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SÍNTESE MODULO 4

JOSIANE TOMÉ DA SILVA

Psicologia do puerpério

O puerpério, é um período de adaptação da mulher, tanto


fisicamente como psicologicamente, quando a mulher pari, o pós parto chamado de
puerpério é desafiador, cheio de mudanças e readaptações, para a medicina o
puerpério acaba quando o corpo da mulher volta ao seu estado antes da gravidez,
ou seja, questões hormonais, fisiológicas, devem remota ao estado pré gravídico,
porem quando se fala do psicológico, é difícil ter esta reversão, esta homeostase
não acontece devido a todas as mudanças na vida desta mulher, sua rotina agora
não será a mesma, suas responsabilidades, atividades diárias, preocupações, e
então os cuidados com este bebê recém chegado.

Por isto é um momento em potencial para crises, ou surgimento de


doenças mentais, podem haver crises nos relacionamentos, seja mãe e seu
companheiro ou companheira, sua relação com a família, e até mesmo na
vinculação mãe e bebê. O puerpério, exige da mãe, tempo e cuidados quase que 24
horas por dia, isto gera desgaste emocional, desgaste físico, psicológico, a mãe fica
privada de sono, de uma boa alimentação, de cuidados com sua autoestima, e
muitas vezes a família, o companheiro(a), não compreendem este momento
delicado e esperado do pós parto, deixando está mulher ainda mais, ansiosa,
angustiada, despertando nela, possíveis crises emocionais, como choro,
irritabilidade, dentre outros.

Muitas vezes todos estes fatores de privação, vem acompanhado da


amamentação frustrada, seja porque esta mulher sonhou tanto com este momento,
mas devido algum fator biológico, ela não conseguiu amamentar seu bebê, ou por
conta das outras pessoas que colocou tanto medo nela, com falar como: “seu leite é
fraco”, “você deve estar comendo algo que está causando as cólicas no bebê” entre
outras falas, que faz com que esta mãe sinta culpada, pelo baixo peso do filho, ou
pelas dores das cólicas, que são normais nos 3 primeiros meses, de alguma forma
ela sente que a amamentação, prejudica seu filho, e deixa de amamenta-lo, ou até
mesmo de produzir o leite, pois fatores sociais como este, podem causar uma
ansiedade na mulher no qual a inibi de produzir o leite ao qual ela tanto deseja.

A amamentação nem sempre foi algo exclusivo da mãe, meados do


século 18, as mulheres que tinha seus bebês e tinham amas de leite, davam a elas
seus filhos para serem amamentados e cuidados, sendo assim a amamentação ao
longo do tempo sendo uma forma exclusiva da mãe e bebe, e como forma de
vinculação entre ambos, também assim como o amor materno foi um fator
socialmente moldado. É fato que o leite materno traz inúmeros benefícios para o
desenvolvimento do bebê, e isto não é discutido, mas este leite e a maneira que lhe
é fornecido a este bebê, é o que realmente conta, vejamos que uma mulher que não
se sente à vontade em amamentar, seja pela dor, seja por algum motivo psicológico,
força-la a fazer isso, dizem que se ela não amamentar ela será menos mãe, que ela
precisa entender o quanto é importante, como se ela estivesse sendo negligente
com seu filho, traz a ela diversos sentimentos, como culpa, medo, raiva, frustração,
sentimentos estes que liberam hormônios durante a amamentação, e estes
hormônios também é passado para o bebê, fazendo com que ele também se sinta
mal durante este momento, o que é preciso entender, é que a amamentação é um
contexto onde deve ser levado diversas variáveis em conta, para que este momento
seja de fato nutritivo, vinculativo, e bom para mãe e bebe.

Todos estes fatores, podem acarretar em uma depressão pós parto,


mas antes de falar da depressão pós parto, destaco aqui o baby blues, que é um
momento pós parto, no qual a mulher para por uma disforia que pode durar 45 dias,
sendo causado pelo auto estresse nas demandas, como a privação de sono, os
cuidados com o bebe, a falta de uma rede de apoio, a exaustão e falta de tempo
para si mesma, confusões entre a ambivalência de amar o bebe e odiá-lo nos
momentos no qual ela se encontra no limite. Todos sentimentos não ditos para as
recém mães, pois existe uma romantização da maternidade e gestação ao qual
quase proíbe de se falar das dificuldades enfrentadas no pós parto. Sendo assim,
passo este período de baby blues, e a mulher continuar com sintomas ou até mesmo
agravas os sintomas depressivos, se trata de uma depressão pós parto, porém é
possível se ter depressão pós parto logo após o nascimento, antes de acabar este
período de 45 dias, mas deve ser avaliado com cautela, pois no baby blues não se
deve avaliar como um momento inesperado estes sentimentos e sensações, pois é o
que pode acontecer em pelo menos 85% das mulheres, mas a depressão pós parto
é algo que prejudica consistentemente a mulher, ela pode chegar a ter pensamentos
suicidas, e uma tristeza profunda que a impede de cuidar do bebe como ela
desejaria.

Além da depressão pós parto que deve ser avaliada acompanhada e


que pode durar até 2 anos, é preciso se atentar as psicoses neste período, a psicose
pode acontecer em mulheres que já tinham algum distúrbio psicótico antes da
gestação, algum fator genético na família, um parto traumático, entre outros fatores,
este distúrbio esta quase sempre associado a personalidade, tirando a mulher da
realidade, podendo em casos graves ser perigosa para o bebê e consigo mesma,
estes casos devem ser tratos com um psiquiatra e somente após o tratamento onde
a mulher já se encontrar lucida, ai sim é que o psicólogo pode agir e ajudar esta
mulher, pois muito provavelmente ela desenvolverá uma depressão.

Diante destes marcos no pós parto que devem ser muito bem
cuidados por profissionais da área da saúde, temos também o fato das muitas mães,
também serem mulheres que trabalham, e então entramos no fato de muitas
trabalharem gestantes até quase ultimo dia de parto, para que possam pegar sua
licença maternidade e passar mais tempo com seu bebê, sendo assim estando
cansadas e exaustas até o dia do parto, e quando voltam desta licença se
encontram entre o trabalho e o bebe que muitas vezes ainda amamenta, e que como
destacado neste modulo, não é o fato principal pelo desmame precoce, mas sim a
falta de informações sobre a amamentação, uma delas é que a mulher tem direito de
pelo menos uma hora entre os horários de serviço para fazer a amamentação do
bebe, além do fato de não terem com quem deixar a criança, ou falta de vagas em
creches, falta de uma rede de apoio ativa e efetiva na vida do casal, pois o homem
só tem 5 dias de licença, o que não ajuda muito neste processo, os motivos são
diversos e os conflitos também neste momento, o brasil tem sim muitas lei voltadas
para a maternidade, no entanto na pratica ainda ao meu ver fica a desejar, muitas
empresas assim que a mulher volta ao trabalho, a manda embora, quebrando um lei
de 5 meses garantidos de trabalho após a licença, o que nos remete também a visão
da mulher ser produtiva apenas como mulher e não quando se torna mãe.
Fazendo uma conclusão diante de tudo que foi estudado, os textos e
vídeos, que foram de muita riqueza para meus saberes e conhecimentos, pude ver
que a mulher assim como muitos anos atras ela é vista como um objeto para
reproduzir, e que este é o seu dever e apenas este, a mulher que se torna mãe, tem
que amamentar independentemente de qualquer coisa, tem que cuidar do bebe 24
horas sem reclamar, tem que trabalhar mais tem que escolher ficar com o filho, não
pode chorar, não pode se exaltar, não precisa de cuidados, todos esses tabus e
cobranças sociais, geram muitos problemas psíquicos, que prejudicam o
relacionamento entre o casal, a relação mãe e bebe, a mulher como se vê em sua
totalidade não apenas sendo só mãe, e é por isto que o puerpério para mim é
crucial não apenas para o momento em si, mas todos benéficos e prejuízos que ele
pode acarretar ao longo da vida da mulher quando a mesma não busca ajuda
profissional.

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