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Ciência Política e Teoria do Estado – ARA- 0192

CASO CONCRETO – AV1

Estudo de Caso (total 4 pontos).

Em relação ao tema "Separação de Poderes" disserte acerca da adoção


deste princípio pelo ordenamento jurídico brasileiro de 1988, destacando as
funções típicas e atípicas exercidas por cada um dos poderes e comentando
se o sistema de freios e contrapesos é aplicado aqui.

R: A Constituição Brasileira de 1988 adotou em seu artigo 2º, e como


cláusula pétrea (art. 60 §4º da CRFB/88), a teoria do Barão de
Montesquieu quanto à divisão das funções do poder estatal. Esta teoria o
divide em três:

1) Executivo (arts.76 a 91 da CRFB/88) – O Poder Executivo consiste nas


ações do Estado, como parte interessada de uma relação jurídica, de atos
infralegais destinados a atuar nas atividades descritas na lei. Esse Poder no
nível Federal é exercício pelo Presidente da República (art. 76 CRFB/88) e
auxiliado pelos Ministros de Estados (art. 8 da CRFB/88), no nível
Estadual e Distrital esse Poder é exercido pelos Governadores de Estado
e seus Secretários (art. 27 da CRFB/88) e no nível Municipal, pelos
Prefeitos e seus Secretários (art. 39 da CRFB/88).
O Brasil adota, então, o sistema presidencialista de governo. Ele é
caracterizado pela reunião na figura do Presidente da República
das funções de Chefe de Estado (representação interna e externa do Estado)
e de Chefe de Governo (orientação política interna e condução da máquina
pública);
2) Legislativo (arts.44 a 75 da CRFB/88) – Poder responsável pela
elaboração das leis em sentido formal, tais sejam, todos os tipos normativos
que encontramos no art. 59 da CRFB/88, como também exercer a
fiscalização política do Poder Executivo e a fiscalização orçamentária de
todos que lidam com as verbas públicas, através do auxílio do Tribunal de
Contas da União (arts.71 a 75 da CRFB/88).
No nível Federal o Poder Legislativo é exercido pelo Congresso
Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados (constituída pelos
representantes eleitos proporcionalmente pela população) e pelo Senado
Federal (que constitui a representação dos Estados-Membros eleitos
majoritariamente e igualitariamente no número de três por cada Estado e
Distrito Federal).
No nível Estadual (art. 28 da CRFB/88) Poder Legislativo é exercido pela
Assembleia legislativa e no nível Municipal (art. 29 da CRFB/88) e
Distrital (art. 28 da CRFB/ 88) pela Câmara Municipal para o primeiro e
pela Câmara Distrital para o segundo.
Importante ressaltar ainda os aspectos relacionados às competências do
Congresso Nacional, às imunidades dos parlamentares e o processo
legislativo brasileiro.
O Congresso Nacional possui cinco tipos de competência:
a) Legislativa – elaborar, discutir e votar projetos de leis sujeitos à sanção
ou veto do Presidente da República;
b) Fiscalização e controle da administração pública direta e indireta;
c) Julgamentos dos crimes de responsabilidade (arts.85 e 86 da CRFB/88)
do Presidente da República e autoridades federais, conforme os arts.51
e 52 da CRFB/88);
d) Constituintes – exercício de poder constituinte derivado, ou seja, a
aprovação de emendas constitucionais (art.60 da CRFB/88);
e) Deliberativas – competências exclusivas e privativas do Congresso
Nacional não sujeitas à sanção ou veto do Presidente da República (arts.49,
51 e 52 da CRFB/88).
Segundo Celso Ribeiro Bastos as imunidades parlamentares (arts.28, 29,
VIII e 53 da CRFB/88) “representam elemento preponderante para a
independência do Poder Legislativo. São prerrogativas, em face do direito
comum, outorgadas pela Constituição aos membros do Congresso
para que estes possam ter bom desempenho de suas funções”. BASTOS,
Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 21 ed. São Paulo: Saraiva,
2000. As imunidades dividem-se em duas espécies: material, real ou
substantiva, que protege os parlamentares da prática de crime e de
responsabilidade civil por suas palavras, votos e opiniões no exercício de
suas funções (caput, do art. 53 da CRFB/88) e a imunidade processual,
formal ou adjetiva que traz garantias processuais penais aos parlamentares
(§§ 1º ao 5o do art. 53 da CRFB/88).
3) Judiciário (arts.92 a 126 da CRFB/88) – O Poder Judiciário tem como
função típica a aplicação da lei aos casos em concreto, o chamado papel
jurisdicional do Estado, e estrutura a sua atividade sobre três importantes
princípios: inércia (o poder só se manifesta mediante provocação), devido
processo legal (o judiciário deve observar sempre as formalidades legais) e
ampla defesa e contraditório (o judiciário deve fornecer todos os meios
para defesa dos interesses e igualdade de oportunidade de manifestação às
partes).

Os órgãos do Poder Judiciário no Brasil encontram -se no art. 92 da


CRFB/88 e essa Justiça possui uma bifurcação de competências que
faz coexistir uma Justiça Federal que se divide em Justiça Federal
Comum, Justiça Militar Federal, Justiça Eleitoral e Justiça do Trabalho
e, Justiça Estadual.
Art. 92 da CRFB/88 – São órgãos do Poder Judiciário:
I. Supremo Tribunal Federal (arts.101/103 da CRFB/88);

I-A . Conselho Nacional de Justiça (art. 103-B da CRFB/88);


II . O Superior Tribunal de Justiça (arts.104/105 da CRFB/88);
III . Os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais (arts.106
/110 da CRFB/88);
IV. Os Tribunais e Juízes do Trabalho (arts.111/117 da CRFB/88);
V. Os Tribunais e Juízes Eleitorais (arts.118/121 da CRFB/88);
VI. Os Tribunais e Juízes Militares (arts.122/124 da CRFB/88);
VII. Os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e
Territórios (arts.125/126 da CRFB/88).
Importante ressaltarmos ainda, as garantias do Poder Judiciário.
Este Poder possui duas espécies de garantias: as chamadas garantias
institucionais e as garantias de órgãos ou funcionais. As garantias
institucionais costumam ser divididas em autonomia administrativa (art.
96 da CRFB/88) e autonomia financeira (art. 99 § 1o e 168 da CRFB/88)
e pretendem balizar a independência deste poder. Já as garantias de
órgãos (art.95 da CRFB/88) dividem-se em garantias de independência
de f unção (que são atribuídas aos membros, tais sejam, vitaliciedade,
inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios) e as garantias de
imparcialidade dos órgãos (que se dirigem às vedações do § único do
art.95 da CRFB/88).

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