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TEMA 03

(parte 01)

Profa. Valéria Mikaluckis


CONSERVADORISMO MODERNO
Karl Mannheim (1893–1947) é autor
de importante estudo sobre aquilo
que denomina “estilo de pensamento
SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO. Tem como
conservador” norte que todo conhecimento, todo
pensamento, é resultado de condições sociais
concretas, pois os pensadores não vivem acima
da sociedade, fora da realidade.

Influencia a formação do PENSAMENTO


POLITICO CONSERVADOR. Representa uma
resposta a uma série de desafios colocados
pela Modernidade ocidental entre os séculos
XVIII e XIX.
O próprio Karl Mannheim nos ajuda a
entender quais foram as condições
sociais concretas de nascimento do
conservadorismo CONCEPÇÃO PROGRESSITA

Essa concepção de tempo é marcada pelo ideal


REVOLUÇÃO FRANCESA
do progresso e pela crença de que a história é
potência em movimento e que as coisas
mudam sempre para a melhor. Com a
Modernidade, o passado se tornou o símbolo do
obsoleto, do atraso, daquilo que deveria ser
superado pela marcha inexorável da história.
CONCEPÇÃO
PROGRESSISTA CONSERVADORISMO
MODERNO

Surge como uma ideologia de oposição a


esses valores progressistas, como um tipo
de “contrarrevolução ideológica”, para
utilizar as palavras de Karl Mannheim.

“Em outras palavras, essa diferença pode ser expressa da seguinte forma: o progressista
considera o presente como o começo do futuro, enquanto o conservador o vê simplesmente
como o último ponto apontado pelo passado. A diferença é tanto mais fundamental e radical
na medida em que o conceito linear de história — que está implícito aqui — é algo secundário
para os conservadores. Primeiramente, os conservadores conhecem o passado como sendo
algo que existe com o presente; consequentemente, a sua concepção de história tende a ser
algo mais espacial do que temporal; ela enfatiza mais a coexistência do que a sucessão.”
(MANNHEIM, 1987, p. 123)
CONSERVADORISMO
MODERNO
Complexo sistema de pensamento que buscou reagir aos
desafios postos pela modernidade progressista, sendo ele
mesmo uma interpretação dessa modernidade.

CONSERVADORISMO
ONTÓLÓGICO REACIONÁRIO

Reacionário idealiza o passado,


Incômodo sentido diante de uma mudança, de considerado como o momento da
algo que desestabiliza a situação de vida com a qual plena realização da felicidade
já estamos habituados. Por exemplo, a sensação de humana.
desorientação que sentimos quando trocamos de
emprego ou de vizinhança e que, muitas vezes, é
angustiante, fazendo com que algumas pessoas
sejam resistentes às mudanças
O conservador entende a importância da mudança, desde que
aconteça à luz do repertório disponível, com inspiração nas
experiências acumuladas. A mudança é prudente, sem a ruptura
revolucionária. Segundo Karl Mannheim
PENSAMENTO CONSERVADOR

Para compreender melhor os princípios políticos conservadores,


é importante estudar os escritos dos autores mais representativos
dessa corrente de pensamento. Destacamos aqui quatro nomes:

• Jüstus Möser (1720–1794),

• Edmund Burke (1729–1797),

• Alexis de Tocqueville (1805–1859) e

• François-René de Chateaubriand (1768–1848).


“A BOA LEI NÃO É AQUELA QUE É INVENTADA PELO
LEGISLADOR CONVENCIDO DE QUE DETÉM O MONOPÓLIO
DAS LUZES DA RAZÃO, MAS SIM AQUELA QUE SURGE
ESPONTANEAMENTE DOS COSTUMES MAIS GENUÍNOS DO
POVO, DOS HÁBITOS E VALORES QUE SOBREVIVERAM AO
TEMPO.” (MÖSER, 1992, p. 34)

Conhecimento prático, cotidiano e tradicional o mais


genuinamente verdadeiro, justamente por ser um dos
desdobramentos da tradição. No vocabulário de Möser,
“tradição” não significa o passado estático, mas o
Möser defendeu a tese, que se tornaria amplo conjunto das experiências humanas
típica do pensamento conservador, de que acumuladas, e testadas, ao longo do tempo.
as instituições jurídicas do Estado
deveriam nascer de “modo orgânico”, a
partir dos costumes do seu povo, e não CRÍTICA AO ILUMINISMO. O iluminismo está fundado
de “artificial”, imposta pelo legislador na crença de que a razão é o atributo humano mais
“convencido de que detém o monopólio virtuoso, sendo a partir dela possível conhecer
das luzes da razão”. perfeitamente a realidade e acelerar a marcha do
progresso humano. O responsável por esse
“conhecimento perfeito”, na lógica iluminista, seria o
filósofo, entendido como o homem letrado.
Tocqueville relaciona o desprezo revolucionário pela tradição
com a formulação de ideias equivocadas, puramente abstratas e
sem amparo na realidade. Teria sido esse o grande crime
cometido pelos jacobinos: crentes de que tinham imaginado a
ideologia perfeita, dedicaram-se à implantação de suas ideias na
realidade, a qualquer custo.

A principal crítica de Burke aos revolucionários


franceses referia-se ao que o autor julgava ser
uma atitude “prepotente diante da história”.
Para Burke, não significa evitar as mudanças,
tampouco ressuscitar o passado, mas, sim,
caminhar à luz dos conhecimentos
acumulados, manter vivo o potencial
pedagógico da tradição.
Na definição proposta pelo cientista político
Nicola Tranfaglia:

TOLERÂNCIA RELIGIOSA
E LIBERDADE RELIGIOSA
ORIGEM
O liberalismo, então, começa em uma situação de urgência histórica, na qual sociedades
estruturalmente colapsadas entenderam que era necessário fazer algo, pactuar
princípios que tornassem possível a vida coletiva com mínima segurança e com
estabilidade e previsibilidade. Os princípios pactuados naquele momento e que até
hoje são inegociáveis para nós são os seguintes:

• A divisão do mundo em duas esferas: a pública (espaço


do exercício dos poderes) e a privada (liberdades
domésticas/culto religioso).

• A propriedade privada é um bem tão sagrado como a


vida.
COLABORAÇÕES
LOCKEANA b) O liberalismo foi a ideia de “lei moral ou filosófica, que
nada mais é do que aquilo que hoje nós podemos chamar
de opinião pública. A média dos valores compartilhados
pela sociedade, e deveria servir como principal modelo para
o poder político, responsável por elaborar a “lei civil”, a
A preocupação política/filosófica de legislação oficial do Estado cujo objetivo é regular a vida em
Locke (pai do liberalismo) é a) comunidade. A lei não deve ser elaborada a partir dos
estabelecer limites para o poder do interesses dos governantes, mas a partir dos valores e
Estado, salvaguardando a liberdade desejos da sociedade civil, consolidados nos costumes.
individual, entendida pelo autor como LEI MORAL = OPINIÃO PÚBLICA
o direito de livre movimentação do (valores sociais responsável por
corpo, sem constrangimentos externos criar as leis)
ao próprio corpo

c) Deslocamento da soberania do Estado para a


sociedade civil, o que é fundamental para o liberalismo. O
Estado deixa de ser a manifestação do poder de Deus e
O poder decorre passa a existir em função da sociedade, tutelado por ela,
dos indivíduos e a sociedade é formada por indivíduos livres.
O liberalismo é uma das filosofias da história,
baseado nos seguintes princípios:

• A busca pela liberdade (entendida como a liberdade individual, do


corpo físico) é a potência que move a história humana.

• O movimento histórico caminha sempre da situação de menos


liberdade, e de mais tirania, para a situação de mais liberdade, e
de menos tirania.

• A utopia liberal idealiza uma situação de plenas liberdades


individuais, em que o Estado teria suas competências tão reduzidas
a ponto de possibilitar às pessoas um tipo de vida similar ao das
liberdades naturais, pré-sociais.
John Stuart Mill (1806–1873), que trouxe a liberdade
para o primeiro plano de suas reflexões, tendo
contribuído para o desenvolvimento da cultura
jurídica que deu origem ao Estado de direito.

Critica a doutrina dos direitos naturais, que havia animado os


revolucionários tanto em França como nos EUA, e que afirmava
a existência de direitos atribuídos diretamente por Deus aos
homens e que não poderiam ser alienados pelo poder civil.

Mill fazia parte da corrente utilitarista do pensamento liberal,


materialista e ateia, a existência de Deus era negada, o que
reforçava ainda mais a importância da lei civil, pactuada pela
sociedade.
LIBERDADE /ESTADO DE
DIREITO (lei dos homens) Caberia, então, à lei dos homens garantir a “boa vida”, que
significa a maior situação de liberdade possível. “Liberdade”,
na concepção do autor significa viver em um Estado de
direito.

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