socioculturais diversas” (Brasil, 1998). Por isso, os vínculos
afetivos entre professor e aluno, são essenciais para o desenvolvimento
integral da criança.
O professor precisa estreitar sua relação com o aluno, compreender as
necessidades e dificuldades dos alunos permitirá ao professor adaptar sua
abordagem de ensino, promovendo um ambiente de diálogo e incentivando a
participação ativa dos estudantes, resultando em maior engajamento e
interesse pelo aprendizado. Paulo Freire (1996) enfatiza que, às vezes, é difícil
imaginar o impacto que um gesto simples do professor pode ter na vida de um
aluno. O professor que caminha para uma educação melhor sabe que ensinar
é respeitar os saberes dos alunos, estimular a curiosidade, ensinar é saber
escutar o que o outro tem a dizer é ter disponibilidade para o diálogo.
É necessário que a escola seja um local de acolhimento, mas além disso
é preciso que os alunos se sintam protegidos, amados e respeitados, pelo
professor. Podemos ressaltar que na Educação Infantil, qualquer aprendizagem
está fortemente ligada à vida emocional. Por isso, é importante que a escola
não diminua essa vida afetiva, mas sim a amplie e fortaleça, criando um
ambiente socioafetivo saudável para esses pequenos seres em formação,
promovendo uma aprendizagem efetiva. Para BOCK
“O importante é compreender que a vida afetiva - emoções e
sentimentos - compõe o homem e constitui aspecto de fundamental
importância na vida psíquica. As emoções e os sentimentos são como
alimentos de nosso psiquismo e estão presentes em todas as
manifestações de nossa vida” (Bock, 2002, p.198)

O professor da educação infantil possui o papel fundamental de apoiar,


potencializar e desenvolver as emoções e sentimentos nas crianças, pois isso
é fundamental para o seu bem-estar, essa troca de afeto na sala de aula
transforma o ambiente, o aluno se sente valorizado e apoiado emocionalmente
18
pelo professor. Para que o professor possa educar seu aluno, é necessário
estabelecer uma relação pedagógica afetiva, baseada na atenção e no
respeito, isso despertará a atenção do aluno e promoverá a reciprocidade
necessária para o ensino acontecer.
Em relação às qualidades do professor que se envolve emocionalmente
com seus alunos, Freire declara que
O bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até
a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula é assim um
desafio e não uma “cantiga de ninar”. Seus alunos cansam, não
dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu
pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas
incertezas” (1996, p. 44).

Quando o docente não possui uma compreensão mais ampla dos seus
alunos, estes não atingem o nível de aprendizado esperado e o interesse nas
aulas tende a diminuir. Assim, adotar uma abordagem diferenciada para cada
estudante cria um ambiente seguro e faz uma grande diferença durante todo o
processo educativo.

3.RELAÇÃO AFETIVA ENTRE PROFESSOR E ALUNO NO PROCESSO DE


ENSINO E APRENDIZAGEM

A relação afetiva entre professor e aluno desempenha um papel crucial


no processo de ensino e aprendizagem. É por meio dessa conexão que os
estudantes se sentem valorizados, motivados e encorajados a se envolverem
ativamente na busca do conhecimento. Antes de explorar sua importância, é
necessário compreender o significado da aprendizagem e como ela se
desenvolve.
A aprendizagem é o processo pelo qual adquirimos conhecimentos,
habilidades e valores por meio de estudo, experiência, formação, raciocínio e
observação. É uma interação contínua entre nossas faculdades mentais e o
mundo ao nosso redor. Dessa forma, aprendemos ao longo da vida, desde a
infância até a idade adulta, de maneira consciente e inconsciente. A aquisição
de conhecimento é um processo contínuo que envolve desde a assimilação de
informações básicas, até o entendimento de informações complexas. Essas
informações são processadas e armazenadas em uma região específica do
corpo humano, o cérebro. Esse órgão desempenha um papel fundamental na

19
formação e retenção de memórias, tanto das experiências significativas
vivenciadas quanto de dados práticos. Para Prado e Oliveira a aprendizagem:
é compreendida como a organização e o armazenamento de
informações e conhecimentos a partir da memória. E a
geração da memória pode ainda ser subdividida em memória
de longo prazo e memória de curto prazo” (Prado e Oliveira
2022).

Ou seja, a memória de longo prazo é responsável por armazenar


informações por um longo tempo e permite a recuperação dessas informações
mesmo após décadas. Os limites da capacidade desta memória são
desconhecidos. Ela forma e consolida um arquivo oculto de lembranças, que
pode permanecer fora da consciência até que seja necessário. Já a memória
de curto prazo envolve codificar e armazenar informações por um curto período
de tempo (segundos ou minutos) para uso imediato, descarte ou organização
para armazenamento prolongado. Durante séculos, os estudiosos buscaram
entender como os seres humanos aprendem e como criar as melhores
condições para o aprendizado. Diversas teorias foram desenvolvidas ao longo
do tempo. Vamos começar na Grécia Antiga, com os primeiros filósofos que
inspiraram as primeiras teorias da aprendizagem. Platão (428-348 a.C.)
defendeu a ideia de que o conhecimento é inato, elaborando a teoria conhecida
como inatismo. Rodrigues (2016) descreve que:
o conhecimento se produz porque existe no ser humano uma
capacidade interna inata que predispõe o sujeito ao mesmo; há
uma supervalorização da percepção como função básica para
o conhecimento da realidade. Alguns teóricos comentam sobre
os traços de memória, chamadas de gestalts e o que acontece
na aprendizagem é como se uma gestalt se transformasse em
outra.

Segundo essa perspectiva, as pessoas trazem consigo conhecimentos


latentes que são herdados e precisam ser organizados para se tornarem
plenamente desenvolvidos. Na educação, o papel do professor é auxiliar o
aluno a acessar essas informações internas. Ao contrário da ideia de "tábula
rasa", na visão inatista de Platão, a criança já possui qualidades e capacidades
inerentes. A educação tem como objetivo facilitar o desenvolvimento
psicológico, permitindo a expressão do conhecimento interno. Nessa visão, o
indivíduo nasce completo e tem um potencial limitado de aprimoramento ou

20
mudança. Portanto, o educador deve interferir minimamente, pois o
conhecimento surge de dentro para fora.
Por outro lado, Aristóteles apresentou uma perspectiva oposta,
elaborando a teoria do empirismo. Nessa teoria, acredita-se que o
conhecimento está no mundo ao nosso redor e é adquirido através dos nossos
sentidos. A mente humana é considerada como uma "tábula rasa", um espaço
em branco a ser preenchido. Para (LOCKE, 1978, p. 159)
“Todas as ideias derivam da sensação ou reflexão. Suponhamos,
pois, que a mente é, como dissemos, um papel branco, desprovida de
todos os caracteres, sem quaisquer ideias; como ela será suprida?
De onde lhe provém este vasto estoque, que a ativa e que a ilimitada
fantasia do homem pintou nela com uma variedade quase infinita? De
onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A
isso respondo, numa palavra, da experiência. Todo nosso
conhecimento está nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o
próprio conhecimento. ” (Apud Rodrigues, 2016, p.106).

Na abordagem educacional mencionada, o professor desempenha o papel


principal na transmissão do conhecimento aos alunos, através da imitação,
repetição e cópia. Essa abordagem enfatiza a autoridade do professor e busca
garantir a absorção do conhecimento pelos estudantes. No empirismo, a
criança é comparada a uma folha em branco, sendo os sentidos responsáveis
por preenchê-la de conhecimento. Filósofos como Francis Bacon, Thomas
Hobbes e John Locke fortaleceram essa perspectiva durante a Idade Moderna.
Nessa corrente de pensamento, o professor é considerado detentor do
conhecimento e o conhecimento é adquirido de fora para dentro.
Mais tarde, René Descartes introduziu o racionalismo na filosofia,
segundo essa corrente filosófica, o conhecimento humano é adquirido por meio
da razão, permitindo-nos alcançar a verdade através do trabalho lógico da
mente. Por essa razão, os racionalistas atribuem grande importância à
matemática como uma disciplina precisa para compreender a realidade
moderna. Haguette diz que
“O racionalismo como corrente filosófica significa que “todo
conhecimento certo é consequência de princípios necessários
e apriorísticos do entendimento. A única fonte do
conhecimento é a razão. As sensações não são mais do que
ideias confusas baralhadas (Haguette, 2013, p.200) ”

O racionalismo analisa o conhecimento racional e inato, bem como sua


evolução no processo de conhecimento humano. "Penso, logo existo" é uma
das frases mais conhecidas de Descartes, pois para ele não é necessário ter
21
experiência para pensar, considerando a razão como algo natural e inato no
ser humano, sem necessidade de adquiri-la por meio de experiências. Nessa
perspectiva, o conhecimento vem de dentro para fora. Todas essas correntes
de pensamento sobre aprendizagem compartilham o objetivo de compreender
como as pessoas adquirem conhecimento, desenvolvem habilidades e
modificam seu comportamento ao longo do tempo.
A afetividade é um instrumento importante no processo de ensino-
aprendizagem, pois através dela o professor acolhe os alunos de forma
prazerosa e carinhosa, transmitindo confiança. Isso faz com que os alunos se
sintam seguros e confiantes para expressar suas opiniões e tirar suas dúvidas.
A relação afetiva entre professor e aluno desempenha um papel fundamental
no sucesso acadêmico, engajamento, motivação e desenvolvimento emocional
e social dos estudantes. Segundo TASSONI (s. d)
Toda aprendizagem está impregnada de afetividade, já que ocorre a
partir das interações sociais, num processo vincular. Pensando,
especificamente, na aprendizagem escolar, a trama que se tece entre
alunos, professores, conteúdo escolar, livros, escrita, etc. não
acontece puramente no campo cognitivo. Existe uma base afetiva
permeando essas relações. ” (P. 3)

Ou seja, a relação afetiva entre professor e aluno desempenha um papel


fundamental no processo de ensino e aprendizagem. Essa conexão emocional
pode influenciar positivamente o desempenho acadêmico, o desenvolvimento
social e emocional dos estudantes e até mesmo sua motivação para aprender,
quando os alunos têm uma relação positiva com seus professores, estão mais
propensos a se sentirem motivados a aprender. Sentir-se valorizado, apoiado e
respeitado pelo professor pode estimular o interesse pelo conteúdo e pelo
processo de aprendizagem. Em suma a afetividade é uma das ferramentas
mais importante da aprendizagem.
É importante destacar que a relação afetiva deve ser profissional e
respeitar os limites apropriados, mas ainda assim, pode ser calorosa e
encorajadora, Professores desempenham um papel vital não apenas como
transmissores de conhecimento, mas também como mentores e modelos para
os alunos, essa relação vai além da simples transmissão de conhecimento e
pode ter impactos significativos no desenvolvimento educacional, emocional e
social dos alunos. Freire (1996) ressalta “a importância do diálogo horizontal

22
entre professor e aluno”. Esse diálogo não é apenas intelectual, mas também
envolve a compreensão das experiências, sentimentos e perspectivas dos
alunos, esse tipo de interação pode contribuir para o estabelecimento de uma
relação afetiva positiva. Podemos ressaltar ainda que para que o processo de
ensino e aprendizagem ocorra é preciso seguir alguns critérios que serão
listados a seguir.

3.1 Alguns critérios que favorecem o ensino aprendizagem

Para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra de forma eficaz, é


necessário levar em conta critérios como: confiança e segurança emocional.
Um ambiente de sala de aula onde os alunos se sintam emocionalmente
seguros e confiantes é mais propício para a aprendizagem. Quando os alunos
têm um relacionamento positivo com seu professor, eles se sentem à vontade
para fazer perguntas, expressar suas opiniões e cometer erros sem medo de
julgamento. O vínculo afetivo do professor faz toda a diferença no processo de
aprendizagem dos alunos.
Outros critérios que devem-se levar em conta é a motivação e
engajamento, a empatia e o apoio emocional do professor podem aumentar a
motivação dos alunos, quando os estudantes sentem que seu professor se
importa com seu sucesso e bem-estar, eles tendem a se envolver mais
ativamente nas atividades de aprendizagem. Podemos citar também como
critério é a resolução de conflitos, as divergências e desafios podem surgir em
qualquer sala de aula. Uma relação afetiva entre professor e aluno facilita a
resolução construtiva de conflitos, ajudando os alunos a aprenderem a lidar
com desentendimentos de maneira saudável. Conforme o REFERENCIAL
CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL (1996, p. 31), diz
que:
A existência de um ambiente acolhedor, porém, não significa
eliminar os conflitos, disputas e divergências presentes nas
interações sociais, mas pressupõe que o professor forneça
elementos afetivos e de linguagem para que as crianças
aprendam a conviver, buscando as soluções mais adequadas
para as situações com as quais se defrontam diariamente.

23
Ou seja, os conflitos dentro da sala de aula sempre irão existir, cabe ao
professor mediar de forma afetiva cada situação e fazer os alunos
compreenderem a importância da boa relação tanto dentro e fora da escola.
Além dos critérios já citados podemos destacar o apoio emocional:
Professores muitas vezes desempenham o papel de mentores e modelos de
comportamento emocional. Eles podem fornecer apoio emocional aos alunos
em momentos de dificuldade pessoal ou acadêmica, ajudando-os a enfrentar
desafios com resiliência. O feedback construtivo é uma ferramenta importante
entre professor e aluno, mas é importante que o feedback seja percebido como
construtivo em vez de crítico. Os alunos estão mais dispostos a aceitar
sugestões e críticas quando sabem que seu professor se preocupa com seu
sucesso.
No entanto, é importante notar que a relação entre professor e aluno
deve ser equilibrada e respeitosa, os professores têm a responsabilidade de
estabelecer limites apropriados e não cruzar linhas éticas. Além disso, a
qualidade da relação pode variar de aluno para aluno, e nem todos os alunos
terão a mesma afinidade com seu professor.
Freire (1996) enfatiza que é essencial compreender que a forma como
os alunos enxergam o professor pode influenciar sua capacidade de
desempenhar seu papel de forma eficaz. Portanto, é importante adotar uma
abordagem democrática e progressista, evitando práticas reacionárias,
autoritárias e elitistas. Além disso, é fundamental não discriminar nenhum
aluno, pois a percepção que eles têm do professor não depende apenas de
suas ações, mas também de como interpretam suas ações. A relação entre o
professor e o aluno deve ser baseada na empatia, pois a afetividade é parte
dos processos de aprendizagem. Deve ser uma relação horizontal, buscando a
construção conjunta e o compromisso ético e social do professor. É importante
lembrar que essa relação é baseada na dialética e no compromisso de formar
cidadãos ativos e críticos. No entanto, é necessário estar atento aos limites
sutis da afetividade, definidos pela empatia e pelas práticas sociais.
As práticas sutis referem-se às interações e comportamentos diários que
ocorrem na relação professor-aluno. Isso inclui a forma como o professor se
comunica, ouve e respeita os alunos, como lida com suas emoções, como

24
incentiva a participação ativa dos alunos e como promove um ambiente
inclusivo e acolhedor, são essas pequenas ações e atitudes que contribuem
para a criação de uma atmosfera de afetividade e empatia na sala de aula. Em
resumo, a relação afetiva entre professor e aluno é um fator-chave no processo
de ensino e aprendizagem, influenciando a motivação, a confiança e o sucesso
dos alunos na escola, Professores que cultivam um ambiente de sala de aula
positivo e acolhedor podem desempenhar um papel crucial no desenvolvimento
pessoal e acadêmico de seus alunos, no entanto é preciso que algumas
estratégias pedagógicas sejam criadas para que de fato esses vínculos afetivos
aconteçam.

4 ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS QUE PROMOVAM A


CONSTRUÇÃO DE VÍNCULOS AFETIVOS NA RELAÇÃO PROFESSOR X
ALUNO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

O ser humano é inerentemente propenso a estabelecer


relacionamentos, mesmo diante de suas complexidades e singularidades. O
ato de se relacionar desempenha um papel crucial e significativo em todas as
fases da vida, e tais interações construídas ao longo do tempo têm o potencial
de despertar sentimentos e experiências marcantes. Além dos vínculos
familiares e amizades, é igualmente relevante mencionar os relacionamentos
que se formam entre os professores e seus alunos no ambiente escolar.
Laurindo, Jauris e Oliveira, (ano, p. 107) afirmam que no contexto dessas
relações educacionais,

A escola é um dos lugares em que as crianças podem se encontrar e


ter a possibilidade de desenvolver um papel atuante na produção de
uma cultura mesmo que seja por intermédio da organização dos
adultos.

Nessa abordagem, o professor desempenha uma função crucial como


mediador, colaborando com a capacidade do aluno ao incentivá-lo a
questionar, refletir e desenvolver habilidades de pensamento crítico. Para
atingir esse objetivo, o professor pode criar atividades simples por meio da
observação, auxiliando os alunos a se conhecerem melhor e compreenderem

25
os outros. Nesse processo, a comunicação desempenha um papel
fundamental.
Na educação contemporânea, o professor atua como parceiro do
estudante na construção do conhecimento, reconhecendo a importância da
participação ativa e autônoma do aluno. Ao envolvê-lo nesse processo,
fortalece a interação entre professor e estudante, estabelecendo uma relação
de parceria e colaboração, onde ambos têm voz ativa no processo educativo.
Leite (2012, p. 356) afirma que:
a mediação pedagógica também é de natureza afetiva e, dependendo
da forma como é desenvolvida, produz impactos afetivos, positivos ou
negativos, na relação que se estabelece entre os alunos e os diversos
conteúdos escolares desenvolvidos.

As práticas adotadas pelo professor em sala de aula têm um impacto


significativo no desenvolvimento da criança, pois as experiências vivenciadas
durante o período de desenvolvimento infantil podem influenciar diretamente no
seu sucesso ou fracasso ao longo da vida. É importante ressaltar que tanto os
docentes quanto os discentes são suscetíveis às influências das atividades
cotidianas. O professor interage com os alunos de acordo com sua própria
condição emocional, podendo estar ocasionalmente fatigado, mal-humorado,
animado ou mais disposto. Questões e adversidades também são enfrentadas
tanto pelo professor quanto pelos alunos, pois todos são seres humanos. A
distinção essencial reside no fato de que o professor ocupa uma posição de
autoridade, e ele não pode deixar sua posição impedi-lo de cultivar empatia e
respeitar a dignidade, autonomia e identidade do aluno, a prática educativa
deve ser reflexiva e inclusiva, permitindo que os alunos sejam agentes ativos
do seu conhecimento. Freire (ano, p.) deixa claro que:
Ao pensar sobre o dever que tenho, como professor, de respeitar a
dignidade do educando, sua autonomia, sua identidade em processo,
devo pensar também, como já salientei, em como ter uma prática
educativa em que aquele respeito, que seu dever ter ao educando, se
realize em lugar de ser negado. Isto exige de mim uma reflexão crítica
permanente sobre minha prática através da qual vou fazendo a
avaliação do meu próprio fazer com os educandos. O ideal é que,
cedo ou tarde, se invente uma forma pela qual os educandos possam
participar da avaliação. É que o trabalho do professor é o trabalho do
professor com os alunos e não do professor consigo mesmo.

O educador precisa ponderar de forma contínua sobre sua prática


pedagógica, analisando sua própria atuação junto aos estudantes. Ademais, o

26
autor enfatiza a relevância de estabelecer mecanismos para que os discentes
também estejam envolvidos na avaliação, promovendo uma abordagem
educacional mais cooperativa e engajando-os ativamente em sua própria
aprendizagem. Desse modo, a dedicação do professor se concentra no
trabalho junto aos alunos, e não exclusivamente em si próprio. Para Freire:
Não há docência sem sem discência, as duas Se explicam e seus
sujeitos, apesar das diferenças que os Conotam, não se reduzem a
condição de objeto um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e
quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma
coisa a alguém. (FREIRE, 2021, p. 25)

Isto significa que na interação entre o professor e o aluno, ambos


aprendem e se beneficiam mutuamente. O professor compartilha seu
conhecimento e experiência, enquanto o aluno traz perguntas e perspectivas
que desafiam o professor a expandir sua compreensão. É uma troca
enriquecedora que promove o crescimento acadêmico e pessoal de ambas as
partes.
Os aspectos emocionais dos alunos são tão importantes quanto os
aspectos cognitivos no processo de aprendizagem. Reconhecer e atender às
necessidades emocionais dos alunos cria um ambiente propício para o
desenvolvimento acadêmico. É lamentável que alguns professores priorizem
apenas os aspectos cognitivos dos alunos, deixando de lado suas
necessidades emocionais, “a relação entre a afetividade e inteligência é
fundante para o processo do desenvolvimento humano” (LEITE 2012, p. 161).
A criança deve ser enxergada como um ser completo e não apenas como
receptor de conhecimento. O papel do professor vai além da transmissão de
conteúdos, o educador tem o compromisso também no cuidado e no
desenvolvimento emocional dos estudantes. Pereira (2022, p. 168) enfatiza que
“nem só de conhecimentos conceituais se faz um ser humano. Para enriquecer
ainda mais a vida de cada criança exige proximidade, intimidade e afetividade”,
uma educação de qualidade requer a atenção e o equilíbrio entre os aspectos
cognitivos e emocionais dos alunos.
Há uma relação entre a alegria necessária a atividade educativa e a
Esperança. A esperança de que o professor e alunos possam juntos
aprender, ensinar, inquietar-nos, produzir e juntos igualmente resistir
aos obstáculos a nossa alegria. (FREIRE, 2021, p.70)

27
O docente deve adotar uma postura afetuosa durante todas as
atividades, estabelecendo uma relação evidente de carinho com os estudantes,
atentando-se aos seus comportamentos e respondendo de forma próxima e
positiva. O professor precisa ter uma postura sensível com a criança, e isso
não implica apenas estar atento ao comportamento delas para identificar suas
dificuldades, mas também se colocar no lugar delas e se preocupar em ajudá-
las a superar os obstáculos que as impedem de progredir. Além disso, quando
se tem um olhar sensível em relação ao cuidado com o bem-estar e o
progresso dos alunos, o ensino se torna mais autêntico e significativo.
Tendo em vista que alguns professores ainda têm uma postura
tradicional em relação ao desenvolvimento integral da criança, é necessário
pensar em estratégias pedagógicas para promover um dinamismo nas aulas e
tornar o conhecimento prazeroso e eficiente. A Educação Infantil, considerada
a primeira etapa da vida (BRASIL, 2010), requer atenção especial, pois as
ações humanas são desenvolvidas por estímulos afetivos, internos ou
externos, que contribuem para o desenvolvimento da criança em interação com
o mundo ao seu redor, influenciando também toda a sua vida.
Nessa etapa as crianças estão em formação e a escola deve
proporcionar a elas meios para que se desenvolvam de forma autônoma. A
Base Comum Curricular na educação infantil (BNCC, 2018), estabelece seis
direitos de aprendizagem: “conviver, brincar, participar, explorar, expressar e
conhecer-se”. São eles que asseguram as condições para que as crianças
“aprendam em situações nas quais possam desempenhar um papel ativo em
ambientes que as convida a vivenciar desafios e a sentirem-se provocadas a
resolvê-los, nas quais possam construir significados sobre si, os outros e o
mundo social e natural.
Entretanto é preciso que os profissionais da educação responsáveis por
essa modalidade criem estratégias pedagógicas que favoreçam o crescimento
cognitivo desses sujeitos, Freire (ano) destaca que é fundamental agir de
acordo com o entendimento de que cada aluno é único e possui sua própria
individualidade, respeitando suas escolhas, opiniões e singularidades, dando a
eles autonomia para trilharem os seus próprios caminhos em busca do
conhecimento. Para Laurindo, Jauris e Oliveira

28
Devemos pensar na criança como um devir-criança, uma forma de
estar no mundo desprovido da ideia dos anos que se tem, mas
levando em contas a experiência de vida que acontece no momento,
na situação, no contexto. Dessa forma, temos a possibilidade de criar
um ambiente educacional diferenciado, sem simplesmente reproduzir
o já aposto. As crianças com sua criatividade encontram-se no tempo,
no movimento, e dentro desse movimento, constroem outras formas
de ver, agir e pensar o mundo (2017, p.108).

É proposto pensar na criança como um ser em constante transformação,


sem considerar apenas a idade, mas levando em conta a experiência de vida
no momento e no contexto. Por essa razão, é de extrema importância
incentivar as crianças nessa fase em um ambiente estimulante e acolhedor,
proporcionando cuidado, afeto, carinho e interações frequentes com os adultos
significativos para elas, o professor pode ou não ser essa figura “significativa”
para a criança, isso dependerá da abordagem adotada por ele nas práticas em
sala. O docente pode criar um ambiente educacional único, que não se limite a
reproduzir métodos e práticas já estabelecidos. Isso abre espaço para a
inovação e para a criação de novas formas de ensinar e aprender. As crianças,
com sua criatividade, estão em constante movimento e constroem diferentes
perspectivas sobre o mundo.
O professor que atua na Educação Infantil deve ter uma preocupação
sobre como lidar com essa faixa etária no cotidiano escolar, pois se
trata de alunos iniciantes no convívio escolar, e nesse nível de ensino
é propício o surgimento de situações diferentes e inesperadas em
relação às demais fases escolares. De fato, a Educação Infantil exige
e requer dos profissionais desta área uma integração dos serviços
para as crianças de forma afetiva[...]” (Amorim e Navarro, 2012, p.06).

É importante ressaltar que os profissionais que trabalham com a


educação infantil devem ser qualificados. Quando o profissional possui
qualificação, ele utiliza estratégias para aproximar o aluno e, para isso, é
necessário avaliar-se constantemente. As abordagens precisam ser
modificadas, ajustadas e revisitadas para atender às mudanças do cenário,
como mudanças sociais e características da turma. É importante destacar que
as estratégias pedagógicas não são receitas prontas, técnicas fixas ou simples
recursos, mas sim uma abordagem flexível e personalizada para promover a
aprendizagem dos alunos.
Podemos destacar como uma das abordagens pedagógicas é a
diminuição adulto- criança, pois essa diminuição de distanciamento entre o

29
adulto e a criança está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento saudável e
ao bem-estar emocional, social e cognitivo dos pequenos. Em um contexto
mais amplo, essa proximidade contribui significativamente para moldar as
bases de uma vida emocionalmente equilibrada e relacionamentos
interpessoais saudáveis, a proximidade emocional, especialmente entre pais,
cuidadores e professores, desempenha um papel crucial no desenvolvimento
principalmente na educação infantil. O sentimento de amor, apoio e
compreensão que advém dessa proximidade é fundamental para a construção
de uma base emocional robusta, influenciando positivamente a forma como as
crianças percebem e se relacionam com o mundo ao seu redor.
Além disso, a proximidade física e emocional cria um ambiente seguro
no qual as crianças podem prosperar. A sensação de segurança e confiança
resultante dessa proximidade contribui para o desenvolvimento psicossocial,
permitindo que as crianças explorem seu ambiente com confiança e construam
relacionamentos interpessoais de maneira saudável.
No âmbito do aprendizado e desenvolvimento cognitivo, a interação
próxima entre adultos e crianças desempenha um papel crucial. Conversas,
brincadeiras e atividades compartilhadas proporcionam oportunidades ricas
para o desenvolvimento da linguagem, habilidades motoras, pensamento crítico
e resolução de problemas, além de possibilitar alunos autônomos, Dias (2005,
p. 307).
Propõem entender a autonomia como um processo que se constitui
relacionado aos modos de vida das crianças em interação social
mediante a um trabalho de reflexão e ação a partir das experiências
interativas que cada criança vai vivenciando no dia a dia. (apud
Laurindo, Jouris e Oliveira, 2017, p. 109).

Portanto autonomia não é vista como algo que a criança simplesmente


possui, mas sim algo que ela está construindo ao longo do tempo além disso, a
proximidade oferece aos adultos a oportunidade de modelar comportamentos
positivos, habilidades sociais e valores éticos. Em ambientes educacionais, a
proximidade entre professores e alunos cria um ambiente propício ao
aprendizado. Professores que estão envolvidos e acessíveis tendem a
promover um ambiente de aprendizado mais positivo e eficaz, incentivando o
desenvolvimento acadêmico e pessoal.

30
Adicionalmente, a proximidade facilita a identificação e a abordagem de
desafios enfrentados pelas crianças. Seja emocional, social ou acadêmico,
adultos próximos têm maior probabilidade de reconhecer e oferecer o suporte
necessário para superar esses desafios, em suma, a proximidade entre adultos
e crianças é essencial para o florescimento holístico dos pequenos. Essa
conexão ativa e envolvente desempenha um papel fundamental na formação
de indivíduos equilibrados, capazes de construir relacionamentos saudáveis e
enfrentar os desafios da vida com resiliência e confiança.
Uma outra estratégia pedagógica é a importância de motivar os alunos a
descobrir e inventar, incentivando-os a construir conceitos por conta própria,
essa abordagem pedagógica busca não apenas transmitir informações, mas
também promover o desenvolvimento do pensamento crítico e a autonomia do
aluno. Ainda sobre a importância da autonomia Laurindo, Jouris e Oliveira diz
que:
A construção de uma educação para a autonomia deve proporcionar
a organização de um processo educacional em que a participação de
cada criança se torne indispensável nas interações, emanando
significados para seus alunos, partindo da realidade e da construção
dos mesmos (2017, p. 109).

A ideia central é que, ao invés de simplesmente fornecer respostas


prontas, os educadores devem encorajar os alunos a explorar, questionar e
formar seus próprios conceitos. Isso implica em criar um ambiente de
aprendizado que valoriza a curiosidade e a capacidade de raciocínio dos
estudantes, é relevante destacar a importância de incentivar os alunos a se
conhecerem, reconhecendo a singularidade de cada indivíduo. Esse aspecto
indica uma abordagem educacional que considera a maturidade do
pensamento de cada aluno, adaptando-se às suas necessidades e estágios de
desenvolvimento.
O uso de perguntas também pode ser considerado como uma ferramenta
eficaz para estimular a sistematização de ideias. Pois podem ser utilizadas
para guiar o processo de pensamento, auxiliando os alunos a organizar e
consolidar o conhecimento que estão adquirindo. Em resumo, as estratégias
sugeridas destacam a importância de um ensino que vá além da mera
transmissão de informações, enfatizando a descoberta, a invenção, a

31
construção de conceitos próprios e o autodescobrimento dos alunos. Essa
perspectiva visa promover um aprendizado mais significativo e alinhado com o
desenvolvimento individual de cada estudante.
Os meios que podem ser utilizados para o desenvolvimento de um bom
trabalho pedagógico são variados e vastos. Os espaços escolares podem ser
organizados para proporcionar alegria e prazer, deve ser pensado como um
espaço que as crianças possam interagir e brincar, isso proporciona também
um momento de interação entre os alunos e os professores.

5. CONCLUSÃO

Em conclusão, aprofundar o entendimento sobre a importância da


afetividade na relação professor-aluno revela-se essencial para otimizar o
processo de ensino-aprendizagem. Este estudo destaca a significativa
influência do vínculo afetivo no desenvolvimento cognitivo e emocional dos
alunos. A constatação de que a escola e os educadores desempenham um
papel crucial como agentes facilitadores dessa conexão emocional ressalta a
necessidade de promover um ambiente educativo que valorize não apenas a
transmissão de conhecimento, mas também o cultivo de relações interpessoais
saudáveis.
Ao reconhecer que a criança depende da qualidade das interações
afetivas para se desenvolver integralmente, gestores e professores tem a
responsabilidade de investir na construção de um ambiente escolar que
promova a confiança, o respeito e o apoio mútuo. A compreensão da dualidade
entre dimensões cognitivas e afetivas na relação educativa reforça a ideia de
que a eficácia do ensino vai além da mera transmissão de informações, sendo
intrinsecamente ligada à criação de um ambiente propício ao florescimento
integral do aluno. Portanto, ao integrar a afetividade como componente
essencial no processo educacional, abre-se espaço para uma aprendizagem
mais significativa e duradoura, preparando os alunos não apenas para os
desafios acadêmicos, mas também para os desafios emocionais da vida.
Esse estudo possibilitou-nos a compreender como a afetividade pode
influenciar de forma positiva a vida dos alunos, pois o à relação afetiva entre

32
professores e alunos no contexto do processo de ensino e aprendizagem pode
proporcionar uma riqueza de perspectivas valiosas, repercutindo de maneira
positiva na prática educativa.
Um dos desdobramentos mais significativos é a melhoria no desempenho
acadêmico. A construção de uma relação afetiva positiva entre educadores e
estudantes cria um ambiente mais motivador, estimulando uma participação
mais ativa nas aulas e um desejo mais forte de adquirir conhecimento. Esse
engajamento mais profundo, por sua vez, tende a refletir em um desempenho
acadêmico aprimorado. Além disso, a pesquisa pode evidenciar o papel crucial
dessa interação na promoção não apenas para os desafios acadêmicos, mas
também para os desafios da vida.
Outro aspecto relevante que pode emergir é a redução de
comportamentos agressivos em sala de aula, relações afetivas positivas
tendem a criar um ambiente mais harmônico, diminuindo a incidência de
comportamentos indisciplinados e fomentando um espaço propício para a
aprendizagem, construção de autoconfiança também desponta como um
resultado expressivo. Alunos que se sentem apoiados emocionalmente por
seus professores tendem a desenvolver maior autoconfiança, encorajando-os a
enfrentar desafios acadêmicos com segurança e uma postura mais proativa. A
pesquisa pode revelar que alunos que experimentam uma conexão emocional
positiva com seus professores tendem a se engajar mais nas atividades
escolares e participar ativamente das discussões em sala de aula. Esse
engajamento contribui não apenas para o desenvolvimento individual do aluno,
mas também para a criação de um clima escolar geral mais positivo.
Ao explorar esses resultados, o estudo oferece uma visão mais profunda
dos mecanismos pelos quais a afetividade influencia o processo educativo.
Tais percepções não apenas aprimoram as práticas pedagógicas, mas também
contribuem para a criação de um ambiente escolar mais enriquecedor, onde os
alunos podem florescer não apenas academicamente, mas também como
indivíduos confiantes e resilientes, prontos para enfrentar os desafios que a
vida apresenta.
Concluímos que a afetividade desempenha um papel fundamental no
processo de ensino-aprendizagem, pois quando os estudantes se sentem

33
valorizados, amados e respeitados, seu potencial de aprendizado é
potencializado. O ambiente escolar acolhedor, onde as emoções são
reconhecidas e os relacionamentos são construídos com base na empatia, cria
uma atmosfera propícia para o desenvolvimento integral dos alunos. Quando
os educadores cultivam relações afetivas com seus alunos, demonstrando
interesse genuíno por suas vidas e necessidades individuais, eles estabelecem
um vínculo de confiança que permite a abertura para o aprendizado. Além
disso, a afetividade promove uma maior motivação intrínseca, pois os
estudantes se sentem mais engajados e conectados com o processo de
aprendizagem. Portanto, ao reconhecer e nutrir a importância da afetividade no
contexto educacional, estamos proporcionando um ambiente favorável para
que os alunos alcancem seu pleno potencial acadêmico e emocional.
Este trabalho argumenta que a afetividade está presente em todas as
áreas da vida humana, incluindo a educação. E o eixo em que focamos em
nossa pesquisa bibliográfica foi a Educação Infantil, que desde os tempos
primórdios a criança era vista como um adulto em miniatura, não se davam o
devido valor a elas, foi após a Segunda Guerra Mundial, documentos
internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948,
começaram a ressaltar a necessidade de proteger e garantir os direitos das
crianças.
E a educação Infantil é considerada a base da educação, por isso requer
bastante atenção dos envolvidos neste processo, portanto a escola e os
educadores desempenham um papel importante ao compreender o aluno em
sua dimensão humana, tanto afetiva quanto intelectual, o desenvolvimento
integral da criança depende da qualidade das interações sociais no qual a
criança está inserida. No contexto escolar, é fundamental trabalhar a relação
entre afetividade e aprendizagem em diversas situações, considerando-a
essencial na prática pedagógica e não apenas uma atividade diferente. Essa
conexão deve ser buscada constantemente por todos que veem a escola como
um lugar privilegiado para a formação humana, onde o conhecimento é
construído por meio da ação e interação. A sala de aula deve ser um espaço
de formação e humanização, onde a afetividade possa ser utilizada em prol da

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aprendizagem, pois o afetivo e o intelectual são partes da mesma realidade - o
desenvolvimento do ser humano.
Por fim entende-se ser a afetividade elemento potencializador da
construção de saberes quando presentes no processo ensino aprendizagem,
principalmente se tal processo ocorre na educação infantil, nas quais se
manifestam por meio de várias ações como por exemplo a partir de gestos e
emoções. É essencial que haja formação continuada de professores, em
especial aqueles que lidam com a primeira infância, para potencializar sua
prática educativa por meio da afetividade.
Essa pesquisa visa contribuir para um melhor desempenho por parte dos
profissionais da educação em relação aos seus alunos, tendo como ponto de
partida a afetividade, pois através dessa pesquisa podemos observar, onde
existe laços afetivos as crianças se sentem seguros e motivados a
aprenderem. Recomendamos este trabalho para professores, gestores e futuro
pedagogos que desejam implementar a pratica da afetividade no dia a dia da
sala de aula.

6. REFERÊNCIAS

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Paris, França: Guanabara SA, 1978. ISBN 85-245-0036-0.

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