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AULA 01

PRESTAÇÃO DE CONTAS E
CONTROLE EXTERNO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PROFESSOR LUIZ PAULO CORRÊA DA ROCHA


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Aula 1

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A República Federativa Brasileira, o Estado Democrático de
Direito, a Evolução do Direito Orçamentário e a Organização
Político Administrativa.

1. - A República Federativa Brasileira e o Estado Democrático


Brasileiro
1.1. - A Organização Política Administrativa dos Estados
Federados
1.1.2. - Os princípios constitucionais da administração pública
1.1.3. - Os Poderes
1.2. - Aspectos Evolutivos do Direito Orçamentário

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I. A República Federativa Brasileira e o Estado Democrático Brasileiro.
(Artigos 1º e 2º da CF e artigos 2º, 5º, 6º e 7º da CE.)

Constituição Federal da República (CF-88)


Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.

Parágrafo único - Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
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Art. 2º - São Poderes da União, independentes e harmônicos
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

A Trindade de Montesquieu (1689/1755).

Constituição do Estado do Rio de Janeiro (CE-89).

Art. 2º - Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de


representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição

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Art. 5º - O Estado do Rio de Janeiro, integrante, com seus municípios, da
República Federativa do Brasil, proclama e se compromete a assegurar
em seu território os valores que fundamentam a existência e a
organização do Estado Brasileiro, quais sejam: além da soberania da
Nação e de seu povo, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais
do trabalho e da livre iniciativa, o pluralismo político; tudo em prol do
regime democrático, de uma sociedade livre, justa e solidária, isenta do
arbítrio e de preconceitos de qualquer espécie.

Art. 6º - O Estado do Rio de Janeiro rege-se por esta Constituição e pelas


leis que adotar, observados os princípios constitucionais da República
Federativa do Brasil.

Art. 7º - São Poderes do Estado, independentes e harmônicos entre si, o


Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
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Sobre a teoria da divisão dos poderes, seus órgãos
constitucionais e a ascensão dos não eleitos, Rodrigo Valgas dos
Santos, 2020, p.95, em “Direito Administrativo do Medo”,
apresenta a seguinte reflexão:

“Num certo sentido o conceito de tripartição sempre esteve em


crise quer pela tensão inerente , à mútua fiscalização e
interdependência entre os poderes, quer porque sempre há o
exercício preponderante de uma função em detrimento de
exercício anômalo de todas as funções por todos os poderes. Tais
patologias da separação de poderes exigem apropriada
compreensão, sob pena de desnaturamos seu núcleo essencial
(MALEM SEÑA; SELEME, 2013) ”
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Mais recentemente a crítica de Bruce Ackerman aponta os problemas do sistema
norte-americano de divisão de poderes55, assinalando a insuficiência do modelo
tripartite, visto que certas formas institucionais não podem ser institucionalizadas
em legislativas, judiciárias ou executivas;

“Quase três séculos depois, já passa da hora de repensar a santíssima Trindade de


Montesquieu. Apesar de seu status canônico, elas nos mantêm cegos para o
surgimento, em nível mundial, de novas formas institucionais que não podem ser
categorizadas como legislativas, judiciárias ou executivas. Embora a tradicional
fórmula tripartite falhe ao capturar os modos característicos de operação de tais
formas, essas unidades novas e funcionalmente independentes estão desempenhando
um papel cada vez mais relevantes em governos modernos. Uma ‘nova separação de
poderes’ está emergindo no século XXI. A compreensão de suas características
distintivas requer o desenvolvimento de um modelo conceitual que contenha cinco ou
seis categorias – ou talvez mais. E, assim nós devemos dar um carinhoso adeus a
Montesquieu, para então criar novas bases para o direito administrativo comparado,
que deem conta dos desafios dos governos modernos” (ACKERMAN, 2014, p.15) ” p.95
em “Direito Administrativo do Medo”
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II. A Organização Política Administrativa dos Estados Federados.

II. 1. Os princípios constitucionais da administração pública


(Artigo 37 da CF e artigo 77 da CE).

Constituição Federal da República (CF-88)

Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte:

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Constituição do Estado do Rio de Janeiro (CE-89)

Art. 77 - A administração pública direta, indireta ou


fundacional, de qualquer dos Poderes do Estado e dos
Municípios, obedecerá aos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, interesse coletivo e,
também, ao seguinte:

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II.2 - Os Poderes:

Poder Legislativo (Artigos 44 a 75 da CF e artigos 94 a 134 da CE)

Constituição do Estado do Rio de Janeiro

Art. 94 - O Poder Legislativo é exercido pela Assembleia Legislativa, composta


de Deputados, representantes do povo, eleitos entre cidadãos brasileiros,
maiores de 21 anos, no exercício dos direitos políticos, por voto direto e
secreto, na forma da legislação federal.
Parágrafo único - O número de deputados à Assembleia Legislativa
corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados
e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem
os deputados federais acima de doze.
Art. 95 - Cada legislatura terá a duração de quatro anos, iniciando-se com a
posse dos eleitos.
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a.1. Poder Legislativo e suas principais funções: legislar, mediar conflitos
da sociedade com os poderes, emitir juízo de valores temáticos, fiscalizar
os poderes e outros
a.1.1 - Legislar (Processo Legislativo - Artigo 59 da CF e artigo 110 da CE)

Constituição Federal da República (CF-88)

Art. 59 - O processo legislativo compreende a elaboração de:


I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias***;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração,
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redação,
alteração e consolidação das leis.
Constituição do Estado do Rio de Janeiro (CE-89)

Art. 110 - O processo legislativo compreende a elaboração de:

I - emendas à Constituição;
II - leis complementares à Constituição;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - decretos legislativos;
VI - resoluções.

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a.1. 2. Mediar conflitos da sociedade com os poderes (Artigo 2º da CF e
artigos 4º e 7º da CE)

Constituição Federal da República (CF-88)

Art. 2º - São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o


Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Constituição do Estado do Rio de Janeiro (CE-89)

Art. 4º - O Estado do Rio de Janeiro é o instrumento e a mediação da


soberania do povo fluminense e de sua forma individual de expressão, a
cidadania.

Art. 7º - São Poderes do Estado, independentes e harmônicos entre si, o


Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 14
a.1.3. Emitir juízo de valor sobre o que ocorre na sociedade
(Artigo 53 da CF e artigo 102 da CE)

Constituição Federal da República (CF-88)

Art. 53 - Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e


penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.

Constituição do Estado do Rio de Janeiro (CE-89)

Art. 102 - Os Deputados são invioláveis, civil e penalmente, por


quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.

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a.1.4. Fiscalizar os poderes, principalmente a Fiscalização Contábil,
Financeira e Orçamentária (art. 70 a 75 da CF e artigos 122, 123 da CE).

a.1.4.1. Destaque-se os dispositivos constitucionais (Artigo 70 da CF e


artigos 98, 99 e 122 da CE).

Constituição Federal da República (CF-88).

Art. 70 - A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e


patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno
de cada Poder.

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Constituição do Estado do Rio de Janeiro (CE-89)

Art. 98 - Cabe à Assembleia Legislativa com a sanção do


Governador do Estado, não exigida esta para o especificado nos
artigos 99 e 100, legislar sobre todas as matérias de competência
do Estado, entre as quais:

I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;

II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual,


operações de crédito e dívida pública;

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Art. 99 - Compete privativamente à Assembleia Legislativa:

VIII - julgar anualmente as contas do Governador, apreciar os


relatórios sobre a execução dos planos de Governo e proceder à
tomada de contas, quando não apresentadas dentro de sessenta
dias, após a abertura da Sessão Legislativa;

X - fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, inclusive os da


administração indireta;

XII - autorizar, por dois terços dos seus membros, a instauração de


processo contra o Governador, o Vice-Governador e os Secretários
de Estado
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Art. 122 - A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial do Estado e das entidades da Administração Direta e Indireta,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pela Assembleia
Legislativa, mediante controle externo e pelo sistema de controle interno
de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou
entidade pública que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre
dinheiros, bens e valores públicos, ou pelos quais o Estado responda ou
que, em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária.

Art. 123 - O controle externo, a cargo da Assembleia Legislativa, será


exercido com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Governador do Estado,


mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a
contar de seu recebimento; 19
a.1.4.2. Através de Legislações infraconstitucionais

4.2.1 - Lei Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar Federal nº


101/00)

4.2.2 - Leis que compõe o Orçamento Público (PPA, LDO e LOA)

4.2.3 - Lei Federal nº 4320/64 que institui normas gerais de direito


financeiro para elaboração e controle dos orçamentos

4.2.4 - Lei Estadual nº 287/79 que aprova o Código de Administração


Financeira do Estado (CAF) do ERJ, que estabelece normas e princípios
para ordenar, disciplinar e fiscalizar a Administração Financeira e a
Contabilidade Pública do ERJ

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4.2.5 – Outras legislações.
b. Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. (Artigos 71, 73, 74, 75
da CF, artigos 123, inciso I, 128, 133, 134 da CE.)

c. Poder Executivo (art. 76 a 91 da CF, art. 135 a 150 da CE).

d. Poder Judiciário (art. 92 a 126 da CF, art. 151 a 169 da CE).

e- Funções Essenciais à Justiça.

e.1. Ministério Público (art. 127 a 130 da CF, art. 170 a 175 da CE).

e.3. Procuradoria Geral do Estado (art. 176 e 177 da CE).

e.2. Defensoria Pública (art.134 a 135 da CF, art. 178 a 181).

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f- O tempo em que vivemos.

Rodrigo Valgas dos Santos, 2020, p.67, 73 e 74, em “Direito


Administrativo do Medo”, analisa o problema do ativismo judicial e
o desequilíbrio da balança dos poderes.

O Poder judiciário tradicionalmente sempre foi o mais frágil dos


poderes.(…)

Mas como tudo muda sob o céu, atualmente o Poder judiciário


goza de prestígio e poder nunca dantes visto.(...)

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Antonie Garapon evidencia o crescente papel dos juízes na França,
que se aplica ao Brasil com a assustadora similitude:
“O papel de guardiões da virtude pública destina-se, hoje, em
França, aos juristas e, particularmente, aos juízes que se tornam, de
uma forma bastante evidente, a consciência moral da vida social,
política e econômica. Estes últimos veem, assim, o seu afastamento da
política e do dinheiro, do qual se queixavam há bem pouco tempo,
transformar-se, subitamente, em vantagem. Pretendem-se apresentar-
se como último refúgio da virtude e do desinteresse numa República
abandonada pelos seus representantes. Tal facto desperta o velho
demônio inquisitorial ainda presente no imaginário latino. Estas novas
expectativas surpreendem uma magistratura pouco preparada para
esse papel. Daí decorrem excessos, na verdade pouco numerosos, mas
que merecem ser analisados, nem que seja apenas para os conjurar.

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Governo de juízes, activismo jurisdicional, protagonismo judicial,
tentação da justiça redentora... são muitas as palavras que
permitem designar os novos perigos que a justiça pode criar à
democracia. (…)

O juiz torna-se o novo anjo da democracia, que reclama um


estatuto privilegiado do qual já expulsou os homens políticos.
Sente-se investido de uma missão redentora em relação à
democracia, coloca-se numa posição de destaque, inacessível à
crítica popular. Alimenta-se do descrédito do Estado, da decepção
em relação ao político. A justiça concluiria, assim, o processo de
despolitização da democracia...

24
Eis a promessa ambígua da justiça moderna: os pequenos juízes livrar-
nos-ão dos políticos corruptos e os grandes juízes, da própria política.
A justiça participa deste recalcamento político, tanto através do desvio
aristocrático, como através da tentação populista. ” (GARAPON, 1998,
p. 53-54; p. 74-75).

Ao analisar o uso alternativo do direito no início dos anos 1970 na Itália


e seus reflexos nas décadas de 1980 e 1990, Antônio Manuel Hespanha
atribui o crescimento do protagonismo judicial no plano metodológico:
I) Ora pela crença que juristas e jurisprudência possam ser mais
progressistas que os avanços do poder político estatal e II) Na crença
que juristas e juízes seriam “um meio menos contaminado e menos
contaminável pelo corrupção das instituições...” (HESPANHA, 2009,
p.456).

25
O caso brasileiro, embora diferente do caso italiano guarda
algumas semelhanças, pois nossa sociedade civil deposita
expectativas no Poder Judiciário para promover reformas
políticas, institucionais e cívicas nas quais, “[p]rotegidos do
governo pela sua independência estatutária, libertos – em
virtude do sistema da sua designação – das influencias
partidárias e dos compromissos eleitoralistas dominadas por
um ideal de justiça como igualdade e equilíbrio e formados
num ambiente intelectual e universitário progressista, os
juízes deveriam estar em condições de realizar um direito
igual, mesmo numa sociedade de classe.”(HESPANHA, 2009,
p.457).
26
Doutro vértice, a defensores da legitimidade democrática
conferida pela opinião pública ao Poder Judiciário. A aproximação
mais direta do judiciário no atendimento das demandas propostas
pelos cidadãos parece indicar maior concretude e proximidade
que a representação dos parlamentos eleitos.
No Brasil destaca-se a posição de Luís Roberto Barroso, ao
defender que o Supremo Tribunal Federal, para além da função
contramajoritária, estaria a desempenha função representativa,
além de uma função que denominou de vanguarda iluminista.
Aduz que a democracia é muito mais que a expressão numérica de
votos pois sua dimensão substantiva implica na preservação de
valores e direitos fundamentais, consistindo assim em votos,
direitos e razões. (BARROSO, 2017, p.26 – 27).
27
Em relação a função representativa, Barroso parte da
premissa que as democracias contemporâneas transferiram
ao judiciário um certo grau de criação de Direito. Em face da
superação do modelo tripartite de separação de poderes, o
judiciário – dentro de certos contextos – pode ser o melhor
interprete do sentimento majoritário. As razões de tal
legitimidade estariam assentadas:
I) No ingresso dos magistrados pelo acesso democrático da
via do concurso público;
II) No alto custo das campanha eleitorais e
comprometimento dos políticos com seus financiadores e
bases eleitorais;
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III) Na garantia da vitaliciedade dos juízes que os deixaria
menos suscetíveis as circunstancias políticas de curto prazo,
nem a tentações populistas;
IV) No fato dos órgãos judiciais atuarem apenas quando
provocados nos limites da lide;
V) da necessidade das decisões judiciais serem motivadas
pondo ao magistrado o dever de expor publicamente suas
razões de decidir, implicando ainda numa legitimação discursiva.
Ao final elenca uma série de casos em que o STF teria decidido
“em claro alinhamento” com as demandas da sociedade,
citando o caso da vedação ao nepotismo, fidelidade partidária e
vedação da participação de empresas privadas no
financiamento eleitoral (BARROSO, 2017, p.54-59).
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Quanto a função da “vanguarda iluminista” Barroso assevera o
papel do STF em “empurrar a história quando ela emperra”.
Reconhece tratar-se de competência perigosa pelo risco
democrático das cortes constitucionais transformarem-se em
instancias hegemônicas. Para tanto, exemplifica o papel do STF
quando do julgamento da equiparação da união homoafetiva às
uniões estáveis, o que abriu a via do casamento entre pessoas do
mesmo sexo, do reconhecimento a mudança de sexo e alteração
do nome civil e da utilização dos banheiros públicos com a
percepção de cada qual. Assevera que dificilmente o legislador
ordinário poderia enfrentar e superar esses temas. Encerra seus
argumentos listando uma série de decisões em diversos ramos do
direito, que consistiram em nítido avanço social no Brasil
(BARROSO, 2017, p.59-65) 30
As propostas de Luís Roberto Barroso foram franca e
elegantemente enfrentadas na obra: A Razão e o voto: Diálogos
Constitucionais com Luís Roberto Barroso (VIEIRA; GLEZER, 2017).
No tocante à função representativa destacamos que o Judiciário,
a despeito de estar inserido no contexto social e naturalmente
vocalizar os valores e as razões existentes em determinado tempo e
lugar, jamais deve assumir o papel da representação popular. E não
deve porque o exercício da função contramajoritária é
absolutamente incompatível com a alegada função representativa e,
principalmente, porque a necessidade de grande cautela em saber a
qual “voz das ruas” se está a auscultar. Sabidamente a grupos que se
fazem ouvir muito mais que a outros, e nem sempre são maioria.

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III. Aspectos evolutivos do direito orçamentário.

III.1. O parlamento, os tributos, a contabilidade, o orçamento,


confecção, execução e controle.

III.1.1 - Na História Geral.

Historicamente os parlamentos surgiram, no mundo, com a


função de restringir a ‘ liberdade de tributar, até então,
detida exclusivamente pelo Monarca'.

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Com essa gênese, é que Baleeiro, Aliomar, em Uma introdução à
Ciência das Finanças, - 17ª ed. rev. e atualizada por Hugo Brito
Machado Segundo. – Rio de Janeiro: Forense, 2010, pag.525,
comenta que:
Pretendem historiadores que, antes da conquista normanda
(século XI), nenhum rei saxão ousara aplicar tributos ou exigir
serviço militar, sem o consentimento e conselho de uma assembleia.
Certo é que João-Sem-Terra sentiu ao vivo o risco dessa ousadia,
quando os barões contra ele reagiram e, vencendo-o pelas armas,
obrigaram-no a assinar a Magna Carta de 1215. Dela contava a
ratificação do princípio de que nenhum tributo ou scutage (taxa,
cobrança, imposto) seria levantado sem o consentimento do
conselho do reino, salvo os de costume, para resgate do rei,
elevação do seu filho mais velho a cavalheiro ou dote da filha mais
velha.
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A tese da restrição a liberdade de tributar (arrecadar),
após seis séculos de lutas políticas, de parlamentos
tenazes contra reis recalcitrantes, saiu vitoriosa com a
“gloriosa revolução” de 1688, na Inglaterra.
Posteriormente, associou-se a restrição da liberdade de
tributar a questão de, também, o parlamento autorizar e
controlar as despesas governamentais. Os citados
conceitos se difundiram fartamente em diversos países
europeus. Essas práticas, também, se observavam em
França, Espanha e Portugal e deste passaria ao Brasil
Colonial através das instituições municipais (Baleeiro,
2010, pag. 526).
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III.1.2 - Na História do Brasil.

No Brasil tivemos o episódio da “derrama”, visto que no


ano de 1750, o Marquês de Pombal (Ministro português
Sebastião José de Carvalho e Melo), fixou a pagamento do
“Quinto”, imposto de 1/5 (20%) sobre todo o ouro
encontrado nas jazidas de Minas Gerais. Tal imposto foi o
rastilho de pólvora que levou a inconfidência mineira,
liderada por Tiradentes, que visava alcançar a libertação
política e econômica do jugo português. O aludido
imposto, a época, foi apelidado de “o quinto dos infernos”.

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Assim, a questão de como se elaborar e executar o
orçamento público começou a ser introduzido na Constituição
do Brasil, ainda no Império, na Carta de 1824.
Mas o primeiro orçamento nacional elaborado, em
conformidade com a Carta de 1824, foi o votado para o
exercício de 1831-1832, há 190 anos.
Apesar de ter decorrido tanto tempo, ainda é um
instrumento desconhecido da imensa maioria, pela forma
hermética de se revelar, por ser matéria que interessa,
somente, a pequenas parcelas da burocracia estatal e da classe
política em geral. No entanto, deveria se tornar em um
instrumento eficaz no planejamento e execução de políticas
públicas, com uma efetiva participação popular e ser o mais
transparente possível. 36
Tanto é verdade, que a luta por justiça tributária e transparência
orçamentária associada à qualidade do gasto público tornou-se para
a cidadania brasileira quase tão relevante quanto à manutenção do
Estado Democrático de Direito. Constata-se que a carga tributária
atual de 36% do PIB é quase o dobro do imposto intitulado “quinto
dos infernos”, sem que a população se aperceba de haver uma
contraprestação de serviços adequados. Justifica-se, pois, a
necessidade do aperfeiçoamento dos instrumentos de gestão
financeira, patrimonial e da responsabilidade no processo
orçamentário.
Mesmo sendo uma questão colocada em um segundo plano pela
ciência política e não tendo a relevância devida no próprio direito, o
orçamento, a contabilidade pública e o controle, historicamente,
tiveram um papel relevante nas políticas públicas brasileiras.

37
João Barbalho, em Comentários à Constituição Federal de
1891 – ao dissertar sobre o seu art. 34, § 1º, afirmou: “E é este
o melhor préstimo, senão a única verdadeira razão de ser dos
parlamentos”.
Ruy Barbosa, em Comentários à Constituição Federal de
1891, ao comentar sobre o citado artigo 34, lecionou:
Elaborar o orçamento é a principal função da legislatura. A
Constituição (art.34) atribuía privativamente ao Congresso o
poder do orçamento. É a prerrogativa máxima do Corpo
Legislativo. É a arma, com que os parlamentos domaram os
reis. É o instrumento, com que as Câmaras populares
conquistaram a liberdade política. (Inventario da Legalidade.
Jornal do Brasil, de 17 de julho de 1893).
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Ainda, Ruy Barbosa, na exposição de motivos que
introduziu o Decreto nº 966-A, de 07/11/1890, para a
criação do Tribunal de Contas, refere-se à necessidade de
tornar o orçamento uma instituição inviolável e soberana,
em sua missão de prover as necessidades públicas
mediante o menor sacrifício dos contribuintes e a
necessidade urgente de fazer dessa lei uma força da nação
e prega que o orçamento deixe de ser uma simples
combinação formal e torne-se uma realidade segura,
solene, inacessível a transgressões impune.

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Essa posição de reconhecimento ao orçamento e
as finanças públicas como função principal e
primordial do poder político, tem uma definição
mais nítida quando se consulta o pronunciamento
de Borges de Medeiros em 1916, então Chefe do
Partido Republicano Rio-Grandense, e herdeiro de
Júlio de Castilhos na obra de Joaquim Luís Osório,
“Constituição Política do Estado do Rio Grande do
Sul: Comentário”, editoria UnB, Brasília, 1981, pág.
184.

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A lei financeira é tudo, porque sem ela o governo terá
de oscilar fatalmente entre a revolução e o despotismo.
Augusto Comte não trepidou em afirmar que a
composição do orçamento e a votação do imposto
envolvem uma questão capital para a sociedade e mais
importante que a própria controvérsia sobre as formas
de governo.

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III.2- Evolução sintética das Constituições brasileiras sob o foco
do Direito Orçamentário.

A Lei Orçamentária Anual foi introduzida no Brasil - Império,


pela Carta Lei de 15/12/1830, sendo objeto constitucional pela
primeira vez, na Constituição Política do Império de 1824, no
artigo 172. Criou-se pelo artigo 170, o “Tesouro Nacional”, e no
artigo 171 definiu a origem e aplicação das receitas.

Na Constituição de 1891, a primeira da República


(15/11/1899) houve os aperfeiçoamentos necessários à
Constituição de 1824 (Império para República) e já se encontra
presente o conceito de orçar a receita e fixar a despesa federal
anualmente, no artigo 34, §1º. A Constituição de 1891 sofreu uma
reforma constitucional em 1925-26. 42
Na Constituição de 1934 é introduzido o conceito de
orçamento uno (artigo 50, caput), bem como a
impossibilidade da lei do orçamento conter
dispositivo estranho a receita prevista (artigo 50, §3º),
não se incluindo a autorização para abertura de
créditos suplementares e operações de créditos por
antecipação de receita (alínea a, do parágrafo 3º, do
artigo 50) e veda ao Poder Legislativo conceder
créditos ilimitados (artigo 50, §4º).

43
Na Constituição de 1937, o orçamento é tratado pelos artigos
68 a 72, mantendo-se o conceito de orçamento uno. O artigo
68, § 1º determina que, por ocasião de formular a proposta
orçamentária, o Departamento Administrativo organizará,
para cada serviço, departamento, estabelecimento ou
repartição, o quadro da discriminação ou especialização, por
itens, da despesa que cada um deles é autorizado a realizar.
No artigo 69 é definido que o orçamento conterá a
discriminação ou especialização da despesa por serviço,
departamento, estabelecimento ou repartição. No artigo 70
foi mantido o mesmo conceito expresso pela alínea “a”
parágrafo 3º, artigo 50 da Constituição de 1934.
44
Na Constituição de 1946 o orçamento é tratado pelos
artigos 65 e 73 a 75. No artigo 75 surge o princípio da
proibição de estorno de verbas, sem autorização
legislativa. Registre-se que a Lei Federal 4320/1964,
foi editada sob a égide da Constituição de 1946.
Mudança nos cenários políticos, golpe militar de 1964
e a retomada da democratização no início da década
de 1980, se reproduziram nas Constituições de 1967 e
1988, respectivamente.

45
Na Constituição de 1967 foram introduzidas as seguintes
modificações significativas: artigo 61, caput, prevendo que lei
federal disporá sobre o exercício financeiro, a elaboração e a
organização dos orçamentos públicos. Na alínea a, § 1º do artigo
61, é vedada a transposição, sem prévia autorização legal, de
recursos de uma dotação orçamentária para a outra. Na alínea c,
§ 1º do artigo 61, é vedada a abertura de crédito especial ou
suplementar sem prévia autorização legislativa e sem indicação
dos recursos correspondentes; e na alínea “d” a realização, por
qualquer dos Poderes, de despesas que excedam os créditos
orçamentários ou adicionais. No artigo 64, §1º, alínea “a”, é
vedada, nas leis orçamentárias ou na sua execução “o estorno
de verbas”.
46
A Constituição de 1988 abordou o tema orçamento,
principalmente, nos artigos 165 a 169. No artigo 165, caput,
definiu que por iniciativa do Poder Executivo leis
estabelecerão o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias
e os orçamentos anuais. Nos §§ 1º e 2º do artigo 165,
estabeleceu de que constarão as leis que instituírem o plano
plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias,
respectivamente. Ainda, no artigo 165, § 5º definiu de que
compreenderá a lei orçamentária anual. No § 7º do artigo
165, determinou que os orçamentos previstos no § 5º, I e II,
do mesmo artigo, deverão ser compatibilizados com o plano
plurianual, e terão entre suas funções a de reduzir
desigualdades inter-regionais, segundo critério47populacional.
No § 8º do artigo 165, repetiu o conceito da Constituição
de 1967, em que a lei orçamentária anual não conterá
dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da
despesa, não se incluindo na proibição a autorização para
abertura de créditos suplementares e contratação de
operações de crédito, ainda que por antecipação de
receita, nos termos da lei. No § 9º do citado artigo,
remeteu à lei complementar dispor sobre o exercício
financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a
organização do plano plurianual, da lei de diretrizes
orçamentárias e da lei orçamentária anual.
48
No artigo 166, § 3º foi determinado que as emendas
ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos
que o modifiquem somente poderão ser aprovadas
caso sejam compatíveis com o plano plurianual e com
a lei de diretrizes orçamentárias, reforçando o que já
havia sido definido no artigo 165, § 7º e no § 4º do
artigo 166, que as emendas ao projeto de lei de
diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas
quando incompatíveis com o plano plurianual.

49
Enfim, a Constituição Federal de 1988, impôs um
sistema orçamentário uno e indivisível em que se há
de compatibilizar PPA, LDO e LOA. No artigo 167, a CF-
88, tratou das vedações, onde destacaríamos a
proibição de se dar início a programas ou projetos não
incluídos na lei orçamentária anual (inciso I), e a
abertura de crédito suplementar ou especial sem
prévia autorização legislativa e sem indicação dos
recursos correspondentes (inciso VI).

50
AULA 02

PRESTAÇÃO DE CONTAS E
CONTROLE EXTERNO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PROFESSOR LUIZ PAULO CORRÊA DA ROCHA


Aula 02
Conceitos de Controle Interno e Externo da
Administração Pública

1. - Controle Interno da Gestão Orçamentaria


1.1. - Controle Interno
1.1.2. - O Controle Interno do Executivo
1.1.3. - Da Proteção do Erário e carreiras exclusivas de Estado
1.2. - Controle Externo da Administração Pública -
Fundamentos Constitucionais
Conceitos de Controle Interno e Externo da administração Pública.

A - Controle Interno da Gestão Orçamentaria. (Art.74, CF e artigo 129,


e o inciso XXX do art. 77 da CE).

Fundamentos Constitucionais.

Constituição Federal.

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e


patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle
interno de cada Poder. (EC nº 19/98)
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma
integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:

I – avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução


dos programas de governo e dos orçamentos da União;
II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e
eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e
entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos
públicos por entidades de direito privado;
III – exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como
dos direitos e haveres da União;
IV – apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
§ 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de
qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de
Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.
§ 2º - Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte
legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades
perante o tribunal de Contas da União.
Constituição Estadual
Art. 129. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de
forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:

I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a


execução dos programas de governo e dos orçamentos do Estado;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e
eficiência da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e
entidades da administração estadual, bem como da aplicação de
recursos públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem
como dos direitos e haveres do Estado;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
Parágrafo único - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao
Tribunal de Contas do Estado, sob pena de responsabilidade solidária.

Art. 77 - A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer


dos Poderes do Estado e dos Municípios, obedecerá aos princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, interesse coletivo e,
também, ao seguinte:

Inciso XXX* - As atividades do sistema de controle interno, previstas no Art.


129, essenciais ao funcionamento da administração pública, contemplarão, em
especial, as funções de ouvidoria, controladoria e auditoria governamental, e
serão desempenhadas por Órgão de natureza permanente, e exercidas por
servidores organizados em carreira específica, na forma de Lei. ”
*Acrescentado pela emenda constitucional nº 68/16, dispondo sobre o
controle interno
A.1) Controle Interno

A.1.1 - Secretaria de Planejamento*, quanto a proposta


orçamentária e controle da sua execução (receitas e
despesas).

1.1 - Contingenciamento e Remanejamento.


1.2 - Liberação para Empenho.
1.3 - Créditos Adicionais.

A.1.2 - Da Secretaria de Fazenda*, quanto a arrecadação


das receitas orçamentárias;
A.2 - O Controle Interno do Executivo

A.2.1 - Controladoria Geral do Estado - CGE - Lei nº 7989/2018 – Dispõe


sobre o Controle Interno do Poder Executivo e Cria a Controladoria Geral do
Estado. Controle quanto à legalidade, legitimidade e economicidade.

Lei nº 7753/2017- Transparência e integridade nas empresas que


contratarem com ERJ.

A.2.2 - Procuradoria Geral do Estado - PGE. Art. 176 e 177 da Constituição


do ERJ e LC nº 15/1980. Representação judicial e defesa Estado. Controle
interno da legalidade dos Atos do Poder Executivo e a Cobrança da Dívida
Ativa.

A.2.3 - RioPrevidência. Lei nº 3.189/1999 e Lei nº 5.260/2008 e suas


modificações. Controle do pagamento e das Receitas de Inativos e
Pensionistas do ERJ.
A.3 - Da Proteção do Erário (Art. 37 da CF e art. 77 da CE) e
carreiras exclusivas de Estado (Art. 247 da CF).

Constituição Federal (CF/88)

Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer


dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência* e,
também, ao seguinte: (EC nº18/98, EC nº 19/98, EC nº 20/98,
EC nº 34/2001, EC nº 41/2003, EC nº 42/2003 e EC nº 47/2005)
Constituição do Estado do Rio de Janeiro (CE)

Art. 77 - A administração pública direta, indireta ou fundacional, de


qualquer dos Poderes do Estado e dos Municípios, obedecerá aos
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,
interesse coletivo* e, também, ao seguinte:

Art. 247. As leis previstas no inciso III do § 1º do art. 41 e no § 7º do art.


169 estabelecerão critérios e garantias especiais para a perda do cargo
pelo servidor público estável que, em decorrência das atribuições de
seu cargo efetivo, desenvolva atividades exclusivas* de Estado.
(EC nº19/98)

Parágrafo único - Na hipótese de insuficiência de desempenho, a perda


do cargo somente ocorrerá mediante processo administrativo em que
lhe sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa.
Carreiras Típicas de Estado. Discussão da PEC 32/2020.

Teses discutidas após 33 anos da CF. Teses sociológicas sobre o


Estado: 1- Maquiavel – O Príncipe; 2- O estado mediador de
conflitos com a ótica das classes dominantes x O Estado mediador
de conflitos com a ótica dos menos favorecidos.

Estado mínimo que se auto regula: Seriam funções de Estado


àquelas que não são exercidas pela iniciativa privada. Não guarda
consistência com o fato de que a inciativa privada pode fazer tudo
o que não está proibido por Lei e o funcionário do Estado só pode
fazer o que está escrito em Lei.
Estado máximo que exerce papel predominante em todas as
atividades - Seriam típicas de Estado todas as carreiras que tratem
da defesa do Estado de bem-estar social (art. 193 da CF), como
educação, saúde, previdência, assistência social e cultura.
Legislativo, Judiciário, enfim todos os cargos públicos do país.

Estado necessário que exerce papel regulador, empreendedor e as


funções básicas como educação, saúde e segurança. Fica no meio
termo, as carreiras típicas de Estado seriam àquelas que não
possuindo correspondência no setor privado seriam relacionadas
as atividades de fiscalização; agropecuária, tributária, arrecadação,
finanças controle, gestão pública, segurança pública, advocacia
pública, Defensoria, Regulação, Planejamento e orçamento,
magistratura, Ministério Público, Procuradoria Geral do Estado.
Controle Externo da Administração Pública (Art. 70 e 71, CF e Art. 122
e 123, CE).
Fundamentos Constitucionais:
Constituição Federal (CF)

Art. 70 - A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e


patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno
de cada Poder. (EC nº 19/98)
Parágrafo único - Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre
dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou
que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
Art. 71 - O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será
exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual
compete:

I – apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da


República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em
sessenta dias a contar de seu recebimento;
II – julgar as contas dos administradores e demais responsáveis
por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e
indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que
derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
resulte prejuízo ao erário público;
Constituição do Estado do Rio de Janeiro (CE).

Art. 122 - A fiscalização contábil, financeira, orçamentária,


operacional e patrimonial do Estado e das entidades da
Administração Direta e Indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas,
será exercida pela Assembleia Legislativa, mediante controle
externo e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Parágrafo único - Prestará contas qualquer pessoa física ou


entidade pública que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou
administre dinheiros, bens e valores públicos, ou pelos quais o
Estado responda ou que, em nome deste, assuma obrigações de
natureza pecuniária.
Art. 123 - O controle externo, a cargo da Assembleia Legislativa,
será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado, ao
qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Governador do


Estado, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em
sessenta dias a contar de seu recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por
dinheiros, bens e valores públicos dos três poderes, da
administração direta e indireta, incluídas as empresas públicas,
autarquias, sociedades de economia mista e as fundações
instituídas ou mantidas pelo Poder Público Estadual, e as contas
daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra
irregularidade de que resulte prejuízo à Fazenda Estadual;
Controle Interno – Estado do Rio de Janeiro

O presente trabalho objetiva abordar o Controle Interno do Estado do Rio de Janeiro. Assim,
será dada ênfase aos mecanismos de transparência e de accountability existentes no Poder Executivo
fluminense. O conceito de accountability abrange três aspectos:

Entre os diferentes tipos de controles institucionais, por meio dos quais se busca efetivar
transparência e gestão de resultados, está o conceito de accountability, sem tradução para o português,
que abrange três aspectos: a obrigação do administrador público de prestar contas à sociedade; a
responsabilização dele por seus atos e resultados; e sua disposição de adotar as políticas preferidas por seus
governados (responsividade) (Santos, 2019).

Guillermo O’Donnell destaca a existência de duas dimensões do accountability: a vertical


e a horizontal (vide O’Donnell, 1998). O accountability vertical diz respeito à dimensão eleitoral.
Ou seja, consiste na população premiar um governante nas eleições, por intermédio da reeleição, ou
da punição, ou seja, da eleição de adversários. Por sua vez, a horizontal está relacionada às instituições
legalmente instituídas para o controle mútuo dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Em
outras palavras, ao sistema de freios e contrapesos, conforme descrito por Montesquieu (2008), no
qual os Poderes independentes e harmônicos prestam contas uns aos outros.

Os mecanismos de accountability horizontal podem ser: controles administrativos, exercidos pelos


próprios Poderes sobre seus atos e agentes; controles legislativos, representados pelo apoio ou pela rejeição às
iniciativas do Poder Executivo nos legislativos; controles de contas, que fiscalizam as contas públicas,
subsidiando os legislativos; e controles judiciários, que objetivam coibir abusos contra o patrimônio público e
do exercício do poder pelas autoridades (Santos, 2019).

Outrossim, Abrucio e Loureiro defendem a existência de instrumentos de fiscalização e


participação nas decisões que funcionem durante o mandato dos governantes, já que o accountability
vertical do processo eleitoral não garante o controle dos governantes por completo. De acordo com
os autores, esses instrumentos são divididos em cinco tipos: controle parlamentar; controle judicial;
controle administrativo procedimental; controle do desempenho dos programas governamentais e
controle social (Abrucio e Loureiro, 2004).

Desse modo, considerando a importância do controle social, serão abordados os


mecanismos de transparência existentes no Poder Executivo. De acordo com o website do Tribunal
de Contas da União 1 , a “[t]ransparência das ações de governo e participação social ativa são
importantes instrumentos para a promoção da eficiência da gestão pública e do combate à corrupção”.
Além disso, a “transparência pública (...) viabiliza a contribuição tempestiva da sociedade e dos
órgãos de controle, no fornecimento de elementos para que o Estado se torne cada vez mais eficiente
e efetivo”. Desta forma, de acordo com a Corte de Contas, a transparência estimula o
desenvolvimento de uma cultura de integridade e incentiva o esforço por melhores políticas e
programas de governo.

Assim, tendo em vista o objetivo do presente trabalho, nos próximos tópicos serão
abordadas as principais linhas de atuação de importantes órgãos da Administração Direta e Indireta
da estrutura do Poder Executivo, no âmbito do Controle Interno.

Por fim, vale destacar que os referidos órgãos são membros do Sistema de Controle Interno
do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro (SICIERJ). De acordo o Decreto nº 46873 de 13 de
Dezembro de 2019, os órgãos e as entidades da Administração Direta e Indireta deverão organizar as
suas unidades de controle setoriais com o objetivo de fortalecer a gestão e racionalizar as ações de
controle, de acordo com as regulamentações expedidas pela Controladoria Geral do Estado – CGE.

A) Controladoria Geral do Estado

A CGE atua como responsável pela coordenação e definição de diretrizes gerais do Sistema
de Controle Interno do Poder Executivo. Assim de acordo com o art. 1º do seu Regimento Interno de
14 de setembro de 20202, a “Controladoria Geral do Estado do Rio de Janeiro - CGE RJ, órgão central
do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro - SICIERJ tem como
finalidade assegurar uma boa gestão na aplicação dos recursos públicos, em benefício da sociedade
(…)”.

A sua criação contemplou as macrofunções de Auditoria Governamental, Ouvidoria,


Transparência e Corregedoria.
De acordo com seu website3, a Auditoria Governamental tem por finalidade:

[A]valiar os controles internos e gerenciar os riscos corporativos dos órgãos e


entidades da Administração Direta e Indireta, examinar a legalidade, legitimidade e avaliar
os resultados da gestão contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial quanto

1
Disponível em: < https://portal.tcu.gov.br/governanca/governancapublica/componentes/accountability/>.
2 A Resolução CGE n° 61 de 14 de setembro de 2020, que aprovou o regimento interno da Controladoria Geral do
Estado do Rio de Janeiro, foi publicada no Diário Oficial de 17 de setembro de 2020.
3 Disponível em: <http://www.cge.rj.gov.br/historia/>.
à economicidade, eficácia, eficiência e efetividade; assim como orientar e acompanhar a
gestão governamental, desenhada para adicionar valor e melhorar as operações de uma
organização.

Por sua vez, a ouvidoria possui como objetivo o de estimular “o controle social e a
participação popular, por meio do recebimento, registro e tratamento de manifestações do cidadão
sobre os serviços prestados à sociedade e a adequada aplicação de recursos públicos”.

Já a transparência, objetiva fomentar o controle social e a participação popular, por


intermédio da definição de mecanismos que contribuam para a acessibilidade, clareza e integridade
das informações disponibilizadas à sociedade.

Por fim, a corregedoria tem por finalidade “prevenir e apurar os ilícitos disciplinares
praticados no âmbito da Administração Pública, e promover a responsabilização administrativa de
pessoa jurídica pela prática de atos lesivos à Administração Pública e negociar os acordos de leniência
previstos na Lei nº 12.846/2013”.

A.1) Auditoria Geral do Estado

À Auditoria Geral do Estado (AGE), compete de acordo com seu regulamento (art. 23),
dentre outras atribuições: regular, no âmbito do Poder Executivo, a atividade de auditoria
governamental, para adicionar valor e melhorar as operações dos órgãos e entidades; realizar, por
meio das Superintendências, atividades de auditoria governamental, nos sistemas contábil, financeiro,
orçamentário, de pessoal, e demais sistemas administrativos e operacionais de órgãos e entidades do
Poder Executivo estadual e propor melhorias e aprimoramentos na gestão de riscos e nos controles
internos da gestão; desenvolver a articulação interinstitucional com outros órgãos de controle interno
e externo nos assuntos relativos à Auditoria Governamental e correlatos a AGE; atuar como canal de
interlocução com as secretarias estaduais ou entidades vinculadas, nas temáticas relacionadas ao
Controle Interno, por intermédio da integração com as Unidades de Controle Interno (UCI);
supervisionar os estudos atinentes à elaboração de atos normativos relacionados às funções da AGE;
e propor a normatização, sistematização e padronização dos procedimentos operacionais afetos ao
SICIERJ, relacionados à Auditoria Governamental e temas correlatos a AGE.
A.2) Ouvidoria e Transparência Geral do Estado

Por sua vez, a Ouvidoria e Transparência Geral do Estado (OGE), possui como competências,
dentre outras: a de coordenar a implantação e supervisão de sistemas de acesso entre o cidadão e a
Administração Pública, correspondendo as suas necessidades de disponibilidade e facilidade de uso,
para recepcionar, examinar e dar tratamento às manifestações e aos pedidos de acesso à informação
e encaminhá-las aos órgãos e entidades competentes para as providências cabíveis; apoiar e
coordenar campanhas de fomento à cultura da transparência e de conscientização do direito
fundamental de acesso à informação para o incentivo à participação popular e ao controle social das
atividades e serviços oferecidos pela Administração Pública; e realizar a mediação administrativa,
com as unidades dos órgãos e entidades, para a correta e ágil instrução das demandas apresentadas,
com o objetivo de manter o cidadão ciente quanto ao andamento e resultado de sua manifestação, a
fim de que a conclusão ocorra dentro do prazo legal estabelecido.

A.3) Corregedoria Geral do Estado

Por fim, de acordo com o art. 35 do Regimento Interno, compete à Corregedoria Geral do
Estado (CRE), dentre outras atividades: exercer as atividades de correição no âmbito do Poder
Executivo estadual; exercer a função de corregedoria interna da CGE; fiscalizar a efetividade da
aplicação das leis que tratam de responsabilização administrativa de servidores, empregados públicos
e entes privados; fomentar a implementação e o desenvolvimento da atividade correcional no âmbito
do Poder Executivo estadual; formular, coordenar, fomentar e apoiar a implementação de planos,
programas, projetos e normas voltadas à atividade correcional; e analisar as representações e as
denúncias apresentadas contra servidores, empregados públicos e entes privados.

B) Secretaria de Estado de Fazenda


Segundo informações obtidas no portal da Secretaria de Estado de Fazenda, a missão
institucional desta Secretaria de Estado é “[p]rover e gerir os recursos públicos que viabilizam a
gestão do Governo, com transparência, isenção e tempestividade, prestando contas e disponibilizando
com agilidade as informações necessárias para o contínuo aperfeiçoamento do controle fiscal e social
do Estado”.

Nesta seara do controle fiscal e social, quatro subsecretarias da estrutura da SEFAZ ganham
destaque: a do Tesouro, a da Contabilidade Geral, a de Política Fiscal e a de Receita.

B.1) Subsecretaria do Tesouro do Estado

Segundo o portal do Tesouro4, a SUBTES atua na gestão financeira estadual, em conjunto


com outras unidades da administração direta e subsidia o Secretário de Estado de Fazenda com
informações e análises sobre a situação financeira do Estado.
O papel da SUBTES insere-se nas diferentes etapas da gestão financeira do Estado:
planejamento financeiro; supervisão financeira; captação de recursos; controle dos ativos e das
obrigações financeiras e relacionamento com as unidades administrativas do Estado.
De acordo com o portal supracitado, a SUBTES é responsável por garantir que os recursos
arrecadados possuam destinação consoante a Lei de Diretrizes Orçamentária. Bem como, tem como
base de sua estrutura financeira a gestão da conta única, atrelada ao gerenciamento do fluxo de caixa
oriundo dos recursos que ingressam aos cofres públicos, ao acompanhamento da dívida pública,
interna e externa do Estado e à execução das ações necessárias à regularização de suas obrigações,
legais e contratuais.

B.2) Subsecretaria de Contabilidade Geral do Estado

De acordo com o portal da SUBCONT5 sua missão é a de “[o]rientar, acompanhar e avaliar


o registro dos atos e fatos da gestão orçamentária, financeira e patrimonial dos órgãos e entidades da
administração pública estadual, de forma a produzir informações para tomada de decisão pelos
gestores, para o controle interno, externo e social”.
Assim, atua diretamente na prestação de contas, na transparência e no accountability da
administração pública, já que a visão institucional descrita no site é a de que “[o] nosso objetivo é

4 Vide: http://tesouro.fazenda.rj.gov.br/
5 http://www.contabilidade.fazenda.rj.gov.br/contabilidade/faces/menu-contabilidade/institucional/institucional-
missao-visao-
valores?_afrLoop=88172136249466030&_afrWindowMode=0&_afrWindowId=s8gbxz8os&_adf.ctrl-
state=15yie9dto1_1
trabalhar no crescimento e desenvolvimento dos registros com total transparência para o cidadão,
superando assim suas expectativas e necessidades”.
Além dos Relatórios Fiscais estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal- LRF6, esta
subsecretaria é a responsável pelo importante documento Contas de Governo.
Ademais, destaca-se seu papel na seara das normas e orientações, o que inclui a elaboração
de orientações técnicas aos inúmeros órgãos estaduais. Bem como a edição das portarias SUBCONT7.

B.3) Subsecretaria de Fazenda de Política Fiscal.

A SUBPOF realiza o acompanhamento da despesa e da receita pública. Quanto à


transparência e ao accountability, a Coordenadoria de Transparência Fiscal é o setor responsável pelo
Portal da Transparência Fiscal 8 , que reúne informações não apenas sobre as despesas e receitas
públicas, mas também sobre o Plano de Recuperação Fiscal. Assim como, pelo portal de
Transparência dos Royalties do Petróleo e das Participações Especiais9.
Além disso, a supracitada Subsecretaria também é responsável pela redação do documento
Boletim de Transparência Fiscal. Segundo a introdução da edição referente ao terceiro quadrimestre
de 2021, o “[b]oletim de Acompanhamento Fiscal é um documento de periodicidade quadrimestral,
(...) cujo objetivo é elucidar os demonstrativos contábeis previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF) e apresentar a performance da gestão fiscal e financeira do Estado do Rio de Janeiro (ERJ)”10.

B.4) Subsecretaria de Estado de Receita

Por fim, outra Subsecretaria de relevante impacto no Controle Interno é a de Receita,


principalmente no que tange o papel desempenhado pela Coordenadoria das Auditorias Fiscais
Especializadas no controle e accountability das receitas públicas.
Atualmente na estrutura da SEFAZ existem 16 auditorias- fiscais especializadas:

• Auditoria- Fiscal Especializada de Petróleo e Combustíveis.


• Auditoria- Fiscal Especializada de Energia Elétrica e Telecomunicações.

6 Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária e Relatórios de Gestão Fiscal previstos na Lei Complementar
Federal nº 101, de 04 de maio de 2000.
7 Como exemplos podemos citar a portaria subcont nº 009, de 05 de março de 2020, que determina a obrigatoriedade
de envio de relatório com análise contábil trimestral e a Portaria Subcont nº 016, de 01 de fevereiro de 2022, que
aprova as inscrições de restos a pagar no exercício financeiro de 2021.
8 http://www.transparencia.rj.gov.br/
9 https://portal.fazenda.rj.gov.br/petroleo/
10
http://www.contabilidade.fazenda.rj.gov.br/contabilidade/content/conn/UCMServer/path/Contribution%20Folders/c
ontadoria/relatoriosContabeis/relat_conta_gestao/2021/Volume%2004/Volume%2004.pdf?lve
• Auditoria- Fiscal Especializada de Comércio Exterior.
• Auditoria- Fiscal Especializada de Siderurgia, Metalurgia e de Material de Construção em
geral.
• Auditoria- Fiscal Especializada de Supermercados e Lojas de Departamento.
• Auditoria- Fiscal Especializada de Bebidas.
• Auditoria- Fiscal Especializada de Veículos e Material Viário.
• Auditoria- Fiscal Especializada de Produtos Alimentícios.
• Auditoria- Fiscal Especializada de Substituição Tributária.
• Auditoria- Fiscal Especializada de Prestação de Serviços de Transportes Intermunicipais e
Interestaduais.
• Auditoria- Fiscal Especializada de IPVA.
• Auditoria- Fiscal Especializada de ITD.
• Auditoria- Fiscal Especializada de Operações Especiais.
• Auditoria- Fiscal Especializada de Trânsito de Mercadorias e Barreiras Fiscais.
• Auditoria- Fiscal Especializada de Receitas Não -Tributárias, Fiscalização de Royalties e
Participações Especiais.
• Auditoria- Fiscal Especializada em Eventos e Leilões.

C) Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão

Por fim, outra importante secretaria participante do sistema de controle interno é a Secretaria
de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG).

Segundo o Decreto nº 47.879 de 16 de dezembro de 2021, que institui a sua estrutura


organizacional básica, a SEPLAG constitui-se órgão central de planejamento e gestão em matéria de
orçamento, patrimônio imóvel, gestão de processos, fundos, concessões e logística do Estado do Rio
de Janeiro. Ainda segundo o decreto supracitado, esta Secretaria tem o papel de “coordenar o processo
de planejamento governamental de curto, médio e longo prazo, de acompanhar e controlar os planos,
programas e projetos, de duração anual e plurianual, e de estudar e propor diretrizes para o
desenvolvimento e modernização do Estado”.

O presente trabalho destaca o papel desempenhado por 2 subsecretarias: a subsecretaria de


logística e a de planejamento e orçamento.
C.1) Subsecretaria de Logística

A Secretaria de Planejamento e Gestão (SEPLAG) é o Órgão Central de Planejamento e


Coordenação da Logística Governamental, representada pela Subsecretaria de Logística (SUBLOG).
A subsecretaria de Logística possui a atribuição de planejar, normatizar, supervisionar e capacitar os
agentes públicos estaduais para a execução das atividades inerentes às funções logísticas de
suprimentos, manutenção e transportes, conforme art. 5º do Decreto nº 42.092/2009.
Para isso, ela propõe atos normativos, diretrizes, planos, programas e projetos nas atividades
relacionadas às funções logísticas de suprimento, fazendo a gestão dos sistemas de logística do Poder
Executivo, em especial o Sistema Integrado de Gestão de Aquisição – SIGA.
Esta subsecretaria também atua na elaboração e proposição de políticas e estratégias para a
eficiência da gestão, aplicando novas metodologias de gestão. Assim como avalia os custos dos
processos logísticos do Poder Executivo, visando obter uma melhor produtividade.
Ademais, também possui relevância na seara do controle interno, sua atuação relativa às
redes e à capacitação de servidores públicos. Os eventos educacionais promovidos pela SUBLOG
possuem o intuito de promover a integração, orientação e atualização dos agentes públicos que lidam
com os aspectos jurídicos e práticos das contratações públicas nos diversos órgãos e entidades do
Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro.

C.2) Subsecretaria de Planejamento e Orçamento

A Subsecretaria de Planejamento e Orçamento tem como principal objetivo, estabelecer as


diretrizes e propor as normas necessárias à política orçamentária do Estado do Rio de Janeiro11.
À Subsecretaria de Planejamento e Orçamento também compete: propor medidas para o
aperfeiçoamento da sistemática de planejamento e orçamento do Estado; implantar estudos e
pesquisas concernentes ao desenvolvimento e ao aperfeiçoamento do processo orçamentário estadual;
instituir, observadas as diretrizes governamentais, os processos de elaboração da Proposta do Plano
Plurianual, da Proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias, da Proposta de Lei Orçamentária e da
Mensagem do Governador; e exercer outras atividades que lhe forem atribuídas na sua área de atuação.
Por fim, destacamos a criação das Redes de Planejamento e Orçamento (REDEPLAN e
REDOR), que são estratégias de interlocução entre o órgão central de Planejamento e Orçamento do
Governo, a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão e os órgãos setoriais, que são as Secretarias
de Estado e os órgãos a elas vinculados.
As atividades promovidas pelas Redes têm como foco capacitar seus integrantes em
temáticas de planejamento e orçamento e estimular a troca de experiências por meio da organização
de encontros, seminários, cursos próprios ou de parceiros, capacitações, oficinas e visitas técnicas.

11 Vide http://www.rj.gov.br/secretaria/PaginaDetalhe.aspx?id_pagina=14636
Referências

ABRUCIO, F.; LOUREIRO, M. Finanças públicas, democracia e accountability. In: BIDERMAN,


C.; ARVATE, P. (Org.). Economia do setor público no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2004.
MONTESQUIEU. O espírito das leis. São Paulo: Saraiva, 2008.
O'DONNELL, G. Accountability horizontal e novas poliarquias. Lua Nova, n. 44, 1998
SANTOS, Nayaria. Mecanismos de accountability horizontal e confiança pública no desempenho
organizacional. Boletim Científico ESMPU, Brasília, a. 18 – n. 54, p. 31-55 – jul./dez. 2019
AULA 03

PRESTAÇÃO DE CONTAS E
CONTROLE EXTERNO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PROFESSOR LUIZ PAULO CORRÊA DA ROCHA


1
Aula 03

3
A – Controle Externo da Administração Pública - Fundamentos Constitucionais

O Controle Externo pelo:


A.1 - Poder Legislativo.
A.2 - Outras atribuições do Poder Legislativo.
A.3 - Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro
A.4 - Pelo Ministério Público Especial de Contas que integra o TCE-RJ.
A.5 - Pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.
A.6 - Controle de Constitucionalidade e de legalidade pelo Tribunal de
Justiça e pelos Tribunais Superiores (STF e STJ).
A.7 - Controle das Concessões de Serviços Públicos do Estado pelas
Agências Reguladoras de Serviços de transportes aquaviários, ferroviários,
metroviários e rodoviários - AGETRANSP e de energia e saneamento –
AGENERSA, além do DETRO – função anômala residual de fiscalizar o
transporte rodoviário intermunicipal:

4
A - Controle Externo da Administração Pública (Art. 70 e 71, CF e Art.
122 e 123, CE).
Fundamentos Constitucionais:
Constituição Federal (CF)

Art. 70 - A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e


patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno
de cada Poder. (EC nº 19/98)
Parágrafo único - Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre
dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou
que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
Art. 71 - O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será
exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual
compete:

I – apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da


República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em
sessenta dias a contar de seu recebimento;
II – julgar as contas dos administradores e demais responsáveis
por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e
indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que
derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
resulte prejuízo ao erário público;
Constituição do Estado do Rio de Janeiro (CE).

Art. 122 - A fiscalização contábil, financeira, orçamentária,


operacional e patrimonial do Estado e das entidades da
Administração Direta e Indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas,
será exercida pela Assembleia Legislativa, mediante controle
externo e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Parágrafo único - Prestará contas qualquer pessoa física ou


entidade pública que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou
administre dinheiros, bens e valores públicos, ou pelos quais o
Estado responda ou que, em nome deste, assuma obrigações de
natureza pecuniária.
Art. 123 - O controle externo, a cargo da Assembleia Legislativa,
será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado, ao
qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Governador do


Estado, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em
sessenta dias a contar de seu recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por
dinheiros, bens e valores públicos dos três poderes, da
administração direta e indireta, incluídas as empresas públicas,
autarquias, sociedades de economia mista e as fundações
instituídas ou mantidas pelo Poder Público Estadual, e as contas
daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra
irregularidade de que resulte prejuízo à Fazenda Estadual;
O Controle Externo pelo:

A.1) Poder Legislativo. Art. 70 e 71 da CF e art. 79, 80, 81, 98 e 99 da CE

Quanto ao controle administrativo.

Constituição do Estado.

Art. 79 - O controle dos atos administrativos do estado e dos municípios


será exercido pelo Poder Legislativo, pelo Ministério Público, pela
sociedade, pela própria administração e, no que couber, pelo Tribunal
de Contas do Estado. Redação dada pela Emenda Constitucional nº 04,
de 20.08.91.

Parágrafo único - Haverá uma instância colegiada administrativa para


dirimir controvérsias entre o Estado e seus servidores públicos
9
civis.
Art. 80 - A administração pública tem o dever de anular os
próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais,
bem como a faculdade de revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados neste caso os direitos adquiridos,
além de observado, em qualquer circunstância, o devido processo
legal. Regulamentado pela Lei nº 3870, de 24.06.02.

Art. 81 - A autoridade que, ciente de vício invalidador de ato


administrativo, deixar de saná-lo, incorrerá nas penalidades da lei
pela omissão, sem prejuízo das sanções previstas no artigo 37, §
4º, da Constituição da República*, se for o caso. *Improbidade
administrativa

10
Quanto as atribuições da Assembleia Legislativa. (Artigos 98 e 99
da CE e os seus incisos que se inserem no tema)

Art. 98. Cabe à Assembleia Legislativa com a sanção do


Governador do Estado, não exigida esta para o especificado nos
artigos 99 e 100, legislar sobre todas as matérias de competência
do Estado, entre as quais:

I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;


II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual,
operações de crédito e dívida pública;
III - planos e programas estaduais de desenvolvimento, em
conformidade com os planos e programas nacionais;

11
Art. 99 - Compete privativamente à Assembleia
Legislativa:

I - dispor sobre seu Regimento Interno, polícia e serviço


administrativo de sua Secretaria, bem como criar, prover,
transformar e extinguir os respectivos cargos, fixar sua
remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias;

VI - dar posse ao Governador e ao Vice-Governador, bem como


receber os respectivos compromissos ou renúncias;

VII - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem


do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
12
VIII - julgar anualmente as contas do Governador, apreciar os
relatórios sobre a execução dos planos de Governo e proceder à
tomada de contas, quando não apresentadas dentro de sessenta
dias, após a abertura da Sessão Legislativa;
X - fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, inclusive os
da administração indireta;
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face
da atribuição normativa dos outros Poderes;
XII - autorizar, por dois terços dos seus membros, a instauração
de processo contra o Governador, o Vice-Governador e os
Secretários de Estado;
XIII - processar e julgar o Governador e o Vice-Governador nos
crimes de responsabilidade e os Secretários de Estado nos crimes
da mesma natureza conexos com aqueles;

13
XIV - processar e julgar o Procurador-Geral de Justiça, o
Procurador-Geral do Estado e o Defensor Público Geral do Estado
nos crimes de responsabilidade; Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 16, de 14.12.00.
XV - aprovar previamente, por escrutínio aberto, após arguição
pública, a escolha de Conselheiros do Tribunal de Contas do
Estado, indicados pelo Governador; Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 29.05.01.
XVI - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei ou de ato
normativo estadual ou municipal declarado inconstitucional por
decisão definitiva do Tribunal de Justiça;
XVIII - apreciar, anualmente, as contas do Tribunal de Contas do
Estado; Redação dada pela Emenda Constitucional nº 04, de
20.08.91.
14
XXIII - receber renúncia de mandato de Deputado;
XXIV - emendar a Constituição, promulgar leis no caso do
silêncio do Governador, expedir decretos legislativos e resoluções;
XXV - declarar a perda de mandato de Deputado, por maioria
absoluta de seus membros;
XXVIII - ordenar a sustação de contrato impugnado pelo
Tribunal de Contas;
XXIX - apreciar vetos;
XXXIV - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas
do Estado. Redação dada pela Emenda Constitucional nº 04, de
20.08.91.

15
A.2) Outras atribuições do Poder Legislativo.

Regimento Interno (Resolução nº 810, de1997).

Código de Ética e Decoro Parlamentar


(Resolução nº 1135, de 2014).

Legislação Infraconstitucional

Pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. (Artigos 71,


73 da CF, artigos 79, 123 incisos I,128, 133, 134 da CE e Lei Orgânica do
TCE-RJ de nº 63/90) e, pelo Ministério Público Especial de Contas que
integra o TCE-RJ. (Decisões STF: ADI nº 2.887-4/RJ, ADI nº 789-1/DF e
ADI nº 2.378-1/GO. Lei Estadual nº 32/1980 e a Deliberação TCE nº
277/2005).
16
Constituição Federal.

Art. 71 - O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será


exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual
compete:
I – apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da
República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em
sessenta dias a contar de seu recebimento;
II – julgar as contas dos administradores e demais responsáveis
por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e
indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que
derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
resulte prejuízo ao erário público;
17
Art. 73 - O Tribunal de Contas da União, integrado por nove
Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal
e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que
couber, as atribuições previstas no art. 96. (EC nº 20/98)
§ 1º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão
nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes
requisitos:
I – mais de trinta e Cinco e menos de setenta e cinco anos de
idade; *
II – idoneidade moral e reputação ilibada;
III – notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e
financeiros ou de administração pública;
IV – mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva
atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no
inciso anterior. 18
Constituição Estadual

Art. 79 - O controle dos atos administrativos do estado e dos


municípios será exercido pelo Poder Legislativo, pelo
Ministério Público, pela sociedade, pela própria
administração e, no que couber, pelo Tribunal de Contas do
Estado. Redação dada pela Emenda Constitucional nº 04, de
20.08.91.

Art. 123 - O controle externo, a cargo da Assembleia


Legislativa, será exercido com o auxílio do Tribunal de
Contas do Estado, ao qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Governador
do Estado, mediante parecer prévio que deverá ser
elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
19
A.3) Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro

Art. 128 - O Tribunal de Contas do Estado, integrado por sete


Conselheiros, tem sede na Capital, quadro próprio de pessoal e
jurisdição em todo território estadual, exercendo, no que couber,
as atribuições previstas no art. 158 da Constituição. Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 53, de 27.06.12.

§ 1º - Os Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado serão


nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes
requisitos:

I - mais de trinta e cinco e menos de setenta e cinco anos de


idade; Redação dada pela Emenda Constitucional nº 64, de
18.05.16. Redação dada pela Emenda Constitucional
20 nº 62, de
10.12.15.
II - mais de trinta e cinco e menos de setenta anos de idade;
Acrescentado pela Emenda Constitucional nº 53, de 27.06.12

III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos


e financeiros ou de administração pública; Acrescentado pela
Emenda Constitucional nº 53, de 27.06.12.

IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva


atividade profissional que exija os conhecimentos
mencionados no inciso anterior. Acrescentado pela Emenda
Constitucional nº 53, de 27.06.12

21
A.4) Pelo Ministério Público Especial de Contas que integra o TCE-RJ.
(Decisões STF: ADI nº 2.887-4/RJ, ADI nº 789-1/DF e ADI nº 2.378-
1/GO. Lei Estadual nº 32/1980 e a Deliberação TCE nº 227/2005).

DELIBERAÇÃO Nº 227 de 15 de fevereiro de 2005 confere à Lei Estadual


n° 382, de 1° de dezembro de 1980, interpretação conforme a
Constituição.

O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, no uso da


competência que lhe é atribuída pela Constituição Federal, e pelo art.
133 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro,

CONSIDERANDO a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal no


julgamento da ADI n° 2.884-7/RJ (publicada na p. 27 do DJU, em 13 de
dezembro de 2004, conforme determina a Lei Federal n° 9.868, de 10
de novembro de 1999); 22
CONSIDERANDO que, por força da mencionada decisão, o
Ministério Público Especial junto ao Tribunal de Contas do
Estado do Rio de Janeiro passou a ser disciplinado pela Lei
Estadual n° 382/80, recepcionada com eficácia de lei
complementar, à luz do disposto no art. 118, parágrafo único,
inciso V, da Constituição do Estado do Rio de Janeiro;

CONSIDERANDO que o Supremo Tribunal Federal, no


julgamento da ADI n° 2.877-4/RJ, pronunciou-se pela
constitucionalidade de norma da Constituição fluminense que
prevê a edição de lei complementar para disciplinar carreira
estadual;

23
CONSIDERANDO que o Supremo Tribunal Federal firmou
entendimento no sentido de que o Ministério Público junto aos
Tribunais de Contas não dispõe de fisionomia institucional própria,
estando, consequentemente, consolidado na estrutura do
Tribunal de Contas junto ao qual atua (ADI n° 789-1/DF e ADI n°
2.378-1/GO);

CONSIDERANDO que a Lei Estadual n° 382/80, que consolida a


legislação referente ao Ministério Público Especial, não foi
totalmente recepcionada pela Constituição Federal de 1988,
impondo-se a interpretação de seus dispositivos à luz da nova
ordem constitucional;

DELIBERA: 24
TÍTULO I
Do Ministério Público Especial

Art. 1º - O Ministério Público Especial integra a estrutura básica do


Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro.

Art. 2º - O Ministério Público Especial é organizado em cargos nos


termos desta Deliberação.

I - Pelo Ministério Público Estadual - MPE. (Artigo 127, 128 e 129


da CF, artigos 170 a 175 da CE e Lei Complementar Estadual nº
106/2003).

25
Constituição Federal.

Art. 127 - O Ministério Público é instituição permanente,


essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis. (EC nº 19/98 e
EC nº 45/2004).

§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a


unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.

26
Art. 128 - O Ministério Público abrange: (EC nº 19/98 e EC nº 45/2004).

I – o Ministério Público da União, que compreende:


a) o Ministério Público Federal;
b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;

II – os Ministérios Públicos dos Estados.

§ 1º - O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral


da República, nomeado pelo Presidente da República dentre
integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a
aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado
Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução.
27
Art. 129 - São funções institucionais do Ministério Público: (EC nº 45/2004).
I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
II – zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de
relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição,
promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses
difusos e coletivos;
IV – promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins
de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta
Constituição;
V – defender judicialmente os direitos e interesses das populações
indígenas;
VI – expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua
competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na
forma da lei complementar respectiva;
28
Constituição Estadual

Art. 170 - O Ministério Público é instituição permanente, essencial


à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da
ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis.

§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade,


a indivisibilidade e a independência funcional.

29
Art. 173 - São funções institucionais do Ministério Público:

I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;


II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância
pública aos direitos assegurados nesta e na Constituição da República, promovendo as
medidas necessárias à sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente, do consumidor, do contribuinte, dos grupos
socialmente discriminados e de qualquer outro interesse difuso e coletivo;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de
intervenção do Estado, nos casos previstos nesta Constituição;
V - atuar, além das hipóteses do inciso anterior, em qualquer caso em que seja argüida
por outrem, direta ou indiretamente, inconstitucionalidade de lei ou ato normativo;
VI - expedir notificação nos procedimentos administrativos de sua competência,
requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei
complementar respectiva; VII - exercer o controle externo da atividade policial, na
forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;

30
A.5) Pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.
(Artigos 134, 135, CF, LC Federal nº 80/1994 e artigos 179,180 e
181 da CE, LC Estadual nº 169/2016).

31
Constituição Federal

Art. 134 - A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à


função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e
instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação
jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os
graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de
forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do
art. 5º desta Constituição Federal. (EC nº 45/2004, EC nº 74/2013 e
EC nº 80/2014)
§ 1º - Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do
Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua
organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe
inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus
integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da
advocacia fora das atribuições institucionais; 32
Constituição Estadual

Art. 179 - A Defensoria Pública é instituição essencial à função


jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e
instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a
orientação jurídica integral e gratuita, a postulação e a defesa, em
todos os graus e instâncias, judicial e extrajudicialmente, dos direitos
e interesses individuais e coletivos dos necessitados, na forma da lei.
§ 1º - À Defensoria Pública são asseguradas autonomia funcional e
administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos
limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e
subordinação ao disposto no artigo 152, § 2º. Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 37, de 31.05.06.

33
§ 2º São princípios institucionais da Defensoria Pública a
unicidade, a impessoalidade e a independência funcional. Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 37, de 31.05.06.

§ 3º - São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre


outras que lhe são inerentes, as seguintes: Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 37, de 31.05.06.

(...)

V - patrocinar: Redação dada pela Emenda Constitucional nº


37, de 31.05.06.

34
a) ação penal privada;
b) ação cível;
d) defesa em ação civil;
e) ação civil pública em favor das associações necessitadas que incluam
entre suas finalidades estatutárias a proteção ao meio ambiente e a de
outros interesses difusos e coletivos;
f) os direitos e interesses do consumidor lesado, desde que
economicamente hipossuficientes, na forma da Lei;
g) a defesa do interesse do menor e do idoso, na forma da Lei;
h) os interesses de pessoas jurídicas de direito privado e necessitadas
na forma da Lei;
i) a assistência jurídica integral às mulheres vítimas de violência
específica e seus familiares.

35
A.6) Controle de Constitucionalidade e de legalidade pelo Tribunal de Justiça e
pelos Tribunais Superiores (STF e STJ). STF- (Art. 101 a 103 e STJ e art. 104 e 105
da CF).

Constituição Federal quanto ao Superior Tribunal Federal-STF.

Art. 101 - O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos


dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de setenta e cinco anos de
idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo
Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
Senado Federal.

Art. 102 - Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da


Constituição, cabendo-lhe:
I – processar e julgar, originariamente:
a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual
e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
36
Art. 103–A - O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por
provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após
reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a
partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública
direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como
proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
(EC nº 45/2004).

Constituição Federal quanto ao Superior Tribunal de Justiça - STJ

Art. 104 - O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e


três Ministros. Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de
Justiça serão nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros
com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável
saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela
maioria absoluta do Senado Federal, sendo: 37
Art. 105 - Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I – processar e julgar, originariamente:

a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito


Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores
dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os
membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito
Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais
Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou
Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da
União que oficiem perante tribunais;

38
II – julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do
Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do
Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
III – julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou
última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a
decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei
federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído
39
outro tribunal.
A.7) Controle das Concessões de Serviços Públicos do Estado pelas
Agências Reguladoras de Serviços de transportes aquaviários,
ferroviários, metroviários e rodoviários - AGETRANSP (Lei4555/2005) e
de energia e saneamento – AGENERSA (Lei nº 4556/2005), além do
DETRO – Lei nº 1.221/87 de 06/11/87– função anômala residual de
fiscalizar o transporte rodoviário intermunicipal:

I - Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias.


AGETRANSP - Lei nº 4555/2005.

EXTINGUE A AGÊNCIA REGULADORA DE SERVIÇOS PÚBLICOS


CONCEDIDOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - ASEP - RJ, CRIA A
AGÊNCIA REGULADORA DE SERVIÇOS PÚBLICOS CONCEDIDOS DE
TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS, FERROVIÁRIOS E METROVIÁRIOS E DE
RODOVIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - AGETRANSP E DÁ OUTRAS
PROVIDÊNCIAS. 40
Art. 1º - Fica extinta a Agência Reguladora de Serviços
Públicos Concedidos do Estado do Rio de Janeiro ASEP - RJ,
com personalidade jurídica de Direito Público e plena
autonomia administrativa, técnica e financeira, criada pela Lei
nº 2.686, de 13/02/1997, sendo criada, sem aumento de
despesa, a Agência Reguladora de Serviços Públicos
Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e
Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro -
AGETRANSP, autarquia especial, com plena autonomia
administrativa, técnica e financeira, cuja vinculação será
estabelecida em Decreto, que lhe fixará a estrutura
administrativa, atribuições e normas de funcionamento.

41
Art. 2º - A AGETRANSP tem por finalidade exercer o poder
regulatório, acompanhando, controlando e fiscalizando as
concessões e permissões de serviços públicos concedidos de
transporte aquaviário, ferroviário e metroviário e de rodovias
nos quais o Estado figure, por disposição legal ou pactual,
como o Poder Concedente ou Permitente, nos termos das
normas legais regulamentares e consensuais pertinentes.

§ 1º - Para os fins desta lei entende-se por serviço público,


concedido, permitido ou outorgado:

42
I - de transporte:

a) aquaviário: aquele destinado a passageiros, a cargas ou


veículos, consistente nas travessias das águas internas ou
costeiras, entre pontos de atracação previamente definidos e
organizados, e operado por embarcações de grande, médio
ou pequeno porte;

b) ferroviário: destinado a passageiros e prestado através da


utilização de linhas ferroviárias, e

c) metroviário: destinado a passageiros e prestado através da


utilização de linhas metroviárias.
43
II - de rodovias: a construção e operação de rodovias através de
concessão ou permissão.

§ 2º - Ficam excluídos das atividades finalísticas da AGETRANSP e dos


efeitos desta Lei os seguintes serviços públicos:
I - os previstos no Decreto-Lei nº 276, de 22 de julho de 1975, cuja
disciplina foi outorgada à autarquia criada pela Lei nº 1.221, de 06 de
novembro de 1987;

Art. 4º - Compete à AGETRANSP, no âmbito de suas atribuições e


responsabilidades, observadas as disposições legais e pactuais
pertinentes:
I - zelar pelo fiel cumprimento da legislação e dos contratos de
concessão ou permissão de serviços públicos relativos à esfera de suas
atribuições;
44
Art. 19 - A Taxa de Regulação de Serviços Concedidos e
Permitidos será recolhida diretamente pelo Concessionário
ou Permissionário de Transportes Aquaviário, Ferroviário ou
Metroviário e de Rodovias, aos cofres do Fundo de Regulação
de Serviços Concedidos e Permitidos do Estado do Rio de
Janeiro, criado pela presente Lei, cuja alíquota será 0,5%
(meio por cento) sobre o somatório das receitas das tarifas
auferidas mensalmente pelo Concessionário ou
Permissionário, nas atividades sujeitas à regulação da
AGETRANSP, nos termos do art. 2º desta Lei, excluídos os
tributos sobre elas incidentes.

45
II - Energia e Saneamento - AGENERSA – Lei nº 4556/2005.

CRIA, ESTRUTURA, DISPÕE SOBRE O FUNCIONAMENTO DA


AGÊNCIA REGULADORA DE ENERGIA E SANEAMENTO BÁSICO DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO - AGENERSA, E DÁ OUTRAS
PROVIDÊNCIAS

Art. 1º - Fica instituída, sob a forma de autarquia especial, a


Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do
Rio de Janeiro - AGENERSA, com personalidade jurídica de direito
público e plena autonomia administrativa, técnica e financeira, e
cuja vinculação será definida em decreto, que lhe fixará a
estrutura administrativa, atribuições e normas de funcionamento.

46
Art. 2º - A AGENERSA tem por finalidade exercer o poder
regulatório, acompanhando, controlando e fiscalizando as
concessões e permissões de serviços públicos concedidos:

I - na área de energia do Estado do Rio de Janeiro, nela


incluída a distribuição de gás canalizado e outras formas de
energia, nos quais o Estado figure por disposição legal ou
pactual, como Poder Concedente ou Permitente, nos termos
das normas legais regulamentares e consensuais pertinentes;

47
II - na área de serviços de esgoto sanitário e industrial e de
abastecimento de água e de coleta e disposição de resíduos
sólidos prestados pelas empresas outorgadas, concessionárias e
permissionárias, nas quais o Estado figure como Poder
Concedente ou Permitente, nos termos das normas legais,
regulamentares e consensuais pertinentes, e por serviços
autônomos dos municípios, estes, respeitados os limites de
autonomia municipal, mediante convênios

§ 1º - A AGENERSA poderá exercer funções, nas concessões e


permissões de serviços públicos de energia, por delegação,
quando o Poder Concedente for a União, mediante convênio
específico.

48
§ 2º - Para efeitos desta Lei, consideram-se compreendidos nos
serviços públicos de saneamento básico os sistemas de:

I - abastecimento de água, integrado pelo conjunto de obras,


instalações e equipamentos que têm por finalidade realizar as
etapas de captação, adução, tratamento, preservação e
distribuição de água;

II - esgotamento sanitário, integrado pelo conjunto de obras,


instalações e equipamentos que têm por finalidade realizar as
etapas de coleta, transporte, tratamento das águas residuárias ou
servidas e destinação final adequada dos resíduos do seu
tratamento.

49
Art. 4º - Compete à AGENERSA, no âmbito de suas atribuições e
responsabilidades, observadas as disposições legais e pactuais
pertinentes:

I - zelar pelo fiel cumprimento da legislação e dos contratos de concessão


ou permissão de serviços públicos relativos à esfera de suas atribuições;

Art. 19 - Taxa de Regulação de Serviços Concedidos e Permitidos será


recolhida diretamente pelo Concessionário ou Permissionário aos cofres do
Fundo de Regulação de Serviços Concedidos e Permitidos do Estado do Rio
de Janeiro, criado pela Lei de Criação da AGETRANSP, na área de energia
ou saneamento básico, cuja alíquota será 0,5% (meio por cento) sobre o
somatório das receitas das tarifas auferidas mensalmente pelo
Concessionário ou Permissionário, nas atividades sujeitas à regulação da
AGENERSA, nos termos do art. 2º desta Lei, excluídos os tributos sobre elas
incidentes.
50
III - A função anômala residual do DETRO de fiscalizar o
transporte rodoviário intermunicipal.

Lei nº 1.221, de 06 de novembro de 1987;

CRIA O DEPARTAMENTO DE TRANSPORTES RODOVIÁRIOS DO


ESTADO DO RIO DE JANEIRO - DETRO/RJ E DÁ OUTRAS
PROVIDÊNCIAS.

Art. 1º - Fica criado o Departamento de Transportes Rodoviários


do Estado do Rio de Janeiro - DETRO/RJ ... VETADO ... na forma de
autarquia, vinculado à Secretaria de Estado de Transportes, com
personalidade jurídica de direito público, patrimônio próprio e
autonomia administrativa e financeira.

51
Art. 2º - Ao DETRO/RJ compete:

I - Conceder, permitir, autorizar, planejar, coordenar e


administrar os serviços intermunicipais de transportes de
passageiros por ônibus em seus diferentes regimes, e
planejar e coordenar os serviços intermunicipais de carga;

52
AULA 04

PRESTAÇÃO DE CONTAS E
CONTROLE EXTERNO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PROFESSOR LUIZ PAULO CORRÊA DA ROCHA


Aula 04
A) Contabilidade Pública: Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária

A.1) CONCEITOS CONTABILIDADE PÚBLICA


A.1.1) Principais conceitos da Contabilidade Pública
A.1.2) Balanço Patrimonial
A.1.3) Balanço orçamentário
A.1.4) Balanço Financeiro
A.1.5) Demonstração das Variações Patrimoniais
A.1.6) Demonstração dos Fluxos de Caixa
A.1.7) Demonstração do Resultado Econômico
A.1.8) REGIMES CONTÁBEIS
A.2) DESPESA
A.2.1) Despesas exercício de 2021
A.2.2) Restos a Pagar
A.2.3) Regime De Adiantamentos – Suprimentos de Fundos
A) Contabilidade Pública
Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária

Existem diferente modalidades de fiscalização, sendo elas:

a) fiscalização contábil: que se faz através dos registros contábeis, dos


balanços, da escrituração sintética, da análise e interpretação dos
resultados econômicos e financeiros;
b) fiscalização financeira: visa controlar a arrecadação das receitas e
a realização das despesas;
c) fiscalização orçamentária: tem como objetivo mensurar o nível de
concretização das previsões constantes na lei orçamentária;
d) fiscalização operacional: visa o controle das operações de crédito e
de despesas que não constem da previsão orçamentária;
e) fiscalização patrimonial: objetiva o controle da situação e das
modificações dos bens móveis e imóveis que constituem o
patrimônio público.

De acordo com o art. 70 da Constituição Federal, a fiscalização é


composta por três elementos/ aspectos, quais sejam:

Legalidade – O cumprimento dos requisitos normativos para a


verificação do gasto público;
Legitimidade – Mede a eficiência do gasto público no atendimento
ao bem-estar da população;
Economicidade - é o respeito à melhor relação custo-benefício, em
que não implique no desperdício dos recursos do Estado.
A.1) CONCEITOS CONTABILIDADE PÚBLICA

A Contabilidade é a ciência, dotada de normas e


procedimentos, responsável por criar, desenvolver e manter
uma técnica de gestão ou um sistema de informações de
natureza monetária, que permite a classificação, o registro e a
demonstração da situação patrimonial de determinada
entidade, suas variações e seus resultados, possibilitando
interpretar e controlar os fenômenos econômicos e
financeiros que ocorrem.
A Contabilidade Pública é o ramo da Ciência Contábil que
aplica na Administração Pública as técnicas de registro dos
atos e fatos administrativos, apurando resultados e
elaborando relatórios periódicos, levando em conta as
normas de Direito Financeiro (Lei n. 4.320/64), os princípios
gerais de finanças públicas e os princípios de contabilidade.
Os objetivos da contabilidade pública se resumem em
captar; registrar; acumular; resumir e interpretar os
fenômenos que afetam as situações orçamentárias,
financeiras e patrimoniais das entidades de direito público
interno, ou seja, a União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.
A.1.1) Principais conceitos da Contabilidade Pública

A Demonstração contábil é a técnica contábil que evidencia,


em período determinado, as informações sobre os resultados
alcançados e os aspectos de natureza orçamentária,
econômica, financeira e física do patrimônio de entidades do
setor público e suas mutações. As demonstrações contábeis
das entidades definidas no campo da Contabilidade Aplicada
ao Setor Público são: a) Balanço Patrimonial; b) Balanço
Orçamentário; c) Balanço Financeiro; d) Demonstração das
Variações Patrimoniais; e) Demonstração dos Fluxos de Caixa;
f) Demonstração do Resultado Econômico
A.1.2) Balanço Patrimonial

É a demonstração do patrimônio público. Pode ser


estruturado da seguinte maneira: a) Ativo, que compreende
os direitos e os bens, tangíveis ou intangíveis, adquiridos,
formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelo
setor público, que represente um fluxo de benefícios,
presente ou futuro; b) Passivo, que compreende as
obrigações assumidas pelas entidades do setor público ou
mantidas na condição de fiel depositário, bem como as
contingências e as provisões; c) Patrimônio Líquido, que
representa a diferença entre o Ativo e o Passivo.
A.1.3) Balanço orçamentário

É a demonstração das receitas e as despesas orçamentárias,


por categoria econômica, confrontando o orçamento inicial e
suas alterações com a execução, de forma a evidenciar a
integração entre o planejamento e a execução orçamentária,
e deve discriminar as receitas por fonte e as despesas por
grupo de natureza, devendo ser acompanhado do anexo das
despesas por função e subfunção e, opcionalmente, por
programa.
A.1.4) Balanço Financeiro

É a demonstração da movimentação financeira das entidades


do setor público no período a que se refere, discriminando: a)
a receita orçamentária realizada por destinação de recurso; b)
a despesa orçamentária executada por destinação de recurso
e o montante não pago como parcela retificadora; c) os
recebimentos e os pagamentos extraorçamentários; d) as
transferências ativas e passivas decorrentes, ou não, da
execução orçamentária; e) o saldo inicial e o saldo final das
disponibilidades.
A.1.5) Demonstração das Variações Patrimoniais

Evidencia as variações quantitativas e qualitativas resultantes


e as independentes da execução orçamentária, bem como o
resultado patrimonial.

A.1.6) Demonstração dos Fluxos de Caixa

É evidenciação que permite aos usuários projetar cenários de


fluxos futuros de caixa e elaborar análise sobre eventuais
mudanças em torno da capacidade de manutenção do regular
financiamento dos serviços públicos.
A.1.7) Demonstração do Resultado Econômico

Evidenciação do resultado econômico de ações do setor


público, que deve ser elaborada considerando a sua
interligação com o sistema de custos e apresentar na forma
dedutiva, a seguinte estrutura: a) receita econômica dos
serviços prestados e dos bens ou dos produtos fornecidos; b)
custos e despesas identificados com a execução da ação
pública; c) resultado econômico apurado
A.1.8) REGIMES CONTÁBEIS

Regime contábil define-se como um sistema de escrituração


contábil. A escrituração contábil do exercício financeiro, no que se
relaciona com suas receitas e despesas, pode ser elaborada pelo
regime de gestão anual, conhecido também como regime caixa e
pelo regime de competência.
Regime de Caixa - O regime de caixa compreende todos os
recebimentos e pagamentos efetuados do exercício financeiro,
mesmo aqueles relativos a períodos contábeis anteriores;
Regime de Competência – Compreende as receitas e despesas
atribuídas aos exercícios de acordo com a data do fato gerador, e
não quando são recebidos ou pagos em dinheiro.
O exercício financeiro é o período de tempo durante o qual se
exercem todas as atividades administrativas e financeiras relativas
à execução do orçamento. No Brasil, o exercício financeiro
coincide com o ano civil, desse modo, o exercício financeiro e ano
financeiro possuem o mesmo significado.
É comum encontrarmos na doutrina contábil a interpretação,
do artigo 35 da Lei n. 4.320/64, de que na área pública o regime
contábil é um regime misto, ou seja, regime de competência para
a despesa e de caixa para a receita:
Art. 35 - Pertencem ao exercício financeiro:

I – as receitas nele arrecadadas;


II – as despesas nele legalmente empenhadas.
O artigo refere-se ao regime orçamentário e não ao regime contábil,
pois a contabilidade é tratada em título específico, no qual determina-se
que as variações patrimoniais devem ser evidenciadas, sejam elas
independentes ou resultantes da execução orçamentária. Com o
objetivo de evidenciar os fatos modificativos do patrimônio, deve haver
o registro da receita sob o enfoque patrimonial em função do fato
gerador, em obediência ao regime de competência.

- Sob o enfoque orçamentário – entende-se que o regime contábil é o


misto, pois a receita orçamentária é reconhecida pelo regime de caixa e
a despesa orçamentária é reconhecida pelo regime de competência;
- Sob o enfoque patrimonial – entende-se que a receita orçamentária e
a despesa orçamentária são reconhecidas pelo regime de competência.
A.2) DESPESA

A despesa orçamentária pública é o conjunto de dispêndios


realizados pelos entes públicos para o funcionamento e
manutenção dos serviços públicos prestados à sociedade. Os
dispêndios, assim como os ingressos, são tipificados em
orçamentários e extraorçamentários. Segundo o art. 35 da Lei nº
4.320/1964:

Pertencem ao exercício financeiro:

I - as receitas nele arrecadadas;


II - as despesas nele legalmente empenhadas.
Conforme definição da Lei nº 4.320/64 em seu art. 12, as
despesas correntes são classificadas como despesas de custeio e
transferências correntes, sendo assim, entende-se:
§ 1º Classificam-se como Despesas de Custeio as dotações
para manutenção de serviços anteriormente criados,
inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e
adaptação de bens imóveis.
§ 2º Classificam-se como Transferências Correntes as
dotações para despesas as quais não corresponda
contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para
contribuições e subvenções destinadas a atender à
manutenção de outras entidades de direito público ou
privado.
Enquanto as despesas de capital são classificadas como despesas
que contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem
de capital e de produtos para revenda; a concessão de empréstimos; e a
amortização de dívidas.

- Fiscalização da Despesa*

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em seus artigos 15,16 e 17,


estabelece que serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas
ao patrimônio público qualquer geração de despesa (art.15) que não
esteja acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro
nos três primeiros exercícios de sua vigência (art. 16, I, II), da sua
adequação orçamentária e financeira com a LOA, o PPA e a LDO (art.16,
§1º) e, no caso de despesa obrigatória de caráter continuado, de suas
medidas compensatórias (art.17, §1º).
A.2.1) Despesas exercício de 2021

Segue demonstrativo das despesas por categoria e grupo da despesa


referentes ao exercício de 2021 do Estado do Rio de Janeiro.

DESPESAS TOTAIS*
Em R$ milhões

3Q 2020 3Q 2021 Diferença ∆ Nominal ∆ Real


Despesas Correntes 58.385 68.935 10.550 18,1% 7,3%
Pessoal e Encargos Sociais 40.990 43.912 2.922 7,1% -2,7%
Juros e Encargos da Dívida 385 1.057 671 174,2% 149,1%
Outras Despesas Correntes 17.010 23.966 6.956 40,9% 28,0%
Despesas de Capital 1.511 2.847 1.336 88,4% 71,2%
Investimentos 964 1.917 953 98,8% 80,6%
Inversões Financeiras 96 332 235 244,8% 213,3%
Amortização da Dívida 451 599 148 32,8% 20,6%

Despesas Totais 59.897 71.782 11.886 19,8% 8,9%


Fonte: Relatório Resumido da Execução orçamentária
*Exclui Despesas Intra-orçamentárias
*Despesa Empenhada
A.2.2) RESTOS A PAGAR*

São Restos a Pagar todas as despesas regularmente


empenhadas, do exercício atual ou anterior, mas não pagas
até 31 de dezembro do exercício financeiro vigente.

Distingue-se dois tipos de restos a pagar: os processados


(despesas já liquidadas); e os não processados (despesas a
liquidar ou em liquidação).

A continuidade dos estágios de execução dessas despesas


ocorrerá no próximo exercício, devendo ser controlados em
contas de natureza de informação orçamentária específicas.
Nessas contas constarão as informações de inscrição, execução
(liquidação e pagamento) e cancelamento. Também, haverá
tratamento específico para o encerramento, transferência e
abertura de saldos entre o exercício financeiro que se encerra e
o que inicia.

No fim do exercício, as despesas orçamentárias empenhadas e


não pagas serão inscritas em restos a pagar.

A inscrição de restos a pagar deve observar as disponibilidades


financeiras e condições da legislação pertinente, de modo a
prevenir riscos e corrigir desvios capazes de afetar o equilíbrio
das contas públicas, conforme estabelecido na Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF).
A norma estabelece que, no encerramento do exercício, a parcela da
despesa orçamentária que se encontrar empenhada, mas ainda não
paga, poderá ser inscrita em restos a pagar.

Vale ressaltar que as obrigações de despesas contraídas, citadas no art.


42 da LRF, referem-se às obrigações presentes que, por força de lei ou
de outro instrumento, devem ser extintas até o final do exercício
financeiro de referência do demonstrativo. Caso as obrigações não
sejam cumpridas integralmente dentro do exercício, deve ser deixada
suficiente disponibilidade de caixa para o pagamento no exercício
seguinte.

Tais práticas corroboram para responsabilidade na gestão fiscal, que


pressupõe a ação planejada e transparente em que se previnem riscos e
se corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas.
Classificação dos Restos a Pagar:

1-Restos a Pagar Não Processados (RPNP)

Serão inscritas em restos a pagar não processados as despesas


não liquidadas, nas seguintes condições:

▪ O serviço ou material contratado tenha sido prestado ou


entregue e que se encontre, em 31 de dezembro de cada
exercício financeiro em fase de verificação do direito adquirido
pelo credor (despesa em liquidação); ou

▪ O prazo para cumprimento da obrigação assumida pelo credor


estiver vigente (despesa a liquidar).
As despesas empenhadas a liquidar são aquelas cujo prazo
para cumprimento da obrigação, assumida pelo credor
(contratado), encontra-se vigente, ou seja, ainda não ocorreu
o fato gerador da obrigação patrimonial para o ente, estando
pendente de entrega do material ou do serviço adquirido.

As despesas empenhadas em liquidação são aquelas em que


houve o adimplemento da obrigação pelo credor
(contratado), caracterizado pela entrega do material ou
prestação do serviço, estando na fase de verificação do direito
adquirido, ou seja, tem-se a ocorrência do fato gerador da
obrigação patrimonial, todavia, ainda não se deu a devida
liquidação.
2- Restos a Pagar Processados (RPP)

Serão inscritas em restos a pagar processados as despesas liquidadas e


não pagas no exercício financeiro, ou seja, aquelas em que o serviço, a
obra ou o material contratado tenha sido prestado ou entregue e aceito
pelo contratante, nos termos do art. 63 da Lei nº 4.320/1964.

No caso das despesas orçamentárias inscritas em restos a pagar


processados, verifica-se na execução o cumprimento dos estágios de
empenho e liquidação, restando pendente apenas o pagamento.

Neste caso, em geral, não podem ser cancelados, tendo em vista que o
fornecedor de bens ou serviços satisfez a obrigação de fazer e a
Administração conferiu essa obrigação. Portanto, não poderá deixar de
exercer a obrigação de pagar, salvo motivo previsto na legislação
pertinente.
3- DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES (DEA)

De acordo com o § 2º do Art. 22 do Decreto 93.872/86, considera-se Despesas


de Exercícios Anteriores, aquelas:

• Despesas que não tenham sido empenhadas em época própria – aquelas


cujo o empenho tenha sido considerado insubsistente e anulado no
encerramento do exercício correspondente, mas que, dentro do prazo
estabelecido o credor tenha cumprido sua obrigação;

• Restos a Pagar com prescrição interrompida – a despesa cuja inscrição em


Restos a Pagar tenha sido cancelada, mas em relação à qual ainda vige o
direito do credor;

• Compromisso reconhecido após o encerramento do exercício – a obrigação


de pagamento criada em virtude de lei, mas somente reconhecido o direito do
reclamante após o encerramento do exercício correspondente
A.2.3) Regime De Adiantamentos – Suprimentos de Fundos

O suprimento de fundos é caracterizado por ser um adiantamento de


valores a um servidor para futura prestação de contas. Esse adiantamento
constitui despesa orçamentária, ou seja, para conceder o recurso ao
suprido é necessário percorrer os três estágios da despesa orçamentária:
empenho, liquidação e pagamento.

Apesar disso, não representa uma despesa pelo enfoque patrimonial, pois,
no momento da concessão, não ocorre redução no patrimônio líquido. Na
liquidação da despesa orçamentária, ao mesmo tempo em que ocorre o
registro de um passivo, há também a incorporação de um ativo, que
representa o direito de receber um bem ou serviço, objeto do gasto a ser
efetuado pelo suprido, ou a devolução do numerário adiantado.
Em suma, suprimento de fundos consiste na entrega de numerário a
servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria, para o fim
de realizar despesas que não possam subordinar-se ao processo normal
de aplicação. Os artigos 68 e 69 da Lei nº 4.320/1964 definem e
estabelecem regras gerais de observância obrigatória para a União,
Estados, Distrito Federal e Municípios aplicáveis ao regime de
adiantamento.
Destacam-se algumas regras estabelecidas para esse regime.
O suprimento de fundos deve ser utilizado nos seguintes
casos:

- Para atender a despesas eventuais, inclusive em viagem e


com serviços especiais, que exijam pronto pagamento;
- Quando a despesa deva ser feita em caráter sigiloso,
conforme se classificar em regulamento; e
- Para atender a despesas de pequeno vulto, assim
entendidas aquelas cujo valor, em cada caso, não ultrapassar
limite estabelecido em ato normativo próprio.*
Não se concederá suprimento de fundos:
- A responsável por dois suprimentos;
- A servidor que tenha a seu cargo a guarda ou utilização do
material a adquirir, salvo quando não houver na repartição
outro servidor;
- O servidor declarado em alcance, ou seja, aquele que não
prestou contas no prazo regulamentar ou o que teve suas
contas recusadas ou impugnadas em virtude de desvio,
desfalque, falta ou má aplicação de dinheiro, bens ou valores;
AULA 05

PRESTAÇÃO DE CONTAS E
CONTROLE EXTERNO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PROFESSOR LUIZ PAULO CORRÊA DA ROCHA


Aula 05
A) Contabilidade Pública: Fiscalização Contábil, Financeira e
Orçamentária

A.3) RECEITA
A.3.1) Espécies de Receitas Orçamentárias
A.3.2) Fiscalização da Receita
A.4) BENS PATRIMONIAIS E BENS DE ALMOXARIFADO
A.5) SUBVENÇÕES
A.6) INCENTIVOS FISCAIS
A.7) A FUNÇÃO DO ORDENADOR DE DESPESA
A.8) TESOURARIA
A.9) TOMADA DE CONTAS
A) Contabilidade Pública: Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária

A.3) RECEITA
Representa a disponibilidade de recursos financeiros que ingressam durante o
exercício e que aumentam o saldo financeiro da instituição.

Instrumento por meio do qual se viabiliza a execução das políticas públicas, as


receitas orçamentárias são fontes de recursos utilizadas pelo Estado em
programas e ações cuja finalidade é atender às necessidades públicas e
demandas da sociedade.

O entendimento contido no Manual Técnico de Orçamento (MTO), determina


que a receita pública é a soma de ingressos, impostos, taxas, contribuições e
outras fontes de recursos, arrecadados para atender às despesas públicas.

A Lei nº 4.320/64, representa o marco fundamental da classificação da receita


pública orçamentária.
Os parágrafos do art. 11 da Lei nº 4.320/64 define as categorias
econômicas:
Art. 11. A receita classificar-se-á nas seguintes categorias
econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital.

§ 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições,


patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as
provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de
direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas
classificáveis em Despesas Correntes.
§ 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de
recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da
conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de
outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender
despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda,
o superávit do Orçamento Corrente.
A partir desta divisão entre receitas é possível identificar os recursos
destinados para as despesas correntes e de capital, possibilitando destacar o
Orçamento das Operações Correntes e o Orçamento das Operações de Capital.

(A) Receitas Correntes – Despesas Correntes = Orçamento das Operações


Correntes

(B) Receitas de Capital – Despesas de Capital = Orçamento das Operações


de Capital
A.3.1) Espécies de Receitas Orçamentárias

- Receitas Correntes
Receita Tributária – é composta por Impostos, Taxas e
Contribuições de Melhoria. É o resultado da cobrança de
tributos pagos pelos contribuintes em razão de suas
atividades, suas rendas, suas propriedades e dos benefícios
diretos e imediatos recebidos pelo Estado.
Imposto - são espécies tributárias cuja obrigação tem por fato
gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal
específica relativa ao contribuinte, o qual não recebe
contraprestação direta ou imediata pelo pagamento;

Taxa – corresponde à especialização do serviço público, em


proveito direto ou por ato do contribuinte;

Contribuição de Melhoria - é espécie de tributo na classificação da


receita orçamentária e tem como fato gerador valorização
imobiliária que decorra de obras públicas, contanto que haja nexo
causal entre a melhoria havida e a realização da obra pública.
Receita de Contribuições – Destinada a arrecadar receitas relativas a
contribuições sociais e econômicas, destinadas, geralmente, à manutenção
dos programas e serviços sociais e de interesse coletivo;
Receitas Patrimonial*, Agropecuária e Industrial – São origens que se
compõem de rendas provenientes, respectivamente, da utilização de bens
pertencentes ao Estado, como aluguéis, arrendamentos, foros, laudêmios,
juros, participações e dividendos; da produção vegetal, animal e de
derivados; e da indústria extrativa mineral, de transformação e de
construção.
Receitas de Serviços – Se originam da prestação de serviços comerciais,
financeiros, de transporte, de comunicação, de saúde, portuários,
armazenagem, processamento de dados e outros serviços;
Transferências Correntes – Transferências intergovernamentais, de
instituições privadas, do exterior, de pessoas, de convênios e para o
combate à fome;
Outras Receitas Correntes – Multas e juros de mora, indenizações e
restituições, da dívida ativa e outras receitas diversas.
- Receitas de Capital
Operações de Crédito – São origens oriundas da realização de recursos
financeiros advindos da constituição de dívidas, através de empréstimos
e financiamentos, que podem ser internas ou externas;
Alienações de Bens – São outra origem das receitas de capital, captadas
através da venda de bens patrimoniais móveis ou imóveis, e dizem
respeito às conversões de bens e valores em espécie, isto é, conversão
desses bens e valores em moeda corrente;
Amortização de Empréstimos – São origens das receitas de capital,
através das quais se recebem valores a empréstimos concedidos;
Transferências de Capital – São origens de recursos recebidos de outras
entidades de direito público ou privado, destinados a atender a
despesas classificáveis em Despesas de Capital;
Outras Receitas de Capital – Constitui-se como uma classificação
genérica não enquadrável nas origens anteriores.
- Receita Líquida

Receita corrente mais receita de capital excluídas as


remunerações de ativo disponível as operações de crédito,
as alienações de títulos mobiliários e as amortizações de
empréstimos menos despesas com transferências
intragovernamentais a municípios. Segundo a nomenclatura
contábil, é a disponibilidade financeira líquida menos
remuneração de ativo disponível, menos outras
transferências correntes a municípios.
- Receita Corrente Líquida (RCL): LRF, art. 2º, IV.

Somatório das receitas tributárias, de contribuições,


patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços,
transferências correntes e outras receitas também
correntes, deduzidos: nos Estados, as parcelas entregues
aos Municípios por determinação constitucional; na União,
nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores
para o custeio do seu sistema de previdência e assistência
social e as receitas provenientes da compensação financeira
citada no § 9º do art. 201 e Arts. 195, 201 e 239 da
Constituição Federal.
A.3.2) Fiscalização da Receita

A instituição, previsão e a efetiva arrecadação de todos os tributos é


ressaltada pelo texto da LRF como requisito essencial da
responsabilidade na gestão fiscal*. O descumprimento dessa norma
terá como consequência a imediata suspensão das transferências
voluntárias ao ente público que se mostrar negligente nessa questão.

Para a sua previsão, além de observar as normas técnicas e legais e a


respectiva metodologia de cálculo, as estimativas da receita devem
estar acompanhadas de demonstrativo da sua evolução, nos três
anos anteriores e nos dois seguintes àquele a que se referirem.
Permanece também o mandamento constitucional que somente
admite reestimativa de receita, pelo Poder Legislativo, nos casos de
erro ou omissão, de ordem técnica ou legal.*
RECEITAS*
Em R$ milhões

3Q 2020 3Q 2021 Diferença ∆ Nominal ∆ Real


Receitas Correntes 81.208 117.859 36.651 45,13% 31,87%
Receitas Tributárias 54.064 65.738 11.674 21,59% 10,48%
ICMS 38.693 47.018 8.325 21,52% 10,41%
IPVA 2.990 3.360 369 12,35% 2,08%
ITD 1.135 1.525 390 34,33% 22,05%
IRRF 4.062 4.799 737 18,14% 7,34%
Outras Receitas Tributárias 7.184 9.037 1.853 25,80% 14,30%
Receitas de Contribuições 2.846 3.248 402 14,13% 3,70%
Receita Patrimonial 12.447 37.920 25.473 204,65% 176,80%
Transferências Correntes 10.028 9.236 -792 -7,90% -16,32%
Demais Receitas Correntes 1.824 1.718 -106 -5,81% -14,42%
Receitas de Capital 182 152 (30) -16,66% -24,28%
(-) Deduções 18.917 32.307 13.390 70,78% 55,17%
Transferências aos Municípios 12.131 22.735 10.603 87,41% 70,28%
FUNDEB 6.786 9.572 2.786 41,06% 28,17%
Receita Líquida 62.473 85.704 23.231 37,19% 24,64%
Fonte: Relatório Resumido da Execução orçamentária

*Exclui Receitas Intra-orçamentárias


o Receitas ICMS: incremento de receita em função do Programa
Especial de Parcelamento de Créditos Tributários (PEP – ICMS); a
diminuição da base de comparação entre abril e junho de 2020, em
virtude do isolamento social para enfretamento da pandemia de
COVID-19; e aumento no ICMS com a valorização do Dólar e elevação
do preço internacional do petróleo;

o Receita Patrimonial: ingresso de R$ 17,4 bilhões com a concessão da


CEDAE ao longo de 2021.

o Transferências Correntes: apesar do acréscimo na receita referente


ao retorno do FUNDEB (+ R$ 1,2 bilhões) e das transferências com FPE
e IPI (+ R$ 727,1 milhões), houve queda nesta modalidade, haja vista
o recebimento de auxílio financeiro para enfrentamento a pandemia
da COVID-19 entre junho e agosto de 2020 (R$ 1,82 bilhões)
Receita líquida acumulada e variação frente a 2020

(Em R$ milhões)
Arrecadação do ICMS Realizada
(em R$ Milhões)
Receita Líquida estimada para o ano de 2023 (PLDO/2023) cotejada com a
estimação para o exercício de 2022 (LDO/2022)

Especificação 2022 2023 Variação em %

Receitas Correntes 84.698.122 120.663.113 42

IRRF 4.188.657 5.459.757 30

IPVA 2.861.795 3.221.059 13

ITD 1.213.215 1.757.765 45

ICMS 39.113.346 49.291.071 26

Receita de Contribuições 3.344.466 3.699.217 11

Receita Patrimonial 15.465.219 32.833.847 112

Royalties Petróleo 15.004.628 32.992.380 120

Transferências Correntes 7.699.546 10.181.053 32

Demais Receitas Correntes 1.784.189 2.005.634 12

Receitas de Capital 5.069.223 541.296 -89

Receita Bruta 89.767.345 121.204.409 35

Deduções da Receita -20.709.640 -27.846.972 34

Receita Líquida 69.057.704 93.357.437 35


A forte arrecadação nos meses de novembro e dezembro de 2020
se deve ao desconto em créditos tributários acumulados no setor
de Óleo e Gás de acordo com o Convênio SEFAZ 51/2020.

Referente a 2021, o aumento se deve aos pagamentos da dívida


ativa associados ao REFIS (R$ 1,7 bilhões), assim como o impacto
no ICMS com a valorização do dólar e elevação do preço
internacional do petróleo
Resultado orçamentário por UF em relação à RCL em 2021 (em %)

17%
15%

11% 11%
10% 10%
9% 8% 8%
7% 7% 6%
6% 6% 6% média 6%
5% 5% 5%
4%
3% 3%
1% 1% 1%
0%

-5%

-8%
RJ AP RR BA PB MT RO PR MS PI ES CE PE SE TO AM RS DF SP RN GO SC PA AC MG MA AL
A.4) BENS PATRIMONIAIS E BENS DE ALMOXARIFADO
Os bens patrimoniais (patrimônio) e bens de consumo
(almoxarifado) devem ser adequadamente guardados e
controlados para se evitar prejuízo ao erário.

Uma das atribuições mais importantes do setor de patrimônio


é a obrigatoriedade de realização de inventário anual de bens
patrimoniais (art. 70, parágrafo único da CF). Para
salvaguardar a responsabilidade de novos gestores ou
ordenadores de despesa, também é indicado que seja
realizado inventário quando houver mudança de chefia no
setor.
A realização periódica de inventário se consubstancia na principal ferramenta
de controle da gestão do patrimônio público conforme o art. 96 da Lei nº
4.320/64, o que difere da simples demonstração de saldos. Além disso,
considerando-se o princípio da segregação de funções, é necessário proceder
ao inventário de bens por meio de comissão constituída por membros que não
exerçam atividades no referido setor. (Acórdão TCU nº 1.886/2007-1ª Câmara)

Caso sejam encontradas divergências entre os registros do patrimônio (ou


almoxarifado), do estoque físico e os da contabilidade, deverão ser instaurados
processos administrativos para apurar divergências constatadas. (art. 70,
parágrafo único, e art. 74, II e §1º, da CF; arts. 75, II; 89, e 94 a 97 da Lei nº
4.320/64; e art. 130 da Lei nº 93.872/86)

A aplicação do controle patrimonial no Estado do Rio de Janeiro pode ser


fundamentada pelo decreto nº 46.223 de 24 de janeiro de 2018, que
regulamenta a gestão dos bens móveis, no âmbito do poder executivo do
Estado do Rio de Janeiro.
Alguns dos pontos tratados no Decreto 46.233/2018:
Art. 2º. Compete à Secretaria de Estado de Fazenda e Planejamento -
SEFAZ, como Órgão Central, propor políticas e diretrizes, planejar,
normatizar, e orientar as atividades de gestão de bens móveis, no âmbito
do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro.

Art. 3º. Os principais conceitos aplicáveis à gestão de bens móveis são:


I - bem móvel - São bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção
por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômica
e social, que em razão de seu uso corrente, não perde a sua identidade,
e/ou tem uma durabilidade superior a dois anos e não seja adquirido para
consumo imediato ou para distribuição gratuita;
II - bem móvel cultural - é o bem de interesse para a preservação da
memória e referencial coletivo, tais como: fotografias, livros, acervos,
mobiliário, utensílios, obras de arte, entre outros;
III - material de consumo - aquele que, em razão de seu uso
corrente e da definição da Lei nº 4.320/1964, perde normalmente
sua identidade física e/ou tem sua utilização limitada a dois anos;

São responsáveis pela gestão dos bens móveis:

I - titular da unidade gestora: é o responsável pela gestão dos bens


móveis e responderá perante aos Órgãos de Controle Interno e
Externo do Estado do Rio de Janeiro ou autoridade por ele
delegada;
II - gestor de bens móveis: é um servidor subordinado ao titular da
unidade gestora, na condição de corresponsável, a quem cabe
realizar a gestão dos bens móveis;
III - agente de bens móveis das unidades administrativas: é
um servidor subordinado ao gestor de bens móveis, a quem
cabe realizar a gestão dos bens móveis sob sua
responsabilidade;
IV - encarregados de bens móveis das subunidades: qualquer
servidor investido dessa função, cuja atribuição será a
responsabilidade pelos bens móveis colocados sob a sua
guarda;
V - usuário: qualquer servidor que utilize, efetivamente, o
bem móvel para o desempenho de suas atribuições e seja
responsável pela sua guarda e adequada utilização.
Em relação a elaboração de inventários:

Art. 49. O inventário é o instrumento periódico de controle que


tem por finalidade confirmar a existência física e a verificação dos
bens móveis em uso no órgão ou entidade, de forma a possibilitar:
I - confrontar a existência física com o saldo contábil registrado;
II - a listagem atualizada da carga patrimonial do órgão;
III - as condições físicas e funcionais dos bens móveis e
consequentemente a necessidade de manutenção, reparos ou
reposições.

Art. 50. A elaboração dos inventários é de exclusiva


responsabilidade de cada órgão ou entidade do Poder Executivo
Estadual.
Legislações que tratam da fiscalização e controle patrimonial. *
Lei Estadual nº 287/79:

Art. 164. Os bens móveis serão administrados pelas unidades


administrativas que os tenham adquirido ou em cuja posse se acharem.

Art. 174. Os elementos patrimoniais figurarão, em geral, pelos respectivos


valores de incorporação primitiva, sendo modificados posteriormente e
com vistas à utilização monetária, através de reavaliações, reajustamentos
de cotação e conversões.

Art. 176. A contabilidade pública do Estado será organizada de molde a


facultar:

I – o conhecimento e acompanhamento:

c) da composição patrimonial;
Decreto 43.463/12:

Art. 2°. O Sistema de Controle Interno do Poder Executivo tem as


seguintes finalidades:

V - salvaguardar o patrimônio público;

VI - gerar informações sobre a gestão pública, de modo a orientar


a tomada de decisões.

Art. 4º [...]

§ 1º. As práticas contábeis visam ao registro, à evidenciação, à


avaliação e ao controle das transações orçamentárias, financeiras
e patrimoniais na gestão do patrimônio público.
Art. 15. Compete à Contadoria Geral do Estado:

[...]

IV - instituir mecanismos, sistemas e métodos que possibilitem o


conhecimento da posição patrimonial, a determinação dos custos
dos serviços públicos, o levantamento dos balancetes mensais e
do balanço anual, a análise e interpretação dos resultados
econômico-financeiros;

Decreto nº 44.558/2013 – Regulamenta a gestão dos bens móveis


integrantes do Patrimônio Público do Poder Executivo do Estado
do Rio de Janeiro e dá outras providências.
Art. 14. Os bens móveis serão inventariados de acordo com a
classificação contábil e sua escrituração obedecerá às normas
expedidas pela Contadoria Geral do Estado do Rio de Janeiro.

Art. 16. A escrituração das movimentações dos bens móveis será


objeto de fiscalização no âmbito das Unidades e da Auditoria Geral
do Estado.

Art. 38. Caberá à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão e


à Secretaria de Estado de Fazenda, respeitadas as respectivas
competências, a adoção das medidas que se fizerem necessárias à
regulamentação, operacionalização e coordenação das atividades
necessárias para implantação e operacionalização das normas e
procedimentos decorrentes deste Decreto. *
Lei Complementar 101/00:

Art. 50. Além de obedecer às demais normas de


contabilidade pública, a escrituração das contas públicas
observará as seguintes:

[...]

§ 3º A Administração Pública manterá sistema de custos que


permita a avaliação e o acompanhamento da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial.
A.5) SUBVENÇÕES

Subvenção governamental é uma assistência governamental


geralmente na forma de contribuição de natureza pecuniária,
mas não só restrita a ela, concedida a uma entidade
normalmente em troca do cumprimento passado ou futuro
de certas condições relacionadas às atividades operacionais
da entidade.
Contudo, cabe ressaltar que a subvenção governamental
pode ser condicionada ao cumprimento de certos requisitos.
Isso quer dizer que existe a possibilidade de que o governo
ofereça os recursos em troca do cumprimento de certas
condições preestabelecidas.
Na legislação estadual, a Lei nº 287/79, trata do tema:
Art. 41. Só poderão receber auxílios ou subvenções do Estado
associações, agremiações e entidades de qualquer natureza,
regularmente organizadas e que mantenham, satisfatoriamente,
serviços que visem a um dos seguintes fins:
I – promover e desenvolver a cultura, inclusive física e desportiva, em
qualquer de suas modalidades ou graus;
II – promover amparo ao menor, ao adolescente, ao adulto desajustado
ou enfermo; *
III – promover a defesa da saúde coletiva ou a assistência médico-social
ou educacional;
IV – promover o civismo e a educação política;
V – promover a incrementação do turismo e de festejos populares, em
datas marcantes do calendário.
§ 1º - As entidades enumeradas neste artigo poderão receber
auxílio ou subvenção para prestação de serviço de assistência
social, entendimentos como tal a aquisição, construção ou reforma
de imóveis ocupados pelas entidades beneficiadas, aquisição de
equipamentos ou instalações, e gastos com a prestação de
serviços, inclusive pagamento de pessoal, sendo que, nesta última
hipótese, mediante prévia aprovação do Conselho Estadual de
Serviço Social.

§ 2º - O estabelecimento ou instituição beneficiada pelo Estado


prestará contas, ao órgão estadual competente, da correta
aplicação dada ao auxílio ou à subvenção recebida, não podendo
receber outro benefício antes do cumprimento dessa obrigação.
As subvenções podem ser categorizadas em ativos, a entidade
recebedora deverá de alguma forma construir ativos no longo prazo.
Sendo assim, podemos assinalar:

Subsídio: dentro dessa categoria podemos citar como exemplo os


créditos para financiamento. Outro benefício econômico é oferecer
empréstimo com taxa de juros abaixo do mercado.

Incentivos fiscais: tem o objetivo de subsidiar o investimento. Pode


tanto dispensar o recolhimento de tributo como também reduzir
alíquotas do ISS, ICMS, IR e outros

Doação: O governo pode oferecer ainda como auxílio à empresas, a


aquisição de terrenos, instalações e máquinas.
A.6) INCENTIVOS FISCAIS

Os incentivos fiscais tributários podem implicar desoneração ou renúncia


de receita quando aumentam o crédito ou reduzem o débito de ICMS de
uma empresa. Desse modo, na apuração do imposto a ser pago pela
empresa que usufrui de desoneração fiscal, o valor devido será menor do
que seria caso não houvesse o incentivo.

Tributários - São aqueles que reduzem a carga tributária, em sua maioria,


de empresas novas ou em expansão, não implicando necessariamente a
redução da arrecadação da cadeia produtiva e, nem mesmo, a redução de
arrecadação da própria empresa incentivada.

Financeiros - São aqueles que representam financiamento, sendo utilizados


para apoiar a implantação de empreendimentos, em sua maioria de grande
porte, não causando impacto negativo sobre o Tesouro estadual.
A Lei de Responsabilidade Fiscal, no Capítulo III - Da Receita Pública, Seção II - Da
Renúncia de Receita, trouxe no art. 14 um conceito para a renúncia, além de estipular
requisitos para os entes federados concederem incentivos fiscais:

Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da


qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto
orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois
seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma
das seguintes condições:
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de
receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de
resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado
no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas,
ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
§ 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão
de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de
cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros
benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.
- Modalidades de incentivo
Concessão de crédito presumido: Envolve a outorga de um crédito que
vai além do valor de ICMS efetivamente pago na operação anterior.
Trata-se de mecanismo aplicável apenas ao tributos não-cumulativos, ou
seja, sujeitos à sistemática de compensação de débito e crédito (ICMS,
IPI, PIS/COFINS).
Diferimento: Trata-se, a rigor, da postergação do pagamento do tributo.
Ou seja, transfere a obrigação de recolher o imposto para momento
futuro e, em certas ocasiões, de forma englobada com outras
incidências.
Isenção: Consiste na dispensa legal do pagamento de tributo,
impedindo o lançamento e, consequentemente, a constituição do
crédito tributário;
Prorrogação: A prorrogação de prazo de pagamento é uma espécie de
alteração do prazo de vencimento do tributo, que ocorre antes de
extinto o prazo original.
Redução de base de cálculo: Consiste na redução do montante
utilizado como base para a aplicação da alíquota, influenciando no
valor total devido.
Inexigibilidade de estorno: A não exigência da realização do
estorno do crédito tomado pelo sujeito na aquisição de serviço ou
mercadoria que ingresse em seu estabelecimento, quando este
último é beneficiário de algum tipo de incentivo.

*O controle do desempenho dos incentivos fiscais concedidos


está definido na Lei estadual nº 8.845/2019 – que dispõe sobre a
exigência de Metas fiscais Orçamentárias Anuais para a
avaliação dos programas de incentivos fiscais e financeiros no
âmbito do ERJ.
A.7) A FUNÇÃO DO ORDENADOR DE DESPESA

O Ordenador de despesa é toda e qualquer autoridade de


cujos atos resultarem emissão de empenho, autorização de
pagamento, suprimento ou dispêndio. (§ 1º do art. 80 do
Decreto-Lei nº 200/67).
Também pode ser caracterizado como a autoridade com
atribuições definidas em ato próprio, entre as quais as de
movimentar créditos orçamentários, empenhar despesa e
efetuar pagamentos.
Art. 80. Os órgãos de contabilidade inscreverão como
responsável todo ordenador de despesa, o qual só poderá ser
exonerado de sua responsabilidade após julgadas regulares
suas contas pelo Tribunal de Contas.
§ 1º Ordenador de despesas é toda e qualquer autoridade de
cujos atos resultarem emissão de empenho, autorização de
pagamento, suprimento ou dispêndio de recurso da União ou
pela qual esta responda.
§ 2º O ordenador de despesas, salvo conivência, não é
responsável por prejuízos causados à Fazenda Nacional
decorrentes de atos praticados por agente subordinado que
exorbitar das ordens recebidas. *
Conforme o artigo 64 da Lei nº 4.320/64, o ordenador de despesas
é a autoridade competente que determina o pagamento da
despesa empenhada, tendo um papel de grande relevância na
aplicação dos recursos públicos.
O ordenador de despesas deve demonstrar a regularidade de seus
atos, pois é o responsável pela aplicação orçamentária.
(Constituição Federal, art. 70, parágrafo único)
A Lei Complementar nº 101/2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal
trata das responsabilidades do Ordenador nos artigos 15 a 17.
Segundo a norma, é irregular e lesivo o aumento de despesa sem
declaração do ordenador de que existe dotação específica e
suficiente na Lei Orçamentária Anual e de que o aumento está
previsto dentro dos objetivos, prioridades e metas do PPA e LDO.
A Lei nº 8.429/1992, modificada em profundidade pela Lei nº
14.230/21 – Lei de Improbidade Administrativa também
aborda algumas das responsabilidades afetas ao Ordenador
de Despesas:
Art. 4. Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia
são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no
trato dos assuntos que lhe são afetos.
Art. 5. Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou
omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiros, dar-
se-á o integral ressarcimento do dano.
*Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que
causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa, que
enseje efetiva e comprovadamente, perda patrimonial,
desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens
ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei. (N.R)

Antiga redação- Art. 10. Constitui ato de improbidade


administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou
omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial,
desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens
ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei.
Inicialmente o ordenador de despesas deve entender que a despesa
pública deve obedecer a determinados critérios e etapas previstas nas
normas de direito financeiro. Em geral a execução da despesa deve
seguir as seguintes fases:
Verificação da existência de dotação orçamentária para realização da
despesa:
- Antes de iniciar o processo de realização da despesa o ordenador deve
se certificar que a Lei Orçamentária Anual consigna saldo nas dotações
orçamentárias suficientes para realizar a despesa.
Licitação:
- A licitação da despesa é um conjunto de procedimentos que deve ser
realizado no âmbito da administração pública para a escolha de
produtos e serviços fornecidos por particulares que ofereçam a
proposta mais vantajosa para a administração pública.
Contrato Administrativo:

- A Lei nº 8.666/93 e suas atualizações, estabelece normas gerais sobre


licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de
publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Empenho da Despesa:

- Primeiro estágio da despesa e precede sua realização; Garantia de


pagamento.

Liquidação da Despesa:

- Segundo estágio da despesa; Verificação do direito adquirido pelo credor.

Pagamento da Despesa:
- Ordem de pagamento emitida após a liquidação; despesa se encerra com o
pagamento propriamente dito.
- Prestação de Contas do Ordenador de Despesas

O controle externo, a cargo do Poder Legislativo é exercido com o


auxílio dos Tribunal de Contas e segundo a nossa Constituição
Federal, compete a este órgão julgar as contas dos
administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e
valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as
fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público,
e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra
irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público.

O ordenador de despesas deve encaminhar as suas contas de


gestão para o Tribunal de Contas Competente, o qual fará o
julgamento da prestação de contas.*
A.8) TESOURARIA
A Tesouraria compõe um dos instrumentos de controle,
organização e planejamento da administração pública. Todos dos
dados necessários para as mais variadas tomadas de decisões dos
administradores, dependerão da exatidão dos trabalhos
executados dentro da Tesouraria – registros – lançamentos –
pagamentos – apropriação correta das fontes de recursos.
Diariamente, o Tesoureiro de um órgão público realiza o
gerenciamento de entradas e saídas financeiras da entidade.

Analisa todos os valores disponíveis à administração para a


aquisição de novos ativos e a redução de seus passivos. Cabe a
este profissional a execução desta gestão financeira e a partir dela
tomar as decisões estratégicas necessárias.
Cabe ao tesoureiro do a execução da gestão do caixa, onde
entrará todo o planejamento e controle das contas a pagar
observando suas fontes de recurso. A gestão do caixa está
intimamente relacionada com o modo pelo qual a entidades
efetua o gerenciamento de entrada e de saída de seus
recursos, constituindo-se, assim, em um importante
instrumento de apoio à tomada de decisões, especialmente
em relação à disponibilidade para pagamentos.
Em termos financeiros, "caixa" são todos os valores
monetários e outras fontes imediatamente disponíveis à
administração da entidade para a aquisição de novos ativos e
a redução de seus passivos.
A Lei 4320/64 consagra o princípio da unidade de tesouraria:
Art. 56. O recolhimento de todas as receitas far-se-á em
estrita observância ao princípio de unidade de tesouraria,
vedada qualquer fragmentação para criação de caixas
especiais.
Assim, todas as receitas devem ser recolhidas em uma conta
única com o objetivo de confrontar os totais e apurar o
resultado deficitário, superavitário ou nulo
É responsabilidade da tesouraria, fazer o estudo do
comportamento da receita, verificando as entradas efetuadas
no exercício anterior, como a atual realização.
Verificando o comportamento negativo por dois meses
seguidos, deve-se informar o Secretário para que seja
efetuada a redução das cotas mensais disponível para as
demais secretarias. Esta situação está prevista na Lei 4.320/64
em observância com a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Art. 75. O recolhimento de todas as receitas far-se-á em
estrita observância ao princípio de unidade de tesouraria,
vedada qualquer fragmentação para criação de caixas
especiais.
Art. 76 . O sistema de unidade de tesouraria engloba todas as
receitas orçamentárias e extraorçamentárias e as
provenientes de operações de crédito legalmente
autorizadas.
A.9) TOMADA DE CONTAS

De acordo com a definição do TCU (2012), o conceito de


prestação de contas consiste essencialmente na obrigação de
que alguém, pessoa física ou jurídica, justifique o adequado
uso de determinada quantia ou mesmo de determinado
objeto, instrumento ou ato, não se restringindo apenas a
valores financeiros.
A Constituição Federal de 1988 (arts. 34 a 36) considera a prestação de
contas um princípio constitucional sensível. Assim, caso seja
desrespeitado, é permitido à União intervir nos Estados. Do mesmo
modo, os Estados podem intervir nos seus respectivos Municípios, a fim
de restabelecer a normalidade da prestação de contas. Ademais, a
Constituição Federal de 1988, em seu art. 70, prevê que “prestará
contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que
utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens,
valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome
desta, assuma obrigações de natureza pecuniária”.
No Estado do Rio de Janeiro, conforme Deliberação nº 279 de 24 de
agosto de 2017, do TCE-RJ, dispõe sobre a instauração e a organização
de procedimentos de tomadas de contas no âmbito da administração
pública, direta e indireta, estadual e municipal, e disciplina seu
encaminhamento ao Tribunal de Contas. Consoante seu art. 2º, as
tomadas de contas serão por: *
I - omissão no dever de prestar contas ou a não comprovação
da correta aplicação de recursos transferidos, a qualquer
título, pela administração pública a terceiros;
II – ocorrência de desfalque, extravio, perda, subtração ou
deterioração culposa ou dolosa de valores e bens públicos;
III - prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico
de que resulte ou possa resultar em dano ao erário;
IV - concessão de quaisquer benefícios fiscais ou de renúncia
de receitas de que resulte ou possa resultar em dano ao
erário.
Parágrafo único. Consideram-se responsáveis pessoas físicas
ou jurídicas às quais possa ser imputada a obrigação de
ressarcir o erário.
Portanto, compete ao Tribunal de Contas julgar as contas
daqueles que derem causa à perda, extravio ou outra
irregularidade com dano ao erário, nos termos da
Constituição Federal, art. 71, inciso II; da Constituição
Estadual, art. 123, inciso II c/c o art. 125, inciso III e da Lei
Complementar Estadual nº 63, de 1990, artigos 1º, inciso I, 10
e 11; *

- As pessoas sujeitas à prestação ou tomada de contas,


somente por decisão do Tribunal de Contas, podem ser
liberadas desta responsabilidade, conforme art. 7º da Lei
Complementar Estadual nº 63, de 1990;
- É dever do administrador público adotar medidas imediatas, com vista
ao ressarcimento de danos ao erário, independentemente da atuação
do Tribunal de Contas;
- O Tribunal de Contas, na condição de órgão julgador dos processos em
que se apura a ocorrência de danos ao erário, somente deve ser
acionado após a autoridade administrativa competente ter adotado,
sem sucesso, as medidas administrativas necessárias à caracterização ou
à elisão do dano;
- Os processos de ressarcimento de danos ao erário devem pautar-se
pelos princípios da racionalidade administrativa, do devido processo
legal, da economia processual, da celeridade, da ampla defesa e do
contraditório;
AULA 06

PRESTAÇÃO DE CONTAS E
CONTROLE EXTERNO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PROFESSOR LUIZ PAULO CORRÊA DA ROCHA


Aula 06
A) Administração Pública e Gestão Financeira

A.1) GESTÃO FINANCEIRA


A.2) COMPETÊNCIAS E JURISDIÇÃO
A.3) SOCIEDADE E ESTADO
A.4) PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A.5) EFICIÊNCIA E EFICÁCIA
A.6) ERÁRIO
A.7) ÉTICA NA REPÚBLICA E TRANSPARÊNCIA
A.8) CONTROLE – PESOS E CONTRAPESOS
Administração Pública e Gestão Financeira

A.1) GESTÃO FINANCEIRA

O Estado moderno para cumprir o seu objetivo primordial, o bem


comum, desenvolve várias atividades e deve ser possuidor de
meios financeiros que possibilitem desempenhar de forma
adequada o seu papel.
A atividade financeira do Estado se realiza a partir da obtenção da
receita pública, execução da despesa pública e gestão do
orçamento público (elaboração, aprovação e controle). As finanças
da Administração Pública são regidas por regras orçamentárias
visando maior controle e transparência, tanto na arrecadação
quanto na aplicação dos recursos públicos.
A administração financeira dos órgãos públicos baseia-se na Lei Federal nº
4.320/1964, que estatui normas gerais de direito financeiro, controle dos
orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito
Federal, na Lei Estadual nº 287/79 que cria o Código de Administração
Financeira e Contabilidade Pública do ERJ e na Lei Complementar n.
101/2000, denominada Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF, que estabelece
normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão
fiscal. Faz parte ainda do conjunto normativo de orçamento público, o Plano
Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei
Orçamentária Anual (LOA), cujo conteúdo geral está estipulado na
Constituição Federal.
A gestão financeira, em termos gerais, envolve o controle e a operação do
ciclo (orçamento - contabilidade - auditoria), inserida em um ciclo maior de
gestão e políticas públicas - reparação e planejamento, tomada de decisão,
implementação, controle, avaliação e monitoramento. A gestão
orçamentária envolve (i) o processo de estabelecimento das metas
orçamentárias; (ii) o processo de elaboração e uso de orçamentos; e, (iii) o
controle orçamentário.
A.2) COMPETÊNCIAS E JURISDIÇÃO

Lei nº 4.320 de 17 de março de 1964


Estatui normas gerais de Direito Financeiro para elaboração e
controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal, de acordo com o disposto no art. 5º,
inciso XV, letra b, da Constituição Federal de 1988.
Tem como objetivo estimular o planejamento, o controle, a
transparência nas informações contábeis orçamentárias, financeiras e
patrimoniais sobre as operações realizadas pelas entidades
governamentais e sobre a responsabilidade dos seus agentes.
Essa legislação permitiu organização ao Poder Executivo em relação
ao fiel cumprimento do equilíbrio entre receitas e despesas,
permitindo assim, a prevenção contra possíveis oscilações que
possam ocorrer no exercício financeiro.
Para tanto, os arts. 47 e 48 da mencionada lei instituíram cotas
trimestrais de utilização para realizar suas despesas, bem como os
objetivos a serem atingidos, conforme transcrito a seguir:
Art. 47. Imediatamente após a promulgação da Lei de Orçamento e com
base nos limites nela fixados, o Poder Executivo aprovará um quadro de
cotas trimestrais da despesa que cada unidade orçamentária fica
autorizada a utilizar.
Art. 48. A fixação das cotas a que se refere o artigo anterior atenderá
aos seguintes objetivos: a) assegurar às unidades orçamentárias, em
tempo útil, a soma de recursos necessários e suficientes à melhor
execução do seu programa anual de trabalho; b) manter, durante o
exercício, na medida do possível, o equilíbrio entre a receita arrecadada
e a despesa realizada, de modo a reduzir ao mínimo eventuais
insuficiências de tesouraria.
Constituição Federal de 1988

A Constituição Federal de 1988 traz alterações para as normas de


finanças públicas e orçamento. Introduzindo em seus artigos 165 e
169 instrumentos de planejamento e regras para aprovação do
orçamento.
Conforme estabelece o art. 174 c/c o art. 165, § 4º, ambos da
CF/88, o Estado Orçamentário brasileiro baseia-se no
planejamento. Será através da arrecadação de receitas e da
realização de despesas, anualmente estimados no orçamento, que
o Estado cumprirá sua função de atender os anseios da sociedade.
Ademais, o plano (expressão do planejamento) deverá ser
precedido de uma decisão política.
Dois aspectos fundamentais do orçamento após a Constituição de
1988: o político e o econômico. O aspecto político consiste na
representação do orçamento como principal instrumento de
intervenção estatal. Através dele serão escolhidos os diversos tipos
de gastos a fazer e/ou investimentos a implementar de acordo
com as necessidades públicas. Dessa forma, o orçamento
determinará essencialmente de que forma funcionará o aparato
estatal para a solução de problemas e em proveito de qual grupo
social e região.
O aspecto econômico está relacionado ao papel assumido pelo
orçamento de compatibilizar as necessidades da coletividade com
as receitas estimadas e efetivamente ingressadas no Tesouro a fim
de otimizar os recursos financeiros do Estado.
A Constituição Federal de 1988 institui um novo modelo de
planejamento orçamentário composto por três instrumentos:
Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
e Lei Orçamentária Anual (LOA). A partir destas novas
diretrizes, o processo de planejamento passa a ter maior
relevância, as administrações obrigam-se a elaborar planos de
médio prazo e estes mantêm vinculo estreitos com os
orçamentos anuais.
Os três instrumentos de planejamento são formalizados e
materializados por leis ordinárias. A iniciativa dessas leis é
sempre do chefe do Poder Executivo, conforme consta na
CF/1988:
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I – o plano
plurianual; II – as diretrizes orçamentárias; III – os orçamentos anuais.
A Constituição Federal também trata do
planejamento ao dispor sobre a ordem econômica e
financeira. O seu art. 174 estabelece que a função de
planejamento deve ser exercida pelo Estado, como
agente normativo e regulador da atividade
econômica, cabendo à lei estabelecer as diretrizes e
bases do planejamento do desenvolvimento nacional
equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os
planos nacionais e regionais de desenvolvimento.
Lei de Responsabilidade Fiscal – Lei Complementar nº 101/2000
A Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal)
preleciona que a ação planejada é pressuposta da
responsabilidade na gestão fiscal.
A Lei de Responsabilidade Fiscal, veio para estabelecer normas de
finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal
(Art. 1). É o principal instrumento regulador das contas públicas,
determinando metas e limites para gerência das Receitas e das
Despesas, obrigando assim os administradores assumirem
compromissos com a arrecadação e gastos públicos. Neste
contexto, a referida Lei institui a necessidade de ações planejadas
e gestão compartilhada, exigindo disciplina e transparência do
gestor público.
Art. 1º.

§ 1º. A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação


planejada e transparente, em que se previnem riscos e
corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas
públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados
entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições
no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com
pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e
mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de
receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.
Constituição Estadual do Rio de Janeiro
A Constituição Estadual é a lei maior que dirige a Unidade Federativa,
organizando o estado, e deve ser condizente com a Constituição Federal
e os limites estabelecidos por ela. Esse alinhamento com a lei federal é
dado pelo principio da simetria constitucional, o qual garante que os
estados sigam a Carta Magna do país, mesmo tendo o direito a
autonomia. O direito da autonomia garante a capacidade dos estados de
auto-organização, autolegislação, autogoverno e autoadministração.
Art. 207. Lei complementar disporá sobre finanças públicas, observados
os princípios estabelecidos na Constituição da República e em lei
complementar federal.
Em consonância com o realizado na esfera federal, a Constituição
Estadual também garante em seu artigo 209, que ocorram a elaboração
das leis de planejamento orçamentário, sejam elas: PPA, LDO E LOA e
todas as normas pertinentes para elaboração e execução deste
planejamento.
A lei também estabelece os princípios gerais da atividade econômica
Art. 214. O Estado e os Municípios, observados os preceitos
estabelecidos na Constituição da República, atuarão no sentido da
realização do desenvolvimento econômico e da justiça social,
prestigiando o primado do trabalho e das atividades produtivas e
distributivas da riqueza, com a finalidade de assegurar a elevação do
nível e qualidade de vida e o bem-estar da população.
Art. 215. Como agentes normativos e reguladores da atividade
econômica, o Estado e os Municípios exercerão, na forma da lei, as
funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este
determinante para o setor público e indicativo para o setor privado, cuja
iniciativa é livre desde que não contrarie o interesse público.
§1º A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do
desenvolvimento equilibrado, consideradas as características e as
necessidades dos Municípios, e das regiões do Estado, bem como a sua
integração.
§2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de
associativismo.
§3º A pessoa jurídica em débito com o fisco, com obrigações
trabalhistas ou com o sistema da seguridade social não poderá contratar
com o poder público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais
ou creditícios.

Cabe realçar que o PPA deveria se assentar sobre um Plano estratégico


(quinquenal ou decenal) de Desenvolvimento Econômico e Social que
teria como um dos instrumentos técnicos importantes “Matriz –
Insumo Produto” associada a um robusto banco de dados, em processo
constante de atualização, para executar as simulações e projeções
necessárias da nossa economia e de nossas políticas públicas, inclusive
e, principalmente, de incentivos fiscais e financeiros. Além da
participação dos diversos atores representativos da Sociedade.
Transparência e participação popular.
Lei nº 287, de 04 de dezembro de 1979

A lei nº 287/79 estabelece normas e princípios para ordenar,


disciplinar e fiscalizar a Administração Financeira e a Contabilidade
Pública do Estado do Rio de Janeiro.
Art. 2º - Na execução do presente Código objetivar-se-ão, sempre,
a padronização e a uniformidade dos critérios administrativos,
técnicos e jurídicos pertinentes à Administração Financeira e à
Contabilidade Pública do Estado.

Art. 3º - As normas e princípios deste Código, para os efeitos da


Administração Financeira, consubstanciam as normas gerais de
Direito Financeiro, estabelecidas pela União, e as especiais,
supletivas e complementares, referentes ao Estado do Rio de
Janeiro.
A lei 287/79 trata dos seguintes pontos:

do exercício financeiro; da proposta e da elaboração


orçamentária; da lei de orçamento; da execução
orçamentária; da receita e da despesa extraorçamentária; da
dívida pública; do patrimônio do estado; da contabilidade; da
fiscalização e do controle da execução orçamentária e da
administração financeira; das licitações e dos contratos
administrativos; da administração indireta; dos serviços
industriais e comerciais; das responsabilidades, das infrações
e das multas e penalidades.
Demais legislações pertinentes

Código de Administração Financeira e Contabilidade Pública


Lei 3.506/00 - Altera dispositivos da Lei nº 287/79

Decreto-Lei 298/76 - Normas para levantamento e certificação das


Tomadas de Contas de Adm. Direta e Indireta

Decreto 3.147/80 - Concessão, Aplicação e Comprovação de


Adiantamentos

Decreto 3.148/80 – Regulamentação do Capítulo II do Título X da Lei


nº287/79. (Revogado pelo Decreto n° 43.463/2012)

Decreto 42.063/09 – Regulamenta o tratamento favorecido, simplificado


e diferenciado para as microempresas e empresas de pequeno porte
nas contratações públicas, no âmbito do poder executivo, e dá outras
providências
A.3) SOCIEDADE E ESTADO

Sociedade pode ser definido como um conjunto de pessoas que


vive em certa faixa de tempo e de espaço, segundo normas
comuns e que são unidas pelas necessidades de grupo;
O Estado nasce da necessidade de se estabelecer um acordo entre
os indivíduos que vivem em comunidade, com o objetivo de
diminuir os conflitos existentes. Por assim, compreende-se que o
Estado seja uma instituição cujo objetivo seja organizar a vontade
do povo politicamente constituído, dentro de um território
definido, tendo como uma de suas características o exercício do
poder coercitivo sobre os membros da sociedade.
Portanto, o Estado se constitui como uma organização
político-jurídica da coletividade, objetivando o bem
comum.
São elementos do Estado:
Poder Político Soberano: expressa-se como ordenamento jurídico
impositivo (o conjunto das normas e leis que regulam o convívio
social);
Povo: é o conjunto de cidadãos que instituem e ao mesmo tempo se
subordinam ao poder soberano, possuindo direitos iguais perante a
lei;
Território: inclui o espaço terrestre, aéreo e aquático e é outro
importante elemento do Estado. Mesmo o território desabitado –
onde não há interações sociais – é parte do Estado, que sobre ele
exerce poder soberano, controlando seus recursos. Ainda que haja
sociedade ou até mesmo nação, quando não há território controlado
pelo poder soberano, não há Estado;
Governo: corresponde ao núcleo decisório do Estado, encarregado
da gestão da coisa pública.
Segue no art. 1º da Constituição Federal, os fundamentos da
República Federativa do Brasil:
Art. 1.º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.
Onde:

- Soberania representa a insubordinação do Estado brasileiro a outro


Estado;
- Cidadania garante a legitimidade a organização política da sociedade,
buscando-se a participação popular nas decisões políticas do Estado seja
crescente, o que é garantido ao longo do texto constitucional por meio
do voto, da iniciativa popular das leis e de outros instrumentos;
- Dignidade da pessoa humana representa a base de todos os direitos
fundamentais;
- Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa representam um Estado
capitalista e que o trabalho é um valor de nossa sociedade; e
- Pluralismo político garante a inclusão dos diferentes grupos sociais no
processo político nacional.
A democracia não é apenas uma forma de organização
governamental. É a forma organizacional do Estado, em que a
participação do cidadão é fundamental, numa relação cotidiana
entre pessoas. O Estado Democrático, segue o princípio da
soberania popular, pelo qual o povo é titular do poder
constituinte, é o ente que legitima todo o poder político.
Configura-se, assim, a exigência que todas e cada uma das
pessoas participem de forma ativa na vida política.
Segundo o art. 1.º da CF 88, constitui-se em uma República
Federativa, cujo fundamento básico estabelece que todo poder
emana do povo e, por consequência, o Estado deve atender as
necessidades e demandas sociais. O art. 3º da CF estabelece os
objetivos fundamentais da República brasileira, a saber:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
No entanto, as funções do Estado brasileiro não se limitam às
estabelecidas no art. 3º. As funções clássicas do Estado foram
ampliadas para abarcar a necessidade de proteção dos
direitos sociais, além de se estabelecer o Estado como
regulador das relações econômicas.
Para atingir os seus fins, a garantia da ordem e do bem-estar
social, o Estado precisa de recursos financeiros para implementar
políticas públicas essenciais ao povo, os quais demandam correta e
adequada aplicação, sob pena de se verem frustrados os próprios
objetivos estatais. Para tanto, a atividade financeira do Estado
desenvolve-se com base no instrumento fundamental do
orçamento público.
A atividade financeira do Estado destina-se à obtenção e ao
emprego dos materiais e de serviços para a realização das
necessidades da coletividade, de interesse geral, atendidas por
meio do serviço público, ou seja, o Estado intervém para atender a
população. Para atender esse objetivo, o Estado precisa de
recursos financeiros que são obtidos por meio de algumas fontes,
por exemplo, tributos, transferências, empréstimos etc.
Considerando essa necessidade intervencionista do Estado, é
importante conhecer as funções econômicas que dela
derivam e, normalmente, acontecem simultaneamente.

Função Alocativa de Recursos - Tem por objetivo principal a


provisão de determinados bens e serviços que não são
supridos pelo sistema de mercado. São os bens públicos, para
cuja oferta o sistema de mercado é ineficiente diante da
inviabilidade econômica de produzi-los. No entanto, são
demandados pela sociedade. Para solucionar esse impasse, a
alocação de recursos para produzir bens públicos deverá ser
efetuada pelo governo.
Função Distributiva da Renda e Riqueza - Essa função está
diretamente associada a uma série de fatores que contribuem para
que haja uma distribuição de renda desigual. Dessa maneira, o
governo tem como objetivo utilizar-se de mecanismos que ajustem a
distribuição de renda e riqueza de maneira menos perversa, menos
desigual. Os instrumentos utilizados para promover esses
ajustamentos são, em geral, a tributação e as transferências.
Função Estabilizadora da Economia - Tem por finalidade utilizar-se
do instrumental macroeconômico para manter o nível desejável de
atividade econômica. São instrumentos que visam dar estabilidade à
moeda, equilíbrio nas contas externas, nível adequado de emprego,
estabilidade de preços. A atuação do governo nesse caso visa
controlar tais aspectos para que não se tornem problemas
econômicos.
A.4) PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Para que o profissionalismo seja garantido por parte dos servidores


públicos e os serviços prestados atendam aos interesses da sociedade, a
legislação brasileira na Constituição Federal de 1988 determina em seu
artigo 37, que a administração pública direta, indireta ou fundacional,
de qualquer dos Poderes do Estado e dos Municípios, obedecerá aos
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade.

Legalidade - O princípio da legalidade trata-se da valorização da


lei acima dos interesses privados, ou seja, pessoais. Nesse sentido, a
administração pública só pode ser exercida se estiver de acordo com as
leis, fazendo com que a atuação do Executivo concretize somente a
vontade geral dos cidadãos e cidadãs. A ideia é valorizar a cidadania e o
interesse coletivo.
Impessoalidade - O princípio da impessoalidade busca traduzir a noção
de que a administração pública deve tratar todos os cidadãos e
cidadãs sem discriminações. Divergências ou convergências
políticas/ideológicas, simpatias ou desavenças pessoais não podem
interferir na atuação e tratamento por parte dos servidores públicos.
Nesse sentido, o próprio texto legislativo assegura que o ingresso em
cargos e funções administrativas depende primordialmente de
concursos públicos, a fim de assegurar a impessoalidade e a igualdade
por parte dos concorrentes.

Moralidade – O princípio da moralidade obriga os agentes públicos a


atuarem em conformidade com os princípios éticos. Todo
comportamento que vise confundir e/ou prejudicar o exercício dos
direitos por parte da sociedade será penalizado pelo descumprimento
do princípio em questão.
Publicidade - O princípio da publicidade garante
a transparência na administração pública. Não deve ocorrer
qualquer tipo de ocultamento de informações por parte do
poder público. É dever de todos os órgãos e instituições
públicas disponibilizarem dados e informações a fim de
honrar a prestação de contas para a sociedade. O sigilo é
exceção para casos de segurança nacional ou outros motivos
previstos em lei.
Nesse sentido, a Lei nº 12.527 de 2011 – a Lei de Acesso à
Informação – vem para contemplar e regulamentar o direito
de acesso à informação por parte de todos os cidadãos e
cidadãs.
A.5) EFICIÊNCIA E EFICÁCIA

Com a Constituição de 1988 ficou definido as atribuições


pertinentes a União, ao Estado e aos Municípios bem como os
princípios que passaram a reger a Administração Pública. Após a
Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a eficiência tornou-se
princípio constitucional da administração pública.
Se entende por eficiência que a atividade administrativa seja
exercida de maneira perfeita, com rendimento funcional. A
eficiência exige resultados positivos para o serviço público e um
atendimento satisfatório, em tempo razoável. Já a eficácia resulta
da relação entre metas alcançadas versus metas pretendida.
No que tange à comparação entre eficiência e eficácia, esta
última é a realização dos objetivos desejados por
determinada ação do Estado, não sendo levados em
consideração os meios e os mecanismos utilizados para tanto.
Na eficiência, por sua vez, há clara preocupação com os
mecanismos que foram usados para a obtenção do êxito na
atividade do Estado. Assim, procura-se buscar os meios mais
econômicos e viáveis, para maximizar os resultados e
minimizar os custos. Em síntese: é atingir o objetivo com o
menor custo e os melhores resultados possíveis
O princípio da eficiência possui o atributo de gerar mudanças
no comportamento funcional da Administração, o artigo 39, §
7º, da CF/88, dispõe que a União, Estados, Distrito Federal e
Municípios disciplinarão a aplicação de recursos
orçamentários provenientes da economia com despesas
correntes em cada órgão para aplicação no desenvolvimento
de programas de qualidade e produtividade, treinamento e
desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e
racionalização do serviço público, inclusive sob a forma de
adicional ou prêmio de produtividade. A eficiência diz
respeito tanto à otimização dos meios quanto a qualidade do
agir final.
A.6) ERÁRIO
Oriundo do latim, em termos de conceituação jurídica, aplica-se o
vocábulo erário para designar o tesouro público, o conjunto de
bens ou valores pertencentes ao Estado
A expressão erário público deve ser evitada, por tipificar
tautologias ou pleonasmo vicioso, até porque não se há de falar
em erário privado.
O controle sobre o erário é dado pelo Fisco, que é um aglomerado
de órgãos que compõem a administração pública. O objetivo
desses órgãos é de fiscalizar e fazer a arrecadação dos tributos,
sendo assim, um importante conjunto de princípios que são
regidos pelo Estado.
Improbidade
A improbidade administrativa é a ocorrência de atos ilícitos praticados
por agentes públicos que passam a agir sem a observância da lei, da
moral e dos costumes. Corrupção é o termo que passou a ser adotado
para especificar a conduta do administrador desonesto.
A lei n. 8.429, sancionada em 02 de junho de 1992, (modificada,
profundamente, pela 14.230/2019) dispõe sobre as sanções aplicáveis
aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício do
mandato, cargo, emprego ou função na administração pública, como
também por atos que causam prejuízo ao Erário e a transgressão dos
princípios que fundamentam a administração pública
A Constituição Federal de 1988 no artigo 37, § 4º determina que os atos
de improbidade administrativa importam, sem prejuízo da ação penal
cabível, as seguintes sanções: ressarcimento ao erário, indisponibilidade
dos bens, suspensão de direitos políticos, perda da função pública.
Atualizações com a Lei 14.230, de 25 de outubro de 2021, Altera a Lei
nº 8.429, de 2 de junho de 1992.
Alguns dos pontos modificados:
Eliminou-se a modalidade culposa, ou seja, aquele ato considerado
ímprobo por conta de negligência, imprudência ou imperícia do agente
público não existe mais;
Previsão de que, se houver reconhecimento de envolvimento de
pessoas jurídica em ato de improbidade, com base na Lei Anticorrupção
(Lei 12.846/2013), ficam afastadas as penalidades sob a perspectiva da
Lei de Improbidade;
Estabelece prazo de um ano para que o Ministério Público declare
interesse na continuidade dos processos em andamento, inclusive em
grau de recurso, ajuizados por advogados públicos. Se não houver
interesse, o processo será extinto.
§ 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo interrompe-se:
I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa;
II - pela publicação da sentença condenatória;
III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Justiça ou
Tribunal Regional Federal que confirma sentença condenatória ou que
reforma sentença de improcedência;
IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribunal de
Justiça que confirma acórdão condenatório ou que reforma acórdão de
improcedência;
V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal Federal
que confirma acórdão condenatório ou que reforma acórdão de
improcedência.
§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do dia da
interrupção, pela metade do prazo previsto no caput deste artigo.
§ 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério
Público, deverá, de ofício ou a requerimento da parte
interessada, reconhecer a prescrição intercorrente da
pretensão sancionadora e decretá-la de imediato, caso, entre
os marcos interruptivos referidos no § 4º, transcorra o prazo
previsto no § 5º deste artigo." (NR)
A.7) ÉTICA NA REPÚBLICA E TRANSPARÊNCIA

Não existe um modo correto e simples para se definir o termo


ética, não devendo este significado ficar restrito ao tempo e
espaço, devido a diferentes interpretações e alterações que seu
entendimento possa ter em decorrência das transformações
constantes da evolução humana, que passam desde a sua forma
de organização social a interação com demais espécies.
Uma definição para ética, pode ser visualizada pela ótica da moral,
mesmo que tais termos não possam ser interpretados como
sinônimos, no entanto, a moral pode ser entendida como um
objeto de estudo da ética, no qual através dela se busca a
compreensão de um conjunto de códigos, normas de conduta que
são seguidos por um grupo de indivíduos.
Ética são princípios duradouros e a moral se altera com o
tempo. *
República de origem do latim, res pública = coisa pública.
Trata-se de uma forma de governo em que o poder do qual
o governante é investido, é legalmente definido e recebido do
povo, tendo esse mesmo governante, a partir de então, por
um prazo determinado, a responsabilidade de representá-lo,
administrando a nação e visando atender as necessidades e
melhores interesses desse povo, no sentido de buscar o bem
comum, através do desenvolvimento econômico e social
Na República, o Estado, com sua organização
institucional, deve buscar tenazmente os direitos,
garantias e a dignidade da pessoa humana através da
promoção do bem comum, com a implantação de
políticas que visem a completa erradicação de toda forma
de miséria, opressão, marginalização, segregação ou
tratamento desigual. Visando tal fim, ela institucionaliza o
governo das leis, limitando e dirigindo com elas o rol de
liberdades, direitos e garantias rumo ao bem comum e a
paz social de forma extensiva e linear a todos os
indivíduos.
A ideia de República e democracia, representam a forma e o
regime de governo, ambas interdependentes entre si, onde
quem governa e representa os interesses do povo deve seguir
preceitos que as regem, tendo claro sua função, suas
liberdades e escolhas combinadas com seus limites, nos quais
sejam respeitados o objetivo principal tanto da forma como
do regime de governo. Por assim, a República representará a
forma de governo, trabalhando em prol dos interesses do
povo. Enquanto, a democracia representará o regime de
governo exercido diretamente pelo povo ou por
representantes livremente escolhidos e eleitos por ele.
A discussão entre ética, república, democracia estão ligadas pela
necessidade de que um coletivo, suas formas de organização e
instituições necessitam de um conjunto de normas e reguladores.
Assim, se tem o entendimento das leis, estas que devem seguir
princípios que respeitem as liberdades e direitos fundamentais.
Nesse aspecto, a Constituição é uma ferramenta para se
estabelecer tais regramentos.
Todo o sistema jurídico que diminui a relevância da questão ética,
tornando tal valor despiciendo, tende a não respaldar os reclamos
da sociedade, a tornar o Estado que o produziu menos
democrático, quando não totalitário, e termina por durar tempo
menor que os demais ordenamentos que a reconhecem
(MARTINS, 2006).
Transparência

A Constituição Federal de 1988 é composta por diversos princípios,


alguns destes não são explícitos. Na esfera orçamentária, tem-se o
princípio da transparência:

Princípio da transparência. Trata-se de um princípio implícito no § 5º do


art. 165 da CF/88 e traduz a ideia de que a atividade orçamentária deve
se desenvolver segundo os ditames da clareza, abertura e simplicidade.
Um de seus desdobramentos está consubstanciado no § 6º do art. 165
da CF/88, que determina que o projeto de lei orçamentária será
acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as
receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões,
subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. Tal
imposição possibilitará, em momento posterior, a fiscalização e o
controle da execução orçamentária.
Além da Constituição, existem outros dispositivos que tratam do
tema:
A Lei da Transparência, editada em 2009, tem entre suas funções
ser mais uma ferramenta de controle das contas públicas e de
como o parlamento emprega o dinheiro do contribuinte.
Lei Complementar 131/2009 realizou diversas alterações na Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF) e passou a determinar a
disponibilização, em tempo real, de informações detalhadas sobre
a execução orçamentária e financeira da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios. Essa exigência, que busca fazer
valer o princípio da Publicidade gravado na Constituição, só se
tornou possível graças à existência da internet e da ampliação ao
seu acesso.
A edição dos artigos 48, 48-A, 73-A e 73-B da CF ampliou os
mecanismos de controle, que antes eram exercidos apenas pelo
Ministério Público, Tribunal de Contas e pelos instrumentos previstos
na Ação Civil Pública e na Ação Popular. Dessa maneira, a lei veio a
incentivar a participação da sociedade na fiscalização das contas
públicas, na busca de dar efetividade à Constituição e fortalecer a
democracia brasileira.
Art. 48
Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante:
I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas,
durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de
diretrizes orçamentárias e orçamentos;
II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade,
em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução
orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público;
III – adoção de sistema integrado de administração financeira e
controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo
Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A.” (NR)
Art. 2.o A Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, passa a
vigorar acrescida dos seguintes arts. 48-A, 73-A, 73-B e 73-C:
Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo único do
art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer pessoa física
ou jurídica o acesso a informações referentes a:
I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras
no decorrer da execução da despesa, no momento de sua realização,
com a disponibilização mínima dos dados referentes ao número do
correspondente processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à
pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o caso,
ao procedimento licitatório realizado;
II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita
das unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinários. ”
Lei de Acesso à Informação – Lei nº 12.527/2011

Diferentemente da Lei da Transparência, cujo foco é nas contas


públicas, a Lei de Acesso à Informação regula o acesso amplo a
informações e os procedimentos que devem ser observados por
todo órgão Poder Público nos casos em que o cidadão solicita
acesso a dados.
Lei institui como princípio fundamental que o acesso à informação
pública é a regra, e o sigilo somente a exceção. Para garantir o
exercício pleno do direito de acesso previsto na Constituição
Federal, a Lei define os mecanismos, prazos e procedimentos para
a entrega das informações solicitadas à administração pública
pelos cidadãos. A Lei igualmente determina que os órgãos e
entidades públicas deverão divulgar um rol mínimo de
informações proativamente por meio da internet.
A Lei engloba a União, Estados, Distrito Federal e municípios,
todos os poderes republicanos, bem como os entes
controlados e até as empresas (públicas e sociedades de
economia mista), nas quais haja controle pelo Estado. Ainda,
o art. 2º da lei define que ela se aplica às entidades privadas
que recebam verbas públicas.
Seguem os princípios que regem a Lei:

Art. 3º Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a


assegurar o direito fundamental de acesso à informação e
devem ser executados em conformidade com os princípios
básicos da administração pública e com as seguintes
diretrizes:
I - observância da publicidade como preceito geral e
do sigilo como exceção;
II - divulgação de informações de interesse público,
independentemente de solicitações;
III - utilização de meios de comunicação viabilizados
pela tecnologia da informação;
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de
transparência na administração pública;
V - desenvolvimento do controle social da
administração pública.
A Lei nº 12.527/2011 ainda estabelece em outros
pontos os procedimentos de acesso à informação, as
restrições de acesso a informação e as
responsabilidades.
A Lei de Acesso a Informação e a Lei da
Transparência se constituem como importantes
instrumentos de combate à corrupção e controle das
atividades do Estado, facilitando em especial o
monitoramento dos atos do Legislativo e do
Executivo.
A.8) CONTROLE – PESOS E CONTRAPESOS

O art. 2º da Constituição da República Federativa do Brasil


consagra o princípio da separação dos poderes:
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Na prática, o que ocorre é a separação das funções estatais,
haja vista que o poder do Estado é uno, ou seja, um só, não
se divide, não é fracionado. Sendo distinta essas diferentes
funções, fracionadas em: função de legislar, administrar e
julgar, todas exercidas cada qual por um grupo específico.
O artigo 2º da Constituição Federal enfatiza tais
princípios:

Harmonia – está expresso no artigo 2º da Constituição.


Significa que os três Poderes devem ter uma convivência
harmônica, ou seja, um deve respeitar o outro.
Independência – significa que um Poder não é
subordinado ao outro.
Indelegabilidade – está implícita no artigo 2º e significa
que um poder não pode delegar sua função a outro, via
de regra.
Cada um dos três poderes exerce uma função típica, ou seja,
principal, e também outras funções de forma secundária, que
são as funções atípicas. Sinteticamente, pode-se entender que a
teoria das funções típicas e atípicas de cada poder é uma forma
de colaboração e interdependência entre os poderes.
Caberia a função legislativa de forma típica a realização da
fiscalização dos demais poderes e a função propriamente de
legislar. De forma atípica, ao Legislativo, no contexto da função
executiva tem a atribuição de dispor sobre sua organização,
prover seus cargos e conceder férias etc. Já no exercício da
função jurisdicional, quando processa e julga o chefe do Poder
Executivo ou seus representantes em crime de
responsabilidade;
A função típica do executivo está nos atos de chefia de Estado e
chefia de governo, bem como os atos administrativos
correspondentes. No exercício da função legislativa, existe a
possibilidade de editar medidas provisórias. Já no exercício da
função jurisdicional, caberá apreciar defesas administrativas, além
de apreciar os respectivos recursos administrativos;
Por fim, o Poder Judiciário tem como função interpretar as leis
e julgar os casos de acordo com as regras constitucionais e leis
criadas pelo Legislativo, aplicando a lei a um caso concreto, que
lhe é apresentado como resultado de um conflito de interesses.
Exercerá a função legislativa quando aprovar os regimentos
internos de seus tribunais – art. 96, I, “a” da CF/88. Exercerá
funções tipicamente executivas quando realiza licitações,
concursos públicos etc.
O sistema de pesos e contrapesos, basicamente trata-se de
uma interferência recíproca de um Poder no
outro. A separação dos poderes, portanto, é uma forma
de descentralizar o poder e evitar abusos, fazendo com que
um poder controle o outro ou, ao menos, seja um
contrapeso.
Exemplo de Controle do Poder Executivo exercido em
relação ao Legislativo - A previsão constitucional da
possibilidade do VETO do Poder Executivo à elaboração
legislativa é exemplo mais difundido de forma de controle
da atividade típica do Poder Legislativo por parte Executivo.
O exemplo de controle do Poder Judiciário exercido
em relação ao Legislativo não poderia ser outro senão
o mais importante: o controle da constitucionalidade
das leis produzidas pelo Legislativo.
Enquanto o Legislativo pode exercer uma forma de
controle em relação ao Executivo devido a sua função
típica de fiscalizar o Executivo.
AULA 07

PRESTAÇÃO DE CONTAS E
CONTROLE EXTERNO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PROFESSOR LUIZ PAULO CORRÊA DA ROCHA


Aula 07
A) Receitas Orçamentarias Estaduais: Tributárias (Impostos e Taxas), transferências
da União, receitas não tributárias.

A.1) Fiscalização Contábil e Financeira


A.1.1 - O Sistema Tributário Nacional
A.1. 2 - Os Tributos Estaduais
A.2) Receitas Tributárias Estaduais (impostos e taxas)
A.2.1- Impostos
- ICMS; FECP; IPVA; ITD; IRRF
- Lei Kandir (LC nº 87/96, LC nº176/20): ADO no STF; Acordo dos Governadores;
Estimativas de Perdas.
A.2.2 - Taxas
A.2.3 - Transferências Correntes da União
- Fundo de Desenvolvimento do Ensino Básico – FUNDEB
- Receitas não Tributárias de Royalties e Participações Especiais
- Síntese do Relatório Final da CPI oriunda da Resolução Nº 372/21
Receitas Orçamentarias Estaduais: Tributárias (Impostos e Taxas),
transferências da União, receitas não tributárias.

A.1) Da Fiscalização Contábil e Financeira

O Sistema Tributário Nacional (Art. 145 a 162) da CF e os Tributos


Estaduais (Art. 192 a 206 da CE).

A.1.1 - O Sistema Tributário Nacional (grifos nossos)


Constituição Federal (Art. 145 a 162)

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


poderão instituir os seguintes tributos:
I – impostos;
II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
III– contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e
serão graduados segundo a capacidade econômica do
contribuinte, facultado à administração tributária,
especialmente para conferir efetividade a esses objetivos,
identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da
lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do
contribuinte.
§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de
impostos.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:

I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

II – instituir tratamento desigual entre contribuintes que se


encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção
em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida,
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos,
títulos ou direitos;
III – cobrar tributos:

a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da


vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido


publicada a lei que os instituiu ou aumentou; * Principio da
anterioridade.

c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja


sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou,
observado o disposto na alínea “b”; * Principio da
noventena.
IV – utilizar tributo com efeito de confisco;*

V – estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens,


por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais,
ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias
conservadas pelo Poder Público;

VI – instituir impostos sobre:

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;


b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos,
inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência
social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua
impressão;
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no
Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores
brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas
brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos
digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação
industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

I – transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos * (ITD)

II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de


serviços de prestações se iniciem no exterior; *(ICMS)

III – propriedade de veículos automotores. *(IPVA)

Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:

I – o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e


proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos
pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que
instituírem e mantiverem; * IR do funcionalismo público.
A.1.2 - Os Tributos Estaduais (Grifos nossos)
Constituição Estadual (Art. 192 a 206)

Art. 192. 0 sistema tributário estadual será regulado pelo disposto


na Constituição da República, em leis complementares federais,
nesta Constituição e em leis estaduais complementares e
ordinárias.

Art. 193. O Estado e os Municípios balizarão a sua ação no campo


da tributação pelo princípio da justiça fiscal e pela utilização dos
mecanismos tributários, prioritariamente, como instrumento de
realização social, através do fomento da atividade econômica e
coibição de práticas especulativas e distorções de mercado.
Art. 194. O Estado e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
I - impostos de sua competência;

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização,


efetiva ou potencial, de serviços públicos de sua atribuição, específicos e
divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição;

III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.


§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado
à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a
esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos
termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas
do contribuinte.
§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

§ 3º O Estado pode, mediante convênio com o Município,


coordenar e unificar os serviços de fiscalização e arrecadação de
tributos, bem como delegar à União, a outros Estados ou
Municípios, ou deles receber encargos de administração tributária.

§ 4º Nenhuma taxa, à exceção das decorrentes do exercício do


poder de polícia, poderá ser aplicada em despesas estranhas aos
serviços para os quais foi criada.
§ 5º A competência tributária do Estado e dos Municípios é
exercida sobre a área dos respectivos territórios, incluídos
nestes as projeções aérea e marítima de sua área continental,
especialmente as correspondentes partes da plataforma
continental, do mar territorial e da zona econômica exclusiva.

Art. 195. O Estado e os Municípios poderão instituir


contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio em
benefício destes, de sistemas de previdência e de assistência
social.
Art. 196. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado ao Estado e aos Municípios:

I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se


encontrem em situação equivalente, proibida qualquer
distinção em razão de ocupação profissional ou função por
eles exercida, independentemente da denominação jurídica
dos rendimentos, títulos e direitos;
III - cobrar tributos:

a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da


lei que os houver instituído ou aumentado; * Não retroação.

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que


os instituiu ou aumentou; *Princípio da anterioridade (anualidade).

c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada


a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; *
Noventena.

IV - utilizar tributo com efeito de confisco; * Qual o limite máximo?


V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens por meio
de tributos interestaduais, intermunicipais ou quaisquer outros,
ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias
conservadas pelo Poder Público;
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros, de outros
Estados, ou da União Federal;
b) templos de qualquer culto; * diversas legislações.
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos inclusive
suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores e das
instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos, papel destinado a sua impressão e
veículos de radiodifusão.
Art. 199. Compete ao Estado instituir:

I - impostos sobre:

a) transmissão Causa Mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; *


(ITD)

b) operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações


de serviços de transporte interestadual ou intermunicipal e de
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no
exterior; (Regulamentada pela Lei nº 2657/1996 que "dispõe sobre o
imposto sobre circulação de mercadorias e serviços e dá outras
providências) *(ICMS).

c) propriedade de veículos automotores. *(IPVA).


II - adicional de até cinco por cento do que for pago à União, por
pessoas físicas ou jurídicas domiciliadas no território do Estado, a
título do imposto previsto no artigo 153, III, da Constituição da
República, incidente sobre lucros, ganhos e rendimentos de capital
apurados na forma da legislação federal.

§ 9º - O imposto de que trata o inciso I, b, deste artigo * (ICMS):


I - incidirá também:
a) sobre a entrada de mercadoria importada do exterior, ainda
quando se tratar de bem destinado a consumo ou ativo fixo do
estabelecimento, assim como sobre serviço prestado no exterior,
cabendo o imposto ao Estado do Rio de Janeiro, se neste estiver
situado o estabelecimento destinatário da mercadoria ou do
serviço;
b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem
fornecidas com serviços não compreendidos na competência
tributária dos Municípios;
II - não incidirá:

a) sobre operações que destinem ao exterior produtos


industrializados, excluídos os semi-elaborados definidos em
lei complementar; *Lei Kandir- Lei Complementar Federal nº
87/96 – Art. 3º, II ( LC nº 102/00).

b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo,


inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele
derivados, e energia elétrica; *Petróleo no destino.* Lei
Kandir
§ 11 - Quanto ao imposto de que trata o inciso I, b, deste artigo,
observa-se-á a lei complementar federal, no tocante a: *Lei Kandir.

I - definição de seus contribuintes;

II - substituição tributária; *

III - compensação do imposto;

IV - fixação, para efeito de cobrança e definição do


estabelecimento responsável, do local das operações relativas à
circulação de mercadorias e das prestações de serviços;
V - exclusão da incidência do imposto, nas exportações para o
exterior, de serviços e outros produtos, além dos mencionados no
§ 9º, II, a;
VI - casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa
para outro Estado e exportação para o exterior, de serviços e de
mercadorias;
VII - concessão e revogação de isenções, incentivos e benefícios
fiscais, mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal.*
Benefícios fiscais

§ 12 - O imposto previsto no inciso I, b, poderá ser seletivo*, em


função da essencialidade das mercadorias e dos serviços.
Art. 201 - Pertencem ao Estado:

I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e


proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre
rendimentos pagos, a qualquer título, por ele, suas autarquias e
pelas fundações que instituir e mantiver; *Imposto de renda do
funcionário público estadual.
Art. 203. O Estado divulgará, através da imprensa oficial, até o
último dia do mês subseqüente ao da arrecadação, os montantes
de cada um dos tributos arrecadados, bem como os recursos
recolhidos, os valores de origem tributária entregues e a entregar
e a expressão numérica dos critérios de rateio. *Transparência
financeira.
Parágrafo único.
Os dados serão discriminados por Município.
A.2) Receitas Tributárias Estaduais (impostos e taxas)

A.2.1- Impostos:

- Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS


(Art. 199, I, b da CE). Regulamentado pela Lei nº 2.657 de 26
de dezembro de 1996 e suas modificações que “ Dispõe
sobre o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços e
dá outras providencias”.
- Fundo Estadual de Combate à pobreza e às Desigualdades Sociais -
FECP. Adicional do ICMS.
- Art. 79 a 82, ADCT da Constituição Federal.
Art. 79. É instituído, para vigorar até o ano de 2010, no âmbito do
Poder Executivo Federal, o Fundo de Combate e Erradicação da
Pobreza, a ser regulado por lei complementar com o objetivo de
viabilizar a todos os brasileiros acesso a níveis dignos de
subsistência, cujos recursos serão aplicados em ações suplementares
de nutrição, habitação, educação, saúde, reforço de renda familiar e
outros programas de relevante interesse social voltados para
melhoria da qualidade de vida. (EC nº31/2000 e EC nº 67/2010)
Parágrafo único. O Fundo previsto neste artigo terá Conselho
Consultivo e de Acompanhamento que conte com a participação de
representantes da sociedade civil, nos termos da lei.
Art. 82 - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem instituir
Fundos de Combate à Pobreza, com os recursos de que trata este
artigo e outros que vierem a destinar, devendo os referidos Fundos ser
geridos por entidades que contem com a participação da sociedade
civil.
§ 1º - Para o financiamento dos Fundos Estaduais e Distrital, poderá
ser criado adicional de até dois pontos percentuais na alíquota do
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS, sobre os
produtos e serviços supérfluos e nas condições definidas na lei
complementar de que trata o art. 155, § 2º, XII, da Constituição, não
se aplicando, sobre este percentual, o disposto no art. 158, IV, da
Constituição.
§ 2o - Para o financiamento dos Fundos Municipais, poderá ser criado
adicional de até meio ponto percentual na alíquota do Imposto sobre
Serviços ou do imposto que vier a substituí-lo, sobre serviços
supérfluos.
- Lei Complementar Federal nº 111, de 6 de julho de 2001

Dispõe sobre o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, na


forma prevista nos artigos 79, 80 e 81 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias.

Art. 1o - O Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, criado


pelo art. 79 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias –
ADCT, para vigorar até o ano de 2010, tem como objetivo viabilizar
a todos os brasileiros o acesso a níveis dignos de subsistência e
seus recursos serão aplicados em ações suplementares de
nutrição, habitação, saúde, educação, reforço de renda familiar e
outros programas de relevante interesse social, voltados para a
melhoria da qualidade de vida.
- Lei Estadual Nº 4.056 de 30 de dezembro de 2002.
Autoriza o Poder Executivo a Instituir no Exercício de 2003, o Fundo
Estadual de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais, em
obediência à Emenda Constitucional Nacional nº 31, de 14/12/2000,
que Alterou o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Introduzindo o artigo 82 que Cria o Fundo Estadual de Combate e
Erradicação da Pobreza.
- Fundo Orçamentário Temporário.
Lei nº 8.645 de 09 de dezembro de 2019.
Art. 1º - Fica instituído o fundo orçamentário temporário nos
termos e nos limites do convênio CONFAZ nº 42, de 03 de maio de
2016 e no Título VII da Lei Federal nº 4.320, de 14 de março de
1964.
Art. 2º - A fruição de incentivos fiscais e de incentivos financeiro-
fiscais fica condicionada ao depósito no fundo disciplinado no
artigo 1º, de percentual de 10% (dez por cento), aplicado sobre a
diferença entre o valor do imposto calculado com e sem a
utilização de benefícios ou incentivos fiscais concedidos à empresa
contribuinte do ICMS, já considerada, no aludido percentual, a
base de cálculo para o repasse constitucional para os municípios.
-Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA

Lei nº 2.877 de 22 de dezembro de 1997 e suas modificações

Art. 1º - O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores


Terrestres - IPVA, devido anualmente, tem como fato gerador a
propriedade de veículo automotor terrestre por proprietário domiciliado
ou residente no Estado do Rio de Janeiro. * caput com nova redação dada
pela Lei 7068/2015.
Parágrafo único. Considera-se ocorrido o fato gerador:
I - em 1º de janeiro de cada exercício ou quando o veículo for encontrado
no território do Estado do Rio de Janeiro sem o comprovante do
pagamento do imposto objeto desta Lei;*
II - na data de sua primeira aquisição por consumidor final, no caso de
veículo novo;*
III - na data do desembaraço aduaneiro, em se tratando de veículo novo ou
usado importado do exterior pelo consumidor final.
IV – no primeiro dia do exercício subsequente ao registro da
transferência no órgão executivo de trânsito deste Estado, em
se tratando de veículo transferido de outra unidade da
federação, desde que preenchida as seguintes condições:

a) o registro da transferência no órgão executivo de trânsito


deste Estado ocorra no prazo de 90 (noventa) dias da aquisição;

b) seja comprovada a quitação do IPVA no exercício em que se


deu a transferência para a unidade da federação de origem do
veículo. *Incluído pela Lei 7068/2015.
Art. 2º - Contribuinte do imposto é a pessoa física ou jurídica
proprietária do veículo automotor.

*Art. 10 - A alíquota do imposto é de:

II - 4% (quatro por cento) para automóveis de passeio e camionetas,


inclusive à gasolina ou à diesel, exceto utilitários;
* Nova redação dada pela Lei 7068/2015.
II-B – 2% (dois por cento) para motocicletas, ciclomotores, triciclos,
quadriciclos e motonetas;
* Incluído pela Lei 7068/2015.
III - 3% (três por cento) para utilitários;
V - 2% (dois por cento) para ônibus e micro-ônibus;
* Nova redação dada pela Lei 7068/201
V – 1% (um por cento) para caminhões, caminhões-tratores e tratores
não agrícolas
- Imposto sobre Transmissão Causa-Mortis e por Doação de
quaisquer Bens ou Direitos – ITD

Lei nº 7.786 de 16 de novembro de 2017.

ALTERA A LEI Nº 7.174/2015, QUE DISPÕE SOBRE O IMPOSTO


SOBRE A TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO DE
QUAISQUER BENS OU DIREITOS (ITD), DE COMPETÊNCIA DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO. * alteração de alíquotas e faixas,
limite máximo definido pelo Senado.
Art. 1º - Fica alterado o art. 8º da Lei nº 7.174, de 28 de dezembro
de 2015, com a modificação do inciso XI e com a inclusão de
dispositivos com a seguinte redação:
"Art. 8º - (…)

XI - a transmissão causa mortis de imóveis residenciais a pessoas


físicas, desde que a soma do valor dos mesmos não ultrapasse o
valor equivalente a 60.000 (sessenta mil) UFIRs-RJ".
(...)
Art. 3º - Fica alterado o art. 26 da Lei nº 7.174, de 28 de dezembro
de 2015, que passa a vigorar com a seguinte redação
Art. 26 - O imposto é calculado aplicando-se, sobre o valor fixado para a base
de cálculo, considerando-se a totalidade dos bens e direitos transmitidos, a
alíquota de:
I - 4,0% (quatro por cento), para valores até 70.000 UFIR-RJ;
II - 4,5% (quatro e meio por cento), para valores acima de 70.000 UFIR-RJ e até
100.000 UFIR-RJ;
III - 5,0% (cinco por cento), para valores acima de 100.000 UFIR-RJ e até
200.000 UFIR-RJ;
IV - 6% (seis por cento), para valores acima de 200.000 UFIR-RJ até 300.000
UFIR-RJ;
V - 7% (sete por cento), para valores acima de 300.000 UFIR-RJ e até 400.000
UFIR-RJ;
VI- 8% (oito por cento) para valores acima de 400.000 UFIR-RJ * limite
superior
Art. 5º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos
a partir de 01 de janeiro de 2018.
- Imposto de Renda do Funcionalismo Público – IRRF (Art. 157,
inciso I, CF)

Art. 157 - Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:

I – O produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e


proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre
rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e
pelas fundações que instituírem e mantiverem; * IR do
funcionalismo público.

- Fundo de Participação dos Estados - FPE (art. 159, inciso I,


alínea “a”, da CF e, consoante o inciso II do artigo 161, foi
regulamentado pela LC nº 62/89).
- Lei Kandir (LC nº 87/96, LC nº176/20): ADO no STF; Acordo dos
Governadores; Estimativas de Perdas.

- A Lei Kandir e a EC 42/03


Com a publicação da Emenda Constitucional n° 42/03, a compensação
financeira aos estados pela União, em razão da desoneração do ICMS nas
exportações de mercadorias, inclusive o petróleo, passou a ser um
mandamento constitucional.
Isso porque, o próprio art. 91 do ADCT determinou, à época, que fosse editada
Lei Complementar Federal para definir os critérios, prazos e condições através
do qual a União iria compensar os estados exportadores.
Ocorre que esta norma nunca foi editada pelo Congresso Nacional, e enquanto
perdurar tal inércia legislativa, aplicam-se as regras previstas na Lei Kandir (LC
87/96), a despeito das incisivas críticas acerca do critério adotado por esta
norma, que vem se mostrando insuficiente e desproporcional.
- Os prejuízos do Estado do Rio de Janeiro com a desoneração do ICMS nas
exportações de petróleo
Realizou-se uma breve análise, em complementação ao estudo da Fundação de
Amparo ao Estado do Pará (FAPESPA), das possíveis perdas de ICMS em razão da
exportação de petróleo, considerando os critérios atuais previstos na Lei Kandir (LC
87/96).
A nota técnica produzida pela FAPESPA, elaborada em 2016, abarca todos os
produtos exportados pelos estados no período de 1997 a 2015. Relativamente ao
ERJ, a estimativa de perda total ao longo desse período foi de aproximadamente R$
49,2 bilhões.
A FAPESPA concluiu que “a não regulamentação do anexo da Lei Kandir impactou as
políticas fiscais estaduais, sobretudo nas perdas de arrecadação dos produtos
básicos e semielaborados, em montantes acumulados, no período de 1997 a 2015,
de R$ 466 bilhões, e, apenas em 2015, R$47 bilhões”.
Além disso, “observou-se, ao comparar os valores das compensações financeiras
com os das exportações de produtos básicos e semielaborados, o distanciamento
dos ressarcimentos dos valores perdidos. Em 1997, essas compensações
correspondiam por 51% dos valores estimados de perda, e em 2015 esses valores
corresponderam a apenas 7%, o que evidencia a insuficiência do sistema
compensatório estabelecido”.

Apesar da generalidade na abordagem do assunto, e a limitação temporal da análise


(até 2015), é possível estabelecer, em relação ao petróleo e ao período subsequente,
uma ordem de grandeza com base no percentual desta comodity na pauta de
exportação do ERJ, que, em 2010, atingiu cerca de 60%, chegando a 80% em 2020.

Nesse sentido, considerando que, em média, 65% das exportações do ERJ


foram de petróleo, é possível concluir que nesse período (1997/2015), a
perda para o Estado do Rio de Janeiro só com a exportação de óleo foi de R$
31,9 bilhões (65% de R$ 49,2 bilhões), em que pese algumas divergências
sobre tal valor.
No mais, para efeitos de simplificação e a fim de permitir uma análise linear da
possível perda do ICMS também nos últimos 5 (cinco) anos, optou-se por
considerar um aumento gradual médio desse percentual de aumento nas
exportações de petróleo ao longo desse período (60% em 2010 e 80% em 2020).
Ou seja, partiu-se da premissa de que houve um incremento anual médio de 2%
do petróleo no total da pauta de exportação do ERJ.

Nesse cenário, considerando alguns dados oficias extraídos da ANP e da CAMEX,


projetou-se uma perda de ICMS ao ERJ de aproximadamente R$ 23,9 bilhões, no
período compreendido entre 2016 e 2020. Ou seja, somado ao valor obtido pela
FAPESPA, estima-se que o estado deixou de arrecadar, a título de ICMS, entre 1997
e 2020, um valor de aproximadamente R$ 55,8 bilhões.
Estimativas de perda do ICMS para os próximos anos

Seguindo a metodologia usada para apurar as possíveis perdas de


ICMS nos últimos 5 (cinco) anos, foi projetado cenário para os
próximos 10 (dez) anos, a fim de tentar identificar, ainda que de
forma relativa, qual seria a possível perda para o Estado do Rio de
Janeiro em razão da desoneração tributária nas exportações de
petróleo.

Para tanto, foi utilizado, como base, as projeções de produção e


exportação nacional de petróleo segundo o Plano Decenal de Energia
2030 (PDE 2030), elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética
(MME). Ainda, conforme afirmado pela Petrobrás (PB), e as
expectativas do mercado como um todo, a participação do RJ na
produção da PB passará de 80% para 87% em 2024/2025.
Dessa forma, para efeito de simplificação, foi considerado tal
percentual da PB, aplicando um crescimento linear até 2025 e
mantendo esse patamar de 87% de 2025 até 2030. No mais, de janeiro
a maio de 2021, de acordo com os dados da CAMEX, 83% do petróleo
exportado foi pelo ERJ, percentual também levado em conta ao longo
dos próximos 10 anos.

Ainda de acordo com os dados extraídos da CAMEX, entre janeiro e


maio de 2021, o RJ exportou o equivalente a U$ 8,5 bilhões em
petróleo, que, aplicando um câmbio médio de R$ 5 equivale a
aproximadamente de R$ 44 bilhões. Com base nesse valor de
exportação pelo RJ nos cinco primeiros meses de 2021, é possível uma
presunção de perda líquida de ICMS de cerca de R$ 3,5 bilhões (8% do
valor exportado).
Assim, tomando como base esse valor de R$ 3,5 bilhões, é possível
entender que ao final do ano (31/12/21) a quantia seria de cerca de R$
8,6 bilhões. Adotando tal método, é plausível estimar que ao final dos
próximos 10 (dez) anos o valor de ICMS que deixará de ser arrecadado
pelo ERJ seria da ordem de R$ 127 bilhões.

Ressalta-se, por oportuno, que a perda líquida do valor de ICMS já leva


em conta as transferências de créditos concedidas aos exportadores e
as transferências constitucionais repassadas pela União para
compensar as perdas dos estados, nos moldes atualmente previstos na
LC 87/96.
Além disso, no percentual utilizado sobre o valor das exportações (8%),
também se pondera sobre outros possíveis fatores, como, por exemplo, a
limitação e estorno de determinados créditos, o tipo de operação anterior
predominante (interna ou interestadual), possíveis incentivos fiscais e outros.
Trata-se, portanto, de estimativa sujeita a inúmeras variáveis.

Contudo, serve para demonstrar que, apesar da importância em se desonerar


as exportações a nível nacional (balança comercial), é mais uma medida que
afeta diretamente os cofres públicos do ERJ, que, embora tenha sua
autonomia política e administrativa como ente da federação, fica, cada vez
mais, sem a sua devida autonomia financeira.

Tudo isso corrobora a necessidade de serem adotados esforços, tanto em


âmbito nacional quanto regional, para que o ERJ não seja privado das receitas
mínimas indispensáveis ao atendimento da população fluminense.
- O acordo celebrado pelos Estados com a União no âmbito do STF

A omissão do Congresso Nacional em editar a Lei Complementar para definir os


critérios de compensação aos estados, que se arrasta por 20 (vinte) anos, vem
gerando inúmeras disputas no STF, tendo em vista o abalo nas contas públicas
estaduais e no próprio equilíbrio federativo.

Em 2016, o Supremo, reconhecendo a mora legislativa (ADO 25), concedeu o prazo


de 1 (um) ano para que o assunto fosse regulamentado através da LC. Porém, o
Congresso não avançou na questão e, em 2019, o ministro Gilmar Mendes concedeu
novo prazo de 1 (um) ano, posteriormente renovado por mais 90 (noventa) dias,
ocasião em que a própria Corte reconheceu que se trata de “questão urgente para o
pacto federativo”.
Sequencialmente, em maio de 2020, diante da insistente omissão legislativa
em regulamentar o tema, o STF homologou acordo celebrado entre os
Estados e a União para a compensação dessas perdas. Nos termos do
acordo, ficou estabelecido que a União deveria repassar aos estados o valor
de R$ 65,6 bilhões até 2037, o que significa R$ 2,4 bilhões para cada
unidade federativa.

Desse total, R$ 58 bilhões serão obrigatoriamente pagos pela União em


parcelas anuais até 2037. Os R$ 7,6 bilhões restantes ficaram assim
condicionados: R$ 3,6 bilhões dependem da aprovação da Proposta de
Emenda à Constituição (PEC 188/19), que trata do novo pacto federativo e
tramita no Senado Federal; e R$ 4 bilhões dependem do futuro leilão de
petróleo dos blocos de Atapu e de Sépia, ambos situados no pré-sal.
Após a homologação do ajuste, foi publicada a Lei 14.058/2020, que alterou
a LDO de 2020 para permitir que o Executivo Federal seja dispensado da
apresentação de medidas compensatórias em virtude desses repasses aos
estados. Assim, entre 2020 e 2030, a União pagará aos entes federados R$ 4
bilhões por ano. De 2031 a 2037, esse montante será reduzido
progressivamente em R$ 500 milhões por ano.
Observa-se, portanto, que, apesar do ajuste celebrado, garantindo ao ERJ
um valor total de R$ 2,4 bilhões, a ser pago em 17 (dezessete) parcelas
anuais, tal quantia se mostra irrisória e injusta se comparada às perdas que
o Rio de Janeiro vem sofrendo e que ainda sofrerá em virtude da
desoneração das exportações, conforme estimativas apontadas acima.

Nesse sentido, é forçoso reconhecer que, mesmo diante da revogação do


art. 91 do ADCT pela EC 109/21, o acordo celebrado possui apenas caráter
complementar à obrigação da União (Congresso Nacional) em regulamentar
os critérios para que os estados sejam compensados de forma satisfatória,
definitiva, justa e equilibrada, consoante a decisão do STF.
A.2.2) Taxas

- Taxa de Serviços Estaduais relativa à Prevenção e Extinção de


Incêndio. Código Tributário Estadual, Decreto-Lei nº 05/1975, e o
Decreto Regulamentador nº 3.856/1980.

DECRETO N.º 3.856 – DE 29 DE DEZEMBRO DE 1980 (modificado


pelo Dec. n.º 4.205, 25 jun 81).

Regulamenta a cobrança da Taxa de Serviços Estaduais relativa à


Prevenção e Extinção de Incêndio.
CAPÍTULO I

Do Fato Gerador

Art. 1º - Constituem fato gerador da taxa de serviços de prevenção


e extinção de incêndio, prestados ou colocados à disposição de
unidades imobiliárias de utilização residencial ou não-residencial,
ocupadas ou não.

Parágrafo único – Considera-se unidade imobiliária qualquer


espécie de construção de utilização residencial ou destinada ao
exercício de atividade comercial, produtora, industrial e
prestadora de serviço.
CAPÍTULO II

Da não-incidência.

Art. 2º - A taxa não recairá sobre as unidades imobiliárias de


utilização residencial ou não-residencial:

I – localizados em municípios não abrangidos pelos sistemas de


prevenção e extinção de incêndio ou que distem mais de 70 km
das sedes dos municípios onde estejam instalados tais sistemas,
assim como para imóveis residenciais, com área construída de até
120m2, situados na Zona Rural e nos Distritos Municipais de até
2.000 (dois mil) habitantes. *redação dada pelo Dec. n.º 4.205, de
25 Jun 81
CAPÍTULO III

Do Contribuinte

Art. 3º - Contribuinte da taxa é o proprietário, o titular do


domínio útil ou o possuidor, a qualquer título, da unidade
imobiliária residencial ou não-residencial.

CAPÍTULO IV

Da Base de Cálculo

Art. 4º - A base de cálculo da taxa é a área construída da unidade


imobiliária, de acordo com a seguinte tabela:
Art. 4º - A base de cálculo da taxa é a área construída da unidade
imobiliária, de acordo com a seguinte tabela:
Unidade Imobiliária de Utilização Residencial (UFERJ)

Área Construída

- Até 50 m2 - Isento
- Até 80 m2 - 0,26;
- Até 120 m2 - 0,40;
- Até 200 m2 - 0,50;
- Até 300 m2 - 0,60;
- Mais de 300 m2 – 1,0.
Unidade Imobiliária de Utilização Não-Residencial (UFERJ):

Área Construída

- Até 50 m2 – 0,20;
- Até 80 m2 - 0,30;
- Até 120 m2 - 0,40;
- Até 200 m2 - 0,50;
- Até 300 m2 - 0,60;
- Mais de 300 m2 – 0,80.
Art. 5º - Na apuração da metragem da área construída será considerada cada
edificação ou unidade imobiliária residencial ou não-residencial, isoladamente, bem
como qualquer espécie de construção predial autônoma.

Parágrafo único – Configura-se, para efeito deste artigo, unidade imobiliária destinada
ao exercício de atividade comercial, industrial ou prestadora de serviço, cada loja,
sobreloja, escritório, sala, boxe, boxe garagem, armazém geral, depósito e outras
utilizadas para aquelas finalidades.

Art. 7º - O pagamento da taxa é anual, obedecidos os seguintes prazos, fixados de


acordo com o final da inscrição da unidade nos cadastros imobiliários
correspondentes;

Art. 17 – Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a
partir de 01 de janeiro de 1981, revogado o Decreto n.º 3.193, de 15.05.80. Rio de
Janeiro, 29 de dezembro de 1980.
- Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental do Estado do Rio de Janeiro - TCFARJ

- Lei Federal nº 6.938/81(IBAMA) - Política Nacional de Meio Ambiente.

- Lei Estadual nº 5438, de 17 de abril de 2009

Institui o Cadastro Técnico Estadual de Atividades Potencialmente


Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais e a Taxa de Controle e
Fiscalização Ambiental no Estado do Rio de Janeiro e dá outras
Providencias.

- Lei Estadual nº 5639, de 06 de janeiro de 2010.

Dispõe sobre os Contratos de Gestão entre o Órgão Gestor e Executor da Política


Estadual de Recursos Hídricos e Entidades Delegatárias de Funções de Agencia de
Água Relativos à gestão de Recursos Hídricos de Domínio do Estado e dá outras
previdências.
- Cobrança pela Utilização dos Recursos Hídricos de Domínio do Estado do Rio de
Janeiro.

- Lei nº 4.247, de 16 de dezembro de 2003.

Dispõe sobre a cobrança pela Utilização dos Recursos Hídricos de Domínio do


Estado do Rio de Janeiro e dá outras providencias.

A.3.3) Transferências Correntes da União

- Fundo de Desenvolvimento do Ensino Básico - FUNDEB


Art. 212, 212-A da CF e Art. 60 da ADCT da CF

Art.212 - A União aplicará, anualmente, nunca menos de 18, e os Estados, o


Distrito Federal e os Municípios 25%, no mínimo, da receita resultante de
impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino.
[...]
Art. 212-A. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios destinarão parte dos
recursos a que se refere o caput do art. 212 desta Constituição à manutenção e ao
desenvolvimento do ensino na educação básica e à remuneração condigna de seus
profissionais, respeitadas as seguintes disposições: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 108, de 2020)

I - a distribuição dos recursos e de responsabilidades entre o Distrito Federal, os


Estados e seus Municípios é assegurada mediante a instituição, no âmbito de cada
Estado e do Distrito Federal, de um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), de
natureza contábil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)

II - os fundos referidos no inciso I do caput deste artigo serão constituídos por 20%
(vinte por cento) dos recursos a que se referem os incisos I, II e III do caput do art.
155, o inciso II do caput do art. 157, os incisos II, III e IV do caput do art. 158 e as
alíneas "a" e "b" do inciso I e o inciso II do caput do art. 159 desta Constituição;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
III - os recursos referidos no inciso II do caput deste artigo serão distribuídos
entre cada Estado e seus Municípios, proporcionalmente ao número de alunos
das diversas etapas e modalidades da educação básica presencial matriculados
nas respectivas redes, nos âmbitos de atuação prioritária, conforme
estabelecido nos §§ 2º e 3º do art. 211 desta Constituição, observadas as
ponderações referidas na alínea "a" do inciso X do caput e no § 2º deste artigo;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)

IV - a União complementará os recursos dos fundos a que se refere o inciso II


do caput deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)

- Receitas não Tributárias de Royalties e Participações Especiais:

Os conceitos de royalties não podem ser confundidos com tributos, nem


impostos, nem taxas, nem contribuições. A Constituição Federal da República
(CF/88), em seu art. 20, § 1º ao dispor sobre as propriedades da União,
assegurou aos Estados essa compensação financeira. Cuida-se, pois, de receita
originária do Estado do Rio de Janeiro, a qual absolutamente nada tem a ver
com Direito Tributário.
Constituição Federal:
Art.20 - São bens da União:
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios a participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de
recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos
minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona
econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 102, de 2019) (Produção de efeito).

- As compensações financeiras que fazem jus o Estado do Rio de Janeiro e os seus


municípios produtores são:

Os royalties - uma compensação financeira devida à União aos estados, ao DF, e aos
municípios beneficiários pelas empresas que produzem petróleo e gás natural no
território brasileiro. Os royalties incidem sobre o valor da produção mensal do
campo e são recolhidos mensalmente pelas empresas concessionárias até o último
dia do mês seguinte àquele em que ocorreu a produção
.
A participação especial é uma compensação financeira extraordinária devida pelas
concessionárias de exploração e produção de petróleo ou gás natural para campos de
grande volume de produção ou de grande rentabilidade. Para apuração da
participação especial sobre a produção de petróleo e de gás natural, percentuais
progressivos, que variam de acordo com a localização da lavra, o número de anos de
produção e o respectivo volume de produção trimestral fiscalizada, são aplicadas
sobre a receita bruta da produção trimestral de cada campo, deduzidos os royalties,
investimentos na exploração, custos operacionais, depreciação e tributos, (art. 50, §
1º, da Lei 9.478/97 e RANP 12/2014). Atualmente, de modo geral, a distribuição da
participação especial ocorre da seguinte forma: 50% para União; 40% aos estados
confrontantes; e 10% aos municípios confrontantes.
Como se constituem em receita originária do Estado do Rio de Janeiro, os
royalties estão sujeitos à fiscalização disciplinada pela Lei fluminense n°
5.139/2007, cuja constitucionalidade foi definitivamente reconhecida pelo
Supremo Tribunal Federal, exceto nos trechos em que pretendeu dar feição
tributária a essa fiscalização.

Logo, a ANP e o Governador do Estado do RJ/ SEFAZ promoveram Termo de


Acordo de Cooperação Técnica para realização de fiscalização conjunta
sobre o cálculo dos royalties e os abatimentos realizados para o cálculo
dos repasses das compensações especiais.
Síntese do Relatório Final da CPI oriunda da Resolução Nº 372/21, que criou a
Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar a queda na
arrecadação do ERJ referente ás receitas compensatórias da exploração de
petróleo e gás de royalties e participações especiais.
- Estoque de contenciosos tributários administrativos da Petrobras em face do
Estado do Rio de Janeiro (SEFAZ), consolidados nos últimos anos.
Somado os valores informados na tabela enviada pela Petrobras, em resposta ao
ofício CPI 164/21, chegou-se a um valor total de R$ 11,8 bilhões (R$
11.824.435.097,79), referentes a 287 processos administrativos, sendo que 4 deles
se referem a ADI 3674, sobre o fornecimento de QAV para as empresas aéreas
prestadoras de serviço a mesma que somam R$2,5 bilhões. Cumpre registrar que
se somarmos os números globais informados pela Petrobras em resposta ao o
ofício CPI 139/21, chega-se a um montante de R$21,7 bilhões (R$18,163 bilhões de
perdas possíveis + R$3,3 bilhões de perdas remotas + R$ 241 milhões de
perdas prováveis), cotejando-se com a soma dos contenciosos tributários
administrativos informados pela resposta ao oficio CPI 164/21 de R$11.8 bilhões
com a dívida ativa inscrita da Petrobras na PGE de R$9,5 bilhões chegamos ao
montante de R$21,3 bilhões.
- Estoque de demandas pretéritas de participações especiais a serem
recuperadas da Petrobras em face do Estado do Rio de Janeiro (SEFAZ), nos
últimos 10 anos.

Além das demandas tributárias, ter-se ia a recuperar de receitas não


tributárias de descontos indevidos nas participações especiais para o Estado
do Rio de Janeiro R$ 1,8 bi de Royalties e participações (fonte PGE/PG-18), a
curto prazo, oriundos de Tupi – Cernambi (R$4,473bilhões/processo judicial
0167592-12.2014.4.02.5101) e de Tartaruga Verde- Tartaruga Mestiça (R$634
milhões/processo judicial 0002716-69.2016.4.02.5101), num montante de
R$5,126 milhões. Registre-se que a arrecadação das participações especiais
50% pertence à União, 40% ao Estado e 10% aos municípios produtores.
Pode-se, fruto da CPI que abriu a caixa de pandora dos abatimentos desconformes
realizados pelas concessionárias de petróleo e gás e descortinou uma fronteira de
arrecadação, se estimar em processos fiscalizatórios a serem realizados pela ANP e
SEFAZ nos últimos 10 anos, sobre descontos a maior de participações especiais,
reaver algo como R$ 1,0 bi por ano para o ERJ, na esteira da estimativa da SEFAZ.

Tal possibilidade conservadora (quando comparado com os procedimentos


existentes citados acima) se arrima em uma estimativa da SEFAZ que considerou a
metodologia fazendária de fiscalização intensa de ICMS de recuperação de valores
sonegados, na proporção de 1/7(autos e denúncias pagas sobre total de ICMS).

Transportado o critério para as participações especiais levaria o Estado do Rio de


Janeiro a recuperar R$ 9,8 bilhões em uma década, sem contabilizar a cota-parte da
União e dos municípios produtores. Incluindo os citados entes as perdas totais
atingiriam a R$24,5 bilhões (Estado R$9,8 bilhões; municípios produtores R$2,45
bilhões e União R$12,25 bilhões).
- Estoque total de contenciosos administrativos, judiciais e de demandas de
participações especiais.

- Em questões tributárias R$ 21,5 bilhões, sendo 75% para o Estado no valor de


R$16,125 bilhões e 25% para os municípios de R$5,375 bilhões;

- Em questões tributárias de curto prazo e que já estão em tratativas de pagamento


pela Petrobras ao Estado R$ 241 milhões;

- Em questões de participações especiais do Estado do Rio de Janeiro recuperável


R$11,60 bilhões (R$ 9,8 bilhões + R$1,8 bilhão);

- Em questões de participações especiais já decididas R$1,8 bilhão.

- Assim posto constata-se que o “estoque” a se demandar atinge o montante de R$


27,125 bilhões sendo R$16,125 bilhões) de ICMS e R$11,60 de participações
especiais para o Estado.
- Valores passíveis de serem recuperados:

Com base nos montantes acima explicitados é possível que o Estado


venha a recuperar ao longo dos próximos anos, a contar do novembro de
2021, término da CPI, até 2030, quiçá, no 70% do total do ICMS
demandado de R$16,125 bilhões, ou seja, R$ 11,3 bilhões e 75% das
participações especiais demandadas de R$ 11,6 bilhões, ou seja R$ 8,7
bilhões, que daria, aproximadamente, R$ 20 bilhões recuperáveis, em 10
anos, R$ 2 bilhões/ano, ou em 9 (nove) anos, de 2022/30, R$ 2,22 bilhões
por ano.
AULA DE REVISÃO

PRESTAÇÃO DE CONTAS E
CONTROLE EXTERNO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PROFESSOR LUIZ PAULO CORRÊA DA ROCHA


Aula de Revisão
A- Conceitos de Controle Interno e Externo da administração Pública

B - Contabilidade Pública

C - Gestão Financeira

D - Estado e Sociedade

E - Princípios da Administração Pública

F - Ética na República e Transparência

G - Controle – Pesos e Contrapesos

H - Dispositivos de Controle da Execução Orçamentária

I – Improbidade Administrativa Lei nº 8.429/1992 modificada pela Lei nº 14.230/2021

J – Impeachment – Crime de Responsabilidade

ANEXO – PLANO ESTRATÉGICO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL – PEDES EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 92/2022
A- Conceitos de Controle Interno e Externo da administração Pública

• No Brasil, há duas formas de controle, o controle externo e o controle interno,


ou seja, “o controle externo exercido pelo Poder Legislativo de cada ente,
auxiliado pelo respectivo Tribunal de Contas; e o controle interno
desempenhado pelo sistema de controle específico que cada poder dever ter
dentro da sua própria estrutura

- Controle Interno da Gestão Orçamentaria:

(Art.74, CF e artigo 129, e o inciso XXX do art. 77 da CE).


A - Conceitos de Controle Interno e Externo da administração Pública

• A.1 - Secretaria de Planejamento*, quanto a proposta orçamentária e controle da


sua execução (receitas e despesas);

• - Contingenciamento e Remanejamento.
• - Liberação para Empenho.
• - Créditos Adicionais.

• A.1.1 - Secretaria de Fazenda*, quanto a arrecadação das receitas orçamentárias;


A - Conceitos de Controle Interno e Externo da administração Pública

• A.2 - O Controle Interno do Executivo:

• A.2.1 - Controladoria Geral do Estado - CGE - Lei nº 7989/2018 – Dispõe sobre o


Controle Interno do Poder Executivo e Cria a Controladoria Geral do Estado. Controle
quanto à legalidade, legitimidade e economicidade.

• Lei nº 7753/2017- Transparência e integridade nas empresas que contratarem com ERJ.

• A.2.2 - Procuradoria Geral do Estado - PGE. Art. 176 e 177 da Constituição do ERJ e
LC nº 15/1980. Representação judicial e defesa Estado. Controle interno da legalidade
dos Atos do Poder Executivo e a Cobrança da Dívida Ativa.

• A.2.3 - RioPrevidência. Lei nº 3.189/1999 e Lei nº 5.260/2008 e suas modificações.
Controle do pagamento e das Receitas de Inativos e Pensionistas do ERJ.
A - Conceitos de Controle Interno e Externo da administração Pública

• A.3 - Da Proteção do Erário (Art. 37 da CF e art. 77 da CE)

• Constituição Federal (CF/88)

• Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência* e, também, ao seguinte:
(EC nº18/98, EC nº 19/98, EC nº 20/98, EC nº 34/2001, EC nº 41/2003, EC nº 42/2003 e
EC nº 47/2005)
A- Conceitos de Controle Interno e Externo da administração Pública

• Constituição do Estado do Rio de Janeiro (CE)

• Art. 77 - A administração pública direta, indireta ou fundacional, de


qualquer dos Poderes do Estado e dos Municípios, obedecerá aos princípios
da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, interesse coletivo*
e, também, ao seguinte:

• Art. 247. As leis previstas no inciso III do § 1º do art. 41 e no § 7º do art.


169 estabelecerão critérios e garantias especiais para a perda do cargo pelo
servidor público estável que, em decorrência das atribuições de seu cargo
efetivo, desenvolva atividades exclusivas* de Estado. (EC nº19/98)

• Parágrafo único - Na hipótese de insuficiência de desempenho, a perda do


cargo somente ocorrerá mediante processo administrativo em que lhe sejam
assegurados o contraditório e a ampla defesa.
A - Conceitos de Controle Interno e Externo da administração Pública

Controle Externo da Administração Pública (Art. 70 e 71, CF e Art. 122 e 123, CE)

O Controle Externo pelo:

A.4 - Poder Legislativo: Art. 70 e 71 da CF e art. A.5 - Tribunal de Contas


79, 80, 81, 98 e 99 da CE.
Constituição Estadual
Constituição Estadual
Art. 123 - O controle externo, a cargo da
Art. 79 - O controle dos atos administrativos do Assembleia Legislativa, será exercido com
estado e dos municípios será exercido pelo Poder o auxílio do Tribunal de Contas do Estado,
Legislativo, pelo Ministério Público, pela ao qual compete:
sociedade, pela própria administração e, no que I - apreciar as contas prestadas anualmente
couber, pelo Tribunal de Contas do Estado. pelo Governador do Estado, mediante
Redação dada pela Emenda Constitucional nº 04, parecer prévio que deverá ser elaborado em
de 20.08.91. sessenta dias a contar de seu recebimento
A-•Conceitos de Controle
A.6 - Ministério Interno
Público e Externo
Especial da administração
de Contas Pública
que integra o TCE-RJ

• Lei Estadual n° 382/2022

• Art. 1º – O Ministério Público Especial integra a estrutura básica do Tribunal de Contas do


Estado do Rio de Janeiro.

• (Decisões STF: ADI nº 2.887-4/RJ, ADI nº 789-1/DF e ADI nº 2.378-1/GO/ Lei Estadual nº
382/1980 e a Deliberação TCE nº 227/2005)

• DELIBERAÇÃO Nº 227 de 15 de fevereiro de 2005 confere à Lei Estadual n° 382, de 1° de


dezembro de 1980, interpretação conforme a Constituição.

• O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, no uso da competência


que lhe é atribuída pela Constituição Federal, e pelo art. 133 da Constituição do Estado do Rio
de Janeiro,
A - Conceitos de Controle Interno Ae Externo da administração Pública

A.7 - Do Ministério Público Estadual

Pelo Ministério Público Estadual - MPE. (Artigo 127, 128 e 129 da CF, artigos
170 a 175 da CE e Lei Complementar Estadual nº 106/2003).

Constituição Estadual

Art. 170 - O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função


jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a


indivisibilidade e a independência funcional.
A - Conceitos de Controle Interno e Externo da administração Pública

A.8 - Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. (Artigos 134, 135, CF, LC Federal nº
80/1994 e artigos 179, 180 e 181 da CE, LC Estadual nº 169/2016).

Art. 179 - A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado,


incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a
orientação jurídica integral e gratuita, a postulação e a defesa, em todos os graus e instâncias,
judicial e extrajudicialmente, dos direitos e interesses individuais e coletivos dos necessitados, na
forma da lei.

§ 1º - À Defensoria Pública são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de


sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e
subordinação ao disposto no artigo 152, § 2º. Redação dada pela Emenda Constitucional nº 37, de
31.05.06.
A - Conceitos de Controle Interno e Externo da administração Pública

A.9 - Controle de Constitucionalidade e de legalidade pelo Tribunal de Justiça e pelos


Tribunais Superiores (STF e STJ). STF-Art. 101 a 103 e STJ e art. 104 e 105 da CF.

A.10 - Controle das Concessões de Serviços Públicos do Estado pelas Agências Reguladoras
de Serviços de transportes aquaviários, ferroviários, metroviários e rodoviários -
AGETRANSP (Lei4555/2005) e de energia e saneamento – AGENERSA (Lei nº 4556/2005),
além do DETRO – Lei nº 1.221/87 de 06/11/87
B - Contabilidade Pública

De acordo com o art. 70 da Constituição Federal, a fiscalização é composta por três


elementos/ aspectos, quais sejam:

▪ Legalidade – O cumprimento dos requisitos normativos para a verificação do gasto


público;
▪ Legitimidade – Mede a eficiência do gasto público no atendimento ao bem-estar da
população;
▪ Economicidade - é o respeito à melhor relação custo-benefício, em que não implique
no desperdício dos recursos do Estado.
B - Contabilidade Pública

DESPESA
Fiscalização da Despesa
A despesa orçamentária pública é o
conjunto de dispêndios realizados pelos A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF),
em seus artigos 15,16 e 17, estabelece que
entes públicos para o funcionamento e
serão consideradas não autorizadas,
manutenção dos serviços públicos
irregulares e lesivas ao patrimônio público
prestados à sociedade. Os dispêndios, qualquer geração de despesa (art.15) que
assim como os ingressos, são tipificados não esteja acompanhada de estimativa do
em orçamentários e extraorçamentários. impacto orçamentário-financeiro nos três
Segundo o art. 35 da Lei nº 4.320/1964: primeiros exercícios de sua vigência (art.
16, I, II), da sua adequação orçamentária e
Pertencem ao exercício financeiro: financeira com a LOA, o PPA e a LDO
(art.16, §1º) e, no caso de despesa
I - as receitas nele arrecadadas; obrigatória de caráter continuado, de suas
II - as despesas nele legalmente medidas compensatórias (art.17, §1º).
empenhadas.
B - Contabilidade Pública

RESTOS A PAGAR*

São Restos a Pagar todas as despesas regularmente empenhadas, do exercício


atual ou anterior, mas não pagas até 31 de dezembro do exercício financeiro
vigente.

Distingue-se dois tipos de restos a pagar: os processados (despesas já liquidadas);


e os não processados (despesas a liquidar ou em liquidação).

A inscrição de restos a pagar deve observar as disponibilidades financeiras e


condições da legislação pertinente, de modo a prevenir riscos e corrigir desvios
capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, conforme estabelecido na Lei
de Responsabilidade Fiscal (LRF).
B - Contabilidade Pública

Restos a Pagar Não Processados (RPNP)

Serão inscritas em restos a pagar não processados as despesas não liquidadas

Restos a Pagar Processados (RPP)

Serão inscritas em restos a pagar processados as despesas liquidadas e não


pagas no exercício financeiro, ou seja, aquelas em que o serviço, a obra ou o
material contratado tenha sido prestado ou entregue e aceito pelo contratante,
nos termos do art. 63 da Lei nº 4.320/1964.

Neste caso, em geral, não podem ser cancelados, tendo em vista que o
fornecedor de bens ou serviços satisfez a obrigação de fazer e a Administração
conferiu essa obrigação. Portanto, não poderá deixar de exercer a obrigação de
pagar, salvo motivo previsto na legislação pertinente.
B - Contabilidade Pública

DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES (DEA)

De acordo com o § 2º do Art. 22 do Decreto 93.872/86, considera-se Despesas de


Exercícios Anteriores, aquelas:

• Despesas que não tenham sido empenhadas em época própria – aquelas cujo o
empenho tenha sido considerado insubsistente e anulado no encerramento do
exercício correspondente, mas que, dentro do prazo estabelecido o credor tenha
cumprido sua obrigação;

• Restos a Pagar com prescrição interrompida – a despesa cuja inscrição em


Restos a Pagar tenha sido cancelada, mas em relação à qual ainda vige o direito do
credor;

• Compromisso reconhecido após o encerramento do exercício – a obrigação de


pagamento criada em virtude de lei, mas somente reconhecido o direito do
reclamante após o encerramento do exercício correspondente.
B- Contabilidade Pública

RECEITA Fiscalização da Receita

Representa a disponibilidade de A instituição, previsão e a efetiva arrecadação de todos


recursos financeiros que ingressam os tributos é ressaltada pelo texto da LRF como
durante o exercício e que aumentam o requisito essencial da responsabilidade na gestão
saldo financeiro da instituição. fiscal*. O descumprimento dessa norma terá como
consequência a imediata suspensão das transferências
Instrumento por meio do qual se voluntárias ao ente público que se mostrar negligente
viabiliza a execução das políticas nessa questão.
públicas, as receitas orçamentárias são
fontes de recursos utilizadas pelo Para a sua previsão, além de observar as normas
Estado em programas e ações cuja técnicas e legais e a respectiva metodologia de cálculo,
finalidade é atender às necessidades as estimativas da receita devem estar acompanhadas de
públicas e demandas da sociedade. demonstrativo da sua evolução, nos três anos anteriores
e nos dois seguintes àquele a que se referirem.
A Lei nº 4.320/64, representa o marco Permanece também o mandamento constitucional que
fundamental da classificação da receita somente admite reestimativa de receita, pelo Poder
pública orçamentária. Legislativo, nos casos de erro ou omissão, de ordem
técnica ou legal.*
B - Contabilidade Pública

INCENTIVOS FISCAIS

Os incentivos fiscais tributários podem implicar desoneração ou renúncia de receita quando


aumentam o crédito ou reduzem o débito de ICMS de uma empresa. Desse modo, na apuração
do imposto a ser pago pela empresa que usufrui de desoneração fiscal, o valor devido será
menor do que seria caso não houvesse o incentivo.

Tributários – São aqueles que reduzem a carga tributária, em sua maioria, de empresas novas
ou em expansão, não implicando necessariamente a redução da arrecadação da cadeia produtiva
e, nem mesmo, a redução de arrecadação da própria empresa incentivada.

Financeiros – São aqueles que representam financiamento, sendo utilizados para apoiar a
implantação de empreendimentos, em sua maioria de grande porte, não causando impacto
negativo sobre o Tesouro estadual.
B - Contabilidade Pública

A Lei de Responsabilidade Fiscal, no Capítulo III - Da Receita Pública, Seção II - Da


Renúncia de Receita, trouxe no art. 14 um conceito para a renúncia, além de estipular
requisitos para os entes federados concederem incentivos fiscais:

Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual


decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-
financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao
disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições:

I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita


da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais
previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por
meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de
cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.

§ 1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de


isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que
implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que
correspondam a tratamento diferenciado.
B - Contabilidade Pública
Diferimento: Trata-se, a rigor, da postergação
do pagamento do tributo. Ou seja, transfere a
obrigação de recolher o imposto para momento
futuro e, em certas ocasiões, de forma
- Modalidades de incentivo englobada com outras incidências.
Concessão de crédito presumido: Envolve a Isenção: Consiste na dispensa legal do
outorga de um crédito que vai além do valor de pagamento de tributo, impedindo o lançamento
ICMS efetivamente pago na operação anterior. e, consequentemente, a constituição do crédito
Trata-se de mecanismo aplicável apenas aos tributário;
tributos não-cumulativos, ou seja, sujeitos à Prorrogação: A prorrogação de prazo de
sistemática de compensação de débito e crédito pagamento é uma espécie de alteração do prazo
(ICMS, IPI, PIS/COFINS). de vencimento do tributo, que ocorre antes de
extinto o prazo original.
Redução de base de cálculo: Consiste na
*O controle do desempenho dos incentivos redução do montante utilizado como base para
fiscais concedidos está definido na Lei estadual a aplicação da alíquota, influenciando no valor
nº 8.845/2019 – que dispõe sobre a exigência de total devido.
Metas fiscais Orçamentárias Anuais para a Inexigibilidade de estorno: A não exigência da
avaliação dos programas de incentivos fiscais e realização do estorno do crédito tomado pelo
financeiros no âmbito do ERJ. sujeito na aquisição de serviço ou mercadoria
que ingresse em seu estabelecimento, quando
este último é beneficiário de algum tipo de
incentivo.
C - Gestão Financeira

A atividade financeira do Estado A administração financeira dos órgãos públicos


se realiza a partir da obtenção da baseia-se na Lei Federal nº 4.320/1964, que
receita pública, execução da estatui normas gerais de direito financeiro,
controle dos orçamentos e balanços da União, dos
despesa pública e gestão do
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, na
orçamento público (elaboração,
Lei Estadual nº 287/79 que cria o Código de
aprovação e controle). As Administração Financeira e Contabilidade
finanças da Administração Pública do ERJ e na Lei Complementar n.
Pública são regidas por regras 101/2000, denominada Lei de Responsabilidade
orçamentárias visando maior Fiscal - LRF, que estabelece normas de finanças
controle e transparência, tanto na públicas voltadas para a responsabilidade na
arrecadação quanto na aplicação gestão fiscal. Faz parte ainda do conjunto
dos recursos públicos. normativo de orçamento público, o Plano
Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual
(LOA), cujo conteúdo geral está estipulado na
Constituição Federal.
C - Gestão Financeira

A gestão financeira, em termos gerais, envolve o controle e a operação do ciclo


(orçamento - contabilidade - auditoria), inserida em um ciclo maior de gestão e
políticas públicas – reparação e planejamento, tomada de decisão,
implementação, controle, avaliação e monitoramento.

A gestão orçamentária envolve:

i) o processo de estabelecimento das metas orçamentárias;


ii) o processo de elaboração e uso de orçamentos; e,
iii) o controle orçamentário.
D - Estado e Sociedade
Poder Político Soberano: expressa-se como
ordenamento jurídico impositivo (o conjunto das
Estado se constitui como normas e leis que regulam o convívio social);
uma organização político-
jurídica da coletividade, Povo: é o conjunto de cidadãos que instituem e ao
objetivando o bem mesmo tempo se subordinam ao poder soberano,
comum. possuindo direitos iguais perante a lei;

São elementos do Estado: Território: inclui o espaço terrestre, aéreo e aquático


e é outro importante elemento do Estado. Mesmo o
território desabitado – onde não há interações sociais
– é parte do Estado, que sobre ele exerce poder
soberano, controlando seus recursos. Ainda que haja
sociedade ou até mesmo nação, quando não há
território controlado pelo poder soberano, não há
Estado;

Governo: corresponde ao núcleo decisório do


Estado, encarregado da gestão da coisa pública.
D - Estado e Sociedade

DEMOCRACIA - É a forma organizacional do Estado, em que a


participação do cidadão é fundamental, numa relação cotidiana entre
pessoas.

Estado Democrático, segue o princípio da soberania popular, pelo qual o


povo é titular do poder constituinte, é o ente que legitima todo o poder
político.

Segundo o art. 1.º da CF 88, constitui-se em uma República Federativa, cujo


fundamento básico estabelece que todo poder emana do povo e, por
consequência, o Estado deve atender as necessidades e demandas sociais.
E - Princípios da Administração Pública

Legalidade - O princípio da legalidade trata-se


Para que o profissionalismo seja da valorização da lei acima dos interesses privados,
garantido por parte dos ou seja, pessoais. Nesse sentido, a administração
servidores públicos e os serviços pública só pode ser exercida se estiver de acordo
prestados atendam aos interesses com as leis, fazendo com que a atuação do
da sociedade, a legislação Executivo concretize somente a vontade geral dos
brasileira na Constituição cidadãos e cidadãs. A ideia é valorizar a cidadania e
Federal de 1988 determina em o interesse coletivo.
seu artigo 37, que a
administração pública direta, Impessoalidade - O princípio da impessoalidade
busca traduzir a noção de que a administração
indireta ou fundacional, de
pública deve tratar todos os cidadãos e cidadãs sem
qualquer dos Poderes do Estado discriminações.
e dos Municípios, obedecerá aos
princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade e
publicidade.
E - Princípios da Administração Pública

Moralidade – O princípio da moralidade obriga os agentes públicos a


atuarem em conformidade com os princípios éticos. Todo
comportamento que vise confundir e/ou prejudicar o exercício dos
direitos por parte da sociedade será penalizado pelo descumprimento
do princípio em questão.

Publicidade – O princípio da publicidade garante a transparência na


administração pública. Não deve ocorrer qualquer tipo de ocultamento
de informações por parte do poder público. É dever de todos os órgãos
e instituições públicas disponibilizarem dados e informações a fim de
honrar a prestação de contas para a sociedade. O sigilo é exceção para
casos de segurança nacional ou outros motivos previstos em lei.

Nesse sentido, a Lei nº 12.527 de 2011 – a Lei de Acesso à


Informação – vem para contemplar e regulamentar o direito
de acesso à informação por parte de todos os cidadãos e
cidadãs.
F - Ética na República e Transparência
República de origem do
latim, res pública = coisa
pública. Trata-se de uma
Não existe um modo correto e simples para se definir o
forma de governo em que o
termo ética, não devendo este significado ficar restrito ao
poder do qual o governante
tempo e espaço, devido a diferentes interpretações e
é investido, é legalmente
alterações que seu entendimento possa ter em decorrência
definido e recebido do
das transformações constantes da evolução humana, que
povo, tendo esse mesmo
passam desde a sua forma de organização social a
governante, a partir de
interação com demais espécies.
então, por um prazo
determinado, a
Uma definição para ética, pode ser visualizada pela ótica
responsabilidade de
da moral, mesmo que tais termos não possam ser
representá-lo, administrando
interpretados como sinônimos, no entanto, a moral pode
a nação e visando atender as
ser entendida como um objeto de estudo da ética, no qual
necessidades e melhores
através dela se busca a compreensão de um conjunto de
interesses desse povo, no
códigos, normas de conduta que são seguidos por um
sentido de buscar o bem
grupo de indivíduos.
comum, através do
desenvolvimento
Ética são princípios duradouros e a moral se altera
econômico e social.
com o tempo. *
O art. 2º da Constituição da República
Federativa do Brasil consagra o princípio
da separação dos poderes: O artigo 2º da Constituição Federal enfatiza tais
princípios:
Art. 2º São Poderes da União, independentes
e harmônicos entre si, o Legislativo, o Harmonia – está expresso no artigo 2º da
Executivo e o Judiciário. Constituição. Significa que os três Poderes devem
ter uma convivência harmônica, ou seja, um deve
Na prática, o que ocorre é a separação das respeitar o outro.
funções estatais, haja vista que o poder do Independência – significa que um Poder não é
Estado é uno, ou seja, um só, não se divide, subordinado ao outro.
não é fracionado. Sendo distinta essas Indelegabilidade– está implícita no artigo 2º e
diferentes funções, fracionadas em: função significa que um poder não pode delegar sua
de legislar, administrar e julgar, todas função a outro, via de regra.
exercidas cada qual por um grupo específico.
O sistema de pesos e contrapesos, basicamente trata-se de uma interferência
recíproca de um Poder no outro. A separação dos poderes, portanto, é uma forma
de descentralizar o poder e evitar abusos, fazendo com que um poder controle o
outro ou, ao menos, seja um contrapeso.

Cada um dos três poderes exerce uma função típica, ou seja, principal, e também
outras funções de forma secundária, que são as funções atípicas. Sinteticamente,
pode-se entender que a teoria das funções típicas e atípicas de cada poder é uma
forma de colaboração e interdependência entre os poderes.
H - Dispositivos de Controle da Execução Orçamentária

LEI COMPLEMENTAR Nº 63/90. Art. 8º- Para os efeitos desta lei, conceituam-se:

Dispõe sobre a Lei Orgânica do Tribunal de I - prestação de contas, o procedimento pelo qual pessoa
Contas do Estado do Rio de Janeiro e dá física, órgão ou entidade, por final de gestão ou por
outras providências. execução de contrato formal, no todo ou em parte,
prestarão contas ao órgão competente da legalidade,
Art. 1º - Ao Tribunal de Contas do Estado do legitimidade e economicidade da utilização dos recursos
Rio de Janeiro, órgão de controle externo, orçamentários e extra-orçamentários, da fidelidade
compete, na forma estabelecida nesta lei: funcional e do programa de trabalho;

I- julgar as contas dos administradores e II - tomada de contas, a ação desempenhada pelo órgão
demais responsáveis por dinheiros, bens e competente para apurar a responsabilidade de pessoa
valores públicos das unidades dos Poderes do física, órgão ou entidade que deixarem de prestar contas
Estado e das entidades da administração e das que derem causa a perda, extravio ou outra
indireta, incluídas as fundações e sociedades irregularidade de que resulte, ou possa resultar, dano, ao
instituídas e mantidas pelo Poder Público erário, devidamente quantificado;
estadual, os fundos e as contas daqueles que
derem causa a perda, extravio ou outra
irregularidade de que resulte dano ao erário;
H - Dispositivos de Controle da Execução Orçamentária

III - tomada de contas especial, a ação Art. 36- Ao Tribunal de Contas compete, na forma
determinada pelo Tribunal ou autoridade estabelecida no Regimento Interno, apreciar as
competente ao órgão central do controle contas prestadas anualmente pelo Governador do
interno, ou equivalente, para adotar Estado, mediante parecer prévio a ser elaborado
providências, em caráter de urgência, nos em 60 (sessenta) dias, a contar de seu recebimento.
casos previstos na legislação em vigor,
para apuração dos fatos, identificação dos § 1º- As contas serão apresentadas pelo
responsáveis e quantificação pecuniária do Governador, concomitantemente, à Assembleia
dano; Legislativa e ao Tribunal, dentro de 60 (sessenta)
dias, após a abertura da sessão legislativa.
IV - irregularidade, qualquer ação ou
omissão contrárias a legalidade, ou à
legitimidade, à economicidade, à moral
administrativa ou ao interesse público.
H - Dispositivos de Controle da Execução Orçamentária

FUNÇÕES TCE - RJ
Função Fiscalizadora: exerce a realização
auditorias e inspeções, que podem ocorrer por
iniciativa do próprio órgão ou a pedido da Função Sancionadora: o TCE-RJ
Assembleia Legislativa. O seu objetivo é apurar poderá aplicar aos administradores que
denúncias em órgãos e entidades estaduais ou descumprirem lei ou ato normativo
programas de Governo, avaliando como está sendo sanções previstas em sua Lei Orgânica.
feita a alocação dos recursos públicos, seja
humano ou de materiais, para que não ocorram Função Judicante: ocorre quando o
fraudes, desperdícios e etc. TCE-RJ julga as contas dos
administradores públicos e outros
Função corretiva: confirmada alguma responsáveis por administrar
irregularidade ou ilegalidade de órgão ou entidade dinheiro, bens públicos, etc. Por
pública, o TCE-RJ estabelecerá prazo para o votação da maioria absoluta de seus
cumprimento da lei. membros, o TCE-RJ poderá aplicar pena
de inabilitação de função de confiança,
Função Normativa: aquela que confere ao TCE- assim como pena de demissão, de
RJ a expedição de instruções e atos normativos. acordo com a lei, no caso de servidor.
Seu cumprimento é obrigatório, sob pena de
responsabilidade do infrator.
I – Improbidade Administrativa Lei nº 8.429/1992 modificada pela Lei nº 14.230/2021

Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de improbidade


administrativa tutelará a probidade na organização do Estado e no
LEI Nº 8.429, DE 2 DE exercício de suas funções, como forma de assegurar a integridade
JUNHO DE 1992 do patrimônio público e social, nos termos desta Lei.(Redação
dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Dispõe sobre as sanções
§ 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as
aplicáveis em virtude da
condutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei,
prática de atos de
ressalvados tipos previstos em leis especiais.(Incluído pela Lei nº
improbidade
14.230, de 2021)
administrativa, de que trata
o § 4º do art. 37 da
§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcançar o
Constituição Federal; e dá
resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não
outras providências.
bastando a voluntariedade do agente.(Incluído pela Lei nº 14.230,
(Redação dada pela Lei nº
de 2021)
14.230, de 2021)
§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de competências
públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito, afasta a
responsabilidade por ato de improbidade administrativa.(Incluído
pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - Improbidade Administrativa Lei nº 8.429/1992 modificada pela Lei nº 14.230/2021

Atos de Improbidade Administrativa que Atos de Improbidade Administrativa que Causam


Importam Enriquecimento Ilícito Prejuízo ao Erário
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que
Art. 9º Constitui ato de improbidade
causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão dolosa,
administrativa importando em
que enseje, efetiva e comprovadamente, perda
enriquecimento ilícito auferir, mediante a
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
prática de ato doloso, qualquer tipo de
dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas
vantagem patrimonial indevida em razão do
no art. 1º desta Lei, e notadamente:
exercício de cargo, de mandato, de função,
de emprego ou de atividade nas entidades
referidas no art. 1º desta Lei, e
notadamente: (Redação dada pela Lei nº
14.230, de 2021) Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra
os Princípios da Administração Pública
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que
atenta contra os princípios da administração pública a ação
ou omissão dolosa que viole os deveres de honestidade, de
imparcialidade e de legalidade, caracterizada por uma das
seguintes condutas: (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
2021).
J – Impeachment – Crime de Responsabilidade

Legislação pertinente:
Art. 52, inciso I e art. 85 da CF; e art. 146 e art.147 da CE. / Lei Federal 1079/50.

CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


Art. 146 - São crimes de responsabilidade os atos do Governador do Estado que atentarem contra
a Constituição da República, a do Estado e, especialmente, contra:
I - a existência da União, do Estado ou dos Municípios;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e do Ministério Público;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País ou do Estado;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único - As normas de processo e julgamento bem como a definição desses crimes
são as estabelecidas por lei federal. *
Legislação pertinente:
Art. 52, inciso I e art. 85 da CF; e art. 146 e art.147 da CE. / Lei Federal 1079/50.

Art. 147 - O Governador do Estado, (admitida a acusação pelo voto de dois terços dos
Deputados), será submetido a julgamento perante o Superior Tribunal de Justiça, nas infrações
penais comuns,( ou perante a Assembleia Legislativa, nos crimes de responsabilidade).
§ 1º - O Governador ficará suspenso de suas funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Superior Tribunal
de Justiça;
* II – nos crimes de responsabilidade, (após a instauração do processo pela Assembleia
Legislativa).
§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o
afastamento do Governador, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
*§ 3º - (Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações penais comuns, o
Governador do Estado não estará sujeito à prisão).
*§ 4º - (O Governador do Estado, na vigência de seu mandato, não pode ser
responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções).
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº. 92, DE 2022

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


D E C R E T A:
§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,
objetivos e metas da administração pública estadual para as despesas de capital e outras delas
Art. 1º O inciso II do artigo 98 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, passará a decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada, observados os objetivos
vigorar com a seguinte redação: estabelecidos no Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico e Social de Estado – PEDES
“Art. 98. (...) e suas priorizações e orientações para as regiões de Estado.
II – Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico e Social de Estado – PEDES, plano
plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito e dívida § 1º-A. O Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico e Social de Estado – PEDES
pública;” compreenderá as missões, os objetivos, as metas, as estratégias e as ações setoriais de médio e
longo prazo do Governo, orientando a elaboração do ciclo orçamentário e o desenvolvimento
Art. 2º O inciso I do Artigo 129 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro passará a econômico e social do Estado através dos eixos prioritários de atuação.
vigorar com a seguinte redação:
“Art. 129. (...) § 1º-B. O Poder Executivo Estadual deverá criar mecanismos e procedimentos para
I – avaliar o cumprimento dos objetivos e das metas previstas no Plano sistematicamente monitorar o desempenho e avaliar a concepção, a implementação e os resultados
Estratégico de Desenvolvimento Econômico e Social de Estado – PEDES e no plano das ações do PEDES, para assegurar que os objetivos estabelecidos sejam alcançados;
plurianual e a execução dos programas de governo e dos orçamentos do Estado;”
§ 1º-C. O Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico e Social de Estado – PEDES, que
Art. 3º O inciso XII do Artigo 145 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro passará a precederá a elaboração do plano plurianual, terá duração de 8 (oito) anos, devendo ser revisado a
vigorar com a seguinte redação: cada 4 (quatro) anos.
“Art. 145. (...)
(...) § 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração
XII – enviar à Assembleia Legislativa o Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico pública estadual, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente,
e Social de Estado – PEDES, o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação
orçamentárias e as propostas de orçamento previstas nesta Constituição; (NR)” tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

Art. 4º Acrescenta inciso e §§ ao Artigo 209 da Constituição do Estado do Rio de janeiro, § 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada
que passará a vigorar com a seguinte redação: bimestre, relatório resumido da execução orçamentária.
“Art. 209. (...)
I – o Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico e Social de Estado – PEDES; § 4º Os planos e programas estaduais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão
II – o plano plurianual; elaborados, revisados e/ou atualizados em consonância com o Plano Estratégico de
III – as diretrizes orçamentárias; Desenvolvimento Econômico e Social de Estado – PEDES e o Plano plurianual e apreciados pela
IV – os orçamentos anuais. Assembleia Legislativa.
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº. 92, DE 2022
§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá: Art. 6º Acrescenta Artigo 214-A à Constituição do Estado do Rio de Janeiro, com a seguinte
I – o orçamento fiscal referente aos Poderes do Estado, seus fundos, órgãos e entidades redação:
da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo “Art. 214. (...)
Poder Público; Art. 214-A. O Estado, para fomentar o desenvolvimento econômico e social, observados os
II – o orçamento de investimento das empresas em que o Estado, direta ou princípios da Constituição da República, irá estabelecer e executar, monitorar e avaliar o
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; Plano Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social de Estado – PEDES, nos termos do
III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela Art. 209 desta Constituição, que será proposto pelo Poder Executivo e aprovado em lei.
vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações
instituídos e mantidos pelo Poder Público. § 1º O Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico e Social de Estado – PEDES terá,
entre outros, os seguintes objetivos:
§ 6º O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado I – o desenvolvimento socioeconômico sustentável e integrado do Estado;
do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, II – a racionalização e a coordenação das ações do Governo do Estado e suas Regiões;
subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. III – o fomento da governança pública e de seus princípios, como a integridade e a
transparência nas ações do Governo;
§ 7º Os orçamentos previstos nos itens I, II e III do § 5º deste artigo, compatibilizados IV – o incremento das atividades produtivas e sustentáveis do Estado;
com o Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico e Social de Estado – PEDES V – a redução das desigualdades sociais e regionais do Estado;
e o plano plurianual terão, entre suas funções, a de reduzir desigualdades inter- VI – a expansão e a modernização do mercado de trabalho;
regionais, segundo critério populacional, socioeconômico e ambiental. VII – o desenvolvimento dos municípios com escassas condições socioeconômicas;
VIII – o desenvolvimento científico e tecnológico, a pesquisa e a inovação, observado o
§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à disposto na Lei nº 9.809, de 22 de julho de 2022, que institui o Sistema Estadual de Ciência,
fixação da despesa, não se incluindo, na proibição, a autorização para abertura de Tecnologia e Inovação;
créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por
antecipação de receita, nos termos da lei.” § 2º O Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico e Social de Estado – PEDES será
elaborado:
Art. 5º O caput do Artigo 210 e seu § 3º da Constituição do Estado do Rio de janeiro I – com ampla participação da sociedade civil e dos Municípios, através de audiências e
passará a vigorar com a seguinte redação: consultas públicas regionalizadas, dentre outros instrumentos que garantam a efetiva
“Art. 210. O Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico e Social de Estado – participação popular e dos entes públicos interessados;
PEDES e os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, II – a partir de simulação que assegure a utilização da ferramenta denominada matriz insumo-
ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pela Assembleia produto (MIP), devidamente associada a um sólido banco de dados adicionado das notas
Legislativa. (NR) fiscais eletrônicas, a fim de sustentar as simulações das atividades econômicas e setoriais;
(...) III – com participação das instituições que integram a comunidade científica do
§ 3º (...) Estado do Rio de Janeiro.”
I – sejam compatíveis com o Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico e
Social de Estado – PEDES, o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias; Art. 7º Esta Emenda Constitucional entrará em vigor na data de sua publicação.
(NR)
(…)” Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, em 3 de novembro de 2022.

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