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A Pérola do Dragão

Trigêmeos Tritões 03
Casper Graham

Gavin Barton, um shifter dragão de água, e Caspian Pelagius,


um tritão, têm uma atração instantânea. Não demora muito para que
acasalem. Eles começam a sair em encontros depois. Estão fazendo
tudo ao contrário, mas funciona para eles. Então, o povo sombra
ataca aleatoriamente. Gavin tenta não mostrar sua preocupação
avassaladora por seu companheiro na superfície, mas com os
ataques constantes, está começando a ceder. Ele comete o erro de
querer usar Baltic, o irmão mais novo de Caspian, como uma arma,
racionalizando-o como uma tentativa de lidar com o povo sombra e
proteger seu companheiro simultaneamente.
Caspian não está nada impressionado. Ele ama Gavin. Está
ciente de que Gavin pode ser excessivamente espontâneo às vezes.
Faz os encontros divertidos. No entanto, Gavin não leva em conta a
segurança e a saúde mental de Baltic ao planejar uma retaliação
contra o povo sombra.
Os dois companheiros podem resolver as coisas entre eles?
Ou as diferenças em suas opiniões os separarão?
Capítulo Um

Gavin Barton, o shifter dragão da água, não conseguia se


lembrar de uma época em seus milhares de anos de existência
quando se apaixonou por outro ser, seja sobrenatural ou não, em
um ritmo tão rápido. Na verdade, foi instantâneo. Parecia que todo
o sangue de seu corpo correu em direção ao seu pênis naquele
momento. Não ficaria surpreso se seu pênis tivesse explodido em
segundos depois de endurecer. Ele latejava e doía como nunca antes.
Ele tinha uma natureza despreocupada, o que demonstrava sua
apatia em relação a qualquer tipo de compromisso, incluindo estar
amarrado a algo tão mundano e bobo como ter um trabalho estúpido
como todos aqueles mortais comuns.
Essa era a razão pela qual não conseguia compreender
porque seu melhor amigo, Edwin Barrett, o shifter fênix, decidiu ter
uma padaria e porque seu outro melhor amigo, Jefferson Workman,
o elfo, achou necessário se tornar um curandeiro. Os três eram
imortais e cada um possuía uma tonelada de antiguidades preciosas
e inestimáveis ao longo dos anos. Eram ricos além do que aquelas
pequenas mentes humanas poderiam imaginar. Certo, sentia uma
sensação de tédio de vez em quando, mas não era o suficiente para
deixá-lo louco a ponto de adquirir uma ocupação para preencher seu
tempo. Não que estivesse sem rumo e livre o tempo todo. Fez
investimentos fantásticos com sua riqueza, e todos foram bem-
sucedidos. Tinha tanto dinheiro que não sabia o que fazer com ele.
De vez em quando, visitava a padaria de Edwin ou a
casa/clínica de Jefferson apenas para passar o tempo, mas não tinha
feito isso recentemente. Se sentia meio estranho em relação a Edwin
em particular. Não tiveram um desentendimento. Tinham sido
melhores amigos por muito tempo para que algo pudesse prejudicar
sua amizade. Simplesmente não queria conseguir um lugar na
primeira fila para os comportamentos amorosos de Edwin em relação
a Drake Pelagius, o companheiro do shifter fênix, que por acaso era
um tritão. Objetivamente, poderia dizer que Drake era etéreo e
bonito além de comparação, mas aquele tritão era muito sério. Gavin
nunca poderia se imaginar se estabelecendo com alguém como
Drake. Isso o deixaria louco. Não que jamais ousasse se colocar entre
Edwin e Drake. Pode ser o melhor amigo de Edwin, mas o shifter
fênix era feroz e poderoso, para não mencionar ciumento e
possessivo pra caralho. Gavin adorava muito estar vivo. Edwin iria
matá-lo se olhasse para Drake do jeito errado.
Poderia ter ido para a casa de Jefferson, mas o elfo estava
ansiando por um tritão que só encontrou uma vez do lado de fora da
biblioteca pública, que acabou por ser Baltic Pelagius, um dos
trigêmeos Pelagius e irmão mais novo de Drake. Toda a situação era
absurda. Sabia que Jefferson adorava ler, mas foi hilário para ele
quando descobriu que o elfo poderia ter encontrado seu companheiro
em potencial fora da biblioteca pública. Foi um encontro tão fatídico
para seu amigo ávido leitor se apaixonar por outro ávido leitor. Por
mais feliz que estivesse em nome de Jefferson, não suportava ficar
perto do elfo por um longo período de tempo agora. Edwin
apaixonado já era horrível o suficiente. Jefferson era muito pior.
Gavin tinha um forte pressentimento de que seria o único homem
solteiro que restaria em breve dos três.
Costumava pensar neles como “os três mosqueteiros”. Num
futuro próximo, iria mais do que provavelmente se transformar num
solitário Casanova, rondando a terra pelo próximo homem ou mulher
para levar para sua cama para algumas rodadas de uma boa e velha
foda. Ou também podem ir para outros lugares. Não se importava.
Ele era fácil assim. Ficaria solteiro para sempre. Não havia nenhuma
maneira no inferno que iria se amarrar a uma pessoa, não quando
havia incontáveis homens e mulheres lá fora para foder. Não gostava
de ficar sobrecarregado com um trabalho quase tanto quanto odiava
a ideia de estar comprometido com uma pessoa pelo resto de sua
existência. No entanto, não contava com Caspian Pelagius, o mais
velho dos trigêmeos Pelagius.
Caspian, Drake e Baltic eram trigêmeos com cabelo loiro
platinado. Eram bastante baixos e magros, medindo um metro e
sessenta e cinco e pesando setenta e cinco quilos. No entanto,
enquanto Drake tinha aqueles olhos cinza prateados cativantes e
Baltic tinha aqueles olhos azuis gelados atraentes, Gavin não
conseguia desviar o olhar dos olhos âmbar de Caspian que o
lembravam de mel ou uísque quando avistou o tritão pela primeira
vez durante uma missão de resgate. Todos os três irmãos Pelagius
foram atacados e sequestrados por Miranda, uma sereia anciã que
se transformou em uma siren maligna.
Quando se juntou a Edwin e Jefferson para salvar os três
tritões, nunca esperava encontrar seu futuro companheiro entre eles,
levou apenas um olhar para Caspian para saber que havia
encontrado seu companheiro em potencial. Se lembrou de segurar a
respiração e o seu pênis latejando forte dentro de sua calça enquanto
olhava nos olhos de Caspian e para os lábios pecaminosos e sensuais
do tritão. Mesmo que todos os três irmãos fossem realmente bonitos,
não teve a mesma reação sexual em relação a Baltic e Drake.
Caspian era um assunto totalmente diferente. Havia apenas algo
sobre Caspian que Gavin não conseguia se livrar. Não que quisesse.
Tinha certeza de que os anjos deviam ter abençoado os trigêmeos
de alguma forma com aparências tão atraentes e amáveis,
especialmente Caspian. Não podia acreditar em sua sorte quando
Caspian retribuiu seus sentimentos. Agora, estava prestes a
reivindicar Caspian como seu companheiro. Nem mesmo considerou
levar o tritão para um encontro primeiro. Estava desesperado para
marcar Caspian como seu companheiro. Era o tipo de obsessão
ardente que nunca experimentou em toda a sua existência.
— Porra — Sussurrou quando Caspian empurrou contra ele.
Estava deitado nu em cima de um Caspian igualmente nu na
cama do tritão, beijando seu futuro companheiro e esfregando seus
pênis pulsantes juntos. Isso o levou a um estado de frenesi quase
selvagem e luxúria incontrolável quando Caspian soltou esses suaves
gemidos e suspiros enquanto o tritão estava devolvendo seu beijo
com uma paixão desenfreada. Não tinha a intenção de fazer sexo
com Caspian quando chegou à casa que o tritão compartilhava com
seus irmãos. Iria convidar Caspian para um encontro, mas não
conseguiu resistir à tentação, especialmente quando o tritão parecia
tão atraído e ansioso quanto ele.
Começaram assistindo TV na sala de estar. Rapidamente se
transformou em uma sessão casta de carinho. Conforme os minutos
passavam, começaram a se aproximar ainda mais um do outro no
sofá. Não protestou quando Caspian se inclinou em sua direção para
um beijo. Não muito tempo depois, acabaram nus na cama de
Caspian, o que os levou para onde estavam no momento. Ansiava
enfiar seu pênis na bunda de Caspian, mas o sexo acabaria muito
cedo se fizesse isso. Queria provar a pele de Caspian e cada gota de
suor no corpo do tritão. Ansiava pelo delicioso pênis de Caspian
dentro de sua boca. Também precisava lamber a bunda de Caspian,
desesperado para saborear o sabor único do tritão de um lugar que
ninguém mais havia experimentado antes.
Afinal, sereianos eram famosos por sua pureza. Uma parte
sua estava se sentindo presunçoso porque sabia que seria o primeiro
e único a ver Caspian se contorcendo e implorando para ser fodido.
Seu pênis conseguiria penetrar a bunda virginal de Caspian. Mais
importante ainda, não haveria outro homem ou mulher depois dele.
Caspian só faria sexo com ele pelo resto da eternidade. Não que
Gavin gostasse de pensar em alguém tocando Caspian. O tritão se
tornaria seu companheiro em questão de minutos.
Foi capaz de compreender melhor os instintos protetores e
possessivos de Edwin e Jefferson em relação a Drake e Baltic,
respetivamente, no momento. O pensamento perdido de alguém que
não seja ele colocando seu dedo imundo em Caspian o deixou furioso
e com ciúmes. Teve que conter a raiva dentro dele. Era esmagador
e assustador como se sentia furioso e lívido.
— Gav, por favor.
— Shh. Paciência, meu amor.
Tendo dito isso, deslizou para baixo, arrastando a língua pelo
queixo e pescoço de Caspian. Lambeu e cheirou o pescoço de
Caspian. Como um tritão, Caspian carregava o cheiro salgado da
água do mar, mas Gavin ainda podia sentir o cheiro do suor de seu
amante. Era inebriante. Se moveu ainda mais para baixo, circulando
a língua em torno de cada um dos mamilos de Caspian. Seu pênis se
esticou e endureceu ainda mais quando Caspian grunhiu embaixo
dele.
— Gav, eu preciso... preciso de você.
Olhou em direção ao rosto de Caspian.
— Um pouco mais, bebê.
Caspian balançou a cabeça.
— Eu quero... eu quero seu... seu pênis.
Gavin teve que apertar os dentes ao ver seu companheiro
adoravelmente corado, mas não pronunciou uma única palavra. Em
vez disso, se reorganizou para que os dois estivessem agora deitados
de lado na posição sessenta e nove. No momento em que Caspian
agarrou seu pênis, Gavin mergulhou no pênis de seu amante,
engolindo-o ao máximo. Chupou forte e suave, alternando as
sensações e na esperança de empurrar o tritão mais perto da borda.
Também brincou com as bolas de Caspian, usando a língua e boca
para brincar com elas. Estava tão focado em dar prazer a Caspian
que demorou um pouco para perceber que o tritão não tinha feito
nada além de acariciar seu pênis. Se afastou das bolas de Caspian e
virou para o tritão.
— Bebê, o que foi?
Caspian mordeu o lábio inferior em óbvio embaraço.
— Eu... eu não sei como fazer o que você fez com meu...
meu pênis.
Gavin riu um pouco antes de estender a mão para a
bochecha direita de Caspian e acariciá-la.
— Deixe-me guiá-lo então. Vou te dizer o que gosto. Você
pode colocar a língua para fora e lamber o topo do meu pênis?
Sibilou de surpresa e alegria quando a incrível sensação de
ter a língua de Caspian na fenda de seu pênis enviou uma onda
poderosa de prazer por todo o seu ser. Continuou observando a
lambida hesitante de seu amante por um tempo. Foi a visão mais
incrível de toda a sua existência, ter seu pênis vazando nas mãos de
Caspian enquanto o tritão estava usando a língua nele. Caspian
sorriu um pouco para ele antes de se afastar.
— Posso tentar colocar seu pênis na minha boca?
Gavin engoliu em seco e acenou com a cabeça sem palavras.
Caspian não precisava pedir permissão a ele. Estava mais do que
disposto a permitir que Caspian fizesse qualquer coisa com ele. Fez
o seu melhor para relaxar quando Caspian engoliu a cabeça do pênis.
Havia muitos dentes. Mesmo sem seu conhecimento prévio sobre
sereianos, saberia imediatamente que Caspian era inexperiente e
virgem em termos de sexo. No entanto, enquanto Caspian mamava
a cabeça como um pirulito, pensou que era a melhor sensação que
já teve. Pode ter sido tendencioso e cego por sua obsessão e
sentimento profundo e instantâneo por Caspian, mas isso não
importava.
Não pensou muito sobre a situação. Em vez disso, tentou
desfrutar da sensação de receber um boquete maravilhoso de
Caspian. Não que ainda tivesse muito poder no cérebro. Todo o
sangue em seu corpo parecia estar concentrado dentro de seu pênis
latejante no momento. Foi tirado de seu devaneio quando ouviu
Caspian engasgando e tossindo de repente. Disparou seus olhos para
Caspian e passou os dedos pela bochecha direita do tritão, esperando
que seu amante pudesse respirar corretamente novamente.
— Não tente tomar meu pênis de uma vez, bebê. Não quero
me gabar nem nada, mas é muito maior do que o pênis da maioria
dos homens. Basta colocar o máximo que puder dentro da boca.
Caspian corou e assentiu.
— OK.
Então, Caspian sorriu para ele antes de retornar ao seu
pênis. Gavin observou por mais um momento antes que o desejo de
chupar o pênis de Caspian se tornasse demais. Pelos próximos
momentos, ele e Caspian chuparam o pênis um do outro. De vez em
quando, pressionava o dedo na bunda de Caspian. Podia sentir o
quão úmido e escorregadio estava o ânus de Caspian. Estava ciente
de que os tritões se auto lubrificavam se estivessem prestes a
acasalar com outro macho. Acrescentou o segundo e o terceiro dedo
quando considerou que estava solto o suficiente. Teve que empurrar
o quarto dedo, também, porque estava ciente que a circunferência
de seu pênis seria demais para o tritão lidar sem uma preparação
adequada.
Depois do que pareceram horas, não podia esperar muito
mais tempo. Tinha que enterrar seu pênis dentro da bunda de
Caspian. Puxou seu pênis para longe da boca de Caspian e instruiu
seu amante a deitar de costas na cama. Então, apoiou-se nos
cotovelos bem em cima de Caspian e pressionou seus lábios juntos.
Ficou surpreso quando sentiu as pernas de Caspian enroladas em sua
cintura. Se afastou do beijo e olhou nos olhos de Caspian.
— Bebê, última chance de recuar.
Caspian balançou a cabeça.
— Tenho certeza que você é o companheiro certo para mim.
Gavin fechou os olhos.
— Nós só nos encontramos uma vez quando te resgatei do
covil de Miranda. Então, na segunda vez, fui nomeado um dos
membros do conselho encarregado de todos os seres sobrenaturais
da água para substituir Miranda. Nós nem saímos ainda. Como pode
ter certeza?
— Eu só tenho. Quero que você tire minha virgindade.
Marque-me com o seu esperma.
Gavin tremeu ao ouvir o convite.
— Eu... estou honrado, bebê. Prometo que vou amar e
cuidar de você pela eternidade. Você estará sob minha proteção.
Sempre.
Caspian sorriu para ele.
— Confio em você. Estou pronto. Faça isso agora.
Gavin agarrou seu pênis e usou sua magia de água para
alisá-lo antes de empurrar na bunda de Caspian, embora a bunda do
tritão produzisse mais do que suficiente lubrificante por dentro. Sabia
que seu pênis era enorme. Queria minimizar a dor da penetração
pelo bem de Caspian. Segurou seu pênis em seu punho e empurrou
contra o ânus de Caspian. Ou pelo menos tentou fazer isso. No
entanto, a entrada de Caspian era muito apertada. Gavin ficou mais
excitado e frustrado ao falhar uma e outra vez.
— Você tem que relaxar, querido.
— Você precisa ter um pênis menor — Caspian brincou,
fazendo Gavin ficar boquiaberto por alguns segundos. Então, os dois
caíram na gargalhada. Depois de um tempo, Caspian o abraçou com
os dois braços e se aninhou na curva entre seu pescoço e ombro.
— Meu ânus é normal.
Gavin ofegava com o esforço.
— Não é. Seu ânus é muito pequeno.
— Você está desistindo?
Gavin bufou.
— Quando porcos voarem. Vou enfiar meu pênis dentro da
sua bunda. Então, vou te foder. Forte.
— Isso é uma promessa?
Gavin parou e olhou nos olhos de Caspian. Os olhos do tritão
estavam brilhando de diversão e uma sugestão de um sorriso
desafiador. Este momento o lembrou de por que se apaixonou tanto
por Caspian em primeiro lugar. O tritão era divertido e alegre.
Caspian era um grande contraste com Drake, que era mais sério, e
Baltic, que era muito tímido. Gavin ficou surpreso quando sentiu uma
onda renovada de energia crescendo dentro dele. Colocou a ponta
de seu pênis contra o ânus de Caspian pelo que parecia ser a
milésima vez e empurrou seus quadris para frente. Ele e Caspian
engasgaram quase ao mesmo tempo quando conseguiu enterrar
todo o seu pênis dentro da bunda do tritão com um golpe áspero.
— Merda! — Gavin amaldiçoou, querendo sair. Pretendia
penetrar Caspian o mais lentamente possível, mas deve ter usado
muita força em vez disso. Ficou surpreso quando Caspian apertou os
músculos da bunda em torno de seu pênis. — Porra. Cas, bebê, não...
não faça isso. Estou muito perto.
Caspian o abraçou com mais força com os braços e as
pernas.
— Está bem. Estou quase lá também. Apenas... apenas me
foda.
— Mas...
— Dói, mas também é incrível. Seu pênis é enorme, quente
e vivo dentro da minha bunda. Eu amo isso. Obrigado.
Gavin abaixou para beijar Caspian por alguns segundos.
— Não, bebê. Obrigado. Estou honrado em ser aquele com
quem desistiu de sua virgindade. Vou fazer o meu melhor para ser
um companheiro digno para você.
Caspian sorriu para ele em resposta.
— Ok, garanhão. Foda-me. Goze dentro de mim. Quero
sentir seu esperma quente enchendo minha bunda.
Gavin não conseguia pronunciar outra palavra. As palavras
de Caspian o estavam excitando. Grunhiu e fodeu a bunda de
Caspian repetidamente enquanto usava uma mão ao redor do pênis
do tritão e o acariciava. Ficou surpreso quando o esperma de Caspian
voou entre seus corpos. O líquido quente disparou para todos os
lados. Essa foi a gota d'água. Apertou os olhos com força e arqueou
as costas, batendo na bunda de Caspian uma última vez antes de se
acalmar e atingir o clímax dentro do tritão.
Abriu os dois olhos quando detectou uma explosão de magia
de Caspian. Havia uma pérola âmbar flutuando do peito de Caspian
em sua direção. Simultaneamente, podia sentir sua própria pérola
verde-esmeralda descendo em direção ao Caspian. As pérolas caíram
em seus respetivos peitos bem contra seus corações antes de
desaparecerem em seus corpos. Podia sentir a magia de Caspian
dentro dele agora. Era uma sensação estranha e diferente, mas se
sentia aquecido e seguro.
— Obrigado, bebê.
Caspian assentiu.
— Obrigado também.
Depois de trocar suas pérolas, Gavin esperava se sentir
saciado e exausto. Portanto, ficou surpreso ao perceber que ainda
estava duro dentro da bunda de Caspian. Caspian sorriu para ele
antes de apertar aqueles poderosos músculos da bunda ao redor de
seu pênis latejante. Gavin riu de Caspian e se inclinou muito mais
perto de seu companheiro.
— Eu ia puxar meu pênis para permitir uma pausa na sua
bunda dolorida. Tem certeza que pode ir outra rodada comigo?
Caspian deu uma risadinha.
— Foda-me e descubra.
Gavin riu divertido. Caspian realmente era o companheiro
perfeito para ele. O tritão compartilhava uma personalidade
semelhante a dele. Não tinha dúvidas de que nunca ficaria entediado
com Caspian ao seu lado. Pressionou seus lábios contra os de
Caspian antes de puxar seu pênis um pouco. Então, empurrou até o
fim. Ficou encantado quando Caspian empurrou sua bunda contra
ele. Enquanto gemia com a sensação incrível ao redor de seu pênis,
sabia que a noite estava longe de acabar. Não estava reclamando,
no entanto. De jeito nenhum.

Capítulo Dois

Caspian não conseguia parar de sorrir para si mesmo


enquanto cuidava de suas plantas e ervas preciosas, tanto mágicas
quanto não, com sua magia da água enquanto sonhava acordado
com os olhos verde-esmeralda de Gavin e o cabelo ruivo espesso. De
repente, sentiu a perturbação na ala mágica que cercava a casa. Foi
uma sensação estranha e vazia. Algo deve ter conseguido romper a
barreira que ele e seus irmãos colocaram desde a inesperada
emboscada de Miranda, o membro do conselho sereia que na
verdade tinha sido uma siren disfarçada.
O intruso desconhecido deve ser poderoso, no entanto.
Caspian e seus irmãos eram trigêmeos idênticos, então sua magia ia
e voltava entre eles. Sua proteção combinada devia ser forte o
suficiente para resistir a qualquer ataque até mesmo de alguns dos
mais antigos seres sobrenaturais. Os trigêmeos podem não
compartilhar memórias, mas sua magia estava conectada. Sabia que
poderia usar a força mágica de seus irmãos caso precisasse lidar com
o que quer que estivesse vindo em sua direção sozinho.
Esperou, os olhos correndo ao redor para o que quer que
estivesse prestes a bombardeá-lo com uma enxurrada física ou
mágica de ataques. No entanto, não conseguiu detectar nada. Tudo
simplesmente parecia vazio. Havia acabado de relaxar sua postura
quando notou a sensação de peso pressionando seu peito.
Pressionou contra ele como se estivesse tentando sufocá-lo
esmagando seus pulmões. Engasgou e caiu de joelhos. Usou as mãos
para golpear em todos os lugares que conseguiu alcançar, mas não
conseguiu tocar o intruso.
Então, uma luz verde-esmeralda brilhante brilhou de algum
lugar dentro dele. Isso repeliu a força o suficiente para permitir a ele
a chance de arrastar um pouco de ar para os pulmões. Uma pequena
parte consciente sua percebeu que era a pérola de Gavin liberando
magia protetora para defendê-lo. Se vivesse para contar a história,
puxaria Gavin para o quarto e montaria no pênis de seu companheiro
até que não pudesse ficar mais duro para mostrar sua apreciação e
gratidão. Sem a pérola de seu companheiro, poderia não ter
sobrevivido ao que quer que tenha tentado matá-lo. Sabia que ainda
estava no jardim com ele, no entanto. Agora podia sentir algo o
observando das sombras.
Sombras. A palavra foi gritada alto e claro dentro de sua
cabeça. Esta deve ser a mesma emergência para a qual Gavin foi
convocado no início desta manhã.
Levantou com um pouco de dificuldade. Ainda estava
ofegante pela falta de ar antes. Colocou as mãos ao lado do corpo
com as palmas voltadas para a frente. Ele fechou os olhos e invocou
a dualidade de sua magia, água e fogo. Podia sentir a magia da água
fluida percorrendo-o e o calor ardente da magia do fogo lambendo
seus sentidos. Então, abriu os dois olhos.
— Posso te sentir aí, seu filho da puta. Sei o que você é.
Você é uma pessoa sombra. Veio atrás do ser sobrenatural errado —
Caspian gritou antes de lançar uma bola de fogo cor âmbar em
direção à sombra mais densa do jardim.
A pessoa sombra não respondeu verbalmente, mas Caspian
teve a impressão de que ele ou ela estava zombando dele. Caspian
sorriu quando sua bola de fogo expandiu antes de envolver em torno
da pessoa sombra estridente. Quase podia ouvi-lo batendo contra o
fogo, mas era inútil. Uma pessoa sombra não podia ser derrotada
com luz, incluindo fogo, porque ele ou ela prosperava nela. A luz
lançaria sombras em todos os lugares, o que fortalecia a pessoa
sombra. Ele precisava da escuridão para cancelar a existência de
quaisquer sombras, mas escuridão total e completamente negra era
quase impossível de se alcançar. Portanto, criou uma prisão de fogo.
Já que uma pessoa sombra, que não tinha sombra própria, exigia
sombras de outros para se mover, Caspian a prendeu dentro do fogo.
Sem uma fonte de poder, a pessoa sombra ficaria enfraquecida.
Caspian zombou antes de estender a mão em direção à bola
de fogo e desejar que ficasse menor até ficar do tamanho de uma
bola de tênis. A deixou a pairar no ar. Iria entregá-la a Gavin. Tinha
certeza de que o conselho de seres sobrenaturais tinha seus métodos
para lidar com uma pessoa sombra maligna. Não ia interferir na
política relacionada ao conselho. Estava apenas aliviado por ter sido
capaz de lidar com o ataque abrupto da pessoa sombra sobre ele
sem terminar morto, principalmente graças à pérola de Gavin
defendendo-o a tempo.
— Ei, Cas. O que há com a bola de fogo pairando ao seu
redor?
Caspian saiu assustado de seu devaneio sobre Gavin. Virou
para Baltic, que estava parado perto da porta de correr que ligava o
corredor do primeiro andar ao quintal. Seu plano de retornar às
plantas e ervas teria de ser adiado por enquanto. Se aproximou de
Balt, que era quase uma cópia carbono sua, exceto pela cor dos
olhos, e abraçou seu irmão mais novo por alguns segundos antes de
se afastar.
— Ei, irmãozinho. Vou te explicar em um minuto. Estou
muito feliz em ver seu rosto logo de manhã. Como foi sua primeira
noite dormindo na casa de Jeff?
Baltic fez uma careta antes de virar uma carranca para ele.
— Ugh, Cas. Quantas vezes devo lembrá-lo de não se dirigir
a mim como seu irmãozinho? É muito embaraçoso. Sou apenas
quinze minutos mais novo que você. Além disso, você, Drake e eu
temos quase dois séculos de idade.
Casper riu divertido.
— Você sempre será o bebê da família, então aguente firme.
Baltic revirou os olhos.
— O que seja. Como estão as plantas e ervas? Vivas e bem?
Caspian estreitou os olhos para Baltic em irritação.
— Retire esse insulto. Minhas plantas e ervas são fortes e
saudáveis. Elas são como meus bebês. Como ousa entrar em meu
precioso jardim e insinuar que algo pode estar errado com elas?
Baltic riu antes de abraçar Caspian com força.
— Você é sempre tão hipersensível a respeito delas.
— Claro que sou. Adoro-as.
Baltic gargalhou ainda mais alto.
— É melhor você não dizer isso na frente de Gavin. Seu
companheiro parece ser do tipo ciumento e possessivo. Não tenho
certeza se ele vai gostar de ter que te compartilhar com suas plantas
e ervas.
Caspian gargalhou por um momento antes de pegar uma das
flores mágicas e acariciá-la com muita ternura.
— Isso é verdade. Então, como foi a noite passada? Você
não respondeu minha pergunta antes.
— Fomos atacados por aquele maldito feiticeiro.
Caspian ficou tão surpreso com aquele anúncio casual que
quase arrancou a flor que estava segurando em sua mão no
momento. Enfrentou Baltic com horror.
— Que porra é essa, Balt? Por que você não me ligou ou
Dray?
Baltic encolheu os ombros.
— Eu cuidei dele. Ele caiu na minha armadilha, embora de
forma indireta. Ele conseguiu entrar na casa, apesar da proteção de
Jeff porquê...
— O que está acontecendo?
Caspian ficou tão surpreso ao ouvir a voz de Drake se
aproximando dele e de Baltic, mas sorriu quando seu irmão mais
novo lhe lançou um olhar suplicante para não dizer uma única
palavra ao irmão. Drake pode se tornar muito sério às vezes. Caspian
estava ciente de como Drake mãe galinha poderia ser às vezes.
— Balt foi atacado por aquele feiticeiro que conheceu na
cafeteria um tempo atrás.
— O quê?
Caspian estremeceu um pouco quando a voz de Drake ficou
alguns tons mais alta. Simpatizou com Baltic, mas desapareceu no
momento em que seu irmão mais novo o olhou. Tinha certeza de que
Baltic receberia uma bronca de Drake. Estava certo. Pelos próximos
minutos, Drake falou sem parar sobre autodefesa e como era
importante para Baltic ligar para ele ou Caspian quando precisasse
de ajuda. Caspian quase sentiu pena de seu irmão mais novo, mas
não foi o suficiente para interromper Drake. Não era suicida ou
estúpido. Sabia o quão feroz Drake podia ser, especialmente quando
seu irmão estava puto. Deu de ombros para Baltic e lançou ao seu
irmão mais novo um sorriso de desculpas quando o homem lhe deu
uma expressão traída.
— Droga! — Baltic exclamou, interrompendo Drake no meio
do discurso. Drake ficou em silêncio quase imediatamente. — Respire
fundo e me olhe. Estou bem, ok?
— Sim, Dray. — Caspian falou, pensando que era seguro
para ele juntar seus dois centavos. — Balt...
Sua próxima palavra morreu em sua garganta quando Drake
o encarou abruptamente e apontou para ele. Suprimiu um suspiro.
Seria a sua vez agora. Acenou com a cabeça e tentou não parecer
irritado quando Drake o lembrou de seus deveres como irmão mais
velho. Enquanto isso, Baltic parecia bastante alegre do outro lado de
Drake. Depois do que pareceu mil horas, Drake finalmente perdeu o
fôlego. Baltic riu antes de envolver Drake com os dois braços.
— Droga, Dray. Não te ouço falar assim há algum tempo.
Eu meio que sinto falta.
Drake pareceu bastante zangado por alguns segundos antes
de gargalhar alto.
— Tenho estado ocupado com o trabalho e meu
companheiro.
Caspian sorriu alegremente ao ouvir isso.
— Nós três temos sorte.
— Concordo — Baltic acrescentou antes de sorrir
suavemente para Drake e Caspian. — Quase desisti de encontrar um
companheiro.
Caspian balançou a cabeça.
— Eu não.
— Nem eu — Drake disse enquanto bagunçava um pouco o
cabelo de Baltic. Baltic mostrou a língua para Drake e tentou domar
seu cabelo para trás. — Estou em êxtase por nós três estarmos
acasalados com Ed, Jeff e Gav, no entanto. Eles são melhores
amigos, então não temos que nos preocupar com nossos
companheiros não se dando bem.
Caspian acenou com a cabeça em concordância.
— Verdade. Gostaria que os nossos companheiros sereianos
pudessem desfrutar da felicidade de estar acasalado.
Baltic soltou um suspiro antes de responder.
— Eu sei o que quer dizer. Infelizmente, nem todo sereiano
pode encontrar o parceiro certo.
Drake arrastou Caspian e Baltic suavemente de volta para
dentro de casa antes de dar uma notícia maravilhosa.
— Você se lembra de Wade Coburn?
Caspian quebrou a cabeça por um momento antes de se
lembrar de onde tinha ouvido aquele nome antes.
— Ele era o siren que consumiu a pérola de uma sereia e
retomou a sua forma de tritão, não foi?
— Uh-huh — Drake confirmou antes de entrar na casa. — A
pérola de Lydia. Lydia era a esposa do Sr. Lee antes de morrer,
tentando defender seu marido e filho mais novo de um coven de
vampiros desagradáveis. De qualquer forma, o Sr. Lee me ligou do
nada ontem à tarde. Ele parecia tão divertido ao telefone quando me
contou sobre seu filho mais velho e Wade acasalando. Ele certamente
não esperava que o companheiro de seu filho fosse o tritão que ele
salvou ao sacrificar a pérola de sua falecida esposa para quebrar o
domínio da siren sobre Wade.
Baltic ficou obviamente encantado ao ouvir isso.
— Fico feliz em saber que não sou o único siren que pode
voltar à minha forma tritão para sempre e encontrar um companheiro
para a eternidade.
Os três ficaram em silêncio por um momento antes que algo
viesse à mente de Caspian. Foi uma breve discussão sobre a qual ele
e Gavin conversaram brevemente no início da manhã, antes que seu
companheiro deixasse o quarto para a dimensão alternativa. Houve
uma emergência, mas os detalhes não eram claros no momento. No
entanto, foi autorizado a falar sobre o assunto com os seus irmãos.
— Algum de vocês já ouviu falar sobre o último problema
relacionado a um grupo de pessoas sombras atacando pessoas sem
motivo algum? Gav mencionou um pouco dos incidentes para mim
no início desta manhã.
Caspian mordeu o lábio inferior por alguns segundos antes
de confirmar.
— A propósito, eu... uh... eu fui atacado por uma pessoa
sombra antes dos dois chegarem.
Baltic olhou horrorizado para Caspian.
— E você não ligou para mim ou o Dray pedindo ajuda?
Caspian se arrepiou de aborrecimento.
— Eu estava ocupado tentando sobreviver.
Drake o olhou.
— Você poderia ter puxado a reserva mágica que
compartilhamos. Balt e eu teríamos sido alertados sobre sua
situação.
Caspian deu de ombros e apontou para a bola de fogo ainda
pairando ao seu lado.
— A pérola do meu companheiro me protegeu. Eu também
consegui prender aquela maldita sombra dentro da minha bola de
fogo. Legal, hein?
Baltic e Drake reviraram os olhos para ele. Os três estavam
caminhando pelo corredor em direção à porta da frente da casa.
Caspian verificou a hora em seu smartphone. Era hora de destrancar
a porta. Tinha certeza de que seus clientes chegariam em breve. Não
que tivesse ideia de quem chegaria primeiro à casa. Podiam ser os
clientes de Drake, que queriam que sua sorte fosse contada.
Também podiam ser alguns dos alunos do Baltic, prontos para
assistir à primeira aula de ioga do dia. Podem até ser os clientes de
Caspian, a maioria dos quais eram seres sobrenaturais que
precisavam de poções mágicas ou ervas. Caspian dirigiu-se sozinho
para a porta e girou a chave antes de se certificar que poderia ser
aberta. Então, virou para seus irmãos, que o olhavam preocupados.
— Cas...
Caspian ergueu a mão direita para impedir Baltic de
continuar com o que quer que seu irmão diria.
— Estou bem, Balt. Dray, limpe essa expressão do seu rosto.
Não estou ferido. Sou seu irmão mais velho. É meu trabalho cuidar
dos dois, não o contrário. De qualquer forma, vou passar a bola de
fogo para Gavin quando ele voltar para casa mais tarde. Não tenho
todos os detalhes sobre o povo das sombras malignas, mas
informarei a vocês o mais rápido possível. Entrarei em contato com
você assim que Gav retornar da reunião com os outros membros do
conselho. Ele recebeu uma convocação urgente deles muito cedo
hoje. A única coisa que sabemos agora é que alguns seres
sobrenaturais foram atacados. Ninguém morreu, até onde sabemos.
Drake soltou um suspiro de alívio.
— É maravilhoso ouvir isso. É uma sorte que todos os seres
sobrenaturais tenham a capacidade de se curar em minutos.
— Ou meras horas se as feridas físicas ou mentais forem
muito mais perigosas do que o normal — Caspian corrigiu antes de
encostar em uma das paredes. — Todos nós temos que ter cuidado
de agora em diante. A pessoa sombra de antes, de alguma forma,
conseguiu passar a nossa ala. Temos que apertar quando tivermos a
chance de fazer isso.
Baltic assentiu.
— Isso mesmo. Quais são seus outros planos?
Caspian encolheu os ombros.
— Além de nossa proteção mágica, realmente não podemos
fazer muito mais. Fique alerta. Nossa magia da água pode tanto
defender quanto atacar. Também podemos usá-la para criar uma
prisão de escuridão negra semelhante à minha bola de fogo.
Drake segurou o ombro de Caspian.
— Balt e eu teremos cuidado. Você precisa tomar cuidado
também.
— Eu sei. Obrigado, pessoal, mas não se preocupem muito
comigo. Eu vou ficar bem.
— Por favor, lembre-se de que você não é invencível —
Baltic respondeu antes de ir em direção ao estúdio de ioga e abrir a
porta. — De qualquer forma, vou me preparar para minha primeira
aula. Ouvi as vozes dos meus alunos do lado de fora. Eles ainda estão
a poucos metros de nossa casa, mas o volume de sua conversa deve
ser muito alto. Espero que os vizinhos não reclamem. De novo.
Caspian riu de Baltic.
— É melhor você lembrá-los, irmãozinho.
Baltic fez uma saudação com o dedo médio.
— Eu irei. Além disso, o que será necessário para você parar
de se referir a mim como seu irmão mais novo?
Caspian mostrou a língua a Baltic. Drake simplesmente
revirou os olhos para ele e para Baltic.
— Balt, não fique chateado com Cas. Quanto mais irritado
você fica, mais ele vai gostar de provocá-lo.
Caspian zombou de Drake.
— Não estrague minha diversão.
Drake ignorou Caspian e fez seu caminho para a sala de
leitura da sorte do outro lado do corredor do estúdio de ioga de Baltic.
— Não tenho ideia do que está se referindo. Tenham um
ótimo dia, pessoal.
Caspian estava prestes a responder quando Drake fechou a
porta na cara dele. Virou, querendo reclamar com Baltic, mas seu
irmão mais novo piscou para ele antes de fechar a porta do estúdio
de ioga também. Apertou os dentes em irritação.
— Vocês dois são péssimos!
Caspian caminhou em direção ao almoxarifado onde
guardava todas as suas poções e ervas secas, fingindo que não ouviu
Baltic e Drake gargalhando de dentro de suas respetivas salas. Seu
estoque estava localizado ao lado da sala de leitura da sorte de Drake
em um lado do primeiro andar da casa, enquanto o estúdio de ioga
do Baltic ocupava todo o espaço do outro lado da casa. Baltic
precisava de mais espaço do que ele e Drake combinados porque seu
irmão mais novo tinha muitos alunos fazendo ioga de manhã até o
final da tarde.
Caspian entrou no almoxarifado e olhou para as prateleiras.
Tinha toneladas de poções prontas para suas hordas de clientes, mas
iria fazer mais. Não podia utilizar sua magia para criar suas poções
porque algumas dessas coisas seriam danificadas se fossem
contaminadas por magia. Tinha que realizar as tarefas manualmente.
Não se importava, no entanto. Fazer poções ajudava a acalmá-lo.
Além disso, vender poções podia ser bastante lucrativo. Era uma
situação ganha-ganha para ele.
Pelas próximas três horas ou mais, se manteve ocupado
dentro da sala. Era um processo árduo porque havia muitos tipos de
seres sobrenaturais. Todos precisavam de poções variadas. Se
orgulhava de ser um dos melhores fabricantes de poções do mundo.
Tinha muitos clientes fiéis que estavam satisfeitos com suas poções.
Estava na metade das poções que planejava preparar naquela manhã
quando ouviu batidas em sua porta. Alguns segundos depois, Gavin
entrou.
— Ei, querido.
Caspian sorriu para seu companheiro.
— Gav!
Correu em direção a Gavin e abraçou o homem com força.
Derreteu contra seu companheiro quando Gavin envolveu os braços
ao seu redor também.
— O que está fazendo?
— Preparando poções, é claro.
Gavin se afastou um pouco e sorriu para ele.
— Ainda ocupado?
Caspian acenou com a cabeça em resposta.
— É quase hora do almoço, no entanto. Além disso, estou
exausto. Vou continuar à tarde.
— Excelente. Podemos preparar a comida juntos. Então,
vamos esperar por Baltic e Drake. Podemos comer e conversar ao
mesmo tempo. Tenho novidades para os três.
Caspian estudou o rosto de seu companheiro por um
momento.
— Tão ruim assim, hein?
Gavin suspirou.
— De fato. O único ponto positivo é que ninguém foi relatado
como morto nas últimas horas, mas o problema parece ser mais
generalizado do que pensávamos.
— Significado?
Gavin hesitou por alguns segundos.
— Mais tarde, bebê. Drake e Baltic também vão querer
saber das novidades. Não estou com vontade de me repetir.
Caspian agarrou a mão de Gavin antes de se dirigirem às
escadas perto do quintal no final do corredor.
— OK. O que gostaria de comer hoje?
— Comida caseira, por favor.
Caspian riu.
— Lasanha está bem?
— Absolutamente.
— Perfeito. Vou fazer uma torta de maçã para nós também.
Podemos comer isso de sobremesa.
Gavin franziu o rosto em confusão.
— Temos tempo suficiente para preparar tantas coisas?
Caspian sorriu para seu companheiro.
— Magia, garanhão.
Gavin riu antes de bater com a palma no rosto.
— Certo.
Depois disso, os dois subiram as escadas. Com toda a
honestidade, Caspian estava impaciente e ansioso para ouvir as
notícias de Gavin, mas não queria forçar o assunto com seu
companheiro. Era o mais velho dos trigêmeos. Estava acostumado a
estar no comando. As coisas eram diferentes agora, no entanto.
Estava acasalado com Gavin. Tinha que aprender como se dar bem
com seu companheiro e se comprometer em certas coisas. Devia ser
capaz de alcançar tudo isso. Fácil. Não tem problema nenhum.

Capítulo Três

Gavin decidiu adiar a conversa sobre as pessoas sombras até


o almoço terminar. Pensou que iria informar aos trigêmeos sobre os
detalhes que conseguiu obter dos outros membros do conselho.
Então, Baltic e Drake poderiam passá-los para seus respetivos
companheiros. Por isso, ficou ligeiramente surpreso quando um
portal de fogo apareceu na sala de estar alguns minutos depois que
os pratos foram retirados. Edwin saiu um segundo depois. Então,
Jefferson brilhou e apareceu ao lado de Edwin. Virou para Baltic e
Drake, que simplesmente encolheram os ombros para ele em
perplexidade.
— Não olhe para os meus irmãos, garanhão. — Caspian
falou antes de se aproximar e puxá-lo em direção ao sofá. — Fui eu
quem mandou mensagens de texto para eles passarem por aqui
depois do almoço. Você também pode contar a todos ao mesmo
tempo. Ed e Jeff vão te perseguir mais tarde de qualquer maneira.
Ele podia entender o ponto de Caspian. Ele também sabia
que seu companheiro estava certo. Colocou um braço em volta dos
ombros de Caspian e suspirou de contentamento quando seu
companheiro derreteu contra ele enquanto se inclinavam contra o
encosto do sofá. Edwin e Drake estavam na mesma posição ao lado
deles, enquanto Baltic e Jefferson estavam aninhados no outro sofá.
Não podia deixar de ser mais sensível com Caspian, no entanto. Seu
companheiro o informou sobre ser atacado por uma pessoa sombra
enquanto preparavam o almoço mais cedo. Precisava estar perto de
Caspian para se assegurar de que seu companheiro estava vivo e
bem.
Edwin limpou a garganta e bateu no braço de Gavin para
chamar sua atenção.
— Então o que está acontecendo?
Gavin inalou profundamente e expeliu o ar o mais lento que
pôde, enquanto tentava formar as palavras certas.
— Tive uma reunião de emergência com o conselho bem
cedo esta manhã. Foi um pouco chocante receber várias mensagens
de texto de todos os outros quatro membros do conselho ao mesmo
tempo. Cas também foi atacado por uma pessoa sombra, mas meu
companheiro conseguiu prendê-lo dentro de uma bola de fogo.
Enviei-a para Sombertooth através do meu portal de água cerca de
uma hora atrás. Ele vai cuidar disso.
O conselho era formado por Zestus, que era o shifter Pégaso
responsável por todos os seres sobrenaturais relacionados ao
elemento ar, Tarragon, que era a fada responsável por todos os seres
sobrenaturais relacionados ao elemento espírito, Sombertooth, que
era o shifter cão do inferno responsável por todos os seres
sobrenaturais relacionados ao elemento fogo, Oveda, que era o anão
responsável por todos os seres sobrenaturais relacionados ao
elemento terra, e ele mesmo, que era o shifter dragão responsável
por todos os seres sobrenaturais relacionados ao elemento água. Era
um conselho que havia sido criado milhares de anos atrás para lidar
com todos os assuntos relacionados ao sobrenatural, especialmente
para a proteção e sobrevivência de todos os seres sobrenaturais.
Jefferson acenou com a cabeça.
— Está relacionado aos ataques inesperados das pessoas
das sombras com quem tive que lidar várias vezes desde as sete e
meia da manhã? Em meus anos como curandeiro, nunca tive que
lidar com tantos pacientes pela manhã. Seres sobrenaturais tendem
a curar rapidamente, não importa o quão horríveis sejam as feridas.
Gavin olhou para Jefferson com medo.
— Sim. Isso é verdade. Algum caso fatal do qual o conselho
e eu devemos estar cientes?
Jefferson balançou a cabeça.
— Bem, isso depende do que você define como “fatal”, eu
acho.
— O que quer dizer?
Jefferson parecia perdido em pensamentos por alguns
segundos antes de responder.
— Um coven de vampiros reclamou sobre seu
armazenamento de sangue refrigerado sendo destruído,
enfraquecendo-os e deixando-os vulneráveis a qualquer tipo de
ataque. Tive que usar minhas poções especiais como substituto do
sangue para vários deles. Não é o ideal, mas é melhor do que
permitir que a sede aumente. Você pode imaginar o caos se vários
vampiros descessem sobre os mortais desavisados. Haverá um
banho de sangue de proporções épicas. Minhas poções os ajudaram
a saciar seu desejo irresistível por sangue o suficiente para garantir
que não perdessem o controle. Eles definitivamente pareciam
sedentos e desesperados quando pararam na minha casa. Lhes disse
para repor o suprimento de sangue o mais rápido possível.
Gavin olhou para Jefferson em silêncio por um momento
antes de falar.
— E os outros pacientes?
— Havia alguns grupos diferentes de shifters também, mas
tinham um problema comum. Não conseguiam respirar durante os
ataques das pessoas sombras.
— Quais shifters? — Gavin perguntou porque precisava de
tantos detalhes quanto possível. — Além disso, como conseguiram
sobreviver?
— Leopardos, ursos e cobras. Eu também tive que tratar
seis selkies1, um wendigo2, duas ninfas e doze leprechauns3. Tenho
certeza de que não sou o único curador que se sente oprimido pelo

1 Selkies são criaturas mitológicas do folclore das Ilha Faroé, Islândia, Irlanda e Escócia. São ditos viverem
como focas no mar mas mudam a sua pele para se tornar humanos na terra.
2 O wendigo ou winddsgvigo é, no folclore algonquiano, uma criatura devoradora de homens ou espírito

maligno nativo das florestas do norte da costa atlântica e da Região dos Grandes Lagos dos Estados Unidos
e Canadá.
3 Figura mitológica do folclore da Irlanda, o leprechaun é apresentado como um diminuto homem, medindo

30 a 50 cm de altura, sempre ocupado a trabalhar num único pé de sapato no meio das folhas de um
arbusto ou "sob uma folha de labaça". Ele é tido como o sapateiro do povo das fadas e diz-se que fazem
só dois sapatos por ano. Os leprechauns são considerados guardiões ou conhecedores da localização de
vários tesouros escondidos.
aumento repentino no número de pacientes com os quais tenho que
lidar.
Baltic riu.
— Pelo menos ninguém está morto até agora.
Drake bufou.
— Pode haver caos entre os grupos sobrenaturais se as
pessoas sombras continuarem a fazer o que fizeram. Isso é perigoso
o suficiente.
Gavin virou para Caspian. Estava surpreso que seu
companheiro não tivesse pronunciado uma única palavra ainda.
Encontrou Caspian perdido em pensamentos.
— Bebê, o que está dentro da sua cabeça? Compartilhe
conosco.
Caspian sorriu para ele, mas o tritão não respondeu
imediatamente. Esperou pacientemente pela resposta de Caspian,
que veio logo.
— É possível que seja exatamente isso que as pessoas
sombra estão buscando?
Baltic revirou os olhos.
— Vamos, Cas. Fale sério.
— Eu estou. As pessoas sombras sempre foram estranhas,
mas também fazem parte do grupo mais poderoso, já que têm uma
consciência coletiva. Cada pessoa sombra está ciente do que os
outros estão fazendo a qualquer momento. Um ataque de uma
pessoa sombra é, mais ou menos, um ataque de todo o grupo de
pessoas sombra. Eles são todos culpados.
Drake engasgou.
— Você está certo sobre o objetivo deles. Este caso me
lembra daqueles shifters golfinhos de a um tempo atrás. Ugh. Os
golfinhos podem ser um pé no saco. Parecem fofos e doces, mas não
têm limitações quando querem pregar peças em alguém.
Edwin riu.
— Você não gosta dos shifters golfinhos, Dray?
Drake encolheu os ombros.
— Não desgosto deles. simplesmente prefiro ter interações
mínimas com eles.
— Espere. Estou curioso sobre os golfinhos — Jefferson disse
enquanto ria em diversão. — Conte-nos sobre eles.
Caspian soltou um suspiro de resignação antes de explicar.
— Isso ocorreu duas décadas depois que nascemos. Havia
este navio no mar durante uma noite de tempestade terrível. Não
era incomum que a água do mar continuasse furiosa por um tempo.
Como criaturas aquáticas, estamos acostumados. De qualquer
forma, os shifter golfinhos adolescentes pensaram que seria muito
divertido balançar o navio com sua magia. Um dos passageiros do
sexo masculino caiu no mar.
— E? — Gavin cutucou, sentindo-se curioso agora.
Drake substituiu Caspian. — Nossa bisavó o resgatou e
arrastou sua forma inconsciente para a costa. Foi assim que surgiu
aquele maldito desenho animado sobre uma sereia.
Edwin pareceu confuso por um momento.
— Mas os sereianos têm barbatanas afiadas ao longo dos
antebraços e no centro das costas. Aquela sereia no desenho parece
quase humana, mesmo em sua forma original.
Baltic encolheu os ombros.
— Sei lá. Nós também não entendemos. Talvez seja a
licença artística ou alguma merda assim.
Todos na sala gargalharam quase simultaneamente.
Demorou um pouco para se acalmarem.
— Ainda não vejo por que Drake acha que as pessoas
sombras são semelhantes a algumas criaturas marinhas perversas,
— Jefferson interrompeu, franzindo as sobrancelhas em confusão. —
Onde está a correlação?
Caspian assentiu.
— Acho que entendo o que Dray está tentando transmitir.
Os golfinhos são inofensivos em sua maior parte, mas exageram de
vez em quando. Precisamos primeiro da história completa de fundo.
Balt, você quer contar a história?
— Sim. Este evento aconteceu cerca de dois anos antes de
eu virar um siren. — Jefferson envolveu o braço com mais força em
Baltic e beijou a testa do tritão em um gesto de amor e apoio. —
Obrigado, Jeff. Enfim, havia esse shifter tubarão, Saul, em nossa
comunidade que era excelente na criação de poções. A propósito, ele
também era o mentor de Caspian. Um dia, por alguma razão
insondável, suas poções começaram a ter efeitos colaterais
estranhos. Todos foram afetados de maneiras diferentes. Para
encurtar a história, conseguimos pegar os shifter golfinhos
responsáveis por mexer com as poções mágicas. Eles foram punidos
com serviços comunitários de cinco anos para várias comunidades
sereianos. Não houve nenhum incidente semelhante depois disso.
— Até agora — Drake corrigiu, apertando os dentes em uma
irritação óbvia.
Edwin sorriu para Drake e esfregou o braço do tritão com
ternura.
— Acho que entendi agora. Os shifter golfinhos eram
divertidos e brincalhões, mas suas pegadinhas resultavam em caos
dentro da comunidade sereiana. As pessoas sombra são mais
perigosas, mas parecem ter a mesma tática. Eles querem irritar os
seres sobrenaturais. Temos que descobrir o porquê.
Drake deu a Edwin um sorriso brilhante.
— Você entendeu.
Caspian assentiu.
— Concordo com Edwin e Dray.
Gavin decidiu que era hora de encerrar a reunião
improvisada.
— Fique de olho nos culpados plausíveis e nas vítimas atuais
ou potenciais, por favor. Informe-me ou qualquer um dos outros
membros do conselho. Nós precisamos trabalhar juntos.
Os outros aprovaram. Depois disso, Gavin puxou Caspian
dos outros dois pares de casais em direção à sala de jantar. Gavin o
olhou confuso.
— O que é, Gav?
— Sei que você tem muito mais poções para preparar, então
não vou tomar muito do seu tempo. Sei que estamos fazendo as
coisas ao contrário, mas estou me perguntando se quer sair para um
encontro esta noite.
Caspian riu.
— É claro. É uma ideia fantástica. Onde estamos indo?
Gavin piscou para o seu companheiro.
— É um segredo. Basta usar algo casual.
— Camiseta e jeans?
— Sim. Isso vai ficar bem. Te pego mais tarde às seis?
— Estarei esperando, garanhão.
— Impressionante. Prepare-se para passar a noite comigo.
As bochechas de Caspian coraram um pouco.
— Naturalmente. De agora em diante, não vou dormir
sozinho. Você é meu companheiro. Será estranho para nós morar em
casas separadas. Temos que discutir nosso arranjo de vida.
— Podemos conversar sobre isso esta noite.
— OK.
— Excelente. — Gavin então se inclinou para beijar Caspian
brevemente nos lábios. Passou os dedos pela bochecha direita lisa
de Caspian enquanto sorria para seu companheiro. — Eu te amo. Vou
ter que sair agora e terminar a preparação para o nosso encontro
esta noite. Não se esforce demais com as poções.
— Não vou. Eu também te amo.
Gavin pressionou seus lábios contra os de Caspian para outro
beijo antes de se separar e se despedir de seus melhores amigos e
seus respetivos companheiros. Então, deu a Caspian um último
sorriso antes de entrar em seu portal de água. Tinha algumas coisas
para preparar. Estava determinado a fazer de seu primeiro encontro
com Caspian o mais memorável de todos os tempos.
Caspian não tinha nenhuma expectativa sobre seu primeiro
encontro com Gavin. Estava ciente de que estavam fazendo as coisas
ao contrário. Não que estivesse incomodado com a ordem inversa de
seu processo de acasalamento. Podia sentir o quanto Gavin se
importava com ele. Isso era tudo o que importava. Tinha acabado de
sair pela porta da frente quando Gavin chegou a tempo de buscá-lo
para onde quer que deveriam ir para o encontro em um carro. Riu
divertido. Pensou que estariam viajando por um portal de água.
Gavin desceu e correu em sua direção antes de lhe oferecer uma
mão. Foi tocado pelo gesto e estendeu a mão para Gavin.
Caminharam de mãos dadas em direção ao veículo.
— Será piegas se eu disser como está lindo, querido?
Caspian corou, mas balançou a cabeça.
— De jeito nenhum. Obrigado.
— De nada.
— Você... você está incrível, garanhão.
Gavin se exibiu, para grande diversão de Caspian.
— Faço meu melhor.
Caspian entrou no carro depois que Gavin abriu a porta para
ele. Assim que Gavin fechou a porta e entrou no carro pelo lado do
motorista, Caspian olhou com admiração para o interior do veículo.
— Eu amo o seu carro.
— Nosso carro — Gavin o corrigiu, e olhou para seu
companheiro com surpresa. — Estamos ligados por toda a
eternidade, bebê. Tudo o que possuo pertence a você também. Vou
cuidar de você a partir de agora, e espero que faça o mesmo comigo.
Caspian assentiu.
— É claro. De qualquer forma, para onde vamos?
Gavin sorriu.
— É um segredo. Você não saberá nada sobre isso até que
cheguemos ao nosso destino.
— Tudo bem. Serei paciente um pouco mais.
Gavin sorriu antes de ligar o motor e se afastar do meio-fio.
— Acho que vai adorar aonde vou levá-lo em nosso primeiro
encontro.
— Você está me deixando ainda mais curioso agora.
— Bom. — Os dois riram alto ao mesmo tempo. — Tudo foi
arranjado por uma velha amiga minha.
— Sim?
— Uh-huh. O nome dela é Ocean. Ela é uma sereia.
— Legal. Não ouvi falar dela, no entanto. Deve ser de uma
comunidade diferente de sereianos. Existem centenas de milhões de
sereianos no fundo do mar, então é impossível para mim conhecê-
los todos.
Gavin sorriu.
— Não há tantos dragões sobrando no mundo, infelizmente.
A última vez que ouvi, há menos de mil dragões ainda vivos e
chutando. A maioria dos dragões foi além do véu para o outro lado.
Caspian apertou a coxa de Gavin suavemente.
— Sinto muito por ouvir isso.
— Não pode ser evitado. Após o acasalamento, cada dragão
fêmea só colocará um ovo a cada mil anos. Todo dragão terá apenas
um companheiro durante toda a sua existência. Nem todos os
dragões acasalam com seres sobrenaturais que podem ser
engravidados. Afinal, nós selecionamos nossos companheiros em
potencial com base na compatibilidade mágica e de odores. Nossos
números estão fadados a diminuir depois de um tempo.
O coração de Caspian bateu um pouco mais forte ao ouvir
isso.
— Você se arrepende de ter acasalado comigo?
Gavin agarrou as mãos de Caspian e entrelaçou seus dedos.
— Nunca. Sinceramente, acho difícil acreditar como sou
sortudo por você estar disposto a se relacionar comigo.
Caspian sentiu o alívio percorrendo-o ao ouvir as palavras
tranquilizadoras de seu companheiro.
— Eu também sinto o mesmo. Talvez possamos ter nossos
próprios filhos algum dia através de uma barriga de aluguel?
Podemos usar seu esperma. Será matar dois coelhos com uma
cajadada só. Teremos nossos próprios filhos enquanto ajudamos a
repovoar a comunidade de dragões.
Gavin sorriu.
— É uma excelente ideia.
Então, Caspian sentiu uma vibração no estômago quando
Gavin puxou a mão e deu um beijo suave nas costas. Depois disso,
continuaram a jornada em silêncio. Não era do tipo estranho. Foi
realmente reconfortante. Caspian encostou na parte de trás do
assento do carro e soltou um suspiro de satisfação. Tentou uma ou
duas vezes enganar Gavin para revelar mais pistas sobre a
localização de seu encontro, mas seu companheiro simplesmente
sorriu para ele. No final, desistiu. Além disso, Gavin disse que
estavam chegando ao seu destino. Descobriria tudo em breve.

Capítulo Quatro

Gavin soltou um longo suspiro que não sabia que estava


segurando enquanto esperava pela reação de Caspian.
— Então, o que você acha?
— Uh... — Caspian parou antes de encará-lo. — Eu... eu não
sei o que te dizer. Você nos trouxe a este enorme pedaço de terra
que era cercado por paredes gigantescas e altas e aquelas portas de
metal enormes e grossas. Existem lindas árvores e flores em todos
os lugares, mas esta... esta pequena casa tão longe dentro da terra...
bem, o que é que ela deveria ser? Até a garagem para seus cinco
carros é muito mais espaçosa.
Gavin sorriu para Caspian.
— É minha... quero dizer, nossa casa. Bem-vindo ao lar,
bebê.
Caspian olhou para a mini casa antes de voltar seu olhar para
Gavin.
— Você está brincando certo? Essa casa pode acomodar dois
de você em pé, mas não acho que será capaz de dormir
horizontalmente nela. É tão... tão pequena. Vou ficar bem porque
sou muito mais baixo que você, mas você tem um metro e noventa
de altura. Eu também não tenho tanta massa muscular quanto você.
O que você tem? Mil quilos de músculos? Estarei confortável dentro
de casa com o meu tamanho, mas você... você dorme em posição
fetal ou algo assim?
Gavin riu do tom exasperado da voz de Caspian.
— Eu peso noventa e nove quilos, bebê, e durmo como você.
Dormimos juntos, lembra?
Caspian corou.
— É claro. Você é meu companheiro. Nunca passei a noite
com ninguém além de você. Meus irmãos e eu tínhamos quartos
separados, mesmo quando éramos crianças.
Gavin assentiu.
— De qualquer forma, não julgue a casa pelo lado de fora.
O rosto de Caspian se iluminou imediatamente.
— Oh, é mágica então. O interior da casa é muito mais
espaçoso...
— Não. — Gavin interrompeu seu companheiro e sorriu para
Caspian para uma boa medida.
Caspian o olhou, obviamente frustrado agora.
— Você pode apenas me dizer o que há na casa que a torna
habitável, então?
Gavin agarrou a mão de Caspian e conduziu seu
companheiro irritado em direção ao edifício solitário na propriedade.
Notou o interesse de Gavin em algumas das plantas ou árvores
mágicas por toda a terra uma ou duas vezes, mas estavam prestes
a ter seu primeiro encontro. Caspian poderia admirar e estudar tudo
dentro da propriedade em outro momento. Gavin parou de andar e
alcançou o queixo de Caspian com a outra mão.
— Bebê, tudo aqui pertence a você, também. Vamos ter
nosso primeiro encontro agora. Você pode sair para o jardim da
próxima vez e examinar tudo o que quiser.
Caspian corou e assentiu.
— Certo. OK.
Então, os dois continuaram em direção ao prédio. Assim que
estavam bem na frente da porta, Gavin apertou o único botão ao
lado dela. O olhar indagador de Caspian em direção a ele se
transformou em algo semelhante a espanto quando a porta deslizou
para o lado. Gesticulou para Caspian entrar com uma reverência
teatral e um gesto.
— Depois de você, meu amor.
Caspian bufou.
— Dramático, mas estou impressionado.
Gavin piscou para seu companheiro em resposta enquanto
seguia o tritão para dentro.
— Oh, você não viu nada ainda.
Depois disso, a porta fechou atrás deles. Apertou um dos
botões na parede direita enquanto Caspian olhava os outros botões
com curiosidade aberta. O rosto de seu companheiro se iluminou um
segundo depois.
— Isto é um elevador?
Gavin riu.
— Sim.
O elevador desceu gradualmente. Podia ter sido cercado por
tijolos acima, mas na verdade era feito de vidro. Gavin passou os
braços em volta da cintura de Caspian enquanto seu companheiro
olhava boquiaberto para os diferentes andares.
— Você tem um andar inteiro de livros?
— Sim.
— Posso convidar Baltic para uma visita? Mal posso esperar
para observar sua expressão. Ele vai pensar que morreu e foi para o
céu.
Gavin apertou seu abraço antes de beijar o topo da cabeça
de Caspian.
— É claro. Você não precisa da minha permissão, bebê. Esta
é a nossa casa agora.
— Oh, certo. Está bem então.
— Excelente. Por baixo da biblioteca, temos a piscina e o
ginásio. Um andar abaixo fica a sala de estar e a cozinha. Nosso
quarto é todo o andar abaixo deles.
Caspian olhou boquiaberto para Gavin.
— Para que precisamos de tanto espaço?
Gavin gargalhou por um momento antes de responder.
— Não sou grande em minha forma humana, mas há
momentos em que sinto vontade de descansar em minha forma de
dragão. Essa é a razão pela qual preciso de uma quantidade
substancial de terra lá em cima. Mandei construir esta casa
subterrânea há vários anos. O arquiteto e todos os trabalhadores
eram seres sobrenaturais, anões para ser exato, então não tive que
me preocupar em receber deles perguntas desnecessárias e
sondagens. Toda a limpeza desta casa é feita por magia.
— Ok, mas ainda não tenho ideia para onde estamos indo.
O elevador parou antes que Gavin pudesse responder. A
porta abriu para o lado. Caspian olhou para a enorme cama antes de
rir de Gavin, que simplesmente bufou em resposta.
— Por mais atraente que seja a ideia de fazer amor com
você, deixe-nos ir em nosso primeiro encontro antes disso.
Caspian gargalhou.
— Fizemos todo o resto ao contrário. O que é mais um?
Gavin gemeu.
— Não brinque com meu autocontrole, bebê. Agora não.
Realmente quero te foder de novo, mas prometi a você um encontro.
Vamos tirar isso do caminho. OK?
Caspian fez beicinho antes de assentir.
— Tudo bem, mas quero pelo menos duas rodadas de sexo
mais tarde esta noite.
Gavin riu.
— Você pode ter quantos orgasmos quiser, mas depois.
Então pegou a mão de Caspian e guiou seu companheiro
para mais longe da cama e da tentação que representava. O restante
do andar inteiro era um espaço gigante e vazio, iluminado por várias
luzes.
— Não é um pouco estranho? — Caspian perguntou um
momento depois, enquanto se aproximava dele. — Há apenas sua
cama, o closet e o banheiro do outro lado deste andar.
Gavin balançou a cabeça.
— Na verdade, existem paredes de vidro que funcionam
como separadores entre a cama e tudo o mais. São controladas por
um controle remoto que pode escondê-los nas profundezas do solo.
Vou te mostrar mais tarde.
— OK.
Assim que andaram longe o suficiente, Gavin soltou a mão
de Caspian e tirou uma esfera brilhante do bolso esquerdo de sua
calça jeans. Caspian engasgou.
— Não é uma pérola de uma sereia, bebê — Assegurou ao
seu companheiro. — Ocean é uma sereia com um estranho senso de
humor. Ela sempre molda sua magia em uma pequena bola que se
assemelha a uma pérola de acasalamento de uma sereia, mas
realmente não é. Afaste-se um pouco, por favor.
Caspian obedeceu. Então, Gavin largou a esfera no chão
antes de pisar nela. Houve um leve som de estalo antes que a magia
da água fosse liberada como fitas esvoaçantes no ar. A magia girou
um pouco mais antes de se estabelecer. Depois disso, havia gelo por
toda parte. Gavin observou enquanto Caspian caminhava até o gelo.
O olhar de admiração no rosto de seu companheiro assegurou a
Gavin que este encontro tinha um começo fantástico.
— O gelo não está frio — Caspian falou alguns segundos
depois enquanto tocava a grama gelada, flores e árvores. — Isto é
como um prado de gelo, mas sem o frio. Amo isso. Posso até sentir
o vento suave soprando ao nosso redor.
Gavin sentou no gelo e deu um tapinha no local ao seu lado.
Esperou que Caspian o ocupasse antes de arrastar a cesta de comida,
cortesia de Ocean, em sua direção. Tirou sanduíches, fatias de bolo
de chocolate e uma garrafa de vinho. Sorriu quando Caspian
engasgou ao notar a garrafa.
— Vinho do mar profundo. Um dos vinhos mais requintados
do fundo do mar. Ocean ficava me dizendo que você adoraria. A
julgar pela sua expressão agora, ela está absolutamente certa.
— Sim. Não o bebo há algum tempo. Amo os sabores ricos
do vinho.
Gavin serviu um pouco de vinho em uma taça e entregou ao
Caspian, que bebeu um pouco antes de gemer baixinho. Teve que
limpar a garganta e desviar o olhar por um momento. A combinação
do rosto e da voz de Caspian estava fazendo uma certa parte de sua
anatomia ficar dura e latejante quase que instantaneamente. Estava
aliviado que Caspian não parecia estar prestando atenção em sua
óbvia excitação.
— O vinho é doce e intoxicante, mas ao mesmo tempo um
pouco salgado e azedo. Há uma fumaça nele que me lembra de casa.
— Certo. É claro.
Parecia rouco, mas não conseguiu evitar. Caspian era lindo
e atraente o tempo todo, mas o tritão era um milhão de vezes mais
encantador no momento. Gavin se contorceu um pouco e puxou a
cesta mais perto de sua região da virilha em uma tentativa
desesperada de esconder a protuberância. Pulou um pouco quando
Caspian apoiou a cabeça em seu ombro.
— Obrigado, Gav. Você é atencioso e doce.
— Claro... claro. Qualquer coisa pelo meu companheiro.
Então, ofereceu o sanduíche para Caspian antes de pegar um
para si. Ficou aliviado que a comida era o suficiente para distrair seus
pensamentos momentâneos de seu companheiro e como Caspian era
sexy. Pelos próximos minutos, comeram em um silêncio amigável. O
cenário era de tirar o fôlego. Todo um prado mágico criado com gelo.
Era o país das maravilhas do inverno sem a rigidez congelante da
estação.
— Gav.
— O quê?
— Você... você acha que vai se arrepender de ter acasalado
comigo?
Ficou surpreso com a pergunta. Instintivamente, envolveu
um braço em torno de Caspian.
— Não, não vou. O que te fez me perguntar algo assim?
— Sei que você nunca quis se estabelecer.
Gavin fechou os olhos e amaldiçoou Jefferson internamente.
Estava ciente de que Jefferson estava simplesmente brincando
quando seu melhor amigo zombou dele por acasalar com Caspian,
embora já tivesse sido inflexível sobre permanecer solteiro para
sempre. Jefferson e Baltic voltaram para a casa dos trigêmeos depois
de seu próprio acasalamento para encontrá-lo e Caspian no sofá,
aconchegados. Gavin e Caspian acasalaram na cama do tritão, mas
decidiram ter outra rodada entusiasmada de fazer amor no sofá da
sala de estar depois do café da manhã na manhã seguinte.
Felizmente, haviam feito sexo e estavam totalmente vestidos quando
Jefferson e Baltic voltaram para casa. Desejou que Jefferson não
tivesse dito nada sobre sua promessa de nunca acasalar, mas agora
era tarde demais. Estava irritado porque a semente da dúvida foi
plantada na mente de seu companheiro.
— Jeff estava apenas tentando me deixar com raiva.
— Mas ele é seu melhor amigo. Ele sabe...
— Nenhuma coisa.
Então, Gavin colocou seu sanduíche meio comido no colo
antes de puxar o queixo de Caspian em sua direção. Olhou nos olhos
de seu companheiro, esperando que Caspian notasse a seriedade em
sua expressão. — Ouça-me, Cas. Nunca mudarei minha mente ou
coração sobre nós. Você será meu companheiro por toda a
eternidade. Mesmo quando estivermos prontos para avançar para o
reino além, ainda estarei com você. Pertencemos um ao outro. Para
sempre.
Caspian hesitou por um momento antes de lhe dar um
pequeno sorriso e assentir.
— OK. Acredito em você.
Gavin se inclinou e deu um beijo carinhoso nos lábios de
Caspian, permitindo que seus lábios e línguas se lambessem e
provassem um ao outro por um tempo. Ficou encantado e mais do
que um pouco excitado quando Caspian ofegou contra ele quando se
separaram momentos depois.
— Eu te amo muito, Cas. É inacreditável, eu sei. Quero dizer,
já estamos acasalados um com o outro, mas este é apenas nosso
primeiro encontro. Quase não sabemos nada um sobre o outro, mas
sou tão louco por você que não quero imaginar minha vida sem você
nela. Algumas pessoas vão rotular meu sentimento como uma
obsessão ou que estou fora de mim, mas não me importo. Enquanto
estivermos juntos, não importa para mim como as outras pessoas
veem o nosso acasalamento. Estou realmente em êxtase por te ter
como meu companheiro. Essa é a verdade.
Caspian sorriu para ele.
— Eu também te amo.
Foi uma declaração sussurrada, mas enviou uma onda de
euforia por todo o seu ser. Soltou um suspiro de alívio quando
Caspian se aconchegou mais perto dele. Permaneceram na mesma
posição por um tempo. Não era a posição mais confortável para
abraçar, mas não podia reclamar. Foi capaz de inalar o cheiro salgado
da água do mar de Caspian, seu belo companheiro, enquanto sentia
o calor do tritão contra ele. Era quase melhor do que sexo.
— Vou tratá-lo bem e cuidar de você sempre, Cas.
— Eu sei. — Houve um momento de silêncio momentâneo
entre eles antes de Caspian falar novamente. — Oh, a propósito,
gostaria de mergulhar no oceano comigo?
Olhou para Caspian com surpresa, principalmente devido à
mudança aleatória e inesperada no assunto da conversa.
— Sim. Certo. Quando?
— Excelente. Vamos fazer isso amanhã. Podemos conhecer
meus pais. Já faz um tempo desde a última vez que os vi. Sinto muito
a falta deles.
Gavin engoliu em seco.
— Seus... seus pais?
Caspian gargalhou divertido.
— Uh-huh. Não fique tão apavorado. Eles vão te amar.
— Você tem cem por cento de certeza sobre isso?
Caspian corou e balançou a cabeça.
— Ok, talvez não cem por cento, mas meus pais não vão te
matar. Eu acho.
— Isso... isso não está me tranquilizando nem um pouco,
querido.
Caspian riu.
— Você vai ficar bem. Prometo. Minha mãe é uma querida.
Meu pai pode ser bastante rude e mal-humorado, mas é um molenga
por dentro. Vou te proteger dele. Prometo.
Gavin revirou os olhos.
— Eu posso me defender.
— Bom, mas tenho certeza que meus pais vão te adorar.
— Por que? O que te deixa tão certo sobre isso?
— Porque eu te amo e você é meu companheiro.
Gavin sentiu a alegria avassaladora explodindo dentro dele.
Beijou Caspian na testa e acenou com a cabeça antes de continuar a
comer seu sanduíche. Também deu a Caspian uma fatia de bolo de
chocolate e encheu a taça de seu companheiro com mais vinho. O
encontro estava indo bem até agora. Estaria dormindo ao lado de
Caspian mais tarde e todas as noites depois. Os dois também iriam
ao segundo encontro no dia seguinte. Poderia incluir uma espécie de
investigação se as pessoas sombras tivessem estendido seus ataques
para o fundo do oceano, o que seria mais um negócio do que prazer,
mas estava tudo bem. Pelo menos estaria se divertindo com seu
companheiro no fundo do oceano.
Também estava bastante animado porque também veria
como Caspian parecia em sua forma de tritão. Poderia sobreviver
algumas horas com seus sogros. Não era grande coisa. Apenas tinha
que estar em seu melhor comportamento. Mais importante, tinha que
fazer o seu melhor para não ficar excitado com a visão de seu
companheiro sexy na frente dos pais de Caspian. Já existia há
milhares de anos. Tinha um autocontrole maravilhoso. Poderia se
conter para não ter ereções embaraçosas por algumas horas. Deve
ser bastante fácil.

Capítulo Cinco

Caspian estava na costa que o levaria e Gavin para o Oceano


Pacífico. No momento em que seus pés tocaram a água, pôde sentir
o formigamento de sua magia tritão sobre ele enquanto a música das
profundezas do mar o chamava para voltar para casa, onde
pertencia. Observou com prazer quando a metade inferior de seu
corpo começou a se transformar em cauda. Como ainda era muito
cedo pela manhã, não havia mais ninguém ao longo da costa. O sol
mal havia nascido, mas a luz fraca refletida em suas escamas e
brilhava forte e brilhante. Acariciou as barbatanas afiadas em seus
antebraços antes de virar a cabeça ligeiramente para as costas.
Tinha uma barbatana afiada descendo pelo centro das costas. Estava
tão absorvido por sua forma original, levou um momento para
perceber que Gavin ainda estava de pé na margem o olhando.
— O quê?
Gavin visivelmente saltou um pouco antes de balançar a
cabeça.
— Você é... você é lindo.
Caspian corou e riu.
— Obrigado.
Caspian esperou que Gavin se aproximasse dele. Assim que
estavam perto o suficiente, permitiu que Gavin acariciasse
suavemente suas barbatanas.
— São extremamente afiadas.
Caspian assentiu.
— Essas barbatanas, junto com minhas garras e presas, são
poderosas o suficiente para cortar diamantes. Acredite em mim
quando digo que você realmente não quer irritar um sereiano,
especialmente durante uma batalha. Minhas garras e presas estão
retraídas no momento. Vou mostrá-las para você outra hora.
Gavin riu baixinho.
— OK. Para nossa sorte, sereianos são os seres
sobrenaturais mais legais e mais equilibrados do mundo.
— De fato.
Caspian agarrou a mão de Gavin e sorriu antes de pular alto
no ar com um forte movimento de cauda e mergulhar no oceano. O
grito de espanto de Gavin foi gargarejado no momento em que os
dois atingiram a água. Caspian tentou arrastar seu companheiro para
a água, mas ficou surpreso quando percebeu que estava segurando
dedos parecidos com garras. Engasgou ao ver a forma meio alterada
de Gavin.
— Você parece espantado.
— Estou. Por um segundo, pensei que você fosse um tritão,
mas sua cauda verde-esmeralda é muito mais longa e grossa. —
Então, Caspian acariciou suavemente os chifres protuberantes no
topo da cabeça de Gavin. — Amo esses dois grandes chifres
pontiagudos e aquelas cristas afiadas do centro do seu pescoço até
a ponta da sua cauda. São magníficas.
Gavin riu divertido.
— Sou um dragão de água, querido, então não terei
nenhuma característica sereiana em mim.
Caspian gargalhou por um momento.
— Os dragões de água me lembram aqueles répteis
semelhantes a lagartos.
Gavin fez uma careta.
— Ugh. Humanos estúpidos e seus malditos sistemas de
classificação. Sou um dragão enorme em minha forma original. Me
recuso a ter qualquer coisa a ver com aqueles répteis insignificantes
e patéticos.
Caspian revirou os olhos.
— Sim sua Majestade. Você é o melhor e maior dragão do
mundo. Venha então, ó Grande. Me siga.
Nadou mais fundo e mais longe no oceano. Notou as outras
criaturas dando a ele e Gavin um amplo espaço. No passado, quando
nadava sozinho, alguns grupos de peixes teriam se aproximado e
brincado com ele, batendo e se esfregando nele. Entendeu que
estavam com medo de Gavin agora. Mesmo que Gavin não estivesse
em sua forma de dragão completa, o shifter dragão de água ainda
era gigante. Caspian também estava ciente de que o status de Gavin
como membro do conselho era outro fator para aquelas outras
criaturas evitarem ficar muito perto dele e de seu companheiro
dragão.
— Cada criatura tem medo de mim. Estou horrível o
suficiente na minha forma meio mudada, mas Miranda também
causou graves danos à confiança das criaturas da água no conselho.
Caspian segurou a mão em forma de garra de Gavin e
apertou suavemente.
— Dê-lhes tempo. Você não é a Miranda. Você também é
um companheiro maravilhoso e eu te amo.
Gavin deu-lhe um sorriso tímido.
— Obrigado, bebê. Eu também te amo.
Depois disso, os dois continuaram a viagem em silêncio.
Vários momentos depois, Caspian avistou a entrada da caverna que
escondia a comunidade tritão com a qual cresceu. Puxou Gavin para
trás quando seu companheiro tentou se dirigir para a entrada. Gavin
o olhou confuso.
— Você não pode ver, mas a magia protetora da minha mãe
é sutil. Ela envolve toda a caverna. Observe.
Caspian utilizou sua magia de fogo e arremessou uma bola
de fogo na direção da caverna. Imediatamente, uma camada
cintilante de magia absorveu a bola de fogo antes de desaparecer
novamente.
Gavin assobiou baixinho.
— Droga.
— Uh-huh. Aguente firme. Essa perturbação no escudo
alertará os guardas. Às vezes, meus pais saem com eles. Afinal, meu
pai é o general.
Caspian estava certo. Alguns segundos depois, seus pais e
alguns guardas saíram pela entrada da caverna.
— Cas?
Caspian sorriu amplamente.
— Olá mãe.
Estremeceu de vergonha absoluta quando sua mãe correu
em sua direção e começou a abraçar e beijar suas bochechas e testa.
— Oh, meu filho! Senti tanto sua falta.
— Mãe, não seja dramática. Só se passaram cem anos, mais
ou menos.
— Silêncio. Não estrague este momento precioso para mim.
Onde estão seus irmãos?
— Em terra. — A expressão de sua mãe esmaeceu
imediatamente. — Vou trazê-los e seus companheiros de volta ao
oceano para uma festa em breve. Prometo.
— Seu pai e eu sabemos sobre Drake e Edwin... — Sua mãe
engasgou em choque por alguns segundos enquanto sorria para ela.
— Espere um minuto. Baltic também está acasalado?
Caspian sorriu para sua mãe.
— Sim. Ele recentemente acasalou com Jefferson Workman,
um elfo. Na mesma noite que eu e meu companheiro, acredito.
Como esperado, sua mãe começou a reclamar sobre Baltic e
como seu irmãozinho era imprudente.
— Ele deveria ter voltado direto para o oceano e nos deixar
conhecer seu companheiro. Quando eu tinha a idade dele, eu…
Caspian fez uma careta e se desligou da mãe. Então, deu de
ombros para Gavin, que estava mordendo o lábio inferior em uma
tentativa corajosa de se impedir de rir alto. Soltou um suspiro de
alívio quando seu pai e os guardas nadaram em direção a ele e sua
mãe.
— Meu amor, você terá muitas chances de repreender o
Baltic da próxima vez. Caspian trouxe seu companheiro para casa
para nos conhecer. Vamos nos concentrar neles.
Sua mãe corou.
— Oh, certo. Onde estão minhas maneiras?
Caspian puxou Gavin para ele e seus pais.
— Mãe, pai, conheçam meu companheiro, Gavin Barton. Ele
é...
— ...um shifter dragão de água e nosso novo membro do
conselho — seu pai interrompeu. — É uma honra.
— Conselheiro — sua mãe cumprimentou enquanto
inclinava a cabeça.
Gavin abaixou a cabeça em troca.
— A honra é minha. Estou acasalado com Cas. Prometo que
vou cuidar bem dele para sempre.
— Claro, Conselheiro...
— Gavin, por favor. — Gavin interrompeu o pai de Caspian
no meio da frase. — Sou seu genro, afinal.
— Certo.
Então, todos ficaram quietos. Caspian interveio com pressa
antes que o silêncio pudesse se estender e se tornar realmente
estranho.
— Mãe, pai, também estamos aqui para tratar de um
assunto oficial.
Sua mãe o olhou confusa.
— Huh? Aconteceu alguma coisa em terra? Não ouvimos
falar de nada de ruim no oceano.
Gavin inclinou a cabeça para Caspian.
— Por que você não os atualiza, querido?
— OK.
Caspian flutuou entre seus pais e os puxou para frente,
enquanto Gavin e os guardas os seguiam. Enquanto se dirigiam para
a entrada da caverna, informou a seus pais sobre os vários ataques
de pessoas sombras na terra.
— Então, estão tentando tornar tudo caótico atacando vários
seres ao acaso?
— Talvez, pai. Felizmente, ninguém morreu até agora.
Sua mãe balançou a cabeça.
— Parece semelhante ao caso dos shifter golfinhos. Se essas
pessoas sombras estivessem em formas sólidas, eu própria bateria
em seus traseiros. De verdade.
Caspian bufou.
— Não temos certeza de seus motivos ainda.
Sua mãe pigarreou.
— Eles já causaram danos suficientes.
Caspian teve que concordar que sua mãe poderia ter razão.
— Verdade. Tem certeza de que ninguém no oceano tem a
menor ideia sobre o que está acontecendo em terra?
Seu pai bateu em seu ombro com um tentáculo.
— Não. As criaturas do ar e da terra estão muito mais
próximas umas das outras, mas as criaturas da água tendem a ser
mais isoladas. Quase todos nós residimos nas profundezas do
oceano.
Gavin se aproximou de Caspian.
— Querido, é muito escuro aqui no fundo do oceano. Quase
zero luz é capaz de penetrar até aqui. Não acho que as pessoas
sombra considerem que vale a pena mergulhar até aqui.
— Você está certo. Devemos perguntar por aí, caso haja
criaturas aqui em baixo que tenham ouvido sobre o povo sombras e
seus motivos.
Gavin encolheu os ombros.
— Vale a tentativa.
O pai de Caspian se intrometeu quando houve uma breve
pausa na conversa.
— Concordo com Gavin, Cas. Se vocês dois realmente não
puderem descobrir nada útil, ficarei de olho e ouvido em seu nome.
Sempre posso enviar um dos guardas em terra se descobrir alguma
coisa. Enquanto isso, podemos tomar café da manhã juntos. Sua
mãe e eu estávamos prestes a comer quando sentimos a perturbação
no escudo.
Caspian sorriu para seus pais.
— Desculpe por isso. Estava tentando mostrar o escudo
mágico para o meu companheiro.
Sua mãe sorriu para ele.
— Está bem. Seu pai e eu sentimos muito a sua falta e dos
seus irmãos. Estamos felizes em te ver. Apenas lembre-se de trazer
seus irmãos e seus companheiros ao oceano na próxima vez. Seu
companheiro também, é claro. Vou dar uma festa para todos. Todos
os meus filhos estão acasalados. Definitivamente vale a pena uma
grande celebração.
Caspian sorriu para sua mãe.
— Vou fazer isso, mãe.
O café da manhã era um assunto alto e alegre. Contou aos
seus pais um pouco sobre o ataque que havia acontecido a Baltic e
Jefferson antes de passarem ao tópico das poções contaminadas.
Naturalmente, seus pais ficaram preocupados, mas também ficaram
aliviados por Baltic e Jefferson terem conseguido superar isso muito
bem. Quando terminaram a refeição, aventuraram-se fora da
caverna. Os quatro estavam flanqueados por um grupo de guardas
sereianos. Enquanto viajavam por partes do oceano, não ficou
surpreso quando foram incapazes de descobrir nada. Sabia que as
chances de qualquer um aqui saber de qualquer coisa eram muito
pequenas. Assim que estavam de volta na frente da caverna onde
cresceu todos aqueles anos atrás, abraçou seus pais e prometeu que
estaria de volta em breve com todos a reboque. Riu quando Gavin
pareceu surpreso com seus pais o abraçando também.
Seu pai se afastou segundos depois.
— Por favor, cuide do meu filho.
Caspian zombou de seu pai, irritado.
— Posso me defender muito bem.
Sua mãe revirou os olhos para ele.
— Você está acasalado agora. Vocês dois deveriam proteger
um ao outro.
— Sim, mãe, eu sei disso, mas...
— Silêncio. Como sua mãe, estou sempre certa.
Caspian queria argumentar de volta, mas Gavin agarrou sua
mão e apertou com bastante força. Olhou para seu companheiro, que
o beijou brevemente nos lábios para silenciá-lo.
— Está tudo bem, bebê. Ficarei muito feliz por você ter as
minhas costas.
Se sentiu um pouco melhor depois de ouvir isso, então
fechou a boca e simplesmente sorriu para seus pais. Ele e Gavin se
despediram de seus pais antes de voltarem para a costa. Esta pode
não ter sido uma viagem totalmente produtiva, mas ele pelo menos
conseguiu se encontrar com seus pais e apresentar seu companheiro
a eles. Ele e Gavin nadaram de mãos dadas enquanto vadeavam na
água do mar. Tinha muitas razões nostálgicas e sentimentais para
sentir falta de viver no oceano, mas pertencia aonde quer que Gavin
estivesse. Se tivesse que viver na terra pelo resto da eternidade, não
se importaria, contanto que tivesse seu companheiro ao seu lado
para sempre.

Capítulo Seis

Gavin suspirou tão discretamente quanto pôde enquanto


estava sentado em uma das cadeiras da mesa redonda. Não que isso
fizesse diferença. Estava em uma reunião com seus colegas
membros do conselho, que eram todos seres sobrenaturais com
sentidos incríveis. Tinha certeza de que podiam ouvi-lo muito bem.
Não se importou, no entanto. Os outros quatro membros do conselho
podem ter governado o conselho por muito mais tempo que ele, mas
além de Sombertooth, o shifter cão do inferno, era na verdade muito
mais velho em termos de idade em comparação com os outros três.
Estava entediado com a reunião boba. Não tinham nenhuma nova
informação, então não tinha ideia de por que precisavam se sentar
na câmara na dimensão alternativa e discutir coisas antigas. Depois
de mais alguns minutos, não conseguia mais manter a boca fechada.
— Meus colegas conselheiros. — Quatro pares de olhos se
voltaram para ele imediatamente. Mal se impediu de revirar os olhos.
— Por que realmente estamos aqui?
Zestus, o shifter Pégaso, sorriu para ele.
— Para trocar notícias que ocorrem em nosso respetivo
domínio, é claro.
Gavin assentiu.
— Não obtive nada fresco do meu lado. Tudo o que vocês
quatro conversaram nas últimas duas horas também não é nada
novo.
— Não faz nem uma hora e meia desde que nos reunimos,
Gav — Oveda, o anão, o corrigiu com um sorriso gentil.
Gavin tentou não apertar os dentes de irritação.
— Essa não é a questão. Podemos chegar ao povo sombras,
por favor?
Sombertooth riu dele.
— Vocês, jovens, são tão impacientes.
Gavin ignorou Sombertooth piscando para ele.
— Sinto falta do meu companheiro terrivelmente. Sentar
aqui com vocês, bando de velhos, não é minha ideia de diversão.
Tarragon, a fada, bufou alto.
— Fale por si mesmo, Gav.
Gavin riu em reconhecimento ao fato de que era o segundo
mais velho entre os cinco.
— Tudo bem. Enfim, o povo sombra?
Sombertooth colocou as duas mãos sobre a mesa antes de
responder.
— Questionei a sombra que Caspian capturou para nós.
— E? — Gavin cutucou, sentindo-se mais do que um pouco
impaciente para fazer as coisas andarem.
— A propósito, é um homem — Sombertooth respondeu com
um tom que parecia estar falando sobre o que comer no café da
manhã. — Foi preciso um pouco de persuasão para convencê-lo
gritar.
Gavin entendeu a implicação de Sombertooth por trás da
palavra “persuasão”. Foi definitivamente muito mais duro do que o
que a palavra realmente significava, mas não se preocupou em
buscar esclarecimentos com o cão do inferno. Se dependesse dele,
teria matado a maldita criatura por ousar atacar Caspian. Ainda
ansiava por erradicar o homem sombra para sempre. Estava furioso
por alguém ter ousado prejudicar seu companheiro. Sabia que não
seria capaz de se impedir de matar aquele filho da puta. Essa foi a
única razão pela qual entregou o homem sombra para Sombertooth.
Pelo protocolo, deveria ter passado o homem sombra para
Tarragon. Afinal, a fada estava no comando de todas as criaturas
cujo elemento era o espírito, mas Gavin não estava pensando com
clareza no momento. Só tinha que tirar o homem sombra de sua
vista antes que realmente perdesse a paciência e fizesse o conselho
perder a única oportunidade de interrogar o homem sombra por
quaisquer pistas sobre por que ele e algumas outras pessoas sombra,
estavam atacando seres sobrenaturais inocentes. Não foi fácil
localizar outra pessoa sombra. O povo sombra era notoriamente
viscoso e escorregadio, evitando ser detectado e quase impossível
de encontrar.
— Prossiga. Não deixe o resto de nós em suspense — Zestus
pediu, obviamente curioso agora.
Sombertooth acenou com a cabeça.
— Estamos certos sobre o motivo. O povo sombra quer
causar o caos no mundo sobrenatural, mas também não se importam
se isso acabar nos expondo a todos os mortais comuns.
Oveda franziu o rosto em perplexidade.
— Isso não faz nenhum sentido. O grupo deles faz parte do
mundo sobrenatural.
Tarragon balançou a cabeça.
— Na verdade, faz muito sentido. O éter ou elemento
espiritual contém luz e escuridão. O povo sombra sempre foi
reservado. A única coisa certa que todos sabemos sobre eles é que
se alimentam de energias negativas. Se o mundo sobrenatural for
exposto, você pode imaginar o medo e até a raiva que serão
direcionados a nossa espécie pelos humanos comuns.
Gavin assobiou baixinho.
— Eles são inteligentes.
Sombertooth bateu os dedos algumas vezes na mesa.
— Eu sei que as pessoas sombra não se reproduzem de
maneira sexual. Eles aumentam seu número por meio de um
sentimento de terror intenso e abrangente.
Zestus coçou o queixo por alguns segundos enquanto parecia
ponderar sobre a situação.
— Os números deles estão diminuindo?
Tarragon zombou.
— Mais como o oposto. Posso não ser capaz de identificar
sua localização exata, mas posso sentir seu crescimento. Afinal,
estou no comando de todas as criaturas cujo elemento é o éter ou
espírito. Posso sentir a escuridão crescendo. A quantidade de magia
é incrível.
Gavin olhou nos olhos de Tarragon.
— Como pode ter cem por cento de certeza de que são eles
e não as outras criaturas no reino das trevas?
Tarragon sorriu para Gavin.
— Fácil. Cada grupo de seres sobrenaturais que eu
supervisiono é cooperativo. Todos relatam seus números para mim
pelo menos uma vez por mês, então vou estar ciente se houver um
assassinato em massa das pessoas que devo cuidar. Por outro lado,
também saberei se houve um grande aumento em seus números.
Os olhos de Gavin brilharam em compreensão.
— Então, apenas as pessoas sombra ficaram em silêncio
todo esse tempo?
— Sim e não. Eles entram em contato comigo de vez em
quando, mas isso só acontece de vez em quando.
Oveda bufou.
— Qual é o intervalo?
Tarragon deu uma risadinha.
— A cada quinhentos, seiscentos anos ou mais.
Zestus gargalhou divertido.
— Essas malditas pessoas sombra.
Sombertooth, Oveda e Tarragon também desataram a rir.
Gavin não tinha ideia do que havia de hilário na situação. Achava
isso horrível. Os membros do conselho deveriam ser atualizados pelo
menos uma vez a cada seis meses, mas o pessoal sombra violava a
regra. Ficou surpreso quando Sombertooth agarrou seu ombro e
apertou-o suavemente.
— Você precisa se iluminar um pouco, Gav. Podemos ser os
membros do conselho, mas não somos oniscientes. Há momentos
em que apenas temos que encontrar humor em nossas tarefas. Do
contrário, Zestus, Oveda, Tarragon e eu teríamos enlouquecido há
muito tempo. Ser um membro do conselho tem suas vantagens. Os
seres sobrenaturais pelos quais estamos encarregados nos enviam
presentes preciosos de vez em quando. Você é novo nisso, mas tenho
certeza que já ouviu falar sobre isso. Aceitamos esses presentes não
apenas porque não ganhamos nenhum dinheiro com esse show
ingrato, mas também por respeito a algumas culturas de seres
sobrenaturais. Alguns ficarão muito ofendidos se rejeitarmos seus
presentes. Verão a rejeição como um insulto pessoal. Tenho certeza
de que também sabe disso.
Gavin assentiu.
— Isso é muito mais complicado do que eu pensava.
Concordei em substituir Miranda naquela época porque não queria
deixar os seres sobrenaturais da água sem ninguém para cuidar
deles. Simplesmente não pensei sobre os outros aspetos com uma
consideração muito mais profunda.
Zestus deu uma risadinha.
— É tarde demais para desistir agora.
Gavin resistiu à tentação de mostrar a língua para o shifter
Pégaso.
— O que seja. A única coisa que quero saber é por que as
pessoas sombras têm uma necessidade repentina de querer o caos
agora.
Oveda encolheu os ombros.
— Tenho a mesma pergunta.
Os cinco ficaram quietos depois disso. Gavin olhou ao redor
da câmara brilhante. Estava cheia de luzes e magia. Na verdade,
toda a dimensão alternativa onde a câmara estava localizada estava
literalmente se afogando em magia. Era tão denso que quase podia
sentir o gosto na língua. A câmara era extremamente espaçosa
porque também era usada como sala de conferências para grandes
grupos de seres sobrenaturais em tempos de emergência, o que
ocorrera apenas uma vez, várias centenas de anos atrás, quando
foram quase expostos aos mortais comuns. Estremeceu com aquela
memória em particular. Esperava que ele e os outros membros do
conselho fossem capazes de resolver o problema do povo sombra em
breve. Caso contrário, o resultado seria horrível demais para sequer
pensar.

Caspian nunca pensou que se tornaria um daqueles


companheiros que ficava em casa e esperava o outro voltar do
trabalho ou das reuniões. No entanto, se viu fazendo exatamente
isso. No momento em que saiu de seu portal de água após um longo
dia fazendo poções e cuidando das plantas e ervas em seu quintal na
casa que possuía com seus dois irmãos, chegou ao enorme jardim.
Ainda não tinha tido a chance de estudar tudo nele, mas faria isso
nos próximos dias. Nesse ínterim, teria que preparar o jantar para
Gavin.
Balançou a cabeça divertido e riu para si mesmo.
— Estou gradualmente me transformando em um dono da
casa.
Deu uma última olhada no jardim antes de entrar no
elevador e descer para a cozinha. Enquanto se mantinha ocupado,
sua mente vagou para as conversas que teve com Drake e Baltic
durante o almoço mais cedo.
— O que há com essa cara taciturna, irmãozinho?
Baltic o encarou, mas não foi tão feroz quanto normalmente.
— Jeff me disse que recentemente houve ainda mais
ataques das pessoas sombras.
— Sim?
— Ele recebeu muitos pacientes antes mesmo de eu sair de
casa hoje.
Drake limpou a garganta antes de pular na conversa.
— Ed ouviu coisas horríveis sobre as pessoas sombras de
alguns dos seres sobrenaturais que frequentam sua padaria. Essa
situação está começando a piorar.
Caspian se assustou com sua viagem pela estrada da
memória quando sentiu um par de antebraços musculosos
envolvendo sua cintura. Reconheceria aquelas mãos mesmo sem
olhar para o rosto da pessoa. Se contorceu um pouco quando Gavin
deu um beijo barulhento no topo de sua cabeça. Foi muito sensível
para ele. Não se importou, no entanto. Foi um gesto de amor e
gostou disso. Em resposta, se inclinou contra o corpo firme de Gavin
enquanto continuava a cortar o frango em pequenos pedaços.
— Ei, querido.
— Olá, garanhão. Senti saudade suas.
— Eu também. O que está cozinhando?
— Vou fazer frango frito com todos os vegetais que ainda
temos na geladeira. Como você sabia que eu estaria na cozinha?
Gavin soltou uma risada suave.
— Usei meu nariz para te farejar.
Caspian congelou por um momento antes de virar um pouco
a cabeça para encarar seu companheiro.
— Você está insinuando que eu fedo?
Gavin bufou.
— Nem pense nisso. Você tem um cheiro muito distinto de
água salgada do mar, mas ao mesmo tempo bastante esfumaçado.
Além disso, não me importo se você cheira a suor e maduro. Você é
meu companheiro. Ainda vou te amar.
Caspian gargalhou.
— Boa defesa. Eu também te amo. A propósito, como foi a
reunião?
Gavin gemeu.
— Foi fodidamente longa.
— Tanto quanto seu pênis? — Caspian provocou, rindo
baixinho.
Gavin começou a rir.
— De jeito nenhum! Meu pênis é muito mais comprido.
Caspian balançou a cabeça.
— Não sei, garanhão. Não me lembro do seu pênis ser tão
impressionante.
Gavin apertou os braços em volta da cintura de Caspian
antes de empurrar com força contra ele. Caspian engasgou com a
sensação do pênis latejante de seu companheiro contra sua bunda.
Ambos estavam totalmente vestidos, mas não havia como confundir
a enorme ereção pressionando contra sua bunda.
— Mesmo? Devo te dobrar sobre o balcão da cozinha,
arrancar nossas roupas e te foder lembrá-lo de como meu pênis é
enorme?
Caspian revirou os olhos.
— Você está com tesão e insaciável, não é?
— É tudo culpa sua por ser tão lindo, sexy e atraente.
Caspian corou um pouco com o elogio.
— O que seja. Você só está dizendo isso para conseguir um
pedaço de bunda.
Gavin gargalhou.
— Está funcionando?
— Oh, absolutamente. Você sabe que não precisa falar doce
comigo apenas para conseguir sexo, certo?
Gavin gemeu baixinho.
— Droga, bebê. Você é tão perfeito.
Caspian piscou para Gavin.
— Oh eu sei. De qualquer forma, ajude-me a preparar os
legumes. Quanto mais rápido terminarmos de cozinhar, mais cedo
poderemos comer. Então, podemos ir para o quarto nos divertir.
Gavin fez beicinho para Caspian.
— Sério? Mas meu pênis está duro pra caralho agora. Não
podemos cuidar disso primeiro?
— Não. Prossiga. Chop-chop.
Gavin estreitou os olhos para Caspian.
— Você é um homem sádico. Só para constar, não me deixar
gozar dentro da sua bunda imediatamente é um castigo tão cruel e
incomum. Se eu morrer de bolas doloridas e azuis, será sua culpa.
— Ok, garanhão. Anotado.
— Tudo bem.
Gavin pigarreou e se afastou para pegar os vários vegetais
de dentro da geladeira antes de lavá-los e cortá-los ao lado de
Caspian. Caspian sorriu quando colocou um braço em volta da cintura
de Gavin e ficou na ponta dos pés. Sorriu quando Gavin abaixou para
que pudesse facilmente beijar seu companheiro na bochecha.
— Obrigado, garanhão. Você é o melhor.
Gavin sorriu para ele.
— Que bom que sabe disso.
— Eu sei.
Os dois sorriram um para o outro antes de continuarem a
trabalhar lado a lado na cozinha. Caspian estava encantado por
passar momentos tão simples com seu companheiro. Os dois eram
virtualmente estranhos quando acasalaram, então agora estavam
fazendo tudo ao contrário. Era uma bênção que seus instintos
estivessem certos e fossem compatíveis um com o outro, mesmo
fora do impulso primitivo de acasalar. Tiveram sorte nesse sentido.
Ao longo do jantar, ele compartilhou as informações que obteve de
seus irmãos com Gavin, enquanto seu companheiro reclamava de
tudo o que aconteceu durante a reunião do conselho.
— Pelo menos seus irmãos tinham dados úteis, ao contrário
da longa e inútil reunião que tive de comparecer antes.
— Foi tão ruim assim?
Gavin suspirou.
— Bem, na verdade não. Sombertooth conseguiu obter a
confirmação do homem sombra que você capturou. Agora sabemos
com certeza que as pessoas sombra estão realmente tentando trazer
caos ao mundo.
— Com qual propósito?
Gavin encolheu os ombros.
— Não tenho ideia.
Depois disso, mudaram o assunto da conversa para discutir
Caspian movendo o resto de suas coisas da casa que era
coproprietário com seus irmãos para esta. Ele e seus irmãos
decidiram deixar a casa como um lugar para seus respetivos
negócios. Resolveu não se preocupar com as pessoas sombras por
enquanto. Além disso, não via sentido em fazer isso. Não havia um
padrão óbvio para a escolha das vítimas. Simplesmente tinha que
tomar mais precauções onde quer que estivesse no futuro. Seu
tempo e energia seriam melhor gastos em conhecer seu
companheiro. Também mal podia esperar pelo próximo encontro
oficial. Ele tinha algo divertido planejado apenas para ele e Gavin,
mas precisava de dois dias para acertar as coisas. Não previu
nenhum problema. Tudo iria correr bem.

Capítulo Sete

Gavin sentou sozinho em uma das mesas na padaria de


Edwin enquanto seu amigo shifter fênix o olhava em estado de
choque. Ou talvez fosse diversão. Realmente não estava com a
mente certa para examinar a expressão de seu melhor amigo mais
de perto.
— O que disse?
Apertou os dentes de irritação enquanto olhava em volta
para alguns dos outros clientes, até se certificar de que nenhum deles
estava prestando atenção nele e Edwin. Então, se inclinou muito mais
perto de Edwin, que ocupava a cadeira à sua frente na mesa, e
baixou o volume de sua voz em absoluto embaraço.
— Disse que acho que devo estar envelhecendo e talvez
meio impotente em relação ao sexo.
Edwin franziu o rosto em perplexidade.
— Você está tendo problemas no quarto? Quer dizer que não
pode levantar mais?
Gavin olhou para Edwin e silenciou seu melhor amigo com
pressa.
— Você pode falar mais baixo? Está tentando me
envergonhar na frente do mundo inteiro?
Edwin revirou os olhos.
— Pelo amor de Deus, Gav. Você está se tornando um
verdadeiro rei do drama. O que diabos há de errado com você?
Gavin apontou para si mesmo com irritação.
— Meu pênis, seu idiota.
Edwin soltou um suspiro.
— Então você precisa responder às minhas perguntas.
— Qual delas?
Edwin estreitou os olhos para ele.
— O que está acontecendo com o seu pênis?
Gavin ia retrucar com algo mordaz para Edwin, mas acabou
olhando boquiaberto para seu melhor amigo. Corou de humilhação
quando a memória da noite anterior voltou para ele. Cada cena
parecia estar ocorrendo em tempo real novamente.
— Eu... — Gavin parou por alguns segundos, respirando
fundo antes de puxar Edwin para mais perto pelo colarinho do
homem e sussurrar no ouvido de seu melhor amigo. — Eu adormeci
ontem à noite.
Edwin se afastou e coçou a cabeça em confusão.
— Não entendo. O que há de errado em dormir? Talvez
esteja exausto depois de um longo dia.
— Exatamente! — Gavin exclamou enquanto batia a palma
da mão na mesa e ignorava os olhares curiosos dos outros clientes
sobre ele e Edwin. — Certo?
— Você está falando em enigmas, cara. Ainda não entendo
o que está acontecendo com você.
Gavin suspirou e tentou conter sua irritação.
— Sexo, Ed. Sexo!
— OK…
— Então, Cas e eu jantamos juntos ontem.
— Natural.
— Então, ficamos quentes e pesados na cama. Já beijei
tantos homens e mulheres que nem me lembro mais do número. A
propósito, Cas tem um jeito sexy de beijar que...
— Uau! Espere aí — Edwin gritou apressado enquanto
levantava as duas mãos para interromper Gavin. — Deixe-me pará-
lo bem aí. Você é meu melhor amigo, e Cas é meu cunhado.
Realmente não preciso saber os detalhes de sua vida sexual.
Gavin afastou as mãos de Edwin.
— O que seja. Onde eu estava? Oh sim. Nós nos beijamos e
fizemos algumas outras coisas. Só para constar, as preliminares com
Cas são fantásticas. Então, chegamos ao evento principal. Cara! Já
te disse o quão duro eu fico sempre que Cas solta aquele som
especial de gemido…
Edwin fez uma careta e balançou a cabeça.
— Por favor, poupe-me da agonia. Não quero ouvir isso.
— Você está perdendo, Ed.
— Não, não estou. Apenas vá direto ao ponto.
— Tudo bem. Estava profundamente dentro da bunda doce
e apertada de Cas...
— Que nojo! Preciso clarear meu cérebro.
— ...e meu menino montou meu pênis de uma maneira
incrível pra caralho.
— Nojento. Também não preciso saber disso. Enfim, o que
aconteceu então?
Gavin podia sentir o calor subindo pelo pescoço e bochechas.
— Cas gozou em todo meu estômago e peito. Eu... eu não
sei como isso pode ocorrer, mas adormeci antes do meu próprio
orgasmo.
Edwin olhou para Gavin em estado de choque.
— O que?
Gavin apertou os punhos em constrangimento.
— Eu estava exausto, ok?
De repente, Edwin começou a rir enquanto agarrava com
força o estômago. Gavin olhou irritado para seu melhor amigo.
— Você... você cochilou durante uma das melhores partes
do sexo?
Gavin não conseguia olhar para Edwin nos olhos.
— Devo estar ficando velho e impotente ou algo assim.
Quando acordei esta manhã, meu pênis ainda estava duro e
enterrado dentro da bunda de Cas. Fizemos amor de novo. Ele gozou.
Eu não.
— Huh. Por que não?
— Eu simplesmente não consegui. Tentei por quase uma
hora após o orgasmo de Cas. Dei tudo de mim, perseguindo meu
clímax, mas simplesmente acabei suando como um porco afogado
com o pênis dolorido e as bolas doendo. Cas gozou duas vezes esta
manhã, no entanto. — Edwin estava obviamente fazendo o seu
melhor para não rir, mas Gavin podia ver o sinal pelo leve sacudir
dos ombros de seu melhor amigo. — Não é engraçado, cara.
Edwin mordeu o lábio inferior e balançou a cabeça.
— Você... você está certo. É muito hilário.
Gavin bufou de irritação enquanto Edwin perdia sua batalha
e uivava alto de alegria.
— Você é um merda. Preciso de um novo melhor amigo.
Você deveria simpatizar comigo.
Edwin soluçou e bufou, conseguindo se acalmar depois de
um minuto ou mais.
— Me desculpe, cara. Você não é impotente. Não há nada
de errado com seu pênis. Muitos homens experimentaram a mesma
coisa que você. Além disso, você conseguiu dar ao seu companheiro
dois orgasmos esta manhã. É uma porra de um garanhão.
Gavin não pode deixar de estufar o peito enquanto se
arrumava um pouco.
— Isso mesmo. Pelo menos meu companheiro não pode
reclamar de estar sexualmente frustrado.
— Verdade. Talvez você esteja apenas estressado com todo
o caso dessas malditas pessoas sombra. Você precisa relaxar. Às
vezes, quanto mais você se forçar a gozar, menos provável que isso
aconteça.
Gavin encolheu os ombros.
— Você provavelmente está certo. Não consigo parar de me
preocupar com meu companheiro. Quero que este assunto seja
resolvido para que possa ter certeza de que a presente ameaça não
terá como alvo Cas pela segunda vez. Tenho tantas imagens
horríveis dentro da minha cabeça que não consigo me livrar delas,
nem mesmo durante o sexo. Isso pode explicar o fato de eu ser
incapaz de desfrutar do sexo adequadamente ou mesmo de chegar
ao orgasmo. Se isso continuar por um longo período de tempo, terei
que perseguir a bunda de Jeff por algumas poções ou ervas para me
ajudar com meus orgasmos.
— Por que não pede ao Cas as poções ou ervas? Seu
companheiro é um dos melhores fabricantes de poções em nosso
mundo.
Gavin estava certo de que sua expressão era tão horrorizada
quanto a maneira como se sentia por dentro.
— Você está louco? Imagine meu constrangimento.
Edwin bufou.
— Cas disse alguma coisa esta manhã?
— Não, mas Cas é um amor. Ele não vai me constranger
assim.
— Fale com ele, cara. Ele é seu companheiro. Você deve ser
capaz de dizer a ele tudo e qualquer coisa. É para isso que servem
nossos companheiros. Devemos compartilhar nossos fardos uns com
os outros. Não acho que seja uma boa ideia esconder algo assim de
Cas. Os trigêmeos são muito próximos. Se você procurar Jeff para
comprar poções ou ervas, Jeff informará Balt sobre isso. Sem dúvida,
Balt irá questionar Cas se algo está errado entre vocês dois. Você vai
acabar machucando Cas, embora de forma indireta. Não é legal,
cara.
Gavin suspirou.
— Sim. Você está certo. Vou ter uma conversa com Cas mais
tarde esta noite. Não deveria estar escondendo algo assim dele.
Estou apenas me sentindo inseguro e mais do que um pouco
envergonhado com isso. Nunca deixei de chegar ao orgasmo. De
qualquer forma, está quase na hora de mais uma reunião chata com
os outros membros do conselho. Estou começando a me arrepender
de concordar em me tornar o quinto membro do conselho depois que
Miranda foi executada por seus crimes.
Edwin deu uma risadinha.
— Apenas vá com calma. Você vai pegar o jeito em breve.
— Fácil para você dizer.
Edwin apertou o ombro de Gavin e sorriu antes de puxá-lo
para um abraço de um braço só.
— Vejo você mais tarde.
— Certo. Posso usar sua cozinha?
— É claro.
— Obrigado. Tchau por enquanto, Ed.
Então, Gavin deu a Edwin uma saudação simulada antes de
ir para trás do balcão, onde ficava a caixa registradora, e empurrar
a porta de ligação entre a frente da padaria e a cozinha. Invocou sua
magia da água e criou um portal de água antes de se dirigir a ele.
Era hora de mais uma reunião improdutiva com seus colegas
membros do conselho. A única coisa que o fazia continuar era a
certeza de voltar para casa para Caspian mais tarde. Mal podia
esperar para envolver seus braços ao redor de seu companheiro. Seu
dever ingrato como membro do conselho o teria deixado louco sem
Caspian ao seu lado. Entrou no portal e saiu do outro lado na
dimensão alternativa, a vários metros de distância das portas que o
levariam para a câmara. Se endireitou e assumiu uma expressão
passiva. Era hora do show.
Caspian planejou passar o dia se preparando para seu
próximo encontro com Gavin, mas não esperava ter que lidar com
vários grupos de seres sobrenaturais na primeira hora da manhã.
Conduziu todos para o estoque de seu escritório. Todos pareciam
bem, mas podia sentir a magia que os envolvia.
— Estaremos seguros neste cômodo. Eu prometo. Remova
toda a sua magia. — Ofegou alto quando olhou para a fae. Correu
em direção a ela e olhou para a marca óbvia de queimadura nos seus
braços, pescoço e rosto. — O que aconteceu com você?
A fae se curvou para ele, o que o assustou. No entanto, ficou
ainda mais surpreso quando todos os outros seres sobrenaturais na
sala seguiram seu exemplo. A fae entendeu sua reação e explicou
seus gestos para ele.
— Você está acasalado com um membro do conselho. No
tribunal dos fae, você é uma extensão de seu companheiro. Meu
nome é Miriam. Estou ligada a um shifter dragão de fogo. Todas
essas queimaduras foram acidentais.
Ele ficou boquiaberto por alguns segundos.
— Como ele pode fazer isso com você? Ele...
Miriam balançou a cabeça, efetivamente interrompendo-o no
meio da frase.
— Realmente ocorreu por acidente. Horus, é meu
companheiro, está inconsolável no momento. Preciso de sua ajuda
para curar minhas queimaduras antes de ir para casa com ele e
resolvermos as coisas juntos. Ele não pode fazer nada sobre elas
porque seu elemento é o fogo. Você é diferente porque é um tritão.
Seu elemento é a água. Água cura.
Caspian assentiu.
— Posso fazer isso. Por que Hórus usou seu fogo tão perto
de você em primeiro lugar?
— Nossa casa foi emboscada por várias pessoas sombras.
Eram muitos. Não pude lutar contra eles, e eles acabaram
pressionando meus pulmões. Não conseguia respirar. Hórus, em seu
momento de pânico, lançou seu fogo. O fogo do dragão, semelhante
ao de uma fênix, é poderoso o suficiente para aniquilar até mesmo o
mais sombrio dos espíritos. O povo sombra foi erradicado.
Felizmente, sou sua companheira, então sobrevivi ao fogo.
— Mas você tem queimaduras no momento.
Miriam assentiu e sorriu.
— Algumas estão escondidas pelas minhas roupas, mas pelo
menos estou viva. Além disso, você será capaz de me livrar delas.
Caspian podia sentir seu coração doendo tanto pela pobre
fae quanto pelo dragão. Miriam estava tentando ser forte e
compreensiva com seu companheiro, enquanto Hórus devia estar
sentindo uma intensa culpa por ferir sua companheira.
— Posso usar minha magia da água em você, mas preciso
mantê-la anestesiada enquanto ela passa por suas cicatrizes. Você
ficará inconsciente por algumas horas. Minha magia da água pode
ser forte, mas não é páreo para o fogo do dragão. Vai demorar um
pouco para apagar o impacto do fogo do seu companheiro.
Miriam assentiu.
— Estou ciente disso. Obrigada.
Caspian conduziu Miriam a um canto da sala e a instruiu a
fechar os olhos. Deveria ter pedido a ajuda de Baltic. Afinal, Baltic
era o único com a capacidade de cura natural. No entanto, Caspian
poderia detectar a dor de Miriam. Não tinha dúvidas de que a fae
estava escondendo o fato de que estava em uma grande agonia por
causa das queimaduras. Esticou os braços e invocou sua magia da
água para envolver completamente a fae. Observou, com satisfação,
quando a água começou a cobrir todas as partes de Miriam. Então,
manipulou a bolha d'água para levantá-la do chão. Observou com
alívio quando a água começou a reluzir e brilhar, sinalizando que
estava começando a curar as queimaduras de Miriam.
Depois disso, virou para os outros seres sobrenaturais na
sala e tentou parecer mais confiante do que realmente estava.
Durante a próxima hora ou assim, lidou com vários problemas,
variando de um bando de shifters leões que precisavam de suas
poções para os ferimentos que sofreram depois de lutar contra as
pessoas sombras e todo o caminho para um shifter raposa relâmpago
cuja magia continuava a crepitar e queimar tudo ao redor. Nunca
teve que atender tantas pessoas que precisassem de sua ajuda em
uma única manhã. As malditas pessoas sombra estavam causando
estragos em todos os lugares. Enquanto isso, não havia curandeiros
suficientes para lidar com tantos pacientes. Poderia compreender
melhor o que Jefferson devia estar sentindo ultimamente. Soltou um
grande suspiro de alívio quando Baltic entrou em sua sala momentos
depois.
— Balt, estou tão feliz por estar aqui — gritou para o irmão
enquanto fazia o possível para utilizar sua magia da água para
consertar o braço fraturado de um meio-gigante. — Você pode me
ajudar com os outros pacientes, por favor? Eles não pararam de
chegar desde que abrimos esta manhã.
Baltic concordou imediatamente.
— É claro. Posso fazer isso mais rápido com minha magia
de cura.
— Obrigado.
Caspian não pronunciou outra palavra pelas próximas horas.
Em vez disso, se concentrou no número crescente de seres
sobrenaturais que passavam por ali. Também ficou surpreso quando
Jefferson apareceu abruptamente na sala, solicitando algumas de
suas poções. O elfo parecia completamente exausto.
— Eu fiquei sem poções, Cas — Jefferson revelou quando
Caspian perguntou a razão pela qual o elfo requeria suas poções.
Afinal, Jefferson era um curandeiro com seu próprio jardim cheio de
plantas e ervas. — Vejo que também está inundado com pacientes.
Caspian encolheu os ombros enquanto procurava as poções
que Jefferson queria.
— Não sou um curandeiro. Sou um fabricante de poções,
mas essas pessoas vieram até mim. Não posso recusar. Baltic é
aquele com a verdadeira capacidade de cura. Estou apenas fazendo
o que posso.
Jefferson pegou as poções de Caspian um momento depois.
— Obrigado, Cas. Te devo uma.
— Você é meu cunhado. Basta cuidar do meu irmãozinho e
nós estaremos quites.
— É claro.
— Não fale sobre mim como se eu não estivesse aqui —
Baltic zombou do centro da sala enquanto lançava magia de cura em
um lobo que acidentalmente se feriu em um ataque de uma pessoa
sombra. No entanto, essas feridas não paravam de sangrar devido à
natureza da magia negra e senciente da pessoa sombra, que se
alimentava de dor e caos.
Jefferson riu e caminhou em direção a Baltic para beijar seu
companheiro na testa.
— Desculpe, bebê. Preciso ir agora. Meus pacientes estão
me esperando. Te vejo em casa mais tarde.
— OK.
Caspian zombou um pouco da demonstração de afeto entre
Jefferson e Baltic, mas ficou encantado por eles. No entanto, também
o fez sentir ainda mais falta de Gavin. Não que tivesse tempo livre
para pensar em seu próprio companheiro. Tinha muitos seres
sobrenaturais que precisavam de sua ajuda. Teria que lidar com eles
primeiro. Depois disso, tinha que encontrar uma maneira de parar as
pessoas sombras de uma vez por todas. Eles tinham ido longe demais
agora, e estava ficando seriamente irritado. Algo precisava ser feito
antes que as pessoas sombras fizessem algo pior e alguém acabasse
morto. Caspian estava determinado a resolver o problema antes que
ele aumentasse. O povo sombra teria que aprender a lição de uma
vez por todas.
Capítulo Oito

Antes de se tornar um membro do conselho, Gavin era um


dos melhores caçadores do conselho. Uma de suas responsabilidades
era lidar com tudo relacionado ao mundo sobrenatural em nome do
conselho. No entanto, nunca tinha testemunhado expressões tão
sombrias em seus rostos.
— Isso foi terrível — Zestus declarou pela décima ou talvez
décima primeira vez na última hora ou assim. Gavin não pretendia
contar o número de vezes, mas estava um tanto entediado. Não
sabia por que o conselho simplesmente não agia contra o povo
sombras. — O número de ataques aumentou consideravelmente.
Precisamos lidar com as pessoas sombra de uma vez por todas.
Não me diga, Gavin pensou consigo mesmo, mas manteve
uma aparência exteriormente passiva.
Verdade seja dita, quanto mais olhava para as expressões
dos outros membros do conselho, mais agitado ficava. Se
preocupava com seus companheiros seres sobrenaturais, mas sua
prioridade número um sempre seria Caspian. Ninguém poderia ser
mais importante do que seu companheiro. Estava disposto a fazer
qualquer coisa para manter Caspian seguro. Nada estava fora dos
limites para ele.
Oveda suspirou antes de responder.
— Não temos ideia de onde estão. Pessoas sombras não são
os seres sobrenaturais mais poderosos, mas são os mais astutos.
São capazes de escapar da detecção, o que torna ainda mais difícil
identificar suas localizações.
De repente, os outros quatro membros do conselho
começaram a discutir entre si enquanto Gavin os encarava sem
pronunciar uma única palavra. Permitiu que continuassem por um
momento antes de limpar a garganta ruidosamente para chamar sua
atenção. Esperou que eles o enfrentassem antes de oferecer sua
sugestão.
— Jeff é um curandeiro. Seu companheiro, Balt, tem magia
de cura natural.
Tarragon o olhou perplexo.
— Onde você quer chegar?
Suprimiu um suspiro irritado antes de responder à pergunta.
— Os curandeiros têm a capacidade de ajudar porque sabem
como nossos corpos, mentes e magia funcionam. Jeff estudou para
se tornar um curandeiro. Não sei quão aprofundado foi seu estudo
naquela época. Balt, por outro lado, é natural. Ele será capaz de
controlar a mente, o corpo e a magia de qualquer ser, incluindo uma
pessoa sombra. Tenho certeza de que se ele tiver a permissão do
conselho, será capaz de forçar uma pessoa sombra a confessar tudo.
Houve um silêncio atordoante depois disso. Gavin podia ler
os rostos dos outros quatro membros do conselho muito bem. Foi
capaz de adivinhar o que pensavam, mesmo sem a habilidade de ler
mentes. Sombertooth provou que estava certo momentos depois.
— Gav, isso é... isso é intrusivo. O conselho não pode
tolerar...
— Você tem uma alternativa melhor então? — Gavin
interrompeu, mantendo seu tom frio e calmo. No entanto, sua mente
estava cheia de pensamentos de Caspian sendo potencialmente
atacado no futuro, e sentiu uma imensa sensação de medo
percorrendo todo o seu ser. Apenas a possibilidade era suficiente
para deixá-lo louco. — Somos todos alvos fáceis, enquanto as
pessoas sombras estão desenfreadas e fora de controle. Tenho
certeza de que todos receberam muitos relatórios sobre os últimos
ataques à nossa comunidade. Só esta manhã, recebi nada menos
que duzentas reclamações de vários seres aquáticos. Nós temos que
fazer alguma coisa. Não há curadores suficientes em nosso mundo
que possam lidar com o número de ferimentos sofridos diariamente.
— Mas todo mundo sobreviveu...
— Por enquanto. — Gavin interrompeu Zestus. Estava
ficando sem paciência. — Vamos esperar que alguém morra?
Os outros quatro membros do conselho o olharam em
silêncio por um momento antes de Oveda falar no final.
— Vamos votar isso. Devemos?
Tarragon acenou com a cabeça.
— Sim. Vou começar. Concordo com Gavin. Sombertooth?
— O mesmo que você.
Zestus hesitou por alguns segundos.
— Realmente não há outra escolha. Jefferson e Baltic têm
minha permissão.
Oveda mordeu o lábio inferior antes de balançar a cabeça
para cima e para baixo algumas vezes.
— Não posso deixar nosso povo sofrer mais.
— Eu também — Gavin acrescentou. — Fico feliz em saber
que estamos todos na mesma página. Vou falar com Jeff e Balt.
Também terei de incluir Ed e Dray. Ah, e também meu companheiro.
— Por que precisa informar os outros? — Sombertooth
perguntou.
— Os trigêmeos nunca permitirão que um deles vá para a
batalha sozinho. Seus respetivos companheiros, não podem ficar de
lado enquanto os trigêmeos estão envolvidos em uma situação
potencialmente perigosa. Ou somos nós seis ou nenhum.
Oveda acenou com a cabeça.
— Estou bem com isso. Apenas faça o que tem que fazer.
— Eu irei. Na verdade, vou embora agora. Vejo vocês na
próxima reunião.
Gavin levantou e se despediu de seus colegas membros do
conselho. Saiu da câmara em menos de um minuto. Um portal de
água se materializou, e apertou os punhos antes de entrar nele. As
pessoas sombra o irritaram pela última vez. Iria lidar com eles de
uma vez por todas. Não iria mostrar qualquer misericórdia para
aqueles que se rebelaram. Não mereciam nenhuma.
No entanto, tudo era mais fácil dizer do que fazer. Quando
conseguiu reunir todos na sala de jantar da casa dos trigêmeos, não
esperava que Caspian, Drake e Jefferson o encarassem quando
compartilhou o plano com eles. Edwin simplesmente ficou
boquiaberto enquanto Baltic parecia estar atordoado. Gavin achou a
ideia ótima. Seriam capazes de reunir todas as pessoas sombras
envolvidas e evitar mais baixas. Não entendia por que os outros
estavam tão quietos.
De repente, Baltic saiu da sala sem dizer uma única palavra
enquanto Jefferson o acertava na cara.
— Você pode ser mais insensível?
— O que...
— Meu companheiro costumava ser controlado pela magia
siren dentro dele. Agora, você está pedindo a ele para usar sua magia
essencialmente para fazer o mesmo com alguns outros seres
sobrenaturais.
Gavin apertou o rosto de horror.
— Merda! Não pensei sobre...
— Isso mesmo. Você não pensou. É melhor torcer para que
meu companheiro esteja bem. Caso contrário, melhor amigo ou não,
nunca vou te perdoar por colocá-lo em uma situação difícil.
— Jeff, sinto muito...
— Guarde as desculpas para o meu companheiro.
Gavin soltou um suspiro de derrota quando Jefferson saiu da
sala em busca do Baltic. Em seu desespero para manter Caspian
seguro de qualquer ataque futuro, voluntariamente colocou o
companheiro de seu melhor amigo, que também era seu cunhado,
em uma posição tão horrível. Não fez isso de propósito. Só queria
que a ameaça do povo sombra fosse erradicada o mais rápido
possível. Foi a única maneira que conseguiu pensar para proteger
Caspian de mais danos. Olhou para os outros três homens que
permaneceram na sala com ele. Caspian e Drake estavam
obviamente furiosos com ele, mas Edwin parecia mais simpático.
— Cas, Dray, sinto muito.
No entanto, eles não responderam. Simplesmente correram
para fora da sala, ignorando-o completamente. Edwin se aproximou
dele e segurou seu ombro. Pelo menos alguém não estava bravo com
ele.
— Dê a eles um pouco de tempo, Gav. Sei que está
estressado e desesperado para resolver este assunto com o povo
sombra, mas você, Jeff e eu somos diferentes dos tritões. Eles são
gentis e puros. Baltic achará terrível fazer o que você sugeriu.
— Ele matou o feiticeiro malvado muito bem.
— Em defesa de si mesmo e do seu companheiro. Sereianos
não derramam sangue a menos que estejam protegendo as pessoas
que amam. Você, Jeff e eu não somos iguais a eles. Nós três já
fizemos muitas coisas no passado, algumas das quais não eram nada
saborosas. Não posso falar por você ou Jeff, mas sou grato por estar
acasalado com Dray. Ele é a luz da minha escuridão. Ele faz minha
existência valer a pena.
Gavin soltou um suspiro que não sabia que estava
prendendo.
— Sinto o mesmo sobre o Cas, mas estraguei tudo. Grande
momento. Preciso consertar a situação entre mim e ele.
— Dê a ele um pouco de tempo. Ele está muito zangado
para te ouvir.
Gavin queria protestar, mas sabia que Edwin estava certo.
— Sim. Tudo bem. Vou bater um papo com ele mais tarde.
Nos próximos momentos, ele e Edwin ficaram sentados na
sala de jantar em silêncio. Não tinha ideia do que mais dizer, não
quando as coisas saíram de controle de uma forma tão horrível.
Apenas esperava ser capaz de acertar as coisas com todos.
Caspian abordou Baltic e Jefferson no quintal. Os dois
estavam se abraçando com força. Não queria incomodá-los, mas
sentiu que era necessário se desculpar em nome de seu
companheiro. Uma parte sua podia entender por que Gavin tinha
bolado tal plano, mas ainda assim o irritou. Drake veio até ele
momentos depois, e Jefferson foi o primeiro a notá-los. Esperou
enquanto Jefferson e Baltic trocaram um breve beijo. Então,
Jefferson se afastou antes de se dirigir a ele e Drake.
— Vou deixar os três por agora. Preciso falar com Gav.
Caspian assentiu.
— Tenho certeza de que Gav tem uma razão para inventar
algo assim. Pega leve com meu companheiro, por favor.
Jefferson deu uma risadinha.
— Conheço Gav há milhares de anos. Ele é mais o tipo de
cara de “agir primeiro, pensar depois e se danar com as
consequências”. Não se preocupe. Estou muito mais calmo agora que
Balt está se sentindo melhor.
Drake riu.
— Não incomode Gav. Bem, não muito.
Jefferson deu uma risadinha.
— Eu sei como lidar com ele. Vou deixar vocês três
conversarem sobre o assunto. Ed, Gav e eu estaremos lá em cima
na sala de jantar quando estiver pronto para se juntar a nós
novamente.
Caspian sorriu para o elfo.
— Certo. Até mais tarde.
Depois disso, ele e Drake se aproximaram do Baltic. Nenhum
deles pronunciou uma única palavra por vários momentos, até que
Baltic falou de repente.
— Acho que vou fazer isso.
Caspian olhou horrorizado para Baltic.
— De jeito nenhum! Somos sereianos, irmãozinho. Não
somos iguais à maioria dos outros. Você não sabe a verdadeira
extensão do que estará fazendo. E se acabar aniquilando as pessoas
sombra?
— Mas não posso permitir que continuem com a sua tirania.
Muitos ficaram feridos.
Drake passou um braço pelos ombros de Baltic.
— Concordo com Cas. Não acho que seja uma boa ideia
fazer isso. Você acabou de retomar sua magia tritão não faz muito
tempo. Não tenho certeza se está mentalmente pronto para usar sua
magia para controlar o corpo, a mente e a magia de alguém.
— Eu sei, mas também não suporto saber que poderia ter
contribuído com algo para impedir que as pessoas sombra
causassem mais danos, mas não estou fazendo isso.
Caspian olhou para Baltic por mais alguns segundos antes de
falar.
— Você está absolutamente certo?
Baltic abriu a boca, mas fechou-a novamente. Caspian
esperou a resposta de Baltic. Baltic inspirou e expirou algumas vezes
antes de responder à pergunta.
— Não, mas se não tentarmos, haverá mais vítimas.
Drake apertou o ombro de Baltic suavemente.
— O que quer que você decida, Cas e eu cuidaremos de
você.
— Eu sei. Obrigado. Jeff me disse antes que não preciso dar
o golpe final, se for o caso. Ele está mais do que disposto a fazer
isso.
— Bom — Caspian disse enquanto dava a Baltic um sorriso
suave. — Não somos iguais ao Gav, Jeff e Ed. Não tenho certeza se
posso erradicar alguém a sangue frio, a menos que esteja tentando
proteger meu companheiro. É... é demais para lidar.
Baltic assentiu.
— O mesmo para mim.
Drake suspirou.
— Ainda assim, gostaria que não tivesse que fazer isso.
— Eu sou aquele com a magia de cura natural. As
habilidades de Jeff são aprendidas. Ele sabe como curar, mas não
tem ideia de como utilizar suas habilidades para fazer o oposto. A
diferença é grande entre nós. Serei capaz de manipular as pessoas
sombra com facilidade porque minha magia é inata. Não se
preocupe. Vou ficar bem.
Caspian bufou.
— É melhor você estar certo. Jeff ficará furioso se você for
ferido.
Baltic gargalhou enquanto balançava a cabeça para cima e
para baixo.
— Você está certo. De qualquer forma, devemos voltar para
a sala de jantar agora? Quanto mais cedo tivermos um plano,
melhor.
Drake abraçou Baltic com força antes de se afastar.
— É claro. É melhor você sair dessa ideia estúpida com vida.
Vou ficar com raiva se você acabar morto em vez disso.
Baltic revirou os olhos.
— Você precisa parar de ser tão superprotetor, Dray.
Estamos todos acasalados agora. Nosso foco deve estar em nossos
companheiros.
— Eu sempre vou me preocupar com você e Cas. Não posso
evitar.
Caspian riu.
— Você não mudou nada. Achei que ficaria mais relaxado
depois de acasalar.
Drake zombou.
— Olha quem fala. Esperava que você fosse ficar mais
maduro após o acasalamento. Aparentemente, é desejar muito. Isso
me faz pensar mais uma vez quem é realmente o irmão mais velho.
— Tanto faz, velho. Vamos voltar lá para cima.
Então, Caspian ficou entre Drake e Baltic antes de alcançar
suas mãos e arrastá-los para longe do quintal. Ainda tinha que ter
uma conversa com Gavin, no entanto. Afinal, eram companheiros.
Não gostou da tensão em seu vínculo no momento. Podia sentir que
Gavin estava sofrendo, e isso não caiu bem para ele, mas sua
conversa privada teria que esperar até que voltassem para casa.
Tinham uma discussão mais urgente para tratar.

Capítulo Nove
Gavin saiu de seu portal de água direto para o jardim antes
de virar para esperar pelo seu companheiro. Segundos depois,
Caspian apareceu. Não tinha ideia se Caspian ainda estava bravo
com ele. Durante a discussão posterior, seu companheiro estava
mais quieto do que o normal. Soltou um suspiro de alívio quando
Caspian alcançou sua mão e se derreteu em seu abraço.
— Sinto muito, querido. Deveria ter pensado no passado de
Balt como um siren, em vez de simplesmente sugerir tal plano, sem
considerar o impacto que terá sobre seu irmão. Tenho estado tão
preocupado com você que não penso muito nas consequências. Estou
desesperado para mantê-lo seguro, não importa o que aconteça. Não
estou desculpando minha ação, mas quero que saiba por que fiz isso.
Caspian se afastou um pouco e balançou a cabeça.
— Está tudo bem. Entendo. Estou bem agora. Também
entendo que está exausto pelas reuniões com os outros membros do
conselho e mais do que um pouco frustrado com a situação com as
pessoas sombra.
— Você está certo em ambos os casos.
— Ainda não acho que seja a solução certa aniquilar um
grupo inteiro de seres sobrenaturais, no entanto.
— Não vamos fazer isso — Gavin insistiu enquanto passava
o dedo na bochecha direita de Caspian. — Bem, pelo menos não acho
que chegaremos a tal extremo com o povo sombra, e espero que não
seja necessário. Teremos que capturar um ou dois deles. Tudo
depende do que sair durante o interrogatório. O que você pegou não
falou muito.
— Mas como vamos rastreá-los? Eles são capazes de
escapar da detecção.
Gavin encolheu os ombros.
— Vou informar os outros membros do conselho para
passarem a mensagem a todos os seres sobrenaturais pelos quais
estão encarregados. Com sorte, seremos capazes de obter pelo
menos um.
— OK. Nesse ínterim, devemos prosseguir com nosso
encontro.
— Encontro?
Caspian riu.
— Sim. Você parece tão surpreso.
— Um pouco. Até alguns minutos atrás, não tinha certeza
se você gostaria de ficar perto de mim em um futuro próximo.
Caspian colocou a palma da mão na bochecha esquerda de
Gavin e esfregou suavemente.
— Você é meu companheiro para a eternidade. Não importa
o que aconteça no futuro, sempre podemos resolver as coisas.
— Sem arrependimentos?
— Nenhum.
Gavin sorriu para Caspian.
— OK. Então, o que vamos fazer neste encontro que você
pensou para nós?
Caspian sorriu.
— O que acha de dormir sob as estrelas?
Gavin gemeu.
— Aqui ao ar livre?
— Sim.
— Mas temos uma cama perfeitamente confortável em casa.
Caspian gargalhou em resposta.
— Também pensei nisso. Vamos, garanhão. Será divertido.
— Essa é a sua opinião.
— Imagine como será divertido para nós fazer amor neste
jardim.
Gavin gemeu com as imagens que vieram à sua mente.
— Você joga sujo.
— Mas você vai aproveitar cada segundo de mim cavalgando
seu pênis grosso e pulsante.
O pênis de Gavin se contraiu ao ouvir isso.
— OK. Tudo bem. É um acordo. Que tal jantar? Estou
morrendo de fome.
— Preparei alguns sanduíches hoje cedo e os coloquei na
geladeira. Só preciso aquecê-los um pouco. Também tenho um
pouco de suco de laranja espremido na hora. Para a sobremesa,
vamos ter alguns brownies.
Gavin passou os braços mais apertados ao redor da cintura
de Caspian.
— Prefiro ter você como sobremesa.
Caspian riu.
— Tesão?
— Sempre por você.
— Aposto que tem muito esperma armazenado em suas
bolas. Você não chegou ao clímax nas últimas vezes em que fizemos
amor.
Gavin corou de vergonha com a lembrança.
— Eu sinto muito. Eu realmente queria, mas adormeci na
noite e no dia seguinte, eu só... não sei o que havia de errado
comigo.
— Você está muito tenso, garanhão. Experimentei a mesma
coisa algumas vezes quando me masturbava no passado, antes de
acasalarmos.
— Mesmo?
— Uh-huh. Quanto mais eu me obrigava, mais difícil era ter
um orgasmo. Acabei desistindo de brincar com meu pênis porque
meu braço direito estava cansado depois de acaricia-lo por muito
tempo.
— Eu nunca lidei com algo assim. Surtei na padaria do Ed
depois.
Caspian deu uma risadinha.
— Deve ter sido uma conversa divertida.
Gavin fez uma careta.
— Mais como mortificante.
— Aposto. De qualquer forma, devemos pegar tudo de que
precisamos agora e voltar para o jardim depois disso?
— Boa ideia. Estou morrendo de fome, na verdade.
— Isso é bom. Fiz sanduíches mais do que suficientes para
alimentar um pequeno exército. Você pode comer o quanto quiser.
Gavin se aninhou na curva entre o pescoço e o ombro de
Caspian.
— Prefiro me deleitar com seu delicioso pênis e bunda.
Caspian riu em resposta.
— Não acho que vai saciar sua fome assim.
— Não me importo. Meu pênis está muito duro agora, e
minhas bolas doem por um orgasmo.
Caspian bufou.
— Guarde para depois, garanhão. Um pouco de antecipação
tornará o sexo ainda melhor.
Gavin assentiu.
— Tudo bem, mas quero gozar dentro de sua bunda quente
e apertada pelo menos duas vezes por ser tão paciente.
Caspian revirou os olhos.
— Certo.
Enquanto os dois entravam no elevador, Gavin se sentiu
muito mais leve porque ele e Caspian haviam resolvido as coisas.
Toda a tensão dentro dele havia derretido alguns momentos atrás, e
agora estava ansioso pelo seu encontro com seu companheiro. Não
tinha dúvidas de que iria gostar. Provou que estava certo alguns
minutos depois. Depois de retornar ao jardim, observou com espanto
como Caspian usou sua magia da água para criar uma pequena
cúpula logo acima deles.
— Legal.
— Para nos proteger dos elementos. Apenas no caso.
Então, Caspian criou uma breve chuva localizada que caiu no
topo do jardim, fazendo com que as plantas e ervas brilhassem sob
o luar com as gotas de água nelas. Gavin estava mais do que um
pouco divertido com a exibição.
— Bastante teatral, querido.
— Combina com a nossa personalidade. Não somos
enfadonhos e sérios como Ed e Dray, mas também não somos
excessivamente afetuosos como Jeff e Balt. Somos o casal divertido.
Gavin gargalhou ao ouvir isso.
— Verdade.
Em seguida, os dois sentaram na toalha de piquenique, que
foi colocada no chão. Gavin colocou a palma da mão direita para se
firmar enquanto pegava um sanduíche com a outra mão da cesta.
Suas longas pernas estavam esticadas na sua frente. Enquanto isso,
Caspian estava sentado de pernas cruzadas ao seu lado e mordendo
seu próprio sanduíche.
— Como era sua vida no passado?
A pergunta de Caspian surpreendeu Gavin por um momento.
Ponderou a resposta por mais alguns segundos antes de responder.
— Era boa. Me diverti muito, incluindo minha vida sexual.
— Entendo.
Gavin se endireitou e pegou a mão de Caspian.
— Não vou adoçar para você, bebê. Dormi com muitas
pessoas, mas tudo isso ficou no passado.
Caspian acenou com a cabeça e permaneceu em silêncio por
um tempo antes de falar.
— Você está... deixa pra lá. Esqueça.
Gavin apertou a mão de Caspian.
— Bebê, o que é?
— É estúpido pra caralho.
— Se está te incomodando, então preciso saber.
Caspian hesitou por mais alguns segundos.
— Eu… estou me perguntando se você está satisfeito
comigo. Sexualmente, quero dizer. Quer dizer, às vezes me
preocupo.
Gavin terminou seu sanduíche enquanto puxava seu
companheiro para mais perto. Ficou encantado quando Caspian
deitou a cabeça em seu ombro.
— Talvez eu seja tendencioso, mas você é o melhor sexo
que já tive.
— Mas não sei se te agradei da maneira como costumava
ter.
— Você fez tudo muito melhor do que qualquer um dos meus
parceiros anteriores.
— Tem certeza?
— Cem por cento.
Gavin ficou aliviado quando Caspian sorriu para ele.
— Fico feliz em saber disso.
Os dois continuaram a comer em silêncio pelos próximos
momentos. Entendeu de onde Caspian estava indo. Seu companheiro
podia agir despreocupado e relaxado, mas Gavin estava ciente de
que Caspian era realmente o mais inseguro entre os trigêmeos.
Caspian era simplesmente melhor em esconder seu medo sob a
fachada de sua atitude despreocupada. Por outro lado, Drake
compensou sendo muito sério, enquanto Baltic era muito tímido.
— Bebê.
— O quê?
— Você sabia que eu não tinha sobrenome no começo?
Caspian se endireitou em aparente espanto.
— Não. Qual é a história?
— Eu nasci há milhares de anos. Quando os humanos
começaram a se nomear, chamei a mim mesmo de Gawain. Então,
mudei para Gavin antes de adicionar meu sobrenome atual.
— Isso é interessante. Nunca soube disso.
— Agora você sabe. Você sempre foi Caspian?
Caspian assentiu.
— Eu nasci há cerca de duzentos anos. É um antigo nome
de família da parte da minha mãe. O de Drake também. Baltic tem o
nome do bisavô do meu pai. Ou é seu tataravô? Ugh, nunca consigo
acertar. Me desligava do meu pai sempre que ele começava a
relembrar a história de sua família. Me entediava até a morte.
Sempre podemos perguntar ao Balt na próxima vez que o
encontrarmos. Ele é o nerd entre nós três. Está sempre lendo.
Gavin gargalhou.
— OK. Estou bastante surpreso que Drake não seja um
grande leitor, considerando o quão sério ele é.
— Ele está sempre perdido dentro de sua cabeça. Eu
gostaria que ele não fizesse isso com tanta frequência.
Gavin encolheu os ombros.
— Drake tem magia de vidente. Ele provavelmente não pode
evitar.
— Eu acho. Por outro lado, não posso falar sobre meus
irmãos quando sou mais do que um pouco obcecado por plantas e
ervas.
Gavin bufou.
— Um pouco?
— Tanto faz.
Gavin riu quando Caspian passou outro sanduíche para ele.
A comida era simples. Não era um prato gourmet, mas adorou.
Afinal, foi preparado por seu companheiro. Não tinha dúvidas de que
iria desfrutar de cada mordida dos sanduíches, mesmo que tivessem
um gosto realmente horrível. Podia compreender melhor a que as
pessoas se referiam quando afirmavam que o amor era cego.
Assim que estava cheio, deitou na toalha com um suspiro de
satisfação. Foi ainda mais fantástico quando Caspian colocou a
cabeça em seu ombro e se aconchegou perto. Foi o encontro mais
perfeito que já teve, e tinha certeza de que os dois iriam desfrutar
de mais encontros assim no futuro. Fechou os olhos e permitiu que
a respiração suave de Caspian o ajudasse a relaxar ainda mais. Por
mais tentado que estivesse a empurrar Caspian para baixo na toalha
e fazer amor com seu companheiro, sua posição atual era
maravilhosa demais. Eles sempre poderiam se divertir mais tarde.
Nesse ínterim, iria saborear o momento adorável com Caspian.

Capítulo Dez

Caspian não conseguia acreditar que tinha adormecido


enquanto tinha um encontro com seu companheiro, mas acordou
assustado quando detectou algo estranho. Podia sentir o corpo
inteiro de Gavin enrijecendo embaixo dele. Olhou nos olhos de seu
companheiro e notou a apreensão neles.
— Não estou sendo hipersensível, estou?
Caspian balançou a cabeça.
— Esta é a mesma sensação que tive quando fui atacado
pela pessoa sombra na primeira vez.
A mandíbula de Gavin apertou de raiva.
— O povo sombra deve ter perdido a cabeça. Atacar aqueles
seres sobrenaturais de nível inferior e médio é uma coisa. Eles não
sabem quem eu sou?
— Não acho que se importam. Tenho a forte sensação de
que estão ficando desesperados. Não tenho ideia de quantos estão
vindo atrás de nós, mas tenho certeza de que há mais de uma
assinatura mágica vindo em nossa direção em um ritmo rápido.
— Teremos que trabalhar juntos.
— Naturalmente. Não vou ficar de lado enquanto eles vêm
atrás do meu companheiro.
Caspian levantou e ofereceu a mão ao Gavin, que a agarrou.
Os dois ficaram de costas um contra o outro.
— Esta cúpula ao nosso redor é poderosa o suficiente para
resistir à incursão deles?
Caspian encolheu os ombros.
— Possivelmente.
— OK. Ouça meu comando, bebê.
— Eu irei.
Observou em silêncio pelos próximos momentos enquanto as
sensações desconfortáveis se aproximavam. Apertou os punhos
enquanto invocava sua magia de fogo. Atrás dele, podia sentir a
magia da água de Gavin muito perto da superfície. Nada aconteceu
por um tempo. Observou enquanto as folhas das plantas balançavam
com o vento. Tudo parecia tão pacífico. De repente, uma figura
escura se levantou bem ao lado de sua cúpula. Isso foi seguido por
vários outros até que ele e Gavin foram cercados por muitas pessoas
sombras.
— Agora!
Caspian esticou os braços e capturou o máximo de pessoas
sombras que pôde dentro de suas bolas de fogo, mas eles
continuaram chegando. Sua magia pode ser forte, mas não seria
capaz de acompanhar o fogo por um período indefinido de tempo.
Percebeu sua cúpula rachando momentos depois. Então, a cúpula
mágica desapareceu no nada em segundos.
— Gav…
— Eu sei, bebê. Aguente.
Do nada, a água subiu do solo. Ao contrário da cor azul de
sua magia da água, ficou surpreso ao notar a cor negra da magia da
água de Gavin. Ficou boquiaberto com a exibição de magia ao seu
redor. Agora entendia porque Gavin era considerado um dos seres
sobrenaturais mais poderosos que existiam. Ele só era capaz de
pegar uma pessoa sombra por vez com a sua magia, mas Gavin podia
fazer a mesma coisa com um golpe para cima de seus braços e
aprisionar várias pessoas sombra dentro das esferas de água de uma
só vez. O restante das pessoas sombras tentou escapar, mas Gavin
foi implacável. Nenhum deles poderia escapar. Caspian ficou
enraizado no local. Nunca tinha testemunhado a magia de Gavin até
aquela noite. Foi inspirador.
Observou enquanto as pessoas sombra se debatiam e
empurravam as esferas de água, mas a prisão mágica de Gavin era
inquebrável, embora tenha sido criada a partir de água. Podia ouvir
as pessoas sombra gritando em uma cacofonia de ruídos estridentes
desumanos. Podia até sentir sua magia batendo contra as esferas de
água, mas não conseguiram escapar. A magia de Gavin era diferente
de qualquer outra que Caspian já testemunhou em seus séculos de
existência. Ficou ainda mais impressionado com o fato de que Gavin
poderia capturar todas as pessoas sombra sem danificar as plantas
e ervas no jardim. Soltou um suspiro suave quando a batalha
acabou.
— Droga.
— O quê?
Caspian sorriu para Gavin.
— Sua magia é impressionante.
Gavin encolheu os ombros.
— Obrigado, querido, mas isso é apenas um pequeno
pedaço.
Caspian assobiou baixinho.
— Queria poder fazer isso.
— Algum dia, bebê. Você ainda nem atingiu seus duzentos
anos. Sua magia ficará muito mais forte conforme você envelhece.
Em comparação, sou literalmente antigo.
Caspian bufou.
— Verdade, mas você tem a resistência sexual de um
adolescente.
Gavin riu.
— Eu tenho que te acompanhar.
Caspian revirou os olhos.
— Essa é uma desculpa inválida. Você fica com tesão o
tempo todo.
Gavin sorriu.
— É sua culpa ser tão sexy e irresistível.
Caspian ignorou o calor subindo por seu pescoço e bochechas
enquanto apontava para as esferas ao redor deles.
— O que vamos fazer com todas essas pessoas sombra?
Será que conseguimos capturar todos eles?
— Penso que sim. Vou mandá-los para a dimensão
alternativa e deixar Tarragon dar uma olhada neles primeiro. Afinal,
ele é o responsável por todos os seres sobrenaturais com o elemento
do espírito, incluindo as pessoas sombra. Se ele não conseguir tirar
nada deles, temos que contar com o Balt.
Caspian assentiu.
— Tudo bem então.
Estava prestes a perguntar sobre seus métodos de
transporte para seus prisioneiros quando Gavin invocou seu portal
de água e jogou todos dentro com um movimento de seu braço.
— Feito.
— Exibicionista.
Gavin balançou as sobrancelhas para Caspian.
— Eu te excito, bebê?
— Você associa tudo com sexo?
— Mais ou menos.
Caspian balançou a cabeça.
— Estou acasalado com um viciado em sexo.
— Não posso evitar. Fico duro perto de você quase o tempo
todo.
— Você precisa aprender melhor autocontrole então.
— Você deve diminuir a sua sensualidade, bebê — Gavin
respondeu enquanto Caspian simplesmente bufou em retaliação.
— Tanto faz.
Caspian engoliu em seco quando Gavin se aproximou dele e
colocou os dois braços em volta de sua cintura.
— Lembro-me de alguém prometendo montar o meu pênis.
— Mesmo? Você deve estar ficando senil. Não houve tal
promessa.
Gavin fez beicinho.
— Vamos, bebê. Minhas bolas azuis ficarão roxas em
questão de minutos.
De repente, Caspian empurrou Gavin para a toalha de
piquenique mais uma vez. O grito de surpresa de Gavin se
transformou no sorriso mais brilhante de todos os tempos. Caspian
tinha planejado provocar Gavin um pouco mais, mas estava tão
excitado quanto seu companheiro. Tentou fazer um strip-tease sexy
para o benefício de Gavin, algo que tinha aprendido em tutoriais em
vídeo online, mas acabou caindo de bunda quando estava tirando a
calça. Corou de vergonha.
— Desculpe.
Gavin balançou a cabeça enquanto rastejava em sua direção.
Gemeu baixinho quando Gavin lambeu seu pescoço. Foi um golpe
suave da língua de seu companheiro, mas a sensação foi incrível.
— Já te disse hoje o quanto te amo? — Gavin sussurrou
contra seu pescoço enquanto mordiscava. — Porra. Você tem um
gosto tão bom, querido.
Caspian não conseguiu pronunciar uma única palavra. Em
vez disso, estendeu a mão e agarrou cegamente a camisa de Gavin,
querendo tirá-la e ansiando por sentir o calor da pele nua de seu
companheiro esfregando contra ele. Estava perdido na emoção da
língua de Gavin ao redor de seu pescoço. Levou um momento para
perceber que agora estava deitado nu debaixo de Gavin, que havia
removido cada ponto de suas próprias roupas. No entanto, estava
determinado a dar a Gavin tanto prazer quanto estava recebendo no
momento. Estendeu a mão direita e agarrou o pênis latejante de
Gavin. Gavin sibilou contra seu peito antes de sugar seus mamilos,
um após o outro.
— Gav, justo é justo. Deixe-me te provar também.
Gavin subiu mais alto e falou no ouvido esquerdo de Caspian
em um tom rouco.
— Sim? Por onde quer começar, querido?
Caspian não respondeu. Em vez disso, deslizou para baixo
até ficar posicionado de costas, logo abaixo das bolas peludas de
Gavin. Olhou para cima e se moveu um pouco mais para trás. Agora
estava olhando para a bunda musculosa de Gavin. Agarrou os
quadris de Gavin e puxou seu companheiro para baixo em direção a
ele enquanto colocava a língua para fora. Podia sentir o cheiro
almiscarado de seu companheiro quando respirou fundo e colocou as
duas bolas de Gavin dentro de sua boca. Brincou com elas
repetidamente até ficar satisfeito. O grunhido de prazer de Gavin foi
todo o encorajamento que precisava para continuar o que estava
fazendo.
Quando teve o suficiente, agarrou o pênis pulsante de Gavin
com as duas mãos. Suas palmas não eram grandes o suficiente para
circular a largura do pênis de Gavin, e nem eram o suficiente para
cobrir todo o comprimento do pênis de seu companheiro. Acariciou
as mãos para cima e para baixo, sentindo o pré-sêmen vazando do
pênis de Gavin em uma de suas mãos. Repetiu o movimento mais
algumas vezes antes de puxar a ereção de Gavin para mais perto de
sua boca. Ficou grato quando Gavin o ajudou arrastando os pés para
trás.
Empurrou o pênis de Gavin em sua boca, chupando a cabeça
e lambendo o salgado pré-sêmen com a língua. De vez em quando,
tomava mais do pênis de Gavin dentro de sua boca. Não tinha certeza
se algum dia seria capaz de engolir todo o comprimento do pênis de
seu companheiro, mas estava determinado a continuar tentando. Ele
se encolheu de surpresa quando sentiu Gavin chupando seu pênis.
Permitiu que Gavin engolisse profundamente seu pênis por alguns
momentos, mas teve que puxar sua cabeça quando sentiu um aperto
na virilha. Soltou o pênis de Gavin de sua boca e empurrou seu
companheiro para longe.
— Deite de costas.
Gavin atendeu com pressa.
— Estou pronto, querido.
Caspian sorriu enquanto apontava para o pênis latejante de
Gavin, que estava molhado com sua saliva, mas utilizou sua magia
de água para lubrificá-lo ainda mais. Poderia produzir bastante
lubrificante em sua bunda, mas não havia mal nenhum em adicionar
mais. Afinal, estava prestes a montar no pênis realmente enorme de
seu companheiro.
— Obviamente.
— Sempre que quiser montar no poste do prazer de Gavin
Barton, você apenas tem que me deixar - merda!
Caspian fez uma careta de dor enquanto afundava no pênis
de Gavin em um golpe áspero. Doeu como o inferno, mas valeu a
pena. Observou com satisfação quando os olhos de Gavin reviraram
de prazer quando começou a se foder no pênis de seu companheiro
uma e outra vez.
— Droga. Seu pênis é um monstro por si só.
— O... o melhor para f... te foder, bebê — Gavin murmurou
enquanto ofegava e gaguejava. — Por que sua bunda ainda está tão
apertada? Já te fodi com bastante frequência. Você deveria estar
mais solto agora.
Caspian subiu e desceu no pênis de Gavin, gemendo como
uma vagabunda no cio enquanto se esfregava contra o pênis duro
dentro de sua bunda.
— Você está reclamando?
Gavin balançou a cabeça.
— Porra, não. Sim, aperte essa bunda. Você está fazendo
meu pênis se sentir tão bem.
Caspian desejou poder durar para sempre, mas sabia que
era impossível, especialmente quando o pênis de Gavin continuou
batendo naquele lugar incrível dentro de sua bunda. Podia sentir suas
bolas apertando em breve. Então, gritou quando atingiu o clímax sem
nem mesmo tocar seu pênis. Observou enquanto seu pênis
continuava a soltar cargas de seu esperma por todo o rosto e parte
superior do corpo de Gavin antes de afunilar para uma gota espessa
da fenda de seu pênis no estômago musculoso de seu companheiro.
Nem mesmo recuperou o fôlego antes de Gavin virar suas
posições, então Caspian estava agora de costas debaixo de seu
companheiro. O suor de Gavin escorria sobre ele incessantemente
enquanto seu companheiro o fodia. Queria dizer algo, mas não
conseguiu. Gavin estava empurrando em sua bunda em um ritmo
rápido, ainda batendo contra sua próstata várias vezes. Não tinha
ideia de quanto tempo se passou enquanto Gavin o fodia sem
piedade.
A próxima coisa que percebeu foi seu espanto quando teve
seu segundo orgasmo em tão pouco tempo. Isso pareceu soltar
Gavin porque podia sentir o esperma de seu companheiro explodindo
dentro dele, cobrindo o interior de sua bunda com uma quantidade
copiosa de esperma quente. Depois de um tempo, Gavin caiu sobre
ele. Ambos estavam suados e escorregadios, mas não se importava.
Simplesmente envolveu os braços e pernas ao redor do corpo de seu
companheiro enquanto Gavin lhe deu um olhar terno e amoroso
antes de se inclinar para um beijo suave.
— Melhor sexo de todos.
Gavin bufou.
— Espere até chegarmos à segunda rodada, bebê. Isso fará
com que nosso sexo anterior pareça medíocre em comparação.
— Estou ansioso por isso, garanhão.
Caspian estremeceu de antecipação. Não podia esperar.
Quando sua mente começou a se encher de pensamentos sobre o
próximo interrogatório das pessoas sombras, agarrou as bochechas
de Gavin e puxou seu companheiro para outra rodada de beijos
alucinantes. Não queria pensar em mais nada por enquanto,
especialmente sobre a possibilidade de Baltic ter que usar sua magia
de cura de forma negativa. Não conseguia nem pensar nisso. Iria
aproveitar o momento precioso que estava tendo com seu
companheiro ao invés. Todo o resto poderia ficar em segundo plano
por enquanto.

Capítulo Onze

Ao chegar na dimensão alternativa, Gavin conduziu todos


para a câmara onde os outros quatro membros do conselho já
estavam esperando-os. Segurou a mão direita de Caspian enquanto
estavam lado a lado na câmara. Edwin e Drake ficaram ao seu lado
enquanto Jefferson e Baltic se aproximavam das cinco pessoas
sombra no centro da sala. Enquanto isso, os outros quatro membros
do conselho ficaram atrás dele.
Gavin virou para seus colegas membros do conselho e
inclinou a cabeça para as pessoas sombra.
— Por que não estão se contorcendo e tentando escapar?
Existe uma armadilha invisível que eu não consigo detectar?
Tarragon sorriu para Gavin.
— Pó de fada, cortesia sua. Seu uso mágico depende de
quem a empunha.
Caspian enfrentou Tarragon e se curvou antes de falar.
— Conselheiro, por que você não pode usar o pó de fada
para mergulhar nas mentes das pessoas sombras em vez de pedir a
Balt para fazer isso?
Tarragon balançou a cabeça.
— Pó de fada não pode controlar mentes. É mais uma arma
física.
Gavin e Caspian assentiram ao mesmo tempo. Depois disso,
voltaram a focar sua atenção em Jefferson e Baltic, que havia
alcançado a primeira das cinco pessoas sombras.
— Onde estão as outras pessoas sombras que capturamos?
Gavin se inclinou para mais perto de Caspian antes de
responder com uma voz suave.
— O conselho e eu não conseguimos obter a cooperação dos
prisioneiros depois de interrogá-los nos últimos três dias. No entanto,
existem muitos. É por isso que decidimos dividi-los em grupos de
cinco. Não queremos que Balt se sinta sobrecarregado.
Caspian soltou um suspiro gentil.
— OK. Espero que Balt esteja bem até o final do dia.
Gavin sentiu uma pontada de culpa no estômago, mas a
empurrou para longe. Todos tiveram que fazer algumas coisas
desagradáveis para garantir que a justiça fosse mantida. Além disso,
queria que os problemas com as pessoas sombra acabasse, porque
se preocupava com a segurança de Caspian o tempo todo. Não seria
capaz de relaxar até que os sombras fossem tratados. Portanto,
simplesmente apertou a mão de Caspian com um pouco mais de
força, em vez de responder verbalmente à preocupação de seu
companheiro.
Observou Baltic estender os braços em direção à primeira
pessoa sombra. Podia sentir a magia do Baltic ganhando vida,
girando para cima e ao redor como um enorme tornado por toda a
câmara. Foi uma impressionante demonstração de magia. Ignorou o
grito doloroso da pessoa sombra, que durou vários segundos.
Esperou enquanto Baltic repetia o mesmo processo mais quatro
vezes. Então, Baltic virou para Jefferson, derretendo-se nos braços
do elfo exausto. Enquanto Baltic se recuperava, Gavin notou as
posturas das pessoas sombra. Eles ainda estavam imóveis, mas suas
cabeças pendiam para baixo.
Depois de alguns momentos, Baltic falou.
— Olhei nas mentes dessas pessoas sombras. Tudo dentro
deles é horrível.
— Baltic, por favor, diga-nos o que você vê — Oveda disse
antes que alguém pudesse fazer isso. — Não nos deixe em suspense.
Baltic mordeu o lábio inferior e permaneceu quieto por mais
alguns segundos antes de responder.
— Eles querem ser o grupo de seres sobrenaturais mais
poderoso do mundo, então começaram a atacar os humanos há
várias centenas de anos. Elas...
— Esse caos foi iniciado pelo conflito entre os vampiros e
lobos — Zestus interrompeu enquanto balançava a cabeça. — O
mundo sobrenatural foi quase exposto então pela primeira vez.
Baltic assentiu.
— O povo sombra foi envolvido um pouco mais tarde. Eles
se aproveitaram do pandemônio resultante para atacar humanos. O
terror extremo nos humanos deu origem a novas pessoas sombras.
No entanto, eles não consideraram as consequências. Com mais
pessoas sombras ao redor, a quantidade de energia negativa da qual
poderiam se alimentar diminuiu, já que tinha que ser compartilhada
por um número maior dentro do grupo.
— Então, eles agora estão atacando outros seres
sobrenaturais para causar um pânico generalizado e obter mais
energia negativa? — Perguntou Sombertooth.
— Sim.
Houve um silêncio atordoante na câmara. Gavin estava
ciente da punição que seria aplicada se um grupo de seres
sobrenaturais fosse responsável pelo mesmo crime. A punição seria
severa, e a mais extrema seria a execução de todo o grupo. Ninguém
pronunciou uma única palavra pelo que pareceram horas. Depois de
um tempo, Gavin pigarreou para chamar a atenção de todos.
— Tarragon, você está no comando do povo sombra.
Tarragon hesitou por um momento antes de falar.
— Este é um crime que dura centenas de anos sem qualquer
punição. Só existe uma solução adequada.
Gavin tinha certeza de que todos na sala estavam tão
chocados quanto ele.
— Tem certeza?
Tarragon demorou um momento para responder.
— Sim. Decreto que o povo sombra seja apagado da
existência. Todos eles. Todo o grupo de pessoas sombra compartilha
uma consciência coletiva. Eles estão todos cientes das atrocidades
cometidas por seus companheiros, mas nenhum deles se apresentou
e conversou com o conselho na tentativa de impedir seus camaradas.
Portanto, são todos culpados. No entanto, se algum dia um novo
grupo de pessoas sombras surgir, eles começariam do zero,
completamente livres dos crimes do atual grupo.
Drake fez uma reverência para Tarragon antes de falar.
— Como vai capturar as pessoas da sombra que ainda estão
vagando livremente no momento?
— Posso ser o responsável por todas as pessoas sombras,
mas não tenho meios perfeitos para pegá-los todos de uma só vez.
Simplesmente terei que enviar vários caçadores para matar o
máximo que conseguirem colocar suas mãos até que tenhamos
aniquilado todo o grupo de pessoas sombra. Com a maioria das
pessoas sombra prestes a ser executada, a quantidade de magia
disponível para o restante será bastante reduzida. Eles não terão
tanta magia à sua disposição para escapar de nossa detecção.
Devemos ser capazes de nos livrar de todos.
Gavin notou as expressões pálidas nos rostos dos trigêmeos.
Até Zestus parecia um tanto enjoado ao ouvir isso. Assim como os
tritões, o shifter Pégaso era puro demais para algo tão sangue-frio
como matar todas as pessoas sombra, embora eles merecessem a
punição. Gavin não tinha esse escrúpulo, no entanto. Estava feliz que
o fim estava finalmente à vista para o terror que vinha perseguindo
o mundo sobrenatural há algum tempo.
Edwin ergueu a mão.
— Eu me ofereço para fazer isso.
Oveda concordou.
— Mas precisaremos de alguns dos outros caçadores
também, especificamente aqueles com a capacidade de transformar
as pessoas sombras em nada.
— Vou verificar entre os seres sobrenaturais sob meus
cuidados — Sombertooth disse imediatamente. — De qualquer
forma, Baltic, obrigado por sua ajuda inestimável. Antes de partir,
você deixará as memórias que coletou dessas cinco pessoas sombras
em um frasco? Precisamos manter registros de tudo.
— É claro. Isso significa que não tenho que mergulhar nas
mentes das pessoas das sombras restantes?
Zestus balançou a cabeça.
— Não. Obrigado, Baltic. As memórias dessas cinco pessoas
sombras são mais do que adequadas.
Foi uma reviravolta um tanto anticlimática dos
acontecimentos, por assim dizer. Não que Gavin fosse reclamar
disso. Pelo menos, todo o procedimento não acabou sendo muito
invasivo, especialmente para um tritão como Baltic. Gavin pensou
que seria muito pior. Esperava que Baltic tivesse que distorcer a
magia das pessoas sombra por dentro, se elas resistissem que suas
mentes fossem lidas. Passou um braço ao redor de Caspian e
conduziu seu companheiro para longe da câmara no momento em
que a reunião foi encerrada. Tarragon cuidaria das pessoas sombra
que já foram capturadas. Ele e Caspian se despediram de todos os
outros antes de entrar em um portal de água bem do lado de fora da
porta. Era hora de ir para casa.
Todo o corpo de Caspian estremeceu de alívio quando ele e
Gavin finalmente estavam em casa em seu quarto. Permitiu que
Gavin o puxasse para perto e envolvesse os dois braços em volta de
sua cintura. Foi um choque para ele, saber que um grupo inteiro de
seres sobrenaturais logo desapareceria da existência. Certo, as
pessoas sombra poderiam voltar a existir algum dia, mas isso não o
fazia se sentir melhor no momento. Não podia imaginar ter a
resolução de aço exigida pelos caçadores para aniquilar cada uma
daquelas pessoas sombra. Não achava que poderia suportar a ideia
de ser responsável pela extinção de todas as pessoas sombras,
temporárias ou não.
— Você está bem?
Caspian não sabia qual era a resposta certa. Por um lado,
ficou aliviado. Pelo menos a ameaça do povo sombra estava prestes
a acabar, mas saber o fato de que todos seriam caçados como se
fossem animais inferiores era bastante difícil de engolir. Ponderou
sua resposta por mais um momento antes de encolher os ombros.
— Eu acho.
— A justiça deve ser feita, querido.
— Estou ciente, mas não tenho coragem de me imaginar e
a todos os outros sereianos sendo colocados em uma posição
semelhante à das pessoas sombra. É inconcebível para mim.
Gavin apertou os braços ao redor do corpo de Caspian.
— As pessoas sombra são da escuridão, bebê. Eles não são
puros como os sereianos.
— Ainda não é mais fácil para mim pensar sobre eles sendo
mortos até que todos sejam apagados da existência por muitos anos.
— Eles vão voltar. Os humanos são especialmente
suscetíveis a sentimentos de terror extremo. Assim que isso ocorrer,
o povo sombra será criado novamente.
Caspian assentiu.
— Você está certo. De qualquer forma, estou pensando em
arrastar meus irmãos de volta ao oceano para uma visita. Tenho
certeza que meus pais ficarão felizes em ter nós três de volta em
casa ao mesmo tempo.
A expressão de Gavin iluminou-se em questão de segundos.
— Hora da festa?
— Sim. Vamos fazer isso. Não tenho dúvidas de que meus
pais, especialmente minha mãe, estão planejando uma celebração
desde que souberam que eu e meus irmãos estávamos acasalados.
— Alguma desculpa para uma festa, hein?
Caspian riu.
— Sim, mas é realmente muito mais do que isso. Faz parte
da cultura e dos costumes os sereianos se alegrarem juntos como
uma comunidade quando um dos seus encontra um companheiro.
— Será uma festa gigante?
— Apenas dentro da comunidade. Todos trarão comida e
bebida para compartilhar na festa. O par ou pares acasalados serão
anunciados e apresentados a todos dentro da comunidade. Então,
todos nós comeremos e beberemos nas próximas horas. Também há
alguma dança envolvida. Na verdade, é bastante manso no geral.
Gavin riu.
— Sereianos são próximos uns dos outros.
— De fato. A comunidade inteira é uma grande família
extensa de certa forma.
— Mal posso esperar. Qualquer desculpa para se divertir
está bem para mim.
Caspian gargalhou.
— Aposto. Vou informar meus irmãos, Ed e Jeff. Assim que
chegarmos a um acordo sobre o momento, enviarei a notícia aos
meus pais.
— Como?
Caspian revirou os olhos.
— Você é um dragão da água, mas está sem contato com a
comunidade da água há muito tempo. Os shifters tartarugas
marinhas estão agora encarregados de passar mensagens entre as
criaturas marinhas que vivem na terra e aquelas que residem
debaixo d'água. Não se preocupe com os detalhes. Vou cuidar de
tudo.
— OK querido.
Nenhuma outra palavra foi dita entre os dois nos próximos
momentos, mas Caspian ficou surpreso quando uma música suave
encheu abruptamente o quarto.
— De onde vem a música?
— Do reprodutor de música conectado à televisão. Usei
minha magia para ligá-lo. Você deve se familiarizar com tudo em
nossa casa, bebê.
— Tenho uma eternidade para fazer isso, garanhão.
Gavin sorriu para Caspian antes de se curvar perante ele.
— Posso ter esta dança, lindo?
Caspian ficou boquiaberto com seu companheiro por alguns
segundos, resistindo à tentação de rir da hilaridade da situação.
— Sim, você pode.
Nos próximos momentos, ele e Gavin dançaram por todo o
quarto. Seus movimentos eram desajeitados e descoordenados, mas
não tinha dúvidas de que essa dança se tornaria uma de suas
melhores lembranças. Riram juntos quando pisaram nos dedos dos
pés um do outro por acidente. Foi doloroso e hilário ao mesmo
tempo. Caspian se sentiu tão afortunado por ter um companheiro tão
maravilhoso, alguém que era compatível com ele em muitos níveis
diferentes, mas o mais importante, poderia se imaginar estando para
sempre com Gavin, onde seus dias seriam cheios de risos e alegria.

Epílogo

— Meus bebês estão em casa.


Gavin mordeu o lábio inferior e tentou não rir ao ver a mãe
dos trigêmeos correndo para abraçar e beijar Caspian, Drake e Baltic
em suas testas. O pai dos trigêmeos era mais contido, mas era óbvio
para ele que o shifter polvo sentia muito a falta de seus filhos
também. Edwin flutuou ao lado de Gavin, parecendo muito divertido,
enquanto Jefferson simplesmente ficou boquiaberto com o tocante,
mas engraçado reencontro ocorrendo bem na frente deles.
— Nunca encontrei os pais dos trigêmeos antes. Eles são
sempre tão dramáticos?
Edwin riu de Jefferson.
— Oh sim. Vejam as expressões dos trigêmeos, pessoal.
Gavin bufou quando Caspian se contorceu de desgosto
quando sua mãe começou a chorar. Drake simplesmente revirou os
olhos enquanto Baltic estava cem por cento irritado, a julgar pelo
rosto do tritão naquele momento.
— Pelo amor de Deus, mãe — Baltic gritou com as duas
mãos se agitando. — Estou vivo e bem. Estou acasalado. Não sou
mais um siren. Você pode guardar o drama para a vovó?
A mãe dos trigêmeos fungou e enxugou os olhos.
— Estou em êxtase e aliviada por você estar em casa para
uma visita. Seu pai e eu não conseguimos parar de nos preocupar
com você o tempo todo.
Gavin ficou surpreso ao ouvir o tom choroso de Drake um
momento depois. Afinal, Drake normalmente era tão sério e estoico.
— Mãe, vamos. Cas, Balt e eu temos quase duzentos anos.
— Vocês sempre serão nossos bebês.
Caspian zombou.
— Você também não, pai. Não se atreva a encorajar a mãe
a agir ainda pior do que está.
Gavin, Edwin e Jefferson nadaram em silêncio atrás dos
trigêmeos brigões e seus pais. De vez em quando, Gavin dava de
ombros para seus melhores amigos, que pareciam encantados com
o comportamento dos trigêmeos. Ficou surpreso ao entrar na
caverna, que conduzia às residências da comunidade de sereianos
dos trigêmeos. Caspian disse que todos os sereianos na comunidade
celebrariam seu acasalamento, mas não esperava ser saudado pelo
que pareciam ser dezenas de milhares de sereianos sorridentes.
Estava grato por sua introdução e a de Caspian terem sido curtas e
doces. Os dois foram capazes de ir direto para a comida e bebida em
um período muito curto de tempo.
— Você quer dançar, Cas?
Caspian balançou a cabeça.
— Mais tarde, garanhão. Existem tantas variedades de
comida deliciosa que não como há quase um século. Vamos comer.
Podemos dançar depois. Tudo bem?
— Absolutamente.
Gavin não se importava com essa ideia. Tinha seu
companheiro ao seu lado, e foi capaz de provar alguns alimentos que
nunca tinha experimentado antes. Estava definitivamente
maravilhado com a quantidade de comida e bebida oferecida para a
festa, e também com os tipos disponíveis. Deslizou um braço em
volta da cintura de Caspian e entrelaçou suas caudas enquanto usava
a outra mão para agarrar a comida. Foi ainda melhor quando Caspian
se aproximou dele e encostou a cabeça em seu ombro.
— Obrigado por me presentear com a sua pérola, Gav.
Gavin virou para Caspian e deu um beijo carinhoso nos lábios
de seu companheiro antes de responder.
— Obrigado, também, por consentir em ser meu
companheiro. Eu te amo, Cas.
— Te amo mais.
— Eu te amo demais.
— Que nojo!
As exclamações de desgosto simultâneas de Drake e Baltic
assustaram Gavin e Caspian.
— Vá embora. Deixe-me sozinho com Gav.
— Não — Baltic respondeu antes de puxar Caspian em
direção à área onde um bando de sereianos tinha começado a
dançar. — Você e Gav deveriam parar de ser tão nojentos. Você tem
muito tempo para agir como um pombo amoroso em casa. Estamos
aqui para festejar, então é isso que você vai fazer. Vamos!
— Sim — acrescentou Drake enquanto arrastava Gavin para
frente, também. — Vocês sempre me dizem que sou muito sério e
preciso relaxar. Adivinha?
Gavin revirou os olhos.
— O quê?
— Se é esperado que eu relaxe por algumas horas, vocês se
juntaram a mim. Não estou fazendo isso sozinho.
Gavin riu.
— Tudo bem.
Gavin fingiu estar um pouco chateado, mas acabou tendo
alguns dos melhores momentos de sua vida na hora seguinte. Ele e
Cas até dançaram lentamente juntos, independentemente da batida
rápida da música. Notou que Baltic e Jefferson dançavam
perfeitamente, mas Drake e Edwin eram péssimos dançarinos. No
entanto, todos pareciam estar se divertindo. Gavin se aninhou na
curva entre o pescoço e o ombro de Caspian durante uma de suas
danças lenta.
— Estou me divertindo muito — Caspian sussurrou em seu
ouvido. — E você? Está tudo bem?
— Contanto que eu esteja com você, querido.
Gavin ficou surpreso quando alguém bateu em seu quadril.
Olhou para a pessoa, que acabou por ser Edwin.
— Ugh, vocês dois são indutores de vômito.
Drake gargalhou.
— Eu te disse isso antes. Você não acreditou em mim.
Gavin os olhou antes de saudá-los com o dedo médio.
— O que seja. Deixe-me e ao meu lindo companheiro em
paz.
Caspian deu uma risadinha.
— Sim, pessoal. Xô.
— Não faça coisas impróprias em público, por favor —
Jefferson gritou a alguns metros de distância, causando uma onda
de risadas divertidas dos outros sereianos ao redor. Até os pais dos
trigêmeos também gargalhavam. — Existem crianças sereias jovens
e impressionáveis por aí.
— Concordo com isso — Baltic gritou ainda mais alto.
Gavin corou e abraçou Caspian ainda mais apertado
enquanto seu companheiro simplesmente bufava ao lado de sua
orelha. Seu constrangimento não durou muito, no entanto. Caspian
se afastou um pouco e lhe lançou um sorriso malicioso e provocador
antes de começar a beijá-lo da maneira mais sensual e excitante.
Ignorou o assobio de todos ao seu redor.
Estava ligado ao companheiro mais lindo do mundo inteiro.
Enquanto os dois se abraçavam ainda mais forte, aprofundou o beijo.
Quase conseguia desligar os ruídos ao seu redor. Era tudo ruído
branco neste momento. Nada mais importava, além da sensação de
Caspian contra ele. Tinha seu companheiro em seus braços enquanto
seus corações batiam em sincronia um com o outro. Era mais do que
simplesmente a sensação certa. Era a felicidade perfeita.

Fim

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