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BDR: uma forma simples de investir no

exterior
por Tiago Reis 05/06/2017
No mercado financeiro existem muitos termos “técnicos” e siglas que podem muito
confundir investidores, principalmente os iniciantes.

Um deles é o BDR, que é a abreviação para Brazilian Depositary Receipt, também citado
algumas vezes como Certificado de Depósito de Valores Mobiliários (CDVM).

O que é BDR?
O BDR pode ser definido resumidamente como um ativo que o investidor brasileiro pode
adquirir quando interessado em investir em empresas de fora do país.
Em outras palavras, além de ser uma alternativa para empresas estrangeiras captarem
recursos no mercado brasileiro, a listagem de BDRs possibilita ao investidor comum
adquirir no Brasil valores mobiliários lastreados em ativos estrangeiros.
Porém, é necessário que o investidor entenda que investir em BDRs é diferente de se
investir diretamente em ações estrangeiras, pois os BDRs podem ser comparados a
“fundos de investimentos” que possuem ações estrangeiras em seu portfólio.
Dessa forma, caso o investidor deseje se associar a alguma empresa estrangeira como a
Apple, por exemplo, ao investir em um BDR que contenha essa ação, esse investidor não
se torna, de fato, efetivamente sócio da companhia, visto que, quem adquiriu essa ação
da Apple, nesse caso, foi o BDR em questão e não diretamente esse investidor pessoa
física.

Normalmente, esses títulos podem ser provenientes do mercado secundário, ou seja, de


ativos já negociados em bolsas estrangeiras, ou de novas ofertas públicas das empresas
de fora, e são emitidos e negociados por uma instituição autorizada pela Comissão de
Valores Mobiliários (CVM).

No Brasil, essa instituição que emite o BDR é chamada de instituição depositária.

Dessa forma, títulos de empresas como Apple, Bank of America, Google, McDonald’s,
Microsoft, Amazon, Coca-Cola, Nike, Johnson & Johnson, JP Morgan, Dell, eBay, HP e
muitas outras podem ser negociados aqui no Brasil, fazendo com que pessoas comuns
possam, através dos BDRs, estar vinculadas a essas companhias e terem participação,
mesmo que indiretamente, em seus resultados.
Cabe aqui destacar que não só empresas norte-americanas podem ser negociadas no Brasil
através de BDR, mas como empresas de qualquer outro país do mundo.

Tipos de BDR
Os BDRs geralmente são classificados em diferentes níveis, conforme
as características de divulgação de informações, distribuição,
negociação e a existência, ou não, de patrocínio das empresas
emissoras dos valores mobiliários objeto do certificado de depósito.

A negociação dos BDRs ocorre de forma equivalente aos demais


valores mobiliários brasileiros, como Ações e Fundos Imobiliários,
podendo ser transacionados em bolsas de valores ou no mercado de
balcão organizado, inclusive através de Homer Broker das corretoras,
facilitando assim a sua liquidez.

Vale ressaltar aqui que, apesar de terem os seus valores influenciados


pelas cotações das empresas pertencentes ao BDR e também pela
variação do câmbio, esse ativo é negociado na nossa moeda local, ou
seja, em Reais, facilitando, dessa forma, o trâmite para quem deseja
participar dos negócios de empresas de outros países, extinguindo-se
assim, a necessidade de abertura de conta em instituições estrangeiras
e demais questões burocráticas que se fazem necessárias para quem
pretende realizar investimentos diretos em outros países.

Outro ponto importante desse ativo é que sua tributação, em termos


fiscais, é feita de maneira semelhante às feitas por quem investe em
diretamente no mercado mobiliário brasileiro. Neste
artigo comentamos sobre como as declarações podem ser feitas.
Ademais, normalmente os BDRs são divididos em duas categorias:
patrocinados e não patrocinados.

BDR Patrocinado
Esse tipo de BDR tem como característica principal o fato de que a
companhia de fora do país deve solicitar a uma instituição depositária a
sua intenção de ter seus ativos negociados aqui no Brasil.
Dessa forma, para emissão do BDR Patrocinado, a companhia
emissora dos valores mobiliários no Exterior deve contratar no Brasil
essa instituição depositária, a qual será responsável por emitir e
negociar os BDR’s.

Assim sendo, as instituições depositárias podem emitir ou cancelar os


BDR’s Patrocinados conforme a demanda dos investidores locais no
mercado primário.

Essa repartição do ativo é ainda subdividida em mais três partes, que


são os BDR’s patrocinados níveis I, II e III.

BDR Nível I
Os BDR’s patrocinados nível I, para pessoas físicas ou jurídicas, só
podem ser adquiridos para investimentos financeiros superiores a R$
1.000.000,00 (um milhão de reais), tornando-se, assim, inviáveis para a
grande maioria dos pequenos investidores.

Além dos casos acima, os BDR’s de Nível I, também só podem ser


adquiridos no Brasil por determinadas repartições específicas, como
instituições financeiras, fundos de investimento, administradores de
carteira, consultores de valores mobiliários autorizados pela CVM,
entidades fechadas de previdência complementar, empregados da
empresa patrocinadora ou de outra empresa integrante do mesmo
grupo econômico.

Portanto, o investimento direto a BDR’s patrocinados Nível I é de


acesso bem restrito, não fazendo sentido para investidores comuns e
que dispõem de quantias moderadas de capital para investimento.

BDR Níveis II e III


Os BDRs patrocinados nível II e III têm por característica a exigência de
registro da companhia emissora na CVM e também serem admitidos
para a negociação em bolsa ou mercados de balcão organizado, o que
não acontece com o Nível I.
O que difere um do outro é que o BDR patrocinado nível III é registrado
na hipótese de distribuição pública simultânea no exterior e no Brasil.

Dessa forma, esses dois níveis são mais interessantes para quem
pretende aderir a essa modalidade de investimento.

BDR Não Patrocinado

Diferentemente dos BDR’s Patrocinados, essa modalidade é um programa instituído por


uma instituição depositária, que é a responsável pela emissão de certificado, sem um
acordo direto com a companhia emissora dos valores mobiliários em questão.

No Brasil, a instituição depositária que emite os BDR’s Não Patrocinados também se


responsabiliza por divulgar ao mercado brasileiro as informações corporativas e
financeiras das companhias estrangeiras emissoras das ações que estejam sendo utilizadas
em seus BDRs.

Essas companhias estrangeiras divulgam suas informações gerais de acordo com as regras
a que estão submetidas no seu país de origem e a instituição depositária apenas
acompanha e divulga estas informações no mercado brasileiro, para a ciência dos
investidores daqui em relação à “saúde” dessas companhias.

Dessa forma, esses BDR são emitidos sem o vínculo direto com as companhias
estrangeiras, já que são feitas com ativos que já circulam no mercado de seu país de
origem.

Vantagens dos BDRs

Uma vantagem de investir em BDR’s é a possibilidade de diversificação nos


investimentos, visto que, com esse ativo, é possível que o investidor diversifique bem a
sua carteira com, além de várias ações outros diversos ativos disponíveis no mercado
brasileiro, títulos lastreados em ações de companhias estrangeiras que são negociadas no
mercado local.

Outra grande vantagem desse ativo é o fato de não existir a necessidade de se fazer
operações de câmbio, nem possuir contas de custódia no exterior ou nem mesmo transferir
recursos para outro país para que o investidor possa ter parte de seu patrimônio investido
de maneira indireta em ações estrangeiras.

Como investir em BDRs?

Assim como a maioria dos diferentes ativos negociados no Brasil, as BDR’s são
negociadas pela BM&FBovespa.
Assim, para se investir no BDR de interesse é necessário procurar um agente
intermediário, ou seja, uma instituição bancária ou uma corretora de valores autorizados
e regularizados perante à CVM.

Dessa forma, assim como em qualquer outro tipo de investimento, para o investidor que
tenha interesse em aplicar em BDR’s, é necessário que se acompanhe de perto o mercado
como um todo, com o objetivo de estar sempre se informando melhor e consequentemente
conquistando bons resultados em suas aplicações.

Indo além dos BDRs

Como sempre destacamos, nada melhor do que buscarmos aprender com quem tem mais
experiencia e apresenta mais sucesso do que nós.

Pois isso, o vídeo abaixo exibe o nosso mentor intelectual, o senhor Luiz Barsi,
explicando a sua opinião em relação à investimentos em outros países que não o Brasil.

Acreditamos que não deva ser surpresa para muita gente a opinião do
Barsi sobre este assunto, visto que esse senhor sempre deixa claro a
sua visão e opinião de que o mercado brasileiro é um mercado de
oportunidades.

Para mais informações sobre esse tipo de investimento, recomendamos


uma leitura aprofundada do tema diretamente na sessão de BDR’s da
BM&FBovespa e também na página do Portal do Investidor.
Informações importantes estão contidas nesses dois links.

Vale a pena investir em BDRs?


Como adeptos e incentivadores de investimentos com bases
fundamentalistas e focadas para o longo prazo, concordamos com o
senhor Luiz Barsi a respeito de sua opinião sobre o mercado brasileiro
ser um mercado de oportunidades.

Por isso recomendamos esse tipo de aplicação, os BDRs, para aqueles


investidores que já apresentam uma carteira de investimento sólida e
com uma boa diversificação em seus ativos.

Para os investidores iniciantes, sugerimos que deem preferência ao


mercado de capitais brasileiro, que hoje é tão pouco explorado pela
população, visto que, dessa forma, esse investidor possa fazer a sua
parte e contribuir para que ele seja, como diria novamente o senhor
Barsi, um mercado cheio de oportunidades.

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