Em relação ao tema "Separação de Poderes" disserte acerca da adoção
deste princípio pelo ordenamento jurídico brasileiro de 1988, destacando as funções típicas e atípicas exercidas por cada um dos poderes e comentando se o sistema de freios e contrapesos é aplicado aqui.
R: A Constituição Brasileira de 1988 adotou em seu artigo 2º, e como
cláusula pétrea (art. 60 §4º da CRFB/88), a teoria do Barão de Montesquieu quanto à divisão das funções do poder estatal. Esta teoria o divide em três:
1) Executivo (arts.76 a 91 da CRFB/88) – O Poder Executivo consiste nas
ações do Estado, como parte interessada de uma relação jurídica, de atos infralegais destinados a atuar nas atividades descritas na lei. Esse Poder no nível Federal é exercício pelo Presidente da República (art. 76 CRFB/88) e auxiliado pelos Ministros de Estados (art. 8 da CRFB/88), no nível Estadual e Distrital esse Poder é exercido pelos Governadores de Estado e seus Secretários (art. 27 da CRFB/88) e no nível Municipal, pelos Prefeitos e seus Secretários (art. 39 da CRFB/88). O Brasil adota, então, o sistema presidencialista de governo. Ele é caracterizado pela reunião na figura do Presidente da República das funções de Chefe de Estado (representação interna e externa do Estado) e de Chefe de Governo (orientação política interna e condução da máquina pública); 2) Legislativo (arts.44 a 75 da CRFB/88) – Poder responsável pela elaboração das leis em sentido formal, tais sejam, todos os tipos normativos que encontramos no art. 59 da CRFB/88, como também exercer a fiscalização política do Poder Executivo e a fiscalização orçamentária de todos que lidam com as verbas públicas, através do auxílio do Tribunal de Contas da União (arts.71 a 75 da CRFB/88). No nível Federal o Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados (constituída pelos representantes eleitos proporcionalmente pela população) e pelo Senado Federal (que constitui a representação dos Estados-Membros eleitos majoritariamente e igualitariamente no número de três por cada Estado e Distrito Federal). No nível Estadual (art. 28 da CRFB/88) Poder Legislativo é exercido pela Assembleia legislativa e no nível Municipal (art. 29 da CRFB/88) e Distrital (art. 28 da CRFB/ 88) pela Câmara Municipal para o primeiro e pela Câmara Distrital para o segundo. Importante ressaltar ainda os aspectos relacionados às competências do Congresso Nacional, às imunidades dos parlamentares e o processo legislativo brasileiro. O Congresso Nacional possui cinco tipos de competência: a) Legislativa – elaborar, discutir e votar projetos de leis sujeitos à sanção ou veto do Presidente da República; b) Fiscalização e controle da administração pública direta e indireta; c) Julgamentos dos crimes de responsabilidade (arts.85 e 86 da CRFB/88) do Presidente da República e autoridades federais, conforme os arts.51 e 52 da CRFB/88); d) Constituintes – exercício de poder constituinte derivado, ou seja, a aprovação de emendas constitucionais (art.60 da CRFB/88); e) Deliberativas – competências exclusivas e privativas do Congresso Nacional não sujeitas à sanção ou veto do Presidente da República (arts.49, 51 e 52 da CRFB/88). Segundo Celso Ribeiro Bastos as imunidades parlamentares (arts.28, 29, VIII e 53 da CRFB/88) “representam elemento preponderante para a independência do Poder Legislativo. São prerrogativas, em face do direito comum, outorgadas pela Constituição aos membros do Congresso para que estes possam ter bom desempenho de suas funções”. BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 21 ed. São Paulo: Saraiva, 2000. As imunidades dividem-se em duas espécies: material, real ou substantiva, que protege os parlamentares da prática de crime e de responsabilidade civil por suas palavras, votos e opiniões no exercício de suas funções (caput, do art. 53 da CRFB/88) e a imunidade processual, formal ou adjetiva que traz garantias processuais penais aos parlamentares (§§ 1º ao 5o do art. 53 da CRFB/88). 3) Judiciário (arts.92 a 126 da CRFB/88) – O Poder Judiciário tem como função típica a aplicação da lei aos casos em concreto, o chamado papel jurisdicional do Estado, e estrutura a sua atividade sobre três importantes princípios: inércia (o poder só se manifesta mediante provocação), devido processo legal (o judiciário deve observar sempre as formalidades legais) e ampla defesa e contraditório (o judiciário deve fornecer todos os meios para defesa dos interesses e igualdade de oportunidade de manifestação às partes).
Os órgãos do Poder Judiciário no Brasil encontram -se no art. 92 da
CRFB/88 e essa Justiça possui uma bifurcação de competências que faz coexistir uma Justiça Federal que se divide em Justiça Federal Comum, Justiça Militar Federal, Justiça Eleitoral e Justiça do Trabalho e, Justiça Estadual. Art. 92 da CRFB/88 – São órgãos do Poder Judiciário: I. Supremo Tribunal Federal (arts.101/103 da CRFB/88);
I-A . Conselho Nacional de Justiça (art. 103-B da CRFB/88);
II . O Superior Tribunal de Justiça (arts.104/105 da CRFB/88); III . Os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais (arts.106 /110 da CRFB/88); IV. Os Tribunais e Juízes do Trabalho (arts.111/117 da CRFB/88); V. Os Tribunais e Juízes Eleitorais (arts.118/121 da CRFB/88); VI. Os Tribunais e Juízes Militares (arts.122/124 da CRFB/88); VII. Os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios (arts.125/126 da CRFB/88). Importante ressaltarmos ainda, as garantias do Poder Judiciário. Este Poder possui duas espécies de garantias: as chamadas garantias institucionais e as garantias de órgãos ou funcionais. As garantias institucionais costumam ser divididas em autonomia administrativa (art. 96 da CRFB/88) e autonomia financeira (art. 99 § 1o e 168 da CRFB/88) e pretendem balizar a independência deste poder. Já as garantias de órgãos (art.95 da CRFB/88) dividem-se em garantias de independência de f unção (que são atribuídas aos membros, tais sejam, vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios) e as garantias de imparcialidade dos órgãos (que se dirigem às vedações do § único do art.95 da CRFB/88).
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