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Fiscalidade

1. Teoria Geral dos Impostos

BIBLIOGRAFIA
• Pereira, Manuel Henrique de Freitas, Fiscalidade, 2018, Almedina
• Guia dos Impostos em Portugal – 2022, Américo Brás Carlos,
Maria Emília Pimenta, João Ribeiro Durão, Irene Abreu
• Constituição da República Portuguesa

• Lei Geral Tributária 1


FISCALIDADE

Enquadramento

A Fiscalidade
Questões
Ambientais

Política Questões
Económica Sociais

O cidadão

O Mercado Questões
Legais
FISCALIDADE

Fiscalidade, Direito Fiscal e Ciência fiscal

• O termo Fiscalidade deriva do latim “fiscu” que significava o poder


do Estado em tributar os cidadãos e recolher para os seus cofres as
respetivas receitas “tributos”

• A fiscalidade é uma expressão de maior amplitude e que engloba


os conceitos de Direito Fiscal, Técnica Fiscal e Política Fiscal.

• O termo Fiscalidade distingue-se de Ciência Fiscal, na medida em


que esta tem uma visão mais abstrata e científica daquelas
matérias, ao passo que o termo fiscalidade indica um tratamento
predominantemente concreto e técnico e de efeito objectivo e
imediato.

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FISCALIDADE

Fiscalidade, Direito Fiscal e Ciência fiscal

• Direito Fiscal: É o conjunto de normas que regulam as relações que se


estabelecem entre o Estado e os outros entes públicos, por um lado e os
cidadãos por outro, por via do imposto. Essas normas regulam as várias
fases do imposto: Incidência, lançamento, liquidação e cobrança.

• Técnica fiscal: É o modo (métodos e técnicas) como as normas


estabelecidas pelo Direito Fiscal são aplicadas.

• Política Fiscal: Visa o estudo dos mecanismos fiscais a utilizar pelo governo
para atingir determinados objetivos

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O Estado
É uma estrutura económico – social com diversas funções ao serviço
do cidadão :
– Soberania, Defesa e Segurança
– Educação
– Saúde
– Organização social

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Atividade Financeira do Estado


• As exigências de satisfação das necessidades económicas de
carácter público
– Despesas Públicas

• A obtenção de meios indispensáveis à respetiva cobertura impõem


ao Estado
– Receitas Públicas

• Necessidade de regras de organização e administração


– Organização Administrativa

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As necessidades do Estado
• Evoluem com os tempos e interagem com as políticas
do Estado. Por isso se fala em:

– Necessidades Passivas - aquelas que não dependem da


procura e por isso não pode ser exigido um preço explícito. São
por inerência um custo social, por exemplo a Defesa Nacional.

– Necessidades Ativas - aquelas que são procuradas pelo


cidadão, por exemplo saúde e educação.

• Qual o papel do Estado Providência ?

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Receitas do Estado

São os recursos financeiros para fazer face às despesas.


Como tipos temos:

– Receitas Patrimoniais
• Venda de património (ações, edifícios, etc)

– Receitas Coativas
• Impostos e taxas

– Empréstimos

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Evolução do Estado

• Estado Patrimonial
– As receitas baseiam-se no seu património e muitas
vezes os próprios meios de produção

• Estado Fiscal
– As receitas baseiam-se nos impostos cobrados ao
cidadão

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Atividade Financeira do Estado


• Atividade Financeira do Estado

– O conjunto de normas que disciplinam a atividade


financeira do Estado denomina-se Direito financeiro
e abrange o direito das receitas, despesas e
administração.

• Tipos de Direito das Receitas


– Patrimonial
– Tributário (inclui o Direito fiscal)
– Crédito Público

• Tipos de Direito das Despesas


– Direito Orçamental 11
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Noção e âmbito do Direito Fiscal

• Noção
– Ramo do Direito que regula os impostos tendo por
objeto as normas que regulam o “Nascimento, o
desenvolvimento e extinção das relações jurídicas
relacionadas com os impostos.

• Âmbito
– O Direito Fiscal abrange
• Normas jurídicas de soberania fiscal
• Normas Nascimento, o desenvolvimento e extinção
(incidência, lançamento, liquidação e cobrança)
• Normas de obrigações Acessórias (declarativas, etc)
• Normas de sanção fiscal
• Normas de processo (impugnação e execução)
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Relações com outros ramos do direito

• Direito Fiscal e Direito Constitucional

• Direito Fiscal e Direito Administrativo

• Direito Fiscal e Direito Privado


(civil, comercial, contabilístico)

• Direito Fiscal e Direito Penal

• Direito Fiscal e Direito Processual

• Direito Fiscal e Direito Comunitário

• Direito Fiscal e Direito Internacional


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Fontes de Direito Fiscal


• Constituição da República

•Direito comunitário (Diretivas Europeias)

• Incidência
• Taxa
• Lei
• Benefícios Fiscais
• Garantias dos contribuintes

• Regulamentos (Portarias e Decretos Regulamentares)

• Tratados Internacionais (Convenções e Acordos)


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Legislação interna
• Lei e Decreto-lei
– Sentido formal e material
• Decreto Legislativo Regional
– Aplicável às regiões autónomas
• Regulamento
– Visão regulamentar a aplicação das leis
– Portarias e Decretos Regulamentares
- Outro direito circulatório (despachos, ofícios etc.)

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Princípios constitucionais
• Príncipio da Legalidade dos Impostos
• Proeminência da lei – Fonte de legitimidade
• Príncipio da Reserva da Lei – lei formal da AR
• Príncipio da Tipicidade – O facto deve estar previsto

• Príncipio da Igualdade Tributária


• Príncipio da Generalidade e Uniformidade
• Príncipio da Capacidade Contributiva

• Princípio da Não Retroatividade da Lei Fiscal

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Princípios constitucionais
PRINCÍPIO LEGALIDADE

Artigo 103.º - Sistema fiscal


1. O sistema fiscal visa a satisfação das necessidades
financeiras do Estado e outras entidades públicas e
uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza. (...)
2. Os impostos são criados por lei, que determina a
incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias
do contribuinte.

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Princípios constitucionais

PRINCÍPIO DA RESERVA DA LEI

Consiste na reserva de lei parlamentar para a criação dos


impostos, não podendo o Governo estabelecê-los, salvo no
caso de autorização legislativa.

Assenta na ideia de auto tributação dos cidadãos que,


através dos seus representantes, avaliam o interesse público
subjacente à criação dos impostos e, em face desse
interesse, determinam o sacrificio que cada um há-de
superar.

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Princípios constitucionais

PRINCÍPIO DA RESERVA DA LEI

Art. 165 da CRP determina que é da exclusiva


competência da Assembleia da Republica legislar sobre
impostos, salvo autorização ao Governo.

Artigo 105.º - Orçamento (CRP)


1. O Orçamento do Estado contém:
a)A discriminação das receitas e despesas do Estado,
incluindo as dos fundos e serviços autónomos;

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Princípios constitucionais

PRINCÍPIO DA TIPICIDADE

Só se podem cobrar impostos expressamente previstos


na Lei. A tipificação abrange a definição do facto
tributário e os elementos necessários à fixação do
quantum.

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Princípios constitucionais
PRINCÍPIO DA GENERALIDADE

Artigo 13.º - Princípio da igualdade (CRP)


1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são
iguais perante a lei.

2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado,


prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de
qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça,
língua, território de origem, religião, convicções políticas ou
ideológicas, instrução, situação económica, condição
social ou orientação sexual

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FISCALIDADE

Princípios constitucionais
PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA

Artigo 67.º, n.º 2, al.f) da CRP


Incumbe, designadamente, ao Estado para protecção
da família, ... Regular os impostos e os benefícios
sociais, de harmonia com os encargos familiares.

Artigo 104.º, da CRP


1.O imposto sobre o rendimento pessoal visa a
diminuição das desigualdades e será único e
progressivo, tendo em conta as necessidades e os
rendimentos do agregado familiar.
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Princípios constitucionais
PRINCÍPIO DA NÃO RETROATIVIDADE DA LEI FISCAL

• Determina o nº3 da CRP “Ninguém pode ser obrigado a


pagar impostos que não hajam sido criados nos termos
da Constituição, que tenham natureza retroativa ou cuja
liquidação e cobrança se não façam nos termos da lei”.

• Visa a Segurança Jurídica do cidadão

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Interpretação da lei fiscal

Aquando da aplicação consiste em determinar o exato


sentido e alcance de modo a que se revele a regra
nela contida e no caso de dúvidas entender o
verdadeiro espírito do legislador.

Diz o art. 9º do Código Civil “ A interpretação não deve


cingir-se à letra da lei mas reconstituir a partir dos
textos o pensamento legislativo tendo em conta a
unidade do sistema jurídico, as circunstâncias em que
a lei foi elaborada e as condições específicas do
tempo em que é aplicada”.
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FISCALIDADE

Interpretação da lei fiscal

• Sentido Restrito – verdadeiro alcance da lei


• Sentido Lato – Restrito e espirito da lei

Deve-se aplicar às leis fiscais os princípios gerais de


interpretação das normas de direito comum. Estão
ultrapassadas:
• “in dubio pro fisco”
• “in dubio contra fiscum”
• Tese da insusceptibilidade da interpretação extensiva

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Interpretação da lei fiscal


• Órgão
Autêntica: Órgão Legislativo
Doutrinal: Tribunais ou Administração Pública

• Elementos
Literal: Atenta no texto
Lógica: Espirito da lei

• Extensão
Declarativa: Letra = Mente
Restritiva: Letra > Mente
Extensiva: Letra < Mente
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Posição adotada em Portugal na LGT

• A Lei Geral Tributária determina no seu


art.11º nº1 o seguinte:
“Na determinação do sentido das normas fiscais e na
qualificação dos factos a que as mesmas se aplicam
são observadas as regras e princípios gerais de
interpretação e aplicação das leis”.

• E ainda o nº3 :
“Persistindo a dúvida sobre o sentido das normas de
incidência a aplicar, deve atender-se à substância
económica dos factos tributários”
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FISCALIDADE

Significado dos termos próprios de outros


ramos de direito
• A atividade de interpretação busca o sentido dos termos
ou conceitos utilizados na lei. Importa saber se o seu
significado na fiscalidade é o mesmo do outro ramo de
que é oriundo.
• A LGT no nº2 do art. 11º determina:
• “Sempre que, nas normas fiscais, se empreguem termos próprios
de outros ramos de direito, devem os mesmos ser interpretados no
mesmo sentido daquele que aí têm, salvo se outro decorrer
diretamente da lei”.
• Exemplos, transmissão de bens, sociedade comercial,
pessoa coletiva, exportação, sujeito passivo casado etc.

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FISCALIDADE

Aplicação da Lei Fiscal


Aplicação da Lei Fiscal no tempo

A Obrigação Tributária nasce com a verificação do


pressuposto previsto na lei para a sujeição ao imposto.
A exigibilidade da prestação pode aparecer só mais
tarde, com a liquidação.

• Teoria da Irretroactividade – se a nova lei altera os


elementos essenciais do imposto não se aplica, desde
que, a obrigação tenha sido constituida antes.

• Aplicação da nova lei ao processo administrativo –


desde que os elementos essenciais do imposto não
sejam alterados (lugar de pagamento). 29
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Aplicação da Lei Fiscal


Artigo 12.º LGT - Aplicação da lei tributária no tempo

1 - As normas tributárias aplicam-se aos factos


posteriores à sua entrada em vigor, não podendo ser
criados quaisquer impostos retroactivos.

2 - Se o facto tributário for de formação sucessiva, a lei


nova só se aplica ao período decorrido a partir da sua
entrada em vigor.

3 - As normas sobre procedimento e processo são de


aplicação imediata, sem prejuízo das garantias, direitos
e interesses legítimos anteriormente constituídos dos
contribuintes. 30
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Integração da Lei Fiscal


Preenchimento das lacunas ou casos omissos na lei.

Direito Privado – Art. 10º Código Civil – Integração


das lacunas da lei
1. Os casos que a lei não preveja são regulados segundo
a norma aplicável aos casos análogos.
2. Há analogia sempre que no caso omisso procedam as
razões justificativas da regulamentação do caso
previsto na lei.
3. Na falta de caso análogo, a situação é resolvida
segundo a norma que o próprio intérprete criaria, se
houvesse de legislar dentro do espírito do sistema.

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FISCALIDADE

Integração da Lei Fiscal


A Analogia não se pode aplicar no direito fiscal quando
estão em causa elementos essenciais possam vir a
afectar os direitos do contribuinte:
• Incidência
• Taxas
• Beneficios Fiscais
• Garantias dos Contribuintes

Elementos não essenciais – uso de analogia

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FISCALIDADE

Aplicação da lei fiscal no tempo

• Início de vigência
São válidos os princípios gerais de direito. A lei entra
em vigor no dia nela fixado ou na falta de fixação ou no
quinto dia seguinte à publicação, sem prejuízo de
algumas exceções.

• Termo de vigência
A cessação também segue a regra geral art. 7º do
Código Civil. Pode ser :
• Por caducidade (termina o prazo nela fixado)
• Por revogação (tácita ou expressa)
• Existe ainda o conceito de suspensão da lei
(interrupção da sua aplicação)
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FISCALIDADE

Aplicação da lei fiscal no tempo

• O problema da não retroatividade da lei fiscal


– A lei só vale para o futuro conforme nº1 do art. 12º da
LGT:
“As normas tributárias aplicam-se aos factos
posteriores à sua entrada em vigor, não podendo ser
criados quaisquer impostos retroativos”.

– Quanto aos elementos não essenciais são de


aplicação imediata art.12º nº3

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FISCALIDADE

Aplicação da Lei Fiscal


Principio da Territorialidade
A lei fiscal de um Estado apenas abrange os factos e
situações que ocorram no território desse Estado e os
rendimentos que nele tenham sido obtidos.

CIRC – Art. 4º - Extensão da Obrigação do Imposto


1 -Relativamente às pessoas colectivas e outras
entidades com sede ou direcção efectiva em território
português, o IRC incide sobre a totalidade dos seus
rendimentos, incluindo os obtidos fora desse território.
2 -As pessoas colectivas e outras entidades que não
tenham sede nem direcção efectiva em território
português ficam sujeitas a IRC apenas quanto aos
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rendimentos nele obtidos.
FISCALIDADE

Aplicação da lei fiscal


• Em sentido negativo
– As leis fiscais estrangeiras não se aplicam em
território nacional

• Em sentido positivo
– As leis tributárias internas aplicam-se a todo o
território nacional quer a entidades nacionais quer
estrangeiras.

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FISCALIDADE

Princípio da territorialidade

• Elementos de conexão
– Carácter pessoal (nacionalidade ou residência) com
grande relevância nos impostos sobre o rendimento

– Carácter real (origem ou fonte do rendimento) com


grande relevância nos impostos sobre a despesas e
património

Neste âmbito poderão ocorrer situações de dupla


tributação internacional.

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FISCALIDADE

A dupla tributação internacional

• A dupla tributação é a suscetibilidade de determinado


facto gerador estar sujeito a imposto em dois espaços
fiscais distintos, uma vez que está conexo com mais do
que um país.

• Existe assim o problema :


– Estado de residência e
– Estado fonte

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FISCALIDADE

Medidas para evitar a dupla tributação

• Medidas unilaterais
– Cada Estado toma as medidas que entender no
âmbito da sua soberania
– Exemplo “EBF art. 37 nº1 isenta de IRS pessoas
deslocadas no estrangeiro” ou ainda o art. 51º CIRC.

• Medidas bilaterais
– Resultam de tratados bilaterais ou multilaterais
respetivamente de dois ou mais estados

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FISCALIDADE

Teoria do imposto
Os tributos podem ser (art 3º LGT):

a) Fiscais e parafiscais;

b) Estaduais, regionais e locais.

Os tributos compreendem os impostos, incluindo os


aduaneiros e especiais, e outras espécies tributárias
criadas por lei, designadamente as taxas e demais
contribuições financeiras a favor de entidades públicas.

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FISCALIDADE

Tributo

• Prestação patrimonial

• Definitiva

• Sem carácter de sanção

• Estabelecida por Lei

• A favor do Estado ou de outro ente público

• Tendo em vista a realização dos fins públicos

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Imposto (LGT art. 4 n.º1)

Prestação coativa, pecuniária, unilateral, estabelecida

pela lei, a favor do Estado ou de outro ente público,

sem carácter de sanção, com vista à cobertura das

despesas públicas e ainda tendo em atenção

objectivos de ordem económica e social.

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FISCALIDADE

Taxa (LGT art. 4 n.º2)


Prestação coactiva, pecuniária, bilateral, estabelecida
pela lei, a favor do Estado ou de outro ente público,
sem carácter de sanção, com vista à realização dos
fins públicos e como retribuição dos serviços prestados
individualmente aos particulares no exercício de uma
actividade pública, ou como contrapartida da utilização
de bens de domínio público ou de remoção de um
limite jurídico à actividade dos particulares.

A TAXA (preço fixado autoritariamente) destina-se a


cobrar uma parte do custo dos respectivos serviços
públicos sendo a parte restante coberta pelo imposto.
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FISCALIDADE

Contribuição Especial (LGT art. 4 n.º3)

• Prestação patrimonial
• Definitiva
• Sem carácter de sanção
• Estabelecida por Lei (coativa)
• A favor do Estado ou de outro ente público
• Em virtude de uma vantagem particular e concreta que
o contribuinte retira do funcionamento de determinado
serviço público ou da maior despesa que a sua
actividade provoca. 44
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Empréstimo público forçado

• É uma prestação coativa

• Não é unilateral porque paga juros

• Não é a título definitivo porque é reembolsado

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Contribuições para a segurança social

• Tributo parafiscal

• Prende-se com as novas funções do Estado moderno

• São consignadas às entidades Públicas que


prosseguem tais finalidades

• São contribuições da parte patronal e da parte do


trabalhador

• Há quem defenda que são uma taxa e outros que é um


seguro social de direito público atendendo ao elemento
aleatório da prestação a receber.
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• Para a entidade patronal é um imposto
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Facto gerador
• Facto que uma vez previsto na lei dá origem à obrigação
fiscal art. 36 nº1 LGT

• Elemento objetivo - incidência real


– Material – Capacidade contributiva
– Espacial – Determinação do território
– Temporal – Lapso de tempo
– Quantitativo – Expressão quantitativa

• Elemento subjetivo – Incidência pessoal


– Determinação do sujeito

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FISCALIDADE

Fases do Imposto
Incidência
1. Real (material) – O que está sujeito a imposto (actos, ...).
2. Pessoal (subjetiva) – Quem está sujeito a imposto.

Lançamento
Conjunto das operações administrativas conducentes à
identificação do sujeito passivo de imposto e à
determinação da matéria coletável.

Liquidação
1. Sentido Restrito – Aplicação da Taxa à Matéria
Colectável, para determinação da Coleta.
2. Sentido Lato – inclui operações admnistrativas de
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lançamento e liquidação em sentido restrito.
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Fases do Imposto
Cobrança
Operação administrativa que visa a entrada do imposto
nos cofres do Estado.
É efectuada pelos Serviços dependentes da Direcção
Geral do Tesouro.

• Pagamento Voluntário – dentro dos prazos previstos;


• Pagamento Coercivo

Após o terminus do prazo de pagamento, começam a


vencer-se Juros de Mora, e é extraída pelos serviços
a Certidão de Dívida, que serve de base à instauração
do processo de execução fiscal a promover pelo
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chefe da repartição de finanças.
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Classificação dos impostos


• Quanto ao sujeito activo:
• Estaduais
• Não estaduais
• Quanto ao âmbito de aplicação territorial:
• Nacionais
• Continentais
• Local
• Quanto ao índice da capacidade económica:
• Directos
• Indirectos
• Quanto ao carácter patrimonial ou pessoal do imposto:
• Reais
• Pessoais

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FISCALIDADE

Classificação dos impostos


• Quanto à natureza permanente ou acidental dos factos:
• Periódicos
• Obrigação única
• Quanto à natureza das taxas:
• Prestação fixa
• Prestação variável Proporcional
• Prestação variável Progressiva
• Prestação variável Regressiva
• Quanto à autonomia:
• Principais
• Acessórios
• Quanto à periodicidade:
• Ordinários
• Extraordinários
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Classificação dos Impostos


• Quanto às formas de exteriorização da riqueza:
• Sobre o rendimento
• Sobre o património
• Sobre a despesa

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Impostos Reais e Pessoais


• Impostos Reais – atendem exclusivamente à matéria
colectável, alheando-se da situação económica e
familiar do contribuinte.
Exemplo: IMI

• Impostos Pessoais – a pessoa do contribuinte é


decisiva para a determinação do imposto. Considera o
somatório dos rendimentos, sujeitando a taxas mais
elevadas à medida que a matéria colectável vai
aumentando.
Exemplo: IRS

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FISCALIDADE

IMPOSTOS ESTADUAIS, LOCAIS E PARAFISCAIS

• Impostos Estaduais – aqueles em que a entidade


credora é o Estado. Abrangem todo o território nacional
e regiões autónomas.

• Impostos Locais – aqueles em que a entidade


credora é uma autarquia local – Câmara Municipal ou
Junta de Freguesia. Abrangem os factos tributários
ocorridos dentro da área da respectiva jurisdição
administrativa.

• Impostos ParaFiscais – as entidades credoras são


pessoas de direito público e não órgãos do Estado ou
Autarquias. Exemplo: Seg. Social
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FISCALIDADE

Impostos Locais
• Impostos Municipais – a favor do municipio
• Impostos Paroquiais – a favor da freguesia

Derrama – Lei das Finanças Locais - Artigo 14º


1 – Os municípios podem deliberar lançar anualmente uma derrama, até ao
limite máximo de 1,5% sobre o lucro tributável sujeito e não isento de
imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas (IRC) que
corresponda à proporção do rendimento gerado na sua área geográfica
por sujeitos passivos residentes em território português que exerçam, a
título principal, uma actividade de natureza comercial, industrial ou
agrícola e não residentes com estabelecimento estável nesse território.

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FISCALIDADE

IMPOSTOS PERÍODICOS E IMP. DE OBRIGAÇÃO ÚNICA

• Impostos Periódicos – atingem situações que se


prolongam indefinidamente, dando lugar à renovação
das obrigações tributárias, com o decurso de um
determinado período de tempo (p.e. 1 ano) – IRS e
IRC.

• Impostos de Obrigação Única – incidem sobre actos


ou factos que não apresentam carácter de
periodicidade. Mesmo que exista repetição das
situações, estas são consideradas per si, no momento
em que se verificam.

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FISCALIDADE

IMPOSTOS ORDINÁRIOS E EXTRAORDINÁRIOS

• Impostos Ordinários – o direito a imposto, por parte


do Estado, verifica-se por tempo ilimitado, isto é,
enquanto se verificarem as condições de sujeição a
imposto previstas na Lei .

• Impostos Extraordinários – são lançados para


ocorrer às despesas extraordinárias que as leis
orçamentais enumeram: Circustâncias
• Fomento económico; excepcionais
• Defesa de ordem pública;

p.e.: Derramas Municipais


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FISCALIDADE

IMPOSTOS PROPORCIONAIS, PROGRESSIVOS E REGRESSIVOS

• Impostos Proporcionais – os que apresentam uma


taxa fixa. O imposto está em proporcionalidade directa
com a matéria colectável.

• Impostos Progressivos – o imposto é mais do que


proporcional face à matéria colectável.

• Impostos Regressivos – são aqueles que diminuem


à medida que a matéria colectável aumenta.

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FISCALIDADE

IMPOSTOS PARCELARES E IMPOSTOS GLOBAIS

• Impostos Parcelares – recaem sobre rendimentos


provindos de uma única fonte de rendimentos.
Exemplo: Contribuição indústrial.

• Impostos Globais – incidem sobre o somatório dos


rendimentos, provenientes de diversas fontes.
Exemplo: IRS e IRC.

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FISCALIDADE

Estrutura do Sistema Fiscal Português

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Não obstante a recuperação sustentada da receita fiscal registada em 2021, a qual aumentou 2303 milhões de euros face a
2020 (+ 5,3%), em 2021 a receita fiscal líquida ficou ainda 498 milhões de euros abaixo dos valores registados em 2019 (-1%).
FISCALIDADE

Lei Geral Tributária


“regula as relações jurídico-tributárias que vigorem
directamente na ordem interna ou em legislação
especial ”
Relações jurídico-tributárias - as estabelecidas entre
a administração tributária, agindo como tal, e as
pessoas singulares e colectivas e outras entidades
legalmente equiparadas a estas.

Integram a relação Juridico Tributária (art. 30º LGT):


“a) O crédito e a dívida tributários;
b) O direito a prestações acessórias de qualquer natureza e o
correspondente dever ou sujeição;
c) O direito à dedução, reembolso ou restituição do imposto;
d) O direito a juros compensatórios;
e) O direito a juros indemnizatórios. (...) 61
FISCALIDADE

Relação Jurídico-Tributária
Elementos da relação jurídico-tributária:
• Sujeitos (art. 18 LGT)
• O sujeito activo da relação tributária é a entidade de direito
público titular do direito de exigir o cumprimento das obrigações
tributárias, quer directamente quer através de representante.
• O sujeito passivo é a pessoa singular ou colectiva, o
património ou a organização de facto ou de direito que, nos
termos da lei, está vinculado ao cumprimento da prestação
tributária, seja como contribuinte directo, substituto ou
responsável.
• Objecto
• Facto Jurídico
• Garantia - conjunto de meios ao dispôr do credor para fazer o seu
direito no caso de o devedor não cumprir voluntariamente a obrigação a que
está vinculado.

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FISCALIDADE

Substituição Tributária
Substituição tributária (art. 20º LGT):

“1 – A substituição tributária verifica-se quando, por imposição da lei,


a prestação tributária for exigida a pessoa diferente do
contribuinte.
2 – A substituição tributária é efectivada através do mecanismo da
retenção na fonte do imposto devido.”

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FISCALIDADE

Responsabilidade tributária
Responsabilidade tributária:
1 – A responsabilidade tributária abrange, nos termos fixados
na lei, a totalidade da dívida tributária, os juros e demais
encargos legais.
2 – Para além dos sujeitos passivos originários, a
responsabilidade tributária pode abranger solidária ou
subsidiariamente outras pessoas.
3 – A responsabilidade tributária por dívidas de outrem é, salvo
determinação em contrário, apenas subsidiária.

Artigo 24.º - Responsabilidade dos membros de corpos sociais e


responsáveis técnicos
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FISCALIDADE

Obrigações dos sujeitos passivos

Obrigações dos sujeitos passivos (art 31 da LGT)

Obrigação Principal - efectuar o pagamento da dívida


tributária.
Obrigações Acessórias - as que visam possibilitar o
apuramento da obrigação de imposto:
• Apresentação de declarações;
• Exibição de documentos fiscalmente relevantes:
incluindo a contabilidade ou escrita, e a prestação de
informações.

Aos representantes de pessoas singulares e colectivas


incumbe o cumprimento dos deveres tributários das 65
entidades por si representadas (art.32 da LGT).
FISCALIDADE

Pagamento
Pagamento e outras formas extinção da prestação
tributária (art 40 LGT)
As prestações tributárias são pagas:
• moeda corrente
• cheque
• débito em conta
• transferência conta a conta e vale postal
• por outros meios utilizados pelos serviços dos correios ou pelas
instituições de crédito que a lei expressamente autorize.
Os contribuintes ou terceiros que efectuem o pagamento devem
indicar os tributos e períodos de tributação a que se referem.
Se o montante a pagar ser inferior ao devido, o pagamento é
sucessivamente imputado pela seguinte ordem a:
a) Juros moratórios;
b) Outros encargos legais;
c) Dívida tributária, incluindo juros compensatórios; 66
d) Coimas.
FISCALIDADE

Pagamento
Pagamento e outras formas extinção da prestação
tributária

• Pagamento Voluntário – até 30 dias – obedece ás


regras da proibição de moratória;Pagamento voluntário
fora do prazo (havendo lugar a juros de mora);

• Pagamento Coercivo – incumprimento total ou


parcial
Abertura do Processo
de Execução Fiscal
• Dação em Pagamento
• Compensação de Dívidas
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FISCALIDADE

Pagamento
Falta de pagamento da prestação tributária

São devidos juros de mora quando o sujeito passivo


não pague o imposto devido no prazo legal(art. 44 n.º 1
LGT).

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FISCALIDADE

Garantia da Prestação Tributária

Garantias dos Créditos Tributários: LGT Art.º 50


1 – O património do devedor constitui a garantia geral dos créditos tributários.
2 – Para garantia dos créditos tributários, a administração tributária dispõe ainda:
a) Dos privilégios creditórios previstos no Código Civil ou nas leis tributárias;
b) Do direito de constituição, nos termos da lei, de penhor ou hipoteca legal,
quando essas garantias se revelem necessárias à cobrança efectiva da dívida
ou quando o imposto incida sobre a propriedade dos bens;
c) Do direito de retenção de quaisquer mercadorias sujeitas à acção fiscal de que o
sujeito passivo seja proprietário, nos termos que a lei fixar.

Providências Cautelares: LGT Art.º 51


(...)
2 – As providências cautelares devem ser proporcionais ao dano a evitar e não
causar dano de impossível ou difícil reparação.
3 – As providências cautelares consistem na apreensão de bens, direitos ou
documentos ou na retenção até à satisfação dos créditos tributários, de
prestações tributárias a que o contribuinte tenha direito. 69
FISCALIDADE

Avaliação da matéria colectável


Procedimentos de avaliação:

• Avaliação Direta
• A matéria colectável é a que consta das declarações dos
contribuintes;
• Difere de tributo para tributo;
• A administração tributária tem poderes de controlo e
correcção das declarações;
• A avaliação directa é feita pela administração tributária
e, nos casos de autoliquidação, pelo sujeito passivo.
• Avaliação Indireta
• Subsidiária da avaliação directa;
• Só pode ser praticada nos casos previstos na Lei;
• A avaliação indirecta é feita pela administração tributária. 70
FISCALIDADE

Avaliação da matéria colectável


Situações de Avaliação Indirecta:
• Regime Simplificado de Tributação
• Simplificação da tributação de algumas categorias de
contribuintes;
• Quando a avaliação directa traduz-se em obrigações
acessórias pesadas;
• Determinação da Mat. Colectável com base em índices
objectivos;
• Regime optativo à avaliação directa.
• Impossibilidade de comprovação e quantificação directa
e exacta dos elementos indispensáveis à correcta
determinação da Mat. Coletável
• Inexistência ou insificiência dos elementos contabilisticos;
• Recusa na exibição da contabilidade e outros documentos;
• Existência de diversas contabilidades
71
FISCALIDADE

Garantias dos Contribuintes


Garantias dos Contribuintes
• Direito à Informação
• Meios de Defesa Graciosos e Contenciosos

Meios de Defesa Impugnatórios - contestação dos


actos da administração, visando a sua anulação ou
revogação.

Meios de Defesa não Impugnatórios - direitos de


natureza vária.

72
FISCALIDADE

Garantias dos Contribuintes


Direito Geral à Informação

• Direito ao esclarecimento sobre a interpretação das leis


tributárias e o modo mais seguro de lhes dar
cumprimento (art. 59 n.º 3 a), c), f);
• Direito à informação sobre a fase em que se encontram
as petições ou reclamações do contribuinte (art. 67 n.º
3 a), c);
• Direito à comunicação ao denúnciado da existência,
teor e autoria das denúncias dolosasa não confirmadas
(art. 67 n.º 1 b);
• Direito ao acesso dos contribuintes aos processos
individuais (art. 59 n.º 3 g);
73
FISCALIDADE

Garantias dos Contribuintes


Direito à Informação Prévia Vinculativa (art.68º da
LGT)

• Qualquer pessoa pode solicitar informação escrita


sobre as consequências juridico-fiscais de uma
situação existente ou não.
• Solicitada por via eletrónica.
• A resposta é vinculativa para a Administração Fiscal.

74
FISCALIDADE

Garantias dos Contribuintes


Fiscalização por iniciativa do Contribuinte (art.º 47)

• Inicia-se com base no pedido do contribuite ou de um terceiro,


desde que invoque interesse legitimo.
• Incide apenas sobre contribuintes com contabilidade organizada e
visa a definição da respectiva situação tributária.
• As conclusões da inspecção vinculam a Administração Tributária;
• O efeito vinculativo da fiscalização pode ficar condicionado a
autorização prévia para levantamento do sigilo bancário;
• Pode haver deferimento da fiscalização, no caso de obstrução
ilegitima do contribuinte à acção fiscalizadora;
• Realizada no prazo de 60 dias da entrada do pedido. Paga taxa.
• Não substitui quaiquer outros direitos impugnatórios

75
FISCALIDADE

Garantias dos Contribuintes


Direito à fundamentação (Art.º 77 LGT)
De todos os actos que afectem os direitos e deveres dos contribuintes.

Direito à redução das coimas


Sempre que estas sejam pagas a pedido do infrator, antes da instauração
do processo contraordenacional.

Audição Prévia do Contribuinte (Art.º 60 LGT)


A Administração Fiscal antes de praticar o acto que afecte os direitos dos
contribuintes, deve promover a sua audição. Notificar o contribuinte do
seu projecto de decisão e fixar-lhe um prazo para, o interessado, vir,
oralmente ou por escrito, apresentar as razões sobre os factos em
causa.

Excepções: Liquidação feita com base na declaração do contribuinte ou


aqueles em que a Administração decide da forma que lhe é mais 76
favorável.
FISCALIDADE

Garantias dos Contribuintes


Meios de Recurso

• Meios Graciosos
• Reclamação Graciosa – recurso dos actos da Administração
tributária junto do seu autor
• Recurso Hierárquico – o acto é contestado perante outro
órgão, colocado em posição hierárquica superior ao que
praticou o acto
• Pedido da Revisão da Matéria Colectável - (art. 91 LGT)
versa sobre a fixação da matéria colectável.

• Meios Contenciosos – Interfere uma instância independente


da administração – os tribunais
• Impugnação judicial, dos actos da administração tributária –
destina-se a anular o acto da administração. 77
FISCALIDADE

Infrações Tributárias (RGIT)

Infrações Tributárias (RGIT)


Constitui infração tributária todo o facto típico, ilícito e culposo declarado
punível por lei tributária anterior. (RGIT Art. 2 n.º1)

• Contraordenações
• Contraordenações aduaneiras
• Contraordenações fiscais

• Crimes
• Crimes tributários comuns
• Crimes aduaneiros
• Crimes fiscais
• Crimes contra a segurança social
78
FISCALIDADE

Infrações Tributárias (RGIT)

Infrações Tributárias (RGIT)


Constitui infração tributária todo o facto típico, ilícito e culposo declarado
punível por lei tributária anterior. (RGIT Art. 2 n.º1)

• Contraordenações
• Contraordenações aduaneiras
 Simples COIMA
• Contraordenações fiscais
 Graves

• Crimes
• Crimes tributários comuns
 Burla tributária
• Crimes aduaneiros PRISÃO OU MULTA
 Frustração de créditos
• Crimes

fiscais
Associação criminosa +
• Crimes contra a segurança
Desobediência social
qualificada

Sanções Acessórias
 Violação de segredo 79

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