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Teoria do Desenvolvimento – Prof.

Ian Guerriero

Felippe Humberto Mendes Junior

Resenha: Desenvolvimentismo

Tratar sobre desenvolvimento requer fazer uma distinção entre duas


abordagens: como objetivo de toda Teoria Econômica ao propor um modelo de
crescimento, baseado em um aumento no nível de renda per capita,
produtividade e bem-estar, enquanto melhora a distribuição de renda e reduz a
pobreza, e como Escola Pensamento Econômico que enfatiza o papel do Estado
na promoção do Desenvolvimento Econômico. Nesse trabalho será abordado o
Desenvolvimento Econômico como escola de pensamento, apresentando as
ideias de diversos autores que contribuíram para o estudo e a construção de um
arcabouço teórico para dar sustentação a essa Escola denominada de
Desenvolvimentismo.

Rosenstein-Rodan

De acordo com alguns autores (CARDOSO, 2019), Rosenstein-


Rodan pode ser considerado o precursor das ideias desenvolvimentistas, como
Escola do Pensamento Econômico, ao publicar em 1943, o texto “Problemas de
Industrialização da Europa Oriental e Sul-Oriental” e posteriormente em 1944,
“Desenvolvimento Internacional das áreas economicamente atrasadas”, ambos
tratando da mesma temática, o desenvolvimento econômico nas nações mais
atrasadas.

Na visão de Rosenstain-Rodan, a industrialização em larga escala de


países subdesenvolvidos na Europa Oriental e do Sudeste seria essencial para
superar a pobreza e o subdesenvolvimento nessas regiões. Contudo, essa
industrialização não ocorreria pelos mecanismos tradicionais de mercado, o qual
tem a tendência natural de concentrar ainda mais a industrialização em regiões
de renda elevada, aprofundando as diferenças de desenvolvimento nesses
países atrasados economicamente. Era preciso que houvesse um outro
mecanismo que ajudasse a superar as barreiras do desenvolvimento, já que
estes países não conseguiriam espontaneamente superar a condição de atraso
(CARDOSO, 2019).

A solução a essa problemática, segundo Rodan, seria a realização de um


Big Push, que envolveria investimentos coordenados em diversos setores da
economia ao mesmo tempo. Essa abordagem ajudaria a vencer as barreiras ao
desenvolvimento, criando demanda mútua entre os setores e gerando um círculo
virtuoso de desenvolvimento. Para ele, os investimentos em diferentes setores
da economia eram complementares e interdependentes, o que significava que o
investimento em um setor não seria suficiente para gerar desenvolvimento
econômico. Seria necessário investir em diversos setores simultaneamente
visando criar um ambiente propício ao crescimento. Para alocar esses
investimentos seria necessária a intervenção do Estado no sentido de coordenar
e direcionar onde esses investimentos deveriam ser destinados e na
implementação de políticas de industrialização (FERNANDES e MOREIRA,
2015).

Por fim, ele observou que muitos países em desenvolvimento


apresentavam um dualismo econômico, com setores modernos e avançados
coexistindo com setores atrasados e de baixa produtividade. Ele defendia que o
desenvolvimento econômico deveria levar em consideração essas diferenças
setoriais e buscar promover a modernização dos setores atrasados.

Hans Singer

Hans Singer foi um economista alemão que também contribuiu


significativamente para as teorias desenvolvimentistas. Entre suas principais
contribuições, destaca-se a Hipótese Prebisch-Singer e seu trabalho sobre ajuda
ao desenvolvimento e alívio da pobreza.

A Hipótese Prebisch-Singer, desenvolvida independentemente por Hans


Singer e Raúl Prebisch na década de 1950, é uma das teorias mais importantes
no campo do desenvolvimento econômico. Esta hipótese sugere que, ao longo
do tempo, os termos de troca entre os produtos primários (agricultura, minerais
e recursos naturais) e os produtos manufaturados deterioram-se, prejudicando
os países em desenvolvimento que são exportadores de produtos primários. Um
dos motivos dessa deterioração esta alicerçada na latente agregação de valor
nos produtos manufaturados e ocorrência em menor grau nos produtos
primários. Segundo a hipótese, os países em desenvolvimento experimentam
uma queda contínua na renda real de suas exportações, tornando mais difícil
para eles financiar importações de bens manufaturados e investir em
desenvolvimento, perpetuando o ciclo vicioso de atraso econômico (CARDOSO,
2019).

Singer afirmava que deveria haver uma mudança na estrutura produtiva


dos países em desenvolvimento, que estavam centradas na exportação de
produtos primários, devendo priorizar a diversificação da economia através da
industrialização para reduzir a dependência de um pequeno número de produtos,
com destaque para produtos agrícolas e minérios. A diversificação ajudaria a
proteger os países subdesenvolvidos das flutuações de preços e da demanda
internacional por seus produtos de exportação. Ele reconheceu ainda que a
alteração da matriz produtiva exigiria políticas comerciais e protecionistas para
apoiar o desenvolvimento de indústrias nascentes, incluindo tarifas, subsídios e
outras medidas de apoio às indústrias locais, permitindo-lhes competir com as
indústrias estabelecidas dos países desenvolvidos (SOUZA, 2012).

Além disso, reconheceu a importância de um papel mais ativo para as


instituições internacionais e os países desenvolvidos na promoção do
desenvolvimento econômico dos países mais pobres. Singer argumentava que
a ajuda internacional poderia ser um catalisador para o desenvolvimento,
ajudando a superar as restrições financeiras e promovendo investimentos em
infraestrutura, educação e saúde.

Ragnar Nurkse

Nurkse contribuiu para a Escola do Desenvolvimentismo ao propagar as


ideias sobre o círculo vicioso da pobreza, que pode ser expressa sinteticamente
pela expressão: “um país é pobre porque é pobre”.
O círculo vicioso da pobreza é uma teoria que explica como a pobreza se
perpetua em países subdesenvolvidos, dificultando o crescimento econômico e
o desenvolvimento. Segundo essa teoria, a pobreza gera condições que
reforçam a própria pobreza, tornando difícil para os países escaparem dessa
situação. Em países pobres, a renda per capita tende a ser baixa, o que significa
que as pessoas têm menos recursos disponíveis para poupar. Como resultado,
a taxa de poupança nacional é baixa, limitando a quantidade de recursos
disponíveis para investimento produtivo, diminuindo assim a oferta de emprego.
Nurkse reforça esse conceito com a frase: “o capital se faz em casa”, onde
assevera que os países centrais atingiram a condição de desenvolvimento
através de suas poupanças internas (BRESSER-PEREIRA, OREIRO e
MARCONI, 2016).

Devido à baixa poupança, os países pobres têm dificuldade em mobilizar


recursos financeiros para investir em capital físico, como infraestrutura, fábricas
e maquinário, e capital humano, como educação e saúde. Isso resulta em baixos
níveis de investimento e limita a capacidade de expansão e crescimento da
economia. A falta de investimento em capital físico e humano leva a uma baixa
produtividade tanto na agricultura quanto na indústria. Os trabalhadores não têm
acesso a tecnologias modernas, infraestrutura adequada ou educação de
qualidade, o que impede a melhoria da produtividade e a geração de renda.

A baixa produtividade, por sua vez, resulta em baixos níveis de renda para
a população, refletindo-se na baixa renda per capita. Isso perpetua a pobreza,
pois as pessoas têm pouco dinheiro para gastar com bens e serviços básicos,
como alimentação, moradia, saúde e educação. Além disso, a baixa renda leva
a uma demanda insuficiente por bens e serviços, o que limita o crescimento do
mercado interno e a capacidade das empresas de expandir e gerar empregos.
Isso reforça a falta de investimento e a baixa produtividade.

Esses fatores se reforçam mutuamente, criando um ciclo negativo que


dificulta a superação da pobreza e a realização do crescimento econômico e do
desenvolvimento. Para romper o círculo vicioso da pobreza, Nurkse, seguindo
as ideias de Rosenstein-Rodan, propõem intervenções como um grande impulso
de investimento, planejamento estatal e mobilização de recursos internos e
externos para aumentar a poupança, o investimento, a produtividade e a renda,
criando assim um círculo virtuoso de desenvolvimento econômico (SOUZA,
2012).

Artur Lewis

As ideias de Lewis para o desenvolvimentismo remontam década de 50,


sendo suas contribuições teóricas centradas na questão de como diminuir o
atraso nos países em atraso econômico. Ele trabalhava com duas hipóteses: a
oferta ilimitada de mão de obra não qualificada e a dualidade estrutural.

A oferta ilimitada de mão de obra refere-se à ideia de que o setor


tradicional (agricultura) possui um excedente de trabalhadores com
produtividade marginal próxima de zero. Isso significa que a retirada de
trabalhadores desse setor e sua realocação para o setor moderno (indústria) não
afetaria significativamente a produção no setor tradicional. A razão por trás disso
é a baixa produtividade e a falta de tecnologia e capital no setor tradicional, o
que resulta em um grande número de trabalhadores produzindo muito pouco
(BORJA, 2013).

Lewis argumentava que o setor moderno é caracterizado por maior


produtividade, uso de tecnologias avançadas e capital intensivo. Esse setor inclui
indústrias urbanas, serviços e atividades econômicas formais. Os trabalhadores
nesse setor geralmente têm acesso a melhores salários e condições de vida em
comparação aos do setor tradicional. À medida que os trabalhadores migram do
setor tradicional para o setor moderno, a economia se beneficia do aumento da
produtividade e do crescimento. Além disso, essa migração de trabalhadores
permite que o setor moderno se expanda sem enfrentar pressões inflacionárias
salariais, uma vez que o excedente de mão de obra no setor tradicional atua
como um amortecedor. (BRESSER-PEREIRA, OREIRO e MARCONI, 2016).

No entanto, a teoria da oferta ilimitada de mão de obra de Lewis também


reconhece que essa migração de trabalhadores e a expansão do setor moderno
não ocorrerão automaticamente. O Estado deve desempenhar um papel
fundamental em criar as condições e os incentivos necessários para estimular o
investimento e a expansão do setor moderno, como investir em infraestrutura,
educação e inovação.

Portanto, a teoria da oferta ilimitada de mão de obra de Arthur Lewis é um


conceito crucial em sua teoria do dualismo estrutural. Ela ajuda a explicar como
o processo de desenvolvimento pode ocorrer em países subdesenvolvidos, à
medida que os trabalhadores migram do setor tradicional para o setor moderno,
impulsionando o crescimento econômico e a industrialização.

A teoria do dualismo estrutural descreve a coexistência de dois setores


distintos na economia de países subdesenvolvidos: o setor tradicional,
geralmente agrícola que paga salários de subsistência, e o setor moderno,
tipicamente industrial e urbano que paga melhores salários. A migração dos
trabalhadores do setor tradicional para o setor moderno, propicia o
fortalecimento do mercado consumidor através do aumento do poder de compra
dos trabalhadores, favorecendo o aumento do lucro dos capitalistas que
poderiam reinvestir na indústria, importando bens de capital ou incrementando
melhorias na produtividade. Tal movimento criariam um efeito circular benéfico,
dada a necessidade de contratação de mão de obra para a expansão industrial
que seria oriunda do setor tradicional (CARDOSO, 2019)

Essa teoria destaca a importância do papel do Estado na criação das


condições necessárias para o crescimento do setor moderno, como o
investimento em infraestrutura, educação e inovação, além da implementação
de políticas que incentivem a industrialização e a urbanização.

Michal Kalecki

Uma das principais contribuições de Kalecki foi a Teoria do Ciclo


Econômico, que descreve como os ciclos econômicos são impulsionados pelos
investimentos e pela demanda efetiva. Segundo Kalecki, o investimento é a
principal força motriz do crescimento econômico e é determinado pelas
expectativas empresariais em relação ao lucro. Quando as empresas esperam
lucros crescentes, elas investem mais e, consequentemente, a demanda
agregada e o emprego aumentam. No entanto, à medida que a economia se
expande, os custos e os salários começam a aumentar, reduzindo as margens
de lucro e levando a uma redução no investimento. Isso resulta em uma
desaceleração da economia e, eventualmente, em uma crise (CARDOSO,
2019); (BRESSER-PEREIRA, OREIRO e MARCONI, 2016).

Outra teoria importante de Kalecki é o Princípio da Demanda Efetiva, que


explica como a demanda agregada determina o nível de emprego e produção na
economia. Kalecki argumentava que a demanda agregada é composta
principalmente pelo consumo das famílias e pelo investimento das empresas. O
consumo das famílias depende da distribuição de renda, enquanto o
investimento é influenciado pelas expectativas de lucro das empresas. Ele
enfatiza que o investimento, interno ou externo, é primordial para colocar as
nações em direção ao desenvolvimento através da expansão da capacidade
produtiva. Portanto, políticas governamentais que afetam a distribuição de renda
e as expectativas de lucro das empresas podem ter um impacto significativo na
demanda agregada e, assim, no crescimento econômico (SOUZA, 2012)

Kalecki também analisou a relação entre a distribuição de renda e o


crescimento econômico. Ele afirmava que uma distribuição de renda mais
igualitária estimularia o consumo e a demanda agregada, levando a um maior
crescimento econômico. No entanto, também observou que um maior poder de
barganha dos trabalhadores poderia resultar em aumentos salariais que
superassem os aumentos de produtividade, reduzindo os lucros e
desencorajando o investimento.

Raúl Prebisch

Raúl Prebisch atuou como a principal figura política e intelectual da


CEPAL, desenvolvendo as ideias fundamentais que posteriormente seriam
conhecidas como estruturalismo latino-americano, sendo secretário-executivo
da Instituição por mais de uma década. Explica-se desta forma, como a história
da CEPAL e de Prebisch se entrelaçam firmemente. Suas contribuições mais
importantes estão relacionadas à teoria da dependência, à deterioração dos
termos de troca e ao papel das políticas de industrialização voltadas para o
mercado interno na promoção do desenvolvimento econômico (BORJA, 2021).
A teoria da dependência de Prebisch sugere que os países em
desenvolvimento, especialmente aqueles que dependem fortemente de
commodities primárias, estão em uma posição desvantajosa em relação aos
países desenvolvidos. Essa desigualdade estrutural faz com que os países em
desenvolvimento sejam dependentes das economias desenvolvidas, limitando
seu crescimento e desenvolvimento. A dependência é perpetuada por
mecanismos como o comércio internacional, o sistema financeiro e as relações
políticas. O conceito de centro-periferia é parte fundamental para o entendimento
dessa teoria, uma vez que descreve as diferenças estruturais e hierárquicas no
sistema econômico mundial (SOUZA, 2012).

De acordo com o conceito de centro-periferia, o centro é composto por


países desenvolvidos que dominam a economia global. Esses países têm
economias industrializadas, tecnologicamente avançadas e alto padrão de vida.
Eles são os principais produtores e exportadores de bens manufaturados e
detêm uma posição dominante nas instituições financeiras e políticas
internacionais.

Por outro lado, a "periferia" é composta pelos países em desenvolvimento,


que dependem fortemente da exportação de commodities primárias e
importação de bens manufaturados e tecnologia dos países do centro. Esses
países possuem uma estrutura econômica e produtiva menos diversificada, e
enfrentam desafios, como baixa produtividade, instabilidade nos preços das
commodities e limitações na capacidade de investimento e desenvolvimento
tecnológico.

Outra relevante contribuição de Prebisch é sua teoria sobre a degradação


dos termos de troca. Ele percebeu que, com o passar do tempo, os preços das
commodities primárias (produtos exportados pelos países em desenvolvimento)
tendem a diminuir em comparação aos preços dos bens manufaturados
(produtos importados dos países desenvolvidos). Essa degradação nos termos
de troca prejudica os países em desenvolvimento, visto que precisam exportar
quantidades crescentes de commodities primárias para financiar o mesmo
volume de importações de bens manufaturados. Prebisch argumentou que essa
tendência era resultado da maior elasticidade-renda da demanda por bens
manufaturados em comparação com a demanda por commodities primárias
(CARDOSO, 2019).

Para enfrentar esses desafios, Prebisch defendeu a adoção de políticas


protecionistas de industrialização voltadas para o mercado interno, também
conhecidas como Processo de Substituição da Importações (PSI). A ideia era
promover o desenvolvimento da indústria local e reduzir a dependência das
importações de bens manufaturados dos países desenvolvidos. Ao mesmo
tempo, a industrialização geraria empregos e aumentaria a renda interna,
estimulando o consumo e a demanda por produtos locais. Prebisch acreditava
que a intervenção estatal era necessária para apoiar esse processo de
industrialização, através de políticas protecionistas, subsídios, investimentos em
infraestrutura e educação, e a promoção de instituições e mecanismos
financeiros adequados (CARDOSO, 2019).

Celso Furtado

De acordo com Gennari e Oliveira (2009), Celso Furtado foi, sem dúvida,
uma das figuras centrais no pensamento desenvolvimentista latino-americano,
teve um papel crucial no delineamento do estruturalismo cepalino, corrente
teórica que marcou a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe
(CEPAL), e enfrentou o desafio de teórico de desenvolver uma nova
interpretação da economia global, desta vez, sob o olhar dos países em
desenvolvimento.

Um dos principais conceitos propostos por Furtado foi a "teoria do


subdesenvolvimento". Ele argumentava que o subdesenvolvimento não era
simplesmente um estágio inicial no caminho do desenvolvimento, mas sim uma
condição histórica e estrutural que resultava da inserção desigual dos países em
desenvolvimento no sistema econômico global. Furtado propôs que os países
em desenvolvimento deveriam adotar políticas específicas e voltadas para a
realidade local a fim de enfrentar seus problemas estruturais e promover o
desenvolvimento sustentável e equitativo. Entre essas políticas estão a
industrialização voltada para o mercado interno, a substituição de importações,
o desenvolvimento regional e a redistribuição de renda (D’AGUIAR, [2011]).
Outra contribuição significativa de Celso Furtado foi a sua análise do
processo de industrialização na América Latina, especialmente no Brasil. Ele
observou que a industrialização na região seguia um padrão de "industrialização
dependente", na qual as indústrias de bens de consumo haviam sido
estabelecidas na periferia, as indústrias de bens de capital permaneceram no
centro. Isso ampliou a interdependência comercial entre as economias centrais
e periféricas, porém de maneira assimétrica, já que as relações de troca
permaneceram desfavoráveis para as economias periféricas. Mesmo quando
essas economias começaram a exportar bens de consumo manufaturados, os
preços desses produtos aumentaram menos do que os preços dos bens de
capital importados. Esse fenômeno ocorre porque os bens de capital são
produzidos em estruturas de mercado mais oligopolizadas e incorporam
tecnologias avançadas, resultando em uma dependência estrutural (SOUZA,
2012).

Como solução, Furtado propugnou que o Estado deveria ter um papel


crucial no desenvolvimento econômico, atuando ativamente na promoção de
políticas e estratégias para alcançar um desenvolvimento sustentável e
equitativo. Ele defendia a importância do planejamento econômico de longo
prazo, no qual o Estado abordaria questões estruturais e priorizaria setores-
chave para impulsionar o crescimento e a geração de empregos. A
industrialização era vista como um caminho importante para a substituição de
importações e a criação de indústrias nacionais competitivas, reduzindo a
dependência de produtos importados.

CONCLUSÃO

O desenvolvimentismo oferece uma abordagem teórica e prática valiosa


para enfrentar os desafios do desenvolvimento econômico e social em países
emergentes. A resenha destaca as contribuições fundamentais de diversos
economistas e suas visões relacionadas ao papel do Estado, à industrialização
e à necessidade de superar a dependência e as desigualdades estruturais. Ao
revisar essas teorias, podemos obter uma compreensão mais profunda das
complexidades envolvidas no processo de desenvolvimento e das políticas e
estratégias necessárias para alcançá-lo. Na visão dos teóricos latino-
americanos, o subdesenvolvimento na região é visto sob a ótica dos
desequilíbrios estruturais e das relações desiguais entre os países centrais e
periféricos. Nessa perspectiva o Desenvolvimentismo propõe ações
coordenadas e assertivas do Estado e de outros atores relevantes. Estas ações
buscam superar as desigualdades e enfrentar as limitações impostas pela
dependência e pelo dualismo estrutural. Os trabalhos Celso Furtado e Raul
Prebisch, fundamentaram a teoria do subdesenvolvimentismo e ofereceram
insights valiosos para a promoção do desenvolvimento sustentável, equitativo e
inclusivo na América Latina.

Referencial Teórico

BORJA, Bruno. A formação da teoria do subdesenvolvimento de Celso


Furtado. Tese (Doutorado em Economia Política Internacional) – Instituto de
Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.
BORJA, Bruno. Raúl Prebisch e seus manifestos: momentos de formação da
CEPAL. Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, vol 01, Nº 25,
jan/abr de 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rec/
a/bn7mxJ9xv64y96PrR7nCrWw/ Acesso em: 07/05/2023.
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos; OREIRO, José Luis; MARCONI, Nelson.
Macroeconomia desenvolvimentista: teoria e política econômica do novo
desenvolvimentismo. Rio de Janeiro: Elservier, 2016.
CARDOSO, Fernanda; Nove clássicos do desenvolvimento econômico.
Jundiaí: Paco, 2019. Edição do Kindle.
D’AGUIAR, Rosa Freire. Essencial Celso Furtado. São Paulo: Companhia das
Letras, [2011].
FERNANDES, Carlândia Brito Santos; MOREIRA, Vivian Garrido Moreira.
Armadilha de lucratividade e Big Push: considerações a partir de Rosenstein-
Rodan, Economia e Sociedade, Campinas, vol 24, nº 03, dez de 2015.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/ecos/a/QhKKFpdXnyLMtQxmwkjfXQR
/?lang=pt Acesso em: 06/05/2023.
INUI, Luis Roberto. Considerações evolucionárias em um modelo de
desenvolvimento com oferta ilimitada de mão-de-obra. Dissertação
(Mestrado em Economia) – Faculdade de Economia, administração e
Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
SOUZA, Nali de Jesus. Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Atlas, 2012.

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