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No dia em que conheci Hunter Maxwell, ele não era o garoto rico que

morava na casa gigante, não era o cara mais popular da escola,


certamente não era o valentão que perseguiu seu melhor amigo para
fora da cidade depois de uma rivalidade – ele era apenas um garoto com
um olho roxo e um segredo obscuro.

Minha vida teria sido muito mais fácil se eu tivesse ficado de fora, mas
não consegui. Eu via alguém sofrendo e queria ajudar. Via alguém
possivelmente em perigo e queria ter certeza de que estivesse seguro.

No entanto, não há nada seguro em Hunter Maxwell. Pensei que poderia


haver. Caí sob seu feitiço. O que quer que o mundo tenha visto quando
olharam para ele, não foi o que ele me mostrou.

O vínculo que formamos era real. Sei que foi real. Mas com Hunter,
quando a maré muda, é melhor você torcer para estar seguro na costa e
fora de seu alcance.

Pensei que era uma nadadora forte o suficiente para manter minha
cabeça acima da água. Pensei que se chegasse a isso, eu poderia resistir
ao seu puxão.

Eu não sabia, mas agora sei.

Assim que Hunter colocar seus olhos em você, não haverá mais nada
fora do alcance dele. Quer seja hoje, amanhã ou daqui a cinco anos, ele
está vindo atrás de mim – e quando o fizer, não vai parar até que me
destrua.
“Sempre te amei, e se alguém ama alguém, ama a pessoa
inteira, tal como ela é e não como gostaria que fosse”.

– Leo Tolstoy, Anna Karenina


14 anos

Enquanto ando ao longo do caminho em direção à


passarela, ajusto a mochila pesada que ameaça deixar uma
marca permanente em meu ombro.

Minha mochila arrebentou no início do ano letivo, mas


minha mãe costurou a alça novamente. Tem aguentado bem
por um tempo, mas hoje mamãe teve que trabalhar e não
poderia me pegar na escola. Isso significa que tenho que andar
para casa.

Aparentemente, todos os puxões extras estouraram os


fios, porque cerca de um quilômetro atrás a maldita coisa
cedeu. Agora estou tentando carregar este pesado saco de
livros em apenas um ombro, e este ombro não está feliz com
isso.

Um movimento à frente me assusta e ofego, agarrando a


alça da mochila instintivamente.

Alguém está sentado na passarela com os pés


pendurados na beirada, as palmas das mãos apoiadas na
madeira envelhecida. Ele está olhando para a água, sem
prestar atenção em mim, então meu aperto diminui e meu
coração disparado começa a desacelerar.

Normalmente, não há mais ninguém neste caminho, e me


sinto desconfortável que alguém esteja agora. Como se ele
tivesse encontrado um lugar que deveria ser secreto e apareceu
sem ser convidado.

Acho que desde que parei de andar – ou talvez tenha sido


meu suspiro – chamo a atenção do estranho na ponte. Só
quando ele vira a cabeça para olhar para mim, vejo que não é
um estranho.

Hunter Maxwell é o intruso sentado na minha ponte


favorita.

Vamos para a escola juntos, mas nunca nos falamos. Ele


é um tipo de idiota popular que vem à escola apenas para sair
com seus amigos, e sou uma espécie de leitora ávida quieta
que realmente aparece para aprender. Não consigo imaginar
que tenhamos algo a dizer um ao outro.

Ele deve concordar, porque assim que me reconhece, ele


desvia o olhar – de volta para a água ondulante sob a
passarela.

Uma sensação desagradável passa pela minha barriga.


Parece rejeição, mas isso é bobagem. Não me importo se
Hunter Maxwell me dispensar. Eu não queria falar com ele, de
qualquer maneira.
Erguendo meu queixo e apoiando a alça em meu ombro,
eu o ignoro. Ando através da distância entre nós, em seguida,
passo direto por ele.

Antes de eu sair da ponte e ir para o caminho de terra em


direção para casa, seu tom baixo interrompe o silêncio mútuo.
— Não diga a ninguém que você me viu hoje.

Paro abruptamente, franzindo a testa enquanto olho para


ele. — Com licença?

Seu suspiro é impaciente, mas ele repete mesmo assim.


— A escola acha que estou fora da cidade. Normalmente
ninguém vem por aqui. — Agora ele vira a cabeça para olhar
para mim. — Você sabe que isso é propriedade privada, certo?
Minha. Você não deve invadir.

Estou tão surpresa que só ouço a primeira parte. Assim


que ele vira a cabeça, vejo melhor o lado de seu rosto que não
vi na primeira vez que ele olhou para mim.

A pele ao redor do olho esquerdo está agitada e inchada.


Parece que ele foi atingido no rosto.

A distância entre nós na hierarquia social diminui e a


preocupação com ele cresce dentro de mim. Corro para frente,
deixando cair minha mochila na passarela enquanto caio de
joelhos e me inclino para ver melhor. — Oh meu Deus, o que
aconteceu com o seu olho?

— Nada, — diz ele defensivamente, golpeando minha


mão.
Minhas sobrancelhas se erguem. — Isso definitivamente
não é nada. — Meu longo cabelo escuro cai no meu rosto, então
o coloco de volta na minha orelha. — Alguém bateu em você?

— Não importa. Cuide da sua vida, — ele murmura.

— Importa, — argumento. — Parece terrível. Você colocou


alguma coisa nele? Se você colocar gelo, vai ajudar com o
inchaço.

— Estou bem, — ele diz. Num impulso – eu acho – ele me


empurra com força no peito para me afastar dele.

Perco o equilíbrio e caio de bunda para trás. Não é uma


queda muito grande, então não dói, mas não gosto de ser
empurrada para começar.

— Tudo bem, — estalo, me levantando e pegando minha


bolsa. — Eu só estava tentando ajudar.

— Não preciso da sua ajuda.

— Bom, então não vou dar a você, — digo a ele, içando


minha mochila arrebentada no meu ombro e me afastando
dele.

Ouço um suspiro alto, então o barulho do tênis contra a


madeira. — Espere, — ele diz, sua voz menos hostil.

— Não, — grito sem parar de andar. — Não me siga.


— Sinto muito, — ele diz, todo apressado enquanto me
alcança. — Eu não queria te empurrar. Você estava apenas me
deixando louco.

— Existem maneiras melhores de expressar raiva do que


empurrar as pessoas, — digo um pouco afetada. — Tente
palavras algum dia.

O canto de sua boca puxa para cima e ele enfia as mãos


nos bolsos da calça jeans. — Obrigado pelo conselho sólido de
vida.

Olho para ele com um olhar vago ainda no rosto, mas


posso sentir minha irritação genuína derretendo agora que ele
não está sendo um idiota. — A qualquer momento.

Por alguns minutos, não falamos. Certamente não o


convidei, mas ele continua a caminhar ao meu lado ao longo
do caminho pela floresta. Minha estúpida mochila ameaça cair
de novo. Tento levantá-la, mas isso atrai sua atenção.

Sem uma palavra, ele se estica e pega a mochila de mim.

— Ei, — protesto, mas um segundo depois relaxo com o


alívio de não ter a coisa pesada nas minhas costas.

Hunter franze a testa quando percebe que a alça está


quebrada, mas imperturbável, ele a joga por cima do ombro.

Um momento depois, murmuro: — Obrigada.

Ele concorda. — Essa coisa pesa uma tonelada. O que


você tem aqui?
— Pedras.

Ele abre um sorriso. — Com certeza parece.

Abro um sorriso de volta. — São todos os meus livros


didáticos. Certamente o seu é tão pesado.

— Nah. Não trago muitos livros para casa.

Franzo a testa. — Como você faz sua lição de casa sem


eles?

— Improviso. Normalmente leio o capítulo designado na


aula enquanto o professor está falando, então eu só tenho que
responder às perguntas em casa. O único livro que tenho que
levar para casa todos os dias é o de matemática, e esse não é
pesado.

— Como você se lembra das perguntas se não traz seus


livros? Algumas delas são muito longas.

Ele enfia a mão no bolso e tira um smartphone. — Tirando


fotos das perguntas atribuídas. Evitando assim, que você
tenha que carregar um grande saco de livros o tempo todo.

— Oh, entendi. É uma boa ideia, mas não tenho um


telefone celular, — eu o informo.

Seus olhos se arregalam como se eu tivesse acabado de


admitir ser um alienígena. — O quê? Quem não tem celular?

— Eu sei, — concordo, revirando os olhos. — Minha mãe


insiste que não preciso de um ainda.
— Tenho certeza de que isso é considerado abuso infantil.
Pisque duas vezes se precisar de ajuda.

Balanço minha cabeça, sorrindo fracamente. — Está


bem. Acho que ela só diz isso porque não pode pagar outra
linha e não quer admitir. Ela teve que mudar de emprego
recentemente e acho que ela ganha menos com o novo, porque
ela entrou no modo de controle de gastos. Tirar cupons
daquela caixinha na biblioteca, dar atenção meticulosa à nossa
lista de compras, sem TV a cabo. Tenho certeza que ela vai me
dar um telefone quando puder pagar.

— Isso é péssimo.

Eu ncolho os ombros. — Não assisto muita TV, de


qualquer maneira. Mas é uma merda, porque pouco antes de
ela trocar de emprego, comecei a ler uma trilogia chamada
Hunger Games1. Tenho os livros um e dois, mas decidi pegar o
livro três depois de terminá-los, e agora não temos realmente
o orçamento para o livro. É realmente uma merda, porque o
segundo livro terminou com um grande suspense. Estou na
lista de espera pelo terceiro livro na biblioteca, mas ainda
tenho um mês pela frente, e esperar é o pior. Eu só quero saber
o que acontece e se ela e Gale viverão felizes para sempre.

Hunter sorri para mim. — Você é uma idiota.

1 Jogos Vorazes.
Ele diz isso sem malícia, mas eu não me importaria muito
de qualquer maneira. Sou um pouco idiota; não tenho
vergonha.

— Estou muito investida, — informo-o. — Katniss é


incrível, eu a amo. Você deveria ler os livros, então você veria.
Vou te emprestar a minha cópia do livro um, se quiser. Não é
um romance nem nada, é uma incrível história distopia. Você
provavelmente gostará.

— Com base em tudo que você sabe sobre mim? — Ele


pergunta, divertido.

— Com base no fato de que é incrível, e suponho que você


goste de coisas incríveis.

— Gosto de coisas incríveis, — ele confirma.

— Aí. Está vendo? Você gostará disso.

— Eu realmente não leio livros que não preciso ler para a


escola.

Pisco para ele. — Por quê?

Ele encolhe os ombros. — Não sei. Acho que não tenho


tempo.

— Você provavelmente não encontrou o livro certo para


despertar seu interesse. Talvez Hunger Games seja isso. Estou
comprometida com esta causa agora. Você tem que ler isso.
— Você só quer me fisgar, então vou comprar o terceiro
livro e você pode pegá-lo emprestado de mim. Vejo através
desta cortina de fumaça, Bishop2.

Eu ri. — Isso não é verdade. Nunca pensei nisso – embora


agora que você tocou no assunto... seria um bom forro de
prata3.

Quando chegamos ao final da trilha, os passos de Hunter


diminuem para coincidir com os meus. Olho para ele e aponto
para a calçada à nossa direita. — Vou por ali. Eu deveria levar
minha mochila agora.

Hunter dá de ombros. — Vou carregá-la pelo resto do


caminho.

— Tem certeza disso? Você realmente não tem que me


levar todo o caminho para casa. — Tento dar a impressão de
que não quero ser um fardo, mas realmente não tenho certeza
se vou deixar um menino entrar em casa quando estou
sozinha. Nunca aconteceu antes, mas tenho certeza de que
minha mãe iria surtar.

— Sim, está tudo bem, — ele me garante.

Ainda estou hesitante, mas me sinto sem graça para lhe


explicar o porquê, então mantenho minha boca fechada e
vamos em direção a minha casa. São apenas algumas casas

2 Jogo de palavras, o sobrenome dela é Bishop, mas ele o usa para relacionar ao ritualismo do
catecismo com o uso do incenso (fumaça). Cortina de fumaça: que a atitude dela não o ilude, não
encobre o propósito.
3 O lado bom das coisas. O semelhante no português seria “a males que vêm para o bem”.
depois da trilha, que é por isso que a escolho, mas quanto mais
nos aproximamos, mais inquieta fico.

Temos uma regra tácita de 'não há meninos em casa', mas


normalmente só se aplica à minha mãe. Não fui a nada
parecido com um encontro ainda. Mamãe tem, mas ela não
traz “meninos” por aqui, a menos que seja muito séria sobre
eles. Isso só aconteceu com dois caras em toda a minha vida,
então geralmente “meninos não são permitidos” é a palavra em
nossa casa.

Permaneço na varanda da frente, mexendo com meus


dedos, então limpo minha garganta e volto para Hunter. —
Minha chave está na bolsa, então preciso dela de volta agora.

Ele a tira do ombro e a devolve para mim. Encontro seu


olhar por um momento, sentindo-me estranhamente nua
enquanto seus olhos castanhos intensos estão em mim, então
abruptamente os deixo cair para procurar na minha mochila a
chave da minha casa.

— Hum, obrigada por trazer tudo até aqui, — digo a ele.

— Sem problemas.

Ele ainda não está se mexendo ou pegando a dica muito


óbvia de que eu não quero convidá-lo para entrar. Parece rude
dizer a ele que não pode entrar depois de carregar minha
mochila pesada e arrebentada até aqui, então empurro minha
relutância, destranco a porta e empurro para abri-la.
Hunter me segue para dentro, olhando ao redor de nossa
pequena casa. Dois quartos, dois banheiros, tanto espaço
quanto precisamos. Não é grande de forma alguma, mas é
adequado para duas meninas que moram sozinhas.

Não conheço Hunter Maxwell, mas sei que sua mãe é uma
ex-modelo que se divorciou duas vezes – e as fofocas da cidade
dizem que cada divórcio acrescentou muito à fortuna que ela
já havia acumulado por conta própria.

— Sua casa é provavelmente maior do que a minha, —


digo, precisando quebrar o silêncio.

Hunter acena com a cabeça, ainda olhando ao redor. —


Pouco.

Aceno, colocando minha mochila no chão. — Você tem


irmãos ou irmãs mais novos?

Agora ele balança a cabeça. — Não. Apenas eu. Minha


mãe e seu marido número três falaram sobre ter um bebê, mas
acho que eles estão se divorciando em vez disso.

— Aw, isso é péssimo. Sinto muito.

Com um encolher de ombros indiferente, ele diz: — Não


sinto. Odeio aquele cara.

— Oh. Bem, então acho que não estou arrependida. —


Procurando algo que me faça sentir menos estranha, avisto a
cozinha. — Venha comigo.
Hunter me segue lentamente, mas agora que tenho uma
missão, estou mais confortável. Abro o freezer e pego um saco
de milho congelado para colocar no olho de Hunter. Aponto
para uma cadeira de madeira ao lado da mesa, gesticulando
para que ele se sente. Hunter o vira para trás, em seguida,
monta na cadeira em vez de se sentar como uma pessoa
normal.

Sorrio por ele se sentar como um menino educado. Trago


o saco de milho e entrego a ele para que possa pressioná-lo
contra o olho.

— Sua mãe é casada? — Ele pergunta, aparentemente


continuando a conversa que eu procurava escapar.

— Oh não. Ela nunca foi casada.

— Nem mesmo com seu pai?

Balanço minha cabeça. — Ela tinha 17 anos quando


engravidou de mim, e acho que meu pai não era exatamente
ideal para casamento. Nem para ser pai, eu acho.

— Você nunca o viu?

— Algumas vezes, mas eu era um bebê. Lembro-me dele


estar lá uma vez quando eu tinha dois anos, mas essa é a única
memória que tenho dele. Eu e minha mãe nos mudamos um
ano depois eu não o vi desde então.

— Também nunca vi meu pai. Ele estava noivo de outra


pessoa quando minha mãe engravidou, e acho que eles ainda
assim se casaram, então... você sabe, ele tem uma família de
verdade e eles não estão ansiosos para me abraçar.

— Sinto muito, — digo suavemente. — Isso não é justo.


Não é como se fosse sua culpa.

Hunter dá de ombros. — A vida não é justa. Não me


preocupo muito com isso. Acho que se ele nem mesmo quiser
me ver, não posso perder muito.

Aceno minha cabeça concordando firmemente. — Acho


que é uma boa maneira de ver as coisas.

— Contanto que minha treinadora de vida aprove, — ele


brinca.

Compartilhamos um sorriso – do tipo caloroso, genuíno e


desprotegido, e isso deixa meu coração feliz.

Desta vez, ele parece ser o único incomodado; ele abaixa


seu olhar e limpa a garganta. — A propósito, obrigado por isso,
— diz ele, batendo no saco de milho que está segurando contra
o olho.

— Sem problemas, — eu o asseguro, caindo na cadeira


mais próxima da dele. — Como isso aconteceu?

— Como sua mochila arrebentou? — Ele responde de


volta.

Levanto uma sobrancelha. — Isso não foi uma resposta.


Nem uma transição suave.
— Acho que foi muito boa.

— Não foi.

— Um pouco, — ele insiste.

— Nem um pouco.

Hunter dá outro sorriso desprotegido. — Você vai


responder minha pergunta ou não?

Cruzando os braços sobre o peito, digo a ele: — Depois


que você responder a minha.

Finalmente cedendo, ele diz simplesmente: — Levei um


soco no rosto. Sua vez.

Meu rosto cai. — Oh. Atirou. Bem, minha resposta não é


nem interessante; é apenas uma mochila barata e os fios
cederam quando a coloquei no ombro para sair da escola um
dia. Quem te deu um soco na cara?

— Alguém que não gosta de mim, — ele responde


secamente.

— Alguém da escola?

Erguendo o queixo em uma tentativa casual de chamar


minha atenção, ele diz: — Quem você disse que era esse autor?
Aquele que escreveu os livros que você gostou?

— Suzanne Collins, — respondo espontaneamente,


minha preocupação crescendo cada vez que ele se esquiva da
pergunta. — Quem bateu em você, Hunter?
Seu olhar se fixa no meu por um momento, mas então ele
o deixa cair e puxa a bolsa de gelo improvisada de seu rosto
em vez de me responder. — Como está?

— Como se você tivesse levado um soco no rosto, —


afirmo. — Quem bateu em você?

Lançando um olhar um pouco mais irritado para mim, ele


diz: — Você já perguntou isso. Nova pergunta.

— Não até que você responda esta. Não gosto de como


você está evitando.

— Não gosto de garotas insistentes, — ele rebate.

Reviro meus olhos. — Não me importo. Foi Daryl da


escola? Sei que ele não gosta de você.

— Por favor, — diz ele com desdém. — Daryl acha que ele
é uma merda, mas não é. Ele não tem coragem de me dar um
soco na cara.

— Por que ele não gosta de você, afinal?

— Porque ele é estúpido, — responde Hunter.

Meus lábios se curvam levemente, mas meu sorriso é


temperado pela preocupação que ainda estou nutrindo em
seus olhos. — Então, quem deu um soco em você?

— Não quero contar porque você vai reagir de forma


exagerada, — ele me informa.

— Como vou reagir exageradamente?


— Você fará disso um grande problema, e não é. Merda
acontece. Aconteceu, agora acabou, não importa.

— Não parece que você acha que alguma coisa importa,


— digo a ele. Sabendo que ele não vai compartilhar se eu não
compartilhar, porém, acrescento: — Prometo não exagerar.

Isso chama sua atenção. — Você promete não dizer nada,


ponto final?

Estou um pouco menos confortável com essa promessa,


mas considerando as voltas que ele já me deu, parece que é a
única maneira de obter uma resposta. Estou começando a me
preocupar que seja alguém com quem ele mora, talvez sua mãe
ou padrasto. Se ele for embora sem me avisar, vou me
preocupar com isso incessantemente.

Um pouco hesitante, tento argumentar com ele. — Se


alguém está machucando você, Hunter, você deveria contar a
alguém. Eles não deveriam ter permissão para fazer isso. Eles
não têm permissão para fazer isso, mas se você não contar a
alguém, eles não podem ser impedidos.

Hunter balança a cabeça, se levantando e deixando cair


o saco de milho congelado na mesa. — Não. Não sou uma
donzela em perigo, Riley, não preciso ser resgatado.

Defendo. — Não estou tentando resgatá-lo, só não quero


ver você sendo maltratado pelas pessoas que deveriam cuidar
de você.

— Você nem sabe quem me bateu.


— Então me diga, — o desafio, meus olhos se
arregalando.

Ele rejeita a sugestão imediatamente. — Não. Você está


agindo como “somos criancinhas do caralho”.

Recuo surpresa. Não é como se eu nunca tivesse ouvido


a palavra com C antes, mas ninguém nunca cuspiu na minha
cara daquele jeito. — Isso não é verdade. Sei que não somos
crianças. Não são apenas crianças que...

Ele não me deixa terminar. — Sim, é.

Abro a boca para argumentar, mas fecho-a novamente,


sem saber como responder.

— Posso cuidar de mim mesmo, — ele me assegura com


firmeza, segurando meu olhar. — Não preciso de você ou de
qualquer outra pessoa para cuidar de mim.

Vai contra meus melhores instintos ceder, mas ele está


sendo tão teimoso, e preciso que ele acalme minha mente antes
de partir. — Bom. Não vou dizer nada.

— Promete?

Engulo, então me forço a dizer: — Sim, prometo.

Ele estreita os olhos para mim como se não tivesse certeza


de que pode confiar em mim. Depois de um momento, ele deve
decidir, porque diz: — Foi meu padrasto. Ele e minha mãe
estavam brigando, eu me intrometi... — Ele para de falar e
aponta para o olho.
Meu estômago embrulha, mas tento manter a calma para
que ele não possa me acusar de exagero. — Ele já fez isso
antes?

— Quer dizer, ele me empurrou um pouco, mas nunca


me bateu. Como eu disse, acho que ele e minha mãe estão se
divorciando desta vez.

— Bem, sim, espero que sim. Ele ainda está morando com
você ou ela o expulsou?

— Ela não o expulsou ainda, mas o fará, — ele me


assegura. — Ele estava bêbado demais para dirigir quando
aconteceu.

Isso não faz nada para aliviar meu desconforto.

Não acho que deveria ter prometido meu silêncio agora


que sei com certeza o que aconteceu... mas do jeito que ele fala,
parece que sua mãe está lidando com isso. Ela tem que fazer,
certo? Protegê-lo é o trabalho dela.

— De qualquer forma, devo voltar para casa, — diz ele.

Dobrando-me para trás e pegando o saco de milho, digo


a ele: — Aqui, leve isso com você.

— Nah, fique com ele.

— Para o seu olho, — insisto.

Ele sorri fracamente, olhando para o saco de milho, mas


não o pega. — Acho que você realmente deve fazer isso quando
for recentemente atingido, então... agora não está realmente
fazendo efeito.

— Oh. Certo, — murmuro, deixando cair o meu olhar.

Acho que deveria ter me ocorrido perguntar quando isso


aconteceu antes de tentar curá-lo, mas não estou acostumada
a lidar com qualquer tipo de violência ou suas consequências.
A memória de alguns minutos antes se repete, ele montando
na cadeira e me agradecendo pelo saco de milho frio em seu
rosto. Ele estava rindo de mim por dentro ou apenas sendo
legal?

— Sinto-me estúpida agora. Você poderia ter me dito isso


em vez de apenas... me deixar colocar milho congelado em seu
rosto.

Hunter sorri. — Nah. Foi fofo. É o pensamento que conta,


certo?

Minhas bochechas esquentam sob seu olhar, mas não


consigo encontrar seus olhos agora. Sigo-o até a porta e
encosto-me no batente para dizer tchau e vê-lo sair. Quando
ele atinge a calçada, fecho a porta e tranco.

Contente na crença de que tudo está sob controle e que


todos os erros serão corrigidos, pego minha mochila
arrebentada e começo a fazer meu dever de casa.
O fim de semana voa. Minha mãe está de folga no
domingo e o tempo ainda está bem quente para o outono, então
pegamos algumas batatas fritas e sanduíches e vamos para o
parque. Fico com uma farpa na minha coxa por sentar-se a
mesa de piquenique vazia, mas pegar um pouco de ar fresco e
recuperar o atraso enquanto caminhamos é agradável.

Quando chegamos em casa, o sol está se pondo e o céu


está uma bela mistura de rosa e laranja com salpicos de azul.
Suspiro satisfeita, desejando ter um telefone celular para
poder tirar uma foto.

— Pergunto-me o que é isso, — mamãe murmura


enquanto ela vira o volante e entra em nossa garagem.

Olho para longe do pôr do sol e sigo seu olhar para a


varanda da frente. Há uma caixa encostada na nossa porta da
frente – de tamanho considerável. — Não sei.

Pego as coisas do piquenique e nossas garrafas de água


enquanto mamãe caminha na frente para pegar o pacote. É
uma caixa grande, então pego a chave da minha casa, já que
ela não conseguirá segurá-la e destrancar a porta ao mesmo
tempo.
— Isso é estranho, — diz ela, franzindo a testa enquanto
lê o rótulo da caixa. — Isto é endereçado a você.

— Huh?

Ela encolhe os ombros e carrega a caixa para dentro. —


Você estava esperando algo da escola?

Balanço minha cabeça, entrando e descarregando todas


as coisas que estou carregando. — É da Amazon, — digo a ela,
observando a fita.

— Onde estão os cães farejadores de bombas quando você


precisa deles? — Ela brinca.

— Farejando bombas de verdade, — retorno. — Não acho


que você pode encomendá-los da Amazon.

Enrugando o nariz, ela diz: — O quê? Pensei que eles


transportavam tudo. On Star4!

Sorrio e abro a caixa misteriosa. Há papel de embalagem


em cima, então rasgo para revelar uma mochila linda rosa e
cinza.

Sorrindo, olho de volta para minha mãe. — Eu amo isso!


Eu não sabia que você me encomendou uma nova... — Paro,
porque sua confusão se aprofundou.

Vendo que é um presente para mim, percebi que ela


estava apenas brincando comigo sobre não saber o que era a

4 Assistente pessoal. Como o Siri para os aparelhos da Apple. Amazon Alexa, dentre outros.
caixa, então eu ficaria surpresa, mas ela parece genuinamente
perplexa.

— Eu... não fiz. — Ela pega a mochila da caixa e a


inspeciona com desconfiança. — Deixe-me ver a nota de
embalagem.

Assim que ela puxa a mochila, vejo que há algo mais no


fundo da caixa. Meu coração dá uma queda livre engraçada
quando alcanço e cuidadosamente pego uma cópia azul-celeste
de capa dura de Mockingjay 5– o último livro da trilogia Hunger
Games.

Meu estômago se transforma em um poço de gosma


quente e um sorriso impotente transforma meu rosto enquanto
corro a mão pela capa lisa do livro que estou morrendo de
vontade de ler. Além da minha mãe, só há uma pessoa que
sabe o quanto eu queria isso.

— Quem é Venus Keller? — Mamãe pergunta, então seus


olhos se arregalam quando ela reconhece o nome. — Espere,
por que Venus Keller está enviando material escolar para você?

— Ela não, é o filho dela, — explico, ainda incapaz de tirar


o sorriso indefeso do meu rosto. Normalmente conto tudo para
minha mãe, mas, como tinha medo de exagerar, não contei a
ela sobre meu encontro com Hunter Maxwell. — Ele carregou
minha mochila para casa na sexta-feira quando me viu lutando
contra ela. — Levanto Mockingjay para ela ver. — Eu disse a

5 Tordo – O símbolo da personagem Katniss da trilogia Jogos Vorazes.


ele que ele deveria começar a ler esta série e que eu não tinha
o último livro ainda.

Sua sobrancelha escura ainda está franzida com


suspeita. — E ele decidiu aleatoriamente enviar presentes para
você?

— É uma longa história. Conversamos e nos


relacionamos um pouco no caminho para casa. Esta é
provavelmente apenas a sua maneira de ser legal.

— Ser legal ou é caridade? — Ela questiona, ainda


parecendo inquieta. — Se você precisava de uma mochila nova,
poderia ter me contado, querida. Não gosto de você apelando
para estranhos por causa de coisas, especialmente meninos
estranhos.

Isso finalmente tira o sorriso do meu rosto e uma


carranca toma o seu lugar. — Eu não estava apelando para ele
por nada. Não pedi uma mochila nova; eu estava bem
carregando a minha. Ele fez isso sozinho.

— Um garoto com quem eu nem soube que você falou há


alguns dias está tão ansioso para ser legal com você que agora
está lhe enviando presentes?

— Por que você está tão preocupada por ser um presente?


— Exijo.

— De menino, — ela acrescenta, como se isso me


ajudasse a ver por que isso é tão horrível.
Meus olhos se arregalam. — Pare de dizer isso. Pare de
dizer 'um presente de um menino'. Meu Deus, qual é o
problema?

Ela também está carrancuda. — Não sei. Sinto-me


estranha com isso. Você nunca mencionou esse garoto antes e
agora, de repente, ele está comprando presentes para você?
Deve ter sido uma boa caminhada.

Irritada, jogo o papel da embalagem de volta na caixa.


Coloco Mockingjay debaixo do braço e pego minha mochila
nova e a velha. Sem uma palavra, corro pelo corredor em
direção ao meu quarto para poder transferir todas as minhas
coisas para a nova.

— Onde você está indo? — Mamãe chama atrás de mim.

— Ler, — declaro, abrindo minha porta, entrando e


batendo.

Estou cansada e mal-humorada no dia seguinte na


escola.

Para começar, fiquei acordada metade da noite lendo meu


livro, impaciente demais para ler a conclusão da série para me
preocupar em dormir. Então, o livro não saiu nem
remotamente do jeito que eu esperava ou pensava que seria. A
personagem principal se transformou em um desastre, e o final
foi totalmente deprimente. Terminei de ler por volta das 4 da
manhã, mas estava com raiva demais para adormecer.

Para piorar, as coisas ainda estavam estranhas com


minha mãe esta manhã. Mal falamos enquanto nos
arrumamos e, embora o silêncio tenha sido carregado como
nós duas queríamos, não trocamos uma palavra no carro.

Brigar com minha mãe sempre resulta em uma terrível


sensação de dor no estômago, mas ficar confusa sobre o motivo
de estarmos brigando não está ajudando em nada.

A escola segue sem intercorrências até o quinto período.


É a única aula que tenho com Hunter e, embora normalmente
eu não ligue para ele, hoje acho sua presença uma distração.
Hoje, luto para afastar meu olhar de sua mesa. Percebo o
moletom cinza que ele está vestindo. Tem o logotipo do time de
luta livre da escola – ele está no time? Imagino que ele está, ou
ele não estaria usando.

Olhamo-nos algumas vezes na aula, mas não há


reconhecimento além disso.

Ainda estou distraída.

A hora do almoço é a próxima. Hunter sai com seus


amigos e volto ao meu armário para pegar o almoço que
empacotei. Quando chego ao refeitório, ele já está sentado com
seus amigos, conversando e rindo como se não houvesse nada
de errado.

Nunca conversamos antes, então acho que não deveria


ter esperado que falássemos hoje, mas quero agradecê-lo pela
minha nova mochila e pelo livro – mesmo que eu quase tenha
jogado o livro algumas vezes e quisesse incendiá-lo pela hora
em que finalmente terminei.

Olho para a mesa dele mais vezes do que quero admitir.


Depois de um tempo, aceito que ele não vai olhar na minha
direção e me forço a parar.

Tento alcançá-lo no caminho para o intervalo, mas ele


está sempre cercado por seus amigos e me sinto muito
estranha tentando falar com ele perto deles. Vou me sentir mal
se não encontrar uma chance de agradecê-lo, mas é muito
difícil ficar sozinha com ele.

Quando o intervalo acaba, desisto. Talvez eu consiga


encontrar o endereço dele e enviar-lhe uma bela nota de
agradecimento.

Quando as aulas acabam, vou para casa. Mamãe só sai


daqui uma hora, então poderei começar a fazer meu dever de
casa antes que ela chegue lá.

Pelo menos, esse é o plano até que Hunter me alcança


quando estou indo para a floresta em direção ao meu caminho
habitual de casa.

— Ei.
Meu coração dá um baque estranho, mas ofereço um
sorriso contido enquanto olho para ele caminhando de repente
ao meu lado. — Ei.

Seu olhar desvia do meu rosto enquanto ele examina


minha nova aquisição. — A mochila parece boa.

— Tenho tentado o dia todo encontrar uma chance de


dizer obrigada. Eu amo isso. Foi tão legal da sua parte fazer
isso.

Ignorando casualmente minha gratidão, ele se concentra


na parte que lhe interessa. — Tentando o dia todo, hein? O que
a fez parar?

— Eu não poderia te pegar sozinho. Você tem muitos


amigos.

— Nenhum morde, — ele me garante. — Bem, Sherlock


morde às vezes, mas não na escola e eu não o deixaria morder
você.

Minhas bochechas já começam a esquentar e mal


começamos a conversar. — Bem, de qualquer maneira, é uma
ótima mochila. Você escolheu bem.

Em vez de fingir modéstia, Hunter concorda. — Com


certeza eu fiz. Li os comentários e tudo – encontrei uma durável
e com tiras fortes. Não deve ser tão fácil arrebentá-la, não
importa quantas pedras você carregue. — Ele ajeita a alça da
mochila suspensa. — Você já começou seu livro?
Suspiro pesadamente, o pavor passando por mim com o
simples pensamento do livro. — Terminei.

Suas sobrancelhas sobem. — Já?

Aceno miseravelmente. — Fiquei acordada a noite toda


lendo.

— E?

— Foi terrível, — me entusiasmo. — Nada saiu da


maneira que deveria. Estou tão brava!

Hunter sorri. — Perfeito. Agora você não vai tentar me


fazer ler.

— Você ainda deve lê-lo, de que maneira você pode ficar


bravo como eu. Agora você não entende minha raiva. Você
precisa experimentar a história por si mesmo, então você pode
se juntar a mim no meu sofrimento.

— Garanto que não me importaria tanto quanto você, —


ele me garante.

Em vez de acreditar em sua palavra, tiro minha mochila


nova do ombro e abro o zíper enquanto caminho. Pegando meu
exemplar preto de bolso de Hunger Games, carinhosamente
passo a mão sobre ele e, em seguida, ofereço a ele. — Eu trouxe
o livro um para você.

— Nunca concordei com isso, — ele me lembra, olhando


para o livro, mas sem pegá-lo.
— Vamos. Meu melhor amigo não lê e preciso de alguém
para conversar sobre isso.

— Passo. — Torço meu nariz para ele, mas antes que eu


possa importuná-lo ainda mais sobre isso, ele me pega
desprevenida, perguntando: — Você quer vir?

Perco um passo e quase tropeço, mas tento me recuperar


o mais suavemente possível. — Ir onde?

Ele acena com a cabeça, caminhando graciosamente. —


Para minha casa.

Cada pensamento na minha cabeça parece explodir, não


deixando nada além de estilhaços de pensamentos confusos.
Esqueço-me de como fazer sons. Esqueço-me de como fazer
qualquer coisa, exceto olhar para ele e piscar em uma espécie
de confusão maravilhada.

Ele quer que eu vá até sua casa?

— Vou interpretar o seu silêncio como um sim, — ele me


diz.

Finalmente encontrando minhas palavras, eu ofereço: —


Esse é um precedente perigoso.

Hunter sorri para mim. — Diga-me não, então.

— Bem, eu não... — Suspiro, sem saber o que dizer.


Quero dizer sim, mas vendo o quão estranho mamãe superou
a mochila, eu provavelmente não deveria. — Minha mãe sai do
trabalho em uma hora, então eu não seria capaz de ficar muito
tempo.

Ele encolhe os ombros. — Está tudo bem. Tenho dever de


casa de dramaturgia que você pode me ajudar.

Levantando uma sobrancelha para ele, pergunto: — Oh,


então você está apenas me convidando para usar minhas
habilidades para fazer o dever de casa?

— Obviamente, — ele diz levemente, batendo em mim


com o ombro em um gesto de provocação. — Por que mais eu
iria convidá-la para minha casa?

Reviro meus olhos para ele como se estivesse me


irritando, mas definitivamente não está. Não sei por que estou
animada para passar um tempo com ele ou por que estou tão
preocupada com ele hoje, mas não posso negar que estou.

Quando chegamos em sua casa, vejo que ele estava


definitivamente subestimando o tamanho de sua casa quando
disse que era “um pouco” maior que a minha.

Hunter mora em uma mansão com um enorme quintal.


Cortamos a floresta para chegar aqui, então não vejo a vista da
estrada, mas quatro da minha casa caberiam confortavelmente
em seu quintal sozinho.

Enquanto olho ao redor com leve admiração, Hunter


casualmente tira a chave da mochila e me leva escada acima.
Ele destranca uma porta corrediça que se abre bem atrás da
mesa de jantar.
Parece um bom lugar para fazer o dever de casa, então
paro e começo a colocar minha mochila em cima. Hunter
continua indo, então o sigo em vez disso.

Parecendo se lembrar de suas maneiras, ele para antes


de sairmos da cozinha e olha para mim. — Quer beber alguma
coisa?

Balanço minha cabeça negativamente.

— Tem certeza? — Ele pergunta, caminhando e abrindo


a geladeira de aço inoxidável. — Vou pegar água. Você quer
uma?

Encolho os ombros. — Ok.

Hunter pega duas garrafas de água da geladeira, mas


mantém seus olhos ligeiramente estreitos em mim. — Você
está ficando tímida comigo?

Minhas bochechas aquecem e abaixo meu olhar,


envergonhada por ele estar me desafiando. — Não.

— Tem certeza? — Ele incita, seu tom levemente


brincalhão. — Você está começando a ficar rosa.

— Vou embora se você só vai tirar sarro de mim, — o


informo, plantando a mão no meu quadril.

— Não até que você faça meu dever de casa, você não vai,
— ele brinca.
— Um minuto atrás eu estava ajudando, agora estou
fazendo a lição de casa?

— Quando você sair estará aparecendo em minha casa


para todas as minhas aulas. Aposto que você está animada.

— Não consigo encontrar palavras para expressar


adequadamente meu entusiasmo.

Entregando-me uma garrafa de água gelada, ele


pergunta: — Você conhece alguma peça grega?

— Jogos gregos? Claro, conheço alguns. Na verdade,


nunca li nenhum, mas... Por quê?

— Essa é a primeira parte da tarefa. Temos que encontrar


uma peça grega para eu ler. Não soa como algo bom.

— Eles tendem a ser trágicos, — concordo. — Oedipus


Rex6 é o primeiro que vem à mente, mas provavelmente é o
primeiro que vem à cabeça de todos. Este não é um projeto em
grupo?

— Não.

Dou a ele um aceno superficial. — Iremos com algo menos


óbvio, então. Que tal Medea7? É sombria, mas provavelmente
há uma chance decente de ninguém mais escolher.

6 Édipo Rei é uma ópera-oratório de Igor Stravinsky para orquestra, solistas e coral masculino.
7 Medeia é uma personagem da mitologia grega, descrita na peça Medea, de Eurípedes. Descrita como

feiticeira.
Ele me leva em direção à escada na frente da casa, então
subimos. — Pensei que você disse que não tinha lido nenhum.

— Não, mas sei do que se trata. É uma história de


vingança.

Isso parece despertar seu interesse. — Oh, sim, isso soa


bem. Por que esse cara quer vingança?

— Na verdade não é o cara que quer vingança. O


personagem principal é essa mulher que basicamente deu tudo
para levantar o cara, Jason. E então o cara decide trocá-la por
outra mulher, e cara, ela não gosta disso.

Hunter abre um sorriso. — Aposto que não.

— Você está encenando a peça ou...?

— No momento, só temos que ler a peça e sentir o


personagem para o qual queremos fazer uma máscara. No
entanto, estamos fazendo essas meias-máscaras gregas, acho
que provavelmente teremos que fazer alguma encenação a
seguir.

— Hmm. Bem, você poderia ser Jason.

— Não acho que quero ser Jason. Parece que ele vai levar
uma surra.

— Podemos tentar encontrar um com um protagonista


menos idiota, —ofereço enquanto Hunter para na frente de
uma porta fechada. — Este é o seu quarto?
— É, — ele verifica, girando a maçaneta e abrindo a porta.

Meus olhos se arregalam. Estou feliz que ele está na


minha frente, então ele não vê a expressão no meu rosto. —
Estamos fazendo lição de casa no seu quarto? Onde está sua
mãe? Isso é permitido?

— Minha mãe está com amigos, e sim, isso é permitido.


Deus, você tem que aprender a relaxar. Sua mãe é
superprotetora ou algo assim?

— Não, ela é uma quantidade normal de proteção, mas


ela definitivamente me desencorajaria ter meninos no meu
quarto.

— Acho que não faremos o dever de casa em sua casa


então, — ele diz suavemente.

— Também não acho que teria permissão para entrar


sozinha contigo em seu quarto, — digo a ele, apesar do calor
subindo ao meu rosto.

Olhando para mim por cima do ombro, ele pergunta: —


Você nunca faz nada que não tem permissão para fazer?

— Não realmente, — murmuro enquanto atravesso a


soleira e entro em seu espaço.

É muito espaço. Seu quarto tem cerca de três vezes o


tamanho do meu, mas ele preenche bem o espaço. Ele tem uma
grande cama cuidadosamente coberta com um edredom azul e
travesseiros fofos. Ao lado de sua cama está um violão em
frente a uma grande janela. Começo a imaginá-lo tocando, mas
inexplicavelmente o pensamento aquece meu rosto, então eu
desvio meu olhar rapidamente.

Caso eu não o ache suficientemente impressionante, há


uma estante de troféus montada na parede, cheia de
evidências douradas e brilhantes de suas muitas realizações
atléticas. Enquanto espio os troféus e medalhas com
curiosidade, Hunter caminha na minha frente e se aproxima
de sua mesa. Ele deixa cair sua mochila em cima e se vira para
me encarar.

Apoiando o quadril contra a mesa, ele abre a tampa da


água e me garante: — Não vou contar se você não contar.

Há algo atraente na maneira como ele diz isso, algo que


faz uma pequena parte de mim se sentir... curiosa.

Mordo meu lábio inferior, olhando para ele com incerteza.


Sentiria-me muito bem dizendo isso, mas a sensação de
vibração no meu estômago me diz que minha mãe
provavelmente está certa, eu provavelmente não deveria estar
sozinha com ele em seu quarto.

— Por que nós não... — Um pouco desajeitadamente,


aponto para a porta do quarto aberta. — Parece que havia mais
espaço na mesa da cozinha. Se tivermos que fazer uma
máscara, isso provavelmente pode ficar bagunçado.
Precisaremos de materiais e espaço para trabalhar.
Hunter se afasta da mesa e vem em minha direção. —
Nah.

Dou um passo para trás. — Por quê?

— Gosto daqui, — ele diz, andando atrás de mim.

Engulo, sem saber o que ele está fazendo. Um momento


depois, ele fecha a porta e meu coração cai na minha barriga.
— Definitivamente, não tenho permissão para entrar no seu
quarto com a porta fechada.

— Você não tem permissão para ficar no meu quarto


sozinha comigo, — ele aponta, movendo-se atrás de mim e
roubando a maior parte do ar dos meus pulmões. Arrastando
um dedo ao longo da borda da alça da minha mochila, ele
acrescenta: — Se você vai quebrar as regras, pode muito bem
crescer ou ir para casa.

Definitivamente, deveria ir para casa. Estou prestes a


dizer isso, mas então o ouço abrindo o zíper da minha mochila.
Olhando para ele por cima do ombro, fico um pouco chocada
com o quão perto ele está, mas consigo manter minha voz
firme. — O que você está fazendo?

Ele enfia a mão na minha mochila, tira minha cópia de


Hunger Games e a segura para me mostrar. — Pegando
emprestado seu livro.

Meu coração bate forte no meu peito, mas tento jogar com
calma. — Oh. Ok. Você vai ler?
Com aquele tom leve e provocador dele, ele diz, — Talvez.
Você vai fazer valer a pena meu tempo?

Levanto uma sobrancelha em censura. — Suzanne


Collins vai fazer valer a pena seu tempo.

Fingindo uma careta, ele me diz: — Não gosto de


mulheres mais velhas.

— Você é o pior, — digo a ele.

— Nah, você gosta de mim.

Eu meio que sinto, mas ouvi-lo dizer isso tão


presunçosamente arrasta um gemido para fora de mim. — Um
pouco menos a cada segundo que passa.

Agora ele sorri para mim. — Mentirosa.

Minhas bochechas ficam com um tom permanente de


vermelho quando ele está por perto, então abraço o calor e me
sento. — Na verdade, gosto de outra pessoa.

— Você não precisa, — ele afirma, embora pareça um


pouco menos divertido. Sem nem mesmo me dar a chance de
responder, ele pergunta: — Quem?

Procuro em minha mente pelo menos um nome que não


seja o dele, mas não encontro nada. De alguma forma, não
consigo pensar em nenhum outro garoto na escola.

Meu silêncio constrangedor dura muito tempo e Hunter


balança a cabeça presunçosamente. — Isso foi o que pensei.
— Mark, — deixo escapar.

É apenas um nome sem rosto, nem tenho certeza se


conheço alguém chamado Mark, mas o rosto de Hunter
escurece.

— Poplowski?

— Sim. Mark Poplowski. É dele que gosto, definitivamente


não de você.

Parecendo totalmente não convencido, ele pergunta: — O


que você gosta nele?

Oh, Deus, não sei. — Ele é... modesto.

Hunter sorri. — Não.

— Ele é, — insisto. — E inteligente.

— Ele tem sorte de poder soletrar seu nome.

Estreito meus olhos para ele. — Ele é bom para os outros.

— Quando andamos pelos corredores, ele regularmente


tira os livros de uma pessoa de seus braços apenas por
diversão.

Suspirando, ofereço sem entusiasmo: — Ele tem olhos


bonitos?

Ele balança a cabeça de um lado para o outro e diz: —


Provavelmente posso te dar esse.
Vitoriosamente, aceno. — Aí. Sou superficial e gosto de
idiota, Mark malvado com olhos bonitos.

Hunter revira os olhos e passa por mim. — Você está


cheia de merda.

— E excelentes recomendações de livros, — acrescento,


dando alguns passos em sua direção, já que ele está parado na
frente de sua mesa agora. — Também estou cheia disso.

— Não se preocupe, vou ler o seu livro idiota, — ele me


diz, colocando-o sobre a mesa e abrindo o zíper da mochila.
Acenando com a cabeça em direção a uma cadeira extra no
canto, ele me diz: — Fique confortável, você tem muito dever
de casa para fazer.

Rolo meus olhos para ele, mas enquanto me aproximo


para pegar a cadeira, não consigo evitar um pequeno sorriso
no rosto.

Quando nos sentamos pela primeira vez, verifiquei a hora


literalmente a cada dois minutos. Eu sabia que levaria alguns
minutos extras para caminhar da casa dele para minha casa,
então, eu sabia que tinha que sair em um determinado horário.
Não importava o quão agradável fosse ajudar Hunter com seu
dever de casa, eu sabia que tinha que chegar em casa antes da
minha mãe para evitar outra briga.

Mas então sua mãe chega em casa e seu padrasto está


com ela. Hunter e eu ainda estamos em seu quarto com a porta
fechada, quando os ouço pela primeira vez, acho que talvez eles
não percebam que não estão sozinhos.

O som está abafado, então não posso dizer o que eles


estão dizendo, mas suas vozes estão altas e tingidas de raiva.

Olho para Hunter, sem saber o que fazer. Seu olhar está
preso em sua porta fechada, o pavor estampado em seu rosto.
Ele espera alguns segundos para ver se eles param, penso eu,
e quando as coisas parecem apenas piorar, ele finalmente
responde. Sua mandíbula trava e ele empurra a cadeira para
trás, e atravessa o quarto e abre a porta.

— Vocês podem parar? — Ele diz. — Estou com uma


amiga.

Agora que a porta está aberta, ouço seu padrasto chamar


de volta: — Como se eu me importasse com a porra dos seus
amiguinhos.

— Pare com isso, — sua mãe se encaixa. — Pare de ser


um idiota.

— Foda-me, mulher.

Aquela sensação doentia, torturante e terrível que sempre


tenho quando minha mãe está com raiva de mim se instala em
meu intestino. Começo a juntar minhas coisas rapidamente,
pensando que devo ir embora se os pais dele estão brigando.

Hunter bate a porta e se aproxima de mim, seus olhos


castanhos aveludados escurecendo, sua postura tensa. — Eu
gostaria de matá-lo, — ele murmura.

Levantando e empurrando minhas coisas na mochila,


dou uma olhada nele por cima do ombro. — Acho que você
precisa falar com alguém sobre isso, Hunter.

— Não há nada para falar, — ele murmura. — É uma


merda.

A porta do quarto se abre e um homem alto e corpulento


está lá, um olhar ameaçador em seu rosto corado. — O que
falei sobre portas batendo, seu merdinha?

Meu coração cai fora do meu corpo. Nunca ouvi um pai


falar com seu filho dessa maneira, com ódio real.

Hunter se vira e olha furioso para seu padrasto. — Saia


do meu quarto.

— Seu quarto? — Seu padrasto exige, levantando


sobrancelhas escuras e espessas. — Você é o dono desta casa
agora? Você está pagando as contas?

— Eu poderia dizer o mesmo para você, — Hunter atira


de volta, ainda olhando. — Minha mãe paga as contas, não
você. Agora, saia do meu quarto.
Isso enfurece o homem, e ele atravessa a soleira. — Seu
filho da puta espertinho. Você se acha muito engraçado, não
é?

Finalmente, a mãe de Hunter aparece na porta. — Apenas


pare com isso, Dennis. Simplesmente pare. Hunter está com
uma amiga, deixe-o em paz.

Minhas bochechas queimam quando eles olham para


mim. Tentei ficar o menor possível para evitar ser notada, e
estou abraçando minha mochila na minha frente como um
escudo protetor.

— Pare com isso, — sua mãe diz novamente, seus olhos


implorando enquanto ela olha para seu marido horrível.

— Alguém precisa ensinar a esse menino algumas


maneiras do caralho, — diz ele, apontando na direção de
Hunter.

Venus acena com a cabeça de forma apaziguadora e se


aproxima do marido, dando-lhe uma espécie de abraço de lado
e tentando puxá-lo de volta para fora da sala. — Vamos.
Falaremos com ele mais tarde. Vamos, deixe-os em paz.

O padrasto de Hunter permanece onde está por um


minuto, olhando para Hunter, então ele finalmente sai do
quarto. A mãe de Hunter enfia a cabeça para trás, dizendo: —
Sinto muito por isso, — para mim.
Tenho a sensação de que ela está acostumada a se
desculpar pelo marido. E a sensação de que esse tipo de coisa
não é uma ocorrência rara.

Por mais desesperadamente que eu queira sair, me sinto


cimentada no lugar. Posso sair e escapar dessa bagunça, mas
Hunter não, e é só nisso que consigo pensar.

Não sei o que fazer. Quero dizer a Hunter que ele pode ir
embora, que pode vir para minha casa se não se sentir seguro
aqui. Podemos ter uma regra – não são permitidos meninos, –
mas isso vai muito além disso.

Hunter não está seguro, e isso não está bem.

O constrangimento paira pesado no ar ao nosso redor,


mas quando finalmente reúno coragem suficiente para olhar
para Hunter, ele deve sentir, porque seu olhar se volta para o
meu.

— Você pode ir à minha casa, se quiser, — ofereço. — Eu


e minha mãe não vamos fazer nada esta noite. Podemos
terminar nossa lição de casa lá. Minha mãe vai fazer um jantar
para nós, e então podemos assistir a um filme. Isso daria à sua
mãe um pouco de privacidade para lidar com tudo isso.

Por um momento, ele parece tentado, mas então seu


olhar volta para a porta e posso praticamente sentir o peso da
responsabilidade que o mantém refém aqui. — Não posso, —
ele finalmente diz. — Tenho que ficar e ter certeza que ele não
a machuque.
Sei que é sua escolha, mas quero forçá-lo a vir comigo. —
Temo que você não esteja seguro aqui, Hunter. Eu... não quero
te deixar.

— Vou ficar bem, — ele me garante, aquela mesma defesa


obstinada que vi na ponte começando a se erguer ao seu redor.
— Sei me virar sozinho.

— Ele é um homem adulto, Hunter, ele poderia realmente


machucar você. Claramente, ele tem problemas de raiva ou
algo assim, e sua mãe não protegeu você, ela apenas o distraiu.

Seu olhar volta para mim com raiva, protetoramente. —


Ela está lidando com isso, ok? Apenas recue.

Encolho-me, balançando a cabeça e olhando para a mesa


dele para ter certeza de que não esqueci de nada. Tudo o que
resta de mim é minha cópia de Hunger Games, mas deixo isso
para ele ler. — Tudo bem. Tudo bem, — digo, já que não posso
fazê-lo partir comigo. — Tenho que ir para casa.

Ele não diz nada imediatamente, apenas me deixa andar


em direção à sua porta para sair. Antes de eu chegar ao
corredor, porém, ele grita: — Riley.

Paro e olho para ele. — Sim?

— Lembre-se, você prometeu que não diria nada.

Há uma espécie de vulnerabilidade desesperada em seu


olhar que aposto que não ocorre com frequência.
Ele tem medo de que eu traia sua confiança, mas tenho
medo de tê-lo traído mais ao fazer essa promessa em primeiro
lugar.

Engolindo um nó de medo na minha garganta, aceno com


a cabeça em reconhecimento. Então, sem outra palavra,
escapo da mansão viciosa de Hunter e praticamente corro de
volta para minha pequena e segura casa.
Os dias passam como sempre, mas agora estou
preocupada com Hunter e não tenho como saber se as coisas
estão mudando ou não para ele. Ele insiste que sua mãe está
lidando com a situação e expulsando seu padrasto, mas não é
o que parece para mim.

Tudo que quero é que ele corra até mim no dia seguinte
na escola e me assegure que sua mãe chutou seu padrasto e
que aquele homem vil e horrível não estará mais por perto.
Quero que o problema desapareça para não ter que ficar
pensando sobre aquela promessa estúpida e impensada que fiz
de não contar o segredo de Hunter.

Um segredo como este não deve ser guardado.

Quando alguém está se machucando, e está em perigo...

Alguém precisa intervir, e estou preocupada que a mãe


de Hunter não o faça.

Ele ainda tem fé nela, talvez eu esteja errada. Espero que


eu esteja errada. Espero que da próxima vez que o vir, esse
peso saia de seus ombros e eu não tenha que me sentir mal
por manter minha boca fechada sobre sua vida familiar
disfuncional.
Nos próximos dias, porém, Hunter não disse uma única
palavra para mim. Tento chamar sua atenção algumas vezes
na aula ou no refeitório, mas é como se eu não existisse de
novo.

Não sei se gosto que ele tenha esse poder. Não sei se gosto
que ele dite se existo ou não por capricho, em que ele pode me
mostrar atenção e me encher de borboletas e energia nervosa,
ou pode me ignorar até a morte. O pior é que não sei por que
ele faz isso. É porque ele tem medo do que sei sobre ele? Ou é
só porque ele é um idiota?

Passo muito tempo pensando sobre isso, e claramente ele


não passa nenhum tempo pensando em mim.

Na quinta-feira, na hora do almoço, estou sentada onde


sempre me sento, no refeitório do lado mais vazio de uma das
longas mesas com minha melhor amiga, Sara. Desde que nos
tornamos amigas na primeira série, a única vez que não
sentamos juntas é quando uma de nós está doente. Sara falta
mais a escola do que eu, então normalmente sou eu que fico
sozinha, mas hoje nós duas olhamos melancolicamente para a
mesa fria.

Sara, porque ela tem uma paixão enorme por um dos


jogadores de basquete, Wally Kazinsky. Eu, porque, bem, é
onde Hunter se senta. Não estou dizendo que tenho uma queda
por Hunter, mas estou definitivamente preocupada com ele.
— Você sabe simplesmente dizer que alguns caras serão
homens mais velhos realmente bonitos? — Sara pergunta de
repente.

Olho para ela em questão.

Balançando a cabeça decisivamente, ela diz: — Você pode


simplesmente dizer que Wally será tão bonito quando ficar
mais velho. Quero dizer, ele é tão bonito agora, mas sempre
será. Você pode simplesmente dizer.

Adoro Sara, mas não entendo por que ela gosta tanto de
Wally. Ele mal sabe que ela existe, e não da maneira que
Hunter meio que finge que eu não existo – duvido que Wally
saiba o nome dela.

Também ouvi sobre sua obsessão por ele por tanto tempo
que me esforço para mostrar interesse contínuo em seus
pontos de discussão repetidos de Wally. — Sim,
provavelmente, — ofereço, olhando para baixo e pegando a
comida do meu prato. Algumas batatas fritas e um sanduíche
de hambúrguer de frango realmente mediano.

Desistindo de tentar reunir entusiasmo para minha


refeição, empurro a bandeja e puxo minha lata de ponche de
frutas na minha frente. Não é comida, mas preciso de algo no
estômago para me segurar até chegar em casa da escola.

— Devíamos estudar para nosso teste de ciências, em vez


de perder nosso tempo olhando para meninos que não sabem
que existimos, — digo a Sara.
Seu olhar volta para mim, mas com isso, ela parece
entediada. — Por quê? Vai ser tão fácil.

Para ela, talvez. Sara é um gênio da ciência, mas estou


longe disso. — Então você deveria me dar todas as respostas,
— brinco.

— E Wally sabe totalmente que existo, — ela me diz,


erguendo as sobrancelhas escuras. — Outro dia, no recreio, ele
olhou para mim.

Ouvi essa história outro dia, e no dia seguinte, e


novamente no telefone no fim de semana.

— Tipo, realmente parecia, — ela diz com conhecimento


de causa.

Sara é adorável, e acho que ele é um tolo por não olhar


para ela, já que ela está tão louca por ele, mas ele não olha.
Ela é uma garota magra e pequena, com cabelos castanhos na
altura do queixo e óculos elegantes de armação preta. Ela é
uma geek8da ciência, e Wally é um atleta popular e superficial,
então, honestamente, a menos que ela comece a se balançar
em uma das saias curtas que as líderes de torcida usam nas
sextas-feiras, Wally nunca a notará.

Novamente, eu teria dito a mesma coisa sobre Hunter


Maxwell não há muito tempo, e apenas alguns dias atrás eu
estava em sua casa, em seu quarto.

8 Nerd.
O pensamento me faz corar, então me deixa exausta, já
que ele está me ignorando agora.

— Você nunca sabe, — digo a ela, encolhendo os ombros.


— Talvez ele esteja finalmente percebendo que sua vida seria
muito melhor com alguém tão incrível quanto você.

Sara sorri para mim, e lança um olhar por cima do ombro


na direção dele. Voltando-se para me encarar, ela suspira feliz.
— Ele é totalmente. É o destino.

Lanço um sorriso para ela e tomo um gole do meu ponche


de frutas.

O almoço finalmente termina e todos saímos para o


intervalo. Que realmente é um monte de pessoas conversando
com seus próprios amigos. Quando éramos crianças,
brincávamos todos juntos, mas agora que temos nossos
próprios círculos sociais, é onde ficamos.

Eu e Sara, porém, somos todo o nosso círculo. É estúpido


e injusto, mas Sara não tem muitos outros amigos, e nenhum
além de mim que sai com ela fora da aula. Ela nunca o fez,
desde que Valerie Johnson a esnobou na primeira série.

Foi assim que nos tornamos amigas, na verdade. Todos


os anos, Valerie Johnson (a garota mais popular da nossa
série) oferece uma festa do pijama em sua casa. A cada ano
fica cada vez mais exclusivo, e há rumores de que este ano ela
terá meninos lá. Hunter e Wally estão no topo da lista de
supostos convidados, o que irrita Sara por vários motivos.
Na primeira série, para a primeira festa do pijama de
Valerie, seu círculo social ainda não era exclusivo, então todas
as garotas da nossa classe foram convidadas – todas, exceto
Sara. Aparentemente, como Sara tem epilepsia, a mãe de
Valerie pensou que ela poderia “ter um ataque” e arruinar a
festa para todos os outros. Valerie não se importou em dizer
literalmente a todos na escola que é por isso que Sara não foi
convidada, e porque algumas pessoas são simplesmente
horríveis, as crianças começaram a zombar dela por isso.

Eu só tive que ver Sara ser provocada e isolada uma vez


para ficar brava. Rasguei meu convite para a festa de Valerie,
fui para casa e contei a minha mãe o que tinha acontecido. Ela
estendeu a mão para a mãe de Sara, e na noite da primeira
festa do pijama de Valerie, eu e Sara tivemos nossa primeira
festa do pijama em minha casa.

Tenho certeza de que nos divertimos mais do que eles, de


qualquer maneira.

Já que a popularidade de Valerie só cresceu e cresceu, e


já que ela é o tipo de garota que desiste quando está errada em
vez de admitir que se comportou mal e se desculpar, Sara
permaneceu uma pária social. Não sou realmente uma pária
social, só que ser amiga de Sara meio que limita minha
capacidade de sair com qualquer outra pessoa.

Por mim, tudo bem. Não quero ser amiga de ninguém que
evite Sara por causa de algo que ela não pode evitar.
Sara engasga, puxando-me dos meus pensamentos. —
Eles estão olhando para nós, — ela diz, sua voz um sussurro
animado. — Eles estão olhando para nós.

Não sei do que ela está falando, mas um segundo depois


vejo Hunter e Wally em pé com seu grupo de amigos e, com
certeza, alguns deles estão olhando para nós.

Por que eles estão olhando para nós? Hunter está falando
sobre mim? Antes que eu possa me perder na toca do coelho,
interrompo seu olhar e me viro. Começo a andar, mas não sei
para onde vou.

— O que você está fazendo? — Sara exige, relutantemente


me seguindo. — Riley!

— Não sei, — admito, sentindo-me frustrada com minha


própria reação. É que Hunter e eu nunca interagimos na frente
de outras pessoas, e não sei como seria. Não fico nervosa em
vê-lo quando somos apenas nós dois, mas perto de seus
amigos... ele pode ser uma pessoa totalmente diferente, e não
quero ver isso.

Estou me aproximando das portas para adentrar quando


Sara finalmente para de andar. — Que diabos, Riley? Onde
você está indo?

— Preciso fazer xixi, — minto.

Ela parece irritada comigo. — Vou ficar aqui.


Digo ao monitor do intervalo que preciso usar o banheiro
para que ela me deixe voltar para a escola. Ando lentamente
em direção aos banheiros, já que disse que é por isso que
estava lá dentro. Se alguém me pegar vagando pelos
corredores, gostaria de realmente estar fazendo o que disse que
estava fazendo. Dizer: — Eu fiquei pasma quando um garoto de
quem eu poderia gostar olhou para mim durante o recreio,
provavelmente não funcionaria.

Deus, por que fiz isso? Hunter tem sido bom para mim.
Ele até me comprou uma mochila nova. Não há razão para
supor automaticamente que ele seria um idiota na frente de
seus amigos.

Exceto que ele é sempre um idiota com seus amigos. Essa


foi a minha impressão dele quando tropecei na ponte naquele
dia, e foi minha impressão por um motivo.

Eu realmente quero ter uma ilusão dele? Se ele não


consegue ser legal comigo na frente de seus amigos, então não
tenho nada a ver com ele.

No momento em que estou abraçando a ideia de que


talvez seja a hora de parar de pensar em Hunter Maxwell, sinto
alguém se aproximando por trás de mim, e então ouço sua voz
em meu ouvido.

— Ei, Catnip9.

9 Apelido carinhoso que Gale deu a Katniss em Jogos Vorazes. Catnip também é o nome de uma planta
adorada por gatos.
Meu coração cai fora do meu peito, então explode e
desencadeia um enxame de borboletas. Calafrios percorrem
minha espinha e por alguns segundos abençoados, tudo
parece flutuante.

Ei, Catnip.

Oh, meu Deus, ele leu o livro. Ele leu o livro e apenas
citou o meu namorado favorito. Eu poderia derreter em uma
poça ao redor de seus tênis agora, então é impossível manter
o sorriso fora do meu rosto enquanto giro e olho para ele.

— Você leu Hunger Games.

Hunter sorri, e sinto o calor se espalhando por mim como


se ele fosse meu sol. — Um pouquinho, — ele diz, enfiando as
mãos nos bolsos de seus novos jeans. — Comecei. Estou no
capítulo oito.

— O que você quer dizer com capítulo oito? Tipo, você está
começando o capítulo oito esta noite ou acabou de terminar?
— Minha mente dispara enquanto tento me lembrar do que
aconteceu naquele capítulo para que possamos conversar
sobre isso.

— Não terminei ainda. Comecei, mas fui interrompido.


Vou terminar esta noite.

Franzo a testa. — Você está dizendo... que você parou no


meio de um capítulo? Tipo, no meio da leitura de uma cena,
você simplesmente... parou?
Hunter dá de ombros. — Eh, Peeta10 estava falando, eu
estava entediado de qualquer maneira.

Eu estava perplexa um segundo atrás, mas ele batendo


no meu arqui-inimigo fictício traz um sorriso de volta ao meu
rosto. — Você pode ser minha pessoa favorita agora.

— Agora mesmo? — Ele pergunta, balançando a cabeça


em decepção simulada. — Vou ter que me esforçar mais.

— Você pode começar me dizendo o quanto você ama


Gale11, — o informo.

— Estou seguindo você até o banheiro feminino? — Ele


pergunta, levantando uma sobrancelha enquanto nos
aproximamos da abertura.

— Oh. Não. Esqueci que estava andando nessa direção.


Eu realmente não preciso ir ao banheiro, eu só precisava de
uma desculpa para entrar.

— Percebi, — ele comenta, sorrindo para mim. — Te


assustei?

Não pensei naquele comentário até o momento. Minhas


bochechas ficam vermelhas, mas vou com negação absoluta.
— Claro que não.

— Parecia que sim, — ele responde.

10Personagem fictício da trilogia que se apaixona por Katniss e luta ao seu lado nos jogos.
11Personagem fictício da trilogia que no início do livro é o melhor amigo de Katniss, e cuida de sua
família enquanto ela está nos jogos. E que também nutre uma paixão por ela.
— Não estávamos falando sobre o livro? — Pergunto,
tentando direcioná-lo de volta aos trilhos. — Preciso saber
todos os seus pensamentos. Você gosta de Gale, ou você está
apenas batendo em Peeta porque você sabe que gosto?

— Sim, gosto de Gale, — ele diz. — Peeta é bom, no


entanto. Ele parece bom o suficiente, apenas chato. Não posso
imaginá-lo acompanhando Katniss – talvez sentado de lado
segurando sua bolsa, mas... Gale é o tipo de cara que você pode
ver acompanhando, desafiando-a, fazendo-a melhorar. Não vi
isso de Peeta ainda. Não parece que ele seja esse tipo de cara.

— Sim, exatamente, — concordo com fervor. — Essa é a


coisa, não odeio Peeta como personagem. Ele é bom, mas
Katniss não está apaixonada por ele, então ela não deveria
estar com ele. Isso não é romântico. Quer dizer, sei que não é
um romance, mas... Simplesmente não consigo lidar com isso,
porque ela e Gale tiveram uma faísca, e simplesmente odeio –
bem, não posso dizer ainda, seria spoiler. Apresse-se e leia toda
a trilogia para que possamos falar sobre como Mockingjay é
sombrio e terrível.

— Talvez Katniss não esteja procurando por um grande


amor, apenas um porta-bolsa de aparência realmente boa, —
ele brinca.

Rolo meus olhos. — Tudo o que ela está procurando é


uma caixa de lenços de papel da Mockingjay, para enxugar
todas as lágrimas.
— Lágrimas de tédio? — ele questiona. — Se ela ficar com
Peeta, estou supondo lágrimas de tédio.

Suspiro pesadamente. — Não posso nem falar sobre isso.


Não até que você mesmo termine a série. Não quero colorir sua
experiência de leitura mais do que já fiz. Não tenho
autocontrole para falar sobre cada livro individualmente sem
fazer comentários com spoiler, então vou precisar que você leia
mais rápido.

— Vou resolver isso logo, — ele me garante. — Quer que


eu segure sua bolsa também?

Sorrio para ele. — Você não é tão Peeta. Você é um Gale,


se eu já conheci um.

— Sou um Hunter12, na verdade.

— Gale também, — digo a ele com um grande sorriso.

Hunter revira os olhos para mim. — Temos que sair mais.


Sua bolha de nerd está fora de controle. Você tem toque de
recolher?

Sua pergunta para meu coração. — Um toque de


recolher?

Balançando a cabeça, ele provoca: — Você já ouviu falar


deles, certo? Os pais costumam dá-los para que não fiquemos
fora a noite toda com nossos amigos. Você tem amigos, não é?

12 O nome de Hunter significa caçador.


Deslizo para ele um olhar desanimado. — Claro que tenho
amigos. Bem, uma amiga, mas qualidade acima de quantidade,
certo?

Hunter pisca para mim. — Sério, você só tem uma amiga?

Recuo contra a parede e deslizo para baixo até que minha


bunda esteja no chão. Hunter se senta no chão ao meu lado.
— É meio complicado. Sara é legal e divertida, mas as pessoas
têm medo de ser amiga dela. É estúpido, — digo, olhando para
ele. — É tão estúpido. Mas uma das garotas malvadas colocou
um alvo nela anos atrás e agora... não sei. Mesmas crianças,
mesmos hábitos. As pessoas ainda a evitam, e Valerie ainda é
má com ela sem motivo...

— Espere, Valerie Johnson? — Aceno minha cabeça. —


Sou amigo dela. O que ela fez?

— Ela condenou minha amiga Sara ao ostracismo 13. Ela


tem essas festas do pijama...

Ele balança a cabeça quando paro. — Sim, conheço as


festas do pijama, — ele diz com um sorriso malicioso.

Ugh. Reviro meus olhos. — Claro que você conhece.

— Ela mal convida alguém para isso, no entanto. Se Sara


não passar, tenho certeza de que não é pessoal. Principalmente
apenas nossos amigos vão às festas dela.

13Foi um tipo de punição existente em Atenas, no século V a.C, na qual, o cidadão, geralmente um
político, que atentasse contra a liberdade pública, era votado pelos outros cidadãos para ser banido
ou exilado, por um período de dez anos.
— Sei que é assim agora. Isso foi na primeira série.

Os olhos de Hunter se arregalam. — Primeira série?


Quando éramos crianças?

Aceno minha cabeça. — O estigma social de alguma


forma persistiu. Como eu disse, é estúpido.

— Isso é incrivelmente estúpido, — ele concorda. —


Então, vamos consertar isso. Eu ia te convidar para sair com
a gente neste fim de semana. Por que você não traz sua amiga
também?

— Passar tempo juntos? — Questiono.

Ele concorda.

— Com seus amigos?

— Alguns de nós vamos ao shopping – fazer um pouco de


compras, conseguir um pouco de comida, apenas sair, sabe?

Certo. Eu sei, porque essas são... coisas normais que


adolescentes normais fazem. — Sim. Certo. Totalmente. Faço
isso o tempo todo.

Ele me encara. — Você nem vai ao shopping, vai? Deus,


Bishop, o que você faz?

— Vou ao shopping se precisar, — digo defensivamente.


— Mas Sara e eu não vamos – não vamos ao shopping o tempo
todo, só isso.
— Caramba, — ele diz, balançando a cabeça. — Você não
está apenas 80 níveis abaixo de mim na cadeia alimentar, você
está extinta.

— Ei! — Oponho-me.

— Está tudo bem, — ele me garante, estendendo a mão e


dando tapinhas na minha coxa de forma tranquilizadora. —
Vou colocá-la de volta no mapa.

Estreito meus olhos para ele. — Não preciso que você me


coloque em qualquer lugar. Estou bem onde estou.

— Você realmente não está, — ele discorda, agora


avaliando a roupa que estou vestindo. — Precisamos conseguir
para você algumas roupas novas também. Você se veste como
um alienígena que acabou de chegar e encontrou uma caixa de
roupas que ninguém queria na beira da estrada.

— Tudo bem, agora, me escute...

Ele levanta a mão para me silenciar. — Não se preocupe


com isso. Minha mãe me dá seu cartão de crédito quando vou
ao shopping, terei alguém com mais senso de estilo para ajudá-
la e comprarei algumas coisas.

— Não preciso que você me compre coisas, — informo-o


de olhos arregalados. — Não sou seu projeto, estou bem do
jeito que estou. — Olho para baixo, para o top da Old Navy14,
que é reconhecidamente um tom de verde feio e vegetal. E tudo

14 Uma empresa Americana de roupas e acessórios, participando da holding multinacional americana

GAP Inc.
bem, sim, o gráfico está um pouco desbotado e já viu dias
melhores, mas não é como se houvesse buracos no tecido.
Ainda são roupas perfeitamente finas. — Sei que não sou a
garota mais estilosa do mundo, mas por que isso importa?

— Não importa para mim, — diz Hunter. — Mas é


importante para meus amigos. Eles gostam dessas coisas. Se
você quer que eles a aceitem, você tem que ter uma aparência
adequada.

— Não preciso que seus amigos me aceitem, — digo,


franzindo a testa.

— Minha vida seria mais fácil se o fizessem, — ele me diz.


— Apenas me deixe fazer isso por você, ok?

— ENem concordei em ir com você. E por que seus amigos


me aceitando tornariam sua vida mais fácil? — Pergunto, ainda
carrancuda para ele.

Ele não diz nada por um minuto. Ele espera que eu


desista, olhando para o corredor, coçando o joelho de sua calça
jeans. Quando ele olha para mim e levanto minhas
sobrancelhas com expectativa, ele finalmente diz: — Porque eu
gosto de você, ok? Gosto de sair com você, mas meus amigos...
eles acham você um pouco estranha. E sei que você é um
pouco estranha, mas acho isso fofo. Acho que faz parte do seu
charme, mas eles ainda não te conhecem. Tive a chance de
olhar além da camada superficial e ver que você é muito legal
por baixo, mas eles não olharam. Sei que é raso, mas uma
merda estúpida como usar a coisa errada... — Ele balança a
cabeça, parecendo levemente irritado. — É o suficiente para
fazê-los dispensar você. Se você conseguir se encaixar com eles
por tempo suficiente para que eles te conheçam, tenho certeza
que eles vão gostar de você também.

Engolindo, olho para o chão de linóleo sujo. — Não acho


que devo mudar para que as pessoas gostem de mim.

— Você não precisa, — ele diz. — Você não precisa se


trocar, apenas usar uma roupa nova. Isso é um grande
negócio?

— Acho que não, — murmuro, mas não consigo imaginar


me divertindo com pessoas que exigem que eu me vista de certa
maneira só para ser vista com elas.

— Se você não gosta, tudo bem, mas não custa pelo


menos tentar, certo? — Ele diz, tentando dar um tom mais
positivo às coisas. — Nunca se sabe, você pode gostar das
roupas novas.

— Não sei.

— Eu não queria ler este livro e fiz isso por você, certo? E
estou gostando.

Acho que isso é verdade. Olhando para ele e encontrando


seu olhar, digo: — Acho que vou tentar, assim como você está
tentando ler, mas se eu odiar...

— Então vou apenas sair com você, de qualquer maneira.


Direi a quem olhar de lado pelo seu mau senso fashion que
você é uma alienígena que chegou recentemente ao nosso
planeta, — promete.

Abro um sorriso, olhando para longe dele e para o meu


colo. Ainda não tenho certeza se vou ao shopping com seus
amigos, mas não consigo deixar de repetir aquela outra parte
que ele disse na minha cabeça, memorizando cada nota como
se fosse minha música favorita.

Ele disse que gosta de mim. Talvez não significa que ele
gosta de mim, mas... talvez ele goste.

Decidir sair com Hunter e seus amigos é uma coisa.


Convencer minha mãe a me deixar ir é outra coisa. Não sei por
que ela é tão estranha sobre ele, mas assim que aquela mochila
apareceu, ela pirou, e ele tem sido um assunto delicado desde
então. Ela tentou trazê-lo à tona e me perguntar sobre ele
algumas vezes, mas era tão tenso e estranho que eu não queria
falar.

Não vou mentir para minha mãe, mas desde o momento


em que Hunter me convidou até o momento em que mamãe
pega dois pratos de jantar e entrega um para mim, estou
pensando em maneiras de suavizá-la. Acho que finalmente
consegui um ângulo sólido, então, quando nos sentamos à
mesa de jantar, aproveito minha chance.

— Então, você sabe como Sara é louca por Wally


Kazinsky?

Mamãe sorri enquanto empurra um pouco de milho


enlatado e purê de batata junto com o garfo. — Sim.

Sinto que estou sendo sorrateira, então meu coração bate


um pouco mais rápido. — Hoje, no intervalo, ela estava
convencida de que ele estava olhando para nós – quero dizer,
para ela, não para nós. Ele não se preocupa comigo,
obviamente. Quero dizer, não que ele se importe com ela, pelo
menos, não acho que ele se importe.

Oh droga. Quando perco o controle da minha boca,


mamãe começa a franzir a testa em leve confusão.

Tento me controlar. Tudo parecia tão perfeito na minha


cabeça que só tenho que voltar aos trilhos. — Então, Wally é
amigo de Hunter.

Assim que digo o nome de Hunter, mamãe fica tensa, mas


tenta sorrir e me dá um aceno encorajador, como se apenas
ouvir seu nome não a deixasse nervosa. É claro que sim, e isso
me deixa ainda mais nervosa.

— Eu disse a ele como Sara adoraria a chance de


realmente sair com Wally. Quer dizer, eu não disse a Hunter
que ela tem uma queda por ele. Não que ele contasse a Wally,
de qualquer maneira. Eu só... Hunter me convidou – nós – ele
nos convidou para ir ao shopping com ele e alguns de seus
amigos neste fim de semana. Wally estará lá, e Hunter disse
que eu poderia levar Sara, então ela finalmente teria a chance
de sair com ele. Eu não tinha certeza no começo, mas você
pode imaginar o quão animada Sara vai ficar?

Mamãe evita meu olhar, pousando o garfo com cuidado.


— Ele pediu que você fosse ao shopping com ele neste fim de
semana e, depois que você disse não, ele acrescentou o
incentivo de que, se você for, ele vai ligar para sua melhor
amiga e o garoto por quem ela está apaixonada?

Hesito. Quase digo que sim, mas do jeito que ela fala,
parece um truque. — Não. Quer dizer, meio, mas isso soa...

— Manipulativo? — ela sugere.

— Não foi assim. Ele apenas disse que eu poderia trazer


Sara para ser legal. Acho que expliquei mal. — Franzo a testa
para mim mesma, voltando à minha conversa com Hunter. Não
foi exatamente assim. Ele me convidou para comprar um novo
visual que vai impressionar seus amigos – o que eu
definitivamente não posso contar a ela – e quando eu não tinha
tanta certeza, ele me lembrou que leu o livro para mim...

Não, isso não vai ajudar. Não posso dizer isso a ela. Ele
nem mesmo conseguiu me subornar com Sara até depois
disso, quando percebeu que eu ainda não estava animada com
a ideia. Quando ele terminou de adicionar ao pacote, eu estava
muito animada, mas tudo aconteceu de forma tão casual. Foi
uma troca amigável, não uma transação fria como mamãe está
fazendo parecer.

— Ele não é um cara mau, — finalmente digo a ela, indo


direto ao ponto.

— Querida, não estou dizendo que ele é. Eu só... às vezes


você tem que ter cuidado ao confiar em garotos. Eles nem
sempre têm os motivos que você pensa que têm. E esse garoto,
ele começou a se interessar por você de repente, bem do nada,
certo? E está vindo um pouco forte.

— Ele não está vindo forte, — argumento. — Ele nem fala


comigo há dias, pensei que ele não gostasse mais de mim ou
algo assim, mas – mas ele gosta, e ele quer que eu saia com
seus amigos neste fim de semana no shopping, e quero sair.

— Não tenho certeza se é uma boa ideia, — diz ela com


cuidado. — Se você e Sara quiserem ir ao shopping neste fim
de semana posso levar vocês. Estou de folga no sábado.

— Não quero ir com você, — deixo escapar.

Assim que as palavras saem, meu estômago embrulha e


quero engoli-las de volta. Parece que acabei de lhe dar um tapa,
e de repente meu apetite se foi.

— Sinto muito, — digo rapidamente, balançando minha


cabeça. — Eu não quis dizer isso. Você sabe que adoro ir às
compras com você. Quer dizer... não adoro fazer compras, mas
você sabe que sempre quero passar um tempo com você. Eu
não quis dizer do jeito que saiu.
Ela levanta a mão, recuperada de sua surpresa e
tentando me tirar do gancho. — Eu sei.

— Sinto muito. Isso saiu tão maldoso, — digo, olhando


para o meu colo.

— Entendo o que você quis dizer. Você não quer apenas


ir ao shopping, você quer... ir com ele.

— E Sara, — acrescento, mas com pouco esforço. Ela


sabe que Hunter é aquele com quem eu realmente quero sair
neste fim de semana.

Mamãe suspira, olhando para a mesa de jantar enquanto


processa. — Quem estará lá?

— Eu e Sara, Hunter e Wally, e então mais alguns de seus


amigos, ele não disse quem. A mãe dele vai dirigir.

— Ela pode conduzi-los. Eu levo você e Sara.

Brilho. — Isso significa que posso ir?

Posso dizer que ela está com medo, então, em vez de dizer
sim, ela olha para mim do outro lado da mesa. — Você é muito
jovem para começar a namorar.

Congelo e meu rosto arde. — Não estou namorando.

— Eu sei, estou apenas colocando para fora. Obviamente,


você gosta desse garoto. Isso está perfeitamente bem. Ele pode
gostar de você também, mas você é jovem demais para um
namorado. Você é muito jovem para muitas coisas, e estou
preocupada que você e esse garoto... possam não estar na
mesma página. Ele anda com um público diferente. Ele é um
atleta, o que tende a significar algo na sua idade, — diz ela,
revirando os olhos e suspirando. — Ele tem pais ricos e amigos
populares, e seus valores podem diferir significativamente dos
seus. Não quero que você perca quem você é por causa de um
garoto. Sei que todo mundo comete erros, faz parte do
crescimento, mas tenho um pressentimento sobre esse
menino, querida. Chame isso de intuição da mãe. Não acho
que ele é alguém com quem você deveria passar seu tempo.

Cruzando os braços defensivamente, digo a ela: — Você


nem o conhece.

— Você está certa, eu não. Só sei o que vi e o que ouvi,


mas, francamente, isso é o suficiente para me dar dúvidas.
Você é minha única preocupação. — Ela estende a mão sobre
a mesa em minha direção, mas mantenho meus braços
cruzados. — Se você quiser ir ao shopping com ele e seus
amigos neste fim de semana, você pode. Mas, por favor, tome
cuidado. Algumas pessoas podem parecer muito boas na
superfície, mas quando você olha mais de perto, você vê... que
talvez elas não sejam tão boas.

— Ele é bom, — digo teimosamente, apesar da minha


crença anterior de que ele era um idiota.

Mamãe aperta os lábios severamente e se recosta na


cadeira. Posso dizer que ela quer dizer algo, mas ela se abstém.
— Tudo bem. Bem, confio no seu julgamento. Se esse
julgamento mudar à medida que você coletar mais informações
sobre ele, também vou confiar nisso. Apenas preste atenção
em como você se sente quando está perto dele. Não quero
dizer... o sentimento divertido e apaixonado, mas algumas
camadas mais profundas. Você deve se sentir confortável com
seus amigos, então, se seus instintos começarem a levantar
dúvidas sobre as intenções dele, preste atenção a isso. Se
alguma coisa que ele fizer começar a incomodá-la, saia. Retire-
se da situação imediatamente. Se ele te pressionar para fazer
algo que você não quer fazer, você diz a ele que não, e se ele
não ouvir, chute-o bem entre as pernas.

Mortificada, cubro meu rosto com as mãos. — Oh meu


Deus, mãe.

— Ou dar uma joelhada nele. Um bom joelho na virilha


funciona bem.

— Por favor, pare.

Ela não para. — Acertá-lo no pomo de adão com a palma


da mão aberta também pode funcionar. Dependendo do seu
posicionamento, pode ser difícil, mas você também pode usar
a palma da sua mão para acertá-lo com muita força no nariz.
Você pode quebrá-lo, pode fazê-lo chorar – aconteça o que
acontecer, prometo que ele ficará muito distraído para
continuar fazendo o que quer que esteja fazendo para deixá-la
desconfortável, — acrescenta ela. — Apenas pow! e então corra
como o vento.
— Estou desconfortável agora. Se eu bater em seu nariz,
posso fugir dessa conversa?

Ela me ignora. — Se tudo mais falhar, grite assassino


sangrento. Não se preocupe em fazer uma cena e envergonhar
outra pessoa. Faça uma cena.

— Vou literalmente pagar para você parar de falar.

Quando tiro minhas mãos do meu rosto, mamãe está


sorrindo. — Vi sua conta poupança, garota; você não pode se
dar ao luxo de me silenciar.
Minha mãe desacelera até parar em frente à entrada da
praça de alimentação. Ela estaciona o carro, olha para a
entrada do shopping e depois para o banco de trás, onde Sara
e eu estamos.

— Tem certeza de que não quer que eu leve você para


dentro? — Ela pergunta.

— Tenho certeza, — asseguro a ela.

— Eu poderia. Vi uma boa vaga de estacionamento. Basta


dizer a palavra.

— Honestamente, Michelle, ninguém traz sua mãe ao


shopping em encontros em grupo, — Sara diz a ela, olhando
ansiosamente para a entrada do shopping. Sabendo que Wally
estaria aqui, ela agonizou interminavelmente sobre o que vestir
no shopping hoje. Posso dizer agora que ela está impaciente
para entrar.

Mamãe acena, suspira e olha para mim. — Você tem o


dinheiro que lhe dei para comprar comida e outras coisas?

Dou um tapinha na bolsa onde coloquei a nota de vinte


dólares que ela me deu antes de sairmos de casa. — Aqui.

— E o seu celular?
Sei que minha mãe realmente deve estar preocupada
comigo saindo com Hunter porque um dia depois que ela me
disse que eu poderia vir neste fim de semana, ela me levou
para pegar meu próprio telefone celular. Ela tentou brincar
com isso, dizendo que provavelmente era hora para isso de
qualquer maneira, mas eu realmente gostaria de saber como
deixá-la à vontade sobre Hunter. Ela tem uma impressão tão
errada dele.

— Entendi, — confirmo.

— Ligue-me se precisar de alguma coisa. Seja o que for.

Aceno, olhando para Sara enquanto ela escorrega


praticamente em cima de mim, tentando me empurrar para
fora do carro. — Eu vou, — prometo a minha mãe enquanto
puxo a trava e abro a porta. — Obrigada pela carona.

— Ligue-me quando as coisas estiverem acabando e eu


precisar vir buscá-la, — ela chama, recostando-se e me
observando sair do carro.

— Irei. Amo você.

— Também te amo.

Sara sai atrás de mim, vibrando de excitação. Ela dá um


rápido “tchau” para minha mãe, e praticamente passa por cima
de mim. — Venha, venha, venha!

Sorrio, deslizando a alça da minha bolsa por cima do


ombro e a seguindo para a praça de alimentação.
Embora eu tenha um telefone agora, não tenho o número
de Hunter, então não posso enviar uma mensagem para ele
para saber onde eles estão. Ele disse para encontrá-los na
praça de alimentação as três, então só temos que dar uma
volta e dar uma olhada.

Minha mãe me mandou mensagens do estacionamento


como uma louca, querendo ter certeza de que o encontrei.
Estou prestes a responder – ainda não – quando o vejo.

Sara os vê ao mesmo tempo. Ouço seu suspiro, seguido


por: — Lá está ele!

Claro, de toda a equipe, ela só vê o garoto de quem gosta.

Não tenho tanta sorte. Antes que meus olhos pousem em


Hunter, eles vagam ao redor da mesa para ver quem mais ele
trouxe. Quando meu olhar volta para ele, estou um pouco
menos satisfeita, mas então vejo que ele está caminhando em
nossa direção.

Começamos a andar também, para que possamos


encontrá-los na metade do caminho. De repente, fico
constrangida por uma fração de segundo, perguntando-me se
estou bem. Afasto-me e forço um sorriso, embora o grupo de
amigos que ele trouxe não me encha de excitação.

Pelo menos ele parece genuinamente feliz em me ver. Seu


sorriso é todo para mim enquanto ele se aproxima, seus olhos
nunca me deixando. — Ei.
— Oi, — digo, meu sorriso se alargando e vindo um pouco
mais facilmente.

Seu olhar se move para minha amiga. — Você deve ser


Sara.

Ela vacila levemente com a maneira sutil que ele diz que
nem sabia quem ela era antes de entrar comigo. Todos
estudamos juntos há anos. Ela se recompõe, oferecendo a ele
um grande sorriso de fã. — Ei, Hunter.

Ele não pisca em sua admissão casual de que ela


definitivamente sabe quem ele é; ele sabe que ela o conhece.

Desconforto goteja através de mim, mas antes que eu


possa processar completamente o porquê, Hunter passa o
braço em volta do meu ombro e minha capacidade de pensar
diminui. Ele está tão perto e tem o braço em volta de mim –
onde as pessoas também podem ver.

Talvez ele esteja fazendo uma declaração. Acho que só


interagíamos quando estávamos sozinhos até agora, mas os
amigos dele estão aqui hoje e já sei que eles não ficaram
impressionados comigo, daí sua sugestão de que eu compre
roupas novas.

Eles podem não ficar impressionados comigo, mas ele não


vai tolerar que me tratem mal também – pelo menos, essa é a
vibração que recebo de seu braço em volta do meu ombro. É
uma proteção casual e, embora eu ache que seus amigos são
idiotas, isso me faz gostar dele ainda mais.
Ele mantém a voz baixa o suficiente para fazer o
comentário privado, mas ainda brincalhão. — Convidei seu
namorado.

Meu olhar se fixa nele, meus olhos se arregalando


ligeiramente. — O quê? Não tenho namorado.

— Mark com os olhos bonitos, — ele brinca.

Esqueci completamente que disse a ele que gostava de


Mark Poplowski. Eu tinha certeza de que ambos sabíamos que
eu estava mentindo, então não sei por que Hunter acha que
vou me importar que ele esteja aqui.

Olho para a mesa de qualquer maneira e meu rosto fica


vermelho quando percebo que todos eles estão nos observando.
Valerie nem se preocupa em desviar o olhar – ou esconder sua
confusão – quando a pego olhando.

— Que merda é essa? — Ela pergunta a seus amigos


quando nos aproximamos.

Ainda não estou acostumada com os palavrões


descarados – Sara e eu simplesmente não fazemos isso – mas
fico ainda mais chocada quando percebo que a morena que foi
inicialmente rejeitada quando me aproximei está de frente
agora e é a mãe de Hunter.

A mãe de Hunter está no saindo em grupo? O quê?

Se ela está perturbada com a boca de Valerie, ela não


demonstra. Seu sorriso se alarga e ela me dá um sorriso
animado como se fôssemos melhores amigas. — Oi, Riley!
Como você está, amor?

É um primeiro pensamento estúpido, mas não consigo


deixar de pensar que minha mãe ficaria tão magoada se
soubesse que não a deixei entrar, e aparentemente a mãe de
Hunter está fazendo compras com a gente. Não a notei quando
olhei pela primeira vez porque eles estão todos sentados e ela
foi rejeitada. A mãe de Hunter é uma mulher magra e como ela
está sentada, ela meio que se misturou.

Ela também está muito mais vibrante aqui hoje do que a


bagunça ansiosa que vi na casa deles, tentando brigar com seu
marido abusivo e idiota.

A memória do que ela permitiu que acontecesse a Hunter


torna um pouco mais difícil retornar sua saudação com o
mesmo entusiasmo.

— Estou bem, obrigada. Como você está?

— Ótima, — ela diz, ainda animada. — Adoro fazer


compras, então esta é a minha praia. Da próxima vez que você
for lá, vou lhe mostrar meu armário. Provavelmente tenho até
algumas peças que não uso mais que você poderia ter.

Isso chama a atenção de Valerie. — Ela esteve na sua


casa?

A ajudante de Valerie empurra sua cabeça loira para


frente. — Se você está dando roupas, me ofereço como tributo.
Meus ouvidos se animam. — Hunger Games? Amo esse
livro.

Ela me olha como se não esperasse que eu falasse com


ela. — Ah não. Acabei de ver o filme.

— Você deveria ler os livros, eles são tão bons, —


aconselho.

— É verdade, ela me fez ler o primeiro agora, — declara


Hunter, dando seu apoio à minha sugestão. — É muito bom.

Mark sorri para ele. — Ela esta o fazendo ler, hein?

Hunter lança para ele um olhar de olhos mortos. — Não


se preocupe, Poplowski, não esperamos que você se junte ao
nosso clube do livro; todos nós sabemos que você não sabe ler.

Mark revira os olhos e Valerie sorri para ele, então olha


para Hunter. Só quando ela o faz, meu estômago afunda,
porque reconheço a maneira como ela olha para ele. É a mesma
maneira que olho para ele.

Aw, meu. Valerie Johnson tem uma queda por Hunter,


não é?

— Quero ler, — diz Valerie. — Posso pegar sua cópia


emprestada quando terminar, Hunter?

— Na verdade, estou lendo a cópia de Riley.

Seu sorriso não muda, mas algo em seus olhos muda. Ela
fica furiosa por ele ter pegado meu livro emprestado. Mudando
seus olhos loucos para mim, ela diz: — Posso pegar
emprestado depois, Riles?

Riles? Também não. Quero dizer não. Nem gosto de


emprestar meus livros porque tenho muito medo que outras
pessoas não cuidem deles. Abri uma exceção para Hunter, mas
definitivamente não quero emprestar a ela. Sei, sem sombra de
dúvida, que, se o fizer, nunca mais o verei. Duvido que ela vá
mesmo ler, também.

Não me sinto confortável apenas em dizer não, então


invento uma desculpa. — Na verdade, prometi para outra
pessoa depois de Hunter. Desculpe.

— Oh, um de seus outros amigos? — Ela pergunta


inocentemente, inclinando a cabeça. — Quem são seus
amigos, na verdade? Literalmente esqueci que você vai para a
nossa escola. Devo ser uma idiota.

A mãe de Hunter se levanta, deslizando a alça da bolsa


por cima do ombro e me dando um sorriso. — Por que não
vamos indo, baby? Temos muitas compras para fazer. Vou
estragar você.

O braço de Hunter sai do meu ombro e ele se vira para


Sara. Ela olha para mim com um lampejo de empolgação antes
de segui-lo para finalmente ser apresentada a Wally. Vejo
quando ela sorri para ele com entusiasmo, o quanto ela se
ilumina ainda mais quando ele acena em reconhecimento e
responde com um “Ei”.
Hunter me olha por cima do ombro. Ele não diz nada com
palavras, apenas me lança um olhar falante antes de sair com
seus amigos – e o único que ganho.

Franzo a testa para Venus quando ela começa a andar,


aparentemente esperando que eu a siga. — Espere, eles estão
todos indo na outra direção.

Ela olha para o filho e os amigos dele, depois para mim.


— Oh sim. Hunter queria que eu te ajudasse a escolher
algumas roupas primeiro, então você pode alcançá-los e vou
me perder por um tempo. Parece bom?

Franzo a testa, olhando por cima do ombro. Sara está


caminhando ao lado de Wally, olhando para ele com estrelas
em seus olhos enquanto ele fala com ela. Valerie Johnson se
aproximou de Hunter e lhe lança um olhar bajulador também.

Isso é péssimo. Não posso acreditar que ele me largou


com sua mãe e foi embora com seus amigos.

Meu suspiro saiu mais como um bufo, mas volto minha


atenção para sua mãe. — Não sei o que Hunter te disse. Minha
mãe só me enviou $ 20 para gastar, eu realmente não posso...

— Oh, não, querida, é por minha conta, — ela diz com


desdém enquanto passo ao lado dela. — Sinto muito pelo outro
dia. Essa definitivamente não foi a primeira impressão que eu
gostaria de causar em um dos amigos de Hunter. Meu
marido... é volátil, especialmente quando bebe. Sempre
costumo ir para essas bagunças voláteis. Aconselho você a não
seguir meus passos, mas vejo a maneira como você olha para
o meu filho.

Minhas bochechas queimam, embora ela tenha dito isso


de brincadeira. — Não acho que Hunter seja tão volátil, —
murmuro.

— Isso é porque você ainda não olhou para o lado ruim


dele. Espero que você nunca o faça, mas tenho certeza de que
verá outras pessoas chegarem lá. Ninguém guarda rancor
como meu filho.

Ela olha para mim como se fôssemos amigas fazendo


compras juntas, em vez de um adulto fazendo compras com a
amiga de seu filho. Realmente não sei o que dizer, então ela
continua.

— Ele parece muito com o pai. Ele oscilava entre quente


e frio. Ou ele era vulcânico ou um iceberg completo. Quando o
amor dele estava fluindo sobre mim, foi a melhor coisa que já
senti, mas quando ele se vira contra você... ugh! Não é bom, —
ela diz, balançando a cabeça.

— Hunter não se voltou contra ninguém, não é?

Suas sobrancelhas sobem como se ela estivesse surpresa


por eu estar tão fora do circuito. — Você não se lembra de
Marshall Gough? Ele era o melhor amigo de Hunter na escola
primária.

— Vagamente. Ele não se mudou há alguns anos?


Acho que ele costumava ser um dos garotos populares,
mas eu tinha me esquecido de Marshall Gough até que ela o
mencionou. Estávamos todos juntos na mesma turma da
quinta série, mas só falei com ele uma vez – e isso quase me
colocou em apuros.

Marshall era uma espécie de palhaço da classe, e um dia


durante a aula de ciências ele ganhou algumas gargalhadas
com alguns comentários idiotas sobre como a nebulosa
planetária que estávamos estudando parecia a vagina de uma
mulher. Ele estava sentado à minha mesa entre Hunter e eu,
e como eu não era de gargalhar, acho que Marshall sentiu a
necessidade de me convencer. Ele começou a traçar a imagem
em nosso livro com a ponta do dedo e dizer coisas como — Está
vendo agora? Você tem uma, você deve reconhecê-la.

Já que o idiota não parava de falar comigo e estava me


envergonhando, eu disse a ele para me deixar em paz e prestar
atenção. Foi tudo o que eu disse, mas aconteceu de eu dizer
quando o professor estava olhando para a nossa mesa. O Sr.
Branch retrucou, olhando diretamente para mim, e meu
coração disparou. Achei que ia ter problemas por falar quando
não podia, mas no último momento ele mudou de ideia e seu
olhar se voltou para Marshall para a advertência verbal.

Venus acena com a cabeça. — Ele e Hunter tiveram uma


briga. As coisas ficaram tão ruins para ele na escola que sua
mãe decidiu retirá-lo. Ela o matriculou em outro lugar para o
ensino médio para que pudesse começar de novo.
Eu só posso olhar para ela enquanto ela diz isso como se
fosse aceitável. — O que você quer dizer com ficou tão ruim?
Tipo, Hunter... intimidou-o?

— Eu não diria que ele foi intimidado, — ela diz, seu tom
subindo algumas oitavas. — Hunter é apenas... ele pode ser
um pouco intenso se você o contrariar. Como o pai dele, —
acrescenta ela, como se isso ajudasse. — Seu pai praticamente
arruinou minha carreira de modelo só porque sua noiva
descobriu sobre nós e o deixou. Não foi minha culpa. Ele é
quem iniciou as coisas entre nós, e mulheres mais fortes do
que eu não conseguiram resistir àquele desgraçado, mas no
final do dia, fui eu quem ele puniu. — Olhando para mim com
os olhos arregalados, ela acrescenta: — E ela voltou, então não
sei por que ele estava tão chateado.

É tudo que posso fazer para evitar que meu queixo caia
enquanto ela diz tudo isso para mim como se fosse
perfeitamente normal. Minha mãe e eu temos um
relacionamento muito aberto e honesto, mas minha mãe não é
tão escandalosa quanto a de Hunter. Nem sei como processar
o que ela disse, muito menos responder a isso.

Parecendo sentir que ela acabou de compartilhar, ela


afasta essa conversa. — De qualquer forma, não vamos nos
concentrar em todas essas coisas desagradáveis. Estamos aqui
para fazer compras. Você sabe que tipo de visual você quer
escolher?
Balanço minha cabeça, olhando para minhas roupas.
Estou usando jeans leves e uma camiseta simples. — Na
verdade. Não posso levar para casa um guarda-roupa inteiro
nem nada. Minha mãe vai pirar.

— Ok sem problemas. Manteremos as coisas simples,


obteremos alguns básicos. Estou pensando em um ótimo par
de jeans, uma legging preta, um par de tops, uma jaqueta
estilosa. Oh, isso vai ser muito divertido, — ela se entusiasma,
me dando um grande sorriso.

Tento sorrir de volta, mas definitivamente estou me


sentindo intimidada. — Sim, muito divertido.
Acontece que fazer compras com a mãe de Hunter é
divertido.

Ela é muito para absorver logo de cara, mas quanto mais


tempo passo com ela enquanto ela me carrega pelas lojas
coletando mais sacolas do que eu queria levar para casa, mais
percebo que ela simplesmente vive em seu próprio mundo. Ela
me presenteia com histórias terríveis de coisas “divertidas” que
ela fazia em seus dias de modelo, mas conta tudo com carinho,
como se não fosse nada para se envergonhar. Ela compra para
mim coisas que acho muito bonitas e algumas coisas que tento
dissuadi-la, porque sei que nunca vou usá-las.

— Camel15 fica tão bem em você, — ela insiste, segurando


um top que... bem, não tenho certeza se é uma camisa ou uma
bandana, mas não cobre o suficiente da pele.

— Eu nunca vou usar isso, — digo a ela, balançando a


cabeça. — Não importa o quão bonito pareça.

— Absurdo. Parece ótimo. Estamos comprando, — ela


anuncia, colocando-o sobre o braço.

15 É uma cor inspirada no pelo dos camelos, uma paleta de tons terrosos, tão queridinha e
indispensável no closet de qualquer fashion girl.
— Eu realmente acho que devemos parar, — digo a ela,
olhando ansiosamente para as coisas que ela já comprou para
mim. — Já temos tantas sacolas. Sinto-me mal por você gastar
tanto dinheiro comigo.

— Absurdo. — Ela me dispensa. — Quando engravidei de


Hunter, esperava tanto que ele fosse uma garotinha para que
eu tivesse uma filha para arrumar e fazer compras.
Obviamente, ele não era uma menina. Eu ainda o vesti bonito,
mas roupas de menino simplesmente não são tão divertidas
quanto roupas de menina. — Inspirada de repente, ela diz: —
Oh, precisamos comprar alguns vestidos para você! Toda
garota precisa de um vestidinho preto e um vestidinho
vermelho no armário.

— Eu realmente não tenho muitas ocasiões em que


preciso usar um vestido, — digo a ela.

— Você tem aquelas festas do ensino médio, certo?


Preparando você, imagine isso: você está de salto alto e um
vestido vermelho glamour, uma jaqueta de couro preta e uma
bolsa bonita. Oh, precisamos conseguir uma bolsa para você.
E maquiagem. Precisamos arranjar rímel. Seus olhos são
lindos, um pouco de rímel realmente os realçará.

Olho em volta para as cinco sacolas de compras que já


acumulamos. — Eu literalmente não posso levar todas essas
coisas para casa comigo. Minha mãe me mandou ao shopping
com vinte dólares.
— Vamos condensar antes de mandar você para casa, —
ela me garante. — Só parece muito por causa de todas as
bolsas, podemos facilmente colocar tudo em apenas um par.
Não se preocupe tanto. Sua mãe realmente vai ficar brava por
você ter ido às compras que ela não teve que pagar? Pode
parar, agora.

No entanto, ela vai. Não menos por não ser apenas uma
maratona de compras que ela não teve que pagar – é uma
maratona de compras patrocinada pela mãe de Hunter, e
qualquer coisa a ver com Hunter deixa minha mãe nervosa.

— Botas de salto alto, — diz ela, inspirada de repente. —


Botas de salto pretas.

— Não acho...

Mas ela não está ouvindo. Ela está indo até a caixa
registradora para pagar a camisa que eu disse a ela que não
vou usar, para que possamos comprar botas que também
nunca vou usar.
Depois de um dia inteiro de compras, Venus e eu
voltamos para a praça de alimentação. Ela comprou Bubble
Teas16 para nós e me deu um tutorial de maquiagem.

Ela só me comprou alguns itens de maquiagem, mas ela


explora cada um enquanto me diz o que preciso saber. Ela me
comprou um hidratante também. Aparentemente, Venus
Keller acredita que nunca é cedo demais para começar a
hidratar.

— Você não vai usar muita maquiagem e definitivamente


não vai parecer que usa muita maquiagem, — ela me diz agora,
enquanto aplica uma camada de rímel cuidadosamente em
meus cílios.

Tento não piscar, mas sinto que ela vai me cutucar bem
no olho.

— Sua maquiagem do dia a dia tem como objetivo apenas


realçar sua beleza natural, então você não usa uma mão
pesada. Para um look noturno ou uma ocasião especial você
pode ficar um pouco mais dramática, mas para um dia no
shopping? — Ela balança a cabeça. — Veja Valerie, por
exemplo.

Enrijeço um pouco só de ouvir o nome dela.

— Valerie é uma garota muito bonita, mas ela está se


esforçando demais; ela precisa matizar menos. A sombra azul

16 Chá de Bolhas, conhecido como chá perolado, é uma bebida inventada em lojas de chá em Taichung,

Taiwan.
clara que ela está usando hoje? Nenhuma mulher precisa ter
esse tom horrível de sombra para os olhos. No entanto, fiz a
mesma coisa quando tinha sua idade, — ela diz, revirando os
olhos. — Tentei tanto ficar bonita que acabei parecendo um
palhaço. Quando comecei a modelar, aprendi uma maneira
melhor, então vou te ensinar agora e te poupar do estágio
dolorosamente estranho.

Abro um sorriso. — Agradeço o esforço, mas não uso


maquiagem diariamente. Eu realmente não uso isso.

— Talvez não agora, mas você provavelmente começará


em breve. Geralmente começa na hora em que você percebe os
meninos, — ela diz levemente. Ela termina meu rímel e se
inclina para trás, sorrindo para seu trabalho. — Bonita.

— Posso ver?

Ela balança a cabeça, fechando a tampa do rímel e


abrindo o pó compacto que ela comprou para mim.

Pego, olhando meu reflexo. Pareço a mesma, é claro, mas


ela está certa – de alguma forma meus olhos parecem ainda
mais azuis com o rímel. — Parece bonito. Obrigada.

— Essa é a questão da maquiagem, — ela me diz. — Nem


sempre é uma questão de ter uma boa aparência, é uma
questão de se sentir bem. Só me sinto melhor quando a uso.

Lanço um sorriso para ela e fecho o compacto,


devolvendo-o para ela colocar na bolsa.
— Você pode colocá-lo na sua bolsa. — Ela me entrega o
rímel também. — Temos que condensar os sacos e esconder as
evidências de qualquer maneira, certo? — Ela provoca.

— Certo, — murmuro, deslizando a maquiagem na minha


bolsa.

Ela disse isso como se estivesse brincando, mas enquanto


dobra a bolsa, ela ecoa uma pergunta que seu filho já me fez.
— A sua mãe é super-rígida?

Balanço minha cabeça. — Não, na verdade não. Além de


Sara, minha mãe é minha melhor amiga. Acho que ela está
apenas preocupada que eu possa estar começando a gostar de
um menino, e ela não está pronta para isso, — explico, embora
faça meu rosto esquentar ao admitir – e para a mãe dele, nada
menos.

— Entendi. Minha mãe era assim quando eu tinha sua


idade, acredite ou não. Mas quanto mais restrições ela
colocava em mim, mais me convencia de que eu devia estar
perdendo algo realmente emocionante. Isso não me afastou dos
meninos, apenas me tornou mais sorrateira. Eu era meio
rebelde, — ela confidencia.

Sorrio levemente. — Eu não sou.

— Posso ver isso, — diz ela secamente.

Normalmente, eu nunca sonharia em pedir a um adulto


que explicasse seu relacionamento, mas como Venus já
compartilhou tanto comigo hoje, tento pensar em como
perguntar a ela o que está acontecendo com seu marido.
Hunter está convencido de que ela está em processo de deixá-
lo, mas nada do que vi e nada do que ela disse hoje confirma
isso.

Ao mesmo tempo, ela tem que estar, certo? Ele bateu no


filho dela. Ele bateu nele com tanta força que ele ficou com um
olho roxo, e vi a hostilidade entre eles no dia em que estive em
sua casa. Certamente não está tudo bem para Venus que o
homem com quem ela tem um relacionamento não goste de
seu filho tão veementemente.

Uma vez, minha mãe tinha um namorado que não


gostava de mim. Não que ele fosse mau comigo (e ele
certamente nunca colocou a mão em mim), mas ele parecia
desinteressado em me conhecer ou interagir comigo mais do
que era absolutamente necessário. Ela pensou que talvez ele
estivesse apenas sendo tímido no começo, então ela o
aproximou mais para quebrar o gelo, mas ele sempre parecia
um pouco irritado quando eu estava por perto.

Ela acabou o largando. Mamãe me disse que não poderia


estar com alguém que não tratava bem sua pessoa favorita, e
foi isso – nunca mais o vimos.

Antes que eu possa descobrir uma maneira de abordá-lo


com Venus, porém, Hunter e seus amigos nos encontram na
praça de alimentação. Sua mãe acabou de condensar tudo que
ela comprou em duas sacolas, então ela as passa para mim
debaixo da mesa antes de nos perguntar se estamos com fome.
— Estou, — eu voluntariei, já que apenas os caras se
manifestaram até agora.

— Claro que ela está, — Valerie murmura baixinho para


sua amiga, que gargalha.

Olho para ela, franzindo a testa levemente. — Desculpe,


isso foi um insulto?

— Claro que não, — Valerie diz inocentemente. — Deve


ser bom, só isso. Estou de dieta, então só vou comer uma
salada.

— Ok. Vou comer frango ao Bourbon em um prato cheio


de arroz frito, — digo a ela. — Vai ser delicioso.

Hunter sorri. — Isso soa bem. Acho que vou querer isso
também.

Valerie fica ainda mais irritada quando todos decidem o


que vão comer e Hunter e eu caminhamos sozinhos até o
restaurante asiático com o frango ao Bourbon.

— Você e Valerie parecem estar se dando bem, — ele


brinca, pegando duas bandejas e passando uma para mim.

— Ela é má, — informo, sem me preocupar em medir as


palavras.

— Ela é um pouco má, — ele reconhece. — No entanto,


você se apega a isso.
— Por que eu iria querer? Não gosto dela, ela não gosta
de mim – eu diria que é isso.

Ele desce a fila, colocando sua bandeja no balcão. —


Nossas mães são amigas, então ela é meio difícil de afastar.
Sempre fomos pressionados juntos desde o jardim de infância.
Houve um breve período em um verão em que a mãe de Valerie
pensou que seu marido tinha flertado com minha mãe em
algum churrasco e paramos de sair, mas em agosto, tudo
estava bem de novo.

— Sua mãe é... interessante, — digo a ele, colocando


minha bandeja ao lado da dele.

Ele sorri fracamente, olhando para mim. — Ela é. Ela fala


muito. Ela tem contado histórias para você?

Aceno minha cabeça. — Aparentemente você é um


valentão, mas seu pai também era um grande idiota, então
você não pode evitar e está tudo bem.

Seus olhos se arregalam ligeiramente e suas


sobrancelhas se erguem em genuína surpresa. — Uau,
obrigado por falar bem de mim, Mãe, — ele diz
sarcasticamente.

— Ela é muito honesta.

— Você acha que sou um idiota?

Normalmente haveria um tom de humor quando estamos


indo e voltando, mas não há graça quando ele pergunta isso.
Seu olhar desliza para o meu e mesmo que ele não diga mais
nada, tenho a nítida sensação de que minha resposta é
importante para ele.

Meu coração cede com o peso de seu olhar. Ouvi coisas


hoje que reforçam minha crença anterior de que ele pode ser
um idiota, mas ele não tem sido um idiota comigo. Também
não quero acreditar que ele é um idiota porque gosto dele. Não
sei o que dizer, no entanto.

Antes que eu tenha que responder, a senhora do outro


lado do balcão nos interrompe para perguntar o que queremos.
Não nos falamos enquanto pedimos, então nos dirigimos ao
balcão para pagar. Começo a tirar meu dinheiro da bolsa, mas
Hunter diz ao caixa que estamos juntos e pagará por nossas
refeições.

— Você não precisava fazer isso, — murmuro, me


sentindo um pouco estranha.

— Quero, — ele diz simplesmente, sem olhar para mim.

Olho para ele, querendo dizer algo, mas não tenho certeza
do que. Seu silêncio pesa sobre mim mais do que qualquer
outra coisa poderia, e mesmo que minha mente racional traga
à tona o melhor amigo que ele aparentemente ligou e expulsou
da escola, meu coração se contrai com a imagem dele
carregando minha mochila quebrada para mim, e então
comprando-me uma nova, ele lendo meu livro favorito e depois
me chamando de Catnip.
Há evidências de que ele pode ter feito algumas coisas
ruins que não conheço, mas há evidências irrefutáveis de que
ele fez o bem também.

Ele pega sua bandeja e se vira para voltar para a mesa.


Não acho que ele vai dizer mais nada para mim agora se eu
não iniciar, mas está explodindo de mim de qualquer maneira,
então deixo escapar, — Hunter.

Seus passos diminuem ligeiramente e ele olha para mim.

Encontro seu olhar, meu coração na minha garganta, me


sentindo estranhamente vulnerável. — Não acho que você é um
idiota.

Seu olhar travou no meu, ele não respondeu


imediatamente. Ele mantém o silêncio por tempo suficiente
para que eu comece a ficar ansiosa, então ele finalmente diz:
— Não?

Balanço minha cabeça com veemência.

Um leve traço de humor retorna ao seu tom e seus lábios


se curvam levemente. — O que eu sou então?

Não sei responder. Ainda não sei quem ele é, mas já vi o


suficiente para querer descobrir.

Sei que estou atraída por ele. Sei que estou de alguma
forma confortável com ele, embora ele seja a última pessoa com
quem eu esperaria estar confortável. Não me incomoda ser
completamente eu mesmo quando estamos juntos. Podemos
ter alguns problemas, mas são coisas superficiais, nada que
realmente importe. Não para mim, pelo menos. Talvez seja
importante para ele, mas não me importo muito com o que as
outras pessoas pensam. Se Hunter e eu pudéssemos ficar
sozinhos no mundo, apenas nós, acho que nunca teríamos
problemas.

Imagino-nos sozinhos, apenas nós dois na ponte da


floresta, sem forças externas causando conflito – sem pais,
amigos ou hierarquia social na escola. Somos livres para estar
no mesmo nível – e quando estamos sozinhos, estamos.

A resposta à sua pergunta me bate de repente.

Sorrio, antecipando com prazer por ele rir e me dizer o


quão idiota eu sou. — Você é meu Gale.

Ele não me chama de idiota, mas seus olhos castanhos


se enchem de prazer e seus lábios se contraem em um sorriso
que faz meu coração gaguejar. — Oh sim?

Aceno com a cabeça, minhas bochechas em chamas. —


Sim.

A jovialidade volta ao seu tom. — Acho que posso viver


com isso.
Embora conseguir comida com Hunter fosse bom, assim
que voltamos para a mesa – de volta ao seu mundo – o conforto
que eu sentia quando éramos apenas nós desaparece. Valerie
Johnson nunca se concentrou em mim antes – eu só não
gostava dela por causa de Sara – mas agora más vibrações
estão irradiando dela e sou definitivamente o alvo. Mesmo
quando ela não está dizendo nada para me atormentar, posso
senti-la fervendo de raiva na minha presença. Sempre que falo,
ela parece irritada.

Hunter definitivamente percebe, posso dizer pelas


maneiras sutis que ele continua reforçando que está apoiando
minha presença aqui quando seus amigos, sem dúvida, não
entendem. No entanto, ele não diz nada a ela. Ele deve pensar
que posso lidar com isso sozinha. E ele está certo – é
simplesmente irritante.

Também é irritante que ela goste dele. Acho que não


deveria estar surpresa. Muitas garotas da nossa série têm uma
queda por Hunter, mas acho que sinto que elas não o
conhecem do jeito que eu conheço. Eles gostam mais de sua
imagem do que realmente gostam dele, e isso não é real. É
como ser atraído por uma única fotografia de uma pessoa,
depois vê-la na vida real e perceber que é apenas o ângulo.
Gosto dele de todos os ângulos. Aposto que Valerie não.

Pelo menos Sara está se divertindo genuinamente.

Quando terminamos de comer, já estou cansada da


hostilidade estúpida de Valerie. Não me considero uma pessoa
má, mas ela certamente está enchendo minha cabeça de
pensamentos maldosos. Talvez seja a maneira casual como ela
me ataca com suas constantes provocações e “piadas”, talvez
seja ciúme flagrante porque, embora eu a odeie, ela é amiga de
Hunter, então ele ainda fala com ela. Seja o que for, já estou
farta.

Quando levo minha bandeja para a lata de lixo para


esvaziá-la, também mando uma mensagem para minha mãe
informando que estamos prontas para ir embora.

Não digo nada a ninguém sobre isso quando volto para a


mesa. Quero dizer a Sara para que ela não seja pega de
surpresa quando minha mãe chegar aqui, mas ela está tão
envolvida em nosso passe diário para a mesa legal que ela nem
olha para mim, por tempo suficiente para lançar um olhar para
ela para verificar as mensagens de texto. Isso meio que me
irrita, porque ela até bajula Valerie, que – além de ser rude
comigo o dia todo – tem sido passivamente má com Sara desde
a primeira série.

— Que horas o filme começa? — Valerie pergunta a


Hunter, percorrendo seu telefone.
Não prestei atenção em qual filme eles estariam vendo,
pois sabia que já teríamos ido embora, mas estou um pouco
chateada por perder a oportunidade de ir ao cinema com
Hunter. Eu gostaria, eu só gostaria de ir com ele sozinho – não
ele e seus amigos.

No entanto, minha mãe nunca me deixaria. Pareceria


muito com um encontro.

Suspiro, momentaneamente atingida por quão difícil será


construir qualquer tipo de relacionamento com Hunter, amigos
ou mais. Não gosto dos amigos dele e minha mãe não gosta
dele – o que é muito estúpido, porque ela nem o conhece.

Talvez eu possa encontrar uma maneira de fazê-la gostar


dele. Dar a ela uma visão dele, que eu vejo. Em vez de ficarmos
juntos para algo assim com seus amigos, eu poderia recebê-lo
em minha casa. Talvez ele pudesse vir jantar e mamãe
conversar com ele e ver que ele é perfeitamente inofensivo.

É meio estúpido que ela não me deixe ter um amigo


homem. Só porque ele é um cara, não significa que sair com
ele seria automaticamente um encontro. Quero continuar
passando tempo com ele, mesmo que seja apenas como
amigos; só não quero ter que também gastar tempo com
pessoas que não gosto para poder passar tempo com ele.

Todo mundo está finalmente juntando seu lixo e levando-


o para o recipiente mais próximo. Percebo que Hunter não
limpa o seu; ele adoravelmente – e irritantemente – mexe com
Valerie, empilhando seu prato em cima do dela e, em seguida,
colocando sua bandeja vazia sob a dela também.

Ele sorri para ela. — Obrigado, Val, você é a melhor.

Ela suspira, tentando parecer irritada com ele, mas ela é


tão ruim quanto eu. — Você é um merda. — Hunter ergue uma
sobrancelha para ela e seus olhos se iluminam com horror
escandalizado. — Oh meu Deus, cale a boca, pervertido.

Sua fácil familiaridade me deixa ainda mais exausta.


Hunter e eu temos isso; ele não deveria estar com ela também.

— Eu nem disse nada, — diz Hunter, como se ele fosse


inocente. — Agora seja uma boa menina e jogue fora meu lixo.

— Eu te odeio, — ela mente enquanto puxa a bandeja


para a lata de lixo.

Eu meio que gostaria que ela o odiasse. Digo a mim


mesma que isso é estúpido. Não deveria importar o que ela
sente por ele se ele gosta de mim... é que, eu não sei se ele
gosta de mim desse jeito, e como eu nunca mais quero sair com
os amigos dele, será muito mais fácil para ele passar mais
tempo com ela do que comigo.

Estou começando a ver o que ele quis dizer sobre eu


tornar sua vida mais fácil se eu pudesse conquistar seus
amigos.

Estou começando a ver por que não importa se ele gosta


de mim do jeito que eu quero – isso nunca vai funcionar.
Esse é o pensamento na minha cabeça – e o olhar no meu
rosto – quando o olhar de Hunter vira em minha direção. Ele
perde o sorriso fácil e empurra a cadeira para trás, então ele
caminha para o meu lado da mesa. — Ei. Você está bem?

Forço um sorriso, olhando para a mesa em vez de para


ele. Não consigo olhar para ele quando estou prestes a mentir
para ele. — Sim. Estou bem. Hum, eu só... minha mãe está
vindo, então eu e Sara não poderemos ir ao cinema com vocês.

Ele franze a testa. — Já? Você não disse a ela que íamos
todos assistir a um filme depois de...?

— Sim, mas – ela foi chamada para o turno da noite, então


ela não poderá me pegar mais tarde.

— Minha mãe pode te dar uma carona para casa.

Balanço minha cabeça, oferecendo um sorriso de


desculpas. — Estamos indo embora. Desculpe.

Vendo através da minha desculpa, ele me olha bem nos


olhos e pergunta: — Você não está se divertindo, está?

Encolho os ombros, sem saber o que dizer. — Gosto de


passar um tempo com você...

— Mas você não gosta dos meus amigos.

Ainda evitando seu olhar, tento explicar sem colocar toda


a culpa em Valerie. — Eu simplesmente não tenho muito em
comum com eles.
— Você não passou tempo suficiente com eles para saber
disso.

— Não gosto de ver você com Valerie, — admito.

Ele recua um pouco, claramente surpreso ao ouvir isso.


— O quê? Por quê?

— Ela gosta de você, — digo, tão desconfortável que quero


rastejar para fora da minha pele. — E talvez você goste dela
também...

— Eu não, — ele diz, não me deixando terminar. — Não


gosto dela.

— Bem, é difícil dizer, — digo, corando com uma mistura


de prazer e vergonha. — Você meio que... não sei, flerta um
pouco com ela.

— Flerto com ela? — Ele pergunta, abrindo um sorriso


divertido quando a compreensão surge nele. — Você está com
ciúmes.

Oh meu Deus. Uma explosão de calor abrasador atinge


minhas bochechas. Eu gostaria de poder rastejar para fora da
minha própria pele como uma cobra e deslizar para algum
esconderijo inteligente onde Hunter Maxwell nunca pudesse
me encontrar.

A coisa mais próxima que posso fazer é explodir da


cadeira, então faço isso. Meu rosto está pegando fogo enquanto
pego minhas malas e coloco a alça da bolsa no ombro. — Eu
não disse isso.

— Não precisa. — Ele sorri para mim, seus olhos


castanhos dançando com diversão. — Tem certeza que quer
sair? Deixar-me aqui sozinho em um cinema escuro com
Valerie? Talvez você deva ir junto e certificar-se de que eu me
comporte.

Sei que ele está apenas me incomodando, mas zombo dele


mesmo assim. — Por favor. Eu nunca cuidaria de um cara.
Minha mãe me ensinou melhor do que isso. Se você gosta de
Valerie, não tem como você gostar de mim. Se você não gosta
de mim, então...

Ele se levanta tão abruptamente quanto eu, movendo-se


tão perto que está praticamente em cima de mim.

Minhas palavras param e minha diversão desaparece.


Seu lindo rosto está tão perto do meu que meu coração afunda.
Não consigo pensar direito quando ele está tão perto de mim.

— Então o que? — Ele desafia, olhando para mim e


segurando meu olhar.

Animais selvagens em disparada pisam em meu peito


quando olho para ele. Posso ver pelo brilho em seus olhos, ele
sabe exatamente como está me afetando.

— Não me torture, Hunter.

— Não é a sensação de ser torturado por mim, Catnip.


Meu coração aperta novamente com sua resposta a esse
apelido. Ele está brincando comigo, mas não tem intenção de
fazer mal. Dei a ele informações suficientes para que ele
conheça meus pontos fracos. Pode ser bobo, mas quando ele
me chama assim, ele transforma meu cérebro em suco de aipo.

Se não é assim que se sente a tortura, acho que não


conseguiria suportar. Meu coração já está na palma de sua
mão, seus dedos posicionados em torno dele com tanta
perfeição que o menor aperto é insuportável. Só posso imaginar
o dano que ele poderia causar se quisesse quebrá-lo.

Gosto muito dele. Parte de mim pensa que talvez mamãe


estivesse certa sobre passar um tempo com ele, mas
principalmente não me importo. Pode ser uma péssima ideia
me apaixonar por ele, mas provavelmente vou fazer de
qualquer maneira.

Como se pudesse sentir o quão perto está de vencer a


guerra travada dentro de mim, Hunter estende a mão e coloca
uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. Seu toque é tão
casual, tão aparentemente inofensivo, mas ilumina cada
terminação nervosa acima do meu pescoço e envia um choque
de consciência pela minha espinha.

Calor impregna meu rosto – não de vergonha, mas de algo


completamente diferente. Olho para baixo, não sou mais capaz
de sustentar seu olhar. Sei que este pequeno toque casual
provavelmente não é nada para ele, mas é muito para mim.
Nunca tive um cara tocando meu rosto desse jeito – ou de jeito
nenhum.

Isso me faz pensar como seria se ele me beijasse. Ele


tocaria meu rosto e me puxaria para perto? Seria lento e doce
e tão terno que meu coração explodiria?

Ele solta a mão e dá um passo para trás, deixando-me


aqui com a cabeça nas nuvens.

— Tudo bem, — diz ele, a leveza de seu tom


retransmitindo que ele vai me deixar fora do gancho – por
enquanto, pelo menos. — Acho que vamos ver um filme outra
hora.

Olho para cima apenas o tempo suficiente para pegar seu


olhar, mas então Mark chama por ele. Hunter precisa voltar
para seu reino, ele me poupa um último sorrisinho encantador,
então ele passa por mim e volta para seus amigos.

Estou me sentindo um pouco flutuando, meu coração tão


leve em meu peito, que estou surpresa por ele não me erguer
do chão. Um pequeno sorriso brinca em meus lábios – pelo
menos, até eu olhar para cima.

Valerie está parada a poucos metros de distância, os pés


cimentados no chão. Posso ver pelo olhar em seu rosto que ela
acabou de testemunhar Hunter me tocando, e se olhos azuis
pudessem matar, os dela estariam me assando viva.

— Huh. Acho que não serei capaz de espremer todo o lixo


de Hunter naquele minúsculo recipiente, — diz ela, seus olhos
se movendo para cima e para baixo no meu corpo com a nitidez
de uma lâmina.

Já que ela quer tanto me cortar, ofereço a ela um pequeno


sorriso para mostrar a ela que estou ilesa. — Aw, não se sinta
mal. Continue comendo essas saladas e tenho certeza que,
eventualmente, você vai caber.

Leva um momento para minha farpa pousar, mas quando


ela entende, seus olhos se estreitam e ela me encara. —
Cuidado, Riles. Você não quer fazer de mim uma inimiga.

Não me incomodo em dizer de volta. — Não tenho medo


de você.

— Você deveria ter, — ela afirma.

— Por quê? — Desafio, inclinando minha cabeça. — O


que exatamente você vai fazer comigo?

Seus olhos se estreitam ainda mais, mas ela não parece


ter uma resposta para mim.

Eu diria que ela está latindo e sem mordidas, mas ela não
está – o isolamento social de Sara é prova disso. Mas é isso –
Valerie reina sobre um reino com o qual não me importo. Ela
poderia me reduzir socialmente... mas já estou na Sibéria
social com Sara. Hunter é a única pessoa socialmente
relevante que me dá atenção, e ela não pode tirá-lo de mim.
Por mais que ela obviamente gostaria, ela não tem esse poder.
Ela não pode fazer nada comigo, e posso vê-la fervendo ao
perceber isso.

Finalmente, ela diz: — Fique longe de Hunter.

Não sei por que ela pensa que é minha chefe, mas tenho
grande prazer em dizer a ela: — Não.

Seus olhos se arregalam ligeiramente como se ela nunca


tivesse ouvido essa palavra antes em sua vida, mas não espero
por uma resposta. Pego minhas sacolas e vou procurar Sara
para que eu possa dizer a ela que minha mãe está a caminho.
Já que sair com os amigos dele não foi muito bom, não
tenho certeza do que esperar quando voltar para a escola na
segunda-feira. Durante toda a manhã, enquanto me arrumo,
penso em Hunter. Não quero me decepcionar, então digo a mim
mesma que provavelmente nem teremos a chance de conversar
hoje. E tudo bem. Meu relacionamento com Hunter não é uma
questão de status para mim, não me importo se não for vista
falando com ele.

Com minhas expectativas ajustadas, me preparo para


começar meu dia. Mamãe pode me dar uma carona para a
escola no caminho para o trabalho, mas terei que ir para casa
a pé. Isso está perfeitamente bem para mim. Espero encontrar
Hunter.

Mamãe está franzindo a testa levemente enquanto espera


na porta, as chaves na mão. — Ei, essa é uma jaqueta estilosa.
De onde veio?

— Meu gênio.

— Ah. O que falei sobre desejar roupas? Sonhe maior,


garota.
Dou-lhe um sorriso e sigo para a porta, ajustando a alça
da minha mochila sobre um ombro enquanto me dirijo para o
carro.

Mamãe trava atrás de mim e me segue para fora. — Sério.


Onde você conseguiu a jaqueta?

Suspiro, caminhando até a porta do passageiro e a


abrindo. Eu não deveria ter usado a jaqueta. Quando cheguei
em casa do shopping, mamãe pediu para ver o que comprei –
não para me checar, ela só gosta de fazer compras e ficou
animada para ver o que consegui nas promoções incríveis que
mencionei para explicar como tive sacos cheios de coisas
quando ela me mandou para a loja com apenas $ 20. Consegui
evitar mostrá-la e esperava que ela simplesmente não notasse
quando comecei a salpicar os itens que Venus comprou para
mim em meu guarda-roupa normal.

A jaqueta é muito óbvia, no entanto.

— Não me lembro em que loja era, — digo a ela,


empurrando minha mochila no espaço entre as minhas pernas
no assoalho. — Não está muito quente, mas está um pouco frio
hoje, então achei melhor usá-la.

Ela ainda está carrancuda, olhando para mim enquanto


se senta no banco do passageiro. — Você conseguiu colocar
isso e algo mais na outra bolsa? E você comprou comida? Você
realmente tem um gênio? Em caso afirmativo, você pode passar
a lâmpada para mim quando terminar com ele?
— Não paguei pela minha comida, — explico. — Eu ia,
mas... — A perspectiva de mencionar seu nome me faz
tropeçar, e paro sem jeito antes de admitir, — Hunter pagou
meu jantar. Ele estava na fila à minha frente e comeu a mesma
coisa, então ele apenas... pagou pelos dois pedidos.

Mamãe fica com aquela expressão no rosto como se eu


estivesse falando sobre uma festa do chá com o anticristo
novamente. — Ah. Bom e velho Hunter.

— Eu realmente não entendo o que você tem contra ele,


— digo a ela enquanto coloco meu cinto de segurança. — Eu
gostaria que você desse uma chance a ele. Eu honestamente
acredito que você gostaria dele se o fizesse.

—Não vou lhe dar uma chance.

— Você o odeia sem motivo, — declaro, levantando uma


sobrancelha para ela.

— Não o odeio. Você está colocando palavras na minha


boca, — ela diz, olhando pelo espelho retrovisor, olhando por
cima do ombro enquanto ela sai da garagem. — Só acho que
você é muito jovem para um Caçador, isso é tudo. Eu estava
preparada para isso começar em alguns anos – encomendei as
plantas da torre que vou construir no quintal e tudo mais. Mas
agora aqui está você, gostando de um menino antes de eu estar
pronta. É tão rude.

Abro um sorriso. — Uma torre, hein?


— O tijolo e a argamassa já estão guardados na garagem.
Fiz um bom negócio comprando a granel.

— Acho melhor começar a deixar meu cabelo crescer,


então, — digo a ela.

— Não. Isso não vai funcionar. Vou cortar seu cabelo a


cada seis semanas para garantir que nenhum garoto estúpido
possa escalá-lo e frustrar meu pensamento astuto. — Ela bate
na têmpora. — Vê? Já pensei em tudo.

Balanço minha cabeça para ela, voltando minha atenção


para olhar pela janela. Ainda acho que ela está sendo fechada
sobre Hunter, mas estou feliz que não estamos brigando por
ele desta vez. Minha mãe sempre foi minha rocha, e não há
nada pior do que brigar com ela.

Depois de um longo dia sem ver Hunter, finalmente o


localizei no refeitório. Ele não está olhando na minha direção e
não temos a chance de conversar, mas eu simplesmente gosto
de estar perto dele. Sara fala muito sobre ir ao shopping com
eles neste fim de semana e, embora Wally também não tenha
prestado atenção nela, ela não desanima.
Saímos para o intervalo e Sara faz uma pausa de sua
conversa sobre Wally para admirar meu novo casaco. Eu disse
a minha mãe que era couro sintético, mas é real – preto e corte
fino. Sinto-me muito bonita com ele, e isso me lembra do que
a mãe de Hunter disse sobre maquiagem. Ainda não usei
nenhuma das coisas que ela comprou para mim. Passei um
pouco de hidratante depois do banho esta manhã, mas achei
que minha mãe notaria se eu colocasse rímel.

Nosso intervalo pós-almoço passa rapidamente e então


voltamos para a aula. O resto do dia escolar se arrasta e,
finalmente, é hora de ir para casa. Procuro por Hunter
enquanto estou caminhando em direção à floresta, mas não o
vejo.

Estou um pouco além da ponte quando meu telefone


vibra no bolso. Quando retiro, vejo uma mensagem de um
número desconhecido na tela.

O que você fará esta noite?

Franzo o cenho para a tela e digito de volta: Quem é


você?

Quase posso sentir a impaciência casual na resposta.


Quem você acha que é?

Alguém que está prestes a ser bloqueado? Atiro de


volta.

Você gosta de mim, então isso seria lamentável. Que


tal eu te dar pistas?
Que tal você me dizer quem lhe deu meu número?

Foi Sara, ele responde.

Um sorriso divide meu rosto. Hunter.

Droga, você acertou isso rápido.

Aquele rato sujo, dando meu número para cara


duvidoso.

Certo? ele atira de volta. Não se preocupe, eu disse a


ela para não distribuir a nenhum outro cara duvidoso,
então sou o único com quem você tem que se preocupar.

Cada passo que dou parece um pouco mais leve agora


que estou mandando uma mensagem para ele.

De volta à minha pergunta original, ele digita. O que


você fará esta noite?

Dever de casa e assistir filmes com minha mãe,


respondo. E você?

Muito ruim. Você não pode dispensar sua mãe?

Não? Rapidamente acrescento: Por que, você teve outra


ideia?

Você me deve um filme, afirma.

Oh, devo? Pergunto, mal conseguindo conter meu prazer


por ele querer ir ao cinema comigo.
Sim. Minha mãe vai sair com o idiota esta noite, então
pensei que talvez pudéssemos pegar um pouco de comida
e ver um filme.

Eu iria consideraria dispensar minha mãe por isso, mas


tenho 90% de certeza de que ela não aceitará. O problema com
esse plano é que se eu contasse a minha mãe sobre isso,
ela insistiria em dizer que parece um encontro.

Soaria como um encontro porque seria um encontro,


ele me informa.

Meu coração quase dispara para fora do meu peito. Paro


de andar no meio do caminho de terra e mal luto contra a
vontade de gritar para que eu possa digitar de volta, mas meus
dedos estão tremendo de excitação. O problema é que minha
mãe não me deixa namorar. Ela acha que sou muito jovem.

Entendo, ele responde. Bem, nesse caso,


definitivamente não é um encontro. Diga a ela que sou um
idiota e que você precisa me ajudar a estudar. Diga a ela
que estaremos na minha casa.

Mentir para minha mãe?

Você está me matando, Bishop. Precisamos encontrar


uma maneira de tirar essa auréola da sua cabeça.

Não tenho auréola na cabeça, mas não consigo mentir


para a minha mãe. Já contei a verdade o suficiente depois
daquela maratona de compras que sua mãe me contratou.
Ok, novo plano, ele diz. A que horas sua mãe costuma
ir para a cama? Talvez você possa fugir e podemos assistir
a um filme em minha casa. Minha mãe não vai se importar
que horas sejam. Nós saímos em planos distintos com mais
frequência do que nunca, então não vamos manter
ninguém acordado.

Não posso sair furtivamente da minha casa!

Não com essa atitude, você não pode, ele retruca. Não
é tecnicamente mentir. Quais são as chances de ela
perguntar a você o que você fez esta noite depois que vocês
duas forem para a cama? Vê? Isso pode funcionar.

Você é uma má influência, digo a ele, apesar de sorrir


tanto que meu rosto está começando a doer. Vou bloquear
você apenas por ser um desviante.

Faça isso, eu vou apenas aparecer na sua casa. Sua


mãe ficará muito feliz então.

Bufo de tanto rir, sorrindo para o meu telefone enquanto


mando uma mensagem de volta. Você não ousaria.

Tente-me.

Ele provavelmente iria, então respondo: Tudo bem, vou


recuar desta vez. Quero que minha mãe goste de você, e se
você aparecesse na minha porta porque bloqueei seu
número, ela definitivamente pensaria que você é um
psicopata.
Então, quando nos encontrarmos, NÃO DEVO contar
a ela sobre meu hobby noturno de espiar pela janela do seu
quarto. Entendi.

Creep17, respondo.

Seu Creep, ele manda de volta.

Quase deixo cair meu telefone. Meu coração dispara.


Quero responder para que ele não pense que me assustou, mas
não sei o que dizer. Estou exultante – definitivamente não
assustada.

Felizmente, Hunter tem autoconfiança suficiente para


não duvidar do meu interesse apenas porque me deixou
momentaneamente sem fala.

Filme. Você. Eu. Esta noite. Como vamos fazer isso?

Não tenho ideia, mas embora eu possa ter começado esta


conversa pensando que um filme definitivamente não estava
nas cartas para nós esta noite, agora eu o quero mais que o ar.

Hunter chamou a sim mesmo de meu.

Talvez ele estivesse brincando, mas mesmo se estivesse...


você não pode simplesmente contar uma piada como essa se
você não estiver realmente interessado em alguém, certo?

Deixe-me falar com minha mãe quando eu chegar em


casa e descobrir, respondo, finalmente quebrando meu

17 Medonho, esquisito, nojento.


silêncio. Vou mandar uma mensagem em breve com uma
resposta melhor.

Estou esperando um ‘sim’, então suponha que vou


falar com você sobre todas as suas desculpas até você estar
lá.

Reviro meus olhos com indulgência, mesmo que ele não


possa me ver. Já estou procurando uma maneira de te dar
um sim, não se preocupe.

É isso que gosto de ouvir, ele responde.

Suspiro de prazer, deslizando meu telefone de volta no


bolso e retomo minha caminhada para casa. Tudo o que
aconteceu me deixou tão desequilibrada, mas da melhor
maneira possível. Fiquei chocada que Hunter tenha meu
número de telefone e ele abriu a porta para poder falar com ele
sempre que eu quisesse, mas me convidar para um encontro e
depois conversar como se já estivéssemos juntos? Posso não
ser um anjo, mas definitivamente estou no céu.

Minha mente corre com cenários possíveis enquanto


caminho para casa. Primeiro, examino todos os que não
envolvem mentir para minha mãe, mas nenhum deles termina
em um encontro furtivo com Hunter esta noite. Não concordo
com ele que um engano premeditado que não exige mentir
verbalmente é menos sombrio do que mentir abertamente, mas
já sei a posição de minha mãe sobre eu namorar, e sei que isso
não mudará para Hunter, pois ela já decidiu que não gosta.
Vou encontrar uma maneira de contornar isso com o tempo,
mas não sou uma ‘fazedora’ de milagres; não posso fazer isso
esta noite.

Se eu quiser vê-lo esta noite, terei que ser sorrateira.

Esse sentimento torturante ameaça inundar meu


estômago com culpa só de pensar nisso, mas empurro a culpa
e substituo por excitação. A regra arbitrária da mamãe sobre
eu não namorar ainda não é razoável, então é realmente tão
ruim encontrar uma maneira de contornar uma regra injusta?
Gosto de Hunter e ele gosta de mim. Não importa quantos anos
temos.

Quando mamãe chega em casa, tenho um plano. Já liguei


para Sara e a avisei, então ela será meu álibi no caso de minha
mãe ligar para verificar, mas vou dizer a mamãe que Sara quer
sair. Sara não mora longe, então provavelmente vai me deixar
andar até lá, mas mesmo que ela não morasse, tenho um plano
alternativo. Vou entrar e fingir que vou ficar, mas muito
rapidamente terei uma dor de estômago ou dor de cabeça ou
algum tipo de dor e decidirei voltar para casa. Vou insistir em
andar – o ar fresco vai ajudar na minha doença – e, em vez de
andar para a minha casa, vou passar direto por ela, atravessar
a floresta e encontrar Hunter em sua casa.

Tenho quase certeza de que funcionará, contanto que eu


não quebre sob pressão, mas assim que ouço minha mãe
estacionar na garagem, meu estômago começa a treinar a
ginástica para as Olimpíadas de inverno.
Como estou ansiosa, fico inquieta quando mamãe entra.
Ela joga as chaves na bolsa e a joga na mesa logo depois da
porta, depois vai até o sofá, se joga dramaticamente e se
esparrama no chão.

— Estou exausta. Ser adulto é terrível.

Abro um sorriso. — Longo dia?

— Literalmente, todo mundo com quem trabalho tomou


pílulas estúpidas hoje – e não a dose normal, também. Estas
eram pílulas estúpidas de força extra.

Ando ao redor do sofá e me sento muito menos dramático


ao lado dela. — Sinto muito.

— Preciso de uma infusão de alegria – e um chef pessoal,


porque a mamãe não vai cozinhar esta noite. — Ela suspira,
afundando ainda mais no sofá. — Por que não casei com um
rico e me tornei uma esposa troféu?

— Você é muito exigente, — aponto. — As esposas troféus


podem ter contas bancárias cheias de dinheiro para brincar,
mas geralmente não podem ser tão seletivas quanto você.

— Isso é verdade. Meus malditos padrões!

Fico um pouco menos confortável sabendo que estou


prestes a mentir, mas não mantenho meu olhar desviado por
muito tempo para que ela não suspeite. — Bem, nesse caso,
tenho boas notícias.
— Você aprendeu a cozinhar enquanto eu estava no
trabalho hoje?

— Não, mas você não tem que me alimentar, afinal. Sara


perguntou se eu poderia ir. Sei que deveríamos sair e assistir
TV esta noite, mas tenho um teste de ciências chegando para
o qual não estou super pronta. Já que Sara é tão boa em
ciências, eu esperava que estaria tudo bem para você se eu for
até ela para que ela possa me ajudar a estudar.

— Aw, meu. Eu estava ansiosa para me entupir de filmes


ruins com você.

— Eu sei, eu também, — digo, e é sério. Meu estômago dá


tantos nós que começo a duvidar reflexivamente da minha
decisão.

Reviso mentalmente os textos lúdicos de Hunter para


renovar minha dedicação à minha causa. Quero sair com ele.
Talvez mamãe pense que sou muito jovem, mas não acho, e
não é a vida dela.

— Mas a escola vem primeiro, — mamãe diz, balançando


a cabeça e nem mesmo questionando nossa mudança de
planos. E por que ela iria? Ela sempre foi capaz de confiar em
mim antes.

Antes de Hunter.

Meu humor ameaça afundar novamente, as dúvidas


sobre ela estar certa lutando para a superfície, mas as empurro
para baixo.
— Então, posso ir?

— Sim. Agora não tenho que ser um adulto responsável e


fazer o jantar, posso apenas ter uma tigela de cereal com meu
pijama. A que horas você precisa que eu leve você para que eu
possa me preparar mentalmente para levantar novamente?

Balanço minha cabeça. — Legal, vou mandar uma


mensagem para ela e ver a que horas ela quer que eu vá. Você
não tem que me levar. Vou apenas caminhar até lá.

— Tem certeza disso?

Aceno, me levantando e voltando para a cozinha. Preciso


de privacidade para enviar uma mensagem de texto a Hunter
porque tenho a sensação de que é só dar uma olhada no meu
rosto e minha mãe saberia que não é Sara com quem estou
falando.

O 'sim' está garantido. Repito, o 'sim' está garantido,


mando uma mensagem para ele. A que horas/onde devemos
nos encontrar?

Meu coração bate forte enquanto olho para a tela e espero


que ele leia minha mensagem e responda. Leva apenas alguns
batimentos cardíacos, então ele responde, Eu sabia que você
poderia ser tortuosa (um emoji piscando.)

Não diga isso, vou desistir, brinco.

Vamos nos encontrar na ponte, depois vamos


caminhar até o cinema.
Minha testa franze em leve confusão. Achei que íamos
assistir a um filme em sua casa?

Podemos se você quiser. Achei que você ficaria mais


confortável saindo.

Mais confortável? Questiono.

Você, eu, sozinhos em minha casa. Está escuro. O


filme provavelmente é assustador... talvez você devesse
chegar um pouco mais perto.

Meus olhos se arregalam e digito de volta. — Cinema –


boa escolha. Que horas?

As 19h?

Dou uma olhada no relógio pendurado na parede da


cozinha. Funciona para mim. Mas não teremos tempo para
comer primeiro. Não tenho toque de recolher, mas disse à
minha mãe que estou estudando na Sara, então tenho que
estar em casa antes das dez.

Não é ideal, mas factível. Podemos comprar


cachorros-quentes e nachos no cinema, retruca. Da
próxima vez que marcarmos um encontro secreto,
devemos começar a planejar mais cedo para ter mais
tempo.

Próxima vez. Nem tivemos um primeiro encontro ainda e


ele já está assumindo que haverá um segundo. Quero jogar
com calma e flertar sobre o quão arrogante ele é para assumir
que vou mesmo sair com ele de novo, mas estou muito
animada.

Sinto-me flutuando novamente enquanto vou para o meu


quarto para me preparar para o meu primeiro encontro. Odeio
que minha mãe não saiba disso, no entanto. Sempre a imaginei
sentada na minha cama me ajudando a escolher uma roupa
na noite do meu primeiro encontro. Como Hunter apontou, não
estou muito na moda, então me sentiria um pouco mais
confiante com sua opinião.

É assim que tem que ser por enquanto. Depois que ela
conhecer Hunter, talvez ela se incline sobre as regras de não
namoro. Podemos ter um primeiro encontro de recomeço para
o qual ela pode me ajudar a me preparar.

Ainda não será o mesmo. Vai ser apenas mais uma


mentira que tenho que contar para estar com Hunter.

Por um momento, essa realidade me deixa exausta, mas


a empurro para longe e continuo me preparando. Mantenho
isso casual com a legging preta que a mãe de Hunter comprou
para mim e uma das blusas. Examino-me no espelho, alisando
meu cabelo e franzindo a testa. Não gosto do meu cabelo, então
eu o coloco em um rabo de cavalo alto, e cuidadosamente puxo
algumas mechas de cada lado do meu rosto.

Estou satisfeita com minha aparência, mas acho que


poderia fazer um pouco melhor.
Olho para a porta do meu armário. A bolsa que estava
comigo no shopping está pendurada lá, então a pego,
procurando o tubo de rímel que a mãe de Hunter me comprou.
Depois de localizá-lo, volto ao espelho e aplico uma camada
com cuidado.

Sorrio para o meu reflexo, imaginando vários cenários


diferentes de Hunter reagindo ao me ver. Eles seria todos bons,
e estou tão feliz por poder voar em uma nuvem até a ponte.

Quando estou pronta, coloco minha jaqueta nova e


estilosa, completando o visual, e saio pela porta.

Estou cheio de energia nervosa nos primeiros dois


minutos da minha caminhada. Perco-me em devaneios depois
disso. Penso em qual filme vamos ver, mas nem me importo
com isso. São as pequenas coisas. Ele vai segurar minha mão?
Ele vai me dar um abraço apertado e demorado no final, antes
de eu ir para casa? Ele vai me beijar?

Minha imaginação está cheia de possibilidades.

Saí alguns minutos mais cedo, então chego à ponte


alguns minutos mais cedo também. Estou bem a tempo de ver
o pôr do sol por entre as árvores. Sento-me na ponte e balanço
meus pés sobre a borda como Hunter fez no primeiro dia em
que conversamos.

Eu nunca teria imaginado naquele dia que algo viria


disso, muito menos isso.
Sentada aqui na floresta e esperando Hunter aparecer
para nosso encontro secreto, não posso deixar de sorrir ao
imaginar sua resposta quando ele chegar aqui, e eu comparo
a Gale e Katniss escapando para caçar na floresta.

Sei que ele vai se divertir. Tenho certeza que ele vai me
chamar de idiota. Ele pode até enfraquecer meus joelhos e me
chamar de Catnip novamente antes de se abaixar e pegar
minha mão.

Acho que nunca sei exatamente o que Hunter vai fazer,


mas cara, mal posso esperar para descobrir.
Não deveria chover esta noite. Pelo menos, não achei que
fosse. Mas aqui estou eu sentada na passarela com os pés
pendurados na beirada, observando as gotas de chuva
atingirem a água abaixo.

Estou encharcada. Quando a chuva começou, eu estava


preocupada com coisas idiotas – ia ensopar meu cabelo e fazer
meu rímel escorrer pelo meu rosto como acontece nos filmes.
Tirei meu casaco e o segurei sobre a cabeça por um tempo para
tentar proteger minha aparência, mas eventualmente desisti.

Isso foi há meia hora. Meus braços se cansaram. Meu


coração também.

Hunter não apareceu.

Coloquei meu casaco de volta, não me importando mais


se a chuva estragasse meu cabelo ou fizesse minha maquiagem
escorrer. Não sei quantas vezes posso enviar uma mensagem
para ele sem parecer louca. Fui com três. Uma mensagem para
cada meia hora que passo sentada nesta ponte como uma
idiota, esperando por um cara que não estava a caminho.

Pensei em ir a pé até a casa dele algumas vezes. Não é


como se fosse longe. Na primeira vez, disse a mim mesma para
ser paciente. Se eu fosse até a casa dele, e se ele viesse por
outro caminho e chegasse à ponte enquanto eu estivesse fora?
E se o telefone dele tivesse morrido e ele não pudesse me enviar
uma mensagem para me avisar que estava atrasado?

Na segunda vez, fui mais teimosa. Não estou indo para a


casa dele para lembrá-lo de que ele deveria ter um encontro
comigo. Se ele se ocupou e esqueceu, então foda-se. Se for mais
do que isso... nem sei.

Como se o tempo estivesse acompanhando meu humor, a


chuva começa a cair com mais força. Está descendo com tanta
força que dói um pouco quando atinge meu rosto, então
finalmente me levanto do chão, coloco a alça da bolsa no ombro
e me viro.

Mesmo que não haja razão para ele estar, não há razão
para ele ficar lá sem dizer nada e me torturar, meu coração tolo
espera que ele esteja lá, tão molhado quanto eu, olhando para
mim.

Ele não está.

Tão leve quanto me sentia antes, agora parece que estou


carregando o peso do mundo enquanto caminho pelo caminho
lamacento de volta à minha estrada.

Não acredito que ele não apareceu. Não entendo.

Em algum lugar ao longo da caminhada, a chuva e


minhas lágrimas começam a se misturar. Agradeço o mau
tempo quando abro a porta da frente e entro, ensopada. Estou
uma bagunça, mas pelo menos mamãe não vai conseguir
perceber que estou chorando.

A TV está ligada e mamãe está sentada no sofá, curtindo


nossa noite sem mim. As lágrimas ameaçam cair novamente,
mas eu as seguro enquanto ela se vira para me cumprimentar.

Seus olhos se arregalam de horror repentino ao me ver.


— Oh meu Deus, Riley! Querida, por que você não me ligou? É
uma chuva torrencial lá fora. Você não deveria ter voltado para
casa com isso.

Tiro meu casaco, segurando-o sobre o tapete do lado de


dentro da porta para que não pingue no piso de madeira. —
Não percebi o quão ruim estava, então, quando comecei a
andar, percebi que já estava molhada, não havia porque voltar
atrás.

Levantando-se do sofá e girando em torno dela, ela


repreende: — Você vai pegar uma pneumonia. O que você está
pensando?

Ela corre para o armário do corredor e volta com toalhas.


Imediatamente, ela coloca uma sobre meus ombros e começa
a me secar com a outra. A emoção brota dentro de mim. Sei
que deveríamos apenas sentar no sofá e assistir a filmes
estúpidos, mas eu teria preferido isso do que sentar sozinha
em uma ponte na chuva e ter meu coração partido.

Talvez seja isso que ganho por mentir, me esgueirar e


fazer algo que sabia que não tinha permissão para fazer.
Engolindo o nó na garganta, olho para ela e ofereço um
vacilante, — Sinto muito, mãe.

Seus olhos se arregalam em alarme, então suavizam com


preocupação. — Oh querida. — Ela envolve seus braços em
volta de mim, embora eu esteja encharcada. — Você não
precisa se desculpar, garota boba, só não quero que você fique
doente.

Sei que ela não sabe do que sinto muito, mas sei e preciso
de um abraço de qualquer maneira, então a envolvo em meus
braços e dou-lhe um grande e molhado abraço. — Agora
também sinto muito por molhar você toda.

— Venha aqui, — diz ela, puxando-me para perto e


colocando minha cabeça em seu ombro.

— Realmente sinto muito.

Ela se agarra a mim por um tempo, murmurando


palavras sem sentido reconfortantes enquanto sento. Uma vez
que estou calma e não estou mais uma bagunça emocional, ela
me diz para vestir algo seco enquanto ela coloca uma pipoca
no micro-ondas.

Sinto-me pior por mentir para ela para fugir com Hunter,
mas muito melhor com a perspectiva de salvar o que restou de
nossa noite de cinema ruim. Enxugo-me no banheiro e tiro
minhas roupas encharcadas, então coloco um short de pijama
de flanela azul e um top branco. Tiro meu cabelo do rabo de
cavalo do ninho de rato em que ele se transformou e escovo os
nós, depois lavo o rosto, mas o rímel não quer sair
completamente.

Entrei em pânico, percebendo que minha mãe


provavelmente notou o rímel quando entrei. Talvez ela não
tenha visto, já que eu estava uma bagunça emocional. Talvez
ela estivesse distraída.

Lavo meu rosto duas vezes até que finalmente tiro todo o
rímel, então quando meu rosto está fresco e nu, coloco meu
cabelo de volta para cima e volto para a sala para a noite de
cinema.

Já que molhei mamãe, ela teve que se trocar também. Ela


está sentada no sofá com uma camiseta rosa e calças de pijama
com estampa de leopardo. Ela se anima quando me vê entrar.

— Preparada?

Jogo-me no sofá ao lado dela e estendo a mão para pegar


um punhado de pipoca. Já que planejava comer no cinema
com Hunter, estou faminta. — Nasci pronta, — digo a ela.

Mamãe sorri, pega o controle remoto e recomeça o filme


do início para que eu não perca nada.
Quando nossa minimaratona de filmes ruins chega ao
fim, é hora de ir para a cama. Normalmente mamãe não iria
acompanhar-me ao meu quarto, já que não sou mais uma
criança, mas esta noite ela vai. Ela fica parada na porta
enquanto verifico minha mochila para ter certeza de que tudo
que preciso para a escola amanhã está lá dentro. A visão da
minha mochila me deixa um pouco triste.

Hunter nunca me respondeu. Apesar de me sentir


péssima por fazer isso, mandei uma mensagem para ele mais
uma vez depois que cheguei em casa para avisá-lo que desisti
de esperá-lo e fui para casa, mas se ele leu uma das minhas
mensagens, certamente não posso dizer.

Meu estômago dói quando penso nisso. Tenho medo de ir


para a cama porque sei que não vou dormir direito. Vou ficar
ali me torturando com meus pensamentos. Eles começaram a
se infiltrar mesmo enquanto assistíamos ao filme, mas sozinha
no escuro, tentando adormecer? A tortura é inevitável.

Suspiro e fecho minha mochila, então me viro para olhar


para minha mãe. Ela ainda está na porta, um sorrisinho
engraçado no rosto – quase triste – enquanto olha para minha
mochila.

— Você sabe o que eu estava pensando antes? — Ela


pergunta, seu olhar ainda fixo na minha mochila escolar.

— O quê?
Ela muda seu olhar para mim, colocando um pouco mais
de esforço em seu sorriso, mas não parece menos triste. — Se
você fosse para a casa de Sara estudar para a prova de
ciências... por que não levou um dos seus livros escolares?

Meu coração afunda tanto que praticamente sai do meu


corpo. — O quê?

Braços cruzados, ela encolhe os ombros. — Realmente


não faz sentido, faz? Além disso, por que você colocaria
maquiagem apenas para estudar com Sara?

Oh droga.

Ela sabe.

Claro que ela sabe.

Sou tão estúpida. Não posso acreditar que pensei que


poderia escapar impune.

Engolindo o nó de vergonha e tristeza bloqueando minha


garganta, desvio meu olhar para baixo. — Estraguei. Sinto
muito.

— Hunter? — Ela pergunta com conhecimento de causa.

Aceno com a cabeça, sentindo uma picada atrás dos


meus olhos, mas luto contra isso. — Ele me disse que queria
ver um filme, mas eu sabia que você diria não porque soaria
muito como um encontro. Eu não queria mentir para você, —
acrescento, olhando para ela. — Eu realmente não fiz. Odiei
isso.
Espero que ela fique brava – eu meio que gostaria que ela
ficasse brava, porque é muito pior que ela pareça triste em vez
disso. Depois de um minuto, ela diz: — Cara. Eu não estava
pronta para começar ainda.

Balanço minha cabeça, olhando para baixo novamente.


— Não acho que você terá que se preocupar com isso. Ele não
apareceu.

Agora ela franze a testa para mim. — O quê?

— Deveríamos nos encontrar e caminhar até o cinema


juntos, mas ele... ele não veio. Literalmente passei o tempo
todo esperando e choveu. — Minha voz vacila no final quando
começo a reviver a decepção e o constrangimento em minha
cabeça.

Mamãe engasga, sua tristeza se transformando em raiva


agora, e ela corre para o meu quarto para me dar um abraço.
— Oh querida. Seu primeiro encontro te deu um bolo?

— Não sei porque, — digo, abraçando-a de volta. — Quer


dizer, realmente pensei que ele gostava de mim. Sei que não
sou o tipo de garota com quem ele costuma sair, mas...

— Você é incrível e qualquer um que não concorde pode


lutar comigo, — afirma.

Abro um sorriso, apertando-a um pouco mais forte. —


Estou apenas triste. Vou superar isso.
Ela suspira, esfregando minhas costas. — Você deveria
ter me contado. Poderíamos ter conversado em vez de assistir
a filmes terríveis.

— Eu não queria que você soubesse. Senti-me tão


estúpida, especialmente depois que brigamos por ele. E
realmente não faz sentido. Talvez haja alguma explicação.
Talvez ele tenha se encrencado e sua mãe o colocou de castigo
ou algo assim. Talvez ela tenha pegado o telefone dele para que
ele não pudesse me enviar uma mensagem e me avisar que não
viria. Pode haver uma desculpa razoável...

Mamãe agarra meus ombros e me puxa de volta, fazendo


uma careta. — Ou... querida... ele poderia ser apenas um
idiota. Você sabe que meus sentidos de 'esse garoto é um idiota'
têm disparado desde que você o conheceu. Sei que é mais
doloroso, mas pode ser hora de considerar que talvez eu esteja
certa sobre ele.

Engulo, sabendo que ela pode estar certa, mas quero


desesperadamente que ela esteja errada.

Especialmente porque o único cenário que consigo


imaginar em que ela está certa é realmente cruel, e isso me faz
sentir muito estúpida.

Nos momentos mais sombrios enquanto eu me sentava


naquela ponte idiota e esperava por ele, enquanto me sentava
no sofá depois e tentava me concentrar no filme, meus
pensamentos derivaram para o que poderia explicar por que
Hunter faria isso comigo, uma ideia mais sombria me ocorreu.
E se eu estiver vendo o lado dele de que ouvi falar, mas
me considero a salvo? E se Hunter estiver brincando comigo o
tempo todo? E se ele estivesse fazendo parecer que gostava de
mim, me atraindo e me fazendo gostar dele, apenas para que
pudesse me humilhar?

E se ele faz como Valerie, e pensaram que seria engraçado


fazer-me uma tola absoluta? Nunca pensei que Valerie me
odiasse, mas ela poderia questionar minha posição ao lado de
Sara depois que ela a dispensasse socialmente. Não sei.

Seria tão cruel e desnecessário, mas quantos filmes foram


feitos em que o idiota popular brinca com a garota nerd que ele
nunca notou antes? Talvez isso aconteça. Talvez ele estivesse
brincando com meu coração por crueldade e não por interesse
real. Talvez todas as nossas interações que levaram a este
momento tenham sido apenas construídas. Ele precisava me
fazer concordar em sair com ele; ele precisava me amolecer e
me convencer a quebrar todas as minhas próprias regras para
fugir e vê-lo, então ele me deixou pendurada, e ele e Valerie
estão escondidos em algum lugar juntos rindo sobre isso
agora.

Nesse caso, sim, mamãe estaria certa.

Espero desesperadamente que ela esteja errada.

Espero que ela me deixe de castigo, embora eu nunca


tenha estado de castigo antes.
Acho que ela acha que já sofri o suficiente, porque ao
invés de me punir, ela me dá mais abraços e apoio antes de
finalmente ir para a cama.

Apago as luzes e subo na minha cama. Meu coração dói,


e quanto mais o tempo passa sem nem mesmo uma mensagem
de Hunter, mais minha imaginação trabalha para me
convencer de que fui tocada.

Hunter não me conhecia naquele dia em que nos


conhecemos na ponte. Frequentamos a mesma escola há
muito tempo, mas éramos estranhos. Talvez quando ele
começou tudo isso, ele não se sentiu mal por brincar com
minhas emoções porque era o que Valerie queria, mas agora
que ele realmente me conheceu... talvez ele esteja em conflito?

Mas importa se ele está? Se tudo foi mentira até agora,


então ainda somos estranhos e é melhor assim. Não quero
conhecer alguém que faria algo assim com outra pessoa por
nenhum motivo além de diversão doentia.

Sua própria mãe acha que ele é um valentão. Talvez eu


seja a tola por pensar que ele não é.
Não estou dormindo quando meu quarto fica mais claro
de repente. Olho para a minha mesa de cabeceira, onde
conectei meu celular para carregar. Está tudo aceso e posso
ver uma notificação na tela, mas não consigo dizer o que diz.

Engulo, estendendo a mão para pegá-lo e inclinando a


tela para que eu possa ler. Meu coração cai quando vejo o nome
de Hunter.

Sua mensagem diz simplesmente: Você está acordada?

Você está falando sério?

Não envio nada de volta por um minuto. Um longo minuto


– parece uma eternidade que fico olhando para o telefone, sem
saber o que fazer.

Finalmente, quando não aguento mais, desligo meu


carregador e seguro meu telefone na frente do meu rosto. Você
me deu um bolo, envio de volta.

Eu sei, ele responde, fazendo meu coração cair ainda


mais com a admissão. Sinto muito, acrescenta.

Por que você fez isso? Exijo.

Sua mãe está acordada? Ele manda de volta, em vez de


responder.
Não sei, e isso realmente não importa. Não vou sair
furtivamente para te ver de novo.

Fico olhando para a tela, esperando por uma resposta.


Demora um pouco, mas finalmente percebo que não virá.
Coloco o telefone no meu peito por alguns minutos, dizendo a
mim mesma que ele não vai responder, mas secretamente
esperando que eu esteja errada e meu telefone toque.

Eventualmente, desisto de verdade. Estendo a mão e ligo


meu telefone de volta, então me enrolo de lado e abraço meu
travesseiro. Minha mente está ainda mais preocupada agora,
mas tento clarear meus pensamentos para poder dormir um
pouco.

Estou quase adormecendo quando ouço batidas na


minha janela. No começo, acho que é o clima. A chuva parou,
mas ainda venta. Tenho ouvido rajadas de vento atingindo a
casa, então não é impossível que um galho de árvore possa
estar causando o barulho.

Ouço a batida novamente. Parece decididamente como os


nós dos dedos batendo no vidro, então me sento e dou uma
olhada.

Meu coração para ao ver uma figura em forma humana


parada do lado de fora da minha janela. O pânico é apenas
uma reação automática – sei quem é. Assim que minha
primeira resposta instintiva retrocede, a raiva cresce dentro de
mim. Puxo meus cobertores e saio da cama, indo até a minha
janela para que eu possa abri-la e dar a Hunter Maxwell um
pedaço da minha mente.

Destranco a janela e empurro para cima, significando


ajuda-lo a atravessar através do vidro.

— Você tem muita coragem, — digo a ele assim que abro


a janela.

— Eu sei, — ele diz. — Posso entrar?

— Não.

Ignorando-me, ele agarra o parapeito da janela e começa


a subir de qualquer maneira.

— Com licença. Eu disse... — O resto das minhas


palavras ficam presas na minha garganta enquanto ele
facilmente sobe pela minha janela e se vira para me encarar.

Meus olhos já estão ajustados à escuridão desde que


estou deitada aqui tentando adormecer por trinta milhões de
anos, e de pé bem aqui na frente da minha janela, há luar
suficiente entrando para que eu dê uma boa olhada nele.

— Oh meu Deus, Hunter, o que aconteceu? — Pergunto,


abandonando minha atitude e estendendo a mão timidamente
para tocar seu rosto enquanto freneticamente olho para ele e
percebo que ele está ferido. Seu lábio está aberto e inchado.
Seu olho está começando a inchar e há um corte
assustadoramente próximo à têmpora em sua cabeça.
— Tive uma briga com o idiota, — ele resmunga,
deixando-me tocar seu rosto, embora possa doer. Mantenho
meu toque leve, tentando não causar mais desconforto a ele.

— Fique bem aqui, — digo a ele, apontando para a beira


da minha cama enquanto caminho para a porta. Caminho para
o corredor escuro, verificando para ter certeza de que mamãe
não adormeceu no sofá. Vendo que a barra está limpa,
caminho o mais silenciosamente que posso até a cozinha.
Depois do incidente com o saco de milho, comprei uma
compressa fria de verdade para guardar no freezer, caso isso
acontecesse novamente.

Claro, eu esperava que não.

Pego uma toalha do armário do corredor e a molho com


água morna na pia do banheiro, depois volto para o meu
quarto, meu estômago dá um nó. Hunter ainda está sentado
na beira da minha cama no escuro. Sinto-me péssima por estar
tão brava com ele agora.

Dobro uma das minhas pernas e sento sobre ela,


inclinando-me para frente e silenciosamente limpando seu
ferimento na cabeça com a toalha. Fico mais do que um pouco
alarmada quando o afasto e há uma mancha de sangue.

— Hunter... acho que talvez você precise ir para o


hospital.

— Não preciso ir ao hospital, — diz ele, mais mal-


humorado do que já o ouvi antes.
— Você pode precisar de pontos. Tenho medo de acender
a luz. Não sei se minha mãe está dormindo ou não, e se ela vir
a luz acesa, com certeza entrará.

— Estou bem, — diz ele, empurrando suavemente minha


mão, mas ainda sem olhar para mim. — Eu só – você estava
com raiva de mim e eu precisava explicar por que não apareci
esta noite. Não foi porque eu não queria. Dennis estava em um
de seus humores de merda e ele e minha mãe começaram a
brigar. Ele colocou as mãos sobre ela, então intervi e... a
situação piorou.

— Onde está sua mãe? Ela está segura?

Hunter acena com a cabeça, travando a mandíbula. —


Sim. Parece que eles se uniram com o terror absoluto que
ambos sentiram quando ele bateu minha cabeça contra a pia
com tanta força que perdi a consciência. Não é terror suficiente
para chamar uma ambulância, aparentemente, mas...

Nem consigo respirar. Não tenho ideia do que dizer. Estou


fisicamente doente imaginando a cena que ele acabou de
descrever, mas o terror de saber que sua mãe nem mesmo
pediu ajuda...

Porque ela não queria que seu marido lixo se metesse em


problemas?

Ela o protegeria mesmo ao custo da vida de Hunter?


Porque se ele estava inconsciente, ela não poderia saber que
ele estava bem.
Oh meu Deus.

Lágrimas brotam dos meus olhos novamente esta noite,


mas desta vez, elas são muito piores. Não estou apenas triste
por Hunter, não estou apenas com raiva de sua mãe – estou
com medo por ele. Ela não o está protegendo, e Hunter é
teimoso demais para recuar. Esta é apenas a segunda vez que
sei que seu padrasto abusou, mas se piorasse assim tão
rápido?

Estou tão feliz por ele estar aqui agora. Ainda estou com
medo de que ele não esteja bem e que ele realmente precise ver
um médico e se certificar de que não precisa de pontos ou uma
concussão ou qualquer coisa, mas agora só preciso abraçá-lo,
então o faço. Envolvo meus braços em torno dele e seguro com
força, mas rapidamente afrouxo meu aperto quando ele sibila
como se estivesse com dor.

— Sinto muito, — digo rapidamente, começando a me


afastar.

— Não, — ele diz, colocando a mão nas minhas costas


para me manter lá. — Fique. Vou ficar bem. Estou um pouco
dolorido. Foi uma luta ruim.

— Não é uma briga quando você não tem chance, —


estalo, mas não é com ele que estou brava. — Você tem 14 anos
e ele é um homem adulto. Isso não é uma luta, Hunter, é um
abuso. Ele deveria estar preso.
Ele não diz nada sobre isso, apenas mantém seu braço
em volta de mim enquanto o abraço um pouco mais
gentilmente desta vez.

Solto depois de um minuto, envolvo a compressa fria em


um pano fino e entrego para ele passar no olho. Não dizemos
nada por mais alguns minutos, apenas nos sentamos juntos
em um silêncio amigável.

A dor no meu intestino não vai embora. Quero dizer a ele


que ele não pode voltar para casa esta noite. Quero dizer a ele
que precisamos acordar minha mãe. Quero dizer a ele que sei
que prometi que não diria nada, mas não posso mais cumprir
essa promessa.

E se esta noite tivesse dado um passo adiante? E se seu


padrasto tivesse batido a cabeça contra uma pia e causado
mais do que inconsciência? Eu nunca poderia me perdoar por
manter meu silêncio se algo acontecesse com Hunter. Não é
seu trabalho cobrir as pessoas que não o estão protegendo – é
seu trabalho fazer melhor.

No entanto, não sei onde está a cabeça dele. Acho que


preciso descobrir.

— Ela o expulsou? — Pergunto suavemente.

Hunter não disse uma palavra pelo espaço de alguns


batimentos cardíacos. Sua mandíbula trava e ele olha para
frente. Mesmo no escuro, posso ver a tempestade em seu olhar.
A traição e a dor no coração agitando-se ali, e tenho minha
resposta. Lágrimas brotam dos meus olhos antes que ele diga
uma palavra.

— Nós brigamos por ele antes. Especialmente da última


vez, quando ele me deu o olho roxo. Sei que ela não o fez sair
depois disso, mas pensei... Ela me disse que estava com medo
de deixá-lo. Ele é meio louco e ela estava com medo do que ele
poderia fazer. Além disso, sei que ela tem medo de ficar sozinha
para começar, mas eu disse a ela que poderia protegê-la. Eu
não o deixaria machucá-la.

Quero dizer a ele que não é seu trabalho, mas ele


continua antes mesmo que eu tenha uma chance.

— Acontece que ela estava apenas dando desculpas.


Quando acordei esta noite... perdi o controle. Eu estava puto
pra caralho. Peguei o telefone para ligar para a polícia. Eu nem
precisava ser o único a protegê-la dessa vez. Ele tinha causado
danos o suficiente para que não fosse permitido que ele se
aproximasse de nós depois disso, mas... ela pegou o telefone e
me implorou para não ligar. Não entendi. Sou tão estúpido,
acreditei nela. Eu realmente pensei que ela simplesmente não
iria deixá-lo porque ela estava com medo.

— Isso pode ser parte disso, — digo com cuidado, mas


definitivamente não quero ficar do lado dela. Com uma mãe
como a minha, eu legitimamente não consigo começar a
compreender como seu padrasto não está sentado em uma cela
agora. Se alguém fizer comigo o que o padrasto de Hunter fez
com ele, esse homem pode ser aquele com a cabeça esmagada
contra uma pia porque minha mãe nunca, em um milhão de
anos, aguentaria isso.

Hunter balança a cabeça, olhando para o nada. — Não.


Ela foi finalmente honesta esta noite. Ela se sentou na beira
da minha cama, chorando muito. Não por causa do que ele fez
comigo, mas com a perspectiva de perdê-lo. — Ele faz uma
pausa, inalando lentamente. Não sei se dói respirar
profundamente por causa de seus ferimentos físicos, ou se o
resto do que ele tem a dizer pesa tanto em seu coração.

Então ele responde à minha pergunta e parte meu


coração ao meio, mas não estou brava com isso. Sei que o dele
também está quebrado.

— Ela me disse que o ama muito, — diz ele, com a voz


tensa. Ele faz uma pausa para limpar a garganta e engolir,
olhando para seu colo e balançando a cabeça. — E acho... que
devo ser muito estúpido, porque pensei que ela me amava.

Lágrimas voltaram aos meus olhos e, desta vez,


começaram a cair. Respiro com dificuldade e jogo meus braços
em torno de Hunter novamente, enterrando meu rosto em seu
ombro e segurando firme. Não sou cuidadosa dessa vez. Não
posso ser. Só quero abraçá-lo e nunca deixá-lo ir. Quero mudá-
lo para minha casa e deixar minha mãe cuidar melhor dele do
que sua mãe estúpida faz. Podemos não ter dinheiro, mas o
que temos é muito mais valioso.

— Sinto muito, Hunter, — sussurro.


Sinto-o acenar em reconhecimento, seu aperto em mim
cada vez mais forte.

— Você não merece isso, — digo a ele. — Sua mãe deveria


proteger você. Ela deve amá-lo e mantê-lo seguro. Esse é o seu
trabalho. Se ela não é capaz ou deseja fazer isso, o problema é
com ela, não com você. Por favor, acredite nisso.

— Não importa, — ele resmunga, a voz baixa. Ele ainda


está me segurando, então não tento me afastar.

— É importante, — digo, querendo que minha


discordância seja firme, apesar do conforto que estou
oferecendo. Não tenho ideia do que fazer em uma situação
como essa, mas nunca quero que ele sinta que de alguma
forma é sua culpa. Tento imaginar o que minha mãe diria para
mim em uma posição como essa, mas não consigo nem chegar
lá mentalmente. Quero acordá-la, porque tenho certeza que ela
saberia o que fazer, mas Hunter precisa de mim agora e não
consigo me forçar a deixá-lo.

Ele tira a compressa fria do olho e a coloca no pé da


minha cama. Ele se afasta, então começo a me inclinar para
trás também, mas antes que eu possa, sua mão se move em
direção ao meu rosto. Ele o segura em uma mão, seu toque
enviando tremores de consciência disparando por todo o meu
corpo. Os músculos das minhas pernas ficam tensos, então
uma sensação se agita entre eles e me assusta como o inferno.
Meu rosto esquenta quando Hunter me guia para mais
perto. Meu coração começa a bater forte quando percebo que
ele vai me beijar.

Definitivamente não é como imaginei meu primeiro beijo,


mas enquanto nos sentamos aqui na minha cama no escuro,
Hunter se inclina e escova seus lábios perfeitos contra os
meus. Não importa que seu lábio esteja rachado e
provavelmente sensível; não importa que passei mais tempo
chorando por ele esta noite do que já chorei por qualquer
garoto, e não importa que o beijo seja antes do encontro.
Minhas expectativas foram completamente destruídas e este
momento é muito mais real do que qualquer um que eu poderia
ter sonhado.

Não me sinto nervosa ou constrangida por causa de


minha própria inexperiência. Tenho certeza de que Hunter
provavelmente já beijou outras garotas antes, mas sei que
nenhuma delas poderia se comparar ao que temos.

Ele não aprofunda o beijo, mas mesmo apenas roçando


suavemente seus lábios contra os meus, ele alcança
profundamente e se enraíza dentro de mim. Sinto isso
acontecendo. Minha afeição por ele cresce exponencialmente,
endurece em algo inquebrável. É como se meu coração
soubesse que amá-lo será difícil, que preciso preservar todos
os sentimentos de ternura e proteção que estou
experimentando agora ou nunca conseguiremos.
Guardo tudo na minha memória. Seu toque terno no meu
rosto, seus lábios macios nos meus. Eu estava tão triste há
apenas um momento, mas agora estou tão feliz que poderia
flutuar para longe.

Hunter me empurra de volta na cama, mas parece tão


natural que não hesito em deixá-lo. É uma sensação boa
quando ele sobe em cima de mim, quando ele me pressiona
contra a cama e enterra o rosto no meu pescoço.

Talvez um pouco bom demais. Meus sentidos disparam


enquanto ele beija seu caminho para cima e para baixo no meu
pescoço, minhas terminações nervosas totalmente
enlouquecidas. Meu coração começa a acelerar, minha
respiração vindo um pouco mais rápida e, em seguida, a mão
de Hunter cobre meu seio esquerdo e volto aos meus sentidos.

— Hunter, espere, — digo, empurrando-o levemente.

Ele para, pairando sobre mim e olhando para mim. Ele


não diz nada, mas estou impressionada com o quão bonito ele
está. Tudo nele parece escuro agora. Está muito escuro para
realmente ver em seus olhos, mas posso sentir sua intensidade
quando ele olha para mim. Seu cabelo escuro está
desgrenhado e um pouco longo. Sorrio, estendendo a mão e
enfiando meus dedos nas mechas macias.

Não quero dizer que ele está indo um pouco rápido


demais para mim ou que não estou pronta. Nem sei se ele
estava tentando fazer mais do que me beijar, mas sei o que
estava sentindo. Sei que se eu deixar ele me beijar por muito
mais tempo, não terei a presença de espírito de dizer não se ele
o fizer.

Ele não empurra. Sem dizer uma palavra, ele absorve


minha relutância e a reprime, acomodando-se na ternura, mas
não querendo mais. Ele se inclina para baixo para que nossos
corpos sejam pressionados juntos novamente, mas não sinto a
necessidade que senti um momento atrás. Ele o guardou,
engaiolou para me deixar mais confortável.

Sou grata. Ele pressiona sua testa contra a minha e rouba


mais um beijo doce, então ele se deita na cama ao meu lado.

Cuidadosamente envolvo um braço ao redor de seu torso


e me enrolo perto dele. Nenhum de nós diz uma palavra em voz
alta, mas parece que estamos falando muito.

Nunca me senti tão perto de alguém antes.

— Tudo bem? — Ele finalmente pergunta.

— Sim, — asseguro a ele, descansando minha cabeça em


seu braço. — Mais do que bem.

— Bom.

Ficamos deitados ali juntos por tanto tempo que quase


caio no sono. Quando percebo, me forço a me afastar do calor
acolhedor de seu corpo e me sento na cama.

Não tenho certeza se ele está acordado no início, mas


depois que me sento, ele lentamente se levanta também.
Percebo que ele solta um grunhido fraco e pressiona a mão ao
lado do corpo.

— Você está bem? — Pergunto baixinho.

Hunter acena sem palavras.

Lambo meus lábios, em seguida, mordo o inferior,


incerta. — Existem marcas? Quero dizer, além das que posso
ver.

— Não sei. Provavelmente. Não olhei.

— Talvez devêssemos, — digo a ele.

Ele não diz nada por um momento, então ele se levanta e


puxa seu moletom sem dizer uma palavra. Assisto em leve
alarme quando ele deixa cair seu moletom cinza de luta livre
no chão, em seguida, puxa a camiseta branca que ele estava
vestindo por baixo.

Saio da cama. Em parte, é porque ele está se despindo no


meu quarto, mas também preciso acender a luz se inspecionar
suas feridas.

Nós dois fazemos uma careta com o brilho repentino


quando ligo. Quero desligar, mas o impulso desaparece e o
alarme toma conta de mim quando dou uma boa olhada na
parte superior do corpo de Hunter. Ele não tirou a calça jeans,
mas há vergões vermelhos raivosos por toda a parte superior
de seu corpo. Ele definitivamente terá hematomas.
Meu coração deve estar nos meus olhos quando olho para
ele, porque suas feições escurecem de repente e ele responde:
— Não sinta pena de mim.

— Não estou, — digo rapidamente, balançando minha


cabeça.

— Estou bem, — diz ele, carrancudo.

— Eu sei. Não estou sentindo pena de você, eu só… estou


brava. Estou brava que isso aconteceu. E sim, triste, mas não
é assim.

Hunter suspira e olha para o lado em irritação, então ele


pega sua camiseta. — Ele é um idiota. Odeio aquele idiota.

— Eu também, — asseguro-lhe, observando enquanto ele


começa a vestir a camisa. — Espere. Por que você não me deixa
tirar fotos para ter uma prova? Apenas no caso de você precisar
delas. Tenho um telefone agora, posso tirar fotos e enviar uma
mensagem de texto para você, para que você as tenha. E se
você precisar de alguém para testemunhar em seu nome...

Ele me olha meio cauteloso, mas não diz nada. — Não sei
o que vou fazer ainda, mas lembre-se, Riley, você disse que não
contaria a ninguém.

Eu disse isso. Foi a coisa mais estúpida que já disse, mas


também disse quando as coisas eram menos perigosas do que
agora.
No entanto, não digo isso. Não quero brigar com ele e não
vou conseguir evitar ficar com raiva se ele proteger sua mãe
idiota de novo agora.

Nada precisa ser decidido esta noite, mas quero tirar as


fotos. Amanhã, quando as marcas vermelhas de raiva se
transformarem em hematomas, ele pode aguentar mais se
quiser, mas precisamos iniciar um registro de que esse abuso
está acontecendo. Mesmo que ele se recuse a falar agora, quero
que haja evidências desse ataque para ele usar mais tarde, se
mudar de ideia.

— Você não tem que usá-los agora, — reitero. — Mas acho


que seria inteligente tê-los no caso de você precisar.

Ele sabe que estou certa. Ele não parece feliz com isso,
mas ele deixa cair sua camisa no chão e caminha ao redor da
cama para estar perto de mim novamente. — Tudo bem.

Minhas mãos tremem um pouco enquanto tiro meu


telefone da carga. Abro o aplicativo da câmera e fotografo todas
as marcas na parte superior de seu corpo. São marcas
vermelhas de raiva, impressões digitais literais de onde seu
padrasto o agarrou e o empurrou. Tiro uma foto de seu rosto
e, em seguida, outra foto mais próxima do corte em sua
têmpora.

Minha tristeza é renovada quando termino a sessão de


fotos horrível. Quero chorar de novo, mas não choro desta vez.
Estou tão triste que isso tenha acontecido, triste que sua mãe
tenha deixado acontecer. No entanto, ela sente pelo idiota que
fez isso com ele, ela deveria amar Hunter o suficiente para
colocar um fim nisso. Não quero deixá-lo voltar para sua casa.
Quero mantê-lo aqui e protegê-lo.

Ele pode ver que estou angustiada, então, sem se


preocupar em puxar as camisas de volta, ele se aproxima e
apaga as luzes, então ele se aproxima e para na minha frente.
Ele se abaixa e pega minha mão, entrelaçando nossos dedos
no escuro. — Posso ficar mais um pouco se você quiser.

— Eu quero, — digo a ele, dando um pequeno aperto em


sua mão.

Desta vez ele não me beija, mas ainda subimos na minha


cama juntos. Ainda me enrolo ao lado dele e envolvo meu braço
em volta de sua cintura, só que desta vez está nu.

Estou curiosa sobre seu corpo. Afinal, nunca estive


sozinha com um menino assim. Não quero fazer nada, porém,
então apenas descanso minha cabeça em seu ombro e me
aninho com ele.

Apesar das circunstâncias horríveis, é incrível. Nunca


imaginei que poderia me sentir tão confortável com um cara
em uma situação como essa. Apenas o tecido fino da minha
blusa nos impede de deitar aqui sem roupas entre os nossos
corpos. Mas estou confortável. Sinto que estou bem onde
pertenço.

— Não posso acreditar que estava com raiva de você


antes, — digo a ele, levemente irritada comigo mesma. —
Nunca me passou pela cabeça que algo assim pudesse ter
acontecido com você.

Pelo menos ele parece ligeiramente divertido e não


ofendido. — Eu não esperava que isso acontecesse. Além disso,
ainda te decepcionei. Eu não queria, mas... fiz.

— Bem, sinto muito, — digo a ele, inclinando minha


cabeça para trás para olhar para ele.

— Também sinto.

— Você não tem que sentir, — argumento.

— Nem você.

Sorrio, aconchegando-o perto novamente. — Gosto de


você.

Ele ri. — Também gosto de você.

Fecho meus olhos e aproveito o momento, sabendo que


não pode durar e não sei para onde tudo isso irá. Os obstáculos
que ambos enfrentamos não vão desaparecer com a luz da
manhã só porque nosso vínculo cresceu esta noite. Amanhã
vou acordar com uma mãe que não só se recusa a me deixar
namorar com ele, mas que pensa que ele me deixou esta noite
e que não vai entender – ou acreditar – que ele teve um bom
motivo. Quando terminarmos de nos abraçar aqui na
segurança do meu quarto, Hunter terá que cobrir seus
ferimentos e voltar para sua casa, onde ele não tem a garantia
mais básica de segurança.
Existem grandes questões em jogo aqui, grandes
obstáculos que tornarão isso difícil, mas não me importo com
nada disso agora. Tudo que me importa é a sensação de seus
braços em volta de mim, a batida reconfortante de seu coração.
O conforto que podemos obter um do outro agora, que nos
ajudará a superar tudo isso.
— Que porra é essa?

Entro e saio da consciência conforme o mundo muda


abaixo de mim. Estou grogue, lutando para me separar do
sonho em que estava perdida. Minha subida repentina e
chocante de volta à realidade me deixou momentaneamente
desorientada.

O que está acontecendo?

A voz da minha mãe de novo, mais alta desta vez. — Saia


da minha casa!

— Merda.

Minha mãe gritando não fazia muito sentido, mas meu


sangue gelou ao som da voz de Hunter. Hunter e minha mãe
no mesmo ambiente. Meu quarto.

Oh droga.

Oh meu Deus, adormecemos.

— Mãe, — murmuro, balançando a cabeça enquanto me


sento, tentando me recompor.

— Você, nem uma palavra, — ela diz, apontando para


mim, seus olhos brilhando de raiva. — Você. — Ela aponta
para Hunter, mesmo quando ele tropeça e agarra sua roupa.
— Saia da minha casa e não volte.

— Mãe, não é o que parece.

— Ele não está usando roupas!

— Sim, ele está, ele só não está usando uma camisa... —


Paro, olhando para ele. Ele está vestindo roupas agora. Ele
vestiu a camiseta em tempo recorde, mas em vez de olhar para
mim, ele está olhando para minha mãe, sua expressão
cautelosa.

— Saia, — diz ela novamente, com os olhos arregalados.

Hunter me lança um olhar, mas ele não fica por perto


para se defender. Ele passa disparado por minha mãe sem
dizer uma palavra.

Sinto-me mal, mas sei que ele provavelmente precisa ir


para casa também. Quando estou em apuros, minha mãe diz
coisas severas para mim. Quando ele se mete em problemas, é
muito pior.

Ah não. Quão bravos sua mãe e seu padrasto vão ficar?


Certamente depois do que aconteceu ontem à noite, Hunter
deve estar seguro hoje... certo?

Oh Deus, e se ele não tiver? E se ele tiver tantos


problemas por não ter voltado para casa na noite passada que
algo ruim aconteceu?
Sem nem mesmo levar em conta o fato de que minha mãe
inofensiva está prestes a explodir, pego meu telefone e
rapidamente digito uma mensagem para Hunter pedindo a ele
para me dizer que está tudo bem quando ele chegar em casa.

— O que você está pensando? — Mamãe exige, olhando


para mim como se eu fosse uma criatura insondável, em vez
da filha que ela criou. — Ele deu um bolo em você ontem à
noite, Riley. Ele nem se incomodou em aparecer para um
encontro no cinema e você pular na cama com... — ela se
interrompe, passando os dedos pelos cabelos escuros em
irritação. — Por favor, por favor, me diga que você estava pelo
menos segura. Não posso acreditar que tenho que dizer isso
para minha filha de 14 anos. Meu Deus, falhei. Falhei como
mãe.

— Mãe, pare. — Estou tão desconfortável que quero fugir


do quarto, mas entendo por que ela tirou conclusões
precipitadas. — Nada aconteceu. Sei como parecia, mas
acredite em mim, não era...

Ela levanta a mão para me impedir. — Nem tente,


mocinha. Preciso de café antes de poder lidar com isso. Venha
para a sala de estar. Vamos ter uma conversa séria.

— Mãe, não precisamos conversar. Não sobre isso. Por


favor, estou literalmente implorando a você

— Não. Você não vai engravidar. Estamos falando sobre


isso.
Suspiro pesadamente enquanto meus olhos reviram para
trás em minha cabeça. — Eu te disse, nada aconteceu!

— Eu disse isso à minha mãe também, e nove meses


depois você nasceu. Sala de estar. Sofá. Agora.

Bufo, me jogando para fora da cama e pisando forte pelo


corredor até a sala de estar.

Não posso acreditar que ela nem me deixa falar, mas digo
a mim mesma que preparar um bule de café vai dar-lhe tempo
para esfriar. Poderia facilmente ir para o outro lado, no
entanto. Isso poderia dar a ela mais tempo para se estressar
sobre algo que nem mesmo aconteceu.

Felizmente, quando ela chega, ela parece ter se acalmado


um pouco. Ela fica na frente do sofá e olha para mim enquanto
agarra sua caneca de café.

— Eu tinha 15 anos quando fiz sexo pela primeira vez.

Suspiro, afundando de volta no sofá. — Oh. Ok, vamos


ter essa conversa.

— Foi com um garoto com quem eu estava me agarrando


em uma escada em uma festa. Eu só o tinha encontrado
algumas vezes antes. Aquela noite foi a primeira em que nos
falamos. Foi extremamente pouco especial. Isso não é o que eu
queria para você, — diz ela, sentando-se ao meu lado e
colocando uma mão sobre a minha. — Você merece algo
especial, querida. Você merece pela primeira vez estar com
alguém que a ama e respeita.
— Mãe, não estávamos – não estou – não foi assim. Nada
aconteceu.

Ela me encara com firmeza, sem dizer nada, expressando


que não aprecia minha triste tentativa de mentir para ela. —
Querida, ele estava meio despido. Um menino de quem você
gosta, um menino que entrou furtivamente em seu quarto no
meio da noite, estava deitado em sua cama sem camisa e você
em seus braços.

Solto um suspiro. — Eu sei. Entendi o que parecia, mas


você tem que acreditar em mim. Adormecemos na minha
cama, sim, mas não fizemos nada antes disso. Não fiz sexo na
noite passada. Você não confia em mim? Você sabe que não
sou uma mentirosa. Você sabe que sou responsável e faço boas
escolhas.

Ela acena com a cabeça uma vez, sem discutir isso. — Eu


absolutamente quero. Também sei que às vezes até as garotas
mais inteligentes, melhores e mais responsáveis do mundo
tomam decisões realmente ruins por um garoto de quem
realmente gosta. Especialmente um menino muito persuasivo
que as convence a quebrar as regras e se esgueirar, fazer todas
essas coisas que aquelas meninas grandes, inteligentes e
responsáveis sabem que não têm permissão para fazer.

Meus ombros cedem. — Entendo que essas coisas não


ajudaram no meu caso, mas você precisa confiar em mim.
Houve uma boa razão para ele ter tirado a camisa, eu
simplesmente não posso te dizer o que é. Ele não me deixaria,
nós só... sei lá, estávamos conversando, cansados e
adormecemos, mas juro que não aconteceu nada.

Ela olha para mim, pesando minhas palavras, mas ela


não diz nada por um longo momento. Ela me olha enquanto
toma um gole lento de sua caneca, então ela abaixa e diz: —
Tudo bem, então me fale sobre este bom motivo.

— Não posso.

— Por quê?

— Porque prometi a ele que não faria isso, — digo, o pavor


me inundando enquanto penso sobre essa promessa. —
Apenas saiba que era inocente.

Mamãe franze a testa para mim, provavelmente frustrada


por não estar sendo comunicativa. — Apenas me responda
isso. Se você fosse fazer sexo...

— Oh meu Deus. — Fecho meus olhos e escondo meu


rosto apenas para garantir.

Sendo um pouco mais assertiva, ela diz: — Se você fosse


fazer sexo, você usaria proteção, certo? Já que você não usa
anticoncepcional – a menos que tenha feito isso pelas minhas
costas também – você usaria camisinha? Você não seria
imprudente o suficiente para fazer sexo desprotegido, certo?

Quero que o chão se abra e engula o sofá, para não ter


que aguentar mais essa conversa. — Certo.

Mamãe acena com a cabeça. — Ok.


Franzo a testa enquanto ela se inclina para frente e coloca
sua caneca na mesa de café, então ela se levanta e se dirige
para o meu quarto. — O que você está fazendo?

— Já volto e vamos continuar esta conversa.

— Mãe, — digo, me empurrando para fora do sofá e


correndo pelo corredor atrás dela.

Desta vez sou eu que estou parada na porta e ela está no


meu quarto. Ela caminha até minha cama, verificando a mesa
de cabeceira e o chão ao lado dela.

— O que você está fazendo? — Exijo.

— Procurando por uma embalagem de preservativo, — ela


me diz.

— Eu te disse, não fizemos sexo!

— Então você não se importará se eu verificar novamente


para ter certeza.

Bufo em aborrecimento. — Você não vai encontrar nada.


Não tenho ideia se ele teria uma camisinha com ele, mas eu
certamente não tinha. Não foi para isso que ele veio.

Mamãe parou de dar tapinhas na minha cama. Ela está


de frente para o pé da cama agora, olhando para a trouxa de
roupas e toalhas que esqueci. Meu estômago afunda e entro no
quarto, vendo sangue em cima – aquele que ela está olhando.
— O que diabos é isso, Riley? — Ela exige, seu tom mais
sério do que já ouvi antes.

Engulo, minha voz presa na minha garganta.

O olhar da mamãe se fixa no meu, fogo em seus olhos. —


Ele te machucou?

— Não!

Apesar da minha objeção rápida, seu olhar viaja para


cima e para baixo no meu corpo e ela vem, agarrando meus
ombros e me olhando de cima a baixo. — Ele... ele tocou em
você? Preciso entender de onde veio esse sangue, Riley. Estou
começando a pirar.

— Não é de mim, — digo a ela, implorando com meus


olhos para que ela desista.

Isso só faz com que sua carranca se aprofunde em


confusão. — Eu-eu não entendo.

Olho além da minha mãe para a pilha de pano ao pé da


minha cama. — O sangue é dele, — digo baixinho, meu coração
ameaçando bater para fora do meu peito. Engulo antes de
continuar, tentando descobrir como dizer enquanto prossigo.
— Ele teve um corte na cabeça e um lábio partido e um olho
roxo. Ele apareceu aqui ontem à noite porque não tinha outro
lugar para ir. Sou a única que sabe...

Minha mãe tenta encobrir seu alarme, mas ela não está
fazendo um bom trabalho. Apesar da clara preocupação
gravada em seu rosto, ela consegue manter seu tom mesmo
quando pergunta: — Sabe o quê, Riley?

Minha barriga se contorcendo em nós, não sei o que fazer.


Vim até aqui e mamãe sabe que algo está errado. Sei que ela
não vai desistir até que eu diga a ela, mas uma vez que eu
contar... Não sei o que vai acontecer.

— Riley?

Olho para ela. — Seu padrasto é violento. Ele não gosta


de Hunter, e eles brigam muito, especialmente quando ele
começa a lutar com a mãe de Hunter e Hunter tenta protegê-
la. Às vezes... — faço uma pausa, sem saber como terminar
esta frase. Depois de algumas respirações instáveis, digo a ela:
— Às vezes ele bate nele. Ele fez ontem à noite, e foi muito
ruim, é por isso que Hunter não me encontrou para o filme.
Ele não podia.

Parece que joguei o peso do mundo em seus ombros. Eu


não queria, é por isso que tentei evitar isso. — O que você quer
dizer com ele não podia?

— Ele estava inconsciente, — sussurro, olhando para o


chão. — Ele e a mãe brigaram depois que ele acordou porque
Hunter continua pensando que ela vai fazer Dennis ir embora,
mas ela não o faz. Acho que ele finalmente percebeu na noite
passada que ela não vai. Seu marido esmagou a cabeça de
Hunter contra uma pia, mãe. Ele estava inconsciente no chão
do banheiro e ela nem chamou uma ambulância porque estava
muito preocupada com o que isso significaria para seu marido.
Cobrindo a boca de horror, mamãe diz: — Oh meu Deus,
querida. Você tem lidado com tudo isso por conta própria?

Encolho os ombros, impotente. — Eu não sabia mais o


que fazer. Hunter me jurou segredo e me disse que sua mãe
estava cuidando disso. Quando ele teve o olho roxo, ele disse
que nem tinha acontecido antes, mas estou tentando
racionalizar como isso pode evoluir de um olho roxo para o que
ele descreveu na noite passada e... Não sei se ele está sendo
honesto sobre isso. Isso parece uma escalada realmente
dramática. Ele está tão preocupado em proteger sua mãe
estúpida que não está protegendo a si mesmo e não sei o que
fazer. Estou com medo de que algo aconteça com ele, — digo,
explodindo em lágrimas.

— Oh querida. — Mamãe se aproxima e envolve seus


braços em volta de mim, me puxando para um abraço. — Você
deveria ter me contado antes. Estou tão orgulhosa de você por
tentar ajudar seu amigo, mas isso... isso é sério.

— Sei que é. — Fungo, segurando um pouco mais forte.


— Pedi a ele que tirasse a camisa ontem à noite para que eu
pudesse tirar fotos de todos os machucados em seu corpo com
o meu celular. Achei que caso ele quisesse denunciar Dennis,
ele precisaria de evidências.

Mamãe suspira, acariciando meu cabelo com calma. —


Foi uma boa ideia.

— Ele me fez prometer não contar a ninguém.


— Eu sei, — ela murmura de forma tranquilizadora. —
Você tinha que fazer, no entanto. Um segredo como esse não
pode ser guardado. Quando alguém está se machucando... —
Ela balança a cabeça. — Você fez a coisa certa, querida. Eu
gostaria que você tivesse me contado antes, mas... estou feliz
que você me disse agora.
Hunter não vai à escola no dia seguinte, mas não estou
surpresa. Agora que podemos enviar mensagens um ao outro,
ele me disse que seu rosto está muito fodido agora para vir
para a escola. Sua mãe disse ao diretor que eles tinham que
sair da cidade esta semana, então ele mandou os trabalhos
escolares para casa para que Hunter não ficasse para trás.

Hunter estava com tanta pressa quando saiu da minha


casa que deixou para trás seu moletom cinza de luta livre.
Perguntei se ele queria que eu o trouxesse um dia depois da
escola, mas ele disse que não quer que eu vá a sua casa agora.
Ele me disse que tem outros, então posso ficar com ele.

Em circunstâncias normais, eu ficaria muito feliz com a


perspectiva de usar o moletom de Hunter pela minha casa,
mas meu coração está tão pesado agora que não há alegria
para ser encontrado nele.

A conversa que mamãe queria ter comigo definitivamente


mudou, uma vez que ela soube o que realmente estava
acontecendo com Hunter. Talvez a opinião dela sobre ele tenha
mudado um pouco também, mas não posso dizer se mudou ou
ela apenas sente por ele. Nenhuma criança deveria ter que
passar por isso, e não deveria ser minha mãe querendo lutar
por ele – deveria ser a dele.
Mamãe marcou uma reunião com o diretor e o orientador
na quarta-feira para conversar com eles sobre o assunto. Ela
queria fazer o mais rápido possível, mas tinha que trabalhar
na terça-feira e não podia se dar ao luxo de cancelar.

Ela me fez contar todos os detalhes que eu sabia sobre a


violência na casa de Hunter. Contei a ela sobre o dia em que
fui até lá, embora soubesse que poderia ter problemas. Eu
disse a ela como Dennis agiu e como, embora eu tenha pedido
a ele para voltar para nossa casa até que as coisas se
acalmassem, Hunter ficou para proteger sua mãe. Contei a ela
sobre o dia em que o encontrei na ponte e o trouxe de volta
para nossa casa. Enviei a ela as fotos que tirei de seus
ferimentos na noite de segunda-feira.

Odeio que pareça que o traí. Eu gostaria que ele não


tivesse me pedido para guardar esse segredo horrível. Sei que
temos que dizer a alguém que pode intervir porque da próxima
vez talvez Dennis o machuque mais permanentemente ou até
o mate, mas também tenho um forte palpite de que, quando
isso for revelado, Hunter sentirá que o traí.

Talvez eu não devesse ter feito isso dessa maneira. Talvez


eu devesse ter ido a Hunter e recorrer e convencê-lo a vir à
frente em vez de expô-lo assim, mas uma vez que eu disse à
minha mãe, perdi o controle da situação.

Mesmo que ele fique com raiva de mim, mesmo que me


odeie por isso, não posso simplesmente ficar parada e permitir
que isso continue acontecendo com ele. A integridade de uma
promessa ininterrupta não será consolo suficiente se da
próxima vez que Dennis atacar Hunter, eu tiver que ir ao
funeral.

Sei que estamos fazendo a coisa certa, mas não parece. É


uma sensação horrível e fico triste o tempo todo.

Na quarta-feira, sou chamada à sala do diretor durante a


aula.

Mamãe está lá com o orientador e o diretor. Eles me


perguntam sobre Hunter, embora eu tenha certeza de que
minha mãe já lhes contou tudo. Acho que eles querem
realmente ter certeza antes de acusar a mulher mais rica da
cidade de colocar uma criança em perigo.

Porque é isso que acontece a seguir. Não tenho notícias


de Hunter, mas ouço de minha mãe.

A escola obviamente descobriu que Hunter não estava


realmente fora da cidade, mas ele ainda não vem à escola a
semana toda. Na sexta-feira, depois da escola, mando uma
mensagem para ele para ver se ele está bem.

Você está morta para mim, ele responde.

Meu coração afunda e meu estômago dá um nó. Engulo


um nó na garganta e mando uma mensagem de volta. Sinto
muito, Hunter. Eu precisava contar a alguém. Eu estava
com medo por você.

Ele não responde.


Na segunda-feira seguinte, Hunter está de volta à escola.
Descobri muito imediatamente ao ouvir outras pessoas
cochichando sobre isso.

Há tantos rumores circulando sobre a semana em que ele


esteve fora.

Algumas pessoas acertaram. Alguns entendem


completamente errado. Tem até um louco dizendo por aí que
seu pai – algum figurão da Europa – está na cidade e é por isso
que Hunter não estava na escola na semana passada.

A versão verdadeira da controvérsia em torno de Hunter


poderia tê-lo feito parecer mais humano, mas de alguma forma
se transformou em uma ficção completa que só o fez parecer
ainda mais legal do que já era.

Na aula de história, ouço as meninas nas carteiras na


minha frente fofocando sobre isso.

— Ouvi dizer que o pai de Hunter é um exilado da realeza


italiana que se casou com uma atriz francesa e eles moram em
um castelo nos arredores de Paris. Ele a traiu com a mãe de
Hunter quando ela era modelo.

— Espere. Tipo, realeza real? — A outra garota exclama,


horrorizada.
A primeira garota acena com a cabeça. — Acho que o pai
dele era um rei ou um príncipe – não me lembro exatamente o
que Ciera disse. O pai de Hunter é totalmente da realeza
italiana, porém, essa é a essência, — uma das garotas da
minha aula de história está emocionada enquanto esperamos
o sinal tocar.

— Isso faz de Hunter um príncipe? — Sua amiga


pergunta, sorrindo.

A primeira garota suspira como se ela não aguentasse


mais. — Ugh, ele é tão gostoso. Quer dizer, ele já estava, mas
tipo... uau.

Enojada, reviro meus olhos e abro meu livro. Quero dizer-


lhes tanto que devem prestar muito mais atenção nesta classe
porque os italianos votaram a monarquia nos anos de 1940 –
não há nenhuma família real italiana. Suponho que seja
possível que o pai de Hunter seja descendente do último rei da
Itália, mas provavelmente é apenas forragem sem sentido para
a fábrica de fofocas. Como o pai de Hunter existe apenas em
nossa imaginação, ele pode ser tão impressionante quanto
qualquer um pode imaginar.

Claro que sei que Hunter nem mesmo tem um


relacionamento com seu pai, então ele definitivamente não está
na cidade para uma visita.

Não consigo ver Hunter até a hora do almoço. Já que ele


me disse que eu estava morta para ele e como nunca
interagimos na hora do almoço quando ele não me odiava, sei
que é uma jogada arriscada me aproximar dele, mas não
consigo me conter.

Enviei-lhe mais textos de desculpas tentando fazê-lo falar


comigo depois do que ele respondeu, mas ele não respondeu a
nenhum deles. Não acho que ele bloqueou meu número porque
ele parecia continuar recebendo, ele simplesmente não abriu.
Até tentei ligar para falar com ele uma vez, mas ele não
atendeu.

Entendo se ele não quiser falar comigo agora, mas espero


que ele me perdoe assim que a poeira baixar. Nesse intervalo
de tempo, só quero ter certeza de que ele está bem.

Pego seu olhar quando me aproximo e ele fica surpreso,


olhando para mim como se não pudesse acreditar na minha
coragem.

Seu olho parece muito melhor agora. Seu lábio está


praticamente curado, mas o ferimento na cabeça ainda parece
ruim. Pergunto-me se isso vai se tornar uma cicatriz.

Tiro minha atenção de seu couro cabeludo e encontro seu


olhar castanho. Não consigo decidir se ele parece mais
divertido por eu estar abordando-o em público ou... outra
coisa. Há uma corrente de malícia à qual não estou
acostumada, e isso deixa meus nervos à flor da pele.

— Ei Hunter, — começo, um pouco mais cautelosa do que


eu normalmente sentiria me aproximando dele. É aquele brilho
em seus olhos que está me confundindo.
— Riley, — ele reconhece, recostando-se em sua cadeira
e cruzando os braços. — A que devo o prazer?

— Eu só... — Faço uma pausa, engulo em seco e olho


para seus amigos sentados ao redor da mesa, me observando.
Mudo meu olhar de volta para Hunter. — Podemos conversar?

Ainda segurando meu olhar, ele balança a cabeça. — Não


tenho muito que dizer a você.

— Ufa, — um de seus amigos comenta para outro.

— Que frieza, — o outro comenta de volta.

Os lábios de Hunter se curvam em um sorriso que não


parecia muito amigável.

Mark Poplowski, nunca o garoto mais inteligente do


grupo, fala. — Pensei que vocês estavam dois juntos. Achei que
você gostasse dela ou algo assim.

— Eh. — Hunter dá de ombros quase evasivamente. —


Estávamos, mas as coisas têm estado um pouco estranhas
desde que a mãe dela nos pegou na cama juntos.

Meus olhos se arregalam e sinto a cor sumir do meu


rosto. Posso sentir a surpresa nos caras da mesa, mas Hunter
é o mais casual possível enquanto dizima minha reputação.

— Vocês dois…? — Seu único amigo desaparece.

Poplowski não hesita. — Você tem transado com a nerd?


Meu peito começa a apertar quando Hunter mostra seus
dentes brancos perolados, sorrindo maliciosamente por cima
da mesa. — Por que mais eu estaria saindo com ela?

— Ah, merda, — diz um de seus amigos antes de cair na


gargalhada.

Não consigo respirar.

Hunter olha para mim, a malícia em seus olhos não mais


camuflada ou confusa. Ele me odeia e quer que eu saiba disso.
— Eu disse que acabou, Riley. Não torne isso mais difícil para
você do que deveria ser.

Seus amigos riem de mim – palco do estágio cinco18, que


aparentemente não consegue se soltar depois que o príncipe
dos idiotas tirou minha virgindade e foi pego na minha cama
na manhã seguinte.

Não posso acreditar que ele fez isso. Meu corpo inteiro
treme e meu estômago está enjoado. Não porque todo mundo
está rindo de mim agora, não por causa da maneira obscena
como Mark me olha depois de ouvir o que eu disse, mas porque
Hunter fez isso comigo. Ele sabia exatamente o que estava
fazendo. Ele está me punindo, assim como puniu seu velho
melhor amigo por tudo o que ele deve ter feito para ganhar a
ira de Hunter.

18 The stage five clinger: diz-se da pessoa do sexo oposto que provavelmente se apegará demais,
rápido demais. Virgens, aquelas que estão em processo de cura emocional, ou emocionalmente
frágeis.
Sinto que vou vomitar e não posso enfrentar mais
constrangimento agora, então viro e caminho para fora do
refeitório o mais rápido que posso, sem correr.

Minhas entranhas estão tão inquietas e instáveis. Não


posso voltar lá. Não posso sentar durante a aula após o
intervalo, sabendo que a essa altura a fofoca picante que ele
acabou de criar terá se espalhado e todos que não estão
falando sobre ele estarão falando sobre mim.

Antes de saber totalmente o que estou fazendo, vou para


o meu armário, recolho todas as minhas coisas e fujo do
prédio.

Quero ir direto para casa para poder me aninhar sozinha


na cama, mas não posso. Mamãe ainda não saiu para o
trabalho, então ela gostaria de saber por que estou em casa da
escola mais cedo. Não posso explicar, porque não posso contar
a ela o que aconteceu.

Em vez disso, paro na ponte. Sento-me e balanço meus


pés sobre a borda, olhando para a água até me sentir calma
novamente.

Depois de um pouco de tempo, abro minha mochila e tiro


meu dever de casa. Eu também posso começar. Talvez quando
eu terminar, mamãe já terá ido embora e eu possa caminhar o
resto do caminho para casa.
Empolgo-me no meu trabalho. É uma ótima fuga, mas
passa mais tempo do que eu pretendia. Não percebo até ouvir
passos na ponte. Até que eles param e Hunter ri um pouco.

— Uau. Você ainda está aqui depois de tudo isso.

Começo a colocar minhas coisas de volta na minha


mochila, lançando-lhe um olhar cauteloso por cima do meu
ombro. — Não estou aqui por você. Eu não sabia que a escola
já havia terminado. Eu estava apenas matando o tempo até
poder ir para casa.

— Talvez você deva chupar meu pau primeiro, já que todo


mundo pensa que você chupou de qualquer maneira, — ele diz,
aparentemente divertido com a destruição que causou.

Não me preocupo em dignificar isso com uma resposta.


— Isso te faz sentir melhor? Você arruinou completamente
minha reputação. Cada pessoa com quem vamos para a escola
terá ouvido falar disso quando eu chegar à escola amanhã.

— Eu sei. Mas olha, isso me faz parecer melhor do que as


outras coisas que eles poderiam estar dizendo sobre mim, —
afirma.

Balanço minha cabeça, fechando minha bolsa de volta e


me levantando. — Essa é, sem dúvida, a declaração mais
egoísta que já ouvi.

— Você mesmo causou isso, — diz ele, completamente


sem remorso. — Tudo que você tinha que fazer era manter sua
boca fechada, Riley. Tudo que você precisava fazer era manter
sua palavra.

Largando minha mochila e girando com raiva, lanço para


trás, — Eu estava com medo que ele matasse você, Hunter. Eu
estava com medo de que da próxima vez que você
desaparecesse, fosse para sempre. Eu estava tentando te
proteger.

Estou tão dominada pela dor e pela raiva que não consigo
manter a compostura, mas Hunter fica parado parecendo frio
e não afetado enquanto enfia as mãos nos bolsos da calça
jeans. — Eu não precisava da sua proteção.

Respiro estremecendo, com raiva de minhas próprias


emoções por estar tão fora de controle. — O que fiz pode ter
machucado você, mas não foi malicioso. O que você fez hoje...
foi simplesmente cruel.

Hunter dá de ombros. — Nunca aleguei ser um cara legal.

Balanço minha cabeça, olhando para a passarela. —


Bem, não como se você se importasse, mas para que fique
registrado? Estou extremamente desapontada com você.

Espero que ele atire de volta em algo cruel na pior das


hipóteses, casualmente indiferente na melhor das hipóteses,
mas ele fica em silêncio. O silêncio dura tanto que finalmente
olho para ele.

Ele está olhando para a floresta que leva à sua casa. —


Bem, você não terá que ficar desapontada por muito tempo, —
ele me diz, seu tom mais firme, mas um pouco vazio. Não oco
como se ele não se importasse, mas... outra coisa. Algo mais
sério.

Eu não deveria me importar. Depois do que ele acabou de


fazer para me machucar intencionalmente, eu deveria ir
embora sem dizer mais nada, mas não é da minha natureza.
— O que você quer dizer?

— Todas as merdas que você fez causaram muitos


problemas para minha mãe.

Inclino minha cabeça, olhando para além dele e


estreitando meus olhos em consideração. — Acho que foi
permitir que o marido dela batesse em você que causou
problemas para a sua mãe, mas... continue.

— Aparentemente, embora minha existência não fosse


suficiente para que meu pai viesse aqui, um escândalo público
em potencial é.

Endireito-me com a menção de seu pai. Achei que as


garotas da história estavam apenas vendendo lama da fábrica
de fofocas. Não achei que houvesse alguma verdade nisso. —
Seu pai está aqui? Achei que vocês nem se falassem.

— Não nos falamos, — ele diz, se curvando para pegar um


pedaço de pau errante na ponte, em seguida, jogando-o o mais
forte que pode na floresta. — Somos estranhos, mas o nome
dele está na minha certidão de nascimento. Acho que ele é
algum tipo de grande coisa, e já houve tanto escândalo em sua
família que ele não vai tolerar um bastardo na América que
acaba sob custódia do estado porque sua mãe foi considerada
uma mãe inadequada até que ela conclua algumas besteira de
aulas para pais.

— Na América? — Questiono, os olhos arregalados.

Hunter finalmente olha para mim. — Ele é europeu.

— Não me diga que ele mora em um castelo em Paris, —


digo, pensando na fofoca anterior.

Hunter balança a cabeça. — Não é um castelo, mas ele


tem um apartamento lá. Um lugar em Genebra, também, onde
sua esposa – que me odeia – e duas filhas – que nem sabem
que existo – moram na casa de sua família. Acho que meu pai
trabalha na Itália, então ele tem uma casa na Umbria onde eles
não terão que lidar comigo regularmente. Aparentemente...
estou sendo enviado para a Itália.

Meu coração afunda e sinto um pouco de leveza nos pés.


— O quê?

Ele limpa a garganta e acena com a cabeça, olhando para


a passarela. — Não falo uma palavra em italiano, então não
tenho certeza de como isso vai funcionar, mas... acho que vou
aprender.

— Mas... sua mãe só precisa ter aulas de maternidade,


certo? E manter Dennis longe. E então ela ainda pode cuidar
de você. Ela não pode explicar isso a ele? Por que ele iria levá-
lo até a Itália...?
— Porque ele disse isso, Riley. Você conheceu minha mãe.
Você não percebeu que ela não é muito boa em enfrentar
homens pelos quais ela tem sentimentos em meu nome? Ele
decretou que eu ficaria escondido como um segredo sujo em
alguma porra de mansão no interior da Itália, então é isso que
vai acontecer.

Não sei o que dizer. Minha mente está correndo quase tão
rápido quanto meu coração, tentando absorver todas essas
novas informações. Tentando encontrar uma maneira de
contornar isso. Hunter pode ter sido um verdadeiro idiota hoje,
mas não quero que ele vá embora. Especialmente não quero
que ele seja mandado para viver com pessoas que nem mesmo
gostam dele em um país onde ele provavelmente nunca esteve.

— Talvez... talvez possamos descobrir uma maneira de


contornar isso. Posso falar com minha mãe. Talvez ela possa
falar com seu pai. Sua mãe pode não ser capaz de se manter
firme com ele, mas minha mãe não terá o mesmo problema.
Ninguém intimida minha mãe. Mesmo que ele seja um ex-
príncipe da Itália, ela não se importará. Minha mãe é
imparável. Vou explicar a situação para ela, vou... vou...

Hunter balança a cabeça. — Não vai mudar nada.

— Você não terá que entrar no sistema, — deixo escapar,


pensando o mais rápido que posso. — Você poderia vir morar
conosco. Se a coisa toda do seu pai é como seria se você fosse
colocado em um orfanato, então encontraremos uma maneira
de contornar isso. Tenho certeza de que há algo que sua mãe
poderia fazer para dar a ela a custódia de emergência
temporária ou... algo assim. Parece uma coisa real, certo? Sei
que há algo assim, não sei os detalhes, mas podemos
descobrir. Não haverá escândalo. Você terá um lugar seguro
para morar e seu pai pode voltar a fingir que você não existe;
todo mundo ganha.

Carrancudo para mim com desconfiança que não vi em


seus olhos desde o primeiro dia em que o encontrei nesta
ponte, ele diz: — Por que você estaria disposta a fazer isso
depois do que acabei de fazer para você no almoço hoje?

— Não me importo com isso. Quer dizer, quero... — Olho


para baixo, suspirando. — Quero, mas... não o suficiente para
que eu queira que você vá embora.

Por um momento, há silêncio além do barulho natural de


estar na floresta. Há algo quase como arrependimento em sua
voz quando ele finalmente fala. — Você pode não, mas sua mãe
vai. Mesmo que ela tivesse concordado com isso antes, ela não
vai agora.

— Não vou contar a ela.

— Ela vai descobrir. Se você não desistir – o que


provavelmente acontecerá – ela descobrirá de outra maneira.
Seja realista, Riley. Você conhece sua mãe melhor do que eu,
e só pelo que você me contou e pelo que vi por mim mesmo...
não tem como.
Ele tem razão. Quero que ele esteja errado, mas ele não
está. Posso ter a capacidade de perdoá-lo por me machucar
intencionalmente, mas minha mãe não o faria. Ela era cética
em relação a ele quando não tinha nada para seguir além de
um mau pressentimento, não gostava dele por não aparecer na
hora certa para um encontro. Se ela descobrir que ele contou
para toda a escola que fez sexo comigo apenas para se vingar
de mim por contar seu segredo, ela vai detestá-lo pelo resto de
sua vida natural – e na próxima, se reencarnação for uma
coisa.

— Tem que haver alguma outra maneira de contornar


isso, — digo.

— Não há.

— Você não tem avós ou uma tia ou tio?

— Riley, — diz ele, levantando a voz para chamar minha


atenção.

Olho para ele.

— Apenas pare, — ele diz, como se fosse fácil. — Acabou.


Está feito.

Respiro superficialmente e depois outra. Não posso


aceitar isso. Não posso aceitar que ele vá embora por minha
causa e não há nada que eu possa fazer para consertar.

Hunter já fez isso. Com as mãos ainda enfiadas nos


bolsos, ele começa a cruzar a ponte. Ele faz uma pausa quando
chega a mim e se inclina um pouco mais perto. — Vê? Posso
ter arruinado sua reputação, mas você arruinou minha vida.

Recorro a cada grama de força dentro de mim para


continuar de pé quando tudo o que quero fazer é desmaiar.
Lágrimas queimam em meus olhos, mas não as deixo cair. É
uma coisa boa ele estar perto, porque não consigo falar muito
além de um sussurro. — Sinto muito.

Com um pequeno aceno de cabeça, ele diz: — Mas não


sente o suficiente. Não se preocupe. Você irá.

Um arrepio percorre minha espinha e meu olhar se fixa


no dele. — O que isto quer dizer?

— Eles podem me mandar para fora do país por


enquanto, mas em alguns anos, terei 18 anos. — Hunter se
abaixa e pega a mochila que comprou para mim. Ele estende
para eu pegar e o faço, um pouco sem jeito. Então ele sorri, e
é um de seus sorrisos não tão agradáveis. — Estarei de volta
para você, Riley.

— Hunter…

Ele estende a mão para tocar meu rosto, mas desta vez o
frio em seus olhos torna o toque insuportável.

Viro meu rosto, olhando para a água em vez de para ele.


Como uma presa acuada esperando que eu evite o contato
visual, o predador que me caça ficará entediado e se afastará.
Ele está indo embora, certo, mas meu predador não se
distrai facilmente. Ele tem uma memória longa e um machado
para moer, e quando ele fala novamente, o medo se acumula
na boca do meu estômago.

— Você arruinou minha vida. É justo retribuir o favor.

Não digo nada sobre isso. Ele não espera que eu faça.

Soltando a mão, ele me olha uma última vez, então


atravessa a ponte e segue na direção de sua casa.

Mesmo agora, neste momento, ainda não quero que ele


vá. Não sei se estou mais preocupada se ele vai começar uma
nova vida lá e se esquecer completamente de mim, ou se ele
será fiel à sua palavra e voltará para me buscar quando tiver
idade suficiente e ninguém puder impedi-lo.

Não sei o que o futuro reserva para nós, mas tenho a


sensação de que se eu vir Hunter Maxwell novamente... ele vai
me fazer desejar não ter visto.
Quatro anos depois

— Como estamos sem café?

Fico na frente da cafeteira, envergonhada enquanto


seguro o filtro inútil em uma mão e olho para a lata vazia no
balcão. E quero dizer vazia. Parece que quando mamãe fez um
pote ontem de manhã, ela virou a lata e bateu no fundo para
tirar o resto.

— Mamãe! Você comprou café? — Chamo pelo corredor


em direção ao banheiro onde ela está se preparando.

— Não me mate, — ela grita de volta, minando minha


vontade de viver. — Eu pretendia ontem à noite, mas esqueci.
Vou parar e pegar um pouco depois do trabalho.

— Como isso pode ajudar qualquer uma de nós esta


manhã? — Exijo, ombros caídos.

Hoje é meu primeiro dia oficial do último ano. Depois de


um longo e maravilhoso verão, tenho que voltar para o Inferno.
Estive me entusiasmando a semana toda, tentando me
convencer de que não seria tão ruim. Ainda não tenho carro,
mas a caminhada para a escola não é longe – e, ei, é um bom
exercício. Estar de volta à escola significa que vou ver Sara
todos os dias – isso é definitivamente uma vantagem. Estou
matriculada em algumas aulas que estou realmente ansiosa
para fazer, também, e em nove curtos meses, estarei livre de
Hawthorne High para sempre. Essa é a melhor parte.

A campainha toca, tirando-me dos meus pensamentos.


Coloco os suprimentos de café inúteis de lado e grito: — Eu
atendo, — para que mamãe pudesse terminar de se arrumar.

Quando abro a porta, meu humor se ilumina ao ver quem


está do outro lado dela.

Meio que o namorado da mamãe, Ray.

Então vejo o porta-bebidas cheio de café fumegante e


coloco as duas mãos sobre o coração.

— Meu herói!

Ray sorri, acenando com a cabeça em reconhecimento


enquanto entra. — Achei que vocês, senhoras, precisariam
disso. Sua mãe deveria ir às compras quando saiu da minha
casa ontem à noite, mas eu a distraí.

— Nem me importo se você foi o culpado, tudo o que


importa é que você apareceu e salvou minha manhã.
Ele tira um copo do suporte para bebidas e o entrega para
mim. — Aqui está, garota.

— Obrigada. Eu te amo, — digo a ele, fechando a porta


atrás dele, em seguida, voltando para a cozinha.

— Garota, espero que sua mãe responda assim. — Ray


me segue virando o corredor. — Onde ela está? — Ele pergunta,
vendo que ela não está aqui.

— Quase terminando de ficar pronta. — Vou até o balcão


e pego o saco de pão com o qual estava me preparando para
fazer o café da manhã. — Quer torrada com abacate?

— Alguém quer torrada com abacate? — Ray pergunta,


sentando-se em uma das cadeiras e colocando o café da
mamãe na mesa.

— Mamãe está em uma fase saudável agora. Ela comprou


uma sacola inteira deles na loja da última vez. Foi uma
loucura.

— Nah, estou bem, obrigado.

No corredor, mamãe grita: — Não odeie minha compra de


superalimento.

— Isso é o que acontece quando não tomo café no


primeiro dia de aula, —falo de volta.

Mamãe finalmente sai do banheiro, com as mãos para


cima, ainda arrumando uma mecha de seu cabelo escuro
enquanto entra na cozinha. — Você ouviu o homem, foi tudo
culpa dele.

Ray se levanta assim que mamãe entra na sala. Toda a


postura dele relaxa quando ela está por perto, e agora não é
diferente... mesmo que tecnicamente deveria ser.

Mamãe ergue uma sobrancelha escura e apoia uma das


mãos no quadril, olhando para ele. — O que você está fazendo
aqui?

—É o primeiro dia de escola de Riley. Eu não poderia


deixar vocês duas ficarem sem café.

— Existe alguma parte do ex- namorado que você não está


entendendo? Quando meu namorado traz café da manhã para
mim e para minha filha, é doce. Quando meu ex-namorado traz
café da manhã para mim e minha filha...

— Ainda é doce, — falo.

Mamãe aponta para mim. — Shhh, você.

— Sim, — diz Ray, balançando a cabeça como se


entendesse. Em seguida, ele prossegue com: — Estive
pensando sobre isso e rejeito sua proposta de romper.

— O quê? — Mamãe pisca para ele. — Isso não é uma


coisa. Você não pode rejeitar minha separação.

Ele encolhe os ombros quase se desculpando. — Exceto


que eu fiz. Desculpe. Tudo o que posso sugerir é esperar 30
dias e tentar novamente.
Mamãe tenta manter o prazer horrorizado longe de seu
rosto, mas ela está muito atordoada para retirá-lo. — Você é
insano. Você é um louco.

— Eu sou. Louco por você, — ele brinca, envolvendo um


braço em volta da cintura dela e puxando-a para perto. — Você
está linda hoje, a propósito.

Mamãe coloca a mão em seu peito, impedindo-o de puxá-


la totalmente para perto. — Isso não vai funcionar. Você não
pode me encantar e me livrar de você. Você mentiu para mim...

— Não menti para você. Eu te disse a verdade, você só


achou que eu estava brincando. Isso não é minha culpa.

Mamãe suspira impaciente com seu argumento


completamente razoável. — Essa não é a questão.

Ele ergue uma sobrancelha. — Tem certeza?

— Não importa, — ela insiste. — Não posso fazer isso. Não


posso. Sinto muito. Expliquei tudo ontem à noite. Lamento se
isso me torna uma pessoa má, mas simplesmente não consigo.
E você não pode me ignorar. Sou uma mulher forte e
independente, totalmente capaz de...

Antes que minha mãe pudesse terminar seu discurso


sobre como ele não pode forçá-la a continuar sendo sua
namorada, Ray a interrompe, gentilmente, mas firmemente,
agarrando sua nuca e cobrindo sua boca com a dele. Sua
objeção tem uma morte rápida, a luta derretendo dentro dela
enquanto ela envolve um braço em volta do pescoço dele e
outro em suas costas, fechando os olhos e se entregando ao
beijo que ele iniciou.

Sorrio para mim mesma, me virando para dar a eles um


pouco de privacidade. Coloco o pão na torradeira e pego dois
pratos, depois corto um abacate ao meio e espero o pão pular.

Atrás de mim, ouço o beijo finalmente terminar e mamãe


suspirar em derrota. — Droga, por que você é tão bom nisso?

Amo o Ray. Mamãe só saiu com ele por três meses antes
de largá-lo no início desta semana porque ela se assustou, mas
ela estava errada, e estou tão feliz que ele não vai ficar longe.

Mamãe conheceu Ray em um bar. Ela estava realmente


lá para encontrar outra pessoa para um segundo encontro com
o qual ela não estava muito animada. Seu encontro estava
atrasado, então ela acabou sentada no bar sozinha. Dois
assentos abaixo estava um homem atraente, alguns anos mais
velho que ela. Ela me disse à primeira vista que ele se parecia
com Jason Statham19, e mamãe tem uma queda enorme por
ele, então ela olhou de novo. Quando ela o fez, ele a pegou.
Mamãe sendo mamãe, fez uma piada, e Ray sendo Ray, gostou.
Como ela parecia estar sozinha, ele perguntou se poderia pagar
uma bebida para ela.

Eles começaram a conversar e ela ficou completamente


cativada. Vendo que Ray é daqui e vivemos nesta cidade a
maior parte da minha vida, mamãe brincou: — Não posso

19Ator que faz filmes de ação, como alguns filmes da franquia Velozes e Furiosos, Mercenários, entre
outros.
acreditar que nunca vi você por aí antes. Onde você esteve se
escondendo?

— Prisão, — ele respondeu, o rosto sério.

Mamãe riu, Ray sorriu e eles continuaram tendo o melhor


não-encontro que mamãe já havia tido. Quando o encontro
dela finalmente apareceu, ela o largou e passou o resto da noite
sentada conversando com Ray.

Quando ela voltou para casa depois de apenas aquela


primeira noite conversando com ele, ela se sentou no sofá e
apenas sorriu incontrolavelmente enquanto me contava como
ele era ótimo. — Achava que nem mesmo faziam mais homens
como ele, — ela me disse.

Eles continuaram se vendo; mais e mais a cada vez, como


se cada golpe um do outro os fizesse precisar ainda mais. Ela
se apaixonou forte e rápido por ele. Nunca a vi tão feliz.

No final das contas, porém, ele não estava brincando


quando disse a ela que estivera na prisão. Quando voltou à
tona e ela percebeu que ele estava falando sério, ela se acalmou
um pouco e quis saber no que ele estava se metendo. Revelou
roubo agravado, agressão e acusação de porte de arma de fogo.

Todas as suas acusações eram do mesmo incidente e


aconteceu quando ele era adolescente. Ele não é nada disso
agora – ele é o portador de café e o homem que faz minha mãe
andar pela casa com um sorriso estúpido no rosto – mas minha
mãe estava assustada. Ela estava dividida porque estava
seriamente apaixonada por ele, mas ela sentiu que seria
irresponsável trazer alguém com um passado violento ao meu
redor. Ela acreditava que ele havia mudado, mas ela estava
errada sobre os caras antes. Ela estava com tanto medo de
estar errada sobre este também, – e com apostas muito mais
altas – ela terminou com ele.

Eu estava com o coração partido por ela. Enrolamo-nos


no sofá e assistimos a filmes sobre amor condenado enquanto
comíamos sorvete e chorávamos juntos.

Então, na manhã seguinte, Ray nos trouxe café. Ele tinha


feito isso o tempo todo quando eles estavam juntos, apenas um
pouco cuidadoso no ele fazia, mas mamãe estava mais do que
um pouco confusa por ele ainda estar lá depois que ela o
largou.

— Você está perdido? — Ela perguntou, parada lá em seu


pijama com os olhos inchados de tanto chorar a noite toda.

— Não, — ele respondeu com confiança, estendendo uma


xícara de café para ela. — Estou bem onde deveria estar.

Desde então, Ray tem se comportado como se ainda fosse


seu namorado, e mamãe não sabe o que fazer com isso. Ela
disse que geralmente os caras são muito fáceis de perder –
basta dizer a coisa errada e eles estão fora de lá, mas Ray é
diferente. Ele encontrou uma conexão muito forte com minha
mãe e não vai deixá-la se desconectar sem lutar.
Como eu disse, eu o amo. Ele é exatamente o que minha
mãe precisa. Ela não vê isso, mas passou tantos anos em
relacionamentos que não deram certo que não tenho certeza se
ela sabe o que fazer com um que dá certo.

Ela precisa conseguir saber seu próprio caminho, porque


Ray a faz muito feliz, e eu odiaria vê-la perder isso.

Felizmente, parece que Ray não está pronto para se


perder.

Olho para trás por cima do ombro e vejo mamãe ainda


parada lá com os braços fortes e tatuados de Ray em volta dela
enquanto ele olha para ela. Nunca vi um homem domesticar
minha mãe do jeito que ele faz, mas ela é quase um doce
enquanto acaricia sua nuca e diz: — Obrigada por nos trazer
café.

— Qualquer coisa pelas minhas garotas, — ele diz.

Mamãe sorri e eles começam a se beijar novamente.


Mordo um sorriso e volto para pegar o pão da torradeira.

Assim que coloco a torrada na mesa e vou me sentar, a


campainha toca novamente.

Já que estamos todos aqui, franzo a testa. Mamãe


também, mas como ela está ocupada, vou atender.

Meus olhos se arregalam quando abro a porta para um


entregador de flores. Ele está segurando um enorme buquê de
rosas brancas e uma pequena sacola marrom de presente.
A princípio, acho que é outra façanha na missão de Ray
de reconquistar a mamãe, mas então o entregador diz: —
Tenho uma entrega para Riley Bishop.

— Eu sou Riley Bishop, — digo, olhando para as flores


em confusão.

Ele me abre um sorriso. — Bem, então, estes são para


você.

Não fico menos confusa quando ele me passa o enorme


buquê e depois me entrega a sacola de presente. Depois de me
dizer para ter um bom dia, ele se vira para ir embora, então
grito para impedi-lo. — Espere, devo dar uma gorjeta para
você?

— Nah, já está resolvido, — ele me garante. Com isso, ele


volta para o carro.

Mamãe e Ray vão até a porta para ver o que está


acontecendo. Seus olhares derivam para a minha entrega,
ambos carrancudos levemente.

— O que é isso? — Mamãe pergunta.

— Não sei. — Viro-me e carrego as flores para a cozinha


para que eu possa colocá-las na mesa. Felizmente, eles vieram
em um vaso, então não tenho que tentar encontrar um.

— Aquele garoto do Anderson mandou isso para você? —


Ray pergunta, não parecendo muito impressionado.
Minha testa franze. Acho que tem que ser dele, mas
parece prematuro para Anderson me mandar flores.

Anderson Milner é… acho que a coisa mais próxima que


já tive de um namorado.

Quando Hunter informou toda a população do 8° ano do


sexo masculino que concedi favores sexuais, uma das muitas
coisas que me preocupava era que, mesmo que eu não
acreditasse que foi sua intenção, ele estava me abrindo para
uma série de avanços indesejados de caras que acreditava nele
e também queria uma trepada fácil – mesmo que fosse com
alguma nerd com quem eles nunca haviam falado antes.
Especialmente com ele deixando o país e não estava mais por
perto nem para policiar seu território, as coisas poderiam ficar
ruins para mim por um tempo.

Eles fizeram, eu acho, mas não da maneira que eu


esperava. Embora eu ainda seja lembrada periodicamente e
feita uma pária social, sou quase sempre invisível –
especialmente para os homens. Literalmente, todos os rapazes
da nossa escola me tratam como uma praga. Não apenas
nenhum deles empurrou avanços indesejados sobre mim após
o pronunciamento de Hunter, eles trataram isso como uma
política de “não tocar”. O último ano começa hoje, e nenhum
cara da nossa escola jamais me convidou para um baile da
escola, muito menos para qualquer tipo de encontro.

Até Anderson. Ele não estava na nossa escola quando


Hunter estava então acho que ele perdeu o memorando sobre
eu ser persona non grata. Também ajudou o fato de nos
conhecermos durante o verão, então não havia ambiente
escolar para enfrentar.

Sair com ele tem sido bom, mas nem nos beijamos ainda,
então estou confusa sobre por que ele me mandou rosas.

Há um cartão nas flores, então eu o arranco para ver o


que diz.

Primeiro dia do último ano. Vamos torná-lo


memorável.

Huh. Esquisito. Considerável, mas estranho.

Coloco o cartão de lado e me inclino para cheirar as rosas.


Ainda não tenho certeza de como me sinto sobre ele me
mandando flores, mas elas cheiram bem. Acho que foi uma
coisa boa de se fazer. Eu deveria ser grata, não cautelosa.

— O que há na sacola? — Mamãe pergunta.

Volto minha atenção das flores para a pequena bolsa


marrom. É um papel muito espesso e de alta qualidade com
“Fabricado em Assisi”20 estampado na frente e alças tão
resistentes quanto atacadores de sapatos. Há um laço de cetim
marrom amarrado em cima para manter a bolsa fechada, então
pego uma fita e a solto.

— Onde fica Assisi? — Ray pergunta.

20 Uma cidade na Itália famosa por ter sido o local de nascimento de São Francisco de Assis.
— Não sei, — mamãe murmura, ainda franzindo a testa.

Dentro há uma caixinha de joias marrom com uma nota


no topo. Pego o bilhete primeiro e, ao lê-lo, meus olhos se
estreitam e minha ira aumenta.

Use isso para a escola hoje.

Quero que todos saibam a quem você pertence.

— O que diz? — Mamãe pergunta, sempre curiosa.

Desta vez, em vez de gratidão obediente, me encho de


raiva cega.

— Diz que Anderson perdeu a cabeça de idiota, é o que


diz, — murmuro, largando o bilhete e abrindo a caixa de joias.
A quem pertenço. O que diabos ele está pensando?

Eu meio que olho para a caixa quando a abro. Não sei o


que espero que seja, mas não é o que está lá. Descansado em
uma cama de veludo preto macio está um colar de prata. A
corrente é delicada e o pingente pendurado nela é um “M” com
uma... cauda do diabo?

É bonito, mas não o entendo inteiramente. M para


Milner? Por que a cauda? Nada disso se parece em nada com
o estilo de Anderson, e estou totalmente impressionada com
isso.

Por mais confusa que eu esteja, mamãe pergunta: — O


que é isso?
— Hum... uma carta diabólica? — Digo perplexa.

— É o signo do zodíaco Escorpião, — afirma Ray.

Mamãe olha para ele. — Isto é? Por que você sabe disso?

— Porque sou de Escorpião. — Ele se estica e pega a nota


do balcão. Lê-lo faz com que sua carranca se aprofunde.

— Por que eu não sabia disso? — Mamãe pergunta.

— Não sei. — Ray olha para mim. — Quando é o


aniversário de Anderson?

— Não faço ideia.

— Hm. — Ray deixa cair a nota no balcão. — Bem, parece


que você atraiu a atenção de um Escorpião. Isso foi uma
péssima ideia. Não nos apaixonamos com frequência, mas
quando o fazemos...

Ele o deixa pendurado lá comigo e mamãe olhando para


ele, esperando que ele termine. — Quando você faz? — Exijo
impacientemente, os olhos arregalados.

Ray olha para minha mãe antes de olhar para mim. —


Nós nos prendemos a alguém com força suficiente e é isso; você
é nossa.

Os olhos da mamãe já estavam arregalados, mas agora


ela balança a cabeça em uma leve descrença. — Oh meu Deus,
você acredita em astrologia? Estou aprendendo muitas coisas
novas sobre você agora.
Os lábios de Ray se curvam levemente. — Não realmente,
mas não posso negar que muitos dos supostos traços que
carregamos são precisos – pelo menos, eles são para mim.

— Sou uma mulher racional, preciso de fatos para


comprovar isso, — afirma a mãe.

— Tudo o que definimos em nossas mentes, nós


alcançamos. Somos profundamente leais, incrivelmente
magnéticos, mais do que um pouco possessivos e
intensamente sexuais.

Seus olhos se arregalam em diversão levemente


escandalizada. — Ok, estou convencida. — Ela olha para mim.
— Além disso, você deveria se livrar do Anderson. Ele parece
um problema.

Não posso deixar de sorrir para sua lógica defeituosa. —


Oh, claro –problema para mim, mas bom para você.

— Sou uma adulta, posso lidar com isso. Você é meu


bebezinho doce e ninguém deveria olhar para você com
luxúria.

Reviro meus olhos, abandonando o colar e as flores e indo


pegar meu café. — Não sei quem é mais maluco, você ou
Anderson.
Suspiro, olhando para o enxame de alunos do ensino
médio aglomerados em torno das portas de entrada quando me
aproximo. Eles estão todos em seus pequenos grupos,
tagarelando.

Normalmente, quando passo pelas pessoas, é como se eu


fosse um fantasma. O ar ao redor deles pode mudar, mas não
tanto quanto um olhar se volta em minha direção. Hunter me
deixou invisível quando ele saiu e, de alguma forma, mesmo
em sua ausência, sua palavra é lei.

Na verdade, sua influência aqui se intensificou. Não é


como se eu o mantivesse de olho nele, então não sei tudo o que
Hunter tem feito na Itália, mas as notícias de algumas de suas
façanhas chegaram aqui. Era impossível não pegar boatos de
seu fã-clube.

Seu “importante” pai tem uma série de negócios, e um


deles é uma linha de roupas. Hunter sempre foi bonito, mas
agora que ele cresceu, ele cruzou o limiar do imensamente
sexy. Seu pai deve ter decidido astutamente – bastardo ou não
– que iria capitalizar sobre isso.

As garotas da Hawthorne High enlouqueceram quando


Hunter começou a aparecer nas camisas de modelagem do feed
do Instagram da empresa. Bem, ele não está usando nem uma
na metade das fotos, mas supostamente é isso que as fotos
deveriam estar vendendo. E pelo menos aqui, foi eficaz. Depois
da primeira campanha de Hunter, um grupo de garotas da
nossa escola encomendou as camisetas para elas e isso se
tornou uma onda de moda por alguns meses.

Foi quando ele começou a ser marcado em fotos com


modelos e espalhado pelos tabloides italianos. Não consigo ler
nenhuma delas, mas sempre há alguma garota nova em cada
foto, então posso adivinhar do que se trata.

Hoje, ao abrir a porta para entrar na escola, há algo


diferente no ar que não consigo definir. As pessoas estão
falando um pouco mais rápido com mais entusiasmo em seus
rostos.

Acho que é porque por ser o primeiro dia do último ano.


Acho que para algumas pessoas isso é emocionante.

Para mim, significa apenas que estou um dia mais perto


de nunca mais ter que passar por essas portas novamente. Se
sou um fantasma, meu negócio inacabado está muito mais
perto de ser embrulhado e escondido para que eu possa
finalmente ter minha liberdade.

Há algumas coisas que estou realmente ansiosa para


hoje, mas a conversa que estou prestes a ter com Anderson
não está na lista.

Eu gostava de Anderson ou eu não teria saído com ele


para começar (mesmo que ele seja tecnicamente a minha única
opção), mas ele veio de uma forma muito forte esta manhã e
estou encontrando-me um pouco desligada por ele.
Anderson é um cara legal e eu nunca o teria imaginado
como o tipo “Eu te possuo”. Pode haver caras no mundo que
podem fazer esse tipo de merda, mas tenho certeza de que
Anderson não é um deles. Estou mais perto de o largar (se é
que seria mesmo chamado assim, tão cedo) do que usar o colar
que ele entregou em minha casa como um psicopata.

Só de pensar na entrega que recebi esta manhã e, em


seguida, imaginar seu rosto me faz estremecer um pouco.

Não é uma boa aparência, Anderson. O que diabos você


estava pensando?

Como se convocado pelos meus pensamentos, “o próprio”


aparece no meu armário enquanto estou guardando os livros.
Ele tem um sorriso fácil e alegre no rosto quando olho para ele
– nada ameaçadoramente bonito, esse é Anderson Milner. Ele
tem cabelos castanhos com sobrancelhas espessas e escuras,
olhos castanhos brilhantes e feições angulosas. Ele é um
pouco mais alto do que eu e agora está usando sua nova
jaqueta preta e carmesim, embora esteja quente demais para
usar uma jaqueta hoje.

Meu olhar fica preso na jaqueta.

Não adoro o fato de Anderson estar no time de futebol,


porque muitos dos velhos amigos de Hunter também estão no
time de futebol.

Antes do incidente com a flor, eu me preocupava que,


assim que voltássemos para a escola, Anderson faria um curso
intensivo em tudo o que Hunter disse às pessoas para que me
tratassem como uma leprosa. Várias vezes o imaginei se
aproximando de mim no meio do primeiro dia, esfregando
desajeitadamente a nuca e evitando meu olhar enquanto
inventava uma desculpa para me deixar para que seus novos
amigos não o odiassem.

Espere, talvez ele ainda vá. Devo ignorar o incidente da


flor e esperar por isso?

Decidindo sondá-lo, colo um sorriso meio estúpido no


rosto e o cumprimento de volta. — Ei. Como foi o treino?

Os caras da equipe têm vindo aos treinos antes do início


do ano letivo, então não é como se Anderson estivesse apenas
se encontrando com a equipe hoje, mas há uma boa chance de
nenhum deles saber que ele estava namorando comigo... e isso
provavelmente não vai durar muito tempo. Todo mundo sabe
dos negócios de todo mundo nesta escola, juro.

— Não está no seu melhor. — Anderson encosta-se no


armário e sorri para mim, apesar de dizer isso. — O
quarterback com quem temos treinado foi descartado para a
segunda corda21. Um cara novo estava lá hoje, e você pensaria
que se alguém se juntasse ao time depois, eles teriam que ficar
para trás e nos alcançar, mas acho que ele deve ser bom,
porque o treinador reorganizou tudo para acomodá-lo.

21A expressão “second string” quer dizer um cara que serve de apoio para o homem principal. Não
tem todas as qualidades do cara principal, mas é suficiente.
— Isso parece irritante, — murmuro com simpatia,
colocando meu livro de química no lugar e fechando a porta do
armário.

— Pouco. Estou com um humor melhor agora que vou te


ver, no entanto, — ele diz, empurrando o armário e se
aproximando de mim.

Antes desta manhã, esse comentário teria sido doce e


talvez eu tivesse sorrido para ele. Agora, porém, temo que ele
ache um sorriso encorajador, então mantenho minha reação
muda enquanto abraço os livros que preciso contra meu peito
e lentamente saio em direção à minha primeira aula.

Anderson caminha ao meu lado, olhando para mim com


uma carranca leve. — Ei, está tudo bem?

O medo pesa sobre mim. Não vou conseguir adiar a


conversa e apenas ver se ele me dá um fora primeiro. — Hum,
não realmente. Olha, me sinto uma idiota falando isso, porque
as flores foram um gesto muito bonito, mas foi... sei lá, um
pouco demais? E o colar... o colar era demais, e o bilhete que
você mandou com ele... não sei, Anderson, isso não é típico de
você. Fiquei realmente desconcertada com isso, para ser
totalmente honesta.

Anderson ainda está andando ao meu lado, mas ele está


carrancudo em total confusão. — O que você está falando? Que
flores?
Franzo a testa para ele. — O... primeiro dia de flores da
escola que você entregou na minha casa esta... manhã? Você
não me mandou flores, — percebo lentamente.

As sobrancelhas escuras de Anderson se erguem de


surpresa. — Primeiro dia de flores na escola? Isso é uma coisa?
Eu deveria enviar...? Nunca ouvi falar disso.

Minha carranca se aprofunda. Olho para o chão em


pensamento enquanto caminho. — Você não mandou as flores.

— Não. — Posso sentir sua ansiedade, mas estou muito


preocupada tentando descobrir o que está acontecendo para
realmente prestar atenção a isso. — Talvez o namorado da sua
mãe tenha mandado flores para ela?

— Não, havia um cartão. Eles foram feitos para mim. —


Paro de andar por um momento, procurando nos corredores
lotados por outra jaqueta.

Talvez tenha sido uma brincadeira. Talvez um dos idiotas


que Hunter chamou de amigos enviou as flores e foi um gesto
mesquinho. Estou um pouco insegura com relação aos
motivos, no entanto. Embora existam alguns malvados – Mark
Poplowski em particular, e seu nome começa com M – ele não
é suficientemente inteligente para chegar a algo
profundamente diabólico, eu só posso pensar em algumas
maneiras disso fazer sentido.

Cenário um: o atleta idiota e sem noção ordenado por


Hunter para tornar minha vida um inferno enquanto ele está
fora me envia flores no primeiro dia de aula com mensagens
que interpretei romanticamente, mas com a intenção de me
intimidar com elas. Vamos tornar este ano memorável poderia
significar: Vamos tornar a sua vida um inferno este ano. A
mensagem sobre querer que eu soubesse a quem pertenço
poderia significar: Somos donos da sua bunda. Talvez eu as
tenha interpretado como possessivas por engano porque
acompanhavam rosas que automaticamente me faziam pensar
em um pretendente romântico, mas então... se esse é o motivo,
isso é muito mais esforço do que esses caras já fizeram para
tornar o colégio um inferno para mim. Até agora, tratava-se
principalmente de me isolar e me ignorar; Valerie tem sido má,
mas os caras nunca foram realmente agressivos comigo.

Cenário dois: o atleta que não é burro ou sem noção


descobriu sobre eu e Anderson saindo e decidiu sabotar nosso
novo relacionamento com as rosas. Isso poderia funcionar de
duas maneiras: uma – Anderson poderia simplesmente ficar
realmente ofendido e ameaçar que outro cara me mandasse
rosas (que ele descobriria quando eu inevitavelmente lhe
agradecesse por elas); ou dois, eu seria rejeitada por alguém
que mal estou namorando chegando muito forte muito rápido
e isso causaria uma briga.

Este é o cenário mais diabólico, certamente, mas também


parece muito menos provável, uma vez que exigiria que o
remetente das rosas me conhecesse em um nível muito mais
profundo do que qualquer um daqueles cabeças-duras.
Cenário três: ainda não tenho um, mas certamente há um
cenário que ainda não descobri, porque, na verdade, nenhum
dos meus dois primeiros parece totalmente plausível.

— Olá, Terra para Riley.

Meu olhar se volta para Anderson quando ele acena com


a mão na frente do meu rosto. — Desculpe. Desapareci por um
segundo.

— Sim, percebi. Quem te mandou flores?

— Não sei. Presumi que era você, então não olhei mais
fundo. Agora que sei que não foi, vou descobrir. Depois da
escola, vou passar na floricultura de onde o pedido se originou
e perguntar quem os enviou.

Eles podem não me dizer. Na minha cabeça, começo a


pensar na área ao redor da floricultura. Temos um pequeno
centro da cidade pitoresco, então há muitas lojas em frente
umas das outras. Se uma loja do outro lado da rua tivesse uma
câmera apontada para a porta, provavelmente eu poderia ver
as pessoas entrando e saindo da floricultura. Claro, poderia ter
sido um pedido on-line ou por telefone, mas alguém teria que
devolver o colar. Como posso convencer qualquer empresa do
outro lado da rua a me deixar ver suas fitas de segurança?

Anderson estala os dedos. Olho para ele, e desta vez ele


parece um pouco impressionado. — Você desapareceu de novo.

— Desculpe, desculpe. — Sacudo isso. — Meu repórter


interior assumiu. Eu estava me adiantando, é bom que você
tenha me impedido. Tenho certeza de que a florista vai me dizer
quem mandou as flores, se eu simplesmente perguntar.
Provavelmente não terei que colocar em prática o 007 em
ninguém.

Arqueando uma sobrancelha, ele pergunta: — Você


consegue informações como 007 das pessoas?

Encolho os ombros. — Provavelmente. Posso ser um


pouco tímida na execução, mas sou uma excelente
pesquisadora.

Paramos do lado de fora da minha sala de aula, já que


provavelmente Anderson não está na mesma classe. Eu
pretendia comparar nossos horários esta manhã para que
soubéssemos se nos veríamos novamente além do almoço, mas
a entrega de flores sequestrou minha mente a manhã toda e
esqueci.

Já que ele não parece estar com pressa de sair e me sinto


um pouco mal por estar distante dele esta manhã, ficamos fora
da sala de aula e comparamos os horários agora. Infelizmente,
não temos uma única aula juntos.

— Bem, isso é uma merda.

— Isso é péssimo, — diz ele, franzindo a testa. — Não vou


te ver o dia todo.

— Acho que nos veremos na hora do almoço, — ofereço.


— A menos que você se sente com os atletas, é claro. O que
você pode totalmente, não quis dizer que assumi que você se
sentaria comigo. Você não tem que se sentar ao meu lado se
não quiser. Na verdade, provavelmente é melhor se você não
fizer isso.

Ele franze a testa. — O quê? Por que isso seria melhor?

— Para você, — digo, percebendo que expliquei mal. — Os


atletas e eu não somos exatamente amigos, pois tenho certeza
que você descobrirá se alguém te vir comigo.

— Por quê?

— Razões realmente estúpidas. Tive uma briga com um


deles na 8ª série. Ele nem vem mais aqui, mas ele era o alfa e
eles são animais de carga, então...

Sua carranca se aprofunda. — Que tipo de briga?

— Não importa, são notícias velhas. Apenas... para tornar


sua vida mais fácil, provavelmente é melhor não dizer que você
está até mesmo saindo comigo até termos certeza de que vai
funcionar. Você é novo aqui e é legal; não quero colocar um
alvo nas suas costas.

Claramente não me levando tão a sério quanto deveria,


Anderson revira os olhos. — Oh vamos lá. Você não acha que
está sendo um pouco dramática? Um alvo nas minhas costas?
— Ele ri, e o som me enche de uma sensação talvez
injustificada de pavor.

Talvez Anderson esteja certo. Talvez eu esteja dando


muita importância a isso. Talvez agora que é o último ano, as
pessoas estejam mais preocupadas em viver suas próprias
vidas do que com as vinganças de um cara que nenhum de nós
viu em quatro anos.

— Você pode sentar ao meu lado se quiser, mas se alguém


falar merda sobre mim no seu próximo treino, não diga que
não avisei.

— Acho que vou arriscar. Ainda quero saber mais sobre


essa briga, — Anderson me diz enquanto me aproximo da
porta. — Você vai ter que me contar sobre isso quando nos
sentarmos juntos na hora do almoço.

— Não é nada. Ele mentiu sobre mim e todos acreditaram.


É chato, realmente.

— Deve ser algo se apenas ser visto com você vai colocar
um alvo nas minhas costas, — ele brinca.

Reviro meus olhos, voltando para a porta da minha


primeira aula. — Tudo bem, entendi, você acha que estou
sendo ridiculamente exagerada. — Em uma demonstração de
drama, jogo meu braço no ar melancolicamente. — Vá embora,
lindo pretendente, tenho que cuidar dos meus estudos agora.

— O que eu estava pensando? Você não é nem um pouco


dramática.

— Claramente, você não estava. — Quando estou prestes


a me virar, sou pega de surpresa pelo braço de Anderson em
volta da minha cintura. Ele me puxa e meus olhos se
arregalam em alarme. O que ele está fazendo? Ele não pode me
dar um abraço de adeus na porta. Estamos na escola, pelo
amor de Deus.

Eu só tenho um breve vislumbre do carinho em seus


olhos antes que ele comece a baixar o rosto em direção ao meu.
Estou chocada demais para reagir enquanto ele pressiona
brevemente seus lábios contra os meus em um beijo muito
casual. Como se eu fosse dele para beijar. Como já fizemos
antes. Como se ele tivesse o direito inerente de me beijar.

Eu realmente não sinto nada além de choque, mas o


contato é breve, então talvez esteja tudo bem. Claro, o contato
foi breve quando Hunter me beijou também, mas aquele
momento foi muito diferente. Havia uma carga emocional, uma
sensação de antecipação, uma proximidade já estabelecida que
o tornava muito mais íntimo do que qualquer beijo gentil e
pouco exigente tem o direito de ser.

Este foi quase descartável, improvisado, apenas algo que


ele queria fazer antes de continuar o resto de seu dia.

Algo que ele queria fazer. Talvez seja essa a diferença.


Quando Hunter me beijou, fui eu quem quis. Ele precisava
disso. Entre nós dois, estávamos preparados e prontos para
isso, e isso... isso...

Eu estava despreparada para isso, só isso. Certamente o


próximo será melhor.
Alguém limpa a garganta na frente da sala e me viro, com
os olhos arregalados, para ver uma professora de aparência
nada impressionada me dando um olhar horrível.

Ruborizo todo o caminho até os dedos dos pés, abandono


Anderson sem uma palavra e corro para frente. — Sinto muito.

Em um tom que diz que ela já ouviu tudo antes, ela


pergunta: — Nome?

Quero responder, mas minha língua está presa na minha


boca. Sinto necessidade de me explicar. Quero ir até ela e dizer
que ela teve uma impressão errada de mim. Não sou a garota
que beija meninos antes da aula, no primeiro dia de aula, à
vista de todos, incluindo meu professor.

Mas não consigo encontrar minhas palavras, então ela


apenas fica lá me julgando e provavelmente também pensando
que sou um idiota, já que não consigo encontrar as sílabas
necessárias para dizer meu próprio nome.

Mas então, alguém os encontra para mim.

— O nome dela é Riley Bishop. E a julgar pelas coisas que


as pessoas dizem sobre ela, você provavelmente vai querer ficar
de olho nela.

Há uma risada leve vindo da última fileira, mas quase não


consigo ouvi-los. Todos os meus sentidos caem, os
pensamentos em meu cérebro atingem uma parede e meu
corpo para de funcionar, exceto pelo esforço que leva para virar
minha cabeça.
Eu sabia que era ele pelo som de sua voz, mas de alguma
forma não fico menos chocada quando me vejo olhando nos
olhos castanhos magnéticos de Hunter Maxwell.
Quando ela fala, o tom severo da professora me tira do
meu estupor. — Encontre um assento, Srta. Bishop.

Isso seria muito mais fácil de fazer se minhas pernas


quisessem funcionar. Elas não fazem, mas as forço a se
moverem lentamente para frente, tirando meu olhar de Hunter
e tentando ignorar a batida furiosa dentro do meu peito.

Como ele esta aqui? Por que ele está aqui?

Parecia que ele estava se divertindo muito na Itália – tudo


bem, olhei para sua mídia social uma ou duas vezes depois de
ouvir as pessoas falando sobre ele na escola – e com apenas
um ano do ensino médio restante, naturalmente presumi que
ele iria terminar para lá. Sei que quando ele se mudou, ele
estava preocupado por não saber italiano, mas algumas de
suas postagens estavam em italiano quando olhei, então ele
deve ter aprendido. Parece que seria mais problemático do que
qualquer coisa se dar ao trabalho de se transferir para outros
sistemas escolares internacionais.
Impeço-me de protelar ainda mais enquanto penso sobre
coisas que dificilmente parecem relevantes em face da
presença dele na minha sala de aula.

Puta merda, Hunter está de volta.

Meu coração está estranhamente leve com a perspectiva.

Sei que ele me odiava quando foi embora, mas não o odiei.
Nunca o odiei – queria o que era melhor para ele, só isso. Não
exatamente me entusiasmei com ele em sua ausência, dada a
Sibéria social a que ele me sentenciou, mas... não parece
importar agora. Sinto-me toda agitada, e por mais que meu
orgulho me diga para não olhar para ele, não consigo evitar
que meu olhar vagueie.

Dou uma volta na mesa no final da fileira e começo a


subir seu corredor para que eu possa espiar sem ser muito
óbvia.

Isso pode ter funcionado, mas ele está olhando


diretamente para mim, então ele percebe o momento em que
meu olhar pousa nele.

Meu coração bate forte.

Deus, ele parece tão bom. Eu o vi em fotos, mas


pessoalmente ele tem mais do que apenas sua aparência
atraente. Ele tem toda essa aura ao seu redor – como um
campo magnético cercado por arame farpado, tentando-me a
ir mais perto e me avisando ao mesmo tempo.
Não sei se é só porque ninguém nunca me nota e agora
ele está me notando com tanta força, mas estou
completamente desorientada. Sinto-me estranha só de andar.
Ter que escolher uma mesa parece ser a tarefa mais difícil que
já recebi.

Vejo carteiras vazias aqui e ali pela visão periférica


enquanto caminho, mas se continuar passando por elas não
sobrará nenhuma. Será fácil ver que Hunter está me jogando
para fora; não há razão para vagar por esta fileira e fazer um
tour pelas carteiras vazias se minha cabeça estiver no lugar e
não pretendo levar nenhuma delas.

Hunter está exatamente na metade do caminho – duas


carteiras na frente dele, duas atrás dele. Prefiro sentar mais na
frente, mas essa professora já não gosta de mim, então talvez
um pouco de distância nessa aula seja bom.

Estou me aproximando dele agora, então não há muito o


que escolher. Ambas as carteiras atrás de Hunter já estão
ocupadas. Ainda há um no lado oposto do corredor, mas fica
bem no fundo da fileira e se eu sentar lá, ficarei tão distraída
olhando para a nuca de Hunter o tempo todo, que nunca serei
capaz de prestar atenção.

Provavelmente é uma ideia terrível, ruim, muito ruim,


mas coloco a palma da mão na superfície plana da mesa como
um breve aviso, então me jogo na cadeira ao lado de Hunter.

Ele levanta uma sobrancelha escura para mim. —


Escolha interessante.
Sim. Má escolha. Escolha muito ruim. Estou sentada
perto demais dele, mas não vou me importar se voltar agora.
— Centro da sala. Gosto deste assento.

— Uh-huh, — ele diz, não convencido. — Você geralmente


se senta na primeira fila como o boa nerd que é.

Lanço-lhe um olhar falante e espero que ele não esteja em


nenhuma das minhas outras aulas, onde absolutamente
estarei sentada na primeira fila. — Isso foi na 8ª série, Hunter.
Pessoas mudam.

Balançando a cabeça lentamente em consideração, ele


diz: — Isso é verdade. Só estou familiarizado com a inocente
Riley leitora de livros. A vagabunda da escola que beija
meninos antes da aula é novinha em folha, mas estou ansioso
para conhecê-la bem.

Mordo a isca e olho para ele. — Não sou a vagabunda da


escola. Esse é meu namorado. Não beijo apenas estranhos –
mas sabe de uma coisa? Se o fizesse, não seria da sua conta.
Você se foi há quatro anos. Nunca ouvi uma única palavra sua,
e não vamos esquecer o presente de despedida que você me
deixou...

Interrompendo-me, ele diz: — Sim, e de quem é a culpa


por eu ter ido embora, Riley? Não é minha.

Abro a boca para responder, mas antes que possa dizer


as palavras, a professora estala: — Srta. Bishop. Você já está
causando problemas?
Meu queixo cai e olho para frente da sala. Ela está falando
sério? Ela não pode ver Hunter correndo sua boca tanto quanto
estou executando a minha?

Como se ela não pudesse, e estou totalmente errada para


a bagunça na sala de aula, ela levanta as sobrancelhas
severamente.

Isso me mata, mas murmuro de volta: — Desculpe, Sra.


Dowd. Não vai acontecer novamente.

— Espero que não.

Espero até que ela desvie o olhar para encará-lo, então


viro minha cabeça e lanço um olhar sem palavras na direção
de Hunter para uma boa medida.

Ele está de volta há apenas cinco minutos e já está me


colocando em apuros.

Isso não augura bem.

Hunter sorri de volta, seus olhos brilhando de alegria, em


seguida, volta sua atenção para frente da classe como se ele
fosse o bom.

Muito mais mal-humorada, me sento em meu próprio


assento e direciono meu olhar para a professora de que já não
gosto, mas sabendo que Hunter está a apenas um passo de
distância, sentindo sua presença... é muito tentador ter outro
vislumbre.
Espero que ele me pegue olhando imediatamente, tão
ciente de mim quanto estou dele, mas se ele pode sentir meu
olhar sobre ele, não posso dizer.

Agora que tive um momento para absorver o choque de


seu reaparecimento repentino, começo a notar mais sobre ele.

Como a cicatriz no lado direito da cabeça perto da


têmpora. Acho que estava certa e ele deveria ter levado os
pontos naquela noite, mas a cicatriz funciona para ele.
Adiciona uma certa robustez à sua aparência clássica.

Meu olhar cai em seguida para seus ombros largos e vejo


a jaqueta letterman esticada sobre eles.

Espere, como ele já tem uma jaqueta?

Franzo a testa, pensando em alguns minutos atrás,


quando Anderson reclamou sobre o cara novo que interrompeu
a formação de costume. Hunter praticava esportes no ensino
médio, mas eu não esperava que ele se envolvesse com
nenhum este ano, já que ele acabou de voltar.

Suponho que se alguém pudesse invadir e esperar que


todos os outros se encaixassem ao seu redor, seria Hunter
Maxwell.

Continuo minha leitura, observando sua roupa. Ele está


vestido casualmente hoje com calça de moletom preta justa e
um moletom vermelho bordô da empresa de seu pai – aquele
para o qual ele modelou enquanto estava na Itália.
Há algo diferente nele que não consigo definir. Não tem
nada a ver com sua jaqueta ou roupas – nada que possa ser
colocado ou tirado à vontade.

Agora há uma sensação de problema com ele que não


existia quando éramos crianças. A confiança que ele adquiriu
e que agora usa como uma segunda pele.

Foi-se o menino problemático e vulnerável que conheci


anos atrás sentado em uma ponte. Ele cresceu, e você pode
dizer só de olhar para ele... ele não precisa mais de ninguém.

Não sei por que isso me deixa triste. Não é como se eu


quisesse que Hunter fosse ferido, acho que... nunca realmente
abalei a memória de estar lá para ele quando ele precisava. O
vínculo que cresceu entre nós. Adormecer na minha cama com
meus braços em volta dele – mesmo que ele tenha usado essa
memória em particular para arruinar minha reputação depois.
Ainda era um amor para mim.

Consigo tirar meu olhar de Hunter sem ser pega, mas


mesmo quando a aula começa, luto para me concentrar. Eu
sabia que não era uma boa ideia sentar ao lado dele, mas não
sabia que seria tão terrível. Pensei que tinha mais
autocontrole, mas estar tão perto dele... ele é a única coisa em
que posso me concentrar.

Provavelmente é só hoje. É o choque disso, só isso. Eu


deveria ser mais compreensiva comigo mesma. Ele é apenas
um cara, e não me deixo distrair por caras. Nunca.
Bem, exceto ele. Eu tinha esquecido, mas depois de
assistir a aula e não ser capaz de lembrar muito mais do que
minha antipatia mútua pela minha professora neste período,
as memórias estão voltando rapidamente, me lembrando que
Hunter Maxwell sempre foi o único cara no mundo capaz de
me distrair.

Acho que algumas coisas nunca mudam.

Quando a campainha toca, estou ansiosa para juntar


minhas coisas e sair daqui. Tão ansiosa que sou a primeira a
sair do meu lugar, a primeira a ir para a liberdade do corredor.

Hunter está bem atrás de mim, no entanto. Posso senti-


lo. Não sei se ele está perseguindo com a intenção de atacar ou
apenas fazendo sua presença conhecida antes de virar na
direção oposta e continuar com seu dia. Estou tensa quando
viro à direita, em direção à minha próxima aula.

Não posso dizer por que, mas quase me sinto aliviada


quando Hunter dá um passo ao meu lado. Como se fosse
predeterminado que caminharíamos neste corredor juntos
depois daquela aula cheia de tensão.

Ele não diz nada, apenas mantém o ritmo e espera.


Estou contente em ignorá-lo pelo espaço de alguns
metros, mas então minha curiosidade leva o melhor de mim e
finalmente olho para ele. — Obrigada pelas flores.

Seus lábios perfeitos se curvam e ele olha para mim. —


Você não está usando seu colar. Parece um pouco ingrata, não
acha?

Meu alívio aumenta com a confirmação de que ele está


por trás disso – teria me deixado louca sem saber.

Reviro meus olhos para ele. — Não pertenço a você. Além


disso, não percebi que era de você quando abri – pensei que
era do meu namorado e quase o larguei por sua audácia.

— Bem, ele tem uma enorme audácia, — afirma Hunter.


— Talvez você devesse terminar com ele de qualquer maneira.

Apesar de eu mesma, não posso evitar os cantos da


minha boca de puxar para cima em diversão fraca. — Ele não
faz. É por isso que fiquei tão confusa. Anderson é realmente
muito bom.

— Uh huh, — ele diz em um tom de tédio absoluto.

— Ele é, — insisto. — E respeitoso.

Hunter balança a cabeça como se estivesse concordando


com minha ladainha de elogios sobre meu namorado. — Tão
respeitoso que ele beijou você sem sua permissão na frente de
sua professora e de todos os seus colegas.
O calor corre para minhas bochechas. — Como você sabe
que ele não tinha minha permissão?

— Já te beijei antes, Riley. Sei como fica quando você


quer.

Suas palavras me roubam mais do que minha habilidade


de falar – por um momento, não consigo nem respirar
enquanto uma memória daquela noite passa por minha mente.

Por instinto, olho para a cicatriz que se formou onde


estava o corte. Algumas mechas de cabelo escuro caíram sobre
ele agora, mas você pode dizer que não é algo que ele tente
esconder. Não o incomoda, aquela lembrança de quando sua
mãe falhou e toda a sua vida foi destruída. Ele é insensível.

Estou muito focada na marca em sua cabeça para notar


que fui pega olhando até que seu tom ligeiramente divertido
arrasta meu foco de volta para seus lindos olhos castanhos. —
Gosta disso?. Sempre me faz pensar em você.

É uma coisa tão estranha de se dizer que sinto que estou


começando a corar de novo. Não sou mais um blush - pelo
menos, não acho que era. — Suponho que isso seja melhor do
que outras coisas que poderia fazer você pensar, — murmuro,
observando-o para ver uma reação.

Quase não espero uma, dada a sua vibração até agora,


mas quando digo isso, noto uma centelha de dureza em seus
olhos, o mais leve movimento quando ele aperta a mandíbula.
Ele supera isso rapidamente e olha para mim com uma
expressão clara.

— Você vai ficar com ela? — Pergunto.

— É claro. É minha casa, onde mais eu ficaria?

A mãe de Hunter se mudou depois que tudo aconteceu,


mas ela nunca vendeu a casa e eu nunca soube para onde ela
foi. Ela voltou alguns anos depois sem o marido, mas não
tenho certeza do que aconteceu.

— Dennis foi embora agora?

Sua mandíbula não aperta desta vez, mas a dureza que


cintilou em seu olhar um segundo atrás retorna. — Sim. Eles
se mudaram para Nova York por um tempo para fugir de todo
o BS22 aqui. Ele se embebedou e a traiu. Acho que valeu a pena
deixar de lado.

— Valeu a pena você deixar para lá, — respondo sem


pensar. — Sua mãe é uma idiota.

As palavras saíram sem pensar. Ele parece tão surpreso


quanto eu ao ouvi-las. Quase espero que ele fique um pouco
na defensiva, dado o quão protetor com ela sempre foi, mas ele
apenas sorriu sem palavras, como se apreciasse minha
lealdade instintiva, mas não iria reconhecê-la.

22 Abreviatura para Bullshit, que significa besteira.


Droga, por que o protecionismo instintivo sobre ele está
voltando?

Quando começo a meditar sobre o aborrecimento dessa


constatação, Hunter desacelera até parar. Não percebo o que
estou fazendo até que naturalmente desacelero para uma
parada com ele e me encontro parada aqui como uma idiota
enquanto ele para na frente de seu armário.

Seu olhar muda para mim, curioso, mas ele não se


demora muito, provavelmente não querendo me assustar e
perceber que eu deveria ter continuado andando. Olho para
longe, me perguntando o quão estranha seria a recuperação se
eu desviasse agora e começasse a andar sozinha em vez de
ficar perto de seu armário como se estivesse esperando por ele.

Antes que eu possa decidir sobre um curso de ação, ele


começa a falar novamente.

— Aw, que doce. Você não deveria ter feito.

A jovialidade em seu tom desperta minha curiosidade.


Foco minha atenção onde ele está olhando – na frente de seu
armário, onde um santuário foi iniciado. Há uma placa dizendo
– Bem-vindo de volta, Hunter! – em letras de bolha com uma
abundância de corações rosa e vermelhos chovendo ao redor
de seu nome. Fotos dele com seus amigos – e a estúpida Valerie
Johnson – estão em ângulo e gravadas acima e abaixo da placa,
junto com a parafernália do espírito de equipe.

Reviro meus olhos. — Ugh. Você sabe que não fiz.


Hunter balança a cabeça enquanto empurra de lado
algumas fitas encaracoladas ridículas penduradas na parte
inferior da placa e gira o dial para colocar sua combinação. —
Isso é verdade. Você provavelmente teria apenas colado uma
nova lista de livros na frente do meu armário, talvez anexado
um broche de Mockingjay para um pouco de ousadia.

Mordo um sorriso. — Isso soa como algo que eu faria.

Hunter sorri fracamente e olha para mim, depois volta a


trocar os livros em seu armário. Quando ele vai fechar a porta,
as fitas ficam presas e ele suspira. — Isso vai ser irritante.

— Tudo o que Valerie está envolvida é irritante, — ofereço


inocentemente, abraçando meus livros e me recostando nos
armários.

— Acho que não tenho que me preocupar por ter sido


esquecido, — ele diz levemente.

A ideia de alguém aqui esquecê-lo é tão ridícula que


zombo enquanto começamos a andar novamente. — Sim, não,
você ainda é um deus por aqui. Quando você começou a
modelar para a linha de roupas do seu pai, vi aquela foto
icônica de você com o beicinho perfeito olhando para o oceano
de um penhasco italiano, tipo... todos os dias. As pessoas aqui
são obcecadas por você. De alguma forma, seu legado só
cresceu em sua ausência.

Com isso, ele sorri. — Ei, pelo menos ninguém acha que
você desistiu de um perdedor, certo?
Olho para baixo, balançando minha cabeça para sua
ousadia. — Uau. Ainda não tem vergonha disso, hein?

— Alguém tinha que ser seu primeiro, por que não eu? —
Ele diz descaradamente.

Balanço minha cabeça. — Deus, você pode ser um idiota.


Você não foi meu primeiro, essa é apenas a mentira em que
todos acreditam.

Hunter dá de ombros, então ele me dá uma piscadela. —


Ainda dá tempo, vamos ver o que acontece.

Fico olhando para ele, dividida entre a diversão relutante


e o aborrecimento absoluto. — Isso é bastante presunçoso, não
acha? O que te faz pensar que ainda sou virgem?

Com uma certeza que acho suspeita, ele diz: — Tenho


quase certeza.

Meus olhos se estreitam em seu rosto. — Por quê?

Em vez de me responder, ele diminui a velocidade até


parar e aponta para um corredor que leva a um monte de salas
de aula. — Vou por aqui.

— Você está fugindo da pergunta.

Como se fosse inocente, ele diz: — Só quero causar uma


boa impressão no meu primeiro dia de escola—. Então,
baixando o olhar e acenando com a cabeça para os livros
agarrados ao meu peito, ele diz: — Você pode querer pensar
em fazer o mesmo. Passamos da sua próxima sala há um
tempo.

Meu rosto cai e abaixo meus livros, agarrando a


programação no topo e rapidamente olhando para ver onde
minha próxima aula é.

Merda! Ele tem razão.

Olho para ele apenas o tempo suficiente para ver o sorriso


presunçoso em seu rosto antes que ele se vire e saia pelo
corredor.

A frustração se apodera de mim. Não quero que ele dê a


última palavra, mas também não quero me atrasar para minha
próxima aula.

A autopreservação vence e viro rapidamente caminhando


de volta pelo corredor que acabei de chegar.
— Pergunta.

Sara se vira, parecendo um pouco como um cervo sob os


faróis quando bato minha mão no balcão, minha agenda
imprensada entre a palma da mão e a superfície lisa.

Com os olhos arregalados e suspeitosamente hesitante,


ela diz: — Sim?

— Como é que Hunter Maxwell conhece meu horário de


aula melhor do que eu?

Os olhos de Sara se arregalam ainda mais por uma fração


de segundo, então ela lança um olhar para a esquerda e para
a direita para verificar se há professores – ou pior, sua mãe.

A mãe de Sara trabalha no escritório, e Sara é auxiliar de


escritório antes do almoço. Normalmente, a encontro aqui e
vamos para o refeitório juntas, mas na maioria dos dias espero
fora do escritório.
Hoje não. Hoje estou experimentando uma forte sensação
de Et tu, Brute?23 E quero respostas.

Levanto uma sobrancelha em expectativa.

Sara suspira e murcha, seus ombros afundam e seu


corpo se curva para frente. — Ele pode ter pedido uma cópia
antes da escola esta manhã.

— Sara!

— Sinto muito!

— Por que você daria a ele? — Exijo, de olhos arregalados.


— E por que você não me contou? Eu nem sabia que ele estava
de volta.

— Ele me disse para não contar a você. Ele jurou que não
faria nada de mal com isso.

— E você acreditou nele? — Exijo.

Ela encolhe os ombros se desculpando. — Eu o fiz jurar


mindinho?

— Vou matar você, — digo a ela.

— Você pode esperar até depois do almoço? Estou


morrendo de fome.

23É uma expressão latina que significa “e tu, Brutus?” ou “até tu, Brutus?” Proferida pelo ditador
romano Júlio César, no momento do seu assassinato, ao seu filho adotivo Marco Brutus.
— Só porque seria cruel não permitir uma última ceia,
mesmo sendo um Judas.

Ela torce o nariz. — Não sou um Judas.

— Diga isso para a faca enfiada nas minhas costas.


Esvazie seus bolsos, quero ter certeza de que ele pelo menos
lhe deu suas trinta moedas de prata.

Agora Sara revira os olhos para mim. — Você é tão


dramática.

— Você é a segunda pessoa a me dizer isso hoje.

Ela se vira para empilhar uma pasta de arquivo parda no


topo de uma montanha deles, então olha para mim por cima
do ombro. — E isso te diz alguma coisa?

— Sim. — Paro por uma fração de segundo. — Que vocês


dois estão errados.

Quando ela se vira, há um brilho de antecipação em seus


olhos. — Então, o que ele fez com isso?

— Eu não deveria te dizer. Essas são informações


confidenciais para serem compartilhadas apenas com amigos
– não agentes duplos.

Olhando para mim como se eu estivesse sendo irracional,


ela pergunta: — Você tem alguma ideia de como é difícil dizer
não para Hunter Maxwell?

Sim, sim, tenho.


Acho que posso deixá-la fugir desta vez.

Com um suspiro, digo a ela: — Anderson me beijou hoje.

Os olhos de Sara se arregalam. — O quê? Oh meu Deus,


preciso de detalhes. Como foi?

— Foi na frente de Hunter, — digo, já que de alguma


forma essa é a única coisa que parece memorável. — E minha
professora, que acha que sou um idiota agora.

De alguma forma, seus olhos se arregalam ainda mais. —


Como de propósito? Ele já sabe sobre você e Hunter? Ele estava
com ciúmes? Foi um gesto sexy de posse para mostrar a
Hunter que você é dele agora? — Ela suspira. — Por que sua
vida é muito melhor do que a minha?

Não posso deixar de rir quando ela rapidamente sai do


computador e dá a volta no balcão para se juntar a mim. —
Não é, foi apenas um dia, deixe-me dizer a você. E não é nada
do que você está pensando. Acredite em mim, não houve
romance arrebatador, não houve fogos de artifício; foi apenas
um selinho rápido.

Ela torce o nariz. — Ele desperdiçou o primeiro beijo – na


frente de seu rival – com um selinho? Ele merece perder.

— Oh meu Deus, você poderia parar? Hunter não é seu


rival. Antes de hoje, eu não tinha falado com Hunter em quatro
anos. E ele me odeia – ele me baniu para a Sibéria social antes
de partir, lembra? Não é exatamente um ótimo romance.
Ela me lança outro olhar engraçado. — Mesmo? Que tipo
de romance você está lendo?

É uma pergunta retórica, então não me incomodo em


responder. — Não dê a ele mais nenhuma das minhas
informações, — a advirto, embora eu ache que ela já fez todo o
dano que ela pode.

Não mudei meu número desde que ganhei meu primeiro


celular, moro no mesmo lugar, agora ele sabe onde estarei a
cada hora de cada dia de aula...

Se Hunter quiser me encontrar, ele pode.

Ainda assim, não quero que ela o ajude. Não sei o que ele
está fazendo agora que voltou, mas quando saiu, prometeu me
punir por trair sua confiança. Talvez ele já tenha superado isso
agora, mas apenas no caso de não estar... parece sensato ser
cautelosa.

Nunca estou ansiosa para ir ao refeitório para almoçar,


mas enquanto pegamos nossas bandejas e vamos encontrar
lugares hoje, estou realmente ansiosa com isso.
Sara deve notar. Enquanto caminhamos para uma das
mesas vazias, ela diz: — O primeiro dia é sempre o pior, você
sabe.

Ofereço um sorriso fraco. — Sim. Anderson pode se


sentar conosco. Tentei dissuadi-lo, mas ele me pareceu
bastante insistente.

— Você não quer que seu namorado se sente com você na


hora do almoço?

— Ele não é realmente meu namorado.

Sara balança a cabeça. — Você e sua mãe, juro. A maioria


das garotas gosta de ter um namorado. Vocês têm namorados
e fingem que não têm. Só posso imaginar como os homens
devem ficar confusos com vocês duas.

Lanço um olhar para ela por me comparar com minha


mãe. Amo minha mãe, mas não somos iguais. — Não é
remotamente a mesma situação. As coisas são novas com
Anderson, só isso.

— Mm-hmm, — ela murmura, claramente não


convencida. — Você está namorando há dois meses. Como você
namora alguém exclusivamente por dois meses inteiros e não
o chama de seu namorado?

— Não faz dois meses, — digo, franzindo a testa.

Ela balança a cabeça, mais segura da linha do tempo


melhor que eu. — Mais do que isso, dependendo da data em
que você for. Sei que vocês começaram a falar antes de 4 de
julho porque ele veio para os fogos de artifício. Foi a primeira
vez que eu disse, 'Oh meu Deus, ela tem um namorado' e então
fiquei esperando você tornar isso oficial e você nunca o fez.

Isso não parece certo, mas Sara é muito melhor em


controlar coisas assim do que eu, então acho que devo
acreditar na palavra dela.

— Huh. Não percebi que fazia tanto tempo. Ainda assim,


ele nem me beijou antes de hoje. Isso não parece território de
namorado para mim.

— Quando você se casar, estará caminhando pelo


corredor com um grande vestido branco, convencida de que
ainda não está no território de esposa.

— Ei, até que os votos sejam pronunciados, nada é oficial.


Ainda posso mudar de ideia, — brinco.

— Veja, — ela diz, balançando a cabeça e abrindo seu


copo de frutas. — Os meninos estão perdidos com você.

Quase conto a ela sobre as flores que foram entregues em


minha casa esta manhã, já que ainda não tive a chance, mas
olhando ao redor do refeitório, não consigo encontrar
Anderson. Não quero começar a contar a história a Sara e
depois vê-lo vir – especialmente porque agora sei de quem são
as flores, mas não tenho certeza se quero contar a ele.

Pensar nas flores me faz pensar em Hunter e meu olhar


vagueia em direção à mesa que sei que ele estará sentado.
Com certeza, lá está ele. Eu sabia que ele estaria na mesa
popular com todos os seus amigos idiotas. A mesa deles é
sempre a mais barulhenta do refeitório, mas hoje eles estão
zumbindo com ainda mais energia porque seu rei está de volta.

O som de uma bandeja batendo na mesa ao meu lado


desvia minha atenção de Hunter e seus seguidores mais
fervorosos. Olho para cima a tempo de ver o sorriso de
Anderson antes que ele caia no assento ao meu lado.

— Ei, você veio.

— Claro que sim. — Ele se inclina. Luto contra a vontade


de me inclinar para trás – dois beijos em um dia? – mas é outro
beijinho rápido, então ele olha para Sara. — Ei, Sara. Espero
que você não se importe que eu destrua sua festa de dois.

— Não, claro que não. Eu estava apenas dizendo a Riley...

Ela continua falando, mas minha atenção se desvanece.


Sinto olhos em mim. Olho de volta para a mesa de Hunter e
nossos olhares se encontram.

Interrompo rapidamente, tentando me concentrar em


Sara e Anderson, mas não posso deixar de me perguntar se
Hunter viu Anderson me beijar novamente.

Ele viu isso na aula também, mas era diferente daquela


vez. Eu nem sabia que ele estava lá, e quando percebi que ele
estava, fiquei pasma demais para pensar muito nele assistindo
meu primeiro beijo com Anderson.
Seu comentário sobre aquele beijo passa pela minha
cabeça. Se ele viu este, provavelmente parecia outro beijo que
eu não queria.

Meu estômago aperta pensando nisso. Por que não quero


seus beijos?

Talvez se Anderson tivesse me beijado em algum lugar


mais privado, eu não me sentiria tão relutante. Eu certamente
não estava relutante ou fria quando Hunter me beijou no meu
quarto. Talvez eu simplesmente não goste de PDA24.

Sim, provavelmente é isso.

Mesmo quando penso, não estou convencida. Sei que


aquele beijo com Hunter viveu na minha memória por tanto
tempo, posso ter feito algumas revisões não intencionais nele,
mas pensar nisso ainda traz um rubor em minhas bochechas,
e isso aconteceu há quatro anos.

Hunter tem os lábios mais perfeitos. Beijá-lo foi muito


diferente. Muito mais significativo.

Balanço minha cabeça, tentando abandonar


pensamentos como esse. Eles me fazem sentir culpada. Eu
nem deveria estar comparando os beijos rápidos que Anderson
me deu com o beijo carinhoso e emocionalmente carregado que
recebi de Hunter.

24 PDA (Public display of affection) = demonstração pública de afeto


Talvez Anderson não beije como Hunter, mas também
não dói como ele.

Luto contra a tentação de olhar para Hunter novamente


e mantenho minha atenção onde deveria estar enquanto
converso sobre o dia na escola com Anderson e Sara. Acho que
ele pode me fazer perguntas pelas quais não estou animada se
Sara e eu pararmos de conversar, então não fazemos isso. Sara
ainda não passou muito tempo com o Anderson. Agora que a
escola voltou a funcionar, todos nós nos veremos muito mais,
mas por enquanto, ela aproveita a oportunidade para conhecê-
lo e incentivo, pensando que desde que eles não estejam
falando sobre nada, ele não pode me perguntar sobre Hunter.

— Filme favorito da Disney? — Ela pergunta,


mergulhando a colher de plástico em seu copo de frutas.

Anderson coloca uma batata frita na boca. — Rei Leão.

— Melhor cobertura de pizza?

Antes que ela possa questioná-lo mais, alguém se


aproxima da nossa mesa e rouba todas as palavras de sua
cabeça.

Apenas uma pessoa pode fazer isso.

Olho para Wally Kazinsky. Seu cabelo escuro está mais


curto este ano – ele o bagunçou durante o verão, então está
apenas começando a crescer novamente. Como Anderson e
Hunter, ele está usando sua jaqueta letterman, embora seja
um dia quente.
— Oi, — Sara diz, não conseguindo conter sua admiração.

Suspiro para mim mesma. Wally está muito mais bonito


agora do que quando era um adolescente desajeitado, e ela já
estava completamente obcecada por ele. Não entendi o que ela
viu nele quando estávamos no ensino médio. Ainda não sei,
realmente. Ele é bonito, eu acho, mas ainda não acho que haja
nada de especial sobre ele.

Sara não pode ser convencida, embora eu ainda não


tenha certeza de que ele saiba o nome dela.

Ele levanta o queixo em agradecimento. — E aí? — Sem


dar a ela a chance de ter a impressão errada de que ele se
preocupa com uma resposta, ele muda seu olhar para
Anderson. — Se perdeu, Milner? Nossa mesa está ali, — ele
diz, apontando para a mesa de Hunter.

— Oh, sim, eu vi. Não, realmente pensei em sentar com


minha namorada hoje. Primeiro dia e tudo.

— Que fofo, — ele diz, seu tom deixando claro que ele não
acha fofo. — Bem, talvez você deva reconsiderar. Hunter trouxe
um bufê para todos nós comemorarmos seu primeiro dia de
volta. É muito melhor do que essa porcaria, — diz ele, fazendo
um gesto de desprezo em direção à bandeja cheia de comida
padrão de cafeteria.

— Posso providenciar serviços para elas também?


Wally olha de Sara para mim, seu olhar esfriando quando
atinge meu rosto, então ele olha de volta para Anderson. —
Não.

— Então estou bem, — diz Anderson.

Wally sorri, mas é um sorriso que diz que ele está


perdendo a paciência. Colocando a mão no ombro de Anderson
e apertando, ele se inclina. — Talvez eu não esteja sendo claro.
Você não pode sentar com elas.

Anderson o encara, não desafiadoramente, apenas


confuso. — Por que não?

Wally lambe o lábio e ri, olhando para baixo. — Você não


ouviu falar sobre...

— Anderson, — interrompo, antes que Wally possa dizer


a ele algo que eu ainda não tive a chance. — Apenas vá. Eles
são seus companheiros de equipe, é o primeiro dia de um novo
ano escolar. Você deveria sentar-se com eles.

Anderson franze a testa para mim. — Eu deveria?

— Há serviço de bufê, — digo brilhantemente.

— Quem se importa?

— Por favor, vá, — digo, implorando com meus olhos. —


Eu disse que eles provavelmente não gostariam que você
sentasse comigo. Não vale a pena.

— Não entendo, — ele diz, balançando a cabeça.


— Você não precisa entender, — Wally garante, dando-
lhe um tapinha nas costas. — Levante. Vamos.

Anderson franze a testa para mim, mas como o estou


enxotando em vez de esperar que ele fique, ele pega sua
bandeja e se levanta.

— Bem... acho que vou sentar com eles.

Aceno minha cabeça. — Divirta-se.

Vejo-os irem embora juntos, duas jaquetas de ombros


largos voltando para a mesa popular onde os dois pertencem.
Wally pega a bandeja de Anderson no caminho e joga tudo na
lata de lixo. Um monitor de lanchonete tem que retirar a
bandeja de plástico do lixo e transportá-la para a cozinha para
ser limpa.

Paro de assistir quando eles se aproximam da mesa de


Hunter.

Suspiro, olhando para Sara.

Eu a perdi, no entanto. Ela está sentada lá com o queixo


apoiado na palma da mão, olhando naquela direção. A julgar
pela expressão de desejo em seu rosto, acho que ela está
olhando para Wally.

Olho para lá novamente, mas apenas para verificar


minhas suspeitas.

Com certeza, seu olhar está grudado em Wally. Ele está


na mesa principal, é claro, ao lado de Hunter.
Já que estou procurando, acho que posso dar uma olhada
em Hunter novamente...

Estou curiosa. Quero ver se ele interage com o Anderson,


ver se ele é pelo menos legal com ele já que ele apenas o forçou
a sentar na mesa deles.

Não sou uma idiota; sei que Wally não veio aqui sozinho.

Quando olho novamente, Anderson está procurando um


lugar depois de pegar comida na mesa de bufê.

Acontece que não há lugar para ele na mesa, afinal. Quer


dizer, poderia haver, se todos se movessem um pouco para
baixo, mas eles não o fazem.

Ele fica parado ali, parecendo perdido por um minuto,


antes que um dos lacaios de Valerie o agarre pelo ombro e
sorria para ele, levando-o até a mesa popular do segundo
turno. É onde você se senta se estiver perto dos atletas, mas
não é importante o suficiente para as mesas principais de
amigos.

Meu estômago se revira de culpa. Talvez eu não devesse


tê-lo feito ir até lá. Eles provavelmente estão evitando ele um
pouco agora para puni-lo por sentar-se comigo em primeiro
lugar.

Ou talvez Hunter simplesmente não queira sentar na


mesma mesa que meu namorado.
Seja o que for, não sinto que mandei Anderson para um
lugar melhor.
O dever de casa esta noite é um pesadelo.

Não consigo me concentrar.

Preciso terminar minhas leituras para a aula de história,


mas todo esforço que faço para me concentrar falha
espetacularmente. Só consigo me concentrar por cerca de três
segundos, então minha mente se espalha em mil direções
diferentes – a maioria delas, infelizmente, relacionadas a
Hunter.

Penso em como nossa ponte está perto. Quão perto está


sua casa. Quão perto ele está.

Por que ele queria saber minha programação? O que ele


quer comigo?

Por que ele voltou? Há quanto tempo ele está de volta?

Era verão, então acho que ele poderia estar aqui a mais
tempo do que percebi. Não é como se eu estivesse procurando
por ele, mas nunca o vi pela cidade.
Então, novamente, acho que realmente não presto muita
atenção. Na maioria das vezes, estou no meu próprio
mundinho – era um hábito fácil de adquirir, já que é preferível
ser ignorada por meus colegas hoje em dia. Quando tenho a
atenção deles, nunca é bom.

Tenho certeza de que ele não tem o mesmo número, mas


me pego pegando meu telefone e olhando seu nome em meus
contatos de qualquer maneira. Foi estúpido e sentimental
desde que ele saiu do país, mas nunca o apaguei.

Por muito tempo, eu disse a mim mesma que talvez ele se


acalmasse e estenderia a mão para mim.

Se ele se desculpasse por aquela mentira que contou


sobre mim, eu o teria perdoado. Eu sabia que ele estava ferido,
talvez até assustado. Entendi que ele estava com raiva de mim.
Eu só estava tentando protegê-lo, mas, ao fazer isso, virei toda
a sua vida de cabeça para baixo.

Eu meio que quero falar com ele. Conversamos um pouco


na escola, obviamente, mas não quero falar com ele lá. Quero
falar com ele como costumava falar com ele, quando éramos as
únicas duas pessoas no mundo e ele confiava em mim o
suficiente para se abrir.

Ele não confia mais em mim, no entanto. Quero algo que


não posso ter.
Talvez eu pudesse recuperar sua confiança. Talvez depois
de todo esse tempo, agora que ele está em casa e parece meio
permanente...

Talvez eu só precise falar com ele.

Coloco o telefone de lado e suspiro, olhando para meus


livros escolares.

Não adianta ficar sentada aqui perdendo mais tempo


tentando me concentrar quando simplesmente não consigo.

Talvez, se eu for dar um passeio, minha cabeça clareie.


Depois, posso voltar para casa e me concentrar finalmente
para a leitura.

E se acontecer de eu dar um passeio que me leve pela


floresta atrás da casa de Hunter... bem, onde mais eu iria para
ter um pouco de paz e sossego?

Sentindo-me rejuvenescida, prendo meu cabelo em um


rabo de cavalo e passo um pouco de gloss nos lábios. Olho-me
no espelho enquanto o aplico, mas digo a mim mesma para
calar a boca – é apenas para proteger meus lábios do vento, só
isso.

Claaaaro que é.

Estou me sentindo bem, muito bem quando começo a


andar. Estou me movendo rápido, mais ansiosa do que quero
admitir para sair da calçada e entrar na área arborizada que é
basicamente o enorme quintal de Hunter.
Pergunto-me o que ele faria se eu simplesmente passasse
por aqui? Ele certamente não estaria esperando por isso, e
talvez fosse divertido pegá-lo desprevenido desta vez.

Além disso, eu testaria minha teoria sobre como


interagiríamos fora da escola sem ninguém por perto para
testemunhar. Talvez colocá-lo em sua própria casa – e em
algum lugar onde tenhamos memórias juntos, mesmo que não
sejam as melhores – funcionaria a meu favor, faria com que ele
baixasse um pouco a guarda e eu poderia realmente alcançá-
lo.

Talvez possamos contornar completamente o rancor que


ele jurou alimentar contra mim e sermos amigos novamente.

Deixo-me levar por essa linha de pensamento


esperançosa, convencida de que é assim que as coisas
acontecem enquanto acelero ainda mais minha pressa para
chegar a sua casa. Dezenas de perguntas surgem em minha
mente – quero saber tudo sobre como era sua vida na Itália.

Ele e seu pai estabeleceram algum tipo de


relacionamento, ou ele estava apenas vivendo uma vida de
garoto rico, sozinho em uma casa cara no interior da Itália,
com apenas uma governanta para lhe fazer companhia?
Aposto que ela era uma boa cozinheira. Talvez ela tenha se
apegado a ele com amor, como uma avó adotiva, e o tenha
ensinado a cozinhar. Aposto que ela faz massas deliciosas e
molhos caseiros. Está combinado – vou falar com Hunter para
me fazer macarrão caseiro para o jantar, porque,
aparentemente, vou ficar para o jantar agora.

Mal posso conter minha empolgação enquanto corto pela


floresta como fizemos quando ele me levou até sua casa, mas
quando me aproximo, começo a reconsiderar.

O pavor me invade com a perspectiva de ir até a porta da


frente. E se ele não responder? E se a mãe dele o fizer? Não sei
se posso ser legal com ela. Tenho quase certeza de que Hunter
gostaria que eu fosse, só não sei se posso. Não tenho nenhum
respeito pelas escolhas que ela fez, pelo perigo que ela o
colocou, por seu fracasso em proteger seu próprio filho. Não
sei como serei educada com ela quando eu tiver Hunter, de 14
anos, vivendo em minha memória, me dizendo que ela não
chamou uma ambulância quando ele estava inconsciente
porque ela estava mais preocupada em proteger seu agressor
do que dele.

Ao me aproximar da frente da casa, me preparo para o


caso de Venus responder. Não a vejo desde que minha mãe a
denunciou à escola, anos atrás. Provavelmente há uma chance
de eu nem mesmo ter que me preocupar em ser educada com
ela – ela pode olhar para mim e me chutar para fora de sua
propriedade.

Isso está começando a parecer cada vez mais uma má


ideia.

Quero muito mudar de ideia agora.


Meus passos diminuem conforme me aproximo da porta
da frente. Respiro fundo e solto, então levanto meu punho para
bater antes de lembrar que há uma campainha.

Olho para a campainha, mas não toco nem por um


segundo.

Você tem certeza disso?

Não, mas estou fazendo de qualquer maneira. Cheguei


muito longe para voltar agora.

Toco a campainha.

Parece que uma eternidade passa enquanto estou ali,


mais tensa a cada segundo.

Finalmente, vejo uma sombra no vidro fosco.

Oh cara.

A porta se abre. Tento um sorriso indiferente que sai mais


como uma careta quando vejo Venus Keller ali. Ela levanta
uma sobrancelha imediatamente ao me ver, seus lábios
franzindo com óbvio desagrado.

Minha careta se aprofunda. Mesmo que eu estivesse


preocupada em ser educada com ela no caminho para cá, a
dinâmica de um adulto descontente comigo parece me atingir
primeiro.

— Oi, — digo um pouco envergonhada.

Ela finge um sorriso. — Riley. Que surpresa.


Engulo e tento ficar um pouco mais ereta, já que me sinto
curvada e pequena. — Oi Sra... hum... — Ainda é Keller? Ela
mudou seu nome de volta para Maxwell após o divórcio? Não
sei como chamá-la.

Da última vez que nos encontramos, ela correu para me


dizer que eu poderia chamá-la de Venus, mas desta vez ela
apenas me observa lutando e talvez goste um pouco.

Isso me irrita, e meu aborrecimento me tira do meu


constrangimento. — Estou aqui para ver Hunter – ele está em
casa?

Ela sorri docemente. — Ele está. Siga-me, vou levá-la até


ele.

Ela com certeza mudou de tom abruptamente. Fico


imediatamente desconfiada e um pouco cautelosa quando
entro no interior fresco e climatizado da casa e a vejo fechar a
porta atrás de mim. Continuo olhando para ela incerta
enquanto ela me dá outro sorriso e caminha à minha frente,
provavelmente me levando para onde quer que Hunter esteja.

Não visitei toda a casa deles antes. Eu poderia dizer que


era grande quando estive nela há quatro anos, mas enquanto
a maioria das casas parecem encolher conforme você
envelhece, a de Hunter parece que fica ainda maior.

Venus me conduz por uma porta dos fundos e por um


corredor que me faz pensar em um corredor de castelo, bonito
e imponente, mas apenas semifechado. Estamos do lado de
fora, mas protegidos por belas paredes de pedra com arcos
arredondados a cada poucos metros que levam ao quintal.

Arcos arredondados à frente conduzem a uma área de


reunião com mobília de jardim e um bar no final com uma
lareira atrás dela. Não há fogo, pois já está quente, mas é
definitivamente uma área legal para se divertir quando você
precisar de uma pausa do sol. Eu podia definitivamente me ver
enrolada no sofá ali com um bom livro em um dia chuvoso de
outono.

Estou distraída olhando para o novo espaço até que ouço


uma risada. Não é a risada de Hunter, também... é uma
mulher.

Ah não.

Reconheço aquela risada desagradável.

Eu gostaria de não ter vindo agora, mas é tarde demais


para me virar. Entendo porque o humor da mãe de Hunter
mudou tão abruptamente. Ela sabia que eu não gostaria de
encontrar Valerie na casa de Hunter.

Pelo menos ela não está aqui sozinha com ele, eu acho.

Dou um passo à frente lentamente em uma configuração


tirada diretamente dos meus pesadelos.

Metade do time de futebol e todas as líderes de torcida


estão reunidos ao redor da piscina ou jogando água dentro
dela. Eles estão todos conversando e rindo. Eles não me
notaram ainda.

Valerie Johnson está na piscina com Hunter.

Não apenas com Hunter, mas com ele.

Ela está sorrindo enquanto pula em suas costas,


agarrando seus ombros sensuais para não escorregar. Meu
estômago se revira ao ver seu corpo pressionado contra ele,
seus seios esmagados contra suas costas musculosas, suas
pernas em volta dele debaixo d'água. Ela está usando um
biquíni Barbie rosa feito de muito pouco tecido.

Meu peito aperta. Eu gostaria de não entender o porquê,


mas entendo.

É ciúme. Não suporto vê-la em cima dele. Odeio o quão


pouco tecido está impedindo cada centímetro de seus corpos
nus de se tocarem.

Quero arrancar Valerie Johnson da piscina e dar um soco


no rosto dela.

Pergunto-me se eu poderia fugir sem que ninguém me


notasse. Claro, a mãe de Hunter saberá que estive aqui, e sim,
ela provavelmente vai dizer a ele depois que eu for, mas não
estamos mais na oitava série. Claramente, ele não vai aparecer
do lado de fora da janela do meu quarto esta noite, querendo
se explicar para que meus sentimentos não sejam feridos.
Percebo, enquanto meu peito continua a ficar apertado
apenas para respirar, não posso enfrentar Hunter agora. Não
importa qual opção salvaria a cara – tenho que sair daqui.

Viro-me para voltar por onde vim. Antes de ir longe, ouço


Wally gritar: — Ei, Maxwell!

Olho para trás, mas não desacelero. Wally deve ter


avisado que estou aqui, porque no segundo Hunter desvia o
olhar dele, seu olhar estala em minha direção.

Travamos os olhos.

Ele congela, e meu coração também. Especialmente


porque ele imediatamente agarra as pernas de Valerie, as
desbloqueia de seu corpo e a joga na piscina. Ele não perde o
ritmo enquanto se vira e corta a água, abrindo caminho em
direção à escada para subir.

— Espere, — ele grita.

Eu sei que é para mim, mas só acelero. Parece que este


corredor é três vezes maior do que era quando eu não estava
tentando escapar dele, mas ele está todo molhado, então
provavelmente não vai me seguir para dentro de casa. Só tenho
que passar pela porta...

Antes que eu possa, a mão molhada de Hunter bloqueia


meu bíceps. — Eu disse espere.
— Ouvi você, — estalo, tentando puxar meu braço livre
de seu aperto. Ele não me solta imediatamente, mas quando
puxo com mais força, ele o faz.

Já que não consegui passar pela porta, sei que terei que
enfrentá-lo. A onda de ciúme felizmente diminuiu, mas pode
voltar se eu olhar para ele novamente.

Tento me preparar enquanto me viro, levanto meu queixo


e olho para aqueles olhos castanhos magnéticos dele.

— Você não parou, — ele aponta.

— Correto. Vi que você estava ocupado.

Droga.

Os lábios de Hunter se curvam, seus olhos brilhando de


diversão com o meu tom ríspido. Não há razão para ser ríspida
sobre ele brincar de agarrar a bunda de Valerie Johnson em
sua piscina, a menos que eu me importe.

Droga, droga, droga.

— Não foi isso que eu quis dizer, — digo imediatamente.


— Eu quis dizer... você tem todas as piores pessoas do mundo
em sua casa hoje, e achei que deveria deixar você entretê-las.
Eu não queria interromper.

Não convencido, ele acena com a cabeça. — Uh-huh. —


Em seguida, ele casualmente passa os dedos pelo cabelo
molhado. Pequenas gotas de água caem com ele.
Não quero dar uma olhada nele, mas meus olhos parecem
ter vontade própria.

Eu já sabia que ele parecia bem sem camisa esses dias


depois de ver suas fotos no Instagram, mas em pessoa, com
riachos de água escorrendo sobre seus músculos cortados...
droga.

Engulo, sentindo meu rosto esquentar. Não consigo me


controlar se continuar olhando para seu abdômen bronzeado
e tonificado, então redireciono meu olhar para algo que sei que
vai me irritar – Valerie Johnson. Seu olhar está grudado em
nós enquanto ela sai da piscina.

Sou uma garota heterossexual e até estou distraída pelo


balançar de seus seios molhados naquele top rosa choque, pelo
beijo do sol, aparência perfeita de seu corpo tonificado de líder
de torcida.

Ela fica fantástica naquele biquíni, mas isso não muda o


fato de que ela é o Satanás.

Quando fazemos contato visual, seus olhos se estreitam


e ela me encara.

Olho de volta, mas apenas por um momento.

Hunter é quem merece meu olhar.

Não sei por que, mas não posso acreditar que ela já está
na casa dele.

Não é como se eu não esperasse...


Na verdade, não sei o que esperava, mas não que isso
parecesse tanto uma traição.

Antes que eu possa me impedir, me encontro atacando-o


novamente. — Sabe, os caras, eles simplesmente me
ignoraram enquanto você estava fora, e isso não era grande
coisa. Já estava acostumada a ser mais ou menos uma
solitária. Mas Valerie? Ela foi má comigo. Ela liderou a missão
de fazer com que todos pensassem em mim como a vagabunda
da classe – o que, honestamente, se eu conseguisse ser a
vagabunda da classe quando nenhum dos caras por aqui
sequer olharia para mim, acho que mereço um tapinha nas
costas, porque isso é muito impressionante.

Seu olhar trava em mim com aquela intensidade


inigualável que ele traz para a mesa na maioria das vezes, ele
pergunta calmamente: — Por que você está me dizendo isso?

— Você a encorajou?

Ele balança a cabeça. — Não diretamente. Não precisava.


Ela ouviu que transei com você – eu sabia que isso a deixaria
com ciúme, e nada traz à tona o que é mau nas meninas como
o ciúme.

O cálculo nessa declaração me incomoda, embora a


maneira como ele abertamente admite isso para mim me
conforta de alguma forma. — Você nem gosta dela, Hunter.

Seus lábios se contraem apenas levemente, mas desta vez


a diversão não alcançou seus olhos. Com uma franqueza que
considero desconcertante, ele diz quase suavemente: — Nem
você.

Engulo um caroço de sentimentos alojados na minha


garganta. Não posso mais dizer o que é. Há muitos correndo
em mim agora, então não tenho certeza de qual deles é tão
constrangedor, mas tenho a estranha sensação de que é medo.

Não sei por que é o medo. Do que devo ter medo?

Olho além dele para Valerie. Ela está ficando para trás,
mas ainda nos observando de perto.

Finalmente, olho de volta para Hunter. Nem sei se isso


vai significar alguma coisa para ele, tenho certeza que não
espero dizer, mas as palavras saem da minha boca,
completamente imparáveis. — Ela não.

As sobrancelhas de Hunter franzem em uma breve


carranca, então ele limpa e se endireita, ainda me observando.

Sinto-me nua aqui, dizendo isso a ele, mas preciso. Não


me importo se isso me faz parecer idiota, não me importo se
ele nunca mais olhar para mim desse jeito novamente e, ao
dizer isso, estou quase admitindo que...

Mas tenho que impedi-lo, se puder. Algo dentro de mim


não me permite não tentar.

Talvez Hunter possa ser mau e imprudente, talvez ele


esteja teimosamente segurando algum rancor que ele insiste
que eu preciso pagar, embora eu nunca tenha pretendido
machucá-lo em primeiro lugar. Mas, apesar de tudo isso, não
acredito que ele realmente me odeie.

Talvez ele queira ir para a guerra comigo, e ele queira


vencer, mas não acho que ele queira que sua vitória seja o
nosso fim.

Se ele quiser que haja uma chance de algo mais no final


de sua cruzada odiosa, ele não pode usar Valerie Johnson
como uma de suas armas contra mim. A satisfação que ela
teria com isso... Não tenho estômago.

Do contrário, em toda guerra, existem regras que devem


ser obedecidas.

Ele não conhece minhas regras. Tenho que dizer a ele, se


pretendo responsabilizá-lo perante eles.

Encontro seu olhar e mantenho meu tom calmo. — Você


está com raiva de mim, entendo. Mas há uma linha e ela
superou.

Os olhos de Hunter se estreitam. — Estratégia


interessante, levar seu oponente direto ao seu ponto mais fraco
e dizer a ele como machucá-lo.

— Não é uma estratégia. Não sou seu oponente. Você


pode me atacar o quanto quiser, Hunter, mas não vou revidar.
— Faço uma pausa, deixando-o absorver minhas palavras. —
O que você fez comigo foi uma merda, mas eu nunca quis te
machucar. Nunca te odiei. Se você quiser que isso mude...
bem, agora você sabe como.
Não espero que ele responda e, desta vez, quando me viro
para sair, ele não me impede.

Achei que me sentiria melhor depois de falar com ele, mas


me sinto pior. Mais exposta. Mais assustada. Mais vulnerável
do que deveria ficar perto de alguém que tão casualmente se
refere a mim como oponente.

Não sei o quão precipitado ele está agora. Sei como ele foi
precipitado quatro anos atrás, como ele tomou a decisão de
arruinar completamente minha reputação na frente de todos
os maiores idiotas com quem fomos para a escola.

Se ele está mais malvado agora do que antes,


provavelmente está certo – o que foi o movimento errado ser
honesta com ele. Pelo que sei, no minuto em que eu for embora,
ele vai levar Valerie Johnson até seu quarto e arrancar seus
miolos só para me machucar.

A mentira pela qual eu o perdoaria.

Quê? Sem chance. Principalmente agora que o avisei.

No entanto, ele não é meu para avisar. Eu esperava sair


de sua casa hoje com uma imagem mais clara de onde ele está
agora que está de volta, mas em vez disso, estou saindo com
ainda mais incertezas.

Acho que não importa o que aconteça, pelo menos sempre


saberei que não mordi minha língua por medo de parecer
estúpida. Fui corajosa e honesta, embora soubesse que era
arriscado. Coloquei-me lá e disse a ele onde estavam meus
limites para que ele soubesse onde não pisar se ele se
importasse comigo.

Eu gostaria de ter mais confiança de que ele não usaria


minha vulnerabilidade contra mim, mas não posso controlar o
que ele faz, apenas o que eu faço.

Não sei se terei algum tipo de relacionamento com Hunter


Maxwell novamente, mas ele significava muito para mim
naquela época...

Eu tinha que dar uma chance a ele.


O aroma de donuts recém-assados flutua ao meu redor,
bizarramente cortado pelo cheiro muito menos perfumado de
colônia forte. O homem parado na minha frente na fila
exagerou demais, e me pego dando um passo para trás apenas
para me afastar do fedor.

Faço uma careta para mim mesma, tirando meu olhar do


balcão da loja de donuts e olhando para o formulário de
emprego em minha mão. Afrouxo meu aperto para não enrugá-
lo, então examino mais uma vez antes de entregá-lo.

Meu currículo não é muito, infelizmente. Ainda estou na


escola, então tenho disponibilidade limitada, além de não ter
nenhuma experiência real de trabalho para falar. Estou no
jornal da escola e trabalho como voluntária quatro horas por
semana, aconselhando por texto para uma linha direta de
crise, mas posso enviar mensagens de texto com calma para as
pessoas durante colapsos emocionais não parece ser o tipo de
experiência de trabalho que qualquer pessoa na cidade tem
procurando.
A loja de donuts tem uma placa de 'agora contratando' na
vitrine, e estou muito esperançosa. Nunca fiz rosquinhas na
vida, mas aprendo rápido. Minha mãe e eu também somos
clientes frequentes deste estabelecimento de donuts em
particular, então espero que eles vejam um rosto familiar e
decidam me dar uma chance.

Depois de conseguir meu primeiro emprego, não deve ser


tão difícil consegui-los no futuro – pelo menos, espero que não.
Eu realmente preciso começar a guardar dinheiro para a
faculdade no outono.

Eu estava otimista no final do primeiro ano. Pensei que


com o verão chegando, certamente eu poderia encontrar um
emprego remunerado.

Errado.

O Sr. Cologne vai até o balcão, então dou alguns passos


para frente, colando meu sorriso mais amigável de
atendimento ao cliente no meu rosto.

A campainha sobre a porta toca, alertando a todos que


alguém entrou, mas não presto atenção. Estou ocupada
verificando as pessoas atrás do balcão, tentando descobrir
quem pode estar encarregado da contratação.

Uma mão pousa no meu ombro. Começo, lançando um


olhar para trás para ver quem está me tocando.

Anderson.
Não estou feliz em vê-lo. Estamos na cidade juntos hoje,
mas pedi especificamente a ele que esperasse do lado de fora
enquanto eu entregava meu formulário.

— O que você esta fazendo aqui? — Pergunto, meu sorriso


de atendimento ao cliente experiente minguando.

— Você não estava respondendo às suas mensagens.

— Claro que não estou respondendo minhas mensagens.


Eu disse que estava entregando um formulário.

Ele olha para o homem na minha frente. — E isso


significa que você não pode atender o telefone?

— Se o gerente de contratação for uma dessas pessoas,


você realmente acha que ela ficará impressionada e ansiosa
para contratar uma adolescente que não consegue nem
desligar o telefone enquanto fica na fila para entregar um
formulário de emprego?

Ele franze a testa. — Não sei. Acho que não.

Sinto minha paciência diminuindo enquanto olho


ansiosamente para trás do balcão. A senhora loira mais velha
– provavelmente o gerente – está olhando diretamente para
mim.

Sorrio, mas mesmo para mim parece forçado e


desconfortável, então eu o deixo cair e olho para baixo.

Droga, Anderson me desconcertou completamente.


— Eu queria um donut, — diz ele em defesa de sua
presença.

Digo a mim mesma que não deveria estar com raiva dele,
mas não posso ignorar a irritação. — E eu queria evitar causar
uma certa impressão em um empregador de perspectiva, mas
aqui estou eu, parecendo uma garota burra que nem consegue
se candidatar a um emprego sem trazer seu namorado atleta
com ela.

De alguma forma, despreocupado com minha observação


áspera, Anderson diz suavemente: — Por que você sempre diz
assim?

— O quê?

— Você sempre diz atleta como se fosse uma palavra de


quatro letras. A maioria das garotas gostam de atletas, você
sabe. Popularidade na escola, corpos atléticos, muita energia...

Não posso acreditar que ele está tentando flertar comigo


agora. Quero quebrar uma rosquinha na cara dele. — Você
pode, por favor, esperar lá fora? Estou nervosa o suficiente, e
isso é algo que queria fazer sozinha. Vou te comprar um donut.
Que tipo você quer?

É tarde demais. O Sr. Cologne pega sua caixa de donuts


e se vira para sair, então é a minha vez de dar um passo à
frente.

Rapidamente recupero meu melhor sorriso de


atendimento ao cliente e injeto um pouco mais de simpatia em
minha voz, mas ainda estou um pouco constrangida por ter
acidentalmente trazido um menino comigo. — Oi, um, é a
contratação... — Minha voz inexplicavelmente corta, então
limpo minha garganta e começo de novo. — O gerente de
contratação está disponível?

A garota de aparência cansada na minha frente acena


com a cabeça como se esperasse que eu perguntasse e dá um
passo para trás. — Mona.

A loira que imaginei ser a gerente se aproxima, mas está


prestando mais atenção em Anderson do que em mim. —
Primeiro jogo em casa amanhã, hein?

Com um sorriso fácil, Anderson diz: — Claro que é.


Estamos prontos.

— Espero que sim. Todas aquelas horas que Brian passou


praticando, é melhor ele estar pronto.

— Brian? Oh, você é a mãe de Grady?

— Claro que sou, — diz ela, seus lábios se inclinando um


pouco. Finalmente, seu olhar vagueia para mim, sua expressão
agradável. — Esta é sua namorada?

Bem, este é um percalço inesperado. Anderson coloca um


braço em volta do meu ombro, dando-me um aperto afetuoso.
— Claro que é. Ela é ótima. Inteligente, amigável – se eu tivesse
um negócio, definitivamente a contrataria.
Com um sorriso indulgente, Mona pega meu formulário.
— Aposto que você faria.

Não é assim que eu vi isso acontecendo. Eu teria preferido


não conseguir um emprego porque estou namorando um
jogador de futebol, mas acho que não posso ser exigente. —
Sou Riley.

Quase distraída, enquanto olha para o meu formulário,


ela diz: — Prazer em conhecê-la, Riley. Que tipo de
disponibilidade...?

Ela simplesmente parou, então espero um segundo para


ver se ela termina. Não quero interromper, mas ela não o faz,
então começo a responder hesitantemente. — Exceto quando
estou na escola, minha disponibilidade é totalmente aberta.
Trabalho como voluntária quatro horas por semana, mas é
muito flexível, posso encaixar isso no meu horário de trabalho.
Estou no jornal da escola, mas isso também não deve ser um
problema. E então estou em um clube escolar, que listei lá, —
digo, indicando a inscrição, — mas só nos encontramos uma
vez por mês, no restante do tempo nos comunicamos por
mensagem em grupo....

Franzindo a testa enquanto olha por cima do formulário,


ela diz: — Riley Bishop. Conheço esse nome.

Ah não.
Pulando para salvar o dia desnecessariamente, Anderson
diz: — Oh, todos nós vamos para a escola. Talvez Brian a tenha
mencionado de passagem.

Não ajude.

Mordo de volta uma careta e tento transformá-la em um


sorriso inquieto. — Venho aqui o tempo todo com minha mãe,
talvez você reconheça meu sobrenome dos recibos do cartão de
crédito, — digo levemente.

Enquanto ela olha para mim, vejo seu olhar visivelmente


frio. — Não, não é isso. Sei quem você é. Meu filho tem
mencionado você. Então, muitas outras pessoas, na verdade.

Isso não parece ser uma coisa boa, mas tento não tirar
conclusões desagradáveis. — Oh sério?

Seus olhos frios ficam ainda mais frios quando ela me dá


o sorriso mais falso e cruel que já vi. — Sim. Se bem me lembro,
você não foi responsável por romper o casamento de seu
professor de história no ano passado?

Meu coração desliza para o meu estômago.

No ano passado, um dos meus professores favoritos foi


pego em uma posição comprometedora por um aluno – ele
estava saindo com alguém que não era sua esposa durante o
intervalo do almoço, e alguém tirou uma foto deles se beijando
em seu carro.
A foto era horrível, não dava para ver nem remotamente
quem era a garota, tudo que dava para saber era que ela era
morena. O problema é que o casaco que ela vestia era muito
parecido com o meu.

Assim que Valerie Johnson percebeu que poderia me ligar


a ele da maneira mais frágil possível, ela começou a espalhar
o boato de que era eu quem estava me envolvendo com o Sr.
Fitzpatrick.

Aquele foi muito pior do que as histórias que ouvi de todas


as minhas ligações secretas com os caras da nossa classe. Esse
boato ganhou vida própria. Comecei a ouvir histórias
espalhafatosas sobre mim – gostei especialmente daquela em
que estava saindo com o Sr. Fitzpatrick na casa dele quando a
esposa dele voltou, e ele me fez sair furtivamente pela janela
do quarto sem nem mesmo ter tempo de colocar minha camisa
de volta. Zachary Long, que mora perto do Sr. Fitzpatrick,
confirmou, dizendo a todos que me viu e que não podia
acreditar que eu tinha seios tão bonitos.

— Não, — murmuro categoricamente, meu rosto


aquecendo com vergonha de não ter feito nada para ganhar. —
Não fui eu.

— Mm-hmm, — ela murmura, não olhando mais para o


formulário enquanto deixa seu braço cair para o lado. — Bem,
não estamos realmente procurando ninguém com suas...
qualificações agora, mas vou manter sua inscrição no arquivo,
caso algo seja aberto.
Não, ela não vai. Tento um sorriso educado, mas estou
muito desapontada.

Murmuro um obrigada inútil, de qualquer maneira, e me


viro.

Anderson segue, não mais preocupado em conseguir um


donut.

O sino toca e saio para a calçada.

— Do que ela estava falando?

Olho para Anderson parado na calçada ao meu lado. —


Algum boato idiota que estava rolando no ano passado, — digo
taciturnamente.

— Você e um professor? — Ele pergunta ceticamente.

Seu tom me faz franzir a testa. Quase parece que ele


pensa que é factual. — Boato, Anderson. Não era verdade.

Ele franze a testa. — Por que alguém pensaria isso,


entretanto? É uma coisa louca de inventar.

— Sim, bem, Valerie Johnson é louca, — murmuro,


começando a me afastar da estúpida loja de donuts. Posso
imaginar Mona, a moça do donut, olhando pela janela,
fofocando sobre mim com sua funcionária, que não dá a
mínima.

— O que ela tem a ver com isso? — Ele pergunta,


seguindo atrás de mim.
— Foi ela quem começou o boato. Uma das amigas dela o
pegou beijando uma garota em seu carro, e ela disse a todos
que era eu.

— Por que ela faria isso?

Olho para ele, notando sua carranca duvidosa. — Não


estou com vontade de explicar garotas malvadas, Anderson.
Podemos simplesmente largar isso?

— Quero dizer... não, — diz ele relutantemente, lançando-


me um olhar quase apologético. — Você não querer falar sobre
isso só me faz pensar ainda mais.

— Não quero falar sobre isso porque não é uma boa


lembrança. As pessoas eram realmente más comigo – não
apenas as crianças na escola. Mulheres adultas. Minha mãe
teve que ir a uma reunião do PTO25 e ir direto ao assunto para
que parasse, e só parou realmente porque o verão finalmente
chegou e as pessoas tinham alguns meses de ausência da
escola para se concentrar em outras coisas.

— É disso que você estava falando antes? Você disse que


alguém mentiu sobre você e todos acreditaram.

Suspiro, já cansada dessa conversa. Ainda mais cansada


disso porque sei que minha resposta não será reconfortante.
— Não. Essa foi uma mentira diferente contada por uma
pessoa diferente.

25 PTO é abreviação para “organização de pais e mestres”


— Isso é algo que acontece muito com você? — Ele
pergunta ceticamente. — Pessoas inventando mentiras sobre
você?

Paro de andar e me viro para olhar para ele enquanto ele


desacelera para parar ao meu lado. Eu poderia apenas apontar
que eles estão relacionados – a mentira inicial facilitou as
mentiras posteriores sobre mim e as fez parecer verossímeis.
Mas, francamente, não gosto de ter que me explicar. Não
aprecio a implicação sutil de que deve ser minha culpa que as
pessoas falem mal de mim. Que devo ter feito algo para merecer
isso.

Cruzando meus braços sobre o peito defensivamente,


digo: — Quer saber, acho que vou para casa.

Suas sobrancelhas se erguem em surpresa magoada. —


O quê? Mas deveríamos jantar juntos.

Deveríamos e estou com fome, mas meu desejo de jantar


com ele evaporou rapidamente.

É uma pena também. Eu estava ansiosa por este


encontro quando o dia começou. Achei que era exatamente o
que precisávamos. Esses primeiros dias de aula foram uma
provação. Achei que hoje nos daria a chance de ficar longe de
todas as coisas que criaram distância entre nós esta semana.

Eu também queria muito um sanduíche.

O açougue local faz esses sanduíches especiais – um novo


tipo todos os dias, e eles os servem até que se esgotem. Eles se
esgotam quase todos os dias porque são tão deliciosos. A
última vez que verifiquei sua conta no Instagram, eles não
tinham esgotado ainda hoje. Eles não têm assentos na loja,
mas o plano era que sentaríamos nos bancos do lado de fora e
comeríamos nossos sanduíches antes de irmos para a livraria.
Anderson não é um grande leitor, mas ele gosta de Stephen
King, então ele não odiou completamente minha ideia de
encontro.

No entanto, agora sim. Não por causa das atividades, mas


porque estou perdendo rapidamente o interesse pelo meu
companheiro.

— Vamos, sei que você está com fome. Vamos deixar isso
de lado por enquanto e ir buscar um pouco de comida.

Não estou com vontade de me mexer, mas também não


estou com vontade de discutir.

Minha barriga ronca como se me desafiasse a votar a


favor, então, embora não esteja mais animada com isso,
descruzo os braços e começo a caminhar com ele em direção
ao açougue.

Não falamos, no entanto. Caminhamos em silêncio.

Não é nada parecido com o encontro que eu esperava. Sei


que não é para ele também, mas considerando sua reação ao
boato estúpido que Valerie e seu bando espalharam sobre
mim, não consigo reunir muita simpatia.
Também não consigo reunir muito otimismo sobre esse
relacionamento. Gostei do Anderson durante o verão, então
não sei como estamos descendo ladeira tão rápido, mas
estamos de volta às aulas há menos de uma semana e já pensei
em terminar com ele mais de uma vez.

Pego a porta e entramos.

Há uma pessoa à nossa frente, mas a loja está vazia. Não


estou prestando muita atenção no começo, mas depois olho
mais de perto.

A parte de trás dessa cabeça parece terrivelmente


familiar. Meu olhar vai para seus braços fortemente pintados,
que também reconheço.

— Ray?

Ele se vira, sua expressão estoica tornando-se mais


agradável ao som da minha voz. Ele lança um olhar para
Anderson antes de seu olhar pousar de volta em mim. — Ei,
Riley.

Parte do meu mau humor se dissipa. — Você está aqui


para comer um sanduíche do dia também?

Ray balança a cabeça. — Só peguei alguns bifes. Pensei


em surpreender sua mãe com um jantar quando ela chegasse
do trabalho.
— Isso parece bom, — digo, olhando para Anderson
enquanto ele dá um passo ao meu lado. Ele olha para Ray
como se quisesse uma apresentação.

Ele e Ray ainda não se conheceram, mas do jeito que


estou agora, não estou exatamente ansiosa para apresentá-los.

— E aí? — Anderson pergunta casualmente, balançando


a cabeça.

Ray o olha, mas não responde. Em vez disso, ele me diz:


— Este é o Escorpião?

Anderson lança um olhar questionador na minha direção.


— O Escorpião?

— Signo do Zodíaco, — explico, sem realmente explicar.

Isso não esclarece nada para ele. — Não sou de Escorpião.


Sou de Libra.

Ray emite um murmúrio baixo e nada impressionado.

O olhar de Anderson se volta para ele, depois de volta


para mim. — Estou perdido.

Não envolvo Anderson. Em vez disso, digo a Ray: — Não


foi ele quem mandou as flores. O Escorpião é outra pessoa.

— Você descobriu quem lhe enviou as flores? — Anderson


pergunta, compreensivelmente curioso.
Essa é outra pergunta que não tenho vontade de
responder, então faço uma introdução que se torna estranha
rapidamente. — Este é o meu… Anderson. Este é o Anderson.

O mais leve lampejo de diversão passa pelos olhos de Ray,


mas só noto porque o conheço um pouco melhor. Quando ele
volta seu olhar para Anderson, é difícil e totalmente
indiferente.

— O namorado dela, — Anderson diz sem rodeios,


estendendo a mão.

Ray não parece totalmente convencido ou interessado em


apertar as mãos, mas depois de alguns segundos, ele decide
não deixar Anderson pendurado e dá uma sacudida firme. —
Ray.

— Ray é meu... bem, minha mãe...

— Sou o pai de Riley, — Ray fornece, me interrompendo.

Minhas sobrancelhas levantam bruscamente de


surpresa, mas não posso negar uma pequena explosão de
felicidade que sinto ouvi-lo dizer isso. — Ray é o namorado da
minha mãe. Ele é um pouco louco, — declaro com bom humor.

Ray solta a mão de Anderson e encolhe os ombros. —


Vamos nos casar eventualmente, percebi que devo começar a
reivindicá-la agora.

O homem atrás do balcão coloca o pedido de Ray no


balcão. — Posso pegar mais alguma coisa hoje?
Ray enfia a mão no bolso de trás e tira uma carteira, mas
então olha para mim. — Vá em frente e faça o pedido, eu pago.

— Oh, vou pagar por ela, — Anderson interrompe. Em


seguida, para o cara atrás do balcão, ele diz: — Queremos dois
pedidos do sanduíche do dia.

O homem balança a cabeça. — Vendidos. Desculpe.

Por um lado, estou desapontada. Eu realmente queria


aquele sanduíche.

Por outro lado, estou de mau humor e realmente quero


sair dessa encontro. Acho que acabei de encontrar a desculpa
perfeita.

— Aw, isso é uma pena. Mas você sabe o quê? Na verdade,


Ray, provavelmente precisa que eu entre em casa, certo? Você
não tem a chave e mamãe ainda não está em casa, então terei
que deixá-lo entrar.

Ray encontra meu olhar, percebendo rapidamente.


Felizmente, ele joga junto sem hesitação. — Isso mesmo. Que
bom que encontrei você.

Concordo com a cabeça, tão aliviada que esqueço que


estou chateada com Anderson e atiro para ele um sorriso de
desculpas. — Talvez possamos comer um sanduíche amanhã.

Anderson não parece nem remotamente satisfeito. — Não


posso amanhã, é por isso que fizemos planos hoje.

— Oh. Certo. Bem, outra hora.


O constrangimento é palpável enquanto todos estamos
aqui, dizendo que Anderson está chateado por eu estar me
livrando dele e mal fingindo estar chateada com isso. Só quero
dar o fora daqui, então ignoro a tensão e peço ajuda a Ray.

Não mais interessado do que eu em ficar por aqui e


absorver o desconforto, Ray olha para a carne empacotada no
balcão e pergunta ao açougueiro: — Posso pegar mais um
desses? Acontece que minha filha vai estar em casa para o
jantar, afinal.
Ray não diz nada enquanto sento no banco do passageiro
de seu carro. Ele não pergunta sobre a maneira estranha como
acabei de deixar meu namorado ou meu claro desespero para
ficar longe dele. Ray sabe que, se tudo o que ele precisava era
deixar entrar em casa, eu poderia simplesmente ter dado a ele
a chave da minha casa.

Inferno, ele foi preso por invadir a casa de alguém – nem


sei se ele precisa de uma chave para passar pela porta da
frente.

Mas ele não pergunta, e depois de ser interrogado por


Anderson, agradeço profundamente.

Em vez de me interrogar, ele coloca os bifes no banco de


trás, liga o ar-condicionado e liga o motor. O rádio de repente
toca nos alto-falantes, preenchendo o silêncio. O volume me
assusta, então ele automaticamente estende a mão para
abaixá-lo.

— Desculpe por isso. Você quer que eu desligue?


Balanço minha cabeça. — Não, está bem. Só um pouco
alto.

Ele abre um sorriso enquanto ajusta o volume um pouco


mais baixo, depois coloca a mão de volta no volante. — Sim.
Ainda não estou acostumado ao silêncio.

Olho para ele. — O que você quer dizer?

Ele olha para mim, em seguida, verifica seu espelho


retrovisor antes de colocar o carro em marcha à ré para sair de
sua vaga de estacionamento. — Onde eu morava antes. Não
era muito quieto.

— Oh. Certo, acho que não seria, — murmuro, olhando


para o meu colo.

Alguns segundos se passam e ele não diz mais nada,


então caímos em um silêncio amigável. Observo pela janela
enquanto dirigimos pela cidade, então quando não há mais
nada bonito para se olhar, olho para ele.

— Desculpe por travar sua noite de encontro com minha


mãe.

Tenho certeza de que ele não está animado com isso, mas
você realmente não pode dizer olhando para ele. Ele parece
sincero quando balança a cabeça e diz: — Não se preocupe.

— Tenho muito dever de casa para fazer hoje à noite, de


qualquer maneira, — asseguro a ele. — Nem preciso comer
com vocês, posso...
Ele me lança um olhar, interrompendo sem palavras. —
Eu disse que não é um problema, Riley. Encontro à noite,
jantar em família – não faz diferença para mim. Você pode me
ajudar se quiser. Faça uma salada ou algo assim e ambos
levaremos o crédito pela ideia.

Como ele realmente não parece se importar que eu me


convide para o encontro noturno deles, relaxo um pouco... mas
só até perceber que disse à mamãe que sairia com Anderson
hoje à noite.

Ela vai querer saber o que mudou.

Mesmo que já tenham se passado alguns dias, eu não


disse a ela que Hunter ainda estava de volta. Digo a mim
mesma que não estou escondendo isso dela deliberadamente,
que simplesmente não surgiu entre eu estar ocupada com as
coisas da escola e ela estar ocupada com o trabalho.

Sei que não é totalmente verdade. Minha mãe pode estar


ocupada, mas ela nunca está ocupada demais para mim.

Não quero dizer a ela, essa é a verdade real. Ela nunca


gostou de Hunter, mas ela amoleceu com ele quando desabei
e disse a ela tudo o que ele estava passando.

Esse ponto fraco endureceu quando ela ouviu de outra


mãe o que estava acontecendo na escola sobre mim. Apenas
três pessoas sabiam que ela pegou Hunter na cama comigo.
Não tinha vindo dela, e ela sabia que eu não espalharia o boato
sobre mim.
Eu queria protegê-lo, mas não podia mentir para minha
mãe. Adaptei a verdade tanto quanto pude para torná-la
menos maliciosa, mas ela sempre foi dada a acreditar no pior
sobre Hunter. Sua decisão apressada de destruir minha
reputação foi toda a evidência de que ela precisava para
solidificar sua crença original de que ele era mau.

Suspiro, descansando meu queixo na minha mão e


olhando pela janela novamente.

— Tudo certo? — Ray pergunta.

— Sim.

Ele me dá alguns segundos para expandir isso. Quando


não o faço, ele pergunta: — Brigou com seu namorado?

Namorado?

Oh, certo. Ele acabou de me ver dispensar o Anderson.


Claro que ele pensa que é isso que está me incomodando.

— Não. Bem, talvez. Não sei. Ele me irritou hoje, não


tenho certeza do que fazer com isso.

— Bem, sou um bom ouvinte, se você quiser ajuda para


resolver isso.

Olho para ele. — Tenho certeza de que você não quer


ouvir sobre meus problemas com meninos idiotas.

Ray abre um sorriso. — Teste-me


— É uma história longa e estúpida, — insisto, balançando
a cabeça.

— Tenho tempo.

Penso sobre isso por um minuto, mas não quero entrar


em tudo isso. Por um lado, mesmo que seja insano e estúpido,
alguma parte de mim não quer contar a ele sobre minha
história com Hunter. Digo a mim mesma que não sei por que,
mas, no fundo, sei que não quero dar a Ray uma má impressão
dele. Não é como se mamãe não o contasse sobre os detalhes
de qualquer maneira, mas eu gostaria que Ray... não odiasse
Hunter.

Deus, isso é estúpido.

Estúpido, estúpido, estúpido.

Mas ainda é verdade, então omito a parte de Hunter em


tudo isso e conto uma versão bastante resumida da história.
— Há uma menina má na minha escola que tem tido ciúmes
de mim desde a 8ª ª série porque ela pensa que me juntei com
um cara que tanto gostava.

Desde que paro aqui para ver como ele reage, ele dá um
pequeno aceno de cabeça em reconhecimento. — Tudo bem.

— E ela é muito boa em guardar rancor, então ela ainda


me odeia. Quer dizer, também a odeio, mas esse não é o ponto.

— Entendi.
— No ano passado, ela disse a todos que tive um caso
com um professor casado – o que, é claro, não era verdade.

— Claro, — ele coloca lealmente.

— Mas muitas pessoas acreditaram.

Ray acena com a compreensão. — Às vezes, a percepção


é mais importante do que a verdade.

Aceno um pouco taciturna, sentindo a repulsa da loja de


donuts voltar. — Entreguei meu currículo na loja de donuts na
cidade hoje, e a senhora basicamente me disse que ela não
contratava prostitutas.

Isso chama sua atenção. Ele olha para mim, abertamente


surpreso. — Jesus Cristo. Ela disse isso para você?

— Com seu tom e a maneira como ela olhou para mim,


não precisamente com palavras.

— Ah. Entendi.

Concordo. — De qualquer forma, Anderson estava lá


comigo, embora eu especificamente tenha pedido a ele para
esperar do lado de fora, então ele ouviu a acusação dela sobre
eu ter destruído o casamento do meu professor. Quando
saímos, ele começou a me interrogar sobre isso e... não sei,
parecia que ele acreditava ou algo assim. Ele saiu muito
acusatório e como se quisesse saber o que eu tinha feito para
fazer as pessoas dizerem coisas assim sobre mim. Só não
parecia que ele estava do meu lado.
Ray balança a cabeça, sem se impressionar. — Que
vadiazinha.

Ele me assusta e olho para ele, reprimindo um sorriso. —


Bem, eu não disse isso...

— Eu sei, eu disse, — ele diz. — Deixar estranhos


colocarem dúvidas em sua cabeça sobre você. — Ele balança a
cabeça. — Não soa como uma pegadinha para mim.

Mesmo que eu tenha começado a reclamar dele, me


encontro levantando-me em sua defesa. — Ele é um cara legal
e tudo mais, e acho que ele não estava aqui, então talvez eu
devesse ir mais leve com ele... Não sei, isso apenas me irritou.

Ele não disse mais nada sobre Anderson, em vez disso


mudou de faixa e perguntou: — E quanto àquele que lhe enviou
as flores? Ele é um cara legal?

Não.

Sim.

Às vezes.

Não sei como responder, só olho para o meu colo. — Ele


é... complicado.

Ray balança a cabeça como se soubesse exatamente o que


quero dizer, mas ele não pirou como minha mãe faria. Em vez
disso, ele me dá espaço para falar sobre isso se eu quiser ou
desistir se eu não quiser.
Preciso de um tempo para não pensar em Hunter, então
deixamos para lá.

É legal.

É bom quando vamos para casa também. Estou tão


acostumada a ser apenas eu e mamãe que parece um pouco
estranho no início, movendo-nos sem palavras pela cozinha
enquanto trabalhamos juntos para preparar o jantar. Minha
mãe é muito tagarela, então não estou acostumada a trabalhar
em silêncio, mas Ray não fala muito quando minha mãe não
está por perto. É exatamente o que preciso hoje. Calma pacífica
e sociável. Sem me intrometer em coisas sobre as quais não
quero falar.

Então a porta da frente se abre e nós dois sabemos que


isso significa que mamãe está em casa. Recuo e pego os pratos
do armário enquanto ele a cumprimenta e eles discutem sobre
a nossa necessidade de uma churrasqueira de verdade, em vez
do pequeno George Foreman com quem Ray é forçado a
trabalhar.

— Esta é uma grelha, — mamãe insiste, enquanto ele


passa o braço em volta da cintura dela e a puxa para perto.

— Este é um prato quente com saliências, — Ray discorda


antes de dar-lhe um beijinho na boca. — Precisamos conseguir
uma grelha de verdade, podemos colocá-la de volta.

— Oh, não é? — Suas sobrancelhas sobem e ela brinca:


— Esta é a sua casa agora?
Ray ergue as sobrancelhas para trás, diversão brilhando
em seus olhos. — Gosto de pensar nisso como nosso. Você tem
algum problema com isso?

Envolvendo um braço em volta do pescoço dele, ela se


puxa para perto e murmura: — E se eu fizer?

Ele aproxima seu rosto do dela e eles começam a se beijar


novamente, mas desta vez não é um selinho.

Reviro os olhos com bom humor e me afasto, deixando


que se comportem como adolescentes excitados enquanto
recolho os utensílios de que precisaremos para o jantar.

Alguns minutos depois, mamãe se aproxima com um


suspiro melancólico enquanto Ray tira os bifes de nossa
churrasqueira inferior. Mamãe tem aquele olhar sonhador no
rosto. Acostumei-me a ver quando Ray está por perto.

Ela coloca o braço em volta do meu ombro e me dá um


abraço de lado. — Ei, garota. Como foi seu dia?

— Bom, — digo, não oferecendo mais nada.

Espero que ela esteja afiada como sempre, para perceber


que não estou em um encontro com o Anderson como deveria
e exigir detalhes.

Ela não quer, no entanto. Acho que ela está tão distraída
com Ray, ela realmente não percebe que eu não deveria estar
aqui.
Aprofundando minha hipótese, ela olha para Ray bem a
tempo de vê-lo olhar para ela. Ela cora como uma colegial e
seu olhar se volta para mim, um sorriso impotente em seu
rosto. — Deus, ele torna tão difícil terminar com ele.

Tento reprimir um sorriso. — Não sou especialista, mas


acho que talvez isso significa que você não deveria ter rompido
com ele.

— Gosto tanto dele, — ela sussurra, como se ele já não


soubesse.

— Ainda mais evidências.

Suspirando, ela encosta a cabeça na minha. — Ele é


simplesmente o melhor.

Nunca vi minha mãe assim – nunca – então sei que deve


estar um pouco fora de sua zona de conforto se sentir como ela
se sente em relação a Ray. Gosto disso, no entanto. Gosto de
vê-la feliz e gosto muito do Ray. Não apenas porque ele deixa
mamãe feliz, mas também porque estamos começando a
construir o relacionamento. A maneira como ele parece se
encaixar e complementar naturalmente nossa dinâmica
familiar existente... bem, isso também não é algo que eu já tive.

Um pai não é algo que já tive.

Se mamãe apenas saísse do seu próprio caminho, talvez


pudéssemos ser uma daquelas pequenas famílias nucleares
irritantemente felizes. Acho que seria ótimo.
Minha mãe é mais teimosa do que eu, então sei que ela
precisa chegar lá sozinha. Em vez de continuar a argumentar
que ela está sendo louca, lutando contra seus sentimentos por
esse cara super maravilhoso que está claramente falando sério
sobre ela, eu simplesmente coloco meu braço em volta do seu
ombro e dou-lhe um pequeno abraço de volta. — Ele é.
O único lugar nesta escola que gosto é a biblioteca. Para
mim, parece um pouco como um santuário. Assim que passo
pela porta para este refúgio de livros e solidão, uma pequena
onda de alívio rola sobre mim.

Durante meu período livre, gosto de entrar aqui e sentar-


me sozinha em uma das mesas redondas nos fundos. É
silencioso e sem distrações. Nenhum dos atletas entra aqui, a
menos que sejam forçados, então é o lugar perfeito para
trabalhar.

Tenho livros didáticos e páginas de anotações espalhadas


por toda a superfície, ocupando praticamente tudo. Há duas
mesas vazias ao meu lado, então não me sinto mal por
monopolizar esta. Se alguém mais precisa de um lugar para
estudar, pode escolher um deles.

Pelo menos, essa é a coisa lógica que tenho certeza que


qualquer não-sociopata faria quando vir uma pessoa ocupada
trabalhando e duas mesas completamente vazias, mas meus
periféricos registram um flash de camiseta vermelha e jeans
escuro e então alguém cai seus livros na pequena área da mesa
ao meu lado que não cobri.

Você está brincando comigo?

Empurrando um lampejo de irritação, começo a juntar


minhas coisas para abrir espaço para o intruso. Paro quando
olho para cima – para lançar a ele um olhar sujo, seja ele quem
for – e meu coração para.

Hunter.

Ele me abre um sorriso enquanto se senta na cadeira


vazia ao meu lado. — E aí, leitora ávida?

Meu coração dá uma cambalhota, mas tento não deixar


transparecer no meu rosto.

Esta é a primeira vez que nos falamos desde que apareci


na casa dele outro dia, e não tenho certeza de onde ele está.
Seu tom parece bastante amigável, então talvez ele venha em
paz.

Já que é ele, paro de limpar e começo a endireitar meus


papéis sobre a mesa. Tenho certeza que ele não está aqui para
estudar.

Quero perguntar a ele por que ele está aqui, mas meu
cérebro parece não conseguir formular palavras. Não sei se é
porque eu estava na zona fazendo anotações e depois ele
simplesmente apareceu e interrompeu, ou se é a estranheza de
vê-lo aqui em um espaço que considero meu.
Acho que a biblioteca não é realmente minha, mas nunca
estive aqui com ninguém antes – isso é algo que faço sozinha.

É algo que eu definitivamente poderia ver fazendo com


ele. O velho Hunter, de qualquer maneira. Eu podia imaginá-
lo vindo à biblioteca comigo enquanto estudo, brincando e me
distraindo completamente – tornando todo o período de estudo
inútil, mas eu gostaria tanto que não seria capaz de ficar brava
com isso.

Quando o novo Hunter ergue uma sobrancelha em


expectativa, percebo que tenho que falar.

— Começando minha lição de casa, — murmuro,


mantendo minha voz baixa, já que estamos na biblioteca. — O
que você está fazendo?

— Ficando de olho em você, — ele afirma casualmente,


enquanto cruza as mãos atrás da cabeça e se inclina para trás
– um tanto teatralmente, se é que posso dizer.

— Mesmo? Você não vai nem fingir que está fazendo outra
coisa?

Sem se desculpar, ele encolhe os ombros. — Mentir para


você nunca foi minha praia, Catnip. Estou surpreso que você
espera que eu faça. Isso é algo que seu ex-namorado fazia
muito?

Franzo a testa. — Ex-namorado?


— Kyle. Ou… Evan. Pedro? — Ele franze a testa,
inclinando a cabeça e erguendo os olhos pensativo, então diz:
— Christopher. Foi Christopher.

Meus olhos se estreitam em seu rosto. Suponho que ele


pode estar jogando com os rumores que Valerie manteve vivos
sobre mim, implicando que estive com tantos caras que ele não
consegue mantê-los todos corretos. Não parece algo que ele
faria, no entanto.

— Se você está brincando comigo, não entendo a piada.

— Não estou, honestamente. Por que não consigo pensar


no nome daquele filho da puta? Não deve ser muito memorável.
Sobrancelhas espessas. Cara chata. Ele é como um cão fiel que
acordou um dia como um menino de verdade. Ele está no time.
Milner! Algo Milner.

Meu queixo se abre de surpresa e uma onda horrível de


diversão cresce dentro de mim. — Uau. Você não está nem
perto.

Ele acena, então se inclina para frente nos cotovelos e se


inclina para dar uma olhada em minhas anotações. — Eh,
tanto faz. Seu nome não importa. Em que você está
trabalhando?

— O nome dele é Anderson, — digo a ele, ignorando sua


pergunta. — E ele não é meu ex-namorado, ele é meu
namorado atual.
Ele me lança um olhar de choque que acho que ele está
fingindo, mas não posso ter certeza. — Ele ainda é seu
namorado?

— Por que ele não seria?

Hunter dá de ombros. — Não sei, outro cara mandou


flores para sua garota – não parece que ele ficaria feliz.

Balanço minha cabeça, focando minha atenção em


minhas notas e tentando manter algum resquício de
concentração.

— Ou você não disse a ele? — Hunter pergunta quando


não dou uma explicação.

Não gosto de seu tom, então mantenho minha réplica


sucinta. — Ele sabe que ganhei flores de alguém.

— Mas você não contou a ele quem. — É uma afirmação,


não uma pergunta, mas ele faz uma pausa como se esperasse
uma resposta. Então, em um tom tingido de muito prazer, ele
diz: — Interessante.

— Não é interessante, — discordo. — Talvez eu


simplesmente não seja uma fã de conflito e isso não
importasse, então não vejo o ponto.

— Pode ser. Claro, como ele sabe que você recebeu flores
de alguém que não é ele, ele deve estar muito curioso sobre
isso. Isso significa que é importante - pelo menos para ele – o
que também significa que é mais importante para você não
contar a ele do que aliviar suas preocupações de que outro cara
possa estar tentando conquistar sua namorada. Acho que isso
também pode levar a uma briga, a alguma distância – dano
definitivo ao relacionamento. E você está disposta a assumir
tudo isso só para não ter que dizer ao cara que te enviei flores.
Ou você se preocupa tão pouco com ele, ou...

Estou tão aborrecida com sua dissecação do meu


comportamento, que lhe lanço um olhar suave. — Ou?

Ele sorri, seus olhos castanhos brilhando


maliciosamente. — Ou você se preocupa tanto comigo. Você
ainda tem uma queda, Riley? Um pouco de interesse
persistente? Aposto que ele gostaria ainda menos disso do que
das flores.

Mesmo que eu não queira que ele pense que estou


concordando com sua avaliação, não posso deixar de rejeitar
sua excessiva arrogância: — Se eu não tivesse contado a ele
sobre as flores, o que te faz pensar que eu contaria a ele isso?

Hunter balança a cabeça como se fosse o que ele esperava


ouvir. — Então ele é insignificante. Foi o que imaginei, mas é
bom ter uma confirmação.

Estamos ficando um pouco mesquinhos, então decido


que devo parar com isso e defender o cara um pouco. O
Anderson me irritou ontem, mas não fez nada para merecer
isso.
— Ele não é insignificante. Anderson é um cara
perfeitamente legal. Não estou concordando com nenhuma das
bobagens que você acabou de vomitar...

— Isso não foi um absurdo, — ele interrompe.

— Eu estava apenas brincando com você.

—O que você tem a dizer a si mesma. — Ele se inclina


para frente no tampo da mesa e seu olhar encontra o meu. —
Então, estive pensando.

Isso é potencialmente perigoso. — Sobre o quê?

— Suas regras de engajamento, — diz ele.

Desvio o olhar para o meu caderno. — Acho que meus


termos foram justos, — digo, testando as águas.

Com o canto do olho, o vejo acenar com a cabeça. — Um


pouco unilateral, não acha?

— Na verdade. Fiz uma pessoa fora dos limites para você.


Há todo um cardume de outros peixes no mar, Hunter; eu
simplesmente não aguento isso.

— Talvez seja o que eu queria, — ele sugere.

— Bem, se for esse o caso, eu acho você nojento, então,


por favor, sinta-se à vontade para desconsiderar meu pedido e
ir em frente. Espero que você e sua cruel esposa troféu sejam
muito felizes juntos.
Seus lábios estupidamente perfeitos se curvam. — Você
não quis dizer isso.

— Eu realmente quis.

Aparentemente, achando este tópico de nossa conversa


insignificante, ele diz: — De qualquer forma, é um ponto
discutível, desde que você esteja disposta a jogar bola. Estou
mais do que disposto a concordar com seus termos, desde que
você concorde com os meus, mas se você conseguir fazer
exigências territoriais a mim, acho que é justo que eu emita
uma diretriz própria.

Minha irritação aumenta com sua terminologia. Estou tão


acostumada a ser um agente livre que a ideia de seguir as
diretrizes de qualquer pessoa me irrita, mas suponho que só
seja justo se eu estabelecer a lei, ele também tem uma chance.
— Estou ouvindo.

— Jogue fora o peso morto.

Só posso olhar para ele. — Com licença?

— Milner. Ele tem que ir.

— Mas... ele é meu namorado.

— Não é mais, — diz Hunter.

— Por quê?

— Não gosto de vê-la com ele, — afirma, como se fosse


uma coisa normal de se dizer.
Abro a boca para falar, mas não posso fazer muito mais
do que engasgar. — Eu... estou confusa. — Tento não parecer
esperançosa, mas não tenho certeza se sou totalmente bem-
sucedida. — Você está me pedindo para sair?

Ele sorri maldosamente, como se achasse a ideia


divertida. — Não. Estou lhe dizendo para se tornar solteira – e
continuar assim.

Minha esperança se dissipa muito rapidamente, suas


palavras acendendo uma faísca quente de irritação. — Por
quê?

— Porque essas foram as minhas ordens e espero que


sejam seguidas. Parece que o portador da sua bolsa esqueceu
o memorando. Um pouco estranho porque todo mundo
entendeu muito bem, mas... ei, talvez ele não saiba ler.

Estou ficando um pouco irritada com suas críticas


contínuas a Anderson, mas não posso me concentrar nisso
porque estou muito distraída com as palavras que ele não está
dizendo diretamente.

— Então... deixe-me ter certeza de que entendi direito.


Você não quer namorar comigo, mas também não quer que
ninguém mais o faça?

Hunter sorri. — Veja, é por isso que é mais divertido foder


com garotas inteligentes. Elas pegam na hora.

— E isso não parece... — Paro, tentando encontrar as


palavras certas. — Não sei, profundamente injusto?
Hunter se inclina para frente na mesa, sua diversão
desaparecendo enquanto ele me olha nos olhos. — Não se trata
de jogar limpo, Bishop. Voltei para me vingar – eu disse que
faria. Não voltei para tornar sua vida melhor. Agora, isso já é
um desvio de minhas intenções originais. Você me pegou
desprevenido quando invadiu minha festa, admito. Você se
tornou vulnerável quando eu disse a você quatro anos atrás
que da próxima vez que eu te visse, eu a cortaria. Foi uma coisa
louca e corajosa de se fazer, e respeito isso.

Um arrepio desce pela minha espinha. Endireito-me,


colocando mais alguns centímetros de distância entre nós,
mas não interrompo seu olhar.

— Então, sou eu tendo misericórdia de você, Riley. Isso


sou eu comprometendo. Se você aceitar isso, serei um pouco
mais legal com você enquanto estou me vingando, mas se você
não... bem, pelo menos posso dormir mais fácil sabendo que
dei a você uma chance de lutar.

Engulo um nó na garganta, ciente do calor subindo pelo


meu pescoço e colorindo minhas bochechas. Não é
constrangimento. Ah não. É raiva. Raiva incandescente.

Há anos sinto falta de Hunter. Ele visitou meus devaneios


– e meus sonhos reais – em mais do que algumas ocasiões.
Para ser totalmente honesta, eu teria pensado que meus
joelhos se dobrariam sob mim se ele voltasse, o rancor
esquecido, e expressasse qualquer tipo de interesse romântico
por mim.
Mas não é isso.

Meus joelhos não mostram sinais de fraqueza e estou


furiosa com as exigências que ele está fazendo. Eles não são
como as exigências que fiz dele. Eu não o queria com Valerie
porque é uma ponte longe demais para mim – não foi nem
mesmo o que eu disse a ele quando fui à sua casa, foi algo que
me arranhou para sair de mim mesmo nas circunstâncias
menos justificáveis. Minhas palavras eram mais prováveis de
serem recebidas com indiferença cruel do que qualquer forma
de obediência, mas mesmo sabendo disso, eu não poderia
contê-las. Essas palavras vieram de um lugar vulnerável
dentro de mim. Elas não vieram de um lugar de querer
controlá-lo – elas nasceram de uma necessidade insuportável
de avisá-lo para não fazer algo que eu nunca poderia deixar de
fazer.

O que ele está dizendo... não vem do mesmo lugar.

Procuro em seu rosto qualquer indicação de sentimento


mais profundo sob a superfície de suas palavras feias, mas
seus olhos estão claros, sua expressão calma, controlada.
Estóico. Ele não está revelando nada.

Não é como as vezes que recebo uma versão dele que seus
amigos não entendem. Pensei que talvez fosse quando ele se
sentou e começou a ficar para trás e para frente comigo. Ele
me persuadiu a baixar minhas defesas agindo como se
fôssemos amigos de novo, me tentou ainda mais sugerindo que
ele jogaria bola se eu jogasse, mas olhando em seus olhos
agora... Não vejo nem um sinal de calor.

Um arrepio passa por mim na sua ausência, uma


pequena pontada de desejo me beliscando.

Quero Hunter de volta – aquele que conheci no ensino


médio.

Ele está de volta, mas ele não é o mesmo.

Espontaneamente, a nota que ele enviou junto com o


colar surge em minha mente. Lembro-me do tom de
propriedade que me irritou quando pensei que era de
Anderson.

Não sei se teria me sentido da mesma forma se soubesse


naquele dia que era de Hunter, mas agora...

Agora estou pensando que talvez eu não estivesse


totalmente errada quando considerei que algum idiota atleta
poderia não ter significado a propriedade em uma capacidade
romântica – eu só não sabia com qual idiota atleta eu estava
lidando.

Agora sei.

— Você mudou, — digo a ele, mantendo meu tom calmo.

Imperturbável, ele diz: — Não, não mudei. Você nunca viu


esse meu lado antes.
Acho que ele provavelmente está certo. Muitas pessoas
me disseram que Hunter era um valentão e eu provavelmente
deveria ter acreditado, mas caí em uma armadilha que pensei
que era muito inteligente.

Não acreditei nelas porque me preocupava com ele. Deixei


meu investimento emocional nele me cegar para a verdade.

Não é um erro que cometerei duas vezes.

— Não vou machucá-lo para satisfazer sua necessidade


doentia de vingança, — digo simplesmente, reabrindo meu
caderno para que ele saiba que terminei de entreter suas
besteiras.

— Claro que você vai, — diz ele, seu tom tão certo, que
todo o meu corpo enrijece. — Como você o machucou? Essa é
a única parte que depende de você. Cortá-lo agora é uma opção
misericordiosa. Se você não... Guarde minhas palavras, Riley.
Vou arrastá-lo pelo Inferno.

Suas palavras me dão uma pausa. Penso no almoço,


Hunter enviando Wally para resgatar Anderson, depois nem
mesmo o deixando sentar à mesa. Era uma coisa pequena, mas
era apenas uma amostra. Um tiro de aviso para me deixar
saber se ele quer empurrar Anderson, sem nem levantar um
dedo.

Lembro-me da mãe de Hunter me contando como ele


intimidou tanto seu ex-melhor amigo que o garoto mudou de
escola. E se ele fizer isso com o Anderson? Ele poderia. Vi o
poder social que Hunter e Valerie têm, como eles podem exilar
pessoas por nada, e toda a escola fará vista grossa para o quão
horríveis eles estão sendo e seguirá em frente.

A escola tem sido uma merda para mim desde que Hunter
foi embora, e nem me importo muito com tudo isso. Ser banida
para a Sibéria social não me machucou como faria com outra
pessoa.

Alguém como o Anderson. Ele é um cara afável e sociável.


Ele está acostumado a ter amigos, e não tenho certeza de como
reagiria se fosse rejeitado, muito menos totalmente intimidado.

Ele seria capaz de lidar com isso tão bem quanto Sara e
eu?

Irritação gravada em minhas feições, olho para ele. — Seu


rancor é contra mim, Hunter. Fui eu quem contou o seu
segredo. Fui eu quem mandou você para fora do país.
Anderson não fez nada com você. Por que você faria isso com
ele?

— Ele está no meu caminho, — ele diz simplesmente.

Procuro em seu semblante severo por alguma centelha do


menino ferido e adorável que conheci no ensino médio, mas
não o encontro. O Hunter olhando para mim é imóvel e
implacável, completamente sem remorso enquanto segura
meu olhar.

Sei que ele não está blefando.


Se eu não terminar com Anderson, Hunter vai me fazer
desejar ter acabado.

Não sei o que fazer, o que dizer. Meu cérebro está


trabalhando rápido, tentando inventar alguma coisa, mas não
sei como realizar tudo o que quero realizar.

Não quero machucar o Anderson, mas também não quero


jogar Hunter nele. Odeio ceder a um valentão, mas não sou tão
teimosa a ponto de insistir quando sei que isso fará mais mal
a todos os envolvidos.

Eu estava até pensando em terminar com o Anderson


antes, então... talvez eu devesse apenas fazer isso.

Os termos de Hunter não são justos e duvido que


concorde com algum deles, mas provavelmente seria melhor
tirar Anderson de sua linha de fogo. O que quer que aconteça,
é entre Hunter e eu. Ninguém mais precisa se machucar.

Parecendo sentir minha rendição iminente, Hunter se


levanta e vira sua cadeira, preparando-se para sair.

— Há uma festa depois do jogo amanhã à noite. Será na


casa de Valerie. Todo o time estará lá com suas namoradas.
Você pode vir com Evan – será um bom lugar para deixá-lo.
Agradável e público, apenas no caso de ele não aceitar bem e
você precisar da minha intervenção, — diz ele com uma
piscadela.

— Não vou terminar com Anderson com você por aí


assistindo e gostando, — digo incisivamente, já que agora sei
que ele está deliberadamente errando o nome. — Se eu
terminar com ele, farei do meu jeito.

— Bem, isso é com você, apenas certifique-se de fazer isso


amanhã. Você tem até o final da festa para dispensá-lo. Ele sai
sozinho, você sai comigo.

Meu coração pula uma batida na última linha. Encontro


seu olhar, procurando por algo – qualquer coisa – real, mas
sua máscara está no lugar, sua expressão fria e controlada.
Não posso dizer o que ele está realmente pensando.

Engulo, tentando não pensar muito sobre o que ele está


exigindo.

Tenho certeza de que ele não quis dizer isso do jeito que
soou. Provavelmente é só para embaraçar o Anderson, talvez
até eu. Quando ele diz que vou embora com ele, tenho certeza
que não quer dizer….

De qualquer maneira, ouvi-lo dizer isso faz meu estômago


embrulhar-se de borboletas.

— Esta não é a maneira de me fazer sair com você,


Hunter.

Ignorando meu bom senso, ele diz: — Esses são os meus


termos. Sem negociação.

— E se eu recusar?

Ele mantém seu olhar fixo em mim enquanto um sorriso


sombrio passa por seu rosto. — Então paro de jogar como bom.
Ele não se detém em detalhar o que isso significa, mas
não precisa. Posso ver a promessa de destruição nas
profundezas de seus lindos olhos castanhos.

O momento termina tão abruptamente quanto começou –


e a critério de Hunter.

Ele abaixa meu olhar e se vira para sair, mas antes de ir,
ele diz: — Vejo você na festa, Catnip. Vista algo fofo.
Bem cedo na manhã seguinte, encontro Anderson para o
café da manhã antes do início das aulas.

Há muita coisa pesando em minha mente hoje.

As palavras de Hunter na biblioteca me deixaram


confusa, exatamente como ele pretendia. Ele era quente e frio,
maldoso e amigável, e depois de me ameaçar e prometer causar
estragos em Anderson enquanto ele continuasse meu
namorado, depois de toda aquela feiura... ele me chamou de
Catnip.

Não havia sinal do garoto que eu conhecia até que ele


decidiu largar aquela migalha de pão.

Ele é tão inteligente, quase respeito isso, mas também


quero dar um tapa nele.

Tenho muitos sentimentos, e eles estão todos distorcidos.


Cada um deles.

Agora tenho que terminar com o Anderson, e não estou


ansiosa por isso, embora admita que é a coisa que tenho
menos conflituosa para fazer hoje. Não estou empolgada que
minha principal razão para fazer isso seja porque “Hunter me
disse para fazer”, mas sei que é mais que isso. Eu estava
pensando em terminar com Anderson antes que Hunter se
envolvesse. Se qualquer coisa, Hunter ser um idiota sobre isso
cutucou minha tendência desafiadora e me fez querer ficar
com Anderson, mesmo sabendo que provavelmente não
deveria.

Não posso fazer isso com Anderson, no entanto. Não seria


justo.

Só acho que Anderson e eu não somos certos um para o


outro. Quero um tipo diferente de namorado do que ele, e ele
provavelmente teria um relacionamento melhor com alguém...

Bem, com alguém que não ficou na cama a noite toda se


perguntando o que Hunter queria dizer com – você vai embora
comigo.

Mas também alguém mais leve do que eu. Não acho que
sou especialmente sombria e intensa, mas sou muito para o
Anderson.

Considerando todas as coisas, eu simplesmente não acho


que somos um bom ajuste. Não é culpa de ninguém,
simplesmente não trabalhamos. Isso é o que vou dizer a ele.

Pelo menos, esse é o meu plano até que Anderson apareça


no restaurante já parecendo que acabou de perder seu melhor
amigo.
Ele nem mesmo fala comigo no início além de um
monótono — Ei, — enquanto ele se senta na cabine em frente
a mim.

Uma garçonete chega antes de termos a chance de


conversar. Ela me serve café e anota o pedido da bebida de
Anderson, depois diz que vai nos dar um minuto.

Testando as águas, envolvo minhas mãos em volta da


minha caneca de café e tento capturar seu olhar. — Está tudo
bem?

— Não, na verdade não.

Meu coração bate com força, mas tento não tirar


conclusões precipitadas. — O que está errado?

— Meu cachorro foi atropelado por um carro.

Ah não.

Inalo profundamente. Essa era a última coisa que eu


esperava que ele dissesse, mas meu coração se enche de
simpatia por ele.

Anderson ama seu cachorro. Em nosso primeiro


encontro, ele me “avisou” de brincadeira sobre todos os pelos
de cachorro em seu quarto, porque Peanut dormia ao pé da
cama todas as noites.

— É... ele vai ficar bem? — Pergunto timidamente.

Anderson balança a cabeça. — Não. Ele se foi.


Sento-me na cadeira, sentindo um pouco como se tivesse
perdido o fôlego. — Sinto muito, Anderson. Isso é terrível. Nem
sei o que dizer.

Ele balança a cabeça, olhando para mim com um brilho


triste nos olhos. — Você pode se sentar ao meu lado? Desculpe,
estou um pouco pegajoso hoje.

Merda.

— Claro, — murmuro, pegando minha bolsa e saindo do


meu lado da cabine para que eu possa ir para o dele.

Então, isso dá o tom da minha manhã.

Faço questão de aparecer um pouco mais cedo para a


aula que tenho com o Hunter para explicar o que aconteceu
com o Anderson.

Não descobri inteiramente como falar com ele sobre isso


na aula com todos ao redor para potencialmente ouvir. Seria
terrivelmente embaraçoso se alguém me ouvisse explicando a
ele por que não posso terminar com meu namorado como ele
me disse para fazer. Sem o contexto adequado, isso soaria
muito pior do que é.

Inferno, mesmo com o contexto adequado, parece muito


ruim.

No entanto, quando chego à aula, ele nem está lá. Espero


que ele apareça enquanto penso na melhor forma de explicar
minha situação secretamente, mas ele não aparece.
— E aí, cara?

A casa de Valerie Johnson é o último lugar que quero


estar, na vida.

Parece que sou a única que se sente assim. Hunter me


disse que os atletas e suas namoradas estariam na festa hoje
à noite depois do jogo, mas ele não mencionou que uma boa
porcentagem da nossa turma do último ano também estaria.

Anderson e eu acabamos de chegar, então ainda não


entramos. No momento, estamos cercados pelo novo carro de
Chuck Whitehouse com alguns companheiros de equipe de
Anderson. A maioria das namoradas deles se afastaram assim
que Chuck abriu o capô e começou a falar sobre o que estava
sob ele. Tasha ficou por perto como se estivesse curiosa, mas
ela pode apenas estar relutante em deixar o lado do namorado
– ele é conhecido por ter um olho errante.

Não gosto de carros, mas Anderson escuta com interesse.


Dado que ele teve um dia tão difícil, faço o papel de namorada
obediente e fico ao seu lado.

Ele está incomodamente afetuoso hoje, mas acho que é


só porque está triste com o cachorro.
Infelizmente, o braço de Anderson está colocado sobre
meu ombro em um gesto casualmente territorial quando
Hunter se aproxima. Sinto sua presença atrás de mim pela
mudança no vento conforme ele se aproxima, mas meu coração
ainda cai quando olho para trás e vejo seus olhos fixos em
mim.

Não gosto de ver você com ele.

As palavras de Hunter de ontem ecoam em minha mente


enquanto seu olhar vai para o braço de Anderson em volta de
mim e um flash de raiva escurece seu rosto. Ele limpa
rapidamente, então assume o centro do palco entre seus
amigos, um sorriso fácil no lugar.

— Como vão vocês, garotas, esta noite?

Tasha sorri e abre a boca para responder, mas antes que


ela possa, Chuck o faz.

— Oh, somos as mulheres? E acho que seu jogo foi


perfeito, — ele diz com bom humor, e percebo que Hunter está
apenas dificultando sobre o jogo pelo quão mal eles jogaram
esta noite.

— Meu jogo é sempre perfeito, — diz Hunter com um


sorriso encantador demais. Mudando seu olhar para mim, ele
pisca. — Não é verdade, Bishop?

Meu coração afunda e o calor inunda minhas bochechas.

Anderson fica tenso ao meu lado.


Chuck Whitehouse ri do lembrete não muito sutil de que
Hunter me pegou uma vez.

Não tenho ideia de como responder. Parte de mim está


tentada a me defender. Eu estava muito chocada no dia em
que ele começou tudo isso – eu não podia acreditar que ele
disse isso, muito menos contestar sua mentira.

É notícia velha agora. Eu poderia negar calmamente sua


afirmação se eu quisesse, mas... eu realmente quero?

Hunter já vai ficar chateado quando eu não terminar com


Anderson esta noite. Parece imprudente arranjar outra briga
com ele, especialmente uma que nem me importo mais. Então
as pessoas pensam que fizemos sexo no ensino médio – isso
realmente importa?

Já passou tempo suficiente para que o pior das


consequências dessa mentira tenha passado. Cavar de volta
agora seria inútil, e haveria pessoas que nunca acreditariam
em mim de qualquer maneira, então só sairia como se eu
estivesse com vergonha.

Acabou, acabou. As pessoas podem pensar o que


quiserem.

Além disso, tenho peixes maiores para fritar esta noite.

Eu gostaria de poder puxar Hunter de lado agora e falar


com ele, mas especialmente logo após o que ele acabou de
dizer, não posso fazer isso com Anderson. Não quero fazê-lo
parecer um tolo, com Hunter, o rei descarado, brincando
corajosamente com sua garota – mesmo ao ar livre enquanto
todos assistem.

Como não falo nada para me defender, acho que o


Anderson interpreta mal.

Olhando para Hunter, ele exige: — O que isso quer dizer?

Apenas os dois se encarando fazem meu estômago


afundar. Há um brilho de maldade nos olhos de Hunter. Isso
não vai acabar bem para o Anderson.

Quebro o meu silêncio e interrompo antes que Hunter


possa dizer qualquer coisa. — Não, por favor. Não essa noite.

Ignorando meu apelo, Hunter dá a Anderson um pequeno


sorriso. — Quer dizer que ela não te contou? — Fingindo
surpresa, ele olha para mim. — Huh. Pergunto-me o que mais
ela não te contou...

Parar está na ponta da minha língua, mas


instintivamente sei que repreender Hunter na frente de seus
amigos é uma má jogada.

— Vocês têm algum tipo de história que eu deva saber?


— Anderson pergunta a Hunter já que ele não conseguiu nada
de mim.

O desespero me obriga a romper com Anderson. Mesmo


que eu tenha pensado que isso fosse uma má jogada antes, já
que ele está claramente com vontade de causar problemas,
agarro Hunter pelo braço de sua jaqueta letterman e o arrasto
para longe da multidão. — Preciso falar com você.

Olhando para o meu aperto em sua jaqueta enquanto ele


me permite arrastá-lo em direção a uma seção mais privada do
quintal, ele sorri. — Gosto de para onde isso está indo.

— Onde diabos você está indo? — Anderson chama atrás


de nós, carrancudo para mim.

— Estaremos de volta em um minuto, — asseguro-lhe.

— O quê…? — Ele para, balançando a cabeça em


descrença.

Isso é justo. Ele tem todo o direito de estar bravo comigo


por isso. Não me importo se ele está bravo comigo, eu só não
quero que Hunter seja mau com ele, e a conversa estava
definitivamente indo nessa direção.

— Huh. Tentando fazer com que ele termine com você


para que você não precise ser a bandida? Boa estratégia, mas
mais covarde do que eu esperava de você, — observa Hunter.

Uma vez que estamos sozinhos, solto seu braço e giro


para encará-lo. — Que diabos está errado com você?

— Por que tem que haver algo errado comigo? Eu estava


apenas fazendo perguntas inocentes.

— Besteira. Você estava tentando começar uma luta.


Sem se preocupar em negar, ele olha para mim e dá de
ombros. — E daí se eu estivesse?

— Você está sendo um idiota e não gosto disso.

— Não?

Ele dá alguns passos mais perto, apoiando uma mão nas


minhas costas e trazendo a outra para descansar na minha
cintura.

Meu coração para.

— Hunter, — digo baixinho, tentando tirar suas mãos


gananciosas de mim. Lanço um olhar ansioso para Anderson
e vejo que ele está olhando diretamente para nós. — Pare com
isso. Ele está assistindo.

— Como se eu me importasse se ele estivesse assistindo.


— Ele me leva de volta contra uma árvore. — Deixe-o assistir.

— Hunter, não. Vamos lá, você prometeu que jogaria bem


se eu fizesse o que você queria.

Ele sorri, seus olhos brilhando com prazer genuíno. —


Isso soa bem. Diga isso de novo.

Reviro meus olhos para ele. — Olha, não estou lutando


com você, certo? Vou terminar com ele como você me disse
para fazer. Mas preciso de uma extensão, e preciso que você
não o faça parecer um idiota enquanto isso.
— Uau, você veio até mim esta noite com muitos pedidos.
— Hunter se aproxima, trazendo seu corpo duro contra o meu
e fazendo meu coração disparar mais rápido. — Diga-me,
Catnip. Como você pretende me pagar se eu os conceder?

— Por favor, pare. — Empurro com mais força, tentando


tirar suas mãos de mim. Meu estômago está dando
cambalhotas com a sua proximidade, mas estou muito ciente
de nosso público, muito culpada até mesmo para apreciá-lo. —
Anderson está bem ali.

— Não me importo. Próximo problema. — Em vez de me


dar espaço, ele empurra ainda mais perto.

Instintivamente dou um passo para trás para me afastar


dele, mas não há para onde ir. Sinto a casca áspera nas
minhas costas, o calor do torso musculoso de Hunter
pressionado contra a minha frente.

Meu sangue esquenta e meu coração bate


descontroladamente. Sinto uma agitação de interesse
incomprimível entre minhas pernas. Começo a arrastar meus
pés sem jeito, e Hunter casualmente coloca sua coxa entre
minhas pernas. A pressão de sua coxa contra o meu lugar mais
íntimo aumenta minha excitação instantaneamente.

— O cachorro de Anderson morreu, — digo


abruptamente.

Hunter faz uma pausa e olha para mim. — O quê?


Solto um suspiro, sabendo que é provavelmente a coisa
mais estranha que alguém já disse a ele quando ele estava
prestes a atacá-los, mas... bem, esse é o próximo problema.

— O cachorro dele morreu hoje. Encontrei-o no café da


manhã para terminar com ele, mas... como eu poderia largar o
cara quando seu cachorro acabou de morrer?

Hunter me encara sem expressão, como se, pela primeira


vez, ele não tivesse a menor ideia do que dizer. — Seu cachorro
morreu, — ele repete inexpressivamente.

Aceno, implorando a ele por alguma empatia. — Então,


você vê, não posso terminar com ele esta noite. Seria muito
cruel.

Observo seu rosto enquanto ele considera meu problema.


Sei que Hunter é razoável, então, embora ele esteja sendo um
grande idiota agora, estou bastante confiante de que ele
reunirá simpatia o suficiente para me permitir uma extensão
do prazo.

Dada minha fé em sua decência básica, estou


completamente despreparada quando ele compartilha sua
decisão. — Não importa. Os cães morrem, isso é triste. Você
ainda tem que terminar com ele esta noite.

— Hunter, — digo, olhando para ele.

Ele balança a cabeça. — Tem que ser hoje à noite. Já fiz


concessões suficientes. Não estou ganhando mais – não no que
diz respeito a ele, pelo menos.
Estou muito atordoada para reagir no início.

Hunter não tem o mesmo problema. Com sua coxa ainda


pressionada entre minhas pernas, ele se inclina para perto
novamente. Como se ele não apenas rejeitasse
impiedosamente meu pedido de extensão para terminar com
meu namorado, ele coloca meu cabelo atrás da orelha e me dá
um sorrisinho carinhoso. — Você está bonita esta noite.

Meu pobre coração. É como uma marionete, dançando


toda vez que puxa os cordões.

Demorou alguns anos, mas acho que estou começando a


ver por que minha mãe teve tanto problema com Hunter no
ensino médio. Ele não era tão agressivo naquela época, então
eu realmente não precisava, mas agora estou percebendo que
ele é muito difícil de resistir. Meu namorado está a cerca de 15
metros de distância e já está triste hoje, mas se Hunter tivesse
apenas pressionado seus lábios na curva do meu pescoço, eu
teria ficado tentada a inclinar e deixá-lo continuar.

Preciso ficar longe dele antes que ele torne as coisas ainda
piores.

Lançando um olhar para trás em direção ao carro de


Chuck Whitehouse, localizo Anderson – e desta vez ele não está
apenas olhando, ele está vindo em nossa direção.

Meu coração cai. Empurro Hunter novamente com mais


força. — Hunter, por favor.
Respondendo ao alarme gotejando do meu tom, Hunter
recua desta vez. Apenas alguns centímetros no início, apenas
o suficiente para diminuir a pressão de seu corpo contra o
meu, mas quando o afasto novamente, ele finalmente dá
alguns passos para trás.

— Tudo bem, tudo bem. Acho que posso esperar mais


algumas horas.

O timbre rouco de sua voz quase me faz arrepender de ter


que me afastar, mas então vejo Anderson avançando em nossa
direção e o alarme me atinge.

Sem dizer uma palavra, passo por Hunter e corro em


direção a Anderson.

Preciso chegar até ele antes que ele alcance Hunter.

Sua expressão é estrondosa quando chego perto o


suficiente para ver.

— Vamos entrar, — digo rapidamente, agarrando seu


ombro e tentando encurralá-lo em direção à porta. Na verdade,
não quero entrar na casa de Valerie, mas quero deixar
Anderson o mais longe possível de Hunter.

Hunter me deixou arrastá-lo, mas Anderson não. Ele está


chateado e não quer entrar, então ele arranca o braço do meu
alcance. — Você planejava me contar sobre sua história com
Hunter Maxwell?
Paro, mas não antes de lançar um olhar nervoso para trás
na direção de Hunter para ver se ele está me seguindo.

Ele não está. Ele está encostado no tronco da árvore em


que me prendeu, nos observando.

Meu olhar se volta para Anderson, um pouco menos


nervoso agora que sei que Hunter não está me perseguindo. —
Temos uma história, mas se sua fonte é Chuck Whitehouse,
não é o que você pensa.

— Você dormiu com ele? — Ele pergunta, à queima-


roupa.

— Não. Sim, mas não – nós não fizemos sexo. Ele passou
a noite na minha casa uma vez, não foi intencional, estávamos
apenas saindo e adormecemos. Mas então algumas coisas
aconteceram e ele queria me machucar, então ele disse a todos
que fizemos sexo.

— Encantador. Posso definitivamente ver por que ele é


alguém com quem você foge para cantos escuros.

O constrangimento se apodera de mim, aquecendo


minhas bochechas. — Não fujo para cantos escuros com ele,
— murmuro.

O olhar de Anderson é frio e antipático. — Você acabou


de fazer. Na frente de meus companheiros de equipe. O cara já
me incomoda – acho que agora entendo por quê.
Eu não sei o que dizer sobre isso. Olho para o chão, me
sentindo um pouco envergonhada. — Sinto muito.

— Você deveria ter me contado. Talvez se eu soubesse que


ele era seu ex, estaria um pouco mais preparado para que ele
me odiasse.

— Ele não é meu ex, — murmuro. — Nunca fomos


realmente mais do que amigos.

— Sim, bem... parece que ele quer ser mais do que amigo
agora, — ele diz, sacudindo a cabeça na direção da árvore, mas
sem olhar para Hunter.

Não tenho certeza do que exatamente Hunter quer de


mim, mas está claro que ele quer algo. Além do mais, não tenho
certeza se importa o que ele quer – ele não vai parar até
conseguir. Se ele já causou tantos problemas em menos de
uma semana, como será o resto do ano?

Isso não é como eu queria fazer isso, mas parece


inevitável agora.

— Acho que devemos terminar, — digo suavemente,


olhando para ele.

Ele parece magoado e isso me faz sentir miserável. —


Então você pode ficar com ele?

Balanço minha cabeça. — Não. Não é sobre ele. Quer


dizer, um pouco – acho que ele iria torturá-lo se ficássemos
juntos. Não quero ser a razão de você passar pelo inferno este
ano, Anderson, e... não acho que ele vai nos deixar ficar juntos,
— digo honestamente.

— Isso não depende dele, — ele murmura, sua voz cheia


de ressentimento.

— Eu sei, mas ele... ele pode ser um tipo de valentão.


Nunca vi esse lado dele, mas ouvi falar sobre isso e... acho que
é apenas uma amostra. Sei que ele quer que eu termine com
você, e tenho a sensação de que ele fará o que for preciso para
que isso aconteça.

Anderson desvia o olhar para o nada, balançando a


cabeça com irritação. — Que idiota de merda.

— Sim, — murmuro, um pouco taciturna. — Acho que ele


pode ser.

Não digo a Anderson que ele também pode ser


maravilhoso e doce, que ele é tão protetor com seus entes
queridos que se colocará em perigo por eles. Não conto a ele
sobre o menino que conheci, porque sei que as ações de Hunter
falam muito mais alto do que qualquer uma das minhas
palavras.

E Hunter está sendo um idiota.

— Não se trata apenas dele, no entanto. Não acho que


você e eu podemos fazer um ao outro feliz. Acho que somos
pessoas realmente diferentes e acho que ficarmos juntos
quando parece que devemos terminar as coisas... Acho que
levaria a mais sofrimento para nós dois do que a separação
levaria.

Anderson balança a cabeça, olhando para o nada. — Não


acredito em você. Tudo estava bem entre nós antes de ele
aparecer.

Olho para baixo, me sentindo um pouco culpada. Eu


realmente não posso argumentar contra isso. As coisas
estavam bem, mas... honestamente, quero mais do que bem.
Quero sentir algo quando o cara com quem estou me beija, e
essa faísca simplesmente não existe com o Anderson.

No entanto, não posso dizer isso.

Meu silêncio parece alimentar a ideia de Anderson de que


toda a culpa deveria recair sobre os ombros de Hunter. — Não
podemos deixá-lo ficar entre nós, Riley. Você diz que ele é um
valentão, e daí? Vamos deixá-lo vencer?

Suas palavras despertam desconforto, mas não do tipo


que ele provavelmente espera. — Eu não disse que ele é um
valentão, eu disse que ele pode ser.

Anderson faz uma careta. — Qual é a diferença?

Ele faz a pergunta, mas não espera ouvir minha resposta.

— Não sei sobre você, mas não sou um idiota que ele pode
empurrar. Também não acho. Acho que você é inteligente, forte
e única como o inferno; você tem um tipo de independência
que ninguém tem... Acho você ótima, Riley, e não vou deixar
um idiota como Hunter Maxwell tirar você de mim.

Só posso ficar olhando para Anderson, honestamente


pasma.

Eu não estava ansiosa para terminar com ele, porque


quem espera isso? Mas eu não esperava que ele lutasse comigo
também. Pensei no fundo que ele concordaria comigo. Achei
que ele não queria ser o cara mau, mas pensei que uma parte
dele ficaria aliviada quando eu iniciasse o rompimento.

Eu estava tão errada, não sei o que dizer.

Então ele pega minha mão, fogo em seus olhos. —


Podemos superar isso, Riley.

Balanço minha cabeça, retirando cuidadosamente minha


mão da dele. — Acho que talvez você esteja pensando em
competir com Hunter mais do que realmente quer lutar por
mim. E entendo isso, mas... não. Realmente sinto muito que
desceu desta forma e estou incrivelmente arrependida sobre o
momento, mas... Anderson, eu quero terminar.

Sinto-me como um monstro tendo que rejeitá-lo


novamente, mas ele me fez fazer isso.

Não aguento mais olhar para ele, parecendo tão


derrotado.

— Você deveria ir para casa, — digo a ele suavemente.


Isso chama sua atenção. Seu olhar se volta para mim. —
Eu te dei uma carona aqui. Você não quer uma carona para
casa?

A demanda de Hunter para que eu saia com ele vem à


tona em minha mente, sem dúvida me fazendo parecer mais
culpada do que deveria. — Não, está tudo bem. Posso pegar
outra carona para casa.

— Com quem?

— Anderson... nós terminamos, — eu o lembro


suavemente.

— Dez segundos atrás, — ele se encaixa. — Se você já tem


uma carona para casa, gostaria de saber quem é.

Posso ver que ele está chateado e procurando uma briga.


Não vou participar. Não quero que isso fique mais feio do que
já ficou. — Olha, vá para casa ou não, é com você. Ainda não
estou pronta para sair, então... vou entrar.

— É isso? — ele pergunta, balançando a cabeça.

Encolho os ombros. — Sim, acho que é isso. Sinto muito.


Não sei mais o que dizer.

— Você está saindo com Hunter, não é?

Suspiro suavemente, fechando meus olhos.

É toda a resposta de que ele precisa. Posso ver em seu


rosto quando abro os olhos e olho para ele novamente. Há uma
torção amarga em sua boca. Isso o faz parecer muito menos
bonito do que eu sempre o considerei.

— Talvez Chuck Whitehouse esteja certo, — diz ele,


afastando-se lentamente. — Talvez você seja uma prostituta.

Minha boca se abre. Estou chocada demais para falar.


Nem sei o que diria se pudesse. Não é nada que não tenha sido
dito sobre mim antes, mas uau, realmente dói vindo dele.

Entendo que ele está magoado, embora eu esteja


insultada e ache que isso foi uma coisa estúpida de se dizer,
não me incomodo em responder. Mantenho meu silêncio até
que ele se vire, e me sinto mais aliviada do que qualquer coisa
quando percebo que ele está indo para o carro.
Por mais que eu não queira passar minha noite na
estúpida festa de atleta de Valerie, eu realmente não tenho
muita escolha. Hunter disse que queria que eu fosse com ele,
mas ele não voltou desde que Anderson foi embora.

Ninguém mais nesta festa tem nada a dizer para mim,


então caminho para a cozinha e pego uma Coca Diet na
geladeira – todo mundo está bebendo cerveja, bebida mais forte
ou ponche de uma tigela que tenho certeza de que contém
álcool – então escapo para algum lugar tranquilo onde espero
ficar sozinha.

A casa de Valerie é maior e mais agradável que a minha,


mas nada comparada com a de Hunter. Há um pátio bem
iluminado nos fundos com mesa e cadeiras, mas um pequeno
grupo de pessoas já está reunido lá, então continuo andando.

Encontro uma pequena cadeira em forma de ovo em um


canto mais privado do outro lado do pátio. Fica logo abaixo da
luz da varanda dos fundos, então há bastante luz para leitura.
Satisfeita por ter encontrado meu recanto, fico
confortável naquele assento e pego meu celular. É fim de
semana agora, então não estou com pressa de fazer o dever de
casa. Isso significa que posso ler por prazer, então abro meu
aplicativo Kindle e procuro um novo livro para ler.

Clico na capa laranja de um livro que pretendo começar


e confiro a primeira página para ver se estou com disposição
para isso esta noite. Na página dois, estou comprometida,
então me acomodo e me divirto enquanto a festa continua lá
dentro.

O tempo passa tão rápido que parece que faltam apenas


alguns minutos para o meu telefone tocar. É uma mensagem
de texto de um número que não reconheço que diz: Você saiu?

Franzo a testa para o meu telefone. Quem é?

Príncipe Encantado, ele responde sarcasticamente.

Sorrio levemente. Impossível. Não dei meu número a


ele.

Ele tem seus caminhos, ele responde. Onde você está?

Encontrei um local de leitura aconchegante na


varanda dos fundos.

Você está lendo em uma festa?

Se isso te surpreende, então acho que este não é


Hunter.
Eu disse a você, é o Príncipe Encantado. Estou
enviando a guarda real atrás de você.

Sorrio, balançando a cabeça e voltando para o meu


aplicativo Kindle. Sei que terei que parar de ler agora, mas
preciso encontrar um ponto de parada melhor.

O livro é tão interessante que ainda estou tentando


encontrar um bom ponto de parada quando minha luz é
repentinamente interrompida. Olho para cima para encontrar
um jogador de futebol enorme pairando ao lado da minha
cadeira, bloqueando minha luz. Outro está na minha frente,
olhando para mim com expectativa.

— Hunter quer você, — afirma Wally.

— Uau, ele realmente queria enviar a guarda real, —


murmuro. Achei que fosse uma piada e ele só queria que eu
fosse procurá-lo.

Wally faz uma careta. — Huh?

Fecho o aplicativo, deslizando meu telefone no bolso da


minha calça jeans e pego minha bolsa enquanto fico de pé. —
Você era um rato em sua vida anterior? Você provavelmente
seria.

Wally quer me agredir como se eu o tivesse insultado, mas


ele não entendeu totalmente o insulto.

Aposto que isso acontece muito com ele.


Tento ignorar os brutamontes que ele mandou me buscar
e andar na frente deles, mas não sei para onde estou indo.
Recuo assim que entramos na casa e deixo Wally assumir a
liderança, já que ele obviamente sabe onde Hunter está.

A maioria dos foliões estão mais barulhentos agora do que


quando saí – aqueles que não estão desmaiados, pelo menos.
Uma menina morena que reconheço vagamente como uma das
amigas de Valerie está chorando alto porque alguém chamado
Fitz não liga para ela. Alguns lacaios de Valerie estão
amontoados em volta dela, oferecendo conforto e palavras de
apoio, mas não vejo a abelha rainha em lugar nenhum.

Wally e Brian me escoltam pela sala de jantar e pelo


corredor. No final, Wally abre a porta à direita e dá um passo
para trás para me deixar passar.

Hunter está esparramado em uma cadeira satélite rosa


perto da janela, olhando do lado de fora. Ele volta sua atenção
para mim quando estou no quarto com ele, um sorriso
reivindicando seus lábios perfeitos.

— É meia-noite, Cinderela. — Seus olhos estão quase


calorosos quando ele me olha. — Você fez o que pedi para você
fazer?

Aceno, embora odeie falar sobre isso com seus amigos


estúpidos ainda na sala. — Terminamos. Anderson saiu.

— Bom. — Hunter se inclina para frente e empurra a


cadeira rosa, então ele olha para trás de mim para seus
amigos. — Dê-nos um pouco de privacidade, está bem?
Cuidado com a porta. Se alguém tentar entrar, não deixe.

— Até Valerie? — Wally pergunta.

— Especialmente Valerie, — Hunter diz. Franzo o nariz


com desgosto, então ele passa a explicar: — Este é o quarto
dela.

Torço meu nariz ainda mais quando me curvo e coloco


minha bolsa no chão ao lado da cômoda de Valerie. — Ai credo.

— Sim? — Sua voz é baixa e particular. Quando me


endireito, ele está muito mais perto, me cercando e fazendo
meu coração disparar mais rápido.

— Você sabe o que sinto por ela.

— Sim. Sei o que ela sente por você também. — Ele agarra
minha cintura com uma mão, puxando-me contra ele e
segurando meu pescoço com a outra mão. — Esta é a sua
recompensa por ser tão complacente. Eu queria ter um pouco
de vingança por você também.

Meu coração já está batendo forte demais para me


concentrar corretamente no que ele está dizendo. Ele está me
levando de volta para a cama, me tocando com ternura. Dada
sua maldade na biblioteca, eu não esperava isso, e não sei
como responder a nada disso.

— O que você quer dizer com vingança por mim?


Ele abaixa a cabeça, beijando meu pescoço e iluminando
cada terminação nervosa do meu corpo. A onda de excitação é
quase insuportável.

Então ele fala e queima todas as sinapses em meu


cérebro. — Vou tirar a sua virgindade na cama dela. — Ele mal
faz uma pausa para me deixar absorver isso. — É muito cruel,
mesmo para mim, mas pelo que descobri, ela merece.

Uma risada nervosa escapa de mim. — Hum, talvez


devêssemos recuar um pouco. Achei que você disse que não
queria namorar comigo.

— Não vou namorar você. — Ele beija ao longo do meu


pescoço, caminhando em direção ao meu queixo. — Vou te
foder.

— Tenho uma palavra a dizer sobre isso? — Pergunto


inquieta.

— Se a sua resposta for sim. — Ele se afasta e me dá um


pequeno sorriso. Vendo que estou realmente nervosa, ele
inclina a cabeça e acaricia o lado do meu rosto. — Sempre
deveria ser eu, Riley. Se eu não tivesse sido enviado para fora
do país, isso já teria acontecido.

Meu estômago está embrulhado de nervosismo, mas


também sinto uma pontada de excitação. O meu lado que
sempre pensa cuidadosamente nas minhas decisões está
horrorizado com a perspectiva de perder impulsivamente
minha virgindade com Hunter esta noite. Eu realmente não
discordo dele que ele sempre deveria ser o meu primeiro, mas
definitivamente não é assim que eu vi acontecer.

Talvez tivesse acontecido impulsivamente, mas não em


uma festa, não com seus amigos estúpidos guardando a porta,
definitivamente não no quarto de Valerie Johnson.

Ele está se movendo muito rápido.

Ele sempre se movia rápido demais, mas sempre


diminuía a velocidade quando eu dizia que precisava disso.

— Espere, — digo, empurrando suavemente contra seu


peito.

Ele não se move, inclinando-se para beijar o lado do meu


rosto. — Do que você tem medo?

— Muito. Há muitas incertezas que acompanham essa


oferta, — aponto. — Por que eu deveria te dar minha virgindade
se você nem é meu namorado?

— Porque você quer, — ele diz simplesmente.

Reviro meus olhos. — Você está bastante seguro de si


mesmo, não é?

Ele sorri, e isso enche meu estômago estúpido de


borboletas. — E você me deve.

Meu queixo cai aberto, mas para meu horror absoluto,


acho que estou mais divertida do que insultada. — Devo minha
virgindade a você? — Exijo, quase rindo do absurdo de sua
afirmação.

Ele acena com a cabeça como se fosse solene, pegando


uma das minhas mãos e trazendo-a aos lábios para que ele
possa beijá-la.

Tento reprimir um sorriso enquanto ele beija meus dedos.


— Essa é uma afirmação absurda, Hunter Maxwell. Gostaria
de saber como devo minha virgindade a você.

— Você beijou outra pessoa na minha frente. Duas vezes.


E então há todas as coisas que aconteceram no ensino médio.
Francamente, acho que estou sendo um cobrador de dívidas
leniente.

Apesar de tudo, minha barriga estremece com a


perspectiva de incomodá-lo ver Anderson me beijar. — Então,
desisto para você esta noite e a lousa está limpa?

— Não exatamente, mas é o primeiro passo.

— Tem que ser aqui? Não me entenda mal, posso apreciar


o gesto de que você deseja simultaneamente cobrar sua dívida,
— digo, revirando os olhos indulgentemente, — e contaminar
o quarto de Valerie, mas eu? Não sou tão vingativa. Prefiro que
façamos isso no meu quarto ou mesmo no seu. Em algum lugar
que seja... nosso.

Inexplicavelmente, meu pedido parece roubar um pouco


da luz de seus olhos.
Pior ainda, isso me faz sentir culpada.

Não quero ter sexo pela primeira vez no quarto de Valerie


Johnson, mas de uma forma excepcionalmente torcida, posso
ver que é uma espécie de doçura dele para chegar a essa idéia
para dar-me um pouco de vingança. Normalmente, eu não
toleraria que ele fosse mau com alguém, mas Valerie? Posso
deixar isso passar. De uma forma realmente confusa, é quase
galante. Não é o tipo de comportamento que eu esperaria do
Príncipe Encantado, certamente, mas... bem, Hunter não é o
Príncipe Encantado.

Não quero que ele pense que não vejo a galanteria vil em
seu gesto. Eu só... não quero que Valerie tenha qualquer
participação no que acontece entre nós, seja uma coisa de
vingança ou não. Não quero que ela tenha qualquer relevância
para a nossa história, qualquer que seja a nossa história.

Buscando beijar metaforicamente qualquer ferimento que


eu possa ter infligido sem querer, suavizo, inclinando-me nele
e deslizando minha mão para acariciar seu queixo. — É um
pouco romântico, no entanto. Em um... tipo de romance ruim,
— asseguro a ele. — Não é assim que quero lembrar da nossa
primeira vez. Não deveria ter nada a ver com ela.

Ele olha para baixo, mas não diz nada.

Há um peso em seus ombros que não estava lá antes de


eu dizer isso.
Acho um pouco angustiante o quanto sua resposta me
angustia. Ele nem mesmo confirmou que magoei seus
sentimentos ou o fiz se sentir rejeitado de alguma forma – e por
falar nisso, não consigo imaginar Hunter sendo alguém que
não consegue lidar com uma pequena rejeição, mesmo que ele
provavelmente não esteja acostumado a isso – mas é como se
eu tivesse 14 anos de novo. Hunter pode estar sentindo algum
tipo de mágoa, e meus instintos de proteção estão crescendo,
sugerindo que é minha culpa.

Meu peito está apertado, meu coração um pouco mais


pesado.

É assustador o quanto meus próprios sentimentos estão


ligados aos dele.

Sou uma pessoa empática, com certeza, mas não neste


grau. Não com mais ninguém. É apenas Hunter que me afeta
desse jeito. Na verdade, me considerei um pouco fria com o
Anderson, nunca teria sentido nada parecido com a culpa em
uma situação como essa... inferno, eu nunca estaria em uma
situação como essa. Nenhum outro homem poderia me
convencer de brincadeira de que devo algo a ele, muito menos
minha inocência.

Hunter não é qualquer outro homem.

A compreensão derrete um pouco da minha hesitação.

Ainda não tenho certeza se este é o momento ou lugar


certo ou mesmo a maneira de fazer isso, mas talvez esses não
sejam os detalhes que realmente importam. Nunca fantasiei
sobre um quarto de hotel escuro decorado com pétalas de rosa
e velas, eu só queria que minha primeira vez fosse com alguém
que eu amava, alguém que me alcançasse como ninguém mais
poderia.

Alguém como Hunter.

Não pensei que seria ele porque ele me odiava, mas agora
pode ser. Talvez isso seja tudo o que importa. Talvez eu não
deva pensar demais nisso.

Não mais estranha devido a sentimentos conflitantes e


hesitação virginal, me inclino na ponta dos pés e pressiono
minha testa contra a dele. Fecho meus olhos por um momento,
apenas apreciando a proximidade.

— Você sabe o quê?

— O quê? — Ele pergunta.

— Um homem sábio uma vez me disse para crescer ou ir


para casa.

Seus lábios perfeitos se curvam. — Oh, ele fez?

Aceno, recuando um pouco, mas permanecendo dentro


do alcance do beijo. — Mm-hmm. Ele também era um homem
razoável. Totalmente disposto e capaz de se comprometer
quando a situação exigisse.
— Mais alguma coisa que você gosta sobre esse cara? —
Ele pergunta, jogando junto. — Parece que vou querer
espancá-lo.

Tento reprimir um sorriso, mas não me esforço muito. —


Existe uma outra coisa.

— Estou ouvindo, — ele diz, seu tom brincalhão enquanto


ele imita minhas palavras da biblioteca.

— Já faz um tempo, então não posso ter certeza sobre a


veracidade deste, mas se a não me falha memória...

— Se não me falha a memória, — ele murmura, travando


um braço em volta da minha cintura e me puxando para mais
perto.

Encontro seu olhar, um brilho brincalhão no meu. —


Lembro-me dele beijar muito bem.

É todo o convite de que ele precisa. Qualquer que seja o


peso que eu inadvertidamente coloquei em seus ombros, que
caiu durante a nossa ida e volta ou que ele descobriu como
carregá-lo.

Ele traz seu rosto tão perto do meu que mal consigo
respirar.

Ele embala meu rosto em suas mãos, olhando para mim


com tanto carinho que meu coração parece que vai explodir.

Sua voz causa arrepios na minha espinha enquanto ele


murmura alegremente: — Vamos ver como sua memória é boa.
E então ele me beija.
Dois trilhões de borboletas-monarca26 de alguma forma
encontram espaço dentro do meu estômago.

Elas vibram loucamente, quase violentamente enquanto


Hunter pressiona seus lábios contra os meus.

Assim como da primeira vez, seu beijo começa lento e


suave. Hunter tem os lábios mais perfeitos – macios e
poderosos ao mesmo tempo. Quando ele me beija, não consigo
nem respirar. Não deveria ser tão incapacitante, mas a
maneira como ele prova meus lábios, a forma como ele se
molda tão perfeitamente contra os meus como se talhado pelos
deuses para esse propósito específico...

Não consigo respirar, não consigo pensar. Tudo o que


posso fazer é segurá-lo. Sinto suas mãos deslizarem sob minha
bunda, sinto ele me puxar com força contra ele.

Uma emoção dispara por mim quando sinto o quão duro


ele já está, sabendo que é por minha causa.

26 Espécie de borboleta com asas laranja com listras pretas e marcas brancas.
Toda a resistência desaparece de mim. Ele nem precisou
argumentar comigo, ele poderia apenas ter me beijado e meu
“não tenho certeza” teria se transformado em “sim”.

Meu coração dispara enquanto suas mãos percorrem


meu corpo. Quero explorar seu corpo também, mas é difícil me
concentrar em qualquer coisa quando estou sendo tão beijada.

— Deus, eu amo sua boca, — murmuro contra seus


lábios quando finalmente preciso respirar.

É a coisa errada a dizer se eu quiser dar um tempo. Ele


empurra os dedos pelo meu cabelo, puxando minha cabeça
suavemente para trás e esmagando seus lábios contra os
meus.

Seu beijo é como ser empurrado para baixo da água sem


nenhum aviso. Uma explosão de pânico passa por mim. Estou
tomada por consciência suficiente para saber que posso me
afogar nessas águas e preciso escapar. Mas é como ser afogado
por uma sereia. Quem precisa de ar se isso significa deixá-lo?

Quando seus lábios deixam os meus novamente, ele olha


para os botões da minha camisa com intensidade fixa
enquanto desliza os minúsculos discos por seus buracos. —
Você sabe quantas vezes pensei em fazer isso?

Meu coração bate feliz. — Estou surpresa que você teve


tempo, com todas aquelas lindas garotas italianas que você
parecia estar fazendo malabarismos, — murmuro.
Hunter sorri, seus olhos brilhando com diversão quando
encontram os meus. — Você ficou de olho em mim, hein?

Minhas bochechas esquentam, minando minha negação.


— Não mantive o controle sobre você... Verifiquei na ocasião.

— Mm-hmm, — ele murmura, não convencido, enquanto


ele libera o último botão e puxa minha camisa aberta. Seu
olhar cai para meus seios. Eles ainda estão cobertos por um
sutiã cor de nude, mas tenho a sensação que não, pelo longo
tempo que Hunter leva para puxar minha blusa de botão
branca.

— Senti sua falta, — admito. — Eu queria ver se a vida


era boa para você na Itália.

Ele desliza as mãos pelas minhas costas para soltar meu


sutiã. — Foi melhor do que eu esperava.

— Quero saber de tudo.

Seus lábios se curvam. — Talvez não agora.

— Tem certeza? Sou uma excelente multitarefa, — digo a


ele enquanto tiro meu sutiã e o jogo para o lado.

Hunter balança a cabeça para mim, agarrando-me pela


cintura e puxando-me para perto para que ele possa inclinar a
cabeça e beijar meu peito nu. — Prometo a você toda a
conversa de travesseiro da Itália que você desejar assim que
terminarmos.
Perco uma batida quando ele pressiona aqueles lábios
incríveis dele na minha pele. — Tenha cuidado com o que você
promete, — digo com algum esforço enquanto minha
frequência cardíaca aumenta. — Eu poderia mantê-lo aqui a
noite toda, e esta não é a nossa casa.

— Fale até o amanhecer se quiser. Ninguém passa por


aquela porta até que eu diga.

— Mmm. Deve ser bom ter o seu poder, — provoco.

— É, — ele diz com um sorriso maroto.

Sorrio de volta, passando meus dedos por seu cabelo


enquanto ele muda sua atenção para meus seios. Um suspiro
de prazer me escapa quando aquela boca maravilhosa dele se
move pela minha pele sensível, provocando uma coleção de
sensações emocionantes que eu nunca experimentei antes.

Já explorei meu próprio corpo um pouco, mas nunca me


senti tentada a deixar ninguém me tocar.

Bem, não desde aquela noite em que Hunter estava no


meu quarto, mas eu sabia que não estava pronta para isso.

Também não tenho certeza se estou pronta agora, mas


não tenho certeza se algum dia poderia me sentir pronta para
isso. Estou animada agora, mesmo sabendo que é um pouco –
muito – imprudente.
Ele nem é meu namorado. Parece incompreensível que eu
deva deixar alguém que nem é meu namorado ser meu
primeiro, mas... é Hunter, e isso supera o namorado.

Sua boca fecha em torno do meu mamilo e suspiro, um


choque de prazer passando por mim. O aperto de Hunter na
minha cintura aumenta. Ele me mantém perto quando estou
tentada a me afastar.

— Você tem camisinha? — Pergunto abruptamente.

Sua língua passa rapidamente pelo meu mamilo,


enviando outro raio pelo meu corpo. Ele olha para mim, apenas
destravando a boca por tempo suficiente para dizer: — Claro
que sim, — então sua boca está em mim novamente,
derretendo o que restou do meu cérebro são e racional.

Eu nunca soube que seios podiam provocar tanto prazer.


Provavelmente é mais intenso porque é Hunter. Abro os olhos
e olho para baixo para me lembrar que é realmente ele, que ele
está realmente aqui e está realmente acontecendo.

Sua boca se move mais para baixo. Ele beija até o meu
umbigo. Ainda estou usando jeans, então ele começa a
desabotoá-los.

Por mais que eu o queira, um arrepio de medo passa por


mim. Essa relutância reaparece sem sua boca na minha. Uma
vozinha no fundo da minha cabeça sussurra que há algo
errado, algo que não está certo. Que talvez eu deva manter meu
primeiro sentimento de que este não é o momento nem o lugar
para isso.

— Espere, — digo novamente, pegando suas mãos e as


afastando. Ele me desabotoou, mas o pânico se instalou
novamente quando ele alcançou o zíper. Afasto-me, sabendo
que preciso me distanciar dele para poder pensar direito.

Infelizmente, ele também sabe disso.

— Não, — ele diz, me agarrando e me puxando de volta


contra ele.

Não há para onde correr, de qualquer maneira. O quarto


não é tão pequeno, mas Hunter me encurralou perto da cama
e da parede. Agora ele me puxa de volta contra seu corpo
rígido. Meus olhos se fecham enquanto ele desliza a mão pela
minha barriga e vai para o zíper novamente.

— Você não vai fugir disso, — ele me diz, quase


distraidamente beijando a concha da minha orelha enquanto
abaixa o zíper. — Estive esperando por isso e você também.

— Não tenho, — nego, embora eu não esteja confiante nas


palavras que saem de meus lábios.

— Não? Por que você não fodeu mais ninguém, então?

Olhando para ele com a expressão mais seca que consigo


reunir, digo a ele: — Porque você disse a todos os caras para
não me foderem.
Ele revira os olhos, mas não nega. — Não é por isso. Não
tente fingir que você não sente isso entre nós, Riley. Você sente
isso, assim como eu. Há algo aqui, algo... inquebrável. Um
puxão a que nenhum de nós pode resistir, não importa o
quanto pensemos que devemos.

Meu coração pula uma batida. Enquanto ele diz essas


palavras, ele agarra meu queixo e inclina minha cabeça para
trás, apoiando-a em seu ombro. Seus lábios encontram meu
pescoço e minha capacidade de raciocinar sofre um golpe
crítico.

Em seguida, sua mão desliza para baixo na frente aberta


do meu jeans. Pegando minha boceta em sua mão, ele diz: —
Isso é meu. Sempre fui destinado a pegá-la primeiro. Não
importa quando ou onde isso acontece, Riley, só importa que
sejamos você e eu.

Droga, ele está certo. Ou talvez ele esteja errado, mas ele
é tão persuasivo que estou tendo problemas para manter meus
pensamentos corretos.

Então ele empurra um dedo em mim e os últimos


vestígios de minha resistência derretem. Suspiro quando ele
me acaricia, meus nervos tão sensíveis que apenas a carícia de
seu dedo me envia através do teto.

— Hunter, — digo em um suspiro, afundando de volta


contra ele.
— Sim, Riley? — Ele ronrona em meu ouvido, provocando
meu clitóris com a ponta do dedo.

— Oh, Deus, — gemo, ofegando novamente.

— Sua boceta é tão boa, — ele murmura, beijando o lado


do meu pescoço. — Como seda. Vai se sentir tão bem perto do
meu pau.

Em algum lugar nos recônditos da minha mente, meu


senso comum intimidado, isolado e exilado grita algo sobre um
preservativo.

O bom senso se perde, abafado por uma onda


emocionante de prazer quando Hunter me toca. Não posso
acreditar como é bom. Nunca me senti tão bem quando me
toquei. Nunca estive tão tensa, tão rápida.

— Hunter, — gemo novamente, recostando-me contra ele.


Parece um apelo ou reclamação. São ambos. Seu dedo é tão
bom, mas eu quero mais. Eu quero tudo dele.

Ele beija meu pescoço. — Você quer mais?

Estou tão feliz que ele pode ler minha mente esta noite.
Não posso dizer nada significativo ou pensar em como passar
por uma porta aberta. Outra sacudida aguda de prazer atira
através de mim enquanto ele me provoca. Quero ir, mas...

Meu estômago dá voltas e mais voltas, uma linha de


tensão correndo por todo o meu corpo enquanto ele brinca
comigo. Posso sentir isso em todos os lugares. Isso faz minhas
pernas tremerem. Não sei por quanto tempo mais poderei ficar
de pé com ele me tocando assim.

— Você quer que eu te foda, Riley?

Suas palavras enviam outra sacudida aguda pelo meu


corpo já superestimulado. Fecho meus olhos, balançando
contra sua mão. Seu dedo desliza um pouco mais fundo, ele
esfrega um pouco mais forte.

Meu coração bate forte. Preciso de algo para me segurar,


então alcanço e agarro seu pescoço. Puxo seu rosto para mais
perto e ele beija meu pescoço com mais fome, a intensidade de
seu beijo aumentando enquanto ele me toca mais rápido.

— Oh Deus, — choro sem fôlego, respirando curta e


superficialmente enquanto minhas pernas tremem embaixo de
mim. — Hunter…

— Você não está dizendo não. — Ele pontua sua


observação mordendo levemente meu pescoço e beijando o
local que acabou de morder. — Posso te foder, Riley?

Não aguento mais. Jogando minha cabeça para trás e


arqueando contra ele, grito, moendo contra sua mão e
cavalgando a onda de liberação.

Sinto-me fraca no rescaldo. Hunter tira a mão da minha


calça e passa os braços em volta de mim. Estremecimentos
ainda estão destruindo meu corpo quando sua voz quente e
divertida atinge meus ouvidos.
— Vou interpretar o seu silêncio como um sim.

Uma memória me bate – uma memória preciosa sobre a


qual pensei muito ao longo dos anos. Naquele dia, ficamos
sozinhos em seu quarto pela primeira vez.

Hunter sempre me fez pensar em fazer coisas que nunca


pensei em fazer antes, mesmo naquela época.

Ele é uma tentação à qual realmente não quero resistir.

Quero jogar fora, entretanto, embora eu saiba que minha


resposta é sim, respondo de volta, — Este é um precedente
perigoso.

Posso ouvir o sorriso em sua voz enquanto ele pressiona


outro beijo suave no meu pescoço. — Diga-me não, então.

Não posso dizer não a ele.

Não quero.

Minhas entranhas estão quentes e confusas.

Viro-me para encará-lo, meu olhar travando com o dele.

Mordo meu lábio inferior, então sento na cama e me


afasto para dar espaço para ele.

Seus lindos olhos brilham com vitória, seus lábios


perfeitos puxando para cima como o gato selvagem que ganhou
o creme.
Sinto-me suave e feliz quando Hunter se junta a mim na
cama. Não entro em pânico desta vez quando ele puxa minha
calça jeans para baixo e para fora do meu corpo. Quando ele
enganchou os dedos no cós da minha calcinha e puxou-a para
baixo também.

Meu coração começa a bater mais rápido quando percebo


que estou completamente nua e ele ainda está totalmente
vestido. Acho que ele vai se despir agora, mas está muito
ocupado bebendo à minha vista.

Um pouco constrangida, aperto minhas pernas juntas


antes que seu olhar atinja o ponto entre elas.

Seu olhar atira para o meu. Ele tem a audácia de parecer


desolado. — Que merda é essa?

Mordo um sorriso, então me enrolo de lado e cubro meus


seios com as mãos. — Pare de olhar para mim.

— Nunca, — diz ele, movendo-se atrás de mim.

— Você está olhando demais, — digo a ele. — Está me


deixando tímida.

Hunter agarra meus pulsos, puxando minhas mãos dos


meus seios e me rolando de costas. Em um movimento suave,
ele sobe em cima de mim e prende meus pulsos contra a cama
ao meu lado. — Nuh uh. Não vamos fazer isso. — Mergulhando
a cabeça, ele beija o monte macio do meu seio direito. — Estes
são meus. Meu para olhar, meu para provar.
— Tem certeza? Não me lembro de ter assinado a
escritura com você. Você conseguiu autenticação? Acho que
houve um problema com sua papelada. Peça ao seu advogado
para entrar em contato com o meu, podemos acertar os
detalhes.

Hunter sorri com carinho, balançando a cabeça para


mim. — Você é um nerd de merda.

— Só estou dizendo que nunca coloquei o seu colar, —


provoco. — Não concordei com esse negócio de propriedade.

Ele desliza as mãos pelos meus pulsos e nossas mãos se


entrelaçam. — Você fala demais.

— Achei que você gostou quando eu falei.

— Sim, mas não é hora de conversar.

Abaixando minha voz para imitar a dele, digo: — Não


importa quando ou onde estiver, Hunter. Só importa que seja
você e...

Antes que eu possa terminar de zombar dele, ele


pressiona seus lábios contra os meus, me calando com
bastante eficácia.

Desbloqueio nossas mãos para que possa liberar as


minhas. Uma vez que elas estão livres, envolvo meus braços
em volta do seu pescoço e fecho meus olhos, revelando a
sensação de seus lábios nos meus. Acho que poderia beijá-lo
para sempre e nunca me cansar disso.
A intimidade de nossa posição se infiltra em mim, me
amolece ainda mais do que o orgasmo fez. Quero tocá-lo em
todos os lugares, explorar cada centímetro de seu corpo.

Começo com seu rosto. Mantenho um braço em volta de


seu pescoço para mantê-lo perto, mas deslizo o outro ao longo
de sua mandíbula. Hunter gosta de uma aparência bem
barbeada, mas agora ele tem um pouco de barba. É áspera
contra meus dedos macios.

Todos os tipos de confissões amorosas vêm à tona,


ameaçando escapar quando Hunter olha para mim. Preciso me
calar também, então o beijo novamente.

Enquanto nos beijamos, sua mão percorre meu corpo.


Seus dedos roçam meu lado, ele apalpa meu seio, traça a curva
da minha clavícula com o polegar. Ele me toca como se
tivéssemos todo o tempo do mundo.

Sua exploração me lembra que quero fazer isso com ele


também. A memória dele vem à tona apenas com o calção de
banho, todo molhado quando ele saiu da piscina. Se ele
conseguir olhar para mim e me tocar, devo fazer isso também.

Com esse pensamento em mente, procuro os botões de


sua camisa laranja de botões.

Laranja. Meus lábios se curvam. Não é uma cor que eu


escolheria, mas fica muito bem nele. Sua pele ainda está
escura com o bronzeado que ele provavelmente restou de
correr sem camisa na Itália.
Ao contrário de mim, Hunter não é nem um pouco tímido
em ficar nu. Suponho que ele esteja mais acostumado a isso
do que eu. Inferno, ele tinha estranhos o fotografando sem
camisa na Itália, então tenho certeza de que isso não é nada
para ele.

Admiro sua confiança inabalável enquanto empurro a


camisa para trás e a puxo para baixo, mas então bebo a visão
de seu peito bronzeado e perfeito, e vejo que ele não tem
absolutamente nada para se envergonhar.

Não posso deixar de suspirar enquanto olho para ele. Seu


bronzeado me faz perceber como estou pálida. É verão, mas
pode muito bem ser inverno, a julgar pela minha aparência.

— O quê? — Hunter pergunta, observando meu rosto.

— Você é muito sexy para mim. Não tenho certeza se


posso lidar com tudo isso.

Ele sorri, inclinando-se e roubando um beijo rápido. —


Quieta.

— Estou falando sério. Você pode fazer algo para se tornar


um pouco mais feio? Talvez você pudesse comprar óculos, —
digo, inclinando minha cabeça enquanto tento imaginar como
ele seria.

— Fico gostoso de óculos, — ele brinca, mergulhando e


roubando outro beijo – meu queixo, desta vez.
— Claro que você pode, — murmuro. — Eles
provavelmente apenas deixam as pessoas com a impressão de
que você também é inteligente. O que você é, — digo, como
uma acusação. — Uma pessoa não deveria ter tanto a seu
favor, você sabe. Não é realmente justo.

— A vida não é justa, — ele diz sem se desculpar. —


Algumas pessoas têm mais, outras têm menos. Tenho você e
você me tem o que mais importa?

Desabo com a derrota. — Você não pode dizer coisas


como...

Ele me silencia com outro beijo.

Estou sem coisas para dizer, de qualquer maneira. Deixo-


o me envolver em seus beijos. Cada toque faz com que a
temperatura do meu sangue suba enquanto ele corre em
minhas veias.

Quando ele agarra minha cintura e me puxa com mais


força contra ele, eu travor minha perna em torno de seu quadril
e percebo que ele ainda está usando calças.

Afasto-me de seus lábios e olho para baixo apenas o


tempo suficiente para encontrar o botão de sua calça jeans.
Ele me beija novamente enquanto tateio meu caminho até o
zíper e o puxo para baixo também.

Desta vez, ele se afasta para tirar a calça jeans. Ele ainda
está usando cueca boxer preta, mas posso ver a grande
protuberância de sua excitação e isso faz minha barriga vibrar
de nervosismo.

Meus dentes afundam no meu lábio inferior enquanto ele


empurra os dedos na cintura para tirá-los. Respiro fundo,
meus olhos se arregalando enquanto ele os empurra para
baixo e seu pau salta livre.

Nunca vi um homem nu na vida real antes. O corpo de


Hunter é incrível, duro e liso, talhado e esculpido como se fosse
por um artista talentoso – ou talvez os próprios deuses. É um
pouco esmagador olhar para ele, mas meu olhar volta para seu
pau como se forçado por uma atração magnética irresistível.

Ele tem um pau muito bonito. Longo e espesso,


ligeiramente curvado com veias pronunciadas. Quero correr
meus dedos sobre cada cume, explorar e memorizar cada
centímetro dele.

Acho que posso, não posso?

Sento-me de joelhos antes que ele possa subir em cima


de mim novamente. Hunter está no seu também, seu pau
pesado pendurado lá, implorando para ser tocado.

Agarro-o suavemente, envolvendo meus dedos em torno


do eixo. Ele fica tenso quando faço. Meu olhar salta para seu
rosto quando um pequeno ruído semelhante a um grunhido
sai dele. A julgar pelas linhas de tensão em seu rosto, é prazer,
não dor, então retomo minha exploração.
Lentamente, ainda tentando ser gentil, já que não tenho
certeza de como tudo isso funciona ainda, deslizo minha mão
em seu comprimento. Corro meu polegar sobre a ponta lisa e
aveludada, pressionando a pequena gota. Hunter rosna, seus
dedos travando em volta do meu pulso.

Suspiro com a rapidez disso. Meu olhar dispara para sua


mão no meu pulso. Seu aperto é bastante forte. Suas veias
também se destacaram. É a coisa mais estranha de se achar
sexy, mas a visão dessas veias, dele me segurando assim... eu
gosto.

Solto seu pau enquanto ele se move em minha direção na


cama. Sua vibração não mudou desde que ele agarrou meu
pulso. Ele parece quase predatório, e isso faz a eletricidade
vibrar por todo o meu corpo.

Por instinto, começo a engatinhar para trás. Antes que eu


possa, ele passa a mão atrás de mim e planta a outra mão no
meu peito, me jogando de volta no colchão em um movimento
liso.

Meu batimento cardíaco acelera quando ele sobe de volta


em cima de mim, desta vez com seu pau livre. A evidência de
sua excitação pressiona minha barriga, me fazendo sentir
quente por toda parte.

— Abra suas pernas.


O tom de sua voz não admite discussão. Encontro seu
olhar e lentamente abro minhas pernas para dar espaço para
ele.

Não posso acreditar que isso está realmente acontecendo.


Tento controlar meus nervos enquanto Hunter se reposiciona
entre minhas coxas. Ele desliza a mão entre as minhas pernas
novamente, empurrando um dedo em mim. Desta vez, ele não
apenas brinca com meu clitóris, ele empurra mais fundo no
espaço estreito, esfregando minhas paredes como se estivesse
pegando a configuração do terreno antes de reivindicá-lo.

Não sei se é a sensação dele me acariciando ou a maneira


como ele mantém contato visual o tempo todo, mas outro
arrepio de prazer percorre meu corpo. Aperto minhas pernas
por instinto, mas ele está plantado entre elas, então só consigo
escovar suas coxas.

O aperto deve alertá-lo novamente para o meu


nervosismo, porque ele suaviza um pouco. Com a mão livre,
ele acaricia meu seio, inclinando-se para me beijar. Envolvo
meus braços em volta do seu pescoço, movendo meus quadris
contra sua mão enquanto ele continua a explorar o interior do
meu corpo.

Ele continua me beijando até eu não sentir mais medo,


até o calor voltar e eu me sentir lânguida. Estou me movendo
ritmicamente contra sua mão agora, perseguindo o prazer que
ele me deu antes.

Ele tira o dedo de mim antes que eu possa chegar lá.


Ele agarra seu pau, trazendo-o para minha entrada.

Fico tensa ao sentir sua pele macia contra a minha. Ele


aprofunda o beijo para me distrair. Meu coração dá um salto
quando sua língua invade minha boca, aumentando a
sensibilidade de cada nervo em todo o meu corpo.

Ele empurra a ponta de seu pau em mim e me beija com


mais força. Mal consigo respirar. Cada vez que respiro, ele
rouba.

Ele empurra um pouco mais fundo. Suspiro contra sua


boca, meu corpo fica tenso quando ele atinge uma barreira
desconfortável.

— Está tudo bem, — ele murmura contra meus lábios,


não avançando mais até que eu relaxe. Sua mão errante vem
embalar e acariciar meu rosto. Ele me dá mais alguns beijos
suaves e gentis, persuadindo-me a relaxar.

Funciona. Pelo menos, até que ele empurre a barreira.


Arqueio para fora da cama, ofegando com o choque latejante
de dor repentina.

A mão de Hunter desliza pelas minhas costas enquanto


arqueio, embalando meu corpo contra o dele. Respiro
pesadamente enquanto tento me ajustar à sensação de meu
corpo sendo esticado e aberto. Sei que é natural, mas não
parece natural. Ele parece muito grande dentro de mim. Sei
que queria mais do que seu dedo, mas estou repensando esse
desejo porque isso é bastante desconfortável.
Com meu corpo apertado contra o dele, os lábios de
Hunter encontram meu pescoço facilmente. Seus beijos suaves
e gentis naquela coluna sensível aliviam um pouco do meu
desconforto.

Seu pênis não se move mais fundo. Isso também ajuda.


Ele está esperando que eu me ajuste a ele, então não está
doendo tanto agora. Ainda é extremamente desconfortável,
meu corpo esticado em torno da intrusão maciça. Nunca
pensei sobre a sensação de ter outra pessoa dentro de você,
mas é... intenso.

— Você está bem? — Ele pergunta.

Sua voz é tão calmante em meus nervos excessivamente


excitados. Preciso de seu conforto, então eu coloco meus
braços em volta dele e o abraço.

Ele é gentil e doce, continuando a me beijar e murmurar


garantias. O afeto por ele cresce dentro de mim. Este é o
Hunter que eu tinha em minha cama há quatro anos. Este é o
Hunter que quero, e independentemente das espiadas que eu
vi de seu lado idiota, estou tão aliviada que ele apareceu para
mim neste momento.

Beijo seu pescoço também, apenas uma vez. Pergunto-me


se isso é tão bom para ele quanto para mim.

Agora que estou transbordando de ternura e com certeza


é o Hunter que eu queria dentro de mim agora, fica muito mais
fácil. Eu sabia que era uma aposta fazer isso com ele esta noite,
pensei que poderia acabar me arrependendo, mas não estou
mais preocupada com isso.

Enquanto ele me beija tão docemente, quando ele começa


a se mover dentro de mim e o desconforto se transforma em
prazer crescente, eu sei... não vou me arrepender disso.

Despejando os últimos vestígios de minha incerteza, me


entrego completamente ao momento. Entrego-me a Hunter e
ele se entrega a mim também. Nunca me senti tão segura.

Fico um pouco mais ousada quando me acostumo com a


plenitude de ter Hunter dentro de mim, a sensação intensa de
necessidade quando ele enfia fundo na minha boceta. Bloqueio
minhas pernas em torno de seus quadris e tento puxá-lo mais
fundo. Meu corpo ainda resiste enquanto ele me estica, mas
amo ter tudo dele dentro de mim. Amo os barulhos que ele faz
enquanto meu corpo traz seu prazer, a maneira como ele beija,
chupa e morde levemente meu pescoço.

Depois de um tempo, Hunter recua e muda de posição.


Ele fica de joelhos agora que não preciso do conforto de seu
corpo pressionado tão perto do meu.

Ele olha para o meu rosto enquanto sai.

Faço beicinho.

Ele sorri. — Já está com saudade de mim?

Aceno, sem vergonha.


Ele desliza as mãos sob minha bunda e me levanta da
cama, então ele desce uma mão para alinhar seu pau de volta
e alivia a cabeça inchada dentro de mim.

— Foda-se, — ele murmura baixinho, seu polegar


cavando em meu quadril enquanto se empurra mais fundo,
lentamente, mas implacavelmente.

Ele mantém aquele aperto em mim, me segurando em um


ângulo enquanto ele me fode. Deve ser tão intenso para ele
quanto para mim, porque seu polegar continua cravando em
meu quadril. Acho que vou ter um hematoma lá amanhã, mas
estou quase ansiosa por isso. Uma lembrança desta noite. Vou
pensar nisso toda vez que olhar para ele.

Este ângulo é demais para lidar. Minhas entranhas estão


apertadas e formigando. Latejo em torno dele, cada golpe
aumentando a tensão crescendo dentro de mim. Minhas
pernas tremem enquanto ele raspa minhas paredes,
empurrando tão profundamente que meus dedos do pé se
enrolam. Os músculos das minhas pernas ficam tensos e
trêmulos. Pego punhados dos lençóis debaixo de mim,
respirando com mais dificuldade enquanto ele bombeia em
mim de novo e de novo, me perseguindo cada vez mais alto
nesta montanha.

Amo suas mãos ásperas, a maneira como ele me agarra e


geme enquanto persegue seu próprio prazer. Amo tudo sobre
sexo com Hunter.
Choramingo seu nome, apertando os lençóis com mais
força e fechando os olhos com força. Estou tão perto que posso
sentir o gosto da explosão de prazer e estou com medo de que
ele pare.

Em vez disso, ele acelera o ritmo. Não pensei que fosse


possível, mas ele bate em mim com mais força, mais rápido.
Ele atrai ruídos desesperados de mim que nem consigo
nomear, e então ele dirige fundo e meu corpo finalmente não
aguenta mais. Grito, esquecendo que estamos em uma casa
cheia de gente. Não importa. Não consigo evitar que o grito saia
da minha garganta, não consigo respirar ou pensar ou fazer
qualquer coisa, mas sinto como um vulcão de prazer irrompe.
Meu corpo inteiro estremece impotente, minha boceta
convulsionando em torno dele.

Ele empurra em mim mais uma vez e me solta, gemendo,


seu rosto bonito se contorcendo quando ele goza também.

Minha bolha de felicidade se rasga um pouco quando


percebo que o senti gozar dentro de mim. Meu primeiro
pensamento é, caramba, que a camisinha deve ser muito fina,
mas então percebo que não parece certo. Um preservativo deve
manter tudo dentro, mas...

Não consigo nem me lembrar dele colocando uma


camisinha. Senti a pele quente, não uma ponta fria e
lubrificada quando ele empurrou dentro de mim.

Ah não.
Meu coração dispara enquanto meu corpo fica para trás
no calor daquele orgasmo. Minha mente luta para trabalhar,
encorajada em sua preguiça pelo meu coração, tão cheia
enquanto Hunter relaxa contra mim, sua cabeça no meu seio
como se eu fosse seu travesseiro favorito. Tudo que quero fazer
é abraçá-lo e ficar relaxada com ele, mas...

— Ei, lembra quando você disse que tinha camisinha?

— Sim, — ele murmura, sua voz abafada contra o meu


peito.

— Você... colocou?

Silêncio.

Meu coração afunda. Digo a mim mesma que talvez ele


esteja apenas fraco como eu, lutando para pensar, falar ou
processar memórias.

Só que ele não se recupera como eu e me garante que sim,


que ele usou camisinha totalmente, é assim que sempre fica
depois de um sexo responsável e protegido.

— Estou limpo, — ele me garante.

— Não foi isso que perguntei.

Ele suspira, levantando a cabeça para que possa olhar


para mim. — Está nas minhas calças.

Olho para a pilha de roupas dele no chão.


Hunter levanta os quadris e puxa para fora de mim,
movendo-se para o lugar ao meu lado na cama.

Um arrepio passa por mim quando o ar frio atinge meu


corpo nu.

Preciso de um cobertor. Preciso estar coberta. Preciso


de…

Ele não usou camisinha.

Ele apenas me fodeu sem camisinha.

Ele apenas gozou dentro de mim.

Porra.

— Você está tomando pílula? — Ele pergunta.

— Não, — estalo.

— Ei, — ele diz, sua voz calma e mesmo quando ele me


reconhece começando a surtar. — Não se preocupe com isso.
Está feito agora, tenho certeza que tudo vai ficar bem.

— Minha mãe estava no colégio quando engravidou de


mim. Ela vai me matar se eu... Não, — digo de repente, meus
olhos se arregalando. — Ela vai matar você. Morte. Morte lenta
e dolorosa. Ela vai matar você.

— Riley, relaxe, — ele diz. — As pessoas fazem sexo sem


camisinha o tempo todo, quais são as chances de que uma vez.

— Leva apenas uma vez!


Ele suspira enquanto rolo para fora da cama e começo a
reunir freneticamente minhas roupas.

— Riley, vamos. E a sua conversa de travesseiro? Prometi


a você conversa de travesseiro, — diz ele, tentando me seduzir
a me acalmar e voltar para a cama com ele.

— Tenho que ir. Preciso... não sei, um banho. — Coloco


minha calcinha, então meu sutiã.

— Não vá, ainda não.

Pego minha calça jeans do chão e meu celular cai do


bolso.

Pego o telefone e passo em uma das pernas da calça.

Estou meio que pirando e não tenho certeza do que fazer.


Por um lado, eu poderia perguntar a minha mãe. Ela
obviamente não lidou com a situação direito quando tinha a
minha idade porque... bem, aqui estou, mas ela é uma adulta
agora. Certamente ela conhece a maneira de uma mulher
adulta lidar mais eficazmente com o sexo desprotegido.

Nem posso perguntar a ela, no entanto. Isso significaria


dizer a ela que fiz sexo com Hunter esta noite, e não posso fazer
isso. Lembro-me de como ela reagiu todos aqueles anos atrás
ao encontrá-lo na minha cama, como ela ficou horrorizada por
eu pular na cama com ele depois que ele me deixou para um
encontro. Se ela soubesse o que fiz esta noite...

Oh meu Deus. O que eu fiz?


Abotoo e fecho meu jeans. Em meio a todos os empurrões,
a tela do meu telefone acende e percebo que tenho muitas
notificações perdidas. Eu não tinha nenhum quando entrei
aqui. Não tenho certeza de quanto tempo isso foi agora. É tudo
uma espécie de borrão dos beijos estúpidos e sexy de Hunter
que arruinam a vida e...

Tenho sete mensagens perdidas de Sara.

São três do Anderson.

— Riley.

A voz de Hunter chama minha atenção de volta para ele.


Meu olhar apenas pisca para ele enquanto ele sai da cama,
então olho para trás para o meu telefone para ver o que perdi.

Verifico as mensagens de Anderson primeiro, só porque


não esperava ouvir dele novamente.

Eu realmente sinto muito. Eu não deveria ter dito isso


a você.

Não acho que você é uma prostituta. Quer dizer, você


não é uma prostituta. Isso foi uma coisa terrível de se
dizer. Sinto muito, Riley, eu só estava... machucado. Ainda
estou.

Meu estômago embrulha, então olho para o último.

Ei, você ainda não está na festa, está? Está tudo bem?

O quê? Por que não estaria tudo bem?


— O que você está fazendo? — A voz de Hunter está mais
perto agora. Olho para trás e vejo que ele está caminhando
para mim com uma carranca no rosto enquanto fecha o zíper
de sua calça jeans.

— Tenho um monte de notificações perdidas.

Sua expressão muda. Se eu não soubesse melhor, acho


que vi um lampejo de arrependimento.

— Não verifique isso agora, — diz ele, estendendo a mão


e cobrindo meu telefone.

Acho que ele pode pegá-lo, então fecho minha mão em


torno dele e o puxo para longe dele.

— Por quê? — Pergunto, franzindo a testa.

Minha inquietação aumenta quando, em vez de me


responder, ele desvia o olhar.

Lá está ele de novo. Essa centelha de... vergonha?

— O que você fez? — Pergunto baixinho, mas não espero


por uma resposta. Com dedos trêmulos, abro as mensagens
perdidas de Sara.

A primeira é normal, ela só está me checando porque


sabia que eu viria para essa festa com o Anderson hoje à noite.
Mas então ela começa a me perguntar o que está acontecendo
na festa, primeiro apenas por curiosidade, mas conforme as
mensagens ficam mais novas, a urgência aumenta.
Há uma captura de tela. A mensagem acima diz: Wally
postou isso da festa. Você ainda está aí? Do que ele está
falando? Ele está aí com alguém?

Clico na captura de tela da postagem de Wally e meu


coração desliza para o estômago.

É uma foto da porta do quarto de Valerie com a legenda


pegajosa — onde a mágica está acontecendo esta noite.

Já há um monte de curtidas e alguns comentários de


festeiros. Em sua maioria comentários estúpidos, mas meu
estômago embrulha novamente quando leio o comentário de
alguém: — E ela é uma gritadora!

Balanço minha cabeça, horror e negação em guerra um


com o outro dentro de mim.

Isso é sobre mim?

Olho para a foto novamente, verificando que é, de fato, a


porta do quarto de Valerie. Foi postado há 20 minutos, então...
tem que ser.

Acho que vou vomitar.

— Riley...

Lentamente, viro minha cabeça para olhar para Hunter.

A expressão em seu rosto ficou mais cautelosa, mas ainda


posso ver traços de culpa.
Preciso ir ao banheiro ou vou vomitar no quarto de
Valerie. Pego minha camisa do chão, trêmula, puxando-a e
abotoando os botões mais importantes para que eu possa dar
o fora daqui.

— Espere, — diz Hunter enquanto faço um caminho mais


curto para a porta. — Riley, não...

Antes que ele possa terminar, abro a porta do quarto.

Então eu paro de repente, como se tivesse batido em uma


parede invisível.

O corredor que estava vazio quando o percorri está lotado


agora, alinhado em ambos os lados com nossos colegas de
classe.

E eles estão todos olhando diretamente para mim.


O horror me paralisa quando tudo que quero no mundo
é fugir.

Olho para o corredor lotado, vendo cada sorriso, ouvindo


cada risada. Posso sentir o ridículo no ar, tão real quanto gotas
de chuva batendo em minha pele.

Wally fica de lado, seu sorriso malicioso é o mais


perceptível.

Quero correr, mas não consigo me mover. Penso sobre ele


vindo me encontrar na varanda de trás, me trazendo para
Hunter.

Eu deveria saber que isso era uma armadilha.

Por que eu não sabia?

Sei a resposta.

Nunca pensei que Hunter fosse se rebaixar tanto. Mentir


sobre tirar minha virgindade e espalhar pela escola era uma
coisa.
Na verdade, fazer e usar isso para me humilhar assim...
isso é outra coisa, e não achei que ele faria isso comigo.

Ele tem a coragem de tocar minhas costas enquanto


caminha atrás de mim. — Volte para dentro. Deixe-me
explicar.

— Tire suas mãos de mim, — digo, minha voz trêmula


com uma potente mistura de raiva e humilhação.

— Estraguei tudo, — diz ele humildemente. — Cometi um


erro. Percebi assim que...

— Pare. De. Falar.

Ele agarra meu pulso, agarra meu quadril com a outra


mão e tenta me puxar de volta para dentro. — Vamos conversar
sobre isso. Fui longe demais, eu sei que...

— Tire suas mãos de mim, — digo mais alto, empurrando-


o.

Não consigo respirar direito. Meu peito está apertando, o


pânico crescendo enquanto luto.

E então o pesadelo fica pior quando um novo monstro sai


do armário.

Do outro lado do corredor, Valerie aparece. Ela ainda está


usando a roupa vermelha e preta de líder de torcida do jogo
desta noite, a saia acanhada e a blusa de mangas compridas.
Seu cabelo loiro está preso em um rabo de cavalo alto com um
elástico carmesim brilhante. Sua mão está em seu quadril
magro, seus olhos azuis se estreitam com ódio enquanto ela
olha para mim.

— Sua vadia estúpida do caralho, — ela diz, suas


palavras aumentando de volume enquanto ela atravessa o
corredor.

Hunter me empurra para fora do caminho para que ele


possa sair do quarto. — Valerie —— ele começa, uma
advertência clara em seu tom, mas ela não o deixa terminar.

— E você, — ela diz, os olhos arregalados enquanto ela o


empurra no peito. — Por que você tem que ser um idiota de
merda?

Dou um passo para trás, momentaneamente distraída


pelo meu próprio horror. Nunca vi Valerie enfrentar Hunter
antes, muito menos em público. Eu não esperava que ela
ficasse feliz com Hunter ficando comigo, mas não posso
acreditar que ela teve a audácia de reagir como...

A verdade me dá um soco no estômago, tirando o fôlego


de mim um momento antes de sair a céu aberto.

— Não é o suficiente para me trair, porra, — diz ela,


empurrando-o novamente. — Tinha que ser com ela!

A bile sobe na minha garganta.

Balanço minha cabeça, a negação me dominando.

Não. Não, ele não faria. Ele não fez isso.


Eu disse a ele que ela era a linha que ele não podia cruzar.
Eu disse a ele.

Mas quando ele olha para mim e vejo o remorso, eu sei.

Os espectadores podem pensar que ele se sente mal por


ser pego pisando em Valerie, mas sei a verdade. Sei por que ele
realmente se sente mal.

É a sensação mais surreal. Fissuras se abrem enquanto


meu coração se parte. Sinto isso acontecendo. Estou
desamparada para deter a erosão, desamparada para conter
as lágrimas que se acumulam em meus olhos.

Não vou chorar na frente deles. Eles não merecem isso.

Antes de desabar, passo por Wally e corro pelo corredor.


Lágrimas embaçam minha visão antes de eu chegar à porta.
Algumas pessoas que não estavam no corredor me olham como
onde está o fogo quando abro a porta da frente e corro para
fora sem fechá-la.

Não consigo respirar, mas não paro de correr. Estou


sozinha, então não tenho que me preocupar com as pessoas
vendo enquanto luto ruidosamente para respirar.

Paro de correr quando chego ao fim da estrada. Estou


sem fôlego e meu peito dói. Parece que estou me afogando, mas
não há água.

A casa da esquina tem uma cerca de privacidade. Recuo


contra ela e tento me orientar. Posso sentir as lágrimas secas
em meu rosto. Meu estômago embrulha. A bile tenta subir,
mas invoco cada grama de força de vontade que me resta e a
mantenho baixa.

Preciso ir para casa

Tento pensar até onde vou ter que andar, mas não tenho
certeza de que minhas pernas vão me carregar todo o caminho
até lá. Parecem gelatina desde que abri a porta do quarto.
Estou chocada por ter chegado tão longe. Deve ter sido pura
adrenalina.

A adrenalina está acabando, no entanto. Realmente sinto


que vou vomitar.

Meus dedos tremem enquanto tiro meu celular. Tenho


outra mensagem perdida de Sara querendo saber o que está
acontecendo. Li a mensagem, mas não respondi. Não sei o que
dizer.

Preciso de uma carona para casa. Sara não pode dirigir.


Não posso mais perguntar ao Anderson. Não posso ligar para
minha mãe. Deixei minha bolsa no quarto de Valerie, então
nem tenho a chave da minha casa.

Meu rosto está molhado e percebo que ainda estou


chorando. Isso é irritante. Limpo a lágrima como se ela tivesse
me deixado com raiva.

Olho para o meu telefone novamente.


Se alguém mais tivesse me machucado, eu chamaria
minha mãe para vir me buscar.

Hoje à noite, ligo para o Ray.

Quando o telefone toca, espero e rezo para que ele não


esteja com ela. Não tenho certeza se eles tinham planos para
esta noite ou não. Se ele está com ela, estou ferrada. Ela saberá
que algo está errado se eu ligar para ele. Ray e eu somos
amigáveis quando ele chega, mas não conversamos ao telefone.
Só tenho o número dele em caso de emergência.

Isso parece uma emergência o suficiente para usá-lo.

Seu barítono baixo e áspero cruza a outra linha. — Olá.

— Ei. — Coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha e


olho para a grama. — É Riley.

Como ele sabe que é apenas meu contato de emergência,


seu tom é alerta. — Ei, Riley. E aí?

Engulo. — Você está com minha mãe?

— Não. Por quê? Está tudo bem?

Meus ombros caem de alívio. — Oh, graças a Deus. Está


ocupado? Preciso de um grande favor, se você não for ruim.

— O que você precisa?

— Você vem me buscar? Estou em uma festa. Ou eu


estava. Estou meio que... minha carona saiu sem mim, então
só preciso de alguém para me levar para casa.
Ele não hesita. — Dê-me o endereço, já vou. Você está
bem?

— Sim, estou bem, — garanto a ele. — Só preciso de uma


carona para casa. E, Ray... você pode, por favor, não contar a
minha mãe sobre isso?

Com isso, ele hesita, mas depois de alguns segundos, ele


diz: — Tudo bem.

— Obrigada.

Ele pergunta mais algumas vezes se estou bem. Garanto


a ele que estou.

Mas parece uma mentira.

Não me sinto bem.

Sinto-me traumatizada.

Talvez seja uma bênção que, depois de alguns minutos,


comece a me sentir entorpecida.

Não sei quanto tempo fico ali envolto em dormência, mas


volto à realidade quando o carro de Ray encosta no meio-fio.

Sem palavras, abro a porta e entro.

Ray apenas fica sentado ali por um momento, olhando


para mim, talvez esperando que eu fale. Quando não faço isso,
ele pergunta: — Tem certeza de que está bem?

Aceno minha cabeça. — Só quero ir para casa.


Ele me observa por mais um momento, então ele suspira
e começa a dirigir.

Não falamos durante todo o caminho para casa. Ele não


tem música tocando hoje à noite também, então está
completamente silencioso. É uma sensação boa, no entanto.
Já passei por tanta coisa na última meia hora, não tenho
certeza se posso aguentar muito mais esta noite.

Finalmente falo quando Ray para em nossa garagem. —


Obrigada.

Ele acena com a cabeça.

Não saio. Apenas sento lá e fico olhando para a casa.

— Sua mãe não está em casa, — Ray finalmente diz,


percebendo que deve ser por isso que estou hesitando. — Ela
foi chamada para trabalhar.

Oh! Graças à Deus.

Sinto-me algumas gramas mais leve, mas só até perceber


que isso significa que não posso entrar em casa. — Excelente.

— Achei que você ficaria aliviada, — ele comenta.

— Deixei minha bolsa na festa. Não tenho a chave da


minha casa e não temos uma reserva guardada do lado de fora
em lugar nenhum.

— Ah.

Aceno rigidamente.
— Você quer voltar para a festa e pegar? — Ele pergunta.

— Não.

— OK. — Ray hesita e diz: — Posso entrar sem a chave,


se você realmente quiser.

Olho para ele. — Você pode?

Ele concorda.

— Isso vai danificar a porta?

— Não.

Caio de alívio. — Você é meu super-herói pessoal?

Ele sorri enquanto se estica e abre o porta-luvas. — Não


acho que super-heróis arrombam fechaduras.

Olho para a bolsa preta que ele agarra, mas não faço
comentários sobre isso quando saímos do carro.

Ray vai primeiro até a casa, abrindo a pequena bolsa de


couro e tirando uma ferramenta de prata fina. — Já que
estamos mantendo segredos esta noite, não diga a sua mãe
que fiz isso na sua frente.

— Se eu estivesse com melhor humor, pediria um tutorial.


Gosto de aprender coisas novas.

Ele empurra a coisa prateada e a gira. — Você não precisa


saber abrir fechaduras.
— Se eu tivesse feito isso, teria sido capaz de entrar na
minha própria casa esta noite, — digo a ele.

Ele gira a maçaneta e assim, a porta se abre. Ele gesticula


para que eu entre, então o faço, e me viro para encará-lo. Ele
está olhando para baixo, guardando a picareta.

— Posso te fazer uma pergunta? — Pergunto.

Ele olha para mim. — Atire.

— Por que você tem isso?

Ele dá de ombros e estende a mão para colocar a bolsa no


bolso de trás. — Velhos hábitos.

Aceno, olhando para baixo, mas embora eu esteja


distraída por minha própria bagunça esta noite, não posso
deixar de sentir um leve puxão. Já que ignorei meu último
instinto e esta noite aconteceu, presto mais atenção a este. —
Posso fazer outra pergunta?

— Sim, — ele diz, mas seu tom desta vez diz que ele sabe
o que está por vir.

— Você ainda não está cometendo crimes, certo? — Antes


mesmo que ele pudesse responder, continuo: — Não estou
perguntando de uma maneira que julga, juro. É só que...
minha mãe é louca por você, e não sei se você percebeu, mas
somos muito protetores uma com a outra. Se você partir o
coração dela, teremos grandes problemas, e mesmo que não
seja sua intenção, se você for preso de novo...
— Riley, — diz ele, calmamente me cortando.

Paro de falar e encontro seu olhar.

— Prometo que isso não vai acontecer. Não estou fazendo


nada pelo qual poderia me encrencar. Tenho as ferramentas
porque tenho um passado diferente do seu, só isso. Acredite
em mim, garota, sei como sou sortudo por ter essa chance de
um segundo ato. Sua mãe é uma mulher incrível e eu a amo
muito. Também gosto muito de você, — ele diz com uma
piscadela.

De alguma forma, encontro um pequeno sorriso puxando


meus lábios. — O mesmo aqui. Você a faz muito feliz.

— Ela também me deixa muito feliz, — diz ele. — Não vou


fazer nada para bagunçar isso, você tem minha palavra sobre
isso. Eu quis dizer isso quando disse que queria que fossemos
uma família. Você sempre pode me chamar se precisar de mim
– vocês duas podem. — Ele faz uma breve pausa e depois
acrescenta: — E se alguém naquela festa saiu da linha esta
noite... você pode me dizer. Eu ficaria feliz em fazer uma visita
a eles, conversar um pouco com eles.

Meu coração afunda com a menção dele à festa. Não


quero lidar com isso e, apesar do que Hunter fez, também não
estou querendo denunciá-lo, então balanço a cabeça. — Está
tudo bem, — asseguro a ele. — Apenas coisas idiotas do ensino
médio. Não importa. Agradeço isso, no entanto.
Ele balança a cabeça, segurando meu olhar de forma
significativa. — Quero dizer. Você é tão boa quanto minha
filha, no que me diz respeito. Qualquer um que mexer com
você, você me diz. Vamos resolver isso.

— Obrigada, Ray.

Quando fecho a porta e me viro, a casa parece mais vazia


do que normalmente fica quando estou sozinha em casa.

Os eventos desta noite ameaçam monopolizar meu


espaço mental, mas essa é a última coisa que quero pensar.
Empurrando-os para longe, procuro freneticamente por
qualquer outra coisa em que me concentrar enquanto caminho
para o banheiro e me preparo para tomar banho.

Meu telefone vibra novamente enquanto estou tirando a


roupa. Verifico e vejo outra mensagem de Sara, então mando
uma mensagem rápida para garantir que o drama na festa não
teve nada a ver com Wally, mas não quero falar sobre isso
agora. Digo a ela que estou cansada, que vou tomar banho e
dormir um pouco e vou buscá-la amanhã.

Meu telefone vibra novamente.

Esperando que seja Sara, verifico.

É o Hunter.

Meu coração afunda quando leio: Aonde você foi?

Meus dedos tremem enquanto digito rapidamente: Não


me mande mensagens de novo.
Preciso saber que você está bem, ele retruca.

Como se você se importasse, respondo. Estou falando


sério, Hunter, se você me enviar uma mensagem de novo,
vou bloquear o seu número.

Aparentemente, não levando meu aviso a sério, ele


responde: — Precisamos conversar.

Irritada e fora de controle, faço o que disse que faria –


bloqueio sua bunda.

Aqui.

Eu deveria me sentir melhor quando coloco meu telefone


na bancada, mas não me sinto. Sinto-me péssima se me
permito pensar sobre isso por um momento, então paro. Não
consigo desligar meu cérebro, mas posso preenchê-lo com um
milhão de outras coisas.

Quando entro no chuveiro para limpar Hunter de mim, é


exatamente o que faço.
Felizmente, é fim de semana.

Dois dias longe da escola não será o suficiente, mas como


não consegui dormir na noite passada, fico feliz em dormir no
sábado de manhã.

Cada vez que eu tentava dormir, minha mente se enchia


de pensamentos sobre tudo o que aconteceu naquela festa
horrível.

Eu temia a escola durante os anos em que Hunter se foi,


mas é muito pior agora que ele voltou. Meu pavor antes era
uma coisa passiva. Claro, era um ambiente desagradável cheio
de pessoas que não queriam nada comigo, mas eu podia mais
ou menos ignorar. Eu nunca tinha sido amiga de nenhuma
dessas pessoas, de qualquer maneira. Não era como se eu
estivesse perdendo alguma coisa ou sendo tirada de mim,
simplesmente nunca tive aquelas experiências normais de
colégio.
Estou no último ano, e a festa de ontem à noite na casa
de Valerie é a primeira para a qual fui convidada – e só então
porque fui com um jogador de futebol.

Mas agora não sou apenas a garota que todos ignoram na


maior parte do tempo, agora não sou uma coisa quieta que não
desperta minhas ansiedades.

Agora existem postagens nas redes sociais sobre mim,


postagens de pessoas com quem nunca falei. Estranhos estão
comentando e ridicularizando minha vida sexual, xingando-me
de nomes horríveis e levantando boatos de merda do ano
passado.

Eles nem deveriam estar surpresos por eu ter fodido o


namorado de Valerie no quarto dela – tive aquele caso com um
professor no primeiro ano, afinal.

Em um mundo que gira em torno da garota mais bonita


e popular da escola, aparentemente sou a vilã.

É irritante que as pessoas participem dessa merda.


Nunca magoei uma pessoa intencionalmente em toda a minha
vida. Valerie faz isso por esporte.

Por mais que tente, não consigo ignorar completamente o


ruído branco. É difícil desligar quando você sabe que tanto do
zumbido é sobre você.

Faço um grande esforço, no entanto.


Já que estamos entrando em nossa segunda semana de
aula, o jornal tem uma equipe mínima. A maioria dos
colaboradores regulares se formou no ano passado, então há
muitas vagas abertas.

Ofereci-me para ajudar na seção de entretenimento e


escrever alguns artigos extras antes mesmo de saber que
Hunter arruinaria minha vida neste fim de semana. Quando
inicialmente me ofereci, eu meio que queria me chutar. Eu não
sabia como encontraria tempo para fazer isso em cima de todas
as minhas preparações na primeira semana de volta, mas
agora que preciso de muito trabalho... bem cuidado, passado
Riley.

Já que mamãe teve que trabalhar no turno da noite


ontem à noite, ela dorme até cerca de duas.

Estou no sofá com um caderno aberto no colo, uma


caneta na mão enquanto assisto ao filme que tenho que revisar
para o jornal da escola. O filme tem na verdade quatro anos,
não é um novo lançamento, mas não quero ir ao cinema da
cidade e arriscar encontrar alguém da escola, então decidi
fazer algo um pouco diferente. A versão do livro deste filme está
aleatoriamente na lista dos mais vendidos do New York Times
agora, então pensei em ler o livro e assistir ao filme, e escrever
sobre ambos no meu artigo.

— Ei, você está assistindo filmes sem mim, — mamãe diz,


abertamente surpresa. — Quem é você e o que fez com minha
filha?
Olho para ela e ofereço um pequeno sorriso. — É para
trabalhar, não para brincar. Tenho que revisá-lo para o jornal,
então resolvi assistir a este sozinha.

— É porque falo durante os filmes? — Ela pergunta.

— Pode ser.

Ela suspira. — Eu sabia. É bom? Talvez possamos


assistir novamente mais tarde, se for o caso.

Balanço minha cabeça, estendendo a mão e pegando


minha bebida da mesa de café. — Acho que você pode pular
este.

— Você fez café? — Ela pergunta, farejando o ar. — Sinto


cheiro de café.

Concordo. — Fiz. Fiquei acordada até tarde lendo e


trabalhando, precisava ficar acordada. Ainda está fresco, se
você quiser. Separei um copo para você.

— Você é a melhor, — ela me diz, virando-se e


caminhando grogue em direção à cozinha.

Volto a assistir meu filme, mas antes que mamãe volte da


cozinha, a campainha toca.

Meu coração afunda.

— Eu atendo, — grito com urgência, pulando do sofá sem


nem mesmo dar tempo para pausar.
O dia todo enquanto fazia o possível para não pensar em
Hunter, estive esperando a campainha.

Quando me arrastei para a cama e apaguei as luzes,


estava tão tensa pensando que Hunter apareceria do lado de
fora da janela do meu quarto.

Não que eu quisesse, é claro. Não queria. Mas bloqueei o


número dele, e se Hunter realmente quiser falar comigo, ele
sabe onde moro. Ele poderia aparecer na minha casa.

Ele provavelmente pensou que minha mãe estaria em


casa ontem à noite.

E, novamente, não quero que ele venha.

Apenas pensei que ele poderia.

Agora, enquanto faço um caminho mais curto para a


porta, minha barriga balança de nervosismo com a ideia de
quem poderia estar do outro lado.

Talvez seja o Ray. Espero que seja o Ray. Agora que tive
algum tempo para pensar nisso, sinto-me culpada por pedir a
ele que guarde um segredo de minha mãe. Sei como ela reagiria
se descobrisse – e ele também. Foi um grande favor que ele fez
por mim, e não vou esquecer.

Abro a porta, meio convencida de que será Ray, então


meu sorriso desaparece quando vejo quem está realmente do
outro lado.

Anderson.
— Ei, — ele diz, oferecendo um pequeno sorriso que só
posso classificar como arrependido.

Suponho que isso faça sentido. Ele me chamou de


prostituta ontem à noite.

Claro, ele não foi o único a me ligar ontem à noite. Torna-


o um pouco menos memorável hoje do que normalmente seria.

— Ei, — digo de volta, mas minha confusão é clara. — O


que você está fazendo aqui?

Ele encolhe os ombros. — Você não estava respondendo


minhas mensagens.

É claro.

Bloqueio Hunter e nada.

Não respondo às mensagens de Anderson e ele aparece


na minha casa.

Acho que agi corretamente, só peguei o garoto errado.

— Eu não estava com vontade de falar, — digo a ele.

Ele balança a cabeça, olhando para o chão enquanto enfia


as mãos nos bolsos. — Entendi. Eu não estava tentando ser
uma praga, só queria ter certeza de que você estava bem. Eu
estava recebendo mensagens de texto e notificações de outras
pessoas, estava ouvindo coisas...
Lembrando como foi da última vez que ele ouviu coisas,
me endireito e olho para ele. — Posso fazer algo por você,
Anderson?

Ele olha para dentro da casa atrás de mim. — Podemos


conversar?

— Minha mãe está em casa.

Uma carranca pisca em seu rosto, mas então ele balança


a cabeça. — Tudo bem. Talvez possamos ir a algum lugar?
Deixe-me pagar o seu almoço.

Balanço minha cabeça, cruzando meus braços


protetoramente sobre meu peito. — Não quero sair em público
hoje.

— Poderíamos ir a algum lugar menos público. Que tal


um piquenique? Podemos ir ao parque – podemos facilmente
evitar as pessoas lá. Vamos parar no açougueiro no caminho,
comprar alguns sanduíches. Nós nunca os recebemos outro
dia, e sei o quanto você estava ansiosa por isso.

Balanço minha cabeça, franzindo a testa para ele. — Por


quê? Nós terminamos.

— A noite passada foi ruim, — ele diz claramente. — Todo


o caminho ao redor. Fui um idiota, disse merda que não quis
dizer. Não quero que isso acabe assim entre nós.
Isso é justo. Eu realmente não quero que as coisas
acabem assim também. E acho que não estar sozinha agora
não seria a pior coisa do mundo...

— Estou meio que no meio de algo, — digo a ele,


apontando de volta para a sala de estar.

Seus ombros caem com a decepção. — Ah.

— Não estou ignorando você, — digo rapidamente. — Eu


só... tenho me mantido ocupada hoje. Eu estava trabalhando
em uma coisa da escola. Tenho que terminar este filme e fazer
algumas anotações para a crítica que estou escrevendo, mas
se você quiser comer sanduíches e conversar depois...
poderíamos fazer isso....

— Sim? — Ele pergunta, iluminando-se.

Concordo. — Na verdade, se você quisesse me ajudar a


evitar a cena pública por toda parte, talvez você pudesse ir
pegar os sanduíches enquanto termino aqui, e poderíamos nos
encontrar no parque?

Ele sorri. — Eu poderia fazer isso.

Ofereço um pequeno sorriso de volta. — Ok.

— Vou te encontrar na roda-gigante, — ele diz, seu sorriso


ficando um pouco mais íntimo antes que ele se vire e desça
pela minha varanda.

Não há mais roda-gigante no parque, mas havia durante


o verão quando o carnaval estava na cidade. Fui com o
Anderson. Foi nosso primeiro encontro de verdade, mas eu não
sabia que era um encontro. Ele ganhou para mim uma
pequena cobra verde em uma das cabines de jogos e depois
fomos para a roda gigante. Enquanto esperávamos na fila, ele
se abaixou e agarrou minha mão. Olhei surpresa. Nossos olhos
se encontraram. Seu olhar brilhou de interesse. Percebi que
era um encontro.

A memória traz um sorriso agridoce ao meu rosto.

Então ouço um grito na sala de estar e percebo que


esqueci de pausar meu filme.

Opa. Viro-me e volto para terminar meu trabalho, mas


acho que todo o meu humor mudou.

Antes, eu meio que temia terminar o filme. Isso


significava que eu já teria que passar para a próxima tarefa e,
se concluísse meu trabalho muito rapidamente, ficaria sem
trabalho antes de esgotar o relógio no fim de semana.

Mas não é só isso.

Não tenho certeza de como será com Anderson no parque.


Se alguém tivesse me perguntado esta manhã, eu não teria dito
que queria vê-lo, mas agora...

Eu meio que sim.


O Hastings Park é uma vasta extensão verde pontilhada
por árvores e bancos de parque.

Há um mirante onde cantores de natal tocam na época


do Natal, mas não é para onde vou. É aí que a maioria das
pessoas tendem a gravitar quando vêm aqui, e estou
empenhada em evitar as pessoas hoje.

Anderson está acampado no meio do nada, um grande


espaço aberto onde a roda-gigante foi montada durante o
verão.

Agarro meu cobertor um pouco mais perto e caminho


através do parque até ele.

— Ei, — ele diz, sorrindo e se levantando quando me


aproximo.

— Trouxe um cobertor. — Seguro-o e jogo aberto para que


eu possa estendê-lo no gramado.

— Bem pensado. O que é um piquenique sem um


cobertor?

— Um banquete para formigas. — Curvo-me para alisar


uma borda dobrada e me sento no chão. — Que tipo de
sanduíche foi hoje?

— Jantar de Ação de Graças, — ele diz incerto,


entregando-me um sanduíche pesado embrulhado em papel
branco.
— Então... Peru? — Rasgo o pacote para poder verificar o
sanduíche.

— Entre outras coisas. Pelo jeito, eu deveria ter trazido


uma empilhadeira. Não sei como vamos comer isso.

Sorrio, revelando o sanduíche de aparência bagunçada e


cheirosa. — Também não, mas estou à altura do desafio. Tem
um cheiro incrível.

— Acho que o pãozinho é um pãozinho gigante, — diz ele,


olhando para o sanduíche de lado, como se estivesse realmente
tentando descobrir como atacá-lo. — Isso é molho de
cranberry27?

— Provavelmente. Oh cara, estou animada.

Seu olhar pisca para mim. — Se for terrível, podemos


pedir uma pizza.

— Vai ser incrível, — digo com confiança enquanto pego.

É impossível dar uma mordida de maneira feminina, fato


que fico mais atenta porque Anderson está me observando
abertamente, mas isso não me atrasa. Dou uma grande
mordida, tentando ter certeza de obter um pouco de cada sabor
para a minha primeira prova, mas Anderson está certo. O
sanduíche é muito grande. É difícil até mesmo colocar minha
boca em volta de tudo isso.

27 É uma fruta pequena, redonda e vermelha.


Anderson ri enquanto mastigo minha primeira mordida,
casualmente estendendo a mão e pegando um pouco de molho
de cranberry no canto da minha boca.

Meu estômago embrulha quando, em vez de limpá-lo com


um guardanapo, ele enfia o polegar entre os lábios e o limpa.

— Mm, isso é muito bom, — ele admite.

Meu estômago está estranhamente vazio. Olho para


baixo, sentindo a mais leve sujeira de culpa. Quando tento
descobrir o porquê, o rosto de Hunter vem à mente.

Engulo com algum esforço, pegando a Diet Coke 28 que


Anderson me trouxe e desenrosco a tampa para que eu possa
engolir.

— Você está bem? — Anderson pergunta.

Ouço a preocupação em seu tom, então olho para cima e


aceno para tranquilizá-lo. — Sim. Estou bem.

Visto que meu entusiasmo diminuiu visivelmente,


Anderson continua franzindo a testa. — Tem certeza? Parece
que algo está errado.

Coloco a tampa da minha bebida e a coloco de volta na


mesa. — Minha mente vagou para uma área proibida, apenas
tentando voltar. — Balançando a cabeça para clareá-la,
procuro alguma aparência de compostura. — Falando em

28 Coca Diet.
tópicos de que posso não gostar, sobre o que exatamente você
queria falar comigo?

— Isso é justo. — Ele olha para seu sanduíche, mas não


o toca. Ele suspira. — Olha, ontem à noite... eu realmente sinto
muito por tudo. Tudo isso. Fiquei chateado com a festa, mas
depois que fui para casa e me acalmei, comecei a pensar sobre
isso e percebi... que não era um namorado muito bom.

Franzo a testa. — O quê?

— Eu não era, — ele diz, encontrando meu olhar


calmamente. — Fiz você sentir que precisava se defender de
mim. Fiz você sentir que não estava do seu lado. Eu estava
pensando naquele dia na loja de donuts... — Ele suspira
novamente, balançando a cabeça. — Você estava certa em
terminar comigo. Você merece o melhor. Mas isso não é o
melhor que posso fazer, Riley. Posso ser um namorado melhor
do que isso.

Não consigo olhar para ele.

Esse sentimento está de volta, o vagamente culpado.

Agradeço o que ele está dizendo, mas teria apreciado


muito mais antes de entrar naquele quarto com Hunter na
noite passada.

— Ouça, Anderson, agradeço o sentimento e... acho que


ambos fizemos algumas escolhas muito erradas na semana
passada, mas se uma semana ruim foi o suficiente para nos
quebrar, o que tínhamos claramente não era muito forte. E
todos os problemas que tivemos na noite passada? Ainda os
temos hoje. Não se trata de ficar com raiva um do outro. Sim,
nós dois ficamos bravos na noite passada, mas não
terminamos porque estávamos bravos.

— Não, nós terminamos porque você ainda tinha algum


tipo de ligação com Hunter e percebi isso e agi como um idiota
ciumento, — ele afirma claramente. — Talvez eu esteja
chegando aqui, mas depois de ontem à noite, estou pensando
que talvez você tenha superado isso?

Meu estômago fica vazio. Eu sabia que ele tinha ouvido


coisas sobre a noite passada, mas ele não especificou quais
partes. Eu meio que percebi que ele não tinha pensado que eu
estava na sala com Hunter, ou ele tinha, mas em sua busca
para ser um namorado melhor, ele escolheu não acreditar.
Para me dar o benefício da dúvida o tempo que eu não merecia,
já que ele não merecia quando eu merecia.

— Acho que você já ouviu falar da noite passada, — digo


sem erguer os olhos.

— Sim.

— Não sei exatamente o que você ouviu, mas... não é tudo


mentira desta vez. Não fiz sexo com Hunter no ensino médio e
não dormi com meu professor de história casado, mas estava
no quarto de Valerie com ele ontem à noite. Você não ouviu
isso da minha perspectiva, mas... fiquei com Hunter depois
que você saiu.
— Imaginei.

Ele parece infeliz com isso, mas não louco.

— Eu não sabia que ele estava namorando o diabo, —


murmuro.

— Também imaginei isso.

Olho para cima. — Você fez? Saber sobre ele e Valerie, —


especifico, já que ele nunca me disse nada sobre isso.

Ele encolhe os ombros. — Ouvi coisas, mas não prestei


muita atenção na vida amorosa de Hunter, exceto no que se
refere à minha namorada. Acho que ele mandou as flores?

Aceno, olhando para baixo novamente. — Não quero falar


sobre ele.

— Eu também não, — ele diz facilmente. — Eu só quero


saber se você terminou com ele.

Zombo, mantendo meu olhar treinado no cobertor. — Oh


sim. Definitivamente terminei com ele.

— Bom. — Ele faz uma pausa. — Então, gostaria de


propor que demos outra chance.

Pensei que poderia ser onde ele queria chegar com isso.

Suspiro, meu tom pesaroso quando digo a ele: — Não


acho que seja uma boa ideia, Anderson. Feito com ele ou não,
a noite passada ainda aconteceu. Você vai usar isso contra
mim, vamos acabar de volta onde estávamos antes.
— Não vou, — diz ele com firmeza. — Não vou fazer isso,
Riley. Nós terminamos. Você não fez nada de errado. Odeio que
isso aconteceu com ele? Sim. Mas não vou segurar isso. Quero
nos dar uma chance de verdade desta vez, nada dessa besteira
mesquinha.

— Mas não é só isso. Valerie já me odiava, mas agora vai


ficar muito pior. E Hunter... não tenho ideia do que ele fará.
Esse ano vai ser ruim, Anderson. Não há razão para você ter
que lidar com tudo isso.

— Não há razão para você também, — ele aponta.

— É diferente para você. Eles são seus companheiros de


equipe, seus amigos.

— Não preciso de amigos que ajam assim, — diz ele


simplesmente. — Se eles querem me evitar por namorar você,
deixe-os. Talvez não aconteça dessa forma. Quem sabe? Talvez
eu pudesse protegê-la de algumas das reações adversas. Sei
que não sou nenhum Hunter, — ele diz, revirando os olhos, —
mas também não sou exatamente o chefe do clube AV29. Tenho
minha própria posição social.

— Você tem, — digo, encontrando seu olhar. — Não sei se


Hunter deixará você continuar se você namorar comigo.

— Não tenho medo de Hunter Maxwell, — ele me diz.

29AV Club é um jornal de entretenimento que inclui comentário de filmes, música, televisão, livros,
jogos, entrevistas e outros elementos da cultura pop.
Talvez você deva ter.

Não digo isso.

Tento ignorar a sensação de afundamento, o medo se


acumulando ao meu redor. Estamos falando muito sobre
Hunter.

— Tirando Hunter disso, Valerie, todos eles... — Anderson


capta meu olhar. — O que você quer fazer? Não tente me
proteger; posso cuidar de mim mesmo. Ninguém mais pode
ditar essa decisão, Riley. Se você tem certeza de que não tem
mais nenhum sentimento por mim, então tudo bem, aceitarei
sua decisão. Não vou gostar, ainda não acho que você viu como
pode realmente ter um relacionamento comigo, mas a culpa é
minha. Andei muito devagar durante o verão porque nunca
conheci uma garota como você, você não age como estou
acostumado agindo como as garotas quando gostam de mim,
e eu não sabia o que você queria. Então Hunter voltou, e foi
isso. Mas não tem que ser assim desta vez. Se você está
disposta a nos dar uma chance real... é isso que quero.

Não tenho certeza se é uma boa ideia, mas... Não tenho


certeza se ele está errado também.

Gosto do Anderson, gosto de passar o tempo com ele – ou


gostei, antes da semana passada. Mas nenhum de nós lidou
com as coisas perfeitamente. Eu sabia que ele seria emboscado
pela minha reputação quando voltasse para a escola, e nem
mesmo o avisei. Eu poderia tê-lo preparado, então talvez ele
tivesse lidado com tudo de forma diferente.
No final do dia, acho que ele está certo ao dizer que não
tivemos a menor chance com a maneira como as coisas foram
tratadas.

Também acho que ele provavelmente está certo de que


nós dois somos capazes de fazer melhor.

Sim, eu queria terminar com o jogador de futebol com


quem estava naquela festa ontem à noite, mas queria sair com
o bom menino que segurou minha mão sob o brilho da roda-
gigante neste verão.

Hunter voltando estragou tudo. Se ele tivesse ficado na


Itália, duvido que Anderson e eu teríamos nos separado.

Talvez isso signifique que não devíamos.

Hunter é um idiota. Qualquer que seja o ponto fraco que


sempre guardei para ele em meu coração, não há desculpa
para o que ele fez comigo na noite passada.

Estou feita com ele.

Então, talvez eu ainda não tivesse terminado com o


Anderson. Talvez com Hunter fora do caminho de uma vez por
todas, as coisas serão diferentes entre nós.

Ainda tenho reservas, mas é bom o desfrute de estar com


o Anderson de novo, e é tão bom não estar sozinha agora. Eu
esperava ficar sozinha. Eu estava preparada para isso. Eu
tinha tarefas.

Mas é bom que eu não esteja.


É bom que ele esteja aqui.

Talvez seja um bom começo.

— Tudo bem, — digo, encontrando seu olhar. — Vamos


tentar mais uma vez.

Anderson sorri. — Sim?

Sorrio de volta. — Sim.


— Deveríamos usar vestidos como esses.

Levanto uma sobrancelha e olho para minha mãe ao meu


lado no sofá. Estamos assistindo The Stepford Wives30 e,
embora para minha mãe nunca falte comentários sobre este
filme em particular, seus comentários geralmente não têm
nada a ver com a inveja da moda.

— Mesmo? — Pergunto, pegando um punhado de pipoca


de nossa tigela compartilhada. — Acho que as saias grandes
ficariam irritantes. Lembra daquela festa de Halloween que
você foi vestida de rainha? Colocar sua saia no carro foi um
aborrecimento.

— Bem, sim, mas aquele era um vestido longo com uma


saia de aro. Eles parecem muito mais gerenciáveis. Eu
definitivamente poderia arrasar com o vestido de Faith Hill 31.

Faço uma careta. — Não sei. Acho que isso é renda


demais para você.

30 É um romance de Ira Levin, de 1972.


31 Cantora, atriz e produtora norte-americana .
— É apenas um pouco de acabamento de renda na parte
inferior, — ela argumenta.

— E isso é demais. Não acho que vestidos de verão alegres


sejam realmente nossa praia em geral, mas definitivamente
não se a renda estiver envolvida.

Mamãe olha para mim. — Falando em vestidos, você não


tem o baile logo? Anderson vai levar você? Devemos ir às
compras antes que todos os vestidos bonitos acabem.

O mero pensamento de ir para o baile faz meu estômago


doer. — É em algumas semanas. No entanto, não acho que
vou. Anderson e eu realmente não discutimos isso.

— Mas ele não está no time de futebol? Ele não vai querer
ir?

Suponho que provavelmente sim.

Realmente não quero, mas se vou namorar com ele, acho


que devo levar seus desejos em consideração.

— Se ele quer isso, acho que vou, mas se não, vou passar.

— Por quê? Danças podem ser divertidas e, mesmo


quando não são, é uma boa desculpa para se vestir de princesa
e deixar sua mãe tirar fotos bonitas de você. Vai ser como se
fosse seu quinto aniversário de novo, mas você está mais alta
agora. — Quando não pareço impressionada com esse
incentivo, ela acrescenta: — Ei, talvez Sara possa até ir junto.
Tenho certeza de que ela não irá se você não o fizer. Acho que
vocês iriam se divertir.

— Não sei. — Pego mais alguns pedaços de pipoca. — Não


estou emocionada com o balde de sangue de porco que
provavelmente jogariam na minha cabeça.

— Mm, isso é verdade. Vamos comprar um vestido


vermelho, apenas no caso.

— Contanto que meu vestido combine.

— Exatamente. — Ela perde o ritmo, mas posso sentir seu


olhar penetrante preso em mim. — Valerie está em sua merda
de garota má de novo este ano?

— Penso que ela esteja ainda pior este ano, — digo a ela,
embora obviamente não consiga explicar por quê. — Não
importa, não é nada. Estou acostumada a lidar com ela. Pelo
menos este é o último ano que terei que fazer.

Posso sentir seu descontentamento, mas ela não oferece


mais comentários. Sei que mamãe não quer deixar isso passar
porque ela é protetora comigo, mas ela não está tão animada
com isso agora como costumava ser. Temos lidado com a
atitude ruim de Valerie ao longo de minha carreira no ensino
médio, então não é nada novo neste momento.

Depois do filme, mamãe vai para a cama.


Vou para o meu quarto também, mas não estou pronta
para dormir. É domingo à noite e assim que eu dormir, será
segunda de manhã.

Mesmo nos piores momentos, enquanto Hunter estava


fora, nunca desejei tão veementemente ser ensinada em casa.

Não há nada a ser feito sobre isso, no entanto. Eu só


tenho que engolir e lidar com isso, da mesma forma que lidei
com Valerie todos esses anos.

Claro, eu não estava atormentada por sentimentos


confusos e conflitantes e memórias de Valerie beijando meu
pescoço, então é definitivamente diferente.

Ainda assim, o mesmo problema básico.

Uma popular e amada dor na minha bunda.

Quando chega a manhã de segunda-feira, parece que


estou embarcando para a guerra, em vez de me preparar para
a minha segunda semana do último ano.

Todas as torradas de café e abacate do mundo não podem


me ajudar, mas faço algumas para mim mesmo assim.
Mamãe já saiu para o trabalho esta manhã. Estou
arrastando. Ela se ofereceu para me dar uma carona para a
escola se eu quisesse sair mais cedo, mas preferia caminhar a
passar menos tempo lá que o necessário.

Andar normalmente significaria cortar pela floresta atrás


da casa de Hunter, mas estou muito preocupada que ele possa
antecipar isso e estar esperando na passarela quando eu
precisar passar.

Não serei encurralada por ele. Não vou deixar ele me


pegar sozinha. Não me importo com o que ele tem a dizer sobre
si mesmo desta vez – não quero ouvir.

Eu o teria perdoado pela mentira, talvez pudesse até ter


encontrado uma maneira de passar por ele me humilhando
deliberadamente na noite em que ele tirou minha virgindade,
mas não Valerie. Avisei-o, e ele ultrapassou minha linha como
se isso não significasse nada para ele. Então, vou acreditar
nele. Se ele me mostra que não dá a mínima para meus limites,
então deve ser verdade.

Foda-se Hunter Maxwell.

Ele e Valerie se merecem.

Ainda sinto uma pontada no meu coração terno só de


pensar nisso, mas ignoro e amarro os sapatos, pronta para
fazer o longo caminho até a escola.

Assim que estou juntando minhas coisas e me


preparando para sair, a campainha toca.
Franzo a testa. Ray deve saber que minha mãe está no
trabalho. Não vejo por que ele passaria para tomar um café, se
ao menos eu estivesse em casa.

Quando abro a porta, fico surpresa ao encontrar o mesmo


entregador que estava lá na segunda-feira passada. Desta vez,
ele está segurando um enorme buquê de rosas vermelhas e
brancas.

— Alguém é popular, — diz ele com bom humor.

Estreito meus olhos para o ursinho de pelúcia branco que


acompanha este buquê. — Não, alguém é apenas um idiota.

O entregador parece assustado com meu comentário.

— Desculpe, — digo, desviando meu olhar das flores e


encontrando seus olhos. — Não quero isso. Alguma chance de
você poder usá-los se simplesmente levá-los de volta com você?
Não direi ao remetente, então você não terá problemas.

— Hum... não, nós realmente não podemos fazer isso, —


ele diz um pouco sem jeito.

Imaginei, mas pelo menos tentei. Não há sentido em


desacelerar esse homem só porque seu trabalho hoje era
entregar flores que eu não queria. — Está bem então.
Obrigada. Ele já te deu uma gorjeta?

— Generosamente, — ele me garante.

Aceno, sem surpresa, e pego a entrega.


Assim que fecho a porta, arrasto-os direto para a cozinha,
tiro as flores do vaso em que entraram e coloco na lata de lixo.

Jogo a água na pia e deixo o vaso. Não tenho tempo para


lavá-lo agora. Vou limpar mais tarde e, com sorte, levar o lixo
para fora antes que mamãe chegue em casa. Ela
definitivamente terá perguntas sobre uma segunda entrega de
flores – e eu nem mesmo respondi às perguntas dela sobre a
primeira.

Olho para o ursinho branco fofo no balcão. Seus grandes


olhos negros redondos de alguma forma fofos me encaram.

— Não posso jogar você fora, posso? — Murmuro. — Não


é sua culpa que o homem que te comprou seja um imbecil
enorme.

O urso está sentado ali, todo fofo e adorável.

Suspiro e pego. Arrasto-o para o meu quarto e o coloco


em uma cadeira no canto junto com a cobra que Anderson
ganhou para mim na feira e uma variedade de bichinhos de
pelúcia que ainda tenho da minha infância.

O medo cai sobre mim como um cobertor pesado assim


que Hawthorne High aparece.
Ainda há crianças reunidas do lado de fora conversando,
então abaixo a cabeça e começo a andar mais rápido.

Não consigo desacelerar.

No momento em que eu fizer isso, ele vai me alcançar.

Não pessoalmente. Não vi Hunter ainda. Mas as


memórias que tenho evitado com tanta habilidade durante
todo o fim de semana... elas estão apenas esperando por uma
chance de me golpear.

Estou preparada para isso, mas ainda não. Eu não


deveria vê-lo até aquela aula que temos juntos. Eu só tenho
que passar por aquela aula.

Um ombro bate em mim enquanto caminho pelo corredor


lotado. A garota não para, então olho para trás.

Ela me encara. — Veja onde você está indo.

Foi ela quem me encontrou, mas sei que é uma das


seguidoras de Valerie, então acho que ela está sendo mal-
intencionada de propósito.

A parte triste é que ela nem mesmo está no grupo


principal de Valerie, apenas alguém que quer estar perto dela,
fará de tudo para estar perto dela. E por quê? Só porque ela é
popular.

Bruto.
Afasto-me, não querendo emprestar qualquer espaço
cerebral para alguém assim.

O problema é que ela não é a única pessoa assim.


Enquanto caminho para o meu armário, posso sentir olhos em
mim, ouvir pessoas sussurrando enquanto passo. Alguns nem
se incomodam em sussurrar.

Uma garota fala em um volume normal ao lado de seu


armário e diz à amiga: — Essa é a vagabunda que Hunter
estava naquela festa.

— Ela ? Por quê? Quem é ela? — Pergunta a outra garota,


de quem sentei ao lado no ônibus no caminho para nossa
excursão escolar da primeira série. Ela tinha cabelo loiro
avermelhado e um dente solto. Discutimos quanto dinheiro ela
encontraria embaixo do travesseiro e o que faria com o dinheiro
assim que o conseguisse. Foi a única vez que nos falamos, mas
ainda sei que o nome dela é Rachel Witten.

— Quem se importa? — Sua amiga pergunta, voltando-se


para seu armário para recuperar seus livros.

Faço o meu melhor para ignorar meu estômago


embrulhado e continuo andando.

Eu sabia que hoje seria um dia ruim, então está tudo


bem. Eu sabia que isso ia acontecer. Não importa.

O dia na escola não pode durar para sempre, então


estarei livre novamente até amanhã.
Quando finalmente chego à sala de aula, afundo em
minha cadeira.

Meus ombros estão tensos e me sinto estranhamente


exposta sentada na frente da classe, mas pelo menos a única
pessoa que estou enfrentando é o professor.

A aula ainda não começou, então pego meu telefone e


mando uma mensagem para Anderson.

Ei, então, não me leve a mal, mas acabei de perceber,


já que todos sabem alguma versão do que aconteceu na
festa de sexta à noite, mas muitas pessoas podem NÃO
saber que nós terminamos e voltamos... Acho que ainda
não devemos divulgar nosso relacionamento. Vamos
manter a discrição até vermos como as coisas se
desenrolam.

Não demorou muito para ele responder: Quão discreto


estamos falando aqui?

Não tenho certeza, mas digito de volta: Não sei, mas...


não sente comigo na hora do almoço hoje. Talvez não
mencione isso na prática. Não estou mentindo sobre isso,
apenas tente evitar contar a ninguém que voltamos a ficar
juntos. Em uma ou duas semanas, quando tudo se acalmar,
poderemos 'voltar a ficar juntos' e não será um assunto tão
quente, mas acho que hoje é muito cedo. Não quero que
você pegue fogo, e você vai se as pessoas descobrirem hoje.
Não tenho certeza de como me sinto sobre isso, ele me
diz.

Depende de você, respondo. Mas acho que está


procurando encrenca.

Sim, mas voltando em segredo? E quanto ao baile

Estamos fazendo isso? Pergunto.

Quero dizer... sim? Pensei que iríamos. Todo mundo


estará lá.

Exatamente por isso que não quero ir.

Suspiro, olhando rapidamente para a minha professora


para ver se tenho tempo para continuar enviando mensagens
de texto. Ela está tomando café e verificando se todos estão
aqui. A aula provavelmente está prestes a começar.

Digito de volta rápido. Ok, talvez seja assim que


poderíamos voltar a ficar juntos. Não vamos mencionar
isso antes disso, vamos apenas aparecer no baile juntos e
as pessoas podem descobrir.

Isso não é sobre Hunter, certo?

Seu texto instantaneamente levanta meus alarmes.

Você prometeu que não iria segurar isso, eu o lembro.

Ele começa a digitar de volta. Vejo as pequenas bolhas


cinzas se movendo na tela, mas não consigo ver o que ele diz.
O professor se levanta e se move na frente do quadro. Todo
mundo começa a se acalmar, então tenho que guardar meu
telefone.

Tenho um mau pressentimento sobre isso. Eu tinha


reservas sobre a habilidade de Anderson de realmente superar
a minha ligação com Hunter para começar, mas dois dias em
nosso novo relacionamento e ele já está trazendo isso à tona?

Não posso deixar de pensar que isso não é um bom


presságio.
Quando finalmente chega a hora da aula de inglês, sinto
que vou vomitar. Nunca faltei na escola antes, mas quase
considero fugir e ir para casa mais cedo hoje.

Eu poderia limpar o vaso e guardá-lo. Eu poderia


definitivamente ter certeza de que levaria o lixo para fora antes
que mamãe chegasse em casa, para que não houvesse
evidência da entrega de flores esta manhã.

Claro, se eu fizer isso, Sara não terá ninguém com quem


se sentar na hora do almoço.

E vai ser bastante óbvio que eu estava fugindo de Hunter


desde que assisti às aulas que tive antes da aula que tenho
com ele.

Além disso, é apenas uma solução temporária. Claro, eu


não teria que vê-lo hoje, mas ainda terei que vê-lo amanhã. E
no dia seguinte, e no dia seguinte...

Não, não faz sentido correr. Terei que enfrentá-lo


eventualmente, seja hoje ou amanhã, não faz diferença.
Eu gostaria de estar pronta, mas nunca vou me sentir
pronta.

Quando viro o corredor, fico imensamente aliviada ao


descobrir que Hunter ainda não está na aula. Existem alguns
alunos e a professora, mas Hunter não está entre eles.

Graças a Deus.

Odeio fazer isso, mas sei que sentar ao lado de Hunter


será uma distração que prefiro não suportar hoje, então, em
vez de sentar, me aproximo da mesa da professora.

Com o rosto já desenhado com o aborrecimento habitual,


ela levanta o olhar para mim. — Você precisa de algo?

— Oi. Sou Riley Bishop, estou nesta classe.

— Eu me lembro, — ela diz impacientemente.

— Eu queria saber se seria possível trocar de mesa.


Peguei um no meio da sala na semana passada, mas estou
tendo problemas para ver o quadro. Já que a mesa no canto
da frente não parece estar ocupada...

— Deixe-me pará-la bem aí, Srta. Bishop. Informei ou não


a classe inteira que as vagas que vocês escolheram no primeiro
dia de aula seriam as suas durante o ano letivo?

— Bem, sim, mas...

— Então, se você não consegue ver o quadro, sugiro que


compre óculos. Não terei minha sala de aula reorganizada toda
vez que você quiser se sentar ao lado de alguém novo. Este é
um lugar de aprendizagem, não de encontros rápidos.

Enrijeço, abraçando meus livros com mais força contra


meu peito.

Nunca tive um professor que não gostasse de mim antes.


Bem, o Sr. Fitzpatrick era um pouco estranho comigo no ano
passado, mas ele tinha um motivo muito bom. Esta mulher me
odiou desde que Anderson me beijou no primeiro dia de aula
e, obviamente, a opinião dela não vai mudar.

Então, tenho que sentar perto de Hunter.

Como ele ainda não está aqui me acomodo rapidamente


e abro meu livro. Já fiz meu dever de casa para esta aula e
ainda não recebemos um livro para ler, então abro o enorme
livro que estou lendo por prazer.

Comecei ontem à noite quando estava sem dever de casa


e não estava pronta para dormir. Li até meus olhos queimarem,
então li um pouco mais. Quando meu cérebro finalmente
parou de processar os blocos de texto, tive que me render e
dormir.

Abrindo agora e deixando meu marcador de lado, começo


a ler, mas minha concentração é interrompida imediatamente.

Melina Eggers se aproxima da minha mesa e joga minha


bolsa em cima.

Bem, o que resta dela.


A bolsa que deixei no quarto de Valerie foi completamente
destruída, aberta e destripada. Meus pertences não estão
dentro, mas eu nunca esperava vê-los novamente. Eu já
planejava ir ao DMV32 depois da escola para obter uma licença
de substituição e, felizmente, não havia muito dinheiro na
minha carteira barata. Vantagens de estar morto.

— Valerie queria que eu devolvesse isso a você, — diz ela.

Aceno lentamente, alcançando o pequeno bolso interno


onde minha chave de casa estava.

Perdida.

Excelente.

Não tenho certeza se devo comprar uma nova chave de


casa ou dizer a minha mãe que a chave foi roubada e
precisamos trocar nossas fechaduras. Não acho que Valerie
cometeria um crime real em nome desse rancor sem fim, mas
nunca se sabe o que as pessoas farão.

Provavelmente deveríamos trocar as fechaduras, só por


segurança.

Olho para Melina. — Obrigada, amiga. Isso é tudo?

— Não, — ela diz alegremente, seu coque Sininho


balançando enquanto ela inclina a cabeça e sorri. — Ela

32DMV: District Motor Vehicle – local onde se tira licença para dirigir. O nosso DETRAN.
também queria que eu dissesse que você é uma vadia
desagradável e ninguém gosta de você.

Sorrio. — Que doce. Diga a ela que eu disse para crescer


algumas bolas e dizer na minha cara na próxima vez, em vez
de mandar um mensageiro.

Ela não acha isso divertido. Seus olhos se estreitam. —


Sabe, você realmente deveria se sentir pior com tudo isso.
Honestamente, dormindo com o namorado de outra garota?
Isso é baixo, Riles.

Namorado.

Prefiro morrer a deixar Melina Eggers pensar que acertou


o alvo, mas sinto como se tivesse perdido o fôlego. Meu sorriso
afetado desaparece. Meu coração afunda; felizmente ela não
pode ver isso, então não há nenhuma evidência visível.

Felizmente, antes que ela tenha a chance de perceber que


me aborreceu, vem uma voz por trás de seu estrondo, — Mova-
se.

Melina ergue os olhos, assustada.

Hunter está parado lá carregando nenhum livro, mas três


sacolas de compras.

— Oi, Hunter, — Melina diz enquanto dá um passo para


trás, atirando-lhe um sorriso cauteloso como se ela esperasse
que ele não estivesse bravo com ela.

É claro. Ele não é o idiota, só eu.


Ele olha para ela com um olhar cravado de advertência,
mas não fala com ela novamente.

Em vez disso, ele empurra a bolsa destruída da minha


mesa e coloca uma de suas sacolas de compras em cima dela.
Ele coloca as outras duas sacolas no chão e começa a falar
comigo como se nada estivesse errado entre nós.

— Eu trouxe algumas opções diferentes. Não tinha


certeza de qual você gostaria mais, — diz ele, alcançando a
sacola e tirando um saco de pano branco com algo volumoso
dentro. Ele o abre e tira uma bolsa Coach estilosa.

— Agora, o Coach é meio básico, — diz ele, quase se


desculpando. — Minhas meias-irmãs gostam delas, mas
minha madrasta não seria pega morta com uma bolsa Coach.
Sei que os rótulos não são tão importantes para você, no
entanto. Achei que você gostaria do visual deste, então... — Ele
indica a bolsa, a coloca de volta na sacola de compras e a
coloca no chão para que ele possa pegar a próxima.

— O que você está fazendo? — Pergunto, irritada por ele


me fazer falar com ele.

— Valerie postou um vídeo no fim de semana dela e de


seus amigos de merda destruindo sua bolsa depois que você a
deixou na festa. Achei que você precisaria de uma nova. — Ele
faz uma pausa para olhar para Melina, que ainda está ali. —
Você pode ir.
Melina fica boquiaberta com ele, claramente atordoada.
Este não é o comportamento contrito de um namorado traidor
que foi pego. Ele não está apenas me evitando, ele está...

Na verdade, não tenho certeza do que diabos ele está


fazendo, mas nem Melina, e ela está muito mais confusa sobre
isso do que eu.

Ainda assim, o rei disse a ela para ir embora, então,


apesar de sua clara relutância, ela se arrasta de volta para sua
mesa.

— Bolsa número dois, — diz Hunter, colocando outra


bolsa menor na minha mesa. — Kate Spade. Mesma coisa. Não
é tão cara, mas achei que parecia algo que você gostaria.

Vou ter que discordar dele nisso. Considero Kate Spade


muito cara, mas não comento.

— Agora, esta é a que mais gosto. — Ele coloca uma


sacola de compras preta na minha mesa com CHANEL
estampado nela. — É a mais parecida com o seu estilo. Trouxe
uma carteira para você. Presumi que Valerie provavelmente
jogou fora o seu conteúdo, então coloquei algum dinheiro lá
para você também. Se subestimei quanto dinheiro você tinha
em mãos, é só me avisar e lhe darei mais.

Meu rosto está completamente vermelho. Nesse ponto,


todos na classe estão assistindo. A professora percebeu, mas
embora cada coisa que eu faça esteja errada, ela não diz uma
palavra sobre Hunter dando um show em sua sala de aula.
— Não preciso do seu dinheiro ou das suas bolsas, —
digo, mantendo a voz baixa.

Levantando uma sobrancelha, ele pergunta: — Você não


quer pelo menos ver o que escolhi para você antes de rejeitá-
lo?

Droga, quero.

Não é tanto a bolsa, mas minha curiosidade sobre o que


Hunter acha que eu gostaria. O que ele escolheria para mim.

Quando não mordo a isca, ele mesmo abre a sacola e tira


uma linda bolsa de tweed azul. É pequeno, mas perfeitamente
grande o suficiente para mim. O especial de US $ 14 do Wal-
Mart que trouxe para a casa de Valerie era realmente grande
demais para mim; quase não tinha nada para colocar nela.

Está é perfeita.

E linda.

Não sou uma pessoa de bolsa grande. Não que eu tenha


algo contra elas, é que vivemos com um orçamento apertado,
então não tenho dinheiro para gastar em bolsas extravagantes,
nem mesmo extras. Além da que trouxe comigo para a casa de
Valerie naquela noite, a única bolsa que tenho é uma
minúscula preta que comprei na liquidação por $ 4. Não
alterno bolsas; eu a gasto e as guardo por mais um mês ou
mais antes de finalmente desistir e comprar uma nova.

Essa bolsa Chanel, entretanto... Uau.


Eu gostaria de poder ficar com ela.

Eu também gostaria que a bolsa e eu não tivesse público


para poder abri-la e olhar dentro, mas não posso expressar
nenhum interesse na linda bolsa. Não na frente de Hunter. Não
quero que ele pense que aceitarei seu suborno.

Sem esperar que eu comentasse, ele enfia a mão na


sacola de compras e pega uma pequena carteira em um
material diferente, mas no mesmo tom de azul. Como se
estivesse dando uma demonstração, ele levanta a carteira,
abre a aba da bolsa de tweed e a enfia dentro.

— Então, de qual você gosta mais?

— O Chanel.

Ele sorri. — Bom.

— Mas não vou aceitar isso. Ou qualquer uma delas. —


Pegando a bolsa de sua mão, coloco de volta na sacola de
compras e entrego a ele. — Por favor, pegue suas coisas e fique
longe de mim.

Ouço alguém sussurrar: — Ela é louca? — mas ignoro o


fundo de classe e Hunter. Assim que minha mesa está sem
sacolas de compras, volto ao meu livro e finjo que ele não está
lá.

— Você está autorizada a aceitar a bolsa, Riley, — diz


Hunter, seu tom não é mais o de um showman. Ele está
tentando raciocinar comigo. — É minha culpa que sua última
bolsa foi destruída. Eu deveria ter agarrado quando você saiu
sem ela, mas estava um pouco distraído.

— Posso comprar minhas próprias bolsas, — digo a ele.


— Valerie é quem me deve uma bolsa nova, de qualquer
maneira, não você.

— Sim, bem... carregue esta na frente dela e realmente a


irrite, — ele sugere, com uma pitada de diversão malandra em
seu tom.

Balanço minha cabeça, mas não respondo.

Ele fica parado por um momento, esperando. Quando ele


aceita que não sou influenciada pelos presentes que ele
comprou para mim, ele reúne as sacolas, mas as desliza para
baixo da minha mesa, não da dele.

— Eu te disse, não as quero, — digo sem olhar para cima.

Sem reconhecer que eu disse alguma coisa, ele pergunta:


— O que você está lendo?

— Tolstoi.

— Isso não é para esta aula, é? — Ele pergunta, olhando


para as mesas ao redor para ver se alguém mais tem uma
cópia.

— Não.

— Só uma leitura leve, hein?


Concentro-me mais, embora não consiga digerir uma
única palavra na página. Não quero que ele saiba que, meus
olhos viajam através de cada linha que estou totalmente
absorvida na história e totalmente não distraídos por ele em
tudo.

— Ainda não está falando comigo, hein?

Não digo nada.

— Isso não é muito bom, — diz ele.

Minha pressão arterial dispara, mas posso dizer pelo seu


tom persuasivo, essa é a resposta que ele quer. Ele não se
importa se eu gritar com ele por sua audácia – ainda estarei
falando com ele. Sentindo coisas por ele, mesmo que seja raiva.

Não. Ele não está tirando sarro de mim.

Cruzando os braços e inclinando-se para frente como se


estivesse me contando um segredo, ele diz: — Devo ser o
malvado, você sabe.

Meus olhos se estreitam na página, mas com algum


esforço, continuo segurando minha língua.

— Você é o tipo, atenciosa, — ele continua. — Não quero


classificá-la, mas sem a sua influência calmante em minha
vida, Deus sabe o que vou fazer.

Parece uma ameaça tão sutil. Ele está fazendo uma cara
legal e persuasiva porque prefere ser brincalhão a irado, mas...
bem, ele é flexível.
Ainda assim, eu o ignoro.

— Não foi seu amigo Tolstoi que disse: 'Nada é tão


necessário para um jovem do que a companhia de mulheres
inteligentes'?

Finalmente olho para ele, relutantemente impressionada.


— Seu comportamento não é minha responsabilidade. E não
pense que você pode simplesmente me comprar bolsas e citar
Tolstoi para mim e gostarei de você de novo.

— Você não pegou as flores? Mandei flores também.

— Sim. Eu as joguei fora.

— E o ursinho de pelúcia?

— Decapitado, —minto.

— Ai. — Hunter balança a cabeça, mas parece não se


intimidar quando finalmente toma seu assento.

A professora não disse nada sobre suas travessuras, mas


ela se levantou e está olhando em nossa direção. Acho que ele
pensa em se sentar antes que ela precise.

Assim que se senta, ele diz: — Tudo bem. Vou apenas


enviar mais. Você não gosta de rosas?

— Não quero flores, — digo a ele, passando para a


próxima página do meu romance, com a intenção de ignorá-lo.

— Então o que você quer? — Ele pergunta.


— Paz e silêncio para que eu possa ler até o início da aula.

Ele estende o braço e levanta a capa do livro para ver a


capa. — Anna Karenina, hein? Suzanne Collins sabe que você
está pisando fora dela?

— Meus gostos de leitura evoluíram, — o informo,


arrastando meu livro para mais perto da borda direita da
minha mesa para que ele não possa alcançá-lo.

Odeio a tentação de falar com ele. Nunca mais quero falar


com ele depois do que ele fez, mas então ele aparece e torna
muito difícil ignorá-lo.

— Você gosta de Tolstoi agora?

— Sim. Você sabe o que não gosto?

Seus lábios se curvam ironicamente, antecipando minha


resposta antes que eu possa pronunciá-la. — Eu?

— Isso mesmo.

— Não sei, — diz ele, deliberadamente cético. — Você


parecia gostar de mim muito bem quando eu estava
profundamente dentro de você na casa de Valerie.

A garota na mesa na frente dele se vira para olhar, os


olhos arregalados.

Ele sabe que as pessoas estão prestando atenção, seu


desgraçado.

Quero matá-lo.
— Na casa da sua namorada, você quer dizer, — respondo
mordaz, deixando-o ver a raiva borbulhando logo abaixo da
superfície.

— Vamos lá, não me diga que você não gostou de impor


a ela, pelo menos um pouco. Você odeia Valerie.

— Não tanto quanto eu te odeio, — atiro de volta


docemente.

— Isso não é verdade.

Ele está certo, mas não me preocupo em deixá-lo saber


disso. Fixando minha atenção na interação que ocorre em
preto e branco nas páginas do meu livro, digo a ele: —
Terminamos de falar. Estou ocupada. Vá embora.

— Este é o meu lugar designado, — ele me lembra. — Não


posso ir mais longe do que isso.

Estou na ponta da língua dizer a ele para voltar para a


Itália, mas é muito cruel.

Estou com raiva de mim mesma por considerá-lo tão


cruel, mas considero.

Não fico pensando nisso. Ainda estou furiosa e não o


perdoo, apenas me recuso a descer ao nível dele. Recuso-me a
ser cruel só porque ele foi.

Mesmo que ele mereça.


— Tudo bem, pessoal, — a professora diz, seu olhar se
movendo ao redor da sala. — É hora de se acalmar. Se você
fechar a boca e abrir a mente, vamos começar a semana com
uma introdução a F. Scott Fitzgerald...
— Ei, olha o que tenho!

Estou no sofá com um livro aberto no colo, uma caneta e


um caderno ao meu lado para o caso de precisar fazer
anotações.

Ao som da minha mãe entrando na sala – e


aparentemente com algo para me mostrar – me viro para ver o
que é. Ela está segurando um cartão-presente.

— Temos $ 10 de manjar grátis, baby.

— Legal, — digo, abrindo um sorriso para ela. — Onde


você conseguiu isso?

Seu entusiasmo diminui e seus ombros caem. — Ugh,


reunião de PTO estúpida e horrível.

— Oh, foi esta noite? — Pergunto com simpatia.

Ela balança a cabeça, chutando os calcanhares e caindo


no sofá ao meu lado. — Essas mulheres são víboras.

— Sinto muito.
— Horrível, terrível, terrível, ruim...

Aponto para seu cartão-presente. — Mas ganhamos


manjar de graça. Isso é alguma coisa, certo?

— Grátis é um exagero. Esses manjares custam seis


dólares cada e não podemos deixar Ray em casa. Ele nem
comeu creme antes; temos que ajudá-lo a consertar sua vida.

— E o primeiro passo é o manjar?

— A segunda etapa é o manjar. — Ela sorri. — O primeiro


passo foi algo que você é muito jovem para saber.

— Nojento, — digo a ela. — Além disso, quantos anos você


acha que tenho?

— Você tem sete anos e quer um pônei no Natal.

— Isso pode explicar por que você insiste que sou muito
jovem para olhar para meninos, — digo.

— Falando em meninos...

Meus olhos se arregalam em alarme. — O quê?


Estávamos falando de manjar. — Redireciono sua atenção para
o privilégio de mamãe, que ela trouxe para casa da reunião do
PTO. — Então, o cartão-presente vai acabar nos custando US
$ 8.

Ela olha para mim, exagerando sua exaustão. — Tudo no


PTO é terrível.

— Sinto muito. Você deveria parar.


— Esse é o espírito, — ela diz, mas rapidamente para, que
ela possa passar para o tópico que ela estava tentando abordar
antes. — Você quer saber o que mais descobri esta noite?

Uma borboleta solitária voa em meu estômago. — É


relacionado ao manjar?

Ela balança a cabeça, seu sorriso se contraindo em uma


careta simpática. Seus olhos, no entanto. Os olhos de um
falcão.

Ela sabe.

Aceito por uma fração de segundo antes de ela dizer: —


Adivinha quem decidiu voltar para casa no último ano?

Quebro o seu olhar, suspirando e olhando para frente.

— Talvez você não tenha que adivinhar, — ela murmura.

— Eu ia te contar.

— Você ia? A escola voltou há mais de uma semana,


querida. Parece que já deveria ter surgido.

— Sei que você não gosta dele.

— Claro que não gosto dele. Ele mentiu sobre minha filha
dormir com ele antes de poder dirigir. O que há para gostar?

Ela não está errada, e estou brava com Hunter por novos
motivos que ela nem conhece, mas velhos instintos de alguma
forma ainda entram em ação. A proteção que sempre senti que
me fez ficar tímida em compartilhar Hunter com minha mãe...
ainda deve haver alguma essência disso, porque a última coisa
que quero fazer é sentar aqui e falar sobre ele com ela.

Deslizo um pedaço de papel entre as páginas do meu livro


e o fecho. — Não importa, — digo a ela. — Nem vale a pena
discutir. Hunter e eu não somos mais amigos. Ele está de volta
– e daí? Não importa.

Com relação a mim com ceticismo, ela murmura: — Foi o


que você disse.

— Bem, não importa. — Ouço-me ficando na defensiva,


mas me esforço para controlá-lo.

Se ela soube que Hunter está de volta, estou apavorada


que ela possa ter ouvido outra coisa.

— Você já falou com ele? — Ela pergunta, seu tom calmo,


apesar da minha histeria crescente.

Sei que não é culpa dela, mas suas perguntas estão


fazendo minha pele arrepiar.

É minha culpa. Sinto-me culpada porque tenho


escondido isso dela, e há mais coisas que estou escondendo
dela. Coisas piores que eu realmente não quero falar.

Saio do sofá e me ocupo coletando meus materiais de


estudo, então tenho algo para fazer além de olhar para ela ou
visivelmente evitar seu olhar. — Sim, eu acho. Nada
significativo, apenas...

Isso não é um truque, é uma mentira descarada.


Meu estômago afunda.

Odeio mentir para minha mãe.

— Não importa que ele esteja de volta, — digo, olhando


para ela enquanto agarro meus livros contra o meu peito.

— Sim, eu ouvi. — Seu tom é neutro. — Hunter está de


volta e isso não importa – essa é minha conclusão clara sobre
essa conversa.

— Bom. Deveria ser. — Deixo cair seu olhar, meu coração


parecendo estranho.

— O que você está fazendo? — Ela pergunta, olhando


para os meus livros agarrados ao meu peito.

— Tenho que fazer o dever de casa, — digo a ela. — Vou


para o meu quarto.

Mamãe suspira. — Você sabe qual é a minha coisa menos


favorita em Hunter?

Isso parece uma armadilha, mas respondo de qualquer


maneira. — Estou presumindo que a coisa de 'mentiu sobre
mim no ensino médio'.

Ela balança a cabeça, pressionando os lábios em uma


linha sombria. — Você pensaria assim, mas não, não é isso. É
o efeito que ele tem sobre você. Em todos os nossos anos,
nunca encontramos nada que fizesse você guardar segredos de
mim, não até ele. Lembra-se do ano em que acidentalmente
encontrou um de seus presentes de Natal no armário? Nem te
peguei, mesmo assim você entrou no meu quarto quase
chorando porque estragou a surpresa. Você disse a si mesma.
E quando Hunter apareceu pela primeira vez, pensei, ei, você
sabe, ela está crescendo. Talvez seja assim que tem que ser
agora. Ela está se tornando uma adolescente, talvez ela precise
manter alguns segredos, algumas áreas de sua vida que são
apenas dela.

Suspiro, mas não me preocupo em interromper.

— Mas então ele foi embora. — Suas sobrancelhas sobem.


— E com ele foram os segredos. Você não escondeu de mim
quando as pessoas começaram a tratá-lo como merda na
escola, você não escondeu quando aquela garota horrível,
horrível, inventou a mentira sobre você e seu professor de
história... E então outro garoto apareceu. Finalmente. Um
bom. E você não escondeu nada de mim sobre Anderson.
Conversamos sobre ele, você me deixou por dentro das coisas...
e agora, Hunter está de volta, — ela diz, sua voz caindo baixa
com decepção. — E com ele, os segredos.

Sinto-me com sete centímetros de altura.

Fico lá sem palavras, segurando meus livros e me


recusando a olhar para ela, mas em minha mente posso ver as
três sacolas de compras que escondi no meu armário.

As bolsas de reposição.

A festa.

Sexo com Hunter.


Sem preservativo.

Ela está certa. A sala de estar só serve para ficar em pé


se você levar em conta todas as coisas que ela não conhece.

Engulo um nó na garganta, mas ainda não olho para


cima.

Mamãe suspira. Posso dizer que a decepcionei – ela nem


sabe o quanto – mas ela não pressiona. — Bem, talvez ele vá
embora de novo, — ela diz.

Mantenho meu olhar baixo e não falo.

— Enquanto isso, espero que você mude de ideia, —


acrescenta ela. — Sei que ele tem sido um assunto delicado
para nós no passado, e não vou fingir que gosto do garoto –
você não acreditaria em mim mesmo se eu acreditasse – mas
se você quiser falar comigo sobre ele, você pode. Você pode
falar comigo sobre qualquer coisa. Prometo ter uma mente
aberta. Não me importo com ele, me importo com você. Esse
sempre será o caso, nada poderia mudar isso, e se você está
passando por algo, não precisa passar por isso sozinha.

Suas palavras intensificam minha culpa, mas também


enviam um calafrio de medo pela minha espinha.

Isso pode ser como naquela noite em que ela já sabia que
eu ia encontrar Hunter, mas ela estava esperando que eu
contasse isso a ela.
Quero acreditar que as mães fofoqueiras do PTO têm
coisas melhores para fazer em uma noite de terça-feira do que
discutir minha vida sexual, mas... bem, historicamente
falando, isso nem sempre se provou correto.

No entanto, não posso dizer a ela.

Não é nem que eu não acredite nela quando ela diz que
pode ter a mente aberta sobre isso, e sei que ela estaria lá para
mim, não importa o quanto estraguei tudo. Ela pode ter
surtado quatro anos atrás quando ela pensou que eu poderia
ter dormido com Hunter e ela procurou em meu quarto por
uma embalagem de preservativo, mas ela foi pega
desprevenida. Se ela está perguntando sobre isso agora, ela se
preparou para isso desta vez. Mesmo se eu dissesse a ela que
era estúpido o suficiente para ter sexo desprotegido com um
cara que nem estou namorando... ela não iria pirar comigo,
não importa o quão forte fosse o impulso.

Mas contar a ela torna tudo mais real.

Tenho evitado tanto quanto possível porque é isso que


preciso fazer. É o que vou continuar fazendo até ficar
menstruada.

Então, lidarei com todo o resto. Uma vez que sei que não
fodi completamente minha vida, se somente um pouco.

Posso suportar cometer um erro estúpido.

Posso lidar com um péssimo último ano; lidei com um


péssimo primeiro ano.
Simplesmente não consigo lidar... com isso.

Se eu contar a minha mãe sobre aquela noite, contarei


tudo a ela. E se eu contar tudo a ela, então é real, e é tudo que
poderei pensar.

Então, não é que eu não queira contar a ela. Não posso.

Também não posso explicar isso a ela, por mais que odeie,
por mais horrível que seja a sensação de aperto no estômago,
sabendo que continuo a desapontá-la, forço um sorriso e
desvio seu olhar. — Eu sei, mãe.

Ela me observa, seu olhar de mãe incitando um furioso


trabalho de toupeira em meu intestino. É assim que parece, de
qualquer maneira.

Resistindo ao puxão, apesar da sensação corrosiva, me


viro e fujo para o meu quarto.

Suspiro enquanto fecho a porta. Relaxo um pouco agora


que estou no meu quarto longe de sua sondagem, mas ainda
me sinto muito mal.

Largo meus livros na cama e pego meu celular do


carregador. Tive que ligá-lo quando cheguei em casa da escola
mais cedo e não verifiquei desde então.

Não deveria me surpreender, que tenho um monte de


notificações perdidas agora. Algumas mensagens de Anderson,
mas não priorizo a leitura delas. Quando mandei uma
mensagem para ele ontem sobre manter as coisas quietas por
algumas semanas, ele nunca me respondeu. Sei que ele
começou a digitar algo porque vi bolhas, mas quando verifiquei
minhas mensagens depois da aula, nada.

Ele me mandou mensagens algumas vezes desde então,


com conversa fiada, mas o fato de que ele evitou responder à
mensagem que enviei a ele não fez nada para aumentar minha
confiança em nossa segunda chance. E isso foi antes da
apresentação de Hunter na aula de inglês.

Não sei se o Anderson já ouviu falar disso, não


mencionamos Hunter de novo, mas sei que evitar o assunto
nunca vai promover a proximidade entre nós. Se é assim que
ele vai abordar nossa segunda chance, provavelmente acabará
antes que alguém descubra que tentamos novamente.

Também recebo uma mensagem de um número local que


não está salvo no meu telefone. Franzo a testa com a
perspectiva de um estranho me enviar uma mensagem de texto
e verifico isso primeiro.

Você está em casa esta noite? a mensagem é lida.

Franzo a testa com mais força e digito de volta: Quem é


você? Em seguida, navego de volta para a tela de mensagem
principal para poder ler as que perdi de Sara.

As primeiras mensagens são comentários sobre nossa


designação de inglês e a dolorosa experiência de leitura que a
Sra. Dowd está nos forçando. Estou pronta para enviar de volta
um simpático “Ugh, eu sei”, mas como fiquei longe do telefone
por tanto tempo, perdi minha chance. Sara já terminou seu
dever de casa e passou para a perseguição cibernética,
aparentemente. Ela me enviou outra captura de tela da mídia
social. É uma postagem de alguém que nenhum de nós
realmente conhece, mas ela aparentemente está na minha aula
de inglês com Hunter.

Meus olhos se arregalam quando vejo uma foto minha


com a bolsa Chanel na minha mesa e Hunter parado bem ao
lado dela. Pela forma como a foto foi cronometrada, parece que
estou enfiando a mão na sacola e tirando a bolsa – na verdade,
estava colocando a bolsa de volta na sacola – e Hunter está me
observando abrir o presente que ele comprou para mim.

Sua legenda diz:

Quando o cara mais gostoso da escola compra a bolsa


mais elegante

#boyfriendgoals33

#notjealousatall

#HunterMaxwellhasgreattaste

#BetHeTastesGreatToo;)

#ImSingleIfShesNotInterested

#jk #notreally #callme

33 #metadenamorado; #nãotenhograndeciúme; #HunterMaxwelltemótimogosto;


#apostotambémqueeletemumgostoótimo; #estousolteiraseelanãoestiverinteressada; #ab (apenas
brincando); #nãorealmente; #ligaparamim.
— Oh meu Deus, o quê? — Murmuro, tirando a imagem
da minha tela e voltando para a mensagem de Sara.

Perdi algo? Sara exige. — Você e Hunter são uma coisa


agora? E você me disse que ele comprou uma bolsa
substituta para você, você não me disse que ele comprou
para você uma maldita bolsa Chanel de $ 3.50034. Estou
recebendo a versão resumida de sua vida agora? O que está
acontecendo?

Meus olhos se arregalam com o preço. Não tenho certeza


de onde ela está conseguindo esse número. Certamente espero
que ele não tenha gasto $ 3.500 em uma bolsa.

Acho que ele pode, mas... não consigo entender isso. Eu


poderia comprar um carro com tanto dinheiro.

Não, não somos uma coisa, respondo. E gosto de como


aquela garota está se oferecendo descaradamente a Hunter
em suas hashtags. Elegante.

Sara responde instantaneamente. Com ciúmes? Ela


brinca com um emoji piscando.

Não estou com ciúmes, respondo.

Você parece com ciúmes.

34 $3.500 é o equivalente a R$ 18.292,22 hoje.


Estreito meus olhos para a tela, mas antes que possa
digitar uma resposta, recebo outra mensagem do número
desconhecido.

É Hunter. Comprei um telefone pré-pago para enviar


uma mensagem de texto, pois você bloqueou meu número.
É lento pra caralho. Tenho um novo respeito pelos
traficantes de drogas. Não sei como alguém poderia usar
isso como seu telefone principal.

Levanto minhas sobrancelhas. Você comprou um


segundo telefone só para evitar o bloqueio? Se eu bloquear
este número, você já tem um terceiro?

Carregado e pronto para ir, mas não fique muito


impressionada. Esses telefones queimadores são
totalmente lixo, mas também são incrivelmente baratos.
Posso continuar comprando novos se você continuar me
bloqueando. E vou. Você sabe que vou.

Você é exaustivo, o informo.

Existe uma solução fácil, ele responde. Você poderia


simplesmente desbloquear meu número.

Em vez de fazer isso, toco algumas vezes e bloqueio esse


número também.

Suspirando, largo meu telefone no colchão e caminho até


o armário do meu quarto. Pego a sacola preta da Chanel e levo-
a para a minha cama.
Mesmo que eu não quisesse ficar com os presentes de
Hunter, trouxe as bolsas para casa comigo. Eu não sabia mais
o que fazer com elas. Não podia deixá-las embaixo da minha
mesa.

Não olhei para elas novamente. Escondi as sacolas de


compras no armário e esperei que mamãe não lavasse roupa
quando eu não estivesse em casa.

Agora que estou sozinha na privacidade do meu quarto,


sento na minha cama e tiro a linda bolsa Chanel que Hunter
escolheu para mim. Sem audiência, não me sinto constrangida
ao abrir a bolsa e verificar o interior.

Largo a bolsa no meu colo e pego a carteira que ele


comprou para ir com ela. Corro meus dedos sobre a pele macia
de bezerra, em seguida, abro-a.

Hunter disse que colocou algum dinheiro dentro para


mim, mas não verifiquei quanto. Agora, folheio as notas e vejo
que ele me forneceu US $ 200 – o que é cerca de US $ 182 a
mais do que eu tinha em minha antiga carteira.

Pego o dinheiro e coloco na minha cama. Eu não deveria


ficar com ele, mas estou tentada a dá-lo à minha mãe e dizer a
ela para colocá-lo nas contas este mês. Estamos sempre com
um orçamento tão apertado, tenho certeza de que isso tiraria
um pouco do estresse de seus ombros.

Eu não deveria ficar com nenhum de seus presentes. Isso


só o fará pensar que esta funcionando.
O telefone vibra na minha cama. Outro novo número.

Teve que ver se eu estava blefando, hein? ele pergunta.

Suspiro e pego o telefone. Não. Sei que você não blefa.

Ele só deixa passar alguns segundos antes de responder:


O que você vai fazer esta noite?

Estudar. Brigar com minha mãe. Preocupar-me com a


leve tendência de Sara para perseguir. Vocês têm muito em
comum, deveriam sair algum dia.

Sou muito quente para perseguir alguém. Quando faço


isso, é chamado de cortejo, ele me diz.

Gemo alto, mas é misturado com risos. Não consigo tirar


um sorriso estúpido do meu rosto enquanto mando uma
mensagem de volta. Oh meu Deus. Estou bloqueando este
número agora.

Digo isso, mas na verdade não faço desta vez. Eu deveria


– e irei – mas suponho que não há mal nenhum em esperar
mais um minuto para ver o que ele diz.

Hunter responde com: Por que você e sua mãe estão


brigando?

Você.

Suspiro pesadamente olhando para a tela, mas não digito


uma resposta.
Não quero dizer-lhe, mas uma parte de mim quer falar
para ele, e isso é preocupante.

Não posso deixá-lo fora do gancho neste momento.

Não importa se ele é inteligente, engraçado e perfeito de


várias maneiras. Ele também é mau e vingativo e muito
arrogante para seu próprio bem.

Mais importante, aparentemente... ele é de Valerie.

Esse lembrete faz meu estômago afundar. A sensação


torturante volta. Nem percebi que tinha se dissipado enquanto
Hunter estava me distraindo.

Não posso deixá-lo fazer isso.

Ele é uma tentação à qual sempre tive dificuldade em


resistir, mas nunca tive tanta motivação quanto agora. Tenho
que ser forte.

Mesmo que eu não queira totalmente, bloqueio o número.

Sinto-me triste desta vez quando deixo meu telefone cair


na cama.

Não procuro na bolsa nem volto a estudar. Não respondo


a Anderson ou mesmo Sara.

Espero, porque no fundo, me pergunto se vou receber


outra mensagem de outro número desconhecido.

Não recebo.
Alguns dias se passam sem incidentes.

Ainda existe a cultura usual de hostilidade em relação a


mim na escola, apenas nada de novo.

Hunter me enviou uma mensagem de outro número na


noite de quarta-feira, mas eu o bloqueio sem responder.

Na quinta, fico depois da escola para a reunião do jornal.


Sou uma das primeiras a chegar.

Tenho esperança de que o jornal seja uma espécie de


paraíso para mim este ano, já que a equipe do jornal tende a
não ser povoada por atletas ou obcecados por atletas. Há
algumas pessoas nesta sala tão distantes na cadeia alimentar
social, que provavelmente nem sabem sobre as festas de atleta
pós-jogo, muito menos sabem o que aconteceu na semana
passada.

É um alívio estar em uma sala cheia de pessoas que não


sabem sobre o estado – ou se importam – com a minha
virgindade.
Também fico feliz quando alguns rostos novos aparecem.
Não me importava de fazer um trabalho extra enquanto
esperávamos que o esqueleto da nossa equipe preenchesse,
mas fazer o dever triplo durante o ano letivo provavelmente
teria sido muito cansativo.

Olho para o relógio enquanto o orientador acadêmico


caminha na frente do quadro branco vazio e nos dá as boas-
vindas a um novo ano do jornal escolar. Antes que ele possa
dizer mais do que isso, a porta se abre e mais um aluno sai do
corredor.

Minha alma deixa meu corpo quando Hunter Maxwell


acena para o Sr. Lohman e começa a caminhar em minha
direção.

Só posso ficar olhando, meu cérebro incapaz de processar


totalmente sua presença aqui. Ele cai na cadeira ao lado da
minha – sem virar, talvez uma primeira vez para ele – e me
lança um sorriso vencedor.

— Ei, Bishop. Bom ver você aqui.

— O que você está fazendo aqui? — Pergunto com


cuidado, orando por uma resposta que não é a óbvia.

— Você não viu meu nome na lista de novos recrutas?


Serei o Clark Kent para a sua Louis Lane este ano. Anime-se.

— Existem poucas maneiras de dizer não a isso. — Fico


olhando para ele. — Você não pode estar aqui. Isso é... Você
não se importa com o jornal da escola. Piadas não escrevem
artigos. Que diabos, Hunter? Isso é meu. Todas as outras áreas
da escola são suas, mas o jornal e a biblioteca, esses deveriam
ser meus locais seguros.

— Atletas não escrevem artigos, ela diz. — Hunter


balança a cabeça. — Um pouco tacanho, não é? Não como
você.

— Não quero você aqui, — digo mais honestamente. —


Quero fazer um bom trabalho este ano. Preciso ser capaz de
me concentrar e pensar neste ambiente.

Hunter inclina a cabeça, parecendo muito satisfeito


consigo mesmo. — Você não consegue se concentrar ou pensar
quando estou por perto? Isso deve ser frustrante para você.

Olho para longe dele, treinando meu olhar de volta na


frente da classe.

Não estou feliz com isso. O jornal da escola precisava de


escritores, sim, e Hunter é inteligente, então talvez ele possa
escrever, mas...

Esta é apenas mais uma vez que tenho que vê-lo todas as
semanas. Não só isso, não posso ignora-lo aqui. Seria infantil.
Isso tornaria o trabalho de todos mais difícil. Tenho que
interagir com ele neste cenário, fazer qualquer outra coisa seria
antiprofissional.

Porra.

Ele encontrou uma brecha.


Inclinando-se, ele sussurra em meu ouvido: — Veja, você
deveria ter apenas desbloqueado meu número.

Pressiono meus lábios em uma linha sombria.

Sim. Sim, deveria.

— Tudo bem, pessoal. Então, como vocês podem ver,


temos alguns novos talentos este ano. Stanley, Grace, Ria,
Hunter, bem-vindos à bordo.

Suspiro tristemente, virando a capa do meu caderno,


então pego minha caneta para estar pronta para trabalhar,
apesar da pior distração do mundo sentada ao meu lado.

— Lançamos um exemplar a cada duas semanas, —


explica o Sr. Lohman para os novatos. — Nossa equipe
existente desde o ano passado tem trabalhado arduamente
escrevendo artigos extras e o dobro do trabalho para que nossa
primeira edição estivesse pronta para nós. Trabalho estelar,
pessoal.

Ele faz uma pausa para olhar ao redor da sala. Ofereço


um sorriso pálido e aceno quando seu olhar permanece em
mim, já que fiz o trabalho extra.

— A única coisa que não tínhamos certeza sobre entrar


nesta reunião era o que queríamos colocar de qualidade.
Obviamente, queríamos algo especial para nossa primeira
edição de volta. Tínhamos muito conteúdo excelente, mas nada
que realmente parecesse o gancho de que precisávamos. —
Estranhamente, ele aponta para a minha mesa. Meu estômago
embrulha. Acho que não escrevi nada digno de um trabalho de
qualidade superior, por que ele está olhando...?

Ele não está olhando para mim.

O Sr. Lohman sorri. — Isto é, até que um de nossos novos


recrutas me contou a história sobre seu verão na Itália. Hunter
acabou de ser transferido de volta para Lexington depois de
estudar no exterior por vários anos – muito empolgante por si
só – mas seu artigo também é ótimo. Temos algumas opções
de fotos – parece que o Sr. Maxwell tem um grande olho para
a fotografia – então vamos examiná-las hoje e escolher a
melhor foto para acompanhar seu trabalho.

Lentamente, viro minha cabeça para lançar um olhar de


descrença absoluta para o garoto dourado enquanto ele oferece
ao Sr. Lohman um sorriso que pode enganar uma pessoa a
acreditar que ele é humilde.

Seu primeiro artigo vai ser uma peça de qualidade? Sério?

— Sr. Maxwell também se ofereceu generosamente para


patrocinar uma impressão estendida de nossa primeira edição,
já que a demanda por esta pode ser um pouco maior. Ele tem
ótimas ideias para expandir nosso número de leitores, então
vamos realmente começar a correr este ano. — O Sr. Lohman
olha para Hunter. — Acredito que você disse que tinha algo
para entregar também, não é?

— Tenho certeza que sim. — Hunter pega sua bolsa de


ginástica e tira uma caixa, então a coloca de volta na mesa.
Mais presentes?

Todos estão olhando, ansiosos para ver o que ele trouxe.

Ele esvazia a caixa e espalha um monte de cadernos


pretos moleskin35. Ele pega o primeiro e passa para mim. É
personalizado, com o logotipo do papel estampado na capa.

— Achei que se vamos ser repórteres, precisamos de


cadernos oficiais de imprensa para registrar todas as nossas
ideias, certo? Venha e pegue-os, — diz ele, indicando a
propagação.

Cadeiras arranham o chão quando todos se aproximam


para pegar um caderno.

Entre seus amigos, isso seria um verdadeiro fracasso,


mas vendo os rostos de todos os outros escritores que – como
eu – gostam de fazer compras de volta às aulas e ficam
entusiasmados com coisas como ótimas canetas e artigos de
papelaria, os cadernos são um sucesso.

Ria sorri enquanto agarra o dela, timidamente olhando


para ele. — Amo cadernos. Isso é tão legal. Obrigada, Hunter.

Vejo-a corar quando ele pisca para ela e tento ignorar a


agitação ridícula em meu estômago.

35Moleskine é uma marca de cadernos de notas produzida pela empresa italiana Moleskine SRL.
Embora o nome aluda ao tecido de mesmo nome, moleskin, o caderno não é revestido com ele, e sim
com capa dura de cartão envolvida por material impermeável.
Depois que todos os cadernos foram pegos, sussurro: —
Você não gosta de material escolar. Como você pensou nisso?

Ele se inclina e sussurra de volta: — Eu só pensei, 'do que


Riley se divertiria?' e depois apliquei no resto da população
nerd.

Franzo o nariz para ele, mas não posso nem negar.

Amo o caderno estúpido.

Sexta-feira marca o fim de mais uma semana, e estou


muito grata.

O Anderson tem um jogo fora esta noite, então não


preciso ir.

Consigo escapar da aula da Sra. Dowd sem nem mesmo


falar com Hunter, então, quando o almoço chega, parece uma
vitória.

— Então ela me perguntou se poderia copiar meu dever


de casa, — Sara diz, os olhos arregalados enquanto ela conta
os detalhes da interação que ela teve com um dos capangas de
Valerie em sua classe antes do almoço. — Você pode acreditar
nisso? Posso copiar sua lição de casa? — Ela pergunta, seu
tom de zombaria. — Atrevimento.

Balanço minha cabeça enquanto retiro a tampa de


alumínio da compota de maçã que trouxe no meu lanche. —
Atrevimento absoluto.

Sara balança a cabeça enquanto segura o garfo que pegou


na fila do almoço e se prepara para comer seu macarrão com
queijo. — Só porque ela tinha coisas mais importantes para
fazer do que o dever de casa, eu deveria entregar o meu. O
direito de toda essa multidão, juro.

Aceno em concordância, mas um movimento atrás de


Sara atrai minha atenção e esqueço de falar.

Valerie Johnson está olhando diretamente para mim e


caminhando nesta direção.

Uh oh.

— Entrando, — digo rapidamente, para dar a Sara pelo


menos um pequeno aviso.

O olhar de Sara salta para o meu. — Hm?

Não tenho tempo para responder.

Valerie para atrás de Sara, seu olhar odioso em mim, mas


ela não diz uma palavra.

Largo a colher, esquecida no molho de maçã. — Existe


algo em que podemos ajudá-la?
Sara olha para cima, seu rosto perdendo um tom de cor
quando ela vê Valerie de pé em nossa mesa.

— Parece que estou perdida, não é? — Valerie diz. — Aqui


na mesa de rejeitados com gente que mal existe. Posso
entender sua confusão.

— Estou confusa, — digo, acenando com a cabeça, — mas


acho que é a nuvem nociva de perfume que a segue por toda
parte. Você naturalmente cheira muito mal, ou...?

Os olhos de Valerie se estreitam, um sorrisinho malicioso


puxando seus lábios. — Foi você que deixou cheiro no meu
quarto depois de abrir as pernas, sua vagabunda nojenta.

Faço uma careta em simpatia fingida. — Você pretende


continuar lembrando às pessoas que comi seu namorado?
Parece o tipo de coisa que você gostaria que todos
esquecessem, se não estiver planejando deixá-lo. Faz você
parecer meio estúpida.

Ela se agarra a isso. — Oh, você adoraria, não é? Acho


que não, Riles. Isso não é vingança dos nerds. Você não pega
o cara mais gostoso da escola. Esse prazer é todo meu – e não
vou deixá-lo ir, então você pode desistir de sua pequena
fantasia patética de ir atrás de minhas sobras. — Com um
insulto, ela diz: — Como se ele quisesse você de qualquer
maneira.

Só posso olhar para ela, perplexa com sua aparente


indiferença. — Você realmente não acredita nisso, não é? Sou
eu que estou ignorando suas mensagens. Se eu quisesse
Hunter, poderia tê-lo em uma bandeja de prata. Não quero;
prefiro meus homens fiéis.

Ela cruza os braços e me encara. Acho que ela não tem


uma resposta rápida para isso.

Por mais que eu a deteste, por mais malvada que ela


tenha sido comigo, uma parte de mim se pergunta se talvez ela
realmente não entenda. Não estou nem tentando ser má
quando digo a próxima coisa, só acho que alguém deveria dizer
a ela, caso ela ainda não saiba. — Ele não gosta de você,
Valerie. Ele só está usando você para me irritar.

Posso dizer pelo brilho de fogo em seus olhos que esta não
é a primeira vez que o pensamento lhe ocorreu. — Besteira. Ele
ficou bêbado e tomou uma decisão ruim. Você. Você foi uma
má decisão.

Levanto uma sobrancelha. — Ele estava completamente


sóbrio quando isso aconteceu, então não tenho certeza de
como essa defesa poderia ter funcionado.

— Todo mundo estava bêbado, estúpida, — ela retruca.

— Eu não estava.

— Isso é porque você é uma aberração. Você deve ter se


escondido em um canto em algum lugar, ninguém nem se
lembra de você estar lá.
Não digo nada enquanto Valerie bufa e se endireita.
Tenho a impressão de que minha presença a atraiu e ela se
envolveu comigo muito mais do que pretendia.

Trabalhando para recuperar a compostura, ela


claramente endireita os ombros e seu uniforme de líder de
torcida, em seguida, cola um sorriso falso e planta a mão no
ombro de Sara.

— De qualquer forma, não vim aqui para falar com esta


vagabunda prostituta horrível. Era com você que eu queria
falar.

Sara a encara sem expressão. — Eu?

Valerie acena alegremente, então se inclina como se ela


estivesse compartilhando um segredo. — Ouvi um boato de
que você gosta de Wally Kazinsky.

Sara enrubesce. Tenho certeza de que a cor atinge os


dedos dos pés.

— Bem, — Valerie continua, seu tom amigável e


persuasivo, — ele estava perguntando sobre você.

— O quê? — Sara respira.

A preocupação me invade. Posso dizer que Sara está


maravilhada com a notícia, atordoada, chocada,
completamente pasma.
Sou um pouco mais cética. Não de alguém que gosta de
Sara – ela é minha amiga e acho que ela é incrível, só não acho
que Wally perceba isso.

Valerie acena com a cabeça, seu rosto bonito tão


eficazmente retratando entusiasmo que seria fácil acreditar
que era genuíno.

Eu não, no entanto. Eu a conheço há muito tempo. Esta


garota mostrou suas verdadeiras cores repetidas vezes, e ela
não mudou. A única razão pela qual Sara e eu fomos relegadas
à Sibéria social pré-Hunter foi porque, mesmo quando criança,
Valerie era uma idiota.

— Por que você não vem sentar conosco hoje? — Valerie


pergunta a Sara. — Assim ele poderia falar com você. Ele está
solteiro agora, — acrescenta ela brincando, como se sua oferta
já não fosse atraente o suficiente.

Sara mal consegue respirar enquanto me olha do outro


lado da mesa. Posso ver que ela está em conflito.

Por um lado, Valerie atiçou as chamas contra mim em


todas as oportunidades que teve nos últimos quatro anos e
relegou Sara à obscuridade social por nenhuma outra razão
além de sua epilepsia – uma razão verdadeiramente hedionda
e abominável para excluir alguém.

Por outro lado, este é Wally.

— Você vai me odiar? — Sara pergunta, encolhendo-se


mesmo quando as palavras horríveis deixam sua boca.
Parece que um cubo de gelo está deslizando para dentro
do meu estômago, mas tento não deixar transparecer.

Não consigo convocar nenhuma palavra, mas balanço


minha cabeça que não.

— Tem certeza? — Ela pergunta.

Ainda não consigo encontrar palavras. Ela realmente vai


me deixar aqui para sair com Valerie Johnson?

Minha respiração fica um pouco mais difícil, mas aceno


com a cabeça, convocando um sorriso fraco e trêmulo.
Finalmente, forço uma confusão de palavras da minha boca.
— Vá, se quiser.

Ela está dividida, mas apenas por uma fração de


segundo. Tomando minha permissão como uma bênção, ela
rapidamente se levanta e reúne sua comida em sua bandeja.
Ela rouba um último olhar incerto para mim.

— Tenha cuidado, — digo a ela humildemente, não


querendo que ela se machuque.

Ela me abre um sorriso, mas quando ela se vira e corre


atrás de Valerie, sei que minhas palavras não caíram em
ouvidos surdos.

Tento não me sentir completamente abandonada.


Totalmente traída.

Sei o quanto Sara gosta de Wally, há quanto tempo ela


carrega esta tocha por ele.
Simplesmente não posso acreditar que ela me abandonou
a mando de Valerie Johnson.

Estou completamente sozinha na mesa agora.

O refeitório lotado ao meu redor vibra com a conversa.

Olho através da sala enquanto Sara se senta na mesa de


Valerie, e as garotas próximas se preocupam como se cada
uma delas não a tivesse ignorado deliberadamente nos últimos
12 anos.

Olho para a mesa de Hunter, onde Anderson teve


permissão para sentar no final – ainda um pouco longe de
Hunter, mas não mais na mesa de segundo turno. Já que
Hunter não sabe que voltamos, ele teve permissão para voltar
ao redil.

Odeio essa escola.

Não sou dada a sentimentos de solidão, mas uma onda


dela se apodera de mim agora e ameaça me arrastar para
longe.

Sentar aqui com Sara era uma coisa, mas não vou sentar
nesta mesa sozinha.

Rapidamente, recolho minhas coisas.

Normalmente, eu não gostaria que Valerie visse que


ganhou uma rodada, mas prefiro ir embora agora e deixá-la
pensar que me irritou do que ficar e deixá-la perceber que me
deixou legitimamente triste.
Há um grande carvalho na frente da escola com um
tronco grosso o suficiente para que se você se sentar na frente
dele quase possa desaparecer. É onde escolho terminar meu
almoço.

Tenho menos tempo para comer desde que fugi da escola,


mas em uma virada incomum, eu realmente não me importo
se eu chegar atrasada e perder minha próxima aula.

Está um lindo dia hoje. Quente, mas não quente se você


tiver um bom lugar na sombra, o que faço.

Os pássaros cantam. Há uma brisa suave. Fecho meus


olhos e respiro o ar fresco.

É um bom lembrete de que existe um grande mundo fora


do colégio.

Lembro-me disso enquanto fico confortável contra a base


da árvore e termino minha compota de maçã. Em seguida,
desembrulho meu sanduíche e abro o saco de batatas fritas.
Já que estou sozinha, posso também fazer deste um
almoço de trabalho.

Não tenho meus livros escolares comigo desde que


planejei almoçar com Sara, mas tenho o caderno moleskin que
Hunter comprou para a equipe do jornal enfiado na minha
bolsa Coach.

Pego-o e seguro uma caneta, então começo a pensar em


ideias para histórias e anoto detalhes enquanto como.

Quase salto para fora da minha pele quando alguém anda


ao redor da árvore e penetra no meu campo de força de
invisibilidade. Eu meio que esperava que fosse Sara, mas
quando olho para cima, vejo um jeans caro e uma jaqueta
letterman.

Hunter.

Meus olhos se arregalam de surpresa. Sei que ele está no


auge de seu jogo de perseguição, mas sair da mesa na hora do
almoço? Imagino que toda a infraestrutura social possa entrar
em colapso.

— Chegue para lá, — ele diz.

Franzo a testa, mas me movo para abrir espaço ao meu


lado na frente do carvalho maciço, de qualquer maneira. — O
que você está fazendo?

Ele se senta ao meu lado, descansando suas costas


musculosas contra o tronco da árvore e agarrando seu
recipiente cheio de palitos de cenoura. — Terminando o
almoço. — Ele inclina o copo na minha direção. — Quer um?

Estreito meus olhos para ele com ceticismo antes de


pegar um pedaço de cenoura.

Sentindo-me compelida a retribuir, murmuro: — Você


pode ficar com algumas das minhas fritas, se quiser.

Ele enfia a mão na sacola e pega um chip, então o coloca


na boca e olha para o meu caderno. — Em que você está
trabalhando?

— Só estou anotando algumas perguntas. Eu estava


pensando em fazer uma entrevista com alguns dos garotos da
cappella36 antes da sessão de talentos de outono.

— Sessão de talentos de outono, hein? Você está indo


para isso?

— Espero que não. A cappella não é realmente minha


praia, mas se ninguém mais quiser cobri-lo, eu farei.

— Sempre aceitando o trabalho que ninguém mais deseja,


— diz Hunter, balançando a cabeça.

— Isso não é verdade.

— Isto é. Você não tem que fazer isso, você sabe. Você é
inteligente e talentosa – você deve escolher as atribuições, mas

36 A cappella ou Acappella é uma expressão de origem italiana, também utilizada na maioria dos
idiomas ocidentais, que designa a música vocal sem acompanhamento instrumental.
precisa ser mais ousada. Ocupar mais espaço. Pare de deixar
as pessoas te ignorarem.

— Não me importo de ser ignorada na maioria das vezes,


— eu o informo. — Não sou como você; não gosto de ser o
centro das atenções.

— Você não gosta ou tem medo disso?

— Não gosto disso, — declaro. — Tive atenção em mim.


Não gosto disso.

— Você teve uma atenção negativa sobre você, — ressalta.


— Você não sentiu o lado positivo da popularidade.

— Nunca vou. E isso está perfeitamente bem para mim.


Não quero isso. Eu acho que popularidade é uma droga,
honestamente. Não são uvas verdes, acabei de observar e não
gostei do que vi. Essas pessoas não gostam de você por quem
você realmente é, elas gostam de uma foto polida sua. Eles
gostam de um verniz brilhante e perfeito, uma ideia mais do
que uma pessoa real. É tudo falso. É uma merda superficial.
Quem quer isso? Qual é a vantagem? Prefiro ser valorizada por
quem realmente sou. Ou odiada por quem sou. — Encolho os
ombros. — Não faz diferença para mim. Pelo menos é honesto.

Um leve sorriso puxa os lábios de Hunter. Seu olhar


permanece em mim, mas ele descansa a cabeça no tronco da
árvore. — Você sempre foi mais corajosa do que eu a esse
respeito. Acho que algumas coisas não mudam.

— O que você quer dizer?


— Você prefere ser autêntica e deixar as cartas caírem
onde podem. Se as pessoas gostam de você, ótimo. Se não,
foda-se, quem se importa? Admiro muito isso.

— Oh. — Encolho os ombros. — Não acho que seja uma


mentalidade excepcional, só não vejo vantagem em amigos
falsos. Eu realmente não entendo o apelo.

— Você não se importa com o que as pessoas pensam, —


ele diz facilmente. — Eu não esperaria que você fizesse.

— Você também não deveria se importar com o que as


pessoas pensam. — Olho para ele. — Não importa.

Hunter sorri. — E você não deve ficar animada com o


papel. Somos claramente animais muito diferentes.

Tento reprimir um sorriso. — Ei, o papel é incrível.

Balançando a cabeça, ele diz quase afetuosamente: —


Esquisito.

Perco a batalha e sorrio enquanto pego outra batata frita.

Posso sentir o olhar de Hunter em mim. Depois de alguns


segundos de silêncio, ele diz: — Nunca penso nessas coisas
quando estou com você. Nunca penso. É como se você me
puxasse para o seu mundo e, de repente, o meu parecesse
realmente estúpido.

Posso dizer que ele está sendo real quando diz isso, então
não concordo levianamente com ele que seu mundo é muito
estúpido. — Você é bom demais para esse mundo, — digo a ele
honestamente.

Ele ri um pouco. Olho para ele e ele está balançando a


cabeça. — Como você pode dizer isso depois do que fiz?

Encolho os ombros. — Não tem nada a ver com isso. Eles


são pessoas superficiais com as prioridades erradas. No fundo,
você não é como eles. Sim, você fez algumas coisas ruins.
Essas coisas são uma merda, — digo, encontrando seu olhar
para que ele saiba que não o estou deixando fora de perigo. —
Mas você é mais do que isso. Nunca gostei de você por causa
de seus olhos sonhadores ou de seus seguidores no Instagram.
Não me importa quem são seus pais ou quanto dinheiro você
tem. Eu só gostava de sair com você. Eu não teria gostado
tanto da sua companhia se você fosse estritamente superficial.
Honestamente, sua popularidade é mais um aborrecimento
para mim do que uma vantagem.

Ele balança a cabeça, ainda relaxando contra a árvore. —


Sabe, acredito nisso.

— Você deve. É a verdade, — digo simplesmente, pegando


outra batata frita.

— Não ouço muito disso.

Coloco a batata na minha boca e olho para ele. — Isso


deve ser difícil.
Ele encolhe os ombros. — Uma reclamação meio irritante,
mas sim. Ter nada além de homens por perto pode fazer você
perder a perspectiva às vezes.

— Bem, fico feliz em dizer não a qualquer hora, — digo a


ele com desenvoltura, dando-lhe um sorriso.

Ele ri. — Obrigado.

Meu sorriso se suaviza, mas permanece enquanto olho


para a grama. É um momento tão bom, gostaria que ele não o
estragasse com mais palavras. Mas então ele o faz, e suas
palavras me surpreendem.

— Você vai para o baile comigo?

Meu coração não apenas afunda – ele despenca como se


estivesse caindo rapidamente em um poço de elevador vazio.

— O quê? — Pergunto fracamente. Tentando


compreender o pedido, acrescento: — Você está com vontade
de ouvir não de novo?

Ele balança a cabeça, tão deliberadamente vulnerável que


fico momentaneamente desarmada. — Estou pedindo pra
valer. Você largou o ‘porta-bolsa’, então o que está impedindo
você? Vá comigo.

Não consigo nem encontrar palavras para responder.


Talvez eu não devesse estar tão chocada. Sei que ele gosta de
mim, e ele não escondeu isso apesar de tudo desde a festa de
Valerie, mas...
Valerie.

Franzindo a testa, começo a juntar minha comida e


colocá-la de volta na minha lancheira. Não terminei de comer,
mas meu apetite sumiu de repente. — Não posso ir ao baile
com você, Hunter.

— Por que não?

— O que você quer dizer com por que não? — Digo, de


olhos arregalados. — Você está namorando Valerie,

— Não tenho que estar.

Balanço minha cabeça. — Não. Fui à sua casa e te avisei


para não cruzar essa linha. Você fez. Não sei quando
aconteceu, não me importo, mas no minuto em que você a
tocou, você perdeu o direito de me tocar. Eu nunca teria
dormido com você naquela noite se eu soubesse. Agora eu sei,
então... nunca. — Levanto-me do chão e pego minhas coisas,
então encontro seu olhar. — Você pode comprar mil telefones,
pode me bombardear com presentes, mas minha resposta não
vai mudar. Nunca deixarei você me tocar novamente.

Ele segura meu olhar, sem vacilar, apesar da minha


rejeição brutal. — Diga-me que é porque você não gosta de
mim. Não por causa dela. Ela é irrelevante. A única maneira
de aceitar um não como sua resposta é se você realmente quer
dizer isso, se você realmente não gosta mais de mim.

Deslizo a alça da minha bolsa no meu ombro. — Não


importa se gosto de você. Estou dizendo não, e realmente quero
dizer isso. Você fodeu tudo, Hunter, e te perdoei por um monte
de coisas, mas não isso. Nunca vou te perdoar por isso.

Deito na cama olhando para o teto, meu celular


descansando em minhas mãos.

Mordendo meu lábio inferior, tento pensar em como


escrever a mensagem de texto que desejo enviar.

Ei Anderson, precisamos conversar...

Não, isso não está certo. Muito genérico, muito óbvio. Diz
muito sem realmente dizer nada. Definitivamente, não era
pessoal o suficiente.

Apago isso e tento novamente.

Estou tentando pensar em como começar esta


mensagem. Realmente não há uma maneira fácil de dizer
isso, mas acho que posso ter sido capturada pelos meus
sentimentos na noite anterior, quando fizemos aquele
piquenique no fim de semana passado. Voltar a ficar juntos
parecia certo no momento, mas mal nos falamos desde...

Não, também não.

Volto e tento mais uma vez.


Você acha que talvez tenhamos nos adiantado quando
decidimos voltar? Não tínhamos nos separado por um dia
inteiro. Não tivemos tempo para processar. Acho que foi
um engano.

Ainda não parece certo.

Suspirando, deixo cair o telefone na cama e cubro meu


rosto com as mãos.

Depois de alguns minutos, pego de volta, mas fecho a


mensagem para Anderson e passo para minhas mensagens
para Sara.

Ei! Como foi o almoço no lado negro? Havia biscoitos


ou isso é um mito?

Não, muito superficial quando me sinto tão


desconfortável enviando mensagens de texto para ela.

Nunca me senti desconfortável em enviar mensagens de


texto para Sara, de modo que este é um território novo para
mim.

Território estúpido. Odeio isso.

Volto tudo e tento novamente.

Então, como foi? Você conseguiu falar com o Wally?

Isso é um pouco melhor. Ainda não é perfeito.

Não sei o que quero dizer.


Acabo largando o telefone sem enviar nenhuma
mensagem.

Afasto o pensamento de desbloquear o número de


telefone de Hunter para que eu possa enviar uma mensagem
para ele. Também não sei o que diria a ele, mas de alguma
forma ainda parece mais fácil do que falar com Anderson ou
Sara.

Foi um dia longo, longo e a exaustão tomou conta de mim.


Normalmente não sou do tipo que tira cochilos no final da
tarde, mas encontro meus olhos se fechando por conta própria
e, antes que perceba, estou fora.

Pulo e acordo com o som do meu celular tocando.

Tateio grogue até sentir sob minha mão, então levanto o


telefone e olho para a tela.

Um número local que não reconheço, mas é um


telefonema, não uma mensagem de texto.

Não acho que Hunter me ligaria, mas ainda estou meio


esperando por ele quando limpo minha garganta e atendo o
telefone. — Olá?

— Oi, posso falar com Riley Bishop?

— Sou eu, — digo, ciente do leve arrastar de minhas


palavras.

A voz é alegre, otimista. Definitivamente não é a voz de


alguém que precisa de uma soneca no final da tarde. — Oi,
Riley. É a Debbie do Deb's Diner. Estou ligando porque tenho
sua inscrição aqui e gostaria de saber se você estaria livre para
passar por uma entrevista.

Meus olhos se abrem. De repente, acordo, me levanto e


sento na cama. — Uma entrevista? Oh, sim, isso seria incrível.
Quando você gostaria que eu fosse?

— Amanhã à tarde seria bom para você?

— Seria, — digo a ela, um sorriso dividindo meu rosto. —


Amanhã seria perfeito.

— Certo, ótimo. Para qualquer momento entre 13h30 e


14h.

— Estarei aí às 13h30. Muito obrigada.

Sinto-me muito, muito melhor com relação à vida como


um todo quando desligo o telefone. O único problema é um
momento depois, quando minha excitação diminui, minha
cabeça dói.

Ainda me sinto um pouco cansada, mas provavelmente


deveria tomar uma aspirina ou algo assim. Não tenho tempo
para dormir, preciso começar minha lição de casa. Eu gostaria
de terminar tudo hoje. Amanhã estarei nervosa com a
entrevista e no domingo disse à mamãe que iria comprar
vestidos com ela para o baile.

O baile só me faz pensar em Hunter agora.

Não posso acreditar que ele me perguntou.


Não acredito que tive que dizer não.

Pensar nisso me deixa taciturna, e já não estou no melhor


humor com todas as mensagens não enviadas no meu telefone,
então não preciso mais disso.

Quero me concentrar em outra coisa, mas quando abro


meu telefone para procurar uma distração rápida, em vez
disso, me pego abrindo meu navegador da web e digitando:
Cansar é um sintoma de gravidez precoce?

Aparentemente, é.

O primeiro resultado diz: Estou grávida? e promete uma


lista de todos os primeiros sintomas a serem observados, se
você acha que pode estar.

Meu dedo paira sobre o pequeno link azul, mas não toco
nele.

Franzo a testa para o meu telefone, em seguida, fecho o


navegador antes que eu possa ser tentada a cair naquela toca
de coelho.

Estar cansada também é causado por não dormir o


suficiente, me lembro. Ficar acordada à noite, incapaz de parar
de pensar. Tendo seu mundo de cabeça para baixo, sendo
levemente perseguida e constantemente preocupada, fugindo
de seus problemas e trabalhando muito em vez de dormir em
uma hora razoável.
Todas as coisas que poderiam me deixar cansada sem a
razão de Hunter Maxwell ter colocado um bebê em mim.

Nem quero considerar essa possibilidade terrível, mas já


se passou uma semana desde que dormi com Hunter, e parece
que se passaram 300 dias desde a minha última menstruação.

Não acompanho meu ciclo com cuidado, então não tenho


certeza de quando deve chegar. Não sei se estou atrasada ou
apenas ainda não é a hora. Sei que escorregar e fazer sexo sem
proteção me tornou mais agudamente consciente das coisas,
então preciso tentar não ficar paranoica com isso. Quanto mais
paranoica fico, mais convencida ficarei de que estou vendo
sintomas mesmo onde não há nenhum.

ECA.

Deito na cama e fecho os olhos.

Acho que pelo menos se ele arruinou minha vida, sei que
o bebê será adorável.

Ele provavelmente não fez isso. Provavelmente não estou


preocupada por nada.

Logicamente, sei que não há razão para me estressar com


nada disso até que passe mais tempo, é por isso que
inicialmente evitei pensar sobre isso, e agora estou aqui,
pensando sobre isso.

Tenho que lutar contra a tentação novamente. Quero


desbloquear seu número e gritar com ele.
Perguntei se ele tinha camisinha, caramba. E ele tinha!
Por que ele simplesmente não colocou a maldita coisa?

É engraçado, Hunter me avisou quatro anos atrás que se


ele voltasse, ele arruinaria minha vida como arruinei a dele.

Não acho que era isso que ele tinha em mente.


Como o resto da minha vida, o fim de semana não sai
como planejado.

Ao contrário do resto da minha vida, é por um bom


motivo.

A entrevista no sábado vai muito bem. Deb me dá um


“teste” no domingo, o que significa que a compra de vestidos
com a minha mãe tem que ser transferida para sábado.

Não consigo encontrar um único vestido acessível que


não seja horrível, essa é a pior parte.

Sara também deveria estar comprando vestidos com a


gente, mas ainda não nos falamos desde que ela se sentou com
Valerie no almoço, essa é outra parte ruim.

Nem sei se ela vai mais ao baile comigo. Inicialmente,


falamos sobre ela pedalar comigo e com o Anderson já que ela
não sabe dirigir. Espero que ainda esteja acontecendo, mas
acho que não saberei até conversarmos.
No provador, me viro para dar uma olhada em outro
ângulo do vestido cor de vinho com ombro largo que estou
experimentando. É um vestido de renda justa e flare 37 – que
tenho certeza que minha mãe vai me dar uma merda se eu
escolher, já que falei pra ela sobre a renda do vestido
Stepford38, mas é o mais bonito que já vi hoje.

Tirando uma foto, mando para Sara com uma mensagem


simples perguntando o que ela pensa.

É fofo, ela responde um momento depois. Mais curto do


que eu esperava.

Olho no espelho. Ele é curto. O vestido cai bem acima do


meio da coxa; se o código de vestimenta da escola for aplicado,
ele definitivamente não obedecerá à regra – todos os vestidos
têm que passar pela ponta dos dedos.

Não pretendia mostrar tanta perna, mas este é o primeiro


vestido que descobri de que gosto mesmo.

Também está em liquidação, o que é um grande


argumento de venda.

Já decidi usar o dinheiro que Hunter me deu para


comprar meu vestido, mas vou precisar comprar sapatos
também, e não quero gastar todos os $ 200 no meu traje de
baile se eu não tiver.

37Flare é o que chamamos de Boca de Sino.


38 A origem da palavra Stepford vem de The Stepford Wives (1972), um livro do escritor norte-
americano Ira Levin que descreveu um bairro em que os homens transformam suas esposas em robôs
plácidos e obedientes.
Abro a porta do provador e saio para ver o que mamãe
pensa.

Seu rosto se ilumina assim que ela me vê. — Ooh, linda!


Gosto do Borgonha. Gire.

Reviro meus olhos, mas faço um giro dramático para ela


de qualquer maneira.

Ela acena em aprovação. — Boa circunferência de


rotação. Amo isso. O que você acha?

— Acho que é muito bonito, — digo, olhando para o


vestido. — Não é exatamente vermelho, mas ainda acho que
vai ficar bem com sangue de porco se isso acontecer.

Ela acena com a cabeça. — Com certeza. Borgonha pode


realmente ficar melhor com sangue do que vermelho. É o
destino. E este não está à venda? — Ela se aproxima e verifica
a etiqueta sem nem mesmo esperar minha resposta.

— Sim. Acho que este é o vestido.

Depois disso, vamos às compras de sapatos e escolhemos


algumas sandálias de tiras pretas para acompanhar.

Na saída do shopping, passamos por roupas de bebê e


meu humor piora. Tento desviar o olhar dos sapatos
minúsculos e dos vestidos grandes e fofos para bebês recém-
nascidos, mas falho espetacularmente e sinto uma dor de
estômago.
Mamãe se adianta enquanto desacelero para olhar para
um macacão de “garotinha do papai” com calças rosa
combinando.

Hunter seria um bom pai? Ele é muito jovem e certamente


não teve nenhum bom modelo durante a maior parte de sua
vida, mas talvez isso acendesse um fogo sob ele para fazer
melhor por seu próprio bebê.

Oh meu Deus, seu próprio bebê.

O pânico começa a crescer. É exatamente por isso que


tenho me mantido ocupada. Droga, roupas de bebê adoráveis.
Maldito seja até o inferno.

— Uh, você vem?

Começo, virando-me para minha mãe. Ela está parada no


meio do corredor, olhando para mim enquanto eu, sem pensar,
acaricio roupas de bebê.

Deixo cair minha mão como se a roupa pegasse fogo, mas


sei que é tarde demais. Ela já me viu.

— Sim, — digo em um tom muito acentuado,


abandonando a fofura e caminhando até ela.

Claro, ela está me observando mais de perto agora. —


Tendo dúvidas sobre o vestido? Não acho que esse seja o seu
tamanho. — Ela tenta ser leviana, mas posso ouvir a
preocupação em sua voz.

— Alguma vez você se arrependeu de me ter?


Seus olhos se arregalam. — O quê? Não, claro que não.
Você está brincando comigo? Dei à luz a minha pessoa favorita.
Que bênção.

— Eu sei, mas você era tão jovem. Certamente havia


tantas coisas que você queria fazer e que perdeu por minha
causa. E então você tinha que fazer tudo sozinha em vez disso.

Mamãe balança a cabeça com desdém, envolvendo um


braço em volta dos meus ombros e me puxando para um
abraço de lado enquanto caminhamos. — De jeito nenhum.
Quer dizer, sim, é claro que houve experiências que perdi, e
ser mãe solteira não é um passeio no parque, mas não, nunca
me arrependi. Eu não mudaria nada nossa vida. — Ela inclina
a cabeça em consideração. — Bem, talvez plante uma árvore
do dinheiro no quintal quando comprarmos a casa, mas fora
isso, nada.

Olho para ela. — Você nunca se pergunta como seria sua


vida se você não tivesse engravidado tão jovem?

Em vez de se apressar em me dizer não, claro que não,


ela pondera a questão por alguns segundos. — Claro, acho que
sim quando era mais jovem, mas só de me perguntar como
teria sido a vida não significa que me arrependo de nada. Sim,
engravidar aos 17 tornou a vida mais difícil, mas a vida é difícil
para todos, apenas de maneiras diferentes. Se não fosse isso,
teria sido outra coisa que dificultou a vida, e nada mais teria
me trazido você. — Ela me dá um aperto, então me solta para
que ela possa caminhar para o lado do motorista e eu possa
sentar no banco do passageiro. Assim que ambas entramos,
ela olha para mim. — No final do dia, não importa o que eu
poderia ter sido. Eu não gostaria de nenhuma outra vida. Amo
a nossa.

A emoção brota em meu peito. Sinto-me uma grande


idiota quando sorrio para ela. — Também amo nossa vida.

Ela sorri de volta, esticando o braço e acariciando minha


mão antes de pegar sua bolsa e pegar as chaves do carro. — O
que te fez pensar sobre isso?

Encolho os ombros, meu sorriso desaparecendo


enquanto olho pela janela do carro. Eu gostaria de poder
contar a ela, mas não posso. — Só me sinto mal às vezes. Você
trabalha tão duro e sempre o fez. Sinto que sou a razão pela
qual você teve que trabalhar mais duro do que todos os outros
e você não conseguiu ir tão longe.

— Ai.

Seu tom era leve, mas olho para ela, meus olhos se
arregalando de horror. — Eu não quis dizer isso. Sinto muito,
isso saiu tão errado.

Mamãe balança a cabeça, me deixando fora do gancho. —


Entendo. É uma grande desvantagem morar em uma cidade
como esta, onde tantas pessoas têm tanto. Tenho certeza de
que você vê seus colegas de classe que nem piscam ao gastar
centenas de dólares em um vestido que usarão uma vez no
baile da escola e... você aparentemente economizou dinheiro
de aniversário para pagar o seu, e ainda teve que comprar no
rack de liquidação.

Meu estômago se revira. — Não tenho economizado


dinheiro de aniversários.

Mamãe dá de ombros. — Bem, você não tem um emprego


e pagou pelo seu próprio vestido e sapatos. Não pense que não
me sinto mal por isso, Riley. Eu entendo.

— Mãe... — Balanço minha cabeça, desejando não ter


tocado em nada disso agora. — Não quero que você se sinta
mal. Você está brincando comigo? Você é a melhor mãe do
mundo. Não me importo com o vestido ou a dança, não é nada
disso.

— Às vezes é frustrante, você sabe. — Ela verifica o


retrovisor e recua. — Você quer dar tudo às pessoas que ama,
mas não pode dar o que não tem.

— Você me dá tudo, — digo a ela.

— Não é o suficiente. E você tem a faculdade chegando.

Ela diz isso em voz alta, mas sua voz enfraquece. Parece
mais que ela está falando consigo mesma do que comigo.

Sinto-me péssima por tê-la colocado nesta tangente. Eu


nem quis dizer o que disse, eu só tinha que inventar algo que
não fosse – o que trouxe isso é que fiz sexo desprotegido com
Hunter Maxwell, e estou pensando em como minha própria
vida poderia ser prejudicada se não menstruar logo.
Agora, eu meio que gostaria de ter apenas dito isso.

Falo sério quando digo que ela é a melhor mãe do mundo.


Não poderia desejar uma mãe melhor. Ela sempre fez o melhor
por mim e agora me sinto uma ingrata porque ela pensa que
acho que não faz o suficiente por mim.

— Não foi isso que eu quis dizer, mãe. Sinto muito por ter
tocado nisso. Por favor, saiba que não acho isso. Eu te amo e
amo nossa vida, sou extremamente grata por ambos. Você é
uma supermulher. Você não precisa fazer mais por mim do que
já faz.

Mamãe balança a cabeça, suspirando. — Não se


desculpe. Não se sinta mal, eu estava sendo muito sensível.
Isso tem estado muito na minha mente ultimamente, então
aconteceu de você trazer isso à tona, e... — Ela para de falar,
então me olha e dá um sorriso. — Não se preocupe com isso,
querida. Sei que você não quis dizer nada com isso.

Sinto-me um pouco melhor, mas não muito. — Por que


isso está em sua mente ultimamente?

Ela tenta brincar enquanto desliga o carro. — É apenas


uma coisa estúpida para adultos, não se preocupe com isso.

— Mãe, — digo severamente. — Tenho 18 anos. Sou


tecnicamente uma adulta agora.

— Você tem seis anos, — ela afirma.

— Achei que tinha sete anos e queria um pônei.


— Ah, isso mesmo. Veja, você está envelhecendo para trás
como Benjamin Button39.

Não aceito sua dispensa alegre e a deixo fora de perigo;


ela não faria se os papéis fossem invertidos. — Deveríamos
estar lá uma para a outra, lembra?

Mamãe balança a cabeça. — Sou a mãe, você é a filha. Eu


sempre devo estar lá para você. Não é seu trabalho estar lá
para mim.

— Mãe, — digo, olhando para ela. — Vamos. Não sou mais


uma criança. Se você está estressada com alguma coisa,
converse comigo sobre isso. Posso lidar com isso, e tenho
certeza que vai fazer você se sentir melhor tirando isso de seu
peito.

Ela suspira, um pouco em conflito enquanto olha para a


estrada. — Na verdade, há algo que preciso falar com você. Não
está alheio a tudo isso, mas não sei como trazer isso à tona.
Você tem estado tão ocupada com a escola e... vai parecer
loucura. Tentei pensar em uma maneira de não parecer
loucura, mas não consegui encontrar, então acho que isso
significa que é loucura. Talvez essa deva ser minha resposta,
mas...

— Não vou achar estranho ou louco. O que é isso?

39 Benjamin Button é um homem que nasce idoso e rejuvenesce à medida que o tempo passa.
Mamãe olha para mim, parecendo um pouco como um
cervo repentinamente iluminado por um par de faróis. — O que
você acha de Ray se mudar?

Meu queixo cai.

Não é minha intenção, estou tão surpresa.

Não apenas porque ela nem mesmo admite que ele é seu
namorado agora, mas porque mamãe nunca, nunca foi séria o
suficiente sobre qualquer namorado para propor deixá-lo
morar conosco.

— Sei que não estamos juntos há muito tempo, — ela diz


rapidamente quando não respondo. — Acontece que o aluguel
de Ray vai expirar e, se ele renovar, terá que renová-lo por mais
um ano. Em teoria, isso parece perfeito, certo? Em um ano
você estará fora da faculdade e vou morar na casa sozinha, de
qualquer maneira. Que hora melhor para um homem se
mudar?

Abro a boca, mas mamãe não me deixa dizer uma palavra.

— Mas, na prática, é um pouco mais complicado. Lembra


como eu disse a você que Ray estava querendo abrir aquela
academia de boxe e finalmente encontrou um espaço perfeito
para isso, e o preço estava certo, e parecia que finalmente iria
acontecer para ele?

Faz pelo menos um mês desde que ela mencionou isso,


mas aceno com a cabeça. — Lembro.
— Bem, ele não conseguiu o empréstimo. Ele estava
convencido de que iria, mas... — Ela balança a cabeça, os
lábios estreitando-se com pesar. — É mais difícil para ele,
sabe? Com seu histórico, com todo o tempo que ele teve, ele
não tem o tipo de crédito que um homem de sua idade
normalmente teria, então mesmo ele tendo esse plano de
negócios sólido e todo esse fogo... não é o suficiente. Ele não
consegue decolar sem dinheiro. E, honestamente, não tenho
certeza do que ele vai fazer agora, porque este não é o primeiro
empréstimo que ele tentou obter. Acho que sua última
aplicação também foi rejeitada.

— Isso é péssimo.

— É uma merda, — ela concorda. — Ele trabalhou muito


para isso. Ele foi buscar todas as certificações que precisava,
está trabalhando em dois empregos e tentando economizar o
máximo que pode, mas nunca vai conseguir abrir a academia
se tiver que economizar para tudo. Seu trabalho diário é uma
merda, nenhum dos bons lugares quer contratá-lo por causa
de seu histórico. É apenas uma subida íngreme. E isso me
assusta um pouco, porque...

Franzo a testa quando ela para. — Continue. Você não


pode começar uma frase com 'isso me assusta' e depois não
terminá-la.

Espero que ela se apresse para me garantir que não foi


isso que quis dizer, mas ela realmente parece preocupada. —
Isso me deixa nervosa, porque... Seu passado é incompleto,
sabe? E o conheço, conheço sua motivação, sei que ele é um
homem que realiza tudo o que quer. Uma vez que ele está
comprometido com algo, você não pode tirá-lo disso. É
impossível. Ele é a porra de um touro cobrando uma bandeira
vermelha, e agora ele está tentando fazer tudo da maneira
certa, mas é como se ele estivesse correndo em uma esteira.
Ele não pode chegar a lugar nenhum, é apenas um obstáculo
após o outro. Ele quer fazer as coisas da maneira certa, mas
me preocupo com o que acontecerá quando ele esgotar todas
as suas opções legítimas. Ele não vai apenas dizer 'Droga, acho
que não vai funcionar' e desistir. Não está nele. E não só isso...
— Ela suspira pesadamente, sua boca formando um beicinho.

— Pare de brincar de tímida comigo, mocinha, — digo a


ela. — Estamos nessa conversa agora. Fora com isso.

Ela olha para mim, seu olhar pesado de pavor. — Se ele


não conseguir o dinheiro fazendo as coisas da maneira certa,
ele conhece os atalhos. Não quero dizer que ele voltaria às
merdas idiotas que fazia quando criança, mas ele conheceu
criminosos mais sérios na prisão, sabe? Pessoas más. Ele
conhece caras em Boston que não hesitariam em lhe emprestar
o dinheiro de que ele precisa para abrir a academia, mas esse
dinheiro seria imundo e viria com cordas, do tipo que você não
pode cortar.

Essa árvore do dinheiro está parecendo muito boa agora.

Mamãe olha para mim. Ela parece triste e isso faz meu
estômago doer. — Se ele for sugado de volta para aquele
mundo, ele não vai voltar. E não posso ir com ele, — ela diz
com um sorrisinho miserável. — Gosto de assistir a filmes de
Jason Statham; não quero morar sozinha.

Suspiro miseravelmente, transbordando de simpatia pela


situação difícil em que ambos estão.

Sei que Ray quer fazer as coisas certas e viver uma boa
vida com minha mãe, mas entendo o que ela está dizendo. Não
o conheço tão bem quanto ela, mas ele obviamente não é um
homem facilmente dissuadido. Ela o largou e ele não foi
embora. Pelo que ela está dizendo, parece que é provavelmente
assim que ele ataca cada área de sua vida que significa algo
para ele.

— Então, além de apresentá-lo ao creme, o que podemos


fazer para ajudar a mantê-lo no caminho certo e estreito? —
Pergunto, esperando trazer um pouco de leviandade a esta
conversa sombria.

Mamãe abre um sorriso. — Bem, eu estava pensando se


o creme por si só não bastava para mudar as coisas – um tiro
no escuro, obviamente; que problema o creme não pode
resolver? – talvez morarmos juntos faça sentido. Dessa forma,
não gastamos todo o nosso dinheiro em duas famílias
diferentes. Isso o ajudaria a economizar mais dinheiro para a
academia e aliviaria a carga para mim também, tendo alguém
com quem dividir todas as contas. Posso ajudá-lo a construir
seu crédito, então talvez da próxima vez que ele for a um banco
para pedir um empréstimo, eles dirão que sim. Mais
importante, acho que vai ajudar porque vai lembrá-lo de que
ele não está mais lidando com a vida sozinho, ele está em um
time, parte de uma família. Ele não fará nada para nos colocar
em risco, mas pode estar mais inclinado a fazer algo
imprudente se estiver sozinho. Além disso, você sabe, tenho
um pouco mais de controle sobre as coisas se morarmos
juntos. Posso ficar de olho na situação, evitá-lo na passagem
se ele ficar impaciente e começar a pensar em fazer qualquer
coisa estúpida. — Ela olha para mim. — Não diga a ele que eu
disse isso.

Sorrio. — Os meus lábios estão selados.

— Ele entenderia totalmente da maneira errada, — diz


ela, revirando os olhos. — Machos alfa são os piores, não posso
acreditar que me apaixonei por um.

— Também não posso, — digo honestamente, mas acho


meio engraçado. — Você acha que vocês vão se casar?

— Não sei. Não tenho certeza se quero me casar, mas se


o fizesse, provavelmente me casaria com sua bunda difícil e
rebelde.

Ela parece tão ranzinza sobre isso, tenho que rir, apesar
dos tópicos mais sóbrios desta conversa. — Bem... acho que
definitivamente vai demorar um pouco para se acostumar, mas
um de nós iria viver com um homem eventualmente, certo?

— Estatisticamente falando, suponho que seja provável.


— Então, podemos muito bem tentar agora, — digo com
um encolher de ombros. — Gosto muito do Ray e, embora
possa parecer estranho no início, quem sabe? Pode ser bom
passar meu último ano em casa, vivendo como uma família
nuclear.

Mamãe aperta a garganta dramaticamente. — Vou ter que


pegar algumas pérolas.

Aceno em concordância. — Vamos comprar para você um


daqueles vestidos de verão alegres de que você gostou também.

Ela engasga e olha para mim com entusiasmo. — Com


renda?

— Todas as rendas que seu coração deseja, — prometo.


— Por minha conta.

Mamãe sorri para mim e diz de brincadeira: — Aww.


Tenho a melhor filha.

Sorrio de volta, mas realmente falo sério quando digo a


ela: — E tenho a melhor mãe.
Uma vez que mamãe inadvertidamente me garantiu que
mesmo que Hunter me engravidasse, isso não significaria que
minha vida acabaria, paro de me estressar tanto com isso.

Meu teste no Deb's Diner vai bem; ela me pede para vir
na noite de quarta-feira para mais um dia de treinamento e ela
me colocará no cronograma para trabalhar sozinha no próximo
domingo. Dois dias de treinamento não me parecem
suficientes, então levo para casa o cardápio no domingo à noite
para estudar.

Por mais empolgada que esteja por finalmente encontrar


um emprego remunerado, não tenho tanta certeza sobre o
uniforme. A casa de Deb é uma lanchonete bonitinha com um
toque retrô distinto, então, para manter a vibe, todas as
garçonetes têm que usar trajes de jantar por excelência –
vestidos vermelhos justos com aventais de algodão xadrez e
rabos de cavalo altos.

Estou a um passo de distância do uniforme de uma líder


de torcida, mas em vez de pular com pompons gritando — vai,
time, vai! — Viajei no tempo para cá desde 1950 e carrego uma
bandeja com milkshakes e cestas vermelhas forradas de papel
transbordando de batatas fritas.

Sinto que estou me arrumando para o Halloween quando


o experimento, mas pelo menos não tive que pagar por isso.
Extras vou ter que pagar, mas o uniforme inicial é da Deb, só
tenho que devolvê-lo se parar de trabalhar lá.

Na segunda-feira de manhã, recebo outra entrega – um


buquê de flores laranja desta vez, com uma edição especial de
Anna Karenina. No lugar de uma nota, ele incluiu uma citação
do livro no cartão.

'É preciso descobrir o que ele está defendendo, o que é


precioso para ele...'

No contexto do livro, dificilmente é uma passagem


romântica, mas a maneira como ele destacou essa linha para
mim... o significado parece muito diferente.

Suspiro, incapaz de jogar qualquer um dos presentes no


lixo desta vez.

Ele torna muito mais difícil ficar com raiva dele quando
ele me corteja com livros.

Ainda não desbloqueei o número dele.


Entre o trabalho, a casa e as coisas da escola, a semana
voa.

Há uma reunião de incentivo na quinta-feira para animar


todos para o grande jogo de volta ao lar na sexta-feira à noite.
Sorte minha, vou conseguir cobrir para o jornal da escola.

Enquanto abro caminho em direção à frente da multidão,


procuro Sara. Normalmente sentaríamos juntas em algo
assim, mas tenho que tirar fotos, então não posso sentar nas
arquibancadas com ela. Bem quando estou preocupada que
ela ficará presa sentada sozinha, eu a vejo entre as amigas que
não são líderes de torcida de Valerie. Ela está falando com
Sonja Menendez e nem me vê.

Não sei como me sentir sobre essa situação, mas afasto


isso e me concentro na minha tarefa.

A música enche o ginásio. As líderes de torcida do time


do colégio saem, quicando, pulando, até mesmo fazendo
estrelinhas ocasionais. A multidão fica barulhenta e anima a
todos. O MC40 fala com eles, conta algumas piadas e faz alguns
comentários inadequados antes de exortar ruidosamente a
multidão por fazer barulho.

As crianças do coral saem em seguida. As líderes de


torcida ficam para trás, brandindo seus pompons junto com a
melodia enquanto as crianças do coral começam com uma
versão do hino nacional e, em seguida, cantam uma das

40 Mestre de Cerimônias.
canções que estão praticando para a sessão de talentos de
outono.

Depois, o MC fala um pouco mais sobre as líderes de


torcida. Elas passam por uma rotina de torcida mais complexa
com cambalhotas e voar e todos os tipos de foda flexível.

Tiro fotos e espero silenciosamente que, quando for a vez


de Valerie cair, as pessoas que estão embaixo se esqueçam de
pegá-la.

Não tive essa sorte.

Mais música enquanto as líderes de torcida se alinham,


dançam, giram e batem palmas.

O MC diz: — E todos vocês sabem por quem estão


torcendo. Vamos ouvir isso pelo nosso time de futebol do
colégio!

A multidão grita, mas não alto o suficiente. O MC exige


mais barulho e a multidão atende.

Há tanto movimento e barulho na arquibancada que


posso sentir as vibrações dentro do meu corpo. Mas quando os
jogadores de futebol americano começam a sair em suas
jaquetas e acenam para a multidão, o zumbido dentro de mim
não tem nada a ver com o barulho.

Tento ignorar a forma como minhas entranhas ficam


tensas, como parece que estou prendendo a respiração até ver
Hunter.
Achei que ele lideraria o ataque, mas acho que eles
tentaram salvar o melhor para a mentalidade final, porque ele
está no final da linha. Quando ele finalmente emerge e acena
com aquele sorriso vencedor em seu rosto bonito, a multidão
perde sua merda coletiva.

Não estou nem aí para o futebol, mas o entusiasmo da


torcida é contagiante. Até estou começando a sentir um pouco
de espírito de equipe.

Pelo menos, fico até que as líderes de torcida correm para


conduzir a equipe às cadeiras dobráveis colocadas para eles no
fundo do campo (aparentemente eles não podem ser confiáveis
para encontrar essas sozinhas) e Valerie salta para dar um
beijo em Hunter.

Meu coração afunda quando percebo o que ela pretende


fazer. Racha quando ela faz contato.

Mas então percebo... ele se virou. Seus lábios apenas


tocam sua bochecha.

Meu estômago dá uma cambalhota.

Hunter finge que nada aconteceu e Valerie tenta desviar


o assunto, mas quando ela se vira, posso ver como seu rosto
está corado, mesmo por baixo das camadas de maquiagem.

Hunter olha direto para mim como se soubesse


exatamente onde estou neste ginásio lotado desde que ele
entrou. Uma façanha aparentemente impossível neste mar de
corpos, quase todos com as cores da escola.
Então ele pisca para mim.

Meu estômago salta e meu coração dá um salto que


deixaria até mesmo a mais atlética líder de torcida com
vergonha.

Sinto-me enrubescer. Mesmo sabendo que ele não pode


dizer de tão longe, levanto a câmera sob o pretexto de que
preciso tirar algumas fotos. Sério, eu só preciso esconder meu
rosto.

Mais música toca e as líderes de torcida fazem outro


número. Valerie me encontra à margem por puro acidente e me
lança um olhar que deve me afundar quase dois metros abaixo
do ginásio.

Estou tentada a sorrir para ela, mas resisto ao desejo de


ser desnecessariamente cruel. Isso é coisa dela. Sim, eu a
odeio, mas tenho certeza de que ela está envergonhada o
suficiente; não preciso adicionar a isso.

Agora que Hunter está a céu aberto, estou


irremediavelmente distraída pelo resto da assembleia, mas
tento fazer boas anotações. A banda marcial aparece e se
apresenta, então tiro mais fotos.

Finalmente, é hora de anunciar o tribunal do baile. As


cinco melhores garotas e os cinco melhores garotos da classe
sênior, conforme votado pelo corpo discente.
Os caras são anunciados primeiro e não há surpresas:
Hunter Maxwell, Wally Kazinsky, Mark Poplowski, Ryden
Sherlock e Anderson Milner.

Na verdade, o Anderson me surpreende um pouco.

Sei que Hunter não tem privilégios de exibição, mas achei


que ele desencorajaria o suficiente de seus amigos de votarem
em Anderson para garantir que ele não subisse no palco com
ele no baile. Só pode haver um rei e uma rainha, mas a maior
parte da corte também recebe títulos – príncipe e princesa,
duque e duquesa.

Talvez ele tenha decidido não fugir do Anderson desde


que terminei com ele. Talvez seja um gesto de boa fé porque ele
não sabe que decidimos tentar novamente.

Desde então, comecei a duvidar da justeza daquela


decisão tomada às pressas, mas Anderson e eu nos vimos tão
pouco desde então, nem mesmo encontrei tempo para trazer
isso à tona.

Ainda estamos voltando para casa neste fim de semana,


mas estou tendo dúvidas sobre até mesmo ir.

É hora de anunciar as mulheres, então posiciono o cerne


da minha caneta contra o papel e me preparo para anotar
todos os nomes como são chamados.

Valerie Johnson é anunciada primeiro – o choque de


todos os choques.
Reviro meus olhos enquanto escrevo o nome dela, mas
não me preocupo em olhar para cima. Assim que todo o
tribunal for anunciado, tirarei uma foto de todos eles, mas não
preciso de fotos individuais de cada pessoa.

Melina Eggers é a próxima, depois Angelina Adkins. Uma


júnior de alguma forma entra sorrateiramente depois disso.
Valerie lança um olhar confuso para uma de suas amigas
enquanto se aproxima como se dissesse: — Quem diabos é ela?

Sorrio com a vitória surpresa da jogadora de voleibol


animada e me preparo para escrever o nome final.

Só que, quando o MC anuncia, soa muito parecido com


Riley Bishop.

Meu coração acelera.

Isso não pode estar certo.

Há um murmúrio nas arquibancadas, mas ninguém


vibra; eles estão todos tão confusos quanto eu.

Olho para Hunter pensando que talvez ele tenha feito


isso, mas ele parece surpreso também.

O quê?

O MC procura na multidão, aparentemente sem saber


como sou. — Temos uma Riley Bishop na casa?
Sinto que vou vomitar. O calor viaja por toda parte,
fazendo minhas bochechas corarem enquanto hesitantemente
dou um passo à frente.

Isso é um pesadelo. Não sei como eu poderia ter sido


votada, mas andar pelo enorme chão do ginásio com todos me
olhando é literalmente um pesadelo que tive.

— Lá está ela, — diz o MC com um grande sorriso,


claramente sem consciência. — Vamos aplaudir Riley Bishop.

Já que eles estão sendo avisados dessa vez, há uma leve


ovação vindo das arquibancadas.

Meu estômago balança. Minhas pernas tremem. Muitas


pessoas estão assistindo.

— Acho que houve um erro, — digo ao MC, minha voz


tremendo um pouco por causa dos meus nervos irritados.

Ele ri. — Não há engano. Vamos, tome o seu lugar com


todos os outros.

— Escrevo para o jornal. Devo tirar uma foto, não estar


na foto.

Desta vez, ele me ignora e volta sua atenção para a


multidão, que precisa de uma pequena campanha publicitária
agora que meu nome foi chamado.

Sinto-me quente e trêmula enquanto ando para ficar ao


lado das pessoas com quem eu certamente não me encaixo. A
garota do vôlei me abre um sorriso, mas acho difícil olhar para
outra pessoa.

Abordar Hunter em público nunca funcionou muito bem


para mim, e estou aqui em exibição com ele agora.

Ele fica à vontade em uma situação como essa, mas sou


uma bagunça na frente dessa multidão.

Já mal consigo respirar, e então Anderson caminha para


ficar ao meu lado. O horror aumenta quando ele agarra meu
ombro e, antes que eu possa impedi-lo, ele se inclina e me beija
na boca.

Estou horrorizada demais para beijá-lo de volta.

Meu peito parece que vai desabar. Meu olhar salta para
Hunter.

Seu rosto é uma máscara de choque, seus olhos


castanhos fixos em mim, queimando com uma raiva mal
contida.

Anderson não deve notar meu entusiasmo cadavérico,


porque ele coloca o braço em volta dos meus ombros e se vira
para encarar a multidão com um grande sorriso no rosto.

Oh meu Deus.

Estou surpresa de poder ouvir qualquer coisa com os


aplausos da multidão, mas a apenas alguns metros de
distância, ouço claramente Hunter perguntar: — Por que ele
acabou de beijá-la?
— Oh, você não ouviu, baby? — Valerie sorri, colocando
o braço em volta da cintura dele e me dando um sorriso
cintilante e conivente enquanto o abraça. — Eles voltaram
depois da minha festa.
Raiva formiga sob minha pele, enrijecendo meus
músculos enquanto fico ali parado olhando para as
arquibancadas, mas só vendo o vermelho.

As palavras de Valerie são uma explicação, mas aquele


beijo... aquele beijo foi um fodido soco no estômago.

Não importava que ela não estivesse nisso – de novo.

Não importava que ela parecesse absolutamente


horrorizada por eu estar vendo isso.

Ele a beijou e se sentiu confortável o suficiente para beijá-


la, para fazê-lo com toda a escola assistindo.

Ele a beijou e ela o deixou, porra.

Ela voltou com ele.

Inacreditável.

Convido-a para o baile e ela me diz que não.

Acho que isso significa que ela vai com ele.


Ela nem gosta dele. Anderson Milner é o namorado
equivalente à quinta escola de segurança à qual você se
inscreve, não as cobiçadas Ivy Leagues.

Riley merece coisa melhor.

No entanto, ela atirou em mim para ir com aquele filho da


puta.

Aqui estou eu, mandando flores para ela todas as


semanas como um idiota apaixonado, e outra pessoa tem o
prazer de sua companhia.

É melhor que seja tudo o que ele está conseguindo.

Olho para Riley novamente, lembrando o que ela disse


perto do carvalho sobre não gostar de ser o centro das
atenções. Posso ver que ela quis dizer isso. Seu rosto está de
alguma forma pálido e tenso, ao mesmo tempo que está corado
e coberto com um leve brilho de suor.

Valerie está tão orgulhosa de si mesma. Ela mal consegue


se conter enquanto me aperta, de alguma forma pensando que
ganhou o prêmio. Como se eu fosse um maldito troféu que ela
pode exibir para impressionar todos os seus amigos.

Olha o que tenho.

A repulsa se instala em meu intestino. Empurro-a e me


afasto. Está muito quente aqui para ser agarrado de qualquer
maneira, mas se alguém vai se agarrar a mim, não quero que
seja ela.
Meu olhar volta para Riley. Todos foram encorajados a
usar as cores da escola hoje, e embora Riley não seja muito de
espírito de equipe, ela é obediente o suficiente para ouvir
quaisquer regras que fossem lançadas em seu caminho.

Contanto que eles não venham de mim, aparentemente.

Ela está vestindo uma camiseta vermelha da Hawthorne


High – estou surpreso que ela tenha uma – com um cardigã
preto e uma legging preta que abraça sua bunda muito bem.
Seu longo cabelo castanho está solto e nem um pouco
bagunçado, já que ela não poderia imaginar que acabaria na
frente de uma câmera hoje.

Olho para Valerie. Ela sabia que estava escalada, então


ela está toda maquiada, nenhum fio de cabelo fora do lugar,
embora ela estivesse pulando, cílios falsos para que seus olhos
saltassem para a câmera.

O anúncio do tribunal do regresso a casa encerra a


manifestação. Agora é hora de todos irem, exceto nós. Iremos
para o campo e posaremos para fotos.

Riley parece aliviada que essa parte acabou, mas ela


parece um pouco perdida enquanto somos orientados a
caminhar para fora.

Ela ainda está segurando seu caderno como se sua vida


dependesse disso, sua câmera pendurada inutilmente ao seu
lado. Ela está usando a bolsa mais barata que comprei para
ela. Não a vi usar a azul ainda.
Já que não estou sendo legal com ela, Valerie agarra o
braço de Melina e elas se lamentam enquanto seguimos para
o campo.

Olho para a garota do vôlei – não sei qual é o nome dela –


e vejo que ela está com o cabelo e a maquiagem praticamente
unidos. Acelero e passo ao lado dela.

— Ei, você pode ajudar a Riley?

Ela olha para mim, surpresa. — Eu?

Estou muito bravo com Riley, mas não quero que ela fique
envergonhada. — Sim. Ganhe alguns minutos para ela se
acalmar, sacuda aquele olhar de 'cervo nos faróis', talvez
empreste-lhe um brilho labial. O anúncio a pegou de surpresa,
ela não está pronta para ficar na frente de uma câmera.

— Certo. Vou dizer a Tim que algumas de nós, meninas,


precisamos de alguns minutos para se arrumar primeiro.

— Eu agradeceria, — digo a ela.

Não digo a ela quem é Riley, mas apenas uma garota em


campo parece que seu nome acabou de ser chamado para
participar dos Jogos Vorazes em vez da Corte do baile, então
ela é muito fácil de distinguir na multidão.

Fico para trás e converso com Wally enquanto as meninas


se refrescam. Não estou prestando muita atenção nele, mas
duvido que ele esteja falando muito. Só o escolhi para
conversar porque onde ele está, posso ter vislumbres do que
Riley está fazendo ao fundo.

A garota do voleibol a afasta de Anderson, que é a


primeira coisa que ela faz certo. Em seguida, ela conversa com
ela por tempo suficiente para Riley recuperar a compostura.
Sua tez volta ao normal, seus olhos perdem o brilho de puro
terror. Ela ainda tem a presença de espírito de alisar o cabelo,
então a outra garota abre a bolsa e oferece brilho labial.

Riley parece perceber que estamos prestes a tirar uma


foto, então ela enfia a mão na bolsa que comprei para ela e tira
um pó compacto. Eu nem tinha certeza se ela teria um com
ela. Riley não usa muita maquiagem. Ela não gosta de chamar
muita atenção para si mesma.

Enquanto isso, Valerie está conversando com Tim,


organizando sua sessão de fotos. — Estava pensando que
poderíamos dar um tiro aqui na arquibancada. As garotas
podem se sentar com as pernas esticadas à nossa frente, um
joelho para cima – é uma pose padrão de torcida, muitas
garotas fazem isso para fotos de veteranos. Aqueles de nós com
pompons podem sentar na frente e colocá-los no banco à nossa
frente para um pop adicional. Então as outras garotas podem
se sentar na fileira atrás de nós, e a última garota na fileira
atrás dela, então estamos formando um V, e cada uma de nós
pode ter um cara parado atrás de nós. Obviamente, meu
namorado atrás de mim, e as outras garotas com os outros
caras. E então acho que aquela garota aleatória atrás com
Sherlock.
— Obrigado, — murmura Sherlock secamente.

Valerie revira os olhos. — Nem entendo como isso


aconteceu. Pensei que Kaela fosse um bloqueio para o quinto.
Essa garota é pelo menos uma veterana?

Valerie reclama um pouco mais, então Riley e a outra


garota terminam e vêm até nós.

Tim pega a câmera de Riley para que ele possa tirar uma
foto para o jornal, já que ela não poderá fazer isso sozinha.
Valerie e Angelina se sentam na primeira fileira de
arquibancadas e se posicionam.

Eu particularmente não quero ficar com Valerie. Se


Anderson não tivesse acabado de colocar a porra da boca nela,
eu ficaria atrás de Riley, não importa quanta merda isso
acertasse, mas agora estou muito chateado, então tomo meu
lugar atrás de Valerie.

Riley está no banco logo atrás de mim reclamando dessa


pose estúpida. Anderson garante que estamos fazendo outras
poses também, então talvez eles não usem essa.

Ela suspira profundamente. Aposto que ela se sente


idiota sentada ali com a perna estendida como uma líder de
torcida. — Por que não poderíamos ser o casal de trás? — Ela
pergunta. — Nyla e aquele cara não precisam ficar sentados
como idiotas.

Valerie fica tensa na minha frente, ouvindo suas


instruções de encenação criticadas por Riley.
Fico tenso também, ouvindo Riley se referir a ela e
Anderson como um casal.

Só para ser um idiota, coloco minhas mãos em volta da


cintura fina de Valerie e me inclino como se estivesse beijando
seu pescoço. Sério, estou apenas pairando e tentando ignorar
a nuvem de perfume que posso praticamente sentir o gosto
chegando tão perto dela, mas Riley não será capaz de dizer.

— Preparada? — Pergunto, então tenho uma desculpa


para me inclinar assim.

Valerie vira a cabeça para olhar para mim, seus olhos


azuis brilhando de prazer. — Estou sempre pronta, — diz ela,
sugestivamente.

Sim, aposto que você está.

Eu mesmo causei isso, então não posso dizer muito sobre


seu flagrante. Sorrio levemente e me endireito de volta.

Estou extremamente tentado a olhar para Riley e ver que


tom de rosa ela está, mas em vez disso coloco a mão no ombro
de Valerie e me preparo para a foto.

Espero sentir alguma satisfação quando a foto for feita e


eu puder finalmente vislumbrar Riley sem ser óbvio, mas
quando olho para ela, não é satisfação o que sinto.

A mão de Anderson está em volta de sua cintura e ela fica


quieta, sua expressão solene e pensativa. Não tenho certeza se
ela percebe que ele a toca. Se ela o fizer, ela não se importa de
um jeito ou de outro.

Fazemos mais algumas poses e Tim tira mais algumas


fotos, mas Riley não fala novamente. Ela está em seu próprio
mundo, apenas cumprindo as regras conosco.

Sei que fui eu quem a afugentou, mas é um verdadeiro


inferno não ser capaz de alcançá-la.

É um inferno ouvi-la me dizer não e me perguntar se ela


está dizendo sim a ele.

Não me preocupei com isso antes. Eu sabia que Riley


estava esperando por mim. Por um lado, deixei minha posição
tão clara quanto à porra do dia para todos os meus amigos
antes de sair. Não importava quantos continentes existissem
entre nós, se um deles começasse a farejar Riley, eu
descobriria sobre isso e eles aprenderiam muito rápido o quão
longe posso chegar quando estou chateado.

Sempre tive isso dentro de mim, mas passar esses anos


com meu pai e realmente ver de onde veio isso me ajudou a
entender melhor, aprimorar de várias maneiras.

Por mais bravo que eu estivesse com Riley por me mandar


embora, eu nem mesmo teria um relacionamento com meu pai
se não fosse por ela.

Eu não seria quem sou se não fosse por ela.

Não tenho certeza se ela pode dizer o mesmo de mim.


Não tenho certeza se Riley precisa de alguém.

Isso não deveria irritar tanto, mas incomoda.

Quero que ela precise de mim.

A última vez que precisei de alguém mais do que eles


precisaram de mim foi quando minha mãe quase deixou seu
marido me matar. Aquilo doeu como o inferno e, assim que
superasse, jurei nunca mais deixar isso acontecer.

O problema é que Riley não veio depois. Quando jurei me


proteger, ela já havia entrado e deixado uma boa impressão.
Não parecia uma ameaça no momento, porque eu não
precisava me proteger de Riley.

Mas agora ela está aqui com o cara que eu disse a ela
para largar, aquele com quem ela vai sair depois de se
desinteressar por mim, e agora... ela não sente que é tão
inofensiva.

Às vezes fico impressionado com isso, mas às vezes não


consigo suportar a porra do talento dela para dizer não para
mim. Sua capacidade inabalável de se decidir e se manter firme
– mesmo que ela realmente não queira.

Pensei que poderia esperar por ela. Eu tinha certeza de


que poderia puxá-la de volta mesmo se tivesse cruzado sua
linha. Afinal, ela puxou minha bunda de volta depois de virar
minha vida inteira.
Se eu não consigo ficar com raiva dela, ela não deveria
ser capaz de ficar com raiva de mim. Não posso permitir que
ela tenha esse tipo de poder sobre mim se eu não tiver o mesmo
poder sobre ela.

Não deveria ser tão difícil.

Conheço pessoas. Sei que todo mundo está à venda; com


algumas pessoas, você tem que procurar um pouco mais para
encontrar o preço, mas todo mundo tem um.

Riley pode ser única, mas ela ainda é um ser humano –


com todos os defeitos e fraquezas que isso acarreta.

Se eu quiser Riley, posso precisar usar uma moeda


completamente diferente da que estou acostumado. Posso
continuar mordendo-a, mas não irei longe usando os mesmos
métodos ineficazes.

Um tipo diferente de homem poderia prever algo antes


que acontecesse, cortar suas perdas, aceitar a derrota.

Não cabe a mim aceitar a derrota. Não realmente significa


não; significa encontrar outra maneira.

Talvez eu não tenha encontrado o preço de Riley porque


tenho feito ofertas que funcionam para outras pessoas, mas
Riley tem prioridades diferentes. É por isso que pensei que ela
gostaria do livro; era mais pessoal, feito sob medida para ela.
Mas não é o suficiente. Tenho que fazer mais do que fazê-
la me querer. Ela tem que precisar de mim. Ela pode já me
querer – ela ainda vai dizer não.

Ela pode ser tão teimosa às vezes, mas acho que também
posso ser.

Não é como se ela não tivesse me avisado. Ela me disse


que nunca me perdoaria por Valerie.

A maioria das pessoas não fala sério.

Riley faz. Ela quis dizer isso. Mesmo se ela pudesse me


perdoar, ela não se permitiria. Ela deixou sua posição clara
desde o início, e ela vai me responsabilizar, mesmo que isso
custe a nós dois.

Posso tentá-la, mas não posso vencer.

Bem, talvez eu possa, mas não nos meus termos.

Não quero ganhar um lugar permanente em seu coração


confessando tudo. Ela não ganhou seu lugar permanente no
meu, mantendo sua palavra.

Eu queria o seu desejo de que eu superasse todas as


outras besteiras. Eu queria que ela se rendesse.

Mas enquanto Anderson puxa Riley para perto e ela se


inclina entorpecida para ele, percebo que não tenho tempo
para isso.
Se ela dormir com ele por causa do que fiz, nunca vou me
perdoar.
Sara me abandona para ir ao baile em uma limusine com
Valerie e suas amigas no sábado à noite.

Sinto muitas coisas sobre isso. Acima de tudo, ferida.


Abandonada. Traída.

Mas também curiosa.

Hunter estará naquela limusine? Ele é obviamente o par


de Valerie para o baile. Ele pode tê-la envergonhado no ginásio
virando a bochecha, mas isso foi antes de perceber que
Anderson e eu estávamos juntos novamente.

Depois disso, ele a beijou bem na minha frente.

Pensar nisso ainda faz meu estômago doer.

Não quero nem ir ao baile idiota, mas é tarde demais para


desistir. Comprei o vestido e os sapatos e o Anderson apareceu
com um corsage41. Ele fica bem de camisa social bordô e calça

41 Nos Estados Unidos, é tradição em bailes de formatura: os rapazes darem um corsage de presente
para as garotas, simbolizando respeito e consideração. Geralmente é usado no pulso esquerdo.
preta, mas ainda acho que vou terminar com ele de novo esta
noite.

Sei que eventualmente terei que seguir em frente e


superar Hunter, mas não será com ele. Não adianta amarrá-
lo, já que sei disso.

Também ainda não menstruei e, para o caso de estar


grávida, prefiro que não pareça que foi por isso que
terminamos. Quero estar boa e solteira quando começar a
aparecer.

Que coisa para pensar enquanto estou me preparando


para sair para o baile.

— Mais uma foto, — mamãe insiste, nos seguindo até a


varanda da frente.

Olho para ela. — Você já tirou o suficiente.

— Talvez no carro, — ela diz, agarrando-se a qualquer


coisa.

Olho para o Lexus prata de Anderson. É um bom carro,


com certeza, mas não é exatamente uma carruagem puxada
por cavalos. Olhando de volta para mamãe, balanço minha
cabeça. — Tenho que traçar uma linha em algum lugar. É isso.
Não preciso mais disto. Você já tirou fotos suficientes.

Ela faz beicinho. — Mas você está tão bonita!

— Prometo ficar bonita novamente em algum momento


no futuro, aí você pode tirar mais fotos de mim então.
Mamãe me lança um olhar sujo. — Morda a língua, você
sempre está bonita.

— Vamos nos atrasar, — digo a ela.

— Eu deveria ter me oferecido como acompanhante, —


diz ela. — Eu poderia ter tirado fotos furtivas à noite toda.
Talvez eu devesse entrar sorrateiramente...

— Mamãe.

Ray estende a mão, agarrando-a pelos quadris e


puxando-a de volta contra ele. Colocando os braços em volta
da cintura dela, ele diz: — Não se preocupe, garota, vou
garantir que ela se comporte bem. Vocês, divirtam-se. — Ele
olha para Anderson com os olhos mortos. — Só não seja muito
divertido.

Suspiro dramaticamente, agarrando a mão de Anderson


e puxando-o em direção ao carro. — Deus, vocês são tão
constrangedores.

— Nós te amamos, — mamãe responde. — Esteja segura.


Divirta-se! Mande-me uma mensagem se precisar de alguma
coisa.

Apesar do meu aborrecimento fabricado, não consigo


evitar um sorriso encantado no rosto quando me jogo no banco
do passageiro do carro de Anderson.

Minha mãe não é novidade, ela sempre esteve lá sendo


louca, mas ter uma figura paterna para acompanhá-la? Essa é
uma experiência totalmente nova. Não odeio ter um homem
protetor por perto para maltratar meus namorados e fazer
companhia à mamãe enquanto eu estiver fora.

— Você está animada? — Anderson pergunta, percebendo


meu sorriso ao ligar o carro.

— Para a dança? Não.

— Oh.

— Sem ofensa, — digo rapidamente. — É só que eu já


estava um pouco preocupada em ter um balde de sangue de
porco despejado na minha cabeça esta noite, e agora estou na
quadra do baile. Isso está começando a parecer muito menos
rebuscado. — Olho para ele. — Se eles chamarem meu nome
para ser rainha e as portas do ginásio começarem a se fechar,
não se surpreenda.

Anderson franze a testa. — Huh?

Espero um segundo para clicar, mas quando ele continua


a me encarar como se eu tivesse dito algo estranho – bem, mais
estranho do que o que eu realmente disse – franzo a testa para
ele. — Carrie? Você gosta de Stephen King, como você perdeu
essa referência?

— Oh. Certo. — Ele balança a cabeça, verificando o


retrovisor antes de começar a recuar para fora da garagem. —
Bem, se você tem poderes telecinéticos secretos que não sei,
certifique-se de usá-los para esmagar Hunter, não eu.
Balanço minha cabeça. — Não foi Hunter. Ele ficou tão
chocado quanto eu quando chamaram meu nome. Acho que
foi Valerie. Em face disso, ela me odeia, então por que ela iria
querer que eu tivesse a glória do tribunal do baile? Mas isso é
emocional e míope. Ela é inteligente o suficiente para jogar o
jogo longo. Só não sei se é um jogo longo. Realmente pode ser
sangue de porco. Talvez ela seja uma fã secreta de filmes de
terror.

Anderson parece não estar nem um pouco interessado na


minha teorização. Seu tom beirando a irritação, diz: — Não
acho que Valerie seja tão ruim assim. Acho que você quer
pensar que ela é porque ela está namorando Hunter.

Pisco para ele. — Com licença? Ela condenou Sara por ter
epilepsia – isso é péssimo para uma pessoa, e não tem nada a
ver com Hunter.

— E agora ela está levando Sara para o baile, — ele


aponta. — Merda acontece. As pessoas superam isso e seguem
em frente. Não você, eu acho, mas a maioria das pessoas.

Não aprecio seu tom. Sua defesa de Valerie Johnson é


ainda mais repelente. Ele sabe agora como ela me tratou ao
longo dos anos, e nunca fiz nada com ela.

Bem, dormi com Hunter na festa, mas antes disso eu não


tinha – e eu não sabia que ela estava com Hunter naquela
noite. Mesmo odiando-a, eu não teria feito isso se soubesse.
Isso foi Hunter, não eu.
Mais uma vez, Anderson não está do meu lado, então
cruzo as mãos no colo e fico olhando pela janela, em vez de
falar com ele.

Quando chegamos à escola, já tem muita gente.


Enquanto caminhamos em direção ao ginásio, algumas
pessoas parabenizam Anderson pela grande vitória do time na
noite passada.

O ginásio está pronto para o baile, então está escuro, mas


com luzes coloridas como se estivéssemos em um casamento.

Há um cenário bem iluminado preparado para fotos


quando entramos pela primeira vez. HOCO42 está estampado
em uma placa no meio.

Há uma fila curta. Não quero falar com Anderson, então


olho em volta enquanto esperamos.

O baile de boas-vindas não é tão grande quanto o baile


será, mas ainda é um cenário muito elegante. Há comida e
bebida, e mesas ao redor da pista de dança para as pessoas se
sentarem se precisarem de uma pausa.

Vejo Valerie na multidão e meu estômago embrulha. Ela


está deslumbrante em um vestido vermelho cintilante e
decotado, com uma fenda na coxa. Seu cabelo loiro está com

42 HOCO é abreviação de Homecoming Dance (Baile de Boas-vindas) que acontece entre setembro
e outubro, quando o ano letivo está começando. Diferentemente do Prom, que é considerado o evento
mais importante do high school, o Homecoming é mais casual e, muitas vezes, temático. Outra grande
diferença também fica por conta do público, já que o Homecoming recebe todos os alunos da escola,
enquanto a formatura é destinada, geralmente, para as turmas que estão nos dois últimos anos
(juniors e seniors).
um penteado chique, e ela tem um grande sorriso no rosto
enquanto conversa com algumas pessoas.

Hunter está bem ao lado dela. Ele parece incrível, mas


entediado. Você pode dizer que ele está muito mais à vontade
aqui do que qualquer outra pessoa. Estamos todos vestidos e
brincando de fingir esta noite, mas pela maneira casual como
Hunter se comporta, tenho a impressão de que ele
provavelmente passou um tempo em ambientes mais
impressionantes do que este quando estava na Itália e não vê
o porquê de tanto alarido.

O terno que ele está vestindo lhe cai como uma luva. É
preto com detalhes em vermelho e me faz sentir estúpida por
pensar que o Anderson estava bonito antes.

Anderson parece que vai à igreja com sua avó. Hunter


parece que está esperando o fotógrafo GQ aparecer para que
ele possa fazer as fotos e dar o fora daqui.

Também quero dar o fora daqui. Eu gostaria de poder ir


com ele.

Afastando esse pensamento errôneo, tento mudar meu


foco de volta para o que estou fazendo, mas não adianta. Não
quero tirar uma foto minha com o Anderson. Gostaria que Sara
estivesse aqui como planejamos.

Sara.

Ela veio com Valerie, então olho para trás, mas não a vejo
com Hunter e Valerie. Há tantas pessoas aglomeradas ao redor
deles, talvez eu só esteja sentindo falta dela no meio da
multidão, mas o fotógrafo diz: — Próximo, — então não tenho
tempo para verificar mais detalhadamente.

Nossa pose parece rígida. Provavelmente é minha culpa.


Estou brava com Anderson e não quero seus braços em volta
de mim, então não consigo sorrir muito.

Já estou infeliz e acabamos de chegar.

Eu não deveria ter vindo esta noite. Eu sabia que seria


um momento ruim. Pelo menos Anderson poderia ter
perguntado a outra pessoa e talvez ele tivesse se divertido
melhor.

O idiota.

— Você está com sede? — Ele pergunta.

Por que você não vai perguntar a Valerie?

Ugh, estou mal-humorada.

Precisando me afastar dele, me viro e digo: — Vou ver se


consigo encontrar Sara.

— Tudo bem. Alcançarei meus amigos, então. Venha me


encontrar quando terminar.

Aceno e me afasto na multidão.

Assim que estou a poucos metros dele, sinto que posso


respirar novamente. Ainda não estou animada por estar aqui,
mas o aperto claustrofóbico diminuiu.
Infelizmente, desde que Sara veio com Valerie e sua
tripulação, encontrá-la significa abordá-los.

Tento manter minha distância e verificar o perímetro em


vez de me jogar bem na frente de sua mira, mas Hunter me
nota. Posso dizer pela ligeira mudança em sua postura, então
ele olha para mim, seus olhos escuros, e meu estômago dá
uma cambalhota.

O calor sobe pelo meu pescoço. Sinto-me encurralada,


embora ele esteja a cerca de 3 metros de distância. Várias
pessoas estão entre nós, mas parecem desaparecer quando ele
olha para mim. Ele também não desvia o olhar. Torna difícil
respirar.

Parp atrás de alguém alto e fico lá por um momento, já


que Hunter não pode olhar para mim se ele não puder me ver.
Quando espreito além do cara alto alguns segundos depois, o
foco de Hunter mudou de volta para seu público. Sua mão ao
redor da cintura de Valerie também.

Idiota.

Sei que ele está fazendo isso para meu benefício, mas
ainda dói.

Finalmente encontro Sara no meio da multidão. Ela está


sozinha à margem da tripulação de Valerie, sorrindo em sua
direção geral como se ela fizesse parte de qualquer conversa
que eles estivessem tendo, mas ela é uma observadora.
Nem tenho certeza de como será a recepção, mas me
aproximo dela mesmo assim. — Ei.

Seu olhar se volta para mim como se estivesse surpresa.


— Ei.

Forço um sorriso e olho ao redor. — Homecoming. É


barulhento.

Ela acena com a cabeça solenemente. — Acho que esse é


o slogan que eles pintaram nos banners.

— Do contrário, deve ser no ano que vem. Vou deixá-los


ter essa pepita criativa de graça.

— Muito filantrópico de sua parte.

— Você me conhece, sempre apoiando a educação. —


Perco uma batida. — Como você tem estado? Não conversamos
muito ultimamente.

— Sim, as coisas têm estado malucas. — Ela olha para


baixo, mexendo com a bolsa que trouxe com ela. — Tenho
estado bem. E você?

— Basicamente o mesmo. Nenhum período ainda. Tenho


certeza de que já se passaram 500 dias, então...

— Caramba. — Seu olhar muda para Hunter. — Você já


disse ao papai do bebê?

Balanço minha cabeça. Estou tentada a me juntar a ela


para olhar o belo destruidor de vidas, mas não quero que ele
me pegue. — Então, você veio aqui com eles, certo? Como foi
isso?

— Bom. Estranho, — ela diz, franzindo a testa. — É como


se eles fossem adultos. Eles tinham champanhe na limusine.
Champagne. E ninguém disse nada.

Sorrio levemente. — Não acho que as regras padrão se


apliquem aos belos e privilegiados. Wally foi com eles?

Seu rosto fica vermelho e ela balança a cabeça, olhando


para mim. — Ele se sentou bem ao meu lado.

— De jeito nenhum, — digo, meus olhos se arregalando


de empolgação por ela. Acho-o estúpido, mas ela gosta dele,
então estou feliz por ela. Ainda um pouco preocupada, mas não
quero matá-la.

Ela sorri e acena com a cabeça. — Sim. Ele cheira tão


bem. Como os meninos cheiram tão bem?

— Bem, estou feliz que você se divertiu.

— Sim, me diverti, — ela concorda. — Mas houve quase


uma briga de gatos. Valerie não falou com Melanie Taggart
desde que saímos da limusine.

— Por quê? O que aconteceu?

— Pai do seu bebê. Melanie sentou-se do outro lado dele


e teve a audácia de tocar sua coxa. Valerie a pegou, e ela está
compreensivelmente mais preocupada com coisas assim desde
Hunter... — ela para, percebendo o que está prestes a dizer. —
Bem, já que ele dormiu com você.

Tento sorrir, mas é frágil. — Certo.

Sara me lança um olhar de desculpas. — Desculpe.

Encolho os ombros sem palavras e olho para Hunter por


cima do meu ombro. Estamos parados atrás dele, então ele não
me pega.

— Ele não age como o namorado dela, — Sara desabafa.

Meu olhar volta para Sara.

— Ele não é afetuoso com ela, — ela continua, sua voz


baixa, mas alta o suficiente para eu ouvir. — Ele não a beija
ou a toca. Ele parece completamente desinteressado por ela.
Você vê o vestido que ela está usando esta noite, certo? Ele
nem mesmo a verificou. Eu a verifiquei. A maioria dos
namorados não conseguiria tirar as mãos da namorada em um
vestido como aquele, mas Hunter parecia tão interessado
quanto se Wally o usasse.

Por mais que aprecie o que ela está tentando fazer, a


última coisa que quero fazer é falar sobre Hunter e Valerie. O
fato de que há um Hunter e Valerie me faz querer vomitar.

Olho para Sara, com a intenção de conduzir a conversa


para águas mais suaves, mas quando o faço, posso ver que
perdi sua atenção. Seu olhar está fixo em um ponto atrás de
mim com o olhar estúpido e semiparalisado que só vejo em seu
rosto quando ela está olhando para Wally.

Então ouço sua voz atrás de mim. — Quer dançar?

Um sorriso impotente divide o rosto de Sara e ela acena


com a cabeça. — Alcançarei você mais tarde, Riley, — ela diz,
caminhando em direção a ele como se estivesse em transe.

Saio de seu caminho e ofereço um pequeno sorriso. —


Tudo bem. Divirta-se.

Olho para Wally, esperando ver alguma indicação de afeto


em seu rosto. Se ele está sentindo algo além de um vago tédio,
não sei dizer. Isso me deixa nervosa.

Por instinto, olho para trás em direção a Valerie enquanto


Wally e Sara caminham para a pista de dança.

Ela também está olhando para mim. Com um sorrisinho


presunçoso, ela acena para mim.

Reviro meus olhos e vou embora.


O corpo estudantil está reunido em torno do palco
enquanto o diretor fica vagando, falando sobre a vitória do
nosso time contra a escola rival e um monte de outras merdas
que ninguém liga.

Bem, tudo isso provavelmente é uma merda com a qual


alguns deles não se importam, mas mesmo aqueles que não se
importam com o cerimonial do baile estão provavelmente
impacientes para fazer a música tocar novamente, e isso não
pode acontecer até depois desses anúncios.

Finalmente, o diretor chega à parte que todos


esperávamos.

Ele pede que o tribunal do baile se reúna em frente ao


palco. Nunca fui para o baile antes, então não sabia que
teríamos que estar todos perto um do outro, mesmo se alguns
de nós não chegue à etapa final.

Relutantemente, me aproximo para ficar com Anderson


no final da fila. Assim que estamos todos lá, o diretor pede à
multidão que nos ajude.
— Tudo bem, senhoras e senhores, agora para a parte
que todos vocês estavam esperando!

Há alguns gritos de concordância da multidão.

— Vamos colocar nosso primeiro casal no palco. Seu


duque e duquesa, Melina Eggers e Wally Kazinsky!

Todos aplaudem quando Melina e Wally saem da fila e


sobem no palco para pegar suas faixas.

— Isso mesmo, vamos dar-lhes uma salva de palmas. —


Ele olha para eles com um grande sorriso. — Parabéns pessoal.

Eles sorriem e acenam, agradecendo ao público pelos


votos, mas dá para perceber que eles não estão muito
animados por estarem em terceiro lugar.

— Tudo bem, — diz o diretor, abrindo teatralmente o


próximo envelope. — E para o nosso príncipe e princesa do
Homecoming, vamos dar uma salva de palmas para Riley
Bishop e Anderson Milner!

O quê?

Estou atordoada demais para me mover, então Anderson


agarra meu pulso e me arrasta levemente em direção à escada
que leva ao palco.

— Espere, — digo, mas a multidão está barulhenta


demais para ele me ouvir. — Não quero...
Ele me puxa para o palco com ele, de qualquer maneira.
Meu rosto queima com tantos olhos em mim. Eles estão
batendo palmas dessa vez, mas provavelmente só porque
foram mandados – ou talvez porque gostem de Anderson, não
sei.

Arrasto-me atrás dele e me viro para encarar a multidão,


mas meu estômago está enjoado.

A história da Carrie começou como uma piada, mas não


entendo por que estou aqui agora, a menos que seja por um
motivo terrível. Não há nenhuma maneira no inferno de o corpo
estudantil ter me votado princesa do baile. Pode haver uma
seita de pessoas que odeiam Valerie por causa de suas
besteiras de menina malvada, que iria torcer para alguém
derrubando-a com uma estaca ou duas, mesmo que fosse por
dormir com o namorado. Mas essa seita seria pequena, uma
minoria, sem gente suficiente para votar em mim no tribunal
do baile – muito menos para me garantir uma coroa.

Engulo nervosamente quando Lyndsay Edwards vem até


mim com uma tiara e uma faixa. Ela sorri enquanto coloca a
tiara na minha cabeça, então ela cuidadosamente coloca a
faixa em volta de mim para não bagunçar meu cabelo.

Olho para baixo, experimentando um momento de


surrealidade enquanto olho para a faixa carmesim que me
rotula como princesa do baile.
Olho para cima, com a intenção de olhar para a multidão,
mas meu olhar está preso em Hunter. Ele se virou, me olhando
com olhos famintos. Acho que até vejo um lampejo de orgulho.

Mesmo que eu não acredite que ele está por trás disso,
tenho um flashback do ensino médio. Lembro-me dele
querendo me comprar roupas novas para que seus amigos
superficiais me aceitassem.

O diretor se dirige à multidão novamente. — Ok, agora


para o momento que vocês realmente estavam esperando.
Posso ter um rufar de tambores, por favor?

A multidão aplaude e as pessoas começam a bater as


palmas das mãos nas coxas.

— Sua rainha e rei do baile são ninguém menos que...


Valerie Johnson e Hunter Maxwell!

A multidão enlouquece. Hunter se vira, sorrindo e


agradecendo a todos. Valerie pega a mão dele e o puxa para o
palco com ela.

Meu estômago se retorce dolorosamente com a visão, e


espero que não apareça no meu rosto.

Valerie sorri para mim, seus olhos frios enquanto ela sobe
as escadas para o palco. Sua expressão se aquece quando ela
se vira, ainda segurando a mão de Hunter, para agradecer seus
súditos reais. Ela finge modéstia e acena, jogando beijos e
agradecimentos como se fossem doces em um desfile.
A coroa que eles dão a ela é muito maior do que a minha.
A coroa de Hunter é parecida com a de Anderson, mas mais
sofisticada. Uma coroa vermelha com forro de pele sintética
adequada para o rei da escola.

Mesmo que eu não goste de tudo isso, um leve sorriso


puxa meus lábios. Estou feliz que ele ganhou. Sei que ele gosta
desse tipo de coisa.

Não estou feliz por Valerie ser sua rainha. Estou ainda
menos contente com isso quando ela estende a mão para pegar
a mão dele novamente, mas desta vez ele a sacode, tentando
pegar o cetro que Lyndsay está segurando para ele.

Oh meu Deus, eles deram a ele um cetro.

Não posso deixar de sorrir e balançar minha cabeça.

A cabeça de Hunter é grande o suficiente; ele não precisa


de um cetro.

— Tudo bem, pessoal, vamos saudar o nosso tribunal


mais uma vez. — Todos aplaudem e brindam. — E agora, para
a primeira dança de nossa realeza do Homecoming.

O corpo discente se reúne enquanto nos dirigimos para o


centro da pista de dança com nossos respectivos parceiros.

O diretor anuncia que a próxima música é um retrocesso


que os acompanhantes irão apreciar, então os acordes de
abertura de Time After Time de Cyndi Lauper começam a tocar.
Eu realmente não quero dançar com o Anderson, mas ele
é meu príncipe, então tenho que dançar. Enquanto coloco
minhas mãos em seus ombros, é em Hunter que estou
pensando, então meu olhar vagueia em sua direção.

Ele está olhando para mim também. Mais


especificamente, ele está olhando para as mãos de Anderson
em mim, seus olhos se estreitaram com aversão.

Sinto-me da mesma forma ao ver os braços de Valerie em


volta de seu pescoço.

Anderson e eu dançamos como duas pessoas relutantes


em se tocar, mas é claro que Valerie está pressionada o mais
perto possível de Hunter, olhando para ele com carinho,
mesmo quando ele olha para outra garota. Quase admiro sua
capacidade de ser tão deliberadamente obtusa.

Não possuo a mesma habilidade, então olho para longe


deles.

Estou com muito ciúme para assistir. Isso faz minha pele
arrepiar.

Isso é péssimo. Tudo sobre isso é uma merda.

No entanto, é uma droga apenas por mais alguns


segundos.

O rei e a rainha do baile dançam perto de nós. Franzo a


testa quando percebo isso. Durante esta dança, somos os
únicos três casais na pista de dança, então há muito espaço
para se espalhar.

Mal tenho tempo de registrar Hunter e Valerie bem ao


nosso lado, então, em um movimento sem precedentes, Hunter
pergunta a Anderson, — Quer trocar?

— O quê? — Anderson pergunta, como se estivesse


confuso.

— O quê! — Valerie sibila, horrorizada.

Hunter acena de Valerie para mim. — Vamos trocar.

— Hunter, — Valerie reclama, lançando-lhe um olhar. —


Não! Esta é a nossa dança. Você pode dançar com ela depois.

Hunter me olha nos olhos. — Nah. Quero dançar com ela


agora.

— Você não pode estar falando sério, — Valerie diz, sua


voz baixa e irritada. — Você realmente não vai me humilhar
assim.

— Não faça uma cena e você não será humilhada, — diz


ele, olhando para ela. — De qualquer forma, estou dançando
com Riley. — Ele olha para Anderson, seu olhar frio. — Você
tem algum problema com isso?

Anderson zomba, balançando a cabeça e se afastando de


mim. — Quer saber, vá em frente.
— Anderson! — Valerie chora, olhando para ele como se
ele a tivesse decepcionado.

Como se Anderson pudesse impedir Hunter de fazer


exatamente o que ele quer fazer.

Ninguém me pergunta o que quero, mas certamente não


discuto enquanto Anderson agarra Valerie e a arrasta para
longe, praticamente chutando e gritando.

Hunter sorri, agarrando minha cintura e me puxando


para perto dele.

Inclino minha cabeça, um sorriso relutante em meus


lábios enquanto coloco meus braços ao redor de seu pescoço.
— Isso não foi muito bom.

Sinto o movimento de seus músculos quando ele dá de


ombros. — Não sou muito legal.

— Isso não é verdade, — argumento, olhando para ele. —


Você é legal às vezes.

— Você é a única pessoa com quem me importo em ser


legal.

Meu coração bate forte.

Quando eu estava dançando com Anderson, eu estava tão


ciente de todas as pessoas nos observando, mas nos braços de
Hunter, o resto do mundo desaparece.

— Bem, estou feliz que você interrompeu, — admito.


— Sim?

Concordo.

— Por quê?

Meu olhar permanece naqueles lábios perfeitos dele, mas


procuro uma resposta alegre para que ele não pense que estou
pensando em beijá-lo. — Sempre quis dançar com um rei, —
provoco.

Hunter sorri. — Oh sim?

Aceno novamente. — Não conte a ninguém.

— Pode ser o nosso segredinho, — ele me garante.

É tão fácil ser puxada de volta para ele. Suspiro, curtindo


a sensação de ser abraçada por ele muito mais do que deveria.

Está ficando cada vez mais difícil fingir que não o quero.
Tudo o que realmente quero é retroceder nas últimas semanas.
Para impedi-lo de fazer coisas estúpidas para arruinar nossas
chances.

Suponho que haja outra opção. Eu poderia simplesmente


ceder.

Mas não vou.

Ele não consegue me machucar por estar com ela e depois


me ter, de qualquer maneira.
Se Hunter me quiser, ele precisa consertar o que não pode
ser consertado. Uma façanha impossível.

— O que você está pensando?

Olho para ele. Estou tentada a dizer a verdade, mas antes


que possa responder, sou distraída pela visão de Valerie
correndo pela pista de dança em um borrão vermelho atrás
dele.

Franzo a testa, observando-a correr para a multidão à


nossa direita. Não posso dizer o que ela está dizendo enquanto
balança a cabeça, mas ela empurra alguém na multidão com
urgência e olha para trás.

Olho para Hunter, para ter certeza de que ele não viu.

Olho além dela para as pessoas que ela está empurrando


no meio da multidão. Eles estão virados, então não posso dizer
quem eles são, mas eles estão vestidos de preto – não
formalmente – e carregando algo. Quase se parece com um
grande balde de tinta branca, do tipo cinco galões.

Observo, minha carranca se aprofundando, enquanto ela


os empurra no meio da multidão, tentando apressá-los para
frente. Pelo que parece, antes que Hunter perceba.

— Ei.

Olho de volta para Hunter. Agora ele está carrancudo


também.

— O que está errado? — Ele pergunta.


— Você viu aquilo? — Pergunto, embora eu saiba que ele
não perguntou. Valerie correu atrás dele, e ele estava de costas
para a multidão. — Ela só…

Hunter se vira para olhar agora, mas Valerie já está


perdida na multidão.

— Baldes. Eles tinham baldes. Oh, meu Deus, ela


realmente faria a Carrie comigo, — digo, horrorizada, mas
também de alguma forma divertida. — Ela nem mesmo é
criativa o suficiente para inventar suas próprias pegadinhas
horríveis. Por que estou surpresa?

Hunter fecha a cara. — O que você está falando?

— Valerie. Ela apenas correu pela pista de dança e


perseguiu alguém no meio da multidão. Ela ia até agir como
em Carrie comigo durante o baile da realeza, mas então você
interrompeu. Ela não queria fazer isso com você, então ela
cancelou. Eu sabia que não era louca. Eu sabia que ela estava
planejando algo.

— Ela estava planejando encenar a Carrie em você?

— Banhar-me em sangue de porco. Quer dizer, não sei se


ela realmente usaria sangue de porco, mas deve ter algo para
jogar em mim naqueles grandes baldes brancos.

Ele deixa cair às mãos e olha para a multidão. — Para


onde ela foi?

Aponto.
Hunter balança a cabeça. — Tudo bem, tenho que cuidar
de algo. — Ele aponta para mim. — Você largue o maldito
porta-bolsa de verdade desta vez.

— Hunter, — chamo quando ele sai da pista de dança e


segue Valerie.

Ele não se vira, ele me deixa lá com a música ainda


tocando. Olho para Anderson, igualmente abandonado por
Valerie.

Anderson olha para mim, mas não se move em minha


direção como se quisesse retomar nossa dança.

Fico lá e olho para ele, sem saber o que dizer.

Perceber que todos estão assistindo e terminar a dança


com ele seria muito estranho, me viro e fujo da pista de dança.
Depois que Hunter se foi por alguns minutos, Valerie
reaparece no ginásio.

Ela parece um pouco corada, talvez até envergonhada,


mas não sei se ela está nervosa porque sua brincadeira saiu
do curso ou por causa do que aconteceu entre ela e Hunter
quando ele a alcançou.

Supondo que ele a tenha alcançado.

Eu quase terminei a dança, mas não posso ir embora até


que Hunter volte. Sei que poderia enviar uma mensagem de
texto para minha mãe e pedir a ela para vir me buscar, ou
inferno, eu poderia até caminhar para casa (embora não fosse
muito divertido com essas sandálias de salto), mas estou
começando a ficar um pouco preocupada por Hunter não
voltar.

Ele se foi há muito tempo. Por que ele não voltou?

Anderson vai até a mesa em que acampei. Suas mãos


estão nos bolsos, sua cabeça baixa. Olhando para ele, me sinto
um pouco culpada por arruinar sua noite, mesmo que eu não
tenha iniciado nenhuma das besteiras sozinha.

— Ei, — ele diz, em voz baixa.

Distraidamente traço o contorno da tiara que tirei e


coloquei sobre a mesa. — Ei.

— Então... vamos ficar? Ainda te levarei para casa?

— Não sei, Anderson, — digo cansada.

— Você tem que verificar com seu chefe? — Ele pergunta,


seu tom levemente afiado.

Olho para ele, com os olhos mortos. Estou prestes a


responder quando Sherlock esbarra nele.

— Oh, merda, desculpe Milner. — Ele sorri, sacudindo


seu frasco e oferecendo a Anderson. — Parece que temos um
pré-jogo um pouco difícil. Quer um pouco?

Anderson balança a cabeça. — Estou bem.

Sherlock aponta para mim. — Parabéns pela sua coroa,


Bishop.

— Obrigada, — digo, franzindo a testa. Ryden Sherlock


nunca falou comigo.

— Vocês, crianças, divirtam-se, — diz ele antes de se


afastar.
— Diversão, — Anderson comenta. — É isso que estamos
tendo?

Balanço minha cabeça, olhando para a coroa novamente


enquanto brinco com ela. — Acho que devemos terminar.

— Sim. — Ele olha para o chão do ginásio. — Meio que


percebi.

— Sinto muito, — digo, olhando para ele. Minha mão fica


parada na coroa e achatada contra a mesa. — Não era minha
intenção sacudir você. Eu realmente pensei que voltar naquele
dia era a escolha certa. Tive todos esses pensamentos
estúpidos que você provavelmente não quer ouvir neste
momento.

Anderson puxa a cadeira à minha frente e se senta. —


Nah, você pode.

Sorrio levemente, olhando para a mesa. — Hunter e eu


temos essa coisa, acho que você poderia chamar de uma piada
interna, mas... você já leu Hunger Games ?

Anderson balança a cabeça. — Vi os filmes.

Concordo. — Bem, no ensino médio eu o fiz ler os livros.


E tive essas opiniões muito entusiasmadas sobre o triângulo
amoroso que corre ao longo da série. Veja, no começo são
apenas Gale e Katniss, e eles compartilham esse vínculo, eles
se entendem, eles estão completamente sintonizados um com
o outro, eles trabalham juntos para sobreviver e cuidar um do
outro. Eles eram uma equipe e eu simplesmente os amava.
Mas então Peeta entra em cena, e ele não é como Gale em tudo.
Gale é... mais... — Paro, tentando pensar em como expressar
isso. — Talvez dominante seja a palavra que estou
procurando? Mais brutal? Mais agressivo e responsável? Ele
desafia Katniss a mais. Eles estão confortáveis e familiarizados
um com o outro, mas em certo sentido, Gale é a escolha menos
confortável.

— Tudo bem, — ele diz, me observando.

— Mas Peeta, ele é mais suave e gentil. Eu não diria que


ele entende Katniss da mesma forma que Gale, mas ele está
sempre lá para ela. Ele é um cara muito bom, e ele realmente...
ele é bom para ela. — Olho para baixo, muito constrangida
para encontrar o olhar de Anderson quando digo a próxima
parte. — No ensino médio, desenvolvi uma paixão massiva por
Hunter Maxwell. Não foi por nenhum dos motivos que as
outras meninas da nossa classe tinham. Tropecei com ele na
floresta atrás de sua casa um dia e acabamos desenvolvendo
nossa própria conexão secreta. Em minha mente, ele se tornou
meu Gale.

Anderson acena com a cabeça, começando a entender. —


Sou o Peeta nesta comparação?

Olho para cima. — Sim, mas não de um jeito ruim. Depois


daquela noite na festa de Valerie, comecei a pensar que talvez
eu fosse muito dura com Peeta. Ele era um cara legal. Acho
que só fiquei brava com ele por atrapalhar. Provavelmente não
fui totalmente justa com ele. Se eu reler a trilogia agora, não
acho que teria tantos problemas com ele. Eu provavelmente
ainda queria Katniss e Gale juntos, mas naquele dia quando
fizemos o piquenique no parque... Entendi como ela começou
a ter sentimentos pelo cara que estava lá quando ela realmente
precisava que ele estivesse. Quando ela deu a ele todas as
razões do mundo para não estar, e ele ainda estava lá de
qualquer maneira. E eu realmente pensei que talvez eu tivesse
entendido tudo errado e talvez... talvez fôssemos a resposta
certa.

Anderson não fala nada na hora. Ele olha para o linho


vermelho estendido sobre a mesa, perdido em pensamentos.
Finalmente, seus lábios se curvam e ele diz: — Fui sua escolha
segura.

Não posso negar. Isso seria mentira. — Não há nada


inerentemente ruim sobre a escolha segura, — digo em vez
disso.

Seus lábios se curvam ainda mais com um toque cínico


de humor. — Você não acredita nisso. Talvez você desejasse,
mas... você não quer a escolha segura. Você quer o idiota
brutal que 'pega você', — diz ele, revirando os olhos.

Quero negar, mas não posso. — Acho que é a amizade


que me atrai. Eu realmente não gosto de babacas, eu só...
Nunca me conectei com alguém do jeito que me conecto com
ele. É fácil. Mesmo quando quero resistir, mesmo quando nós
dois fazemos coisas para tentar quebrá-lo... é como se não
pudéssemos. É inquebrável.
Anderson se recosta na cadeira e suspira. — Bem, acho
que você está cometendo um erro, mas acho que devo pensar
nisso.

Olho para minha coroa na mesa. — Não estamos juntos.


Eu só... Não importa. Não posso dar uma chance a isso quando
ainda estou tão envolvida nele. Não estou realmente
disponível, então não há sentido em amarrar você.

— Bem, — ele diz, brincando, indicando a coroa em sua


cabeça. — Antes que nosso reinado termine oficialmente,
devemos compartilhar uma última dança?

Sorrio para ele. — Eu gostaria disso.

A noite passa e ainda não há sinal de Hunter.

Isto é, até começar a notar que a multidão está


diminuindo. Há menos gente lotada no ginásio e, quando olho
para a porta, percebo que é porque as pessoas continuam
saindo.

No início, acho que talvez eles estejam saindo mais cedo


porque estão ansiosos para ir à festa de Hunter depois, mas
não faz muito sentido. Ainda falta cerca de meia hora para
acabar o baile, então a pós-festa de Hunter não deve começar
antes disso.

Mas, enquanto eu mesma saio pelas portas e vou


investigar o caso dos participantes do baile que estão
desaparecendo, percebo que eles não estão desaparecidos.
Eles estão todos do lado de fora, reunidos em frente à escola.

Franzo a testa, empurrando as portas de saída pesadas e


caminhando para fora para ver o que está acontecendo.

Caminho até a frente da multidão, então paro, meus


olhos se arregalam quando vejo o carro de Valerie, revestido
com uma substância pegajosa laranja e coberto com penas
brancas.

Posso até estar achando graça, mas há um segundo carro


parado atrás do dela, também coberto e com penas: o de
Anderson.

Estou chocada demais para prestar atenção ao


movimento das pessoas atrás de mim, mas quando alguém se
aproxima de mim, não preciso olhar para saber que é Hunter.

— Não era sangue de porco, — diz ele. — Era mais


espesso, mais pegajoso. Talvez algum tipo de mistura de mel.
Parece que ela tentou tingir de vermelho, mas não deu muito
certo.

— O que você fez? — Balanço minha cabeça, olhando


para os carros. — Como carro de Valerie está aqui? Ela veio
aqui em uma limusine com você.
Antes que ele possa me responder, sou empurrada para
o lado enquanto Valerie explode no meio da multidão e olha e
se horroriza com seu carro.

Ela bufa em indignação clara, então se vira para olhar


para nós, seus olhos azuis tão arregalados quanto podem ser.
—Sério?

Hunter sorri e passa um braço em volta dos meus


ombros, me puxando para perto. — Sua guerra com Riley
termina esta noite. A menos que você queira ir para a guerra
comigo também.

Valerie o encara, seus olhos queimando de


ressentimento, mas ela não diz uma palavra.

Levantando a voz, Hunter se volta para seu público. —


Isso vale para todos vocês. A rejeição acabou, estamos
seguindo em frente. Essa nunca foi a luta de vocês, mas se
vocês quiserem ir para o tatame por ela, — diz ele, com um
gesto amplo na direção de Valerie, — fique à vontade. Apenas
saiba que ela não faria o mesmo por nenhum de vocês.

Há um murmúrio baixo na multidão. O olhar de Valerie


vai para eles, um lampejo de medo em seus olhos antes de
olhar para Hunter. — Por que você está fazendo isto comigo?
— Ela pergunta humildemente.

— Não fiz nada para você. Ainda não, — ele diz


deliberadamente. — Se você parar com essa merda e deixar
isso passar, podemos manter as coisas amigáveis. Desafie-me
e veja o que acontece.

Ela engole, seu olhar trêmulo mudando para mim. — Eu


realmente te odeio, sabe disso?

— O mesmo, — digo a ela, sem vacilar.

Estou tentada a me sentir mal por ela no momento, mas


me lembro de sua malícia infundada ao longo dos anos e
consigo superá-la.

Valerie não se sentiu mal por transformar Sara em uma


pária social sem motivo algum. Ela não se sentiu mal por
espalhar fofocas maliciosas – e completamente infundadas –
no ano passado sobre mim e um professor. Ele poderia ter sido
despedido por causa desses rumores. Sara poderia ter se
sentido tão sozinha, talvez ela não fosse capaz de lidar com
isso sem mim.

Valerie é uma garota má. Ela escolheu uma luta e não


ganhou.

Isso não é culpa de ninguém, apenas dela.

Recuso-me a me sentir mal por ela, porque pela primeira


vez em sua vida, seu mau comportamento teve consequências.

Valerie se vira e olha para trás, para a bagunça que


sufoca seu carro. Exatamente quando ela o faz, a multidão se
move novamente. Desta vez, Anderson irrompe e para na
calçada, com o queixo caído.
— Que porra é essa, — diz ele vagamente, olhando para
seu carro alcatroado e coberto de penas.

Com mel e penas?

Encolho-me, porque embora eu não consiga reunir muita


simpatia por Valerie, Anderson não merecia isso. Foi maldade
de Hunter fazer isso com ele também.

Anderson olha para nós, boquiaberto. — Que porra é


essa? — Ele diz novamente, seu olhar fixo em Hunter.

— Você chamou Riley de prostituta, — declara Hunter,


sem se desculpar, enquanto enfia a mão no bolso do terno e
tira as chaves de Anderson. — E, honestamente, você só me
irrita.

Anderson franze a testa ao pegar o chaveiro. — Como você


conseguiu minhas chaves?

Hunter não diz, mas tenho uma ideia. Olho por cima do
ombro e localizo Sherlock. Ele está se afastando da multidão,
encostado em uma parede de tijolos e apenas observando o
caos. Quando nossos olhares se encontram, ele pisca para
mim.

Batedor de carteiras.

Sufoco um sorriso e me viro.

— Agora, — diz Hunter, olhando para mim. — Você vai


precisar de uma carona, e uma vaga na minha limusine
acabou de abrir. — Hunter se volta para a multidão, ainda com
o braço em volta de mim. — Se você veio aqui comigo e você
não está no Time Valerie, reúna suas coisas e traga suas
bundas de volta para cá. Acho que o baile está praticamente
acabado, e isso significa que a pós-festa começa agora.

A multidão aplaude. Os atletas e a multidão popular vão


às festas de Hunter o tempo todo, mas para a maioria da turma
do último ano, as festas de Hunter são lendárias,
completamente inacessíveis. Hoje à noite eles fazem parte
disso, e se o custo da admissão é destronar a rainha do mal...
bem, é um preço que eles estão dispostos a pagar.

Há um burburinho de empolgação enquanto todos voltam


para dentro para pegar suas coisas. Hunter pega seu cetro e
coloca a coroa de volta na cabeça, então me acompanha de
volta para a calçada.

Como se fôssemos da realeza real em vez do tipo que


voltava para casa, o motorista da limusine abre a porta do
carro e faz um gesto para que entremos.

— Primeiro as damas, — Hunter murmura, sua mão


deslizando pela parte inferior das minhas costas e parando na
minha bunda.

Meu coração dá um salto. A excitação instantânea se


agita entre minhas pernas.

Eu provavelmente não deveria entrar nesta limusine com


ele, pelo menos não até que os outros passageiros estejam
aqui. Ele vai se comportar se não estivermos no carro sozinhos,
mas até então...

Hunter me empurra para frente. Suspiro, subindo e


descendo até o fim. Ele sobe atrás de mim.

Ele coloca a mão na minha coxa nua enquanto se senta


ao meu lado. Sua mão se comporta apenas por um momento,
então desliza para dentro e ele aperta.

Pego sua mão errante, lançando-lhe um olhar. —


Comporte-se, Sr. Maxwell.

Ele sorri, se inclinando para beijar meu pescoço. —


Nunca.

— Não estamos juntos, — informo-o, tentando lançar-lhe


um olhar ainda mais severo do que o anterior.

— Mm-hmm, — ele murmura, me ignorando enquanto


começa a mordiscar minha orelha.

Merda.

Um arrepio percorre todo o meu corpo e meus olhos se


fecham.

Pulo quando alguém de repente entra na limusine. Por


instinto, começo a me afastar com culpa, mas enquanto
Hunter para de tentar me derreter com seus beijos, ele mantém
a mão na minha coxa e dá um aperto reconfortante para me
acalmar.
— Não sei sobre vocês, mas estou pronta para pegar
minha bebida, — Melina Eggers diz enquanto cai no assento
alguns espaços vazios de Hunter.

— Você e eu, — diz Angelina Adkins enquanto caminha


atrás dela.

— Bem, você está indo para o lugar certo então, — Hunter


diz com um sorriso fácil, dando-lhes as boas-vindas ao redil.

— Doeu quando você caiu do céu, Hunter Maxwell?


Porque você é claramente um anjo.

Olho para Hunter, de alguma forma surpresa com a


exuberância de Melina em provar o quão Team Hunter ela é.
Considerando que ela era basicamente a melhor amiga de
Valerie, eu esperava um pouco de resistência, mas não sei bem
por que.

Eu sabia que essas pessoas eram assim. Eu até disse isso


a Hunter. Se ele perdesse todo o seu dinheiro e status e de
alguma forma caísse em desgraça, eles pisariam em seus ossos
com a mesma rapidez para se insinuar com seu novo rei ou
rainha.

— Oh meu Deus, Riley, esqueci de te dizer antes, mas a


maneira como aquele vestido brilhou no palco quando você
estava sendo coroada princesa? — Angelina Adkins me lança
um olhar, como se fôssemos amigas desde o jardim de infância
e estivéssemos sempre celebrando o sucesso uma da outra. —
Sim garota! Você parecia assassina.
O quê?

Hunter dá um tapinha sutil na minha coxa, dizendo-me,


sem palavras, apenas para continuar.

— Obrigada, — digo um pouco inquieta. Essa falsa


simpatia não é tão fácil para mim. — Honestamente, fiquei
chocada ao receber uma coroa.

— Você deveria ter pegado a grande, — diz Hunter,


inclinando-se e beijando suavemente meu pescoço, bem aqui
na frente de todos. — Qualquer pessoa que pensa que ela é
uma rainha e você é uma princesa claramente não deveria ter
privilégios de voto.

Melina pula ansiosamente. — Valerie tinha aquela coisa


toda equipada, de qualquer maneira. Você deveria ter vencido
totalmente, Riley.

Estou profundamente incomodada com esse


comportamento súbito e bajulador. — Oh. Não, eu...

— Você deveria vir fazer compras com a gente amanhã,


— diz Angelina, cutucando Melina.

— Sim, totalmente, — Melina diz, me dando um sorriso


animado.

— Não posso, desculpe. Tenho de trabalhar. Mas


obrigada por me convidar, — digo, dando um pequeno sorriso
de desculpas para mim.
— Aw, que chatice. Da próxima vez, — Angelina diz com
um aceno encorajador.

O resto dos amigos de Hunter caminham para a limusine,


mas noto que todos eles deixam o local ao lado de Hunter
aberto. Sara e Wally entram por último e preenchem esses
lugares.

Sara está radiante enquanto Wally coloca o braço em


volta dos ombros dela. Ela se inclina para ele e suspira,
parecendo que morreu e foi para o céu.

Quero estar feliz por ela e estou, mas uma vozinha no


fundo da minha cabeça ainda está preocupada. Talvez eu não
devesse. Wally é amigo de Hunter antes de ser de Valerie.
Valerie não teria pensado duas vezes sobre machucar Sara
para chegar até mim, mas Hunter não toleraria isso. Se Wally
estivesse apenas entretendo Sara às ordens de Valerie... ele
não estaria sentado ali com o braço em volta de Sara agora.
Certo?

Hunter se inclina para frente e pega alguns copos. Eu não


sabia que ele tinha estourado uma garrafa de champanhe, mas
ele enche duas agora e as entrega para Wally e Sara. — Passe
para frente.

Isso continua até que todos tenham champanhe, então


Hunter pega mais duas taças.

— Oh, nada para mim, — digo rapidamente, antes que ele


possa servir.
— Vamos, Catnip, estamos comemorando, — diz Hunter.

— Não, eu... não posso.

— Por que não? — Wally pergunta. — Você está grávida


ou algo assim, bishop?

Meu estômago embrulha.

Os olhos de Sara se arregalam e se fixam nos meus.

O sorriso de Hunter diminui. Ele olha para Sara, depois


de volta para mim. — Estou esquecendo de algo?

— Não, — digo rapidamente, balançando minha cabeça,


mas tenho certeza que meus nervos não estão bem escondidos.
— Não, só não estou com sede.

Hunter franze a testa para mim, não convencido.

Para ser justa, não sou muito convincente.

Já que estamos em um carro cheio de víboras


oportunistas, ele não insiste no assunto agora, mas
obviamente ainda está em sua mente. Um garoto popular
realizado, porém, ele não tem problemas para agir como se não
fosse e manter as expectativas de seu papel.

Quando paramos na frente de sua casa, o motorista da


limusine abre a porta e as pessoas começam a sair. Hunter
coloca uma mão firme na minha coxa para me impedir de me
juntar a eles.
— Você vem? — Wally pergunta, olhando para Hunter
enquanto se prepara para sair do carro.

Hunter acena com a cabeça. — Vamos alcançá-lo. Vá em


frente.

Wally balança a cabeça e sai, então o motorista da


limusine põe a cabeça para dentro. — No destino final, senhor?

Franzo a testa, olhando para Hunter, mas ele


simplesmente se dirige ao motorista. — Não até eu sair. Dê-
nos alguns minutos.

O motorista acena com a cabeça e recua, então fecha a


porta para nos dar privacidade.

— Este não é o destino final? — Pergunto, confusa.

Hunter balança a cabeça. — Ele vai te levar para casa.


Achei que você não gostaria de ficar na minha festa.

— Oh. Bem, não, na verdade não, acho. Mas…

— Você está grávida?

Balanço minha cabeça, olhando para o meu colo. —


Tenho certeza que não. Mas você não usou camisinha e ainda
não menstruei. Você me conhece, sou uma pessoa
preocupada, então estou apenas... sendo cuidadosa enquanto
espero.

— Além da falta de preservativo, você tem alguma razão


para pensar que pode estar?
Ele parece tão calmo. Esta não é a reação que eu
esperava. Eu não queria contar a ele a menos que houvesse
algo para contar, mas pensei que se eu tivesse que... bem, eu
não esperava que ele ficasse tão calmo sobre isso.

— Fiz um esforço concentrado para não olhar para uma


lista de sintomas de gravidez. Provavelmente me convenceria
se o fizesse, mas não sei, estou mais cansada do que de
costume. Mas também não tenho dormido bem.

— Acho que não conseguir dormir é coisa da gravidez.


Algo sobre os hormônios. Minha madrasta estava falando
sobre isso com minha meia-irmã. Ela estava brincando com
algum idiota da escola preparatória e sua mãe estava pirando
com o atraso da menstruação.

Abro um sorriso com o quão protetor ele soa falando sobre


isso. — Ainda quero ouvir tudo sobre a Itália.

— Parece que temos muito o que conversar, — diz Hunter,


inclinando-se e beijando minha testa distraidamente. — Bem,
tenho que aparecer aqui, mas assim que o fizer, irei à sua casa.

— Você vai?

Ele concorda. — Deixe sua janela destrancada.


Quando chego em casa, felizmente mamãe e Ray já estão
na cama, então posso entrar no meu quarto sem explicar por
que uma limusine me deixou em vez de Anderson em seu
Lexus.

Fecho a porta do meu quarto e ando nervosamente, sem


saber como me preparar para a chegada de Hunter. Imaginei-
o subindo pela janela do meu quarto cerca de um milhão de
vezes ao longo dos anos, mas agora que está realmente
acontecendo, não me sinto preparada.

Abro a janela do meu quarto, mas não sei o que fazer


depois disso. Devo trocar meu vestido? Não sei.

Coloco a tiara na cômoda e solto o cabelo enquanto


espero, mas deixo o vestido. Estou cheia de energia nervosa,
meu estômago dá nós. Digo a mim mesma que não há razão
para estar tão nervosa, é apenas Hunter... mas não é apenas
Hunter. É Hunter no meu quarto.
Mesmo que eu diga a mim mesma que não vou precisar
deles, vou até a mesinha ao lado da minha cama e abro a
gaveta.

Eu absolutamente não vou fazer sexo com Hunter


Maxwell novamente esta noite... mas, apenas no caso, comprei
um pacote de preservativos. Eu não queria ter que contar com
ele para trazê-los novamente, já que não foi tão bom da última
vez.

Totalmente não vai acontecer, no entanto.

Estou 100% certa.

Ainda assim, abro a caixa e jogo os preservativos


embrulhados individualmente na gaveta para que seja mais
fácil pegá-los se eu precisar deles.

O que não vou.

Obviamente.

Atrás de mim, ouço um barulho na minha janela.

Assustada, largo a caixa de preservativos e fecho a gaveta


como se tivesse sido pega fazendo algo errado.

Quando me viro, com os olhos arregalados e com ar


culpado, vejo Hunter Maxwell subindo pela janela do meu
quarto.

Meu coração salta.

Pensa que pertence a ele, o estúpido.


— O que você tem aí? — Ele pergunta.

— Nada, — digo muito rapidamente.

Ele ergue uma sobrancelha e se aproxima. — Nada, hein?


Por que você parece tão culpada? Você tem outro namorado
escondido aí, do qual vou ter que me livrar?

Abro um sorriso e reviro meus olhos. — Sim, ele tem sete


centímetros de altura. Boa sorte em encontrá-lo.

Hunter sorri, fechando a distância entre nós e alcançando


atrás de mim para puxar a gaveta.

Empurro minhas mãos contra a gaveta, mantendo-a


fechada. — Sem espreitar. É uma invasão da minha
privacidade.

— Acho melhor você me distrair, então, — ele desafia.

Meu coração bate forte no meu peito enquanto olho para


ele. Ele se eleva sobre mim, e ele está tão perto, é esmagador.

Quero ser leve, quero ser loquaz e me envolver em


brincadeiras despreocupadas, mas é como se eu tivesse 14
anos de novo, sozinha com um garoto pela primeira vez.

Mal posso respirar, muito menos controlar meu juízo.

Procurando matar o humor e acalmar meu estômago


rochoso, digo: — Provavelmente deveríamos discutir a situação
de gravidez em potencial.
Hunter balança a cabeça, seu olhar ainda preso em mim.
Posso sentir isso, embora eu não olhe para ele. — Não é
exatamente o que eu tinha em mente.

— É importante.

— Se você está grávida, vamos descobrir. Se não estiver,


não precisamos. Pronto, o assunto está resolvido.

— Isso não é…

— Riley.

Sua voz faz meu coração cair novamente. Finalmente


levanto meu olhar para encontrar o dele. — Sim?

— Pare de falar.

Meu coração se eleva como se tivesse asas. Abro minha


boca para protestar, mas antes que eu possa, Hunter envolve
um braço em volta da minha cintura e traz a outra mão para
a parte de trás da minha cabeça, prendendo-me contra ele para
que ele possa se inclinar e pressionar seus lábios nos meus.

Só assim, metade do bom senso na minha cabeça voa


para fora. Meu corpo responde ansiosamente, formigando em
lugares indescritíveis enquanto enrolo um braço em volta de
sua cintura e o beijo de volta.

Não quero desejá-lo, mas Deus me ajude, eu quero. Não


sei como posso não querê-lo.
Meu coração bate freneticamente quando ele me beija, e
não é nem mesmo exigente. Ele começa lento e suave, sabendo
que estou nervosa. Ele me atrai com delicadeza, roubando o
fôlego dos meus pulmões e a força das minhas pernas. No
momento em que ele desliza a mão entre minhas coxas e me
acaricia ali, meu corpo está tão tenso que grito.

Ele aproveita meus lábios entreabertos para forçar sua


língua entre eles. Suspiro contra sua boca enquanto ele
aprofunda o beijo, segurando meu quadril e me virando para
que a parte de trás das minhas pernas encostem na cama.

Afasto-me, tentando recuperar o fôlego. — Hunter…

— Sh, — ele diz, pressionando seus lábios contra os meus


novamente enquanto ele desliza sua mão dentro da minha
calcinha.

Oh Deus.

Quero dizer não, mas uma pontada aguda de prazer


quase me divide ao meio apenas sentindo seus dedos contra
minha carne.

Quero mais. Quero senti-lo dentro de mim de novo,


quero-o nu e entrando em mim aqui na minha cama, tornando
impossível ficar deitada aqui sem pensar nele novamente.

Mas isso não pode acontecer. Não posso deixar.

— Hunter, pare, — digo, estendo a mão para empurrar


sua mão.
Ele suspira. — Isso de novo não.

Ele diz isso levianamente, mas me lembra de como tudo


correu mal da última vez.

Sei que não é a mesma coisa desta vez. Ele não está
fazendo isso para me humilhar na frente de seus amigos, mas
essa memória ainda dói.

E não tanto quanto a bomba que ele jogou em mim


depois.

— Não posso fazer isso com você, — digo a ele,


balançando a cabeça e olhando para baixo.

Ele coloca um dedo embaixo do meu queixo e o levanta,


me fazendo olhar para ele. — Certamente você pode.

Balanço minha cabeça tristemente. — Não. Não posso.

— Por que não?

Meu coração dói ao som de sua voz, tão baixa e suave,


mas dura e faminta ao mesmo tempo. Ele está tentando ser
paciente comigo, mas está ficando sem paciência. Ele quer
rasgar quaisquer obstáculos que existam entre nós para fora
do caminho e limpar o caminho à frente.

Quero isso também. O problema é que o obstáculo é ele.

Não sei como dizer isso. Parece cruel.

Enquanto ele espera que eu responda, Hunter empurra


uma mecha de cabelo caído atrás da minha orelha. Ele faz isso
tão casualmente, ele rouba a respiração dos meus pulmões,
então sua mão permanece.

Ele acaricia a curva da minha mandíbula quase


distraidamente, seu olhar fixo em mim como um caçador
selvagem observando a presa que está prestes a devorar.

Também existe ternura.

É a ternura que me domina, que me impede de me afastar


quando sei que deveria.

As pontas de seus dedos começam a se arrastar lenta e


suavemente pela curva do meu pescoço. Meu corpo todo fica
tenso, como se estivesse se preparando para um ataque. A
respiração fica presa em meus pulmões e mal consigo respirar.

Sinto-me encurralada, mas não estou. Ele está na minha


frente com uma cama atrás de mim, claro, mas sei que se eu
afastar Hunter, ele vai deixar.

Mas não sei, e é aí que reside seu poder sobre mim.

Dentro de mim. Todos os lugares macios e ternos que ele


tocou quatro anos atrás. A garota que eu era na época nunca
teve a chance de superá-lo, e agora a garota que me tornei tem
alguns pontos fracos só para ele.

Aposto que ele adora isso.

— Você sabe por que, — digo a ele.


— Valerie. — Há um certo desinteresse na maneira como
ele diz o nome dela. Ele não gosta do sabor do nome dela em
sua boca. Ele nem gosta de mencioná-la aqui neste momento
que deveria ser todo nosso, e certamente não gosto de ouvir
isso.

Concordo.

— Terminamos, — ele me diz, como se esse fosse o


problema.

— Esse não é o problema, e você sabe disso.

— É o problema, — ele argumenta, tentando torná-lo


mais simples do que realmente é. — Ou era. Agora não precisa
ser. Consertei isso.

Olho para ele. — Você estragou.

Ele não responde imediatamente. Quando ele faz isso, ele


diz: — Errei, mas depois consertei.

Balanço minha cabeça, desviando o olhar dele. É mais


fácil me afastar dele agora, então aproveito e ando até o pé da
minha cama. Preciso de alguma distância dele, e há espaço
aqui, então não posso ficar presa tão facilmente.

— Não, você não fez. Eu te avisei, Hunter. Eu disse a você


qual linha não deveria cruzar, e você a cruzou de qualquer
maneira.
—E eu disse para você não contar a ninguém sobre
Dennis. Você fez e fui mandado embora, — afirma. — Isso é
passado. Acabou agora.

— Não. — Balanço minha cabeça.

— Sim. Você me machucou, eu te machuquei. Vamos


parar de nos machucar.

Viro-me para olhar para ele sem acreditar. — Não é a


mesma coisa, Hunter. Você me machucou de propósito. Nunca
fiz isso com você.

A frustração passa por seu rosto. Ele vira a cabeça e olha


pela janela do meu quarto. Vejo sua mandíbula apertar, noto
a irritação cintilando em seu olhar, mas quando ele olha para
mim, ele me surpreende um pouco dizendo: — Ok, você está
certa. Sinto muito.

Ele diz as palavras como se não significassem nada, então


acho que não deveria ficar surpresa quando elas não fazem
diferença.

Isso me irrita da maneira errada.

— Excelente. Estou feliz que você esteja arrependido, —


digo brevemente.

— Eu estou, — ele responde imediatamente. — Acho que


estou dizendo o quanto sinto de várias maneiras diferentes
desde que percebi que estraguei tudo.
— Ok. Você quer uma medalha? Outro troféu para
adicionar ao estojo? MVP43 de desculpas vai para Hunter
Maxwell!

— Pare, — ele diz, seu olhar turbulento travado no meu.

Encolho os ombros, levantando minhas sobrancelhas. —


O que você quer que eu diga, Hunter? Você está arrependido.
Excelente. Eu também. Isso não muda nada.

— Como isso não muda nada? — ele exige. — Eu te


perdoo. Eu nem queria, simplesmente não conseguia ficar
bravo com você. Nunca encontrei isso antes. Você fodeu minha
vida inteira e não pude nem usar isso contra você quando
voltei. Mas eu, eu fodo tudo e não importa o quanto eu
lamente, isso não importa? Você terminou comigo? Perdi você?

Suas palavras doem, então deixo seu olhar cair. — Você


não me perdeu, Hunter. A menos que você tenha tropeçado e
caído na vagina de Valerie Johnson depois de eu ter pedido
expressamente que não a tocasse, você me jogou fora. E não
terminei com você, eu só...

Não sei como explicar o que sinto, mas ele merece uma
explicação, então tento.

— Não consigo me livrar disso. Às vezes fico acordada à


noite imaginando você com ela, pensando em como você ficou
com ela mesmo depois de dormir comigo. — Olho de volta para

43 É a premiação do jogador mais valioso do NBA (Most Valuable Player)


ele, um brilho de remorso em meus olhos. — É uma ponte
muito longe para mim, Hunter. Sinto muito. Tentei avisar você.
Eu não queria que fosse assim. Eu te amo, acho que sempre
amarei, mas... não posso ficar com você.

Ele fica em silêncio por um momento, então ele diz


asperamente: — Não devo significar muito para você se você a
deixa ficar entre nós.

Suas palavras atingiram algum lugar mais profundo.


Acho que é porque eles vêm de algum lugar dentro dele.

Meu olhar se fixa no dele, toda a incerteza e desculpas na


ponta dos pés drenando para fora de mim. Estou clara e certa
quando digo a ele: — Não. Valerie não se interpôs entre nós,
Hunter. Você fez. Você poderia ter jogado seus jogos e ainda
respeitar minha única regra, mas optou por me desrespeitar.
Eu escolheria você ao invés de quase qualquer pessoa no
mundo, mas... você me fez escolher entre você e meu próprio
respeito. Essa é uma luta que você nunca vai ganhar.

Ele me encara por um momento que parece durar para


sempre. O ar ao nosso redor está pesado. Sei que não foi assim
que nenhum de nós viu essa conversa acontecendo.

Até eu tinha minhas dúvidas sobre o quão forte eu


poderia ser quando ele me tivesse sozinha no meu quarto
assim, mas no final do dia... Tenho que fazer a escolha com a
qual posso viver, mesmo que doa.
Finalmente, parecendo aceitar minhas palavras, Hunter
concorda. — Tudo bem então.

Meu coração afunda. Há uma finalidade dolorosa nessas


palavras. Isso incita o pânico. Eu quis dizer o que disse; não
estou fazendo ameaças vazias, querendo que ele se humilhe
por mim, mas...

Ele vai até a janela e a levanta. Antes de sair, ele olha


para trás. — Se você estiver grávida, me diga, ok?

Sinto que não consigo respirar. Lágrimas ardem em meus


olhos. Posso sentir as fissuras se abrindo dentro de mim
enquanto minha compostura se estilhaça. Agarro-a
desesperadamente, tentando me controlar até que ele vá
embora.

Só preciso ser forte por mais um minuto.

Aceno minha cabeça. Lágrimas brotam dos meus olhos.


O pânico aumenta.

Ele acena com a cabeça também.

Então ele sai.

Sinto-me enraizada no lugar, mas desesperada para


arrancar aquelas raízes do chão e correr atrás dele. Quero ligar
de volta para ele. Quero dizer a ele que mudei de ideia. Quero
gritar com ele por me colocar nesta posição para começar, mas
implorar para ele não ir.

Não me movo
Fico lá enquanto minha compostura quebra e o ar do final
do verão sopra pela minha janela aberta. Imagino-o
caminhando pela floresta, cruzando nossa passarela e
caminhando de volta para sua casa para se juntar a seus
amigos estúpidos.

Imagino como ele se sentirá sozinho em uma sala cheia


de pessoas que realmente não se importam com ele, como seria
pior se ele se convencesse de que agora sou uma delas.

Lágrimas escorrem pelo meu rosto, uma após a outra.

Quero desbloquear o número dele e enviar uma


mensagem para ele voltar.

Quero.

Mas não quero.


O resto do fim de semana se arrastou a passo de lesma.

Meu primeiro dia de trabalho é tranquilo. Estou cansada


no final, então devo conseguir dormir, mas não consigo.

Finalmente consigo dormir um pouco antes do nascer do


sol, mas quando meus olhos se abrem é segunda-feira de
manhã, eles queimam de ódio, desejando que fossem os olhos
de outra pessoa, alguém capaz de dormir como um humano
normal.

Exausta, me arrasto até o banheiro.

Ainda nada para me tranquilizar que não estou grávida,


então tomo um banho rápido e desço as escadas.

Mamãe ainda não saiu para o trabalho, então ela me dará


uma carona esta manhã. Fico feliz por não ter que andar,
realmente não tenho energia, mas, ao cumprir minha rotina
matinal, fico vagamente ansiosa com a possibilidade de outra
entrega de flores. Afinal, é segunda-feira de manhã. Eles
sempre vêm na segunda de manhã.
Não nesta segunda-feira, aparentemente.

Eu não esperava por elas. Disse a mim mesma que nem


esperava por elas, mas não parecia totalmente verdade. A
ausência das flores parece ainda mais uma verificação de que
ele desistiu de mim.

Acho que faz sentido. Eu disse a ele que não havia


chance. Não há razão para ele não o fazer.

Ainda é um pouco decepcionante.

Digo a mim mesma que não importa. Vou superar isso.


Também estou desapontada, não há nada que qualquer um de
nós possa fazer a respeito. Ele não pode voltar no tempo e não
tocar em Valerie, e não posso perdoá-lo por fazer isso, então
estamos em um impasse.

Só dói, só isso.

Nós dois superaremos isso e ficaremos bem, tenho


certeza.

Quando chego à escola, sou cautelosa. Eu realmente não


sei o que esperar. Eu não tenho ideia do que aconteceu na festa
na noite passada – eu deliberadamente fiquei fora das redes
sociais – mas conhecendo a sede ocasional de Hunter por
vingança, estou preocupada com isso. É a última coisa que eu
sempre quis fazer, mas sei que o machuquei ontem à noite.
Não está fora do reino das possibilidades que ele quisesse me
machucar de volta.
Espero que não. É um ciclo vicioso e interminável no qual
não quero ficar presa com ele. Ele é muito bom em me
machucar. Se ele decidir continuar fazendo isso,
eventualmente ele realmente vai me destruir.

Mantenho-me alerta quando entro na escola e começo a


longa jornada para o meu armário.

Fico de olho em problemas quando passo pelas pessoas,


mas não é como antes. Não sinto todos os olhares em mim.
Algumas pessoas olham, mas ninguém diz nada. Algumas
pessoas até sorriem como se estivéssemos em termos
amigáveis.

Hunter não está na aula de inglês.

Não espero vê-lo na hora do almoço também, mas ele


aparece.

A incerteza paira no ar. A ordem social foi perturbada e


ninguém sabe ao certo como proceder. Valerie tenta se sentar
em sua mesa de costume, mas ela acaba se sentando na mesa
secundária. Não totalmente banida, mas em gelo fino, eu acho.

Algumas das garotas olham para mim enquanto sento


sozinha na minha mesa de costume. Eles parecem estar
confusos sobre por que não estou sentada com eles hoje.
Imagino que eles esperavam que eu fizesse isso depois que
Hunter estava em cima de mim na limusine na noite passada.
Pensar nisso me deixa triste. Sara ainda está sentada na
mesa das meninas, então pego o livro que trouxe comigo e leio
enquanto como.

Os próximos dias passam de maneira semelhante. Hunter


aparece para a aula na terça-feira, mas na quarta-feira ele
parece perder a escola porque nem o vejo na hora do almoço.

Quinta-feira ele está na aula, mas ele não fala comigo,


nem olha para mim. É como se eu fosse invisível, mas com
uma camada de tensão que não estaria ali na presença de
ninguém.

Depois da escola é a reunião do jornal. Espero vê-lo lá,


mas quando todos, menos ele, aparecem, o Sr. Lohman diz que
vamos começar.

Fico de olho na porta durante a maior parte da reunião,


então estou distraída e certamente não contribuindo como
normalmente faço. Levo meu tempo juntando minhas coisas
depois, então sou a última aluna a sair.

Quando a sala de aula está vazia, coloco minha bolsa no


ombro e me aproximo do Sr. Lohman.

Ele levanta os olhos de suas coisas, me dando um sorriso.


— Tenha uma boa noite.

Desacelero até parar. — Hum... Hunter Maxwell não


apareceu hoje. Tenho seu número de telefone. Se você quiser
que eu lhe envie uma tarefa, posso alcançá-lo e colocá-lo em
dia sobre o que ele perdeu.
— Oh, obrigado pela oferta, mas isso não será necessário.
Hunter me procurou no início desta semana. Infelizmente,
suas obrigações com o time de futebol se mostraram muito
exigentes, então ele não conseguirá trabalhar no papel, afinal.

Ouvir isso não deveria fazer meu estômago afundar, mas


faz. — Oh.

O Sr. Lohman acena com a cabeça. — Que pena. Seu


artigo era muito bom.

Meu peito está pesado enquanto saio da escola.

Tenho que caminhar para casa hoje e, em vez de tomar o


caminho mais longo como normalmente faço, decido pegar o
atalho pela floresta.

Quando chego à nossa passarela, paro. Olho em volta,


como se esperasse minha presença aqui para convocá-lo, mas
é claro que não.

Sei que deveria andar o resto do caminho para casa, mas


quero me sentir perto dele de alguma forma, então me sento
na ponte. Pego alguns livros e tento começar minha lição de
casa, mas estou muito distraída pensando em tudo o que o Sr.
Lohman disse.

Pensando em como fui hostil quando Hunter apareceu na


primeira reunião do jornal, me sinto culpada. Não possuo o
jornal da escola. Se Hunter estivesse interessado nisso e fosse
bom nisso, ele deveria escrever para o jornal. Eu odiaria ficar
no caminho disso. Não acho que ele se inscreveu por interesse
genuíno, mas... e se ele o fez e só saiu por minha causa?

Colocando meus livros de lado, pego meu telefone. Navego


para as informações de contato de Hunter.

Hesito, mas apenas por um segundo, então desbloqueio


seu número e começo uma mensagem de texto para ele.

Você não precisava sair do jornal. Espero que não seja


por minha causa.

Pressiono enviar antes que eu possa mudar de ideia,


então olho para a tela, mas ela não é registrada como lida.

Eu sei que deveria esperar, mas não consigo me impedir


de mandar uma mensagem para ele novamente.

Sr. Lohman disse que seu artigo era muito bom e


concordo. Você é talentoso, Hunter. Se você quiser
escrever para o jornal, você deve.

Espero mais dessa vez, mas ele ainda não responde.

Isso começa a me deixar desesperada. Uma sensação de


aperto e constrição começa no meu peito. Eu não me sentia
assim há muito tempo.

Não desde o ensino médio.

Não desde a última vez que ele me deu um ombro frio.

É semelhante à sensação que tenho quando estou


brigando com minha mãe, mas há um desespero com Hunter
que não sinto por ela. Não importa o que seja, sei que nunca
vou perder a mamãe por causa de uma briga, mas esse não é
o caso com Hunter. Posso perdê-lo. Já perdi antes.

Não era isso que eu queria.

Sei que eu lhe disse que não no meu quarto, mas esse
não é o que eu queria.

Sei que não deveria, minha mente racional me proíbe


expressamente de enviar mensagens de texto para ele
novamente quando ele não respondeu às minhas duas
primeiras mensagens, mas sem a permissão da minha mente,
meus polegares começam a voar pela tela do meu telefone
novamente.

Não era isso que eu queria, Hunter. Não quero você


fora da minha vida completamente. Só porque não
podemos ficar juntos assim... tem que ser tudo ou nada?
Ainda não podemos ser amigos? Ainda me importo com
você.

Suspiro, colocando meu telefone na madeira envelhecida


e tentando o meu melhor para estudar novamente, mas é
impossível quando estou sentada lá esperando por mensagens
que não estão chegando.

Finalmente arrumo tudo e vou para casa.

Espero conseguir mais quando estiver lá, mas quando


chego ao meu quarto e espalho todos os meus livros escolares
na colcha, ainda encontro meu olhar voltando para o maldito
telefone.

É assim a noite toda. Tentar estudar é um exercício de


futilidade. Estou tão frustrada com no final que desisto e vou
tomar um banho. Nem preciso de um, geralmente tomo banho
de manhã, mas preciso fazer algo que me afaste do meu
telefone, e tomar banho é tudo em que consigo pensar.

Assim que saio, corro de volta para minha cama e pego o


telefone.

Nada ainda.

Sento-me na beira da cama e suspiro, percebendo que


cometi um grande erro. Desisti de muitas mensagens de texto
para ele. A bola está do seu lado agora. Não sei quando – ou
mesmo se – ele vai revidar, então estou tentada a apenas
continuar jogando bolas nele.

No entanto, não posso. Quanto mais faço isso, mais poder


estou dando a ele. Estou deixando ele ver que estar sem ele
está me deixando louca. Se ele vir isso, estou condenada.

Eu gostaria de poder dar meu telefone a alguém e dizer a


ele para não devolvê-lo, mas digo a mim mesma que tenho mais
autodisciplina do que isso. Tenho autocontrole suficiente para
não mandar uma mensagem para ele agora que desbloqueei
seu número. Inferno, tive a autodisciplina para manter seu
número bloqueado todo esse tempo quando o que mais gosto
é de falar com ele, então posso aguentar não mandar
mensagens para ele quando ele nem mesmo está me
respondendo.

Consigo, mas é um verdadeiro inferno.

Quando me acomodo e tento dormir, ele ainda não me


respondeu. Minhas mensagens também não estão aparecendo
como lidas, então talvez ele nem as tenha lido. Talvez ele tenha
feito isso, mas ele desligou sua confirmação de leitura para que
eu não soubesse e ele poderia me deixar ainda mais louca.

Estou muito frustrada para adormecer por muito tempo.

Mesmo além do ponto de fazer sentido, fico lá esperando


meu telefone acender. Há pouca chance de que ele me envie
uma mensagem às 3 da manhã, quando sem dúvida está
dormindo, mas fico deitada cansada e incapaz de adormecer,
só para garantir.

Sexta-feira também é um inferno. Estou exausta. Depois


de dormir por algumas horas, limpei um pouco o cache44.
Estou me arrastando e tendo dificuldade em ficar acordada
durante toda a escola, mas consigo parar de esperar por uma
mensagem que claramente não vou receber.

Quando chego à aula de inglês e Hunter está sentado em


sua mesa – com o telefone na mão – aceito que não há
nenhuma desculpa excepcional para ele não ter me
respondido.

44O cache é um depósito de informações que fica armazenado em uma parte – ou compartimento –
de um sistema operacional, seja de smartphones ou de computadores.
Ele escolheu não fazê-lo.

Isso definitivamente não é bom, mas de uma forma


estranha, ajuda.

Enquanto me sento ao lado dele na aula, presto menos


atenção à Sra. Dowd e mais atenção em martelar certas
verdades em minha teimosa cabeça.

Sim, eu amo Hunter. Acho que sim, desde que estávamos


no ensino médio. Acho que ele roubou meu coração na noite
em que me beijou pela primeira vez, e tem sido dele desde
então.

Mas não pode ser mais. Não é justo para nenhum de nós.
Não sei como deixar de amá-lo e nem quero; quero acreditar
que não é necessário. Acho que ainda podemos ser amigos,
mesmo que não possamos ser mais, mas ele não deve querer
isso. Se ele fizesse, ele pelo menos estaria falando comigo.

Se ele quiser terminar, preciso entrar na mesma página.

Saio da aula naquele dia sem olhar para ele, esse é o


primeiro passo.

Na hora do almoço, não olho para a mesa dele.

Tenho um turno de 4-8, então o trabalho me mantém


ocupada e não posso ter meu telefone comigo enquanto estou
no trabalho.
No final do meu turno, pego minhas parcas gorjetas e
pego minha bolsa. Vou para casa sem nem pensar em verificar
meu telefone.

Tomo um banho para tirar o cheiro do restaurante de


cima de mim. Nem pego meu telefone até depois, quando me
enrolo na minha cama em um pijama confortável e finalmente
começo a fazer alguns deveres de casa.

Só tiro meu telefone da bolsa para colocá-lo na carga, mas


quando finalmente o faço, vejo que tenho uma nova mensagem
de texto.

Meu coração afunda.

É de Hunter.

Não é uma resposta a nada que enviei a ele. É apenas


uma pergunta simples: Onde você trabalha?

Franzo a testa para a tela, me perguntando por que ele


está curioso sobre isso. Cruzo as pernas e respondo: Sirvo
mesas em um restaurante na cidade. Deb's Diner. Por quê?

Já faz um tempo desde que ele enviou aquela mensagem,


então dou a ele algum tempo para me responder.

Sinto-me um pouco menos tensa enquanto estudo,


imaginando que ele responderá quando tiver uma chance, já
que foi ele quem estendeu a mão dessa vez. Mas, à medida que
a noite avança, não tenho resposta.

Trabalho de novo no sábado, depois fecho no domingo.


Hunter nunca me responde, mas no domingo à noite,
quando estou voltando da cozinha com uma braçada de
guardanapos e alguns talheres para embrulhar, vejo um grupo
de jogadores de futebol de boa aparência passar pela porta.

Meu coração salta quando vejo o rosto de Hunter. Um


sorriso estúpido aparece em meus lábios. Tento parar, mas não
consigo.

Não vi um traço de diversão no rosto de Hunter desde que


o mandei do meu quarto naquela noite, mas quando ele me viu
em meu traje de jantar retrô, seu belo rosto se iluminou de
prazer.

— Uau, — ele diz.

Lanço para ele um grande sorriso de atendimento ao


cliente. — Vocês querem uma mesa ou um estande?

— Quero uma foto, — diz Hunter. — Uma série delas, com


você em vários estados de nudez.

Meu rosto fica vermelho e mordo um sorriso, revirando os


olhos para ele. — Mantenha-o limpo, amigo. Estou no trabalho.

— Se eu pedir um milkshake, você envolverá meu canudo


com seus lábios? — Sherlock pergunta, piscando para mim.

Dou a ele um olhar de olhos mortos. — Vocês sabem que


sou uma garçonete, não uma trabalhadora do sexo, certo?

— Diga isso para a sua roupa, — diz Hunter, balançando


a cabeça.
— Eu não deveria ter dito a você onde trabalho, —
murmuro, mas não é isso que quero dizer. Estou animada por
ele estar aqui. Eu gostaria que estivéssemos mais ocupados
para não ficar tão tentada a lhe dar muita atenção, mas estou
feliz em vê-lo. Talvez seja esta a sua maneira de estender um
ramo de oliveira. Talvez a estranheza de afastá-lo finalmente
passe e possamos fazer a transição para uma verdadeira
amizade.

Não tenho certeza de quão sustentável é esse plano. Se


qualquer um de nós começar a namorar de novo,
provavelmente vai abrir buracos no fingimento, mas... bem,
podemos tentar. Não sei.

Só sei que sinto falta dele e, se ele está aqui, deve sentir
minha falta também.

Trago para eles uma bandeja com água para a mesa e


anoto os pedidos de bebida. Vendo um aperitivo a mais, depois
volto para pegar o pedido de comida.

Se nada mais, Hunter provavelmente vai me deixar uma


boa gorjeta, o que é raro em trabalhar em um lugar acessível
como este.

Por mais preocupada que eu esteja em dar atenção


demais à mesa de Hunter, isso acaba não sendo um problema.
Algumas mesas vêm depois deles, então tenho outro trabalho
a fazer. Hunter e seus amigos apenas comem e conversam.
Apesar de me dificultar quando eles chegaram, parece que eles
não estão aqui para me assediar.
Não tenho certeza se estou aliviada ou desapontada.

Certamente não fico desapontada quando eles saem e há


uma gorjeta de US $ 50 na mesa.

Enfio no avental antes que a outra garçonete possa ver.


Ela é desagradável quando acha que tenho uma mesa melhor
do que ela, e ela não teria recebido a mesma gorjeta deles se
fosse a mesa dela, mas duvido que ela acreditaria em mim
mesmo se eu explicasse. Ela procura motivos para ficar brava
e não desiste facilmente quando encontra um.

Estou com um humor muito melhor quando vou para


casa naquela noite. Consigo me concentrar e, finalmente,
terminar meu dever de casa e estudar para o fim de semana e,
quando subo na cama, é muito mais fácil pegar no sono do que
tem sido ultimamente.

Na manhã seguinte, quando estou me preparando para a


escola, a campainha toca.

Meu coração dispara enquanto corro para a porta e a


abro.

O entregador de flores está ali com um vaso cheio de rosas


laranja e rosa.

— Temos que parar de nos encontrar assim, — digo a ele.

Ele sorri e me passa as flores. — Vejo você na próxima


semana, talvez.
Não há presente desta vez, mas estou chocada por ter até
flores. Mal posso esperar até levá-las à cozinha para ler o
cartão.

O amor é uma doença mental séria. - Plato

Alegre.

Amo isso, no entanto.

Estou me sentindo muito melhor em relação à vida


enquanto caminho para a escola esta manhã.

Cada aula passa como brisa até a de língua inglesa. Na


verdade, estou ansiosa para ver Hunter hoje. Quero agradecer
a ele por minhas flores.

Ele não aparece, no entanto.

No começo acho que ele está atrasado, mas ele não


aparece. Ele também não está almoçando.

Depois do almoço, vou ao banheiro e descubro que


finalmente estou menstruada.

Fico ali sentada por um momento, esperando me sentir


aliviada, mas o que sinto em vez disso... não é alívio.

O que é uma loucura. A última coisa que eu queria era


estar grávida, mas em certo sentido... pode ter sido a única
possibilidade de permanência entre mim e Hunter.

Por mais ilógico que seja, fico chateada pelo resto do dia.
Além disso, estou irritada comigo mesma por me sentir assim
porque não queria estar grávida. Um período é uma boa
notícia.

Mas então pego meu telefone com a intenção de enviar


uma mensagem de texto para Sara e contar a ela minhas boas
notícias, e isso é estranho também. Mesmo que Valerie não
seja mais a abelha rainha, Sara ainda está saindo com aquela
multidão. Acho que isso significa que não foi uma armação, ou
se foi, talvez eles realmente tenham começado a gostar dela.
Não tenho certeza do por que, mas por alguma razão, ela ainda
está saindo com eles, e quanto mais ela sai, menos tempo ela
parece ter para mim.

Achei que no próximo ano, quando partíssemos para


diferentes faculdades, perderíamos um pouco o contato, mas
pensei que seria por causa da distância e da vida nos levando
em direções diferentes. As escolas que pretendo frequentar
estão em Boston. A primeira escolha de Sara é Johns Hopkins.
Se ela entrar, ela se mudará para Baltimore.

Não é um mundo de distância, mas certamente não está


perto. Eu sabia que nos veríamos menos, provavelmente
pararíamos de falar tanto, mas... ela não me deixou pelo Johns
Hopkins e oportunidades maiores e melhores. Sinto que ela me
trocou por Wally e, em menor grau, por Valerie.

Visto que Valerie é aparentemente minha arqui-inimiga


na vida, isso é um pouco diferente.

Acabo decidindo não mandar mensagem para ela.


Não mando mensagens para ninguém.

Sentindo-me triste, me enrolo na cama e vou dormir cedo


esta noite.
Duas semanas se passam.

Não tenho notícias de Hunter novamente.

Ele não fala comigo na escola – quando ele se preocupa


em aparecer.

Há mais duas segundas-feiras, mas não há mais entregas


de flores.

Ele não aparece no meu trabalho.

Sua ausência é um ponto dolorido em meu coração que


nada mais pode preencher.

Na sexta-feira, estou sentada sozinha na minha mesa de


costume para o almoço. Sara não se senta mais comigo, então
levo um livro para ler todos os dias.

Estou trabalhando no livro de Hemingway, O Ter e Não


Ter, quando de repente minha solidão é interrompida.
Olho para cima sem sequer adivinhar quem pode ser, mas
se eu tivesse cem adivinhações, não teria chegado até quem
está realmente sentado lá.

Ryden Sherlock?

— Ei, — ele diz casualmente, como se almoçássemos


juntos o tempo todo.

Franzo a testa, olhando além dele para a mesa de Hunter,


onde ele pertence. Olho para trás para Sherlock, observando
enquanto ele abre uma garrafa de água e começa a comer seu
almoço como se fosse ficar.

— Oi, — digo incerta.

Ele acena para o meu livro. — Alguma coisa boa?

Levanto o livro e olho para ele como se não tivesse certeza.


— Está tudo bem. Hemingway não é meu favorito, mas é
melhor do que alguns de seus outros trabalhos.

Sherlock acena com a cabeça. — Se não é sobre um velho


em um barco, quase tem que ser.

Abro um sorriso. — Sim, esse não é um dos meus


favoritos. Mas leio muito e, na verdade, acho que é importante
ler livros dos quais não gosto às vezes também. Só para
misturar as coisas, manter minha mente aberta. Você leu
Hemingway?

— Li aquele quando era necessário para a escola, então


pensei em tentar outra coisa para ver se era menos ruim.
Nunca vou entender por que eles recomendam os piores livros
para leitura obrigatória. O objetivo é fazer as pessoas odiarem
a leitura? Em caso afirmativo, ótimo trabalho, continue o bom
trabalho.

— Ugh, eu sei. Quer dizer, gosto de muitos clássicos, mas


a lista de leituras obrigatórias definitivamente deixa muito a
desejar. Acho que eles deveriam abri-lo um pouco, variar os
títulos, adicionar algum material mais novo. Existem muitos
livros excelentes por aí, alguns que foram escritos neste século.

— Selvagem, — diz ele, balançando a cabeça.

Sorrio ainda mais. — Eu não sabia que você era um leitor.

— Bem, você não me conhece, — ressalta.

— Isso é verdade.

— Acho que agora que Hunter tirou Riley Bishop da lista


de garotas proibidas, eu folhearia, ver se alguma coisa chamou
meu interesse.

— Ah, é mesmo? — Balanço minha cabeça, mas não


posso deixar de sorrir.

Ele me lança um sorriso diabólico, então dá uma mordida


em seu sanduíche.

Nunca prestei muita atenção em Ryden Sherlock,


principalmente porque ele é um amigo de Hunter. Ele joga
futebol, mas não parece um atleta. Ele tem cabelo preto
selvagem e olhos azuis penetrantes. Ele é atraente, mas não
da maneira limpa e totalmente americana.

Hunter é lindo, mas há um aspecto mais áspero em


Sherlock, um certo nervosismo. Tenho certeza que ele pegou
do bolso de Anderson as chaves para Hunter e a façanha que
ele fez no baile, então provavelmente é seguro presumir que ele
não está muito preocupado com o que a maioria das pessoas
pensa. Ele é um quebrador de regras.

Eu meio que gosto disso.

Mas ele é amigo de Hunter, então mesmo que existisse a


possibilidade de que eu pudesse gostar de Ryden Sherlock, não
posso.

Em vez de deixá-lo pensar que eu poderia estar aberta


para ele, abro meu livro novamente e retomo a leitura. É mais
rude com ele sentado aqui do que quando eu estava sozinha,
especialmente porque somos as únicas duas pessoas na mesa,
mas também estou ciente da possibilidade de que quanto mais
tempo ele ficar aqui, maior será a chance de Hunter olhar para
cá.

Não tenho certeza de como ele reagiria, mas não quero


que ele se volte contra o amigo.

Não acho que Ryden Sherlock ficaria perturbado com


uma perda de popularidade, mas também não me importei
com nada disso. Ainda era uma droga ser tratada como merda
pelos meus colegas de classe.
Não quero que Hunter o intimide, e ele pode fazer isso se
achar que está farejando perto de mim.

— O que você fará esta noite?

Meu coração acelera. Pisco para ver a página do meu livro


e, lentamente, olho para o meu companheiro de almoço. — Eu?

— Não, a outra pessoa nesta mesa.

— Hum... nada.

— Você não está trabalhando?

Balanço minha cabeça. — Não essa noite.

Ele concorda. — Bom.

— Por que isso é bom?

Ele dá uma mordida em seu sanduíche e leva um tempo


mastigando, só para me deixar em suspense. Então ele olha
para mim do outro lado da mesa e diz: — Você vai à festa de
Hunter comigo esta noite.

Meu coração afunda tanto que acho que deixa meu corpo.
— O quê? — Estou tão atordoada que rio inquieta. — Não, não
vou.

— Sim, você vai.

Minhas sobrancelhas sobem. — Não, não vou, — digo


com mais força. — Olha, você está certo, nós realmente não
nos conhecemos, mas aqui está algo que sei sobre você: você é
amigo de Hunter. Aqui está algo que você sabe sobre mim:
Hunter tirou minha virgindade. Dados esses dois fatos, sem
investigar mais, não é seguro dizer que isso não está certo?
Não vou sair com um dos amigos de Hunter. É um movimento
idiota, e podemos não estar juntos, mas ainda me importo com
ele.

— Também me importo com ele, — diz ele facilmente. —


Eu não estava sugerindo que ficássemos, Riley. Acredite em
mim, se eu quisesse transar com você, seria muito mais
persuasivo. Só quero que você venha para a festa dele comigo.

Franzo a testa, confusa. — Por quê?

— Você conversou com o cara ultimamente?

Balanço minha cabeça.

— Ele não está tão quente. Ele é uma bagunça, na


verdade. Ele está festejando todas as noites, fugindo da escola.
Se ele não se recompor, ele será expulso do time de futebol. Ele
não está certo desde o Homecoming e, embora não tenha
exatamente se aberto e compartilhado seus problemas, não é
tão difícil reconstituir. Obviamente, algo aconteceu entre vocês
dois. Isso é problema seu. Só pensei que faria bem a ele ver
você. Talvez tirá-lo dessa situação.

— Você quer dizer, vê-lo lá com você pode tirá-lo dessa


situação.

Ele encolhe os ombros, sem negar.


Suspiro. — Não acho que seja uma boa ideia. Hunter é
um cara ciumento. Se eu aparecer com você...

— Ele vai acordar, — interrompe Sherlock, indo direto ao


ponto. — Não é real. Não vamos continuar. Não vamos mentir
para o cara. Iremos aparecer juntos e deixá-lo tirar a conclusão
óbvia, mas é isso, então acabou. Ele precisa de um choque em
seu sistema, algo que o tire dessa espiral autodestrutiva para
a qual está caminhando. Se você não pode contar com seus
amigos para ajudá-la a tirar sua cabeça da bunda quando você
precisar, com quem você pode contar?

Quando ele coloca dessa forma, faz muito sentido.

Ainda não estou convencida de que seja uma boa ideia,


mas o almoço está quase acabando e não quero dar meu
número a ele, então não tenho muito tempo para pensar sobre
isso.

— Tudo bem, — digo. — Encontro-te na casa dele. Ele


mora perto de mim, então posso ir até lá e encontrar você lá
na frente.

— Tem certeza ? Eu poderia pegar você.

Isso é muito parecido com um encontro, então balanço


minha cabeça.

Sherlock acena com a cabeça. — Tudo bem. Enquanto


entrarmos juntos, ele não saberá que não te trouxe. Vamos
chegar tarde, porém, quando a festa estiver a todo vapor.
— Ok. A que horas devo chegar lá?

— Estou pensando em 23h, — ele diz, se levantando e


pegando sua bandeja de almoço. Antes de jogar o lixo fora, ele
sorri para mim e diz: — Vista algo sexy.

Má ideia, festa para dois.

Viro-me, suspirando enquanto inspeciono meu próprio


reflexo no espelho.

Pareço bem. Muito bem. Meu cabelo escuro está solto


como sempre, mas coloquei uma maquiagem dramática nos
olhos que fez meus olhos azuis realmente se destacarem.
Limpei meus lábios e peguei uma roupa emprestada da minha
mãe – não tenho nada sexy. Minha saia é curta e preta. O top
vermelho que peguei emprestado é super sexy, um top
camesim sólido por baixo e uma camada transparente por
cima.

Na verdade, é tão sexy que estou pensando em não usá-


lo. Quase tiro toda a roupa e coloco um jeans simples e uma
camiseta, mas já estou atrasada.
Pego a bolsa Kate Spade que Hunter comprou para mim,
pois combina melhor com a minha roupa, então vou para a
casa dele.

Infelizmente, mamãe está em casa.

— Whoa, puta merda, onde você pensa que está indo?

Desacelero até parar, puxando minha saia. Ray está no


sofá com ela, então estou mais consciente de como ela é curta.
Essa é provavelmente uma indicação clara de que é muito
curta e eu deveria me trocar.

— Hum, uma festa.

Mamãe pisca para mim. — Uma festa? Com quem?

— Um cara.

Seus olhos se estreitam. — Esse cara tem nome?

Meu coração bate mais forte, mas estou aliviada que ela
perguntou sobre o cara e não onde era a festa. — O nome dele
é Ryden Sherlock.

Uma leve surpresa aparece em seu rosto. — Oh. Sherlock.


Não conheço esse nome. Quer dizer, conheço, mas presumindo
que ele não seja um detetive britânico fictício, estou pensando
em um diferente. Conheço a mãe dele?

Encolho os ombros. — Não faço ideia.

— Não é uma mãe PTO?


— Eu realmente não sei. Não o conheço muito bem. Ele é
amigo de... — Paro, horrorizada, e tento recuar. — Sherlock
está no time de futebol. Ele lê. Ele gosta de sanduíches de peru
e água mineral. Esta é a extensão do meu conhecimento sobre
ele.

Ela sorri provocativamente. — Ele é bonito?

— Ele é, — digo com um aceno de cabeça.

Seu olhar cai e ela verifica minhas pernas quase nuas. —


Essa saia é minha?

— Sim. Peguei emprestada. Tudo bem?

Seu olhar volta para o meu rosto. — Não tenho certeza.


Confiamos neste comedor de sanduíche de peru o suficiente
para usar uma saia tão pequena em torno dele?

Abro um sorriso, mas meu rosto se aquece. — Sim. Ele é


do bem.

— Você terá seu telefone com você o tempo todo?

— É claro.

— E você se lembra daquele movimento que te mostrei?


Faça uma cena se precisar, quebrar o nariz, fugir?

— Nunca vou esquecer, — asseguro a ela.

Ela acena com a cabeça, mas ainda parece um pouco


preocupada. — Eu deveria estar mais preparada por você
querer ir a uma festa. Eu deveria ter comprado spray de
pimenta. — Ela olha para Ray. — Você tem spray de pimenta?

— Não preciso de spray de pimenta, — digo antes que ele


possa responder.

— Também posso mostrar alguns movimentos, — Ray


oferece. — Dou aula de autodefesa para mulheres.

— Oh meu Deus, pessoal. Não preciso de autodefesa. É


só uma festa. Haverá muitas pessoas ao redor.

— Pegue suas próprias bebidas, — mamãe diz. — Se um


cara quer ser todo cavalheiresco e pegar um para você quando
você não está olhando, diga a ele não, obrigada. E se esse
Sherlock beber álcool, não entre no carro com ele. Ligue para
mim, irei buscar você.

— Nem estou indo lá com ele. A festa está perto, mas já


estou atrasada e preciso ir, — digo, avançando em direção à
porta.

Mamãe suspira. — Por que você não poderia ser


profundamente religiosa e interessado na vida de freira?

— Adeus, — digo, virando-me e indo para a porta. Se eu


deixar, ela vai me manter aqui a noite toda.

— Você nunca teria que comprar maquiagem e poderia


usar a mesma roupa todos os dias. Pense em todo o dinheiro
que você economizaria, — ela grita atrás de mim. Quando não
paro de andar, ela acrescenta: — Esteja segura. Divirta-se.
Amo você!

— Também te amo, — grito de volta enquanto saio pela


porta e a fecho atrás de mim.

Quase salto para fora da minha pele quando uma voz


profunda diz: — Tão cedo? Normalmente leva algumas horas.
Devo ter causado uma boa impressão.

Agarro meu coração, pulando e batendo na porta fechada


atrás de mim enquanto olho para o olhar malicioso de Ryden
Sherlock.

— Que diabos? — Exijo, lançando-lhe um olhar sujo. —


Por que você está na minha varanda?

Ele aponta para o pulso e vejo que está realmente usando


um relógio. — Você não apareceu. Achei que você poderia estar
me dispensando.

— Jesus Cristo, — murmuro, apoiando minha palma


contra o meu coração acelerado. — Você não pode
simplesmente aparecer na varanda das pessoas assim. Como
você sabe onde moro?

— T3nho meus caminhos. — Ele se vira e acena com a


cabeça na direção de seu carro. — Preparada?

Olho, levantando minhas sobrancelhas para o clássico


Camaro preto parado na minha garagem. — Esse é o seu
carro?
— Isso, ou eu roubei, — diz ele, descendo os degraus. —
É melhor arriscarmos, certo? A casa de Hunter não fica longe,
tenho certeza de que não seremos pegos.

— Uau. — Meu olhar volta para o automóvel preto


brilhante enquanto desço os degraus da minha varanda. — Eu
não adoro carros, mas este é um carro sexy. Quando Chuck
Whitehouse estava se gabando de seu carro idiota na festa na
casa de Valerie quando as aulas começaram, você deveria ter
enrolado nisso e feito com que ele se sentisse um idiota.

Sherlock lança um sorriso malicioso por cima do ombro


enquanto caminha para o lado do motorista. — Eu não estava
naquela festa. Não sou um grande fã de Valerie. Regina
George45 é um pouco demais para o meu gosto.

Suspiro, abrindo cuidadosamente a porta do carro e


entrando. — Você fica melhor a cada segundo.

— Não me entenda mal, Rachel McAdams 46 é gostosa, —


diz ele.

Fecho a porta. — Sem dúvida.

— Mas toda aquela vadia, 'Tenho que cortar outras


pessoas para me sentir melhor comigo mesma'? Passo.

45 Regina George é a "abelha-rainha" do Colégio North Shore e líder d'As Poderosas. Como a garota
mais popular da escola, ela é admirada e odiada por todos simultaneamente. Alusão ao filme
“Meninas Malvadas”.
46 Atriz que interpreta a Regina George em Meninas Malvadas.
— Acho que amo você, Ryden Sherlock. Talvez não
devêssemos ir a esta festa e deixar Hunter com ciúmes. Quero
ser sua amiga de verdade.

Sherlock sorri. — Ser minha amiga não exigiria sair


comigo? Então ele ainda nos veria juntos.

— Bem, sim, mas não com esta saia.

Eu não deveria ter dito isso. Isso atrai seu olhar para
minhas pernas nuas. Quando seu olhar viaja por todo o meu
corpo e pousa de volta no meu rosto, há um brilho em seus
olhos que faz meu coração pular na minha garganta.

— Essa é uma saia bonita.

Engulo, limpo minha garganta e treino meu olhar à


minha frente. — Bem, você disse para usar algo sexy.

— E você escutou muito bem, — ele diz, uma pitada de


diversão melosa em seu tom.

Meu peito aperta. Meu estômago se revira com uma


estranha sensação de culpa.

— Devemos ir, — digo rapidamente, antes de me


acovardar. — Estou tipo... muito perto de pular do carro e
voltar para casa, então se você quiser fazer uma aparição nesta
festa... vamos indo.

Ele não pergunta se me deixou desconfortável. Ele sabe


que sim e não se importa, mas também não dá muita
importância a isso. Em vez disso, ele dá ré no carro e
lentamente sai da minha garagem.

Os nervos me deixam inquieta. Ainda estou um pouco


tentada a escapar. Ele não fez nada de errado, mas há algo
preocupante sobre ele. Algo que me faz duvidar da rapidez com
que concordei com seu plano, com que descuido acreditei nele
– como se ele fosse alguém que eu sabia ser confiável.

Eu realmente não conheço Ryden Sherlock. A única coisa


que me lembro de Hunter me dizendo sobre ele foi algo como:
— Sherlock morde, mas eu não o deixaria morder você, — e
agora aqui estou eu, em seu carro com a saia mais curta que
já esteve no meu corpo. O que diabos eu estava pensando?

Bem, eu estava pensando que Hunter estava com algum


tipo de problema e ele precisava da minha ajuda. Isso é o que
Sherlock me disse.

Sinto-me louca e um tanto influenciada por minha mãe


maluca, mas agarro a porta até meus dedos ficarem brancos e
presto muita atenção na estrada para ter certeza de que ele
realmente está me levando para a casa de Hunter.

Certamente ele pode sentir minha tensão, mas não deve


incomodá-lo, porque ele não faz nada para aliviá-la.

Quando paramos na garagem de Hunter, a tensão no meu


peito diminui. Digo a mim mesma que estava sendo boba em
deixar as preocupações superprotetoras de mamãe sobre um
menino entrarem na minha cabeça, mas... bem, provavelmente
não foi muito sábio presumir que Sherlock estava em alta só
porque é amigo de Hunter. Hunter tem vários amigos terríveis
– não é garantia da bondade de uma pessoa ser amigo de
Hunter.

Sherlock não fez nada para me deixar tão paranoica


também, então tento me livrar disso enquanto nos dirigimos
para a porta da frente de Hunter.

É muito mais fácil quando não estamos mais sozinhos no


interior de seu carro.

O que não é tão fácil é entrar nessa festa com essa saia e
não se sentir constrangida com isso. Nunca uso roupas assim
porque não me sinto confortável com elas.

Não posso acreditar que acabei de ouvir Sherlock quando


ele me disse como me vestir – o que diabos eu estava
pensando?

É tarde demais agora. Estou aqui, minhas pernas estão


aqui – todos nós apenas temos que superar isso.

Não temos que ficar por muito tempo, de qualquer


maneira, apenas o tempo suficiente para Hunter nos ver e ter
uma ideia errada. Talvez então ele realmente fale comigo.

Porém, me ocorre quando passamos por um casal se


beijando e se apalpando na sala de estar de Hunter... Posso
acabar vendo algo que não quero ver.
Eu não estava feliz quando Hunter estava com Valerie,
mas agora ele está completamente solteiro.

As palavras de Sara sobre uma garota vindo até Hunter


na limusine a caminho do baile ressurgem.

Se Hunter for solteiro, as garotas provavelmente estão se


atirando nele a torto e a direito.

Se ele está triste por minha causa... talvez ele esteja


aceitando essas ofertas.

De repente, dominada por uma onda de pressentimento


ainda mais forte do que as que já senti esta noite, olho para
Sherlock. — Acho que foi uma péssima ideia. Não tenho certeza
do por que concordei com isso em primeiro lugar.
Honestamente, eu... eu não tenho explicação. Acho que você
deu um curto-circuito no meu cérebro ou algo assim, mas não
me sinto bem aqui. Podemos ir?

Ele balança a cabeça, me agarrando levemente pela


cintura e me puxando para frente. — Ainda não.

Franzo a testa. — Eu realmente não preciso da sua


permissão.

Em vez de responder, ele acena com a cabeça à frente. —


Sua amiga Sara está aqui. Você não quer dizer oi para ela?

Acho que devo dizer oi para Sara enquanto estou aqui. As


coisas têm estado estranhas entre nós ultimamente, mas
provavelmente ficariam muito mais estranhas se nos
evitássemos em uma festa.

— Tudo bem.

Sherlock acena com a cabeça, oferecendo-me um sorriso


que acho que ele pretende ser reconfortante. — Prossiga. Vou
pegar uma bebida para você.

Abro a boca para protestar, mas então paro.

Só vou dizer a ele para não me trazer uma bebida porque


mamãe mandou, não porque não quero. Não sou uma
bebedora, mas estou com sede. — Pegue algo não alcoólico
para mim, por favor. Uma garrafa de água ou algo assim.

— Sim, senhora, — ele diz com uma saudação irreverente,


mas mesmo enquanto fala, tenho a impressão de que vou
receber tudo o que ele decidir me trazer.
Quando me aproximo de Sara, ela está sentada sozinha
no sofá de Hunter, olhando para Wally. A poucos metros de
distância, ele está conversando com uma loira de cabelos
compridos, sorrindo enquanto ela ri de algo que ele disse.

Quando eu olho para trás para Sara, vejo linhas de tensão


em seu rosto. Ela está praticamente vibrando com energia
nervosa, sentando-se para frente e observando com as mãos
cruzadas no colo.

— Ei.

Seu olhar salta para mim com surpresa. — Ei. O que você
está fazendo aqui?

— Sherlock me trouxe.

Suas sobrancelhas sobem. — Uau! Sério?

— Não é um encontro nem nada, — digo rapidamente.

Suas sobrancelhas não caem de jeito nenhum. Ela


examina minha roupa. — Tem certeza disso? Você está
definitivamente vestida para um encontro.
Balanço minha cabeça. — Definitivamente não é um
encontro.

— Bem, se você negar duas vezes no espaço de quatro


segundos, deve ser verdade, — ela diz levemente.

Meu rosto fica vermelho. Olho para Wally, procurando


uma distração. — Então, como está tudo com você? — Olho de
volta para Sara. — Você e Wally estão conversando mais ou...?

— Sim, — diz ela, seu tom quase muito agudo para ser
acreditado. — Nós realmente viemos juntos esta noite. Ele me
deu uma carona.

— Oh, uau. Isso é legal.

Ela oferece um sorriso moderado. — Sim.

— Então... vocês têm saído?

— Sim.

Aceno, esperando que ela continue. Sei que minha amiga


quer ser louca por garotos, especialmente no que diz respeito
a esse garoto em particular, então espero que ela se expanda.

Quando ela não o faz, minha preocupação se aprofunda.


— Você não parece tão animada com isso quanto pensei que
ficaria.

— É emocionante, — ela diz defensivamente. — É só... é


complicado, sabe?
— Na verdade. — Tento sorrir. — Você não tem falado
comigo sobre isso. Ou qualquer outra coisa, na verdade.

— Estive ocupada.

— Entendi. — Franzo a testa, ouvindo uma sugestão de


defesa em meu próprio tom. — Também tenho estado ocupada.

— Ótimo, — ela diz, um pouco breve. — Nós duas


estivemos ocupadas, é por isso que não conversamos sobre
isso.

Minha carranca se aprofunda, e minha preocupação com


isso. — Está tudo bem, Sara?

— Está tudo bem, — ela retruca. — Deus, pare de


perguntar.

Cruzando meus braços sobre meu peito, atiro a ela um


olhar. — Claramente. Por que eu teria pensado que tudo não
está bem quando você está agindo tão fria? É o Wally? Você
está vendo-o falar muito com aquela garota.

Seu olhar se volta para mim. — Não estou de olho nele.

— Eu... não disse que você estava.

— Ele não é meu para ficar de olho. Sim, passamos algum


tempo juntos, mas estamos mantendo as coisas casuais agora.
Não rotulamos, sabe?

Ela está ferida com tanta força que não tenho certeza de
onde é seguro pisar. — E... você está bem com esse acordo?
— Tenho que estar bem com esse acordo, — ela diz, uma
pitada de miséria vindo quando ela olha para ele. — Isso é o
que ele quer. Agora, — ela acrescenta, mais para ela do que
para mim.

— Sara, — digo, o mais gentilmente possível. — Se você


quiser coisas diferentes, talvez...

— Não faça isso, — ela diz, balançando a cabeça e sem


olhar para mim. — Não estrague isso para mim.

Meu coração afunda. — Não estou tentando arruinar


nada para você. Só não quero ver você se machucar.

Finalmente, seu olhar volta para o meu, mas há algo ali


que não gosto de jeito nenhum. — Olha, nem todos podemos
ter modelos do Instagram obcecados por nós, mesmo quando
os afastamos, ok? Alguns de nós têm que esperar e ver para
onde as coisas vão. Temos que esperar para ver se um cara
realmente gosta de nós. Não espero que você saiba nada sobre
isso.

Inalo bruscamente, suas palavras me cortando como


lâminas serrilhadas.

A culpa passa por seu rosto quase imediatamente, mas


não faz suas palavras doerem menos.

— Uau. Estou interrompendo algo?

Olho para trás para Sherlock, parado ali com dois copos
vermelhos.
— Não. Terminamos aqui, — digo a ele, ansiosa para
fugir. Saio sem dizer mais nada.

Sherlock está bem atrás de mim. — Você está bem?

— Estou bem.

— Ela não é sua amiga? — Ele pergunta, olhando de volta


para Sara.

— Sim, ela deveria ser, — murmuro.

— Huh. Poderia ter me enganado.

— Ela só está chateada porque Wally é um idiota, —


declaro, diminuindo a velocidade até parar. — Ela está
descontando em mim. Qualquer que seja. Eu só... realmente
quero ir embora. Podemos sair daqui?

Sherlock suspira, olhando ao redor. — Eu realmente


queria que você falasse com Hunter primeiro. Vir aqui seria
uma perda de tempo completa se você não o fizesse. — Depois
de alguns segundos, ele me entrega uma dos copos. — Aqui.
Por que não tomamos um drinque, damos uma volta, vemos se
podemos encontrá-lo?

— Não estou com vontade de me socializar com mais


ninguém, — digo, pegando copo e olhando-o com ceticismo
aberto. — E minha mãe me disse para não aceitar bebidas
abertas de caras estranhos.

— Sem sedativos, prometo. — Ele estende seu copo. —


Podemos trocar, se você quiser.
Estreito meus olhos para ele, o louco saindo quando digo
a ele: — Talvez você esperasse que eu dissesse isso e se
embebedou para que, quando eu insistisse em trocar de copos,
eu acabaria em cobertores.

— Talvez você já tenha visto The Princess Bride47 muitas


vezes.

— Inconcebível!

Sherlock sorri. — Vamos. Iremos para cima, com menos


pessoas lá em cima. É mais silencioso. Talvez Hunter esteja lá.
Às vezes, ele faz essas festas e depois desaparece.

Fico tensa quando ele diz isso. — Sozinho?

— Até onde sei.

Não gosto dessas probabilidades. Se o encontrarmos e ele


estiver namorando outra garota, eu morrerei.

— Tenho uma ideia melhor, — digo a Sherlock.

— O que é isso? — Ele pergunta, agarrando meu cotovelo


e me guiando em direção às escadas.

— Não falamos com Hunter. Não bebemos nossas


bebidas. Voltamos para minha casa e assistimos a um filme
com minha mãe e seu meio namorado. Há uma chance de
50/50 de ela odiar você à primeira vista, mas ela também pode

47The Princess Bride ( A Princesa Prometida) é um filme estadunidense, dirigido por Rob Reiner,
baseado no romance de 1973 de William Goldman, combinando aventura, comédia, romance e
fantasia. O filme é anunciado como um clássico cult.
amá-lo por não ser um Hunter. Definitivamente um ou outro,
nenhuma possibilidade de que ela caia em algum lugar no
meio. Ajudaria imensamente se você encontrasse uma maneira
natural de expressar seu desinteresse inerente por sexo. Ray
provavelmente acharia seu carro legal, então você ganharia
pontos lá. Podemos assistir The Princess Bride e pedir pizza, e
então você pode ir para casa.

— Hmm, tentador, — ele diz, jogando junto.

Não estou jogando, no entanto. Eu realmente não quero


subir.

Estou andando pelas escadas, embora assim você não


possa dizer.

Franzo a testa para ele. — Como você continua me


convencendo a fazer coisas que não quero fazer?

Sherlock sorri. — É um talento. — Sua mão livre se move


para a parte inferior das minhas costas enquanto atingimos o
patamar superior.

— Talvez você não deva me tocar. Você disse que não


estamos mentindo para Hunter, apenas tentando pegá-lo
desprevenido por estarmos aqui juntos. Se ele vir você me
tocando, ele vai pensar...

Ele para pra colocar sua bebida em uma mesa final antes
de chegarmos ao corredor. — Que sou um cavalheiro?

— Não, não isso.


Ele pega minha bebida e começa a colocá-la ao lado da
sua, mas para de repente e franze a testa para a borda do copo.
— Sem batom. — Ele devolve o copo. — Aqui, tome um gole.

— Por quê? — Pergunto, carrancuda.

— O diabo está nos detalhes.

— O que isso significa?

— Basta tomar um maldito gole.

Franzo a testa com mais força. — Você é tão mandão, —


digo a ele, mas tomo um gole rápido mesmo assim.

Ele pega o copo agora e a coloca na mesa, então ele passa


um braço em volta de mim, plantando a mão no meu quadril e
indo pelo corredor. — O que aconteceu entre vocês dois, afinal?

— Lembra quando você disse que era problema meu? —


Pergunto, ansiosa sobre o quão perto ele está. Posso sentir o
calor do corpo saindo dele e penetrando em mim.

— Bem, sim, mas isso foi antes de sermos amigos, — diz


ele com uma combinação de piscadela e sorriso que garanto
que deixou cair um bom número de calcinhas.

— Reconsiderei seu pedido de amizade. Lamento


informar, a posição não está mais disponível.

— Droga. Terei que me inscrever na próxima vez que


houver uma vaga, — ele diz enquanto me guia pelo corredor
escuro.
— Para onde você está me levando? — Pergunto,
percebendo assim que a pergunta foi lançada, há apenas
quartos deste lado e nenhuma outra pessoa.

Ele para do lado de fora do quarto de Hunter e me vira


para que eu fique de costas para a porta.

Tenho a sensação de que estou exatamente onde ele me


queria, desde que se sentou comigo na hora do almoço, e o
brilho predatório repentino em seus olhos faz meu coração
afundar.

Aqueles olhos. É difícil desviar o olhar deles, embora


sustentar seu olhar faça meu peito apertar. Achei que seus
olhos eram azuis hoje cedo, quando ele se sentou à mesa do
meu almoço, mas quando olho para suas profundezas
aparentemente infinitas agora, eles escureceram para um
cinza duro e metálico.

Engulo o nó na garganta, recuando contra a porta


enquanto Sherlock se aproxima de mim.

— O que você está fazendo? — Pergunto, minha voz um


pouco trêmula.

Sem palavras, ele planta a mão contra a porta sobre a


minha cabeça, então se inclina e pressiona seu corpo contra o
meu. Seu outro braço envolve minha cintura, apertando e
puxando meu corpo para perto enquanto tento me afastar. Seu
rosto está tão perto do meu que mal consigo respirar.

— Você disse... você disse que íamos apenas...


— Menti, — ele diz simplesmente.

Então ele me beija.

Minha barriga tomba, meu coração afunda e a adrenalina


corre pela minha corrente sanguínea quando a porta do quarto
se abre atrás de mim. Estou presa entre os instintos de
empurrar Sherlock para longe e me contenho enquanto caio
para trás sem a porta fechada para suportar meu peso.

Na verdade, não caio porque Sherlock está com o braço


em volta da minha cintura, mas isso é muito pior.

— Que porra é essa?

A voz atordoada de Hunter para meu coração.

Levanto minhas mãos rapidamente, tentando empurrar


Sherlock para longe de mim. Ele se afasta quando estamos no
quarto de qualquer maneira, fingindo surpresa enquanto olha
para Hunter. — Ah Merda. Desculpe, cara, eu não sabia que
você estava neste quarto.

Sherlock me solta e me afasto, recuando contra a porta


aberta e olhando para Hunter com horror.

O olhar de traição em seu lindo rosto rasga meu coração


ao meio.

Quero cair de joelhos e implorar por perdão, embora eu


não tivesse a intenção de fazer nada de errado.
Hunter não está olhando para Sherlock. Ele também não
responde. Ele está olhando para mim. Seu olhar cai para os
meus lábios, e a expressão em seus olhos muda. A mágoa se
transforma em uma fúria incandescente.

Toco meu lábio inferior, consciente de todos os problemas


que está causando. Sherlock me beijou, então no começo acho
que ele provavelmente espalhou meu gloss, mas então toco
meu lábio e percebo que parece meio dolorido e inchado.

Ele mordeu meu lábio.

Tudo aconteceu tão rápido que nem percebi.

Cubro minha boca, não querendo que Hunter veja. A


culpa salta aos meus olhos. Dou um passo à frente enquanto
tento explicar. — Não é o que parece.

Sei exatamente o que parece. Parece que estávamos nos


beijando no corredor e caímos em um quarto que por acaso
estava ocupado.

Hunter dá um passo lento para frente, depois outro.

Nunca tive medo de Hunter, mas meu coração bate como


se eu desse um passo para trás instintivamente.

Revelando seu desempenho agora que Hunter se


concentrou em mim, Sherlock diz: — Nem percebi que este era
o seu quarto...
— Vá. Se. Foder. Fora, — Hunter diz com cuidado, sua
voz tão baixa e perigosa, que envia uma onda de medo pela
minha espinha.

Minhas costas estão contra a porta, então não posso me


afastar mais dele. Empurro de qualquer maneira, como se
pudesse desaparecer dentro dela se empurrar com força
suficiente. — Hunter, eu não estava – não estávamos – ele
armou para mim.

— Oh sim? — Ele se aproxima. — Ele sequestrou você e


arrastou você para a minha casa, para o meu quarto sem
ninguém perceber que você clamava por ajuda?

Meu rubor aumenta. — Bem não.

— Você está aqui com ele? — Ele exige.

— Bem... tecnicamente, — digo incerta.

Ele está perto o suficiente para alcançar nós dois agora.


Sherlock ainda não saiu, ele ainda está parado na porta.
Hunter olha para ele, olhos estreitos. — Que porra você está
esperando? Eu disse saia da minha casa.

Lanço um olhar ansioso para Sherlock, que – por uma


fração de segundo – parece dividido. — Você vai ficar bem? —
Ele me pergunta.

Acho que ele realmente quis dizer isso, mas ele tem
coragem de merda.
Hunter realmente não aprecia a aparente preocupação de
seu amigo por mim.

Ele se vira para Sherlock, agarrando-o pela camisa e


empurrando-o para trás. — Afaste-se de nós, porra, antes que
eu coloque você através de uma maldita parede.

— Vou ficar bem, — garanto ao idiota que me atraiu até


aqui. Estou muito brava com ele, mas não quero que ele e
Hunter se enfrentem. Hunter vai se acalmar quando eu
conseguir explicar o que aconteceu, mas quanto mais Sherlock
fica parado, mais irritado Hunter fica. — Vá.

Sherlock olha de mim para Hunter, não parecendo


totalmente convencido, mas ele não veio aqui para lutar com
Hunter.

Aparentemente, ele me trouxe aqui para alimentá-lo.

Então, sem mais preocupação com meu bem-estar,


Sherlock aceita minha garantia e desaparece no corredor.

Depois que ele sai, Hunter se volta para mim e me encara.


— Fodido Sherlock? Sério, Riley?

Engulo, considerando Hunter com cautela enquanto ele


vem em minha direção. — Não era o que parecia. Não
estávamos nos agarrando no corredor. Ele me enganou.

Hunter me agarra pela camisa, assim como fez com


Sherlock. Suspiro, mas ele não me empurra para fora de seu
quarto – ele me puxa mais para dentro dele para que possa
fechar e trancar a porta.

— Ele... Ele me disse que você estava passando por um


momento difícil. — Hunter se apoia em direção à parede.
Tropeço, mas não vou muito longe, já que ele ainda está
segurando minha camisa. — Ele teve uma ideia estúpida de vir
aqui juntos esta noite, mas não era um encontro. Ele apenas
pensou que se você me visse com ele, isso poderia surpreendê-
lo e então você falaria comigo.

— Oh, vou falar com você, tudo bem, — ele diz, me


jogando contra a parede com tanta força que ofego com o
impacto. Seu olhar cai para o meu lábio inferior. Sua
mandíbula trava. Posso ver a raiva queimando em seus olhos,
imagino a memória da boca de outro homem na minha
passando por sua mente.

— Sinto muito, — digo baixinho. — Sei como deve ter


parecido, mas ele é seu amigo, Hunter. Eu nunca faria isso
com você.

Hunter balança a cabeça, mas posso ver em seu rosto que


ele não acredita em mim. — Certo. É por isso que você está
vestida assim, hein? Por que você não está interessada nele?
Vi você rindo dele no almoço hoje.

Meu estômago embrulha.

— Ele é engraçado, Riley?


Endureço quando Hunter se inclina, pairando perto do
meu pescoço, mas não o beija. É mais como se ele estivesse
farejando, certificando-se de que nenhum animal rival marcou
mais seu território do que minha boca. Como se ele fosse capaz
de sentir o cheiro dele em mim.

— Juro por Deus, Hunter, não foi assim. Achei que ele
estava sendo amigável. Ele fez parecer que estava sendo
amigável. Ele me atraiu aqui sob o pretexto de ajudá-lo. Eu
nunca teria ido à sua festa com outro cara. Você me conhece.
Você sabe disso.

— Não sei mais o que eu sei, Riley. Sei que Sherlock não
tem carteira. Disso eu sei.

Nunca vi Hunter com tanta raiva antes. Ele ficou com


ciúmes de Anderson na festa de Valerie, mas isso não era nada
comparado àquilo.

Acho que ele realmente não via o Anderson como uma


ameaça.

O mesmo não pode ser dito de Sherlock.

— Não gosto dele, — digo baixinho, olhando para ele,


implorando para que ele acredite em mim. — Eu não. Eu não
te machucaria assim.

Hunter solta minha camisa com uma mão, deslizando-a


pelo meu pescoço e roçando o lado do meu rosto antes de
empurrar os dedos pelo meu cabelo e fechar o punho. — Não,
não de propósito, você não faria, — diz ele calmamente.
Meu estômago embrulha quando sinto um cheiro de
álcool em seu hálito.

Ele está bebendo.

— Mas você realmente não pode ajudar quem você gosta,


não é, Catnip? Deus sabe que se você pudesse, eu não gostaria
de você.

Engulo, meu coração pulando uma batida rápida. Olho


para baixo apenas para não ter que olhar para ele. — Isso é
maldade, Hunter.

Ele zomba. — Não, não é. Você quer ver dizer?

Ainda evitando seu olhar, balanço minha cabeça.

Sei que ele está com raiva, mas por baixo disso está
magoado, e me sinto absolutamente mal por isso.

Ele solta minha camisa e meu cabelo. Por uma fração de


segundo, sinto alívio, mas então ele agarra minha bolsa.

Estou tão atordoada que franzo o cenho para ele e tento


agarrá-lo de volta. — O que você está fazendo?

Ele é muito mais forte do que eu, então não tem


problemas para arrancá-la de mim. — Quero ver o que você
tem aqui.

— O quê? — Meu coração afunda quando me lembro do


que está naquela bolsa.

Ah não.
Procuro por ele. — Hunter, não. Devolva.

Seus olhos se estreitam com suspeita.

Porra. Só o interessei mais pelo conteúdo.

Lambo meus lábios, pensando rápido, mas não consigo


encontrar uma maneira de sair disso.

Ele abre a bolsa.

— Hunter, não, — imploro, estendendo a mão para pegá-


la novamente.

Ele pega meu telefone primeiro, mas não tenta abri-lo. Ele
tira minha carteira em seguida.

Fecho meus olhos quando ele alcança a bolsa mais uma


vez.

E tira um preservativo.
A acusação paira no ar enquanto Hunter segura aquele
pequeno pacote embrulhado em papel alumínio entre os dedos.

Meu estômago balança tão violentamente que acho que


vou vomitar.

Abro os olhos e profiro palavras que já sei que ele não vai
acreditar. — Não trouxe porque tinha planos de usá-lo. Foi
puramente uma precaução, e não para ele – coloquei isso lá
depois do Homecoming.

Hunter fecha o punho em torno do preservativo,


apertando-o como se quisesse que fosse a garganta de
Sherlock.

Ou talvez a minha. Não tenho mais certeza.

— Você ia transar com ele esta noite?

Meu coração salta para a minha garganta. — Não.

Como se eu nem tivesse falado, ele se aproxima. Mais


zangado. — Você ia transar com ele no meu quarto, Riley? É
isso que você ia fazer?
— Não. — Balanço minha cabeça mais
desesperadamente. — Hunter, você sabe que eu nunca, nunca
faria isso.

— Você roubou minha ideia e a virou contra mim. Eu


sabia que você estava com raiva de mim por causa de Valerie,
mas isso é imensamente fodido. — Pulo quando ele joga minha
bolsa e todo o seu conteúdo no chão e vem até mim, seus belos
traços torcidos de raiva.

— Hunter, — digo com cautela, colocando minhas mãos


para cima como uma espécie de barreira improvisada e de má
qualidade. — Eu não fiz. Eu não dormiria com ele. Você tem
que acreditar em mim. Nem mesmo o beijei – ele me beijou, e
foi apenas o que você viu. Não estávamos nos beijando antes
disso.

Ele agarra meu braço, me puxando contra seu corpo


musculoso.

Eu suspiro de surpresa, mas não luto com ele.

— Você queria transar com ele, Riley? — Ele pergunta,


sua voz baixa e perigosa novamente. — Terminei sua primeira
vez e abri você para os negócios. Agora você me diz não. Você
ia dizer a ele que sim?

— Não, — choro, meu coração afundando quando ele


começa a me arrastar em direção a sua cama. Tento afastá-lo,
mas seu controle sobre mim é muito forte. — Eu te disse, eu
não ia...
— Pode não ter importado, — ele interrompe. — Ele é
mais rude do que eu. Mais agressivo. — Ele passa o braço em
volta da minha cintura, puxando-me grosseiramente contra ele
para que eu possa sentir o quão duro ele está. — Você já sabe
disso? Talvez você goste.

Meu coração acelerado já está na minha garganta, então


em um movimento ele executa tão rapidamente que não posso
ter certeza do que está acontecendo, ele afrouxa seu aperto,
me puxa para longe de seu corpo, me gira e me empurra para
frente em sua cama.

Pego-me apoiando as palmas das mãos no colchão.

Não estou com medo, não de verdade, mas... estou


desconfiada.

Hunter sempre parou quando eu disse a ele, mas nunca


o encontrei bêbado antes, e agora ele está magoado e com raiva
em vez disso. Quando ficou com ciúmes de Anderson na festa
de Valerie, ele ficou mais agressivo – e naquela noite ele estava
sóbrio. O álcool não é conhecido por acalmar a agressão nas
pessoas, até onde sei.

— Hunter, você está bêbado.

— Quão perceptiva. — Ele puxa meus joelhos debaixo de


mim, me achatando contra o colchão.

A ansiedade aperta meu peito. — Você está bêbado e


louco. Desacelere. Vamos conversar sobre isso.
— Nada para falar, — ele murmura. — Você estava indo
para foder meu amigo.

— Eu não estava. Por que você não acredita em mim?

Ele puxa minha saia, deslizando as mãos sobre minha


bunda e apertando. — Você trouxe uma camisinha e está
vestida como se quisesse ser fodida, Riley. Desculpe, não sou
o cara que você tinha em mente, mas estou feliz em ajudá-la.

Ele não iria.

Ele não vai.

Tenho... 99% de certeza.

Esse outro um por cento fica alojado no meu intestino


enquanto ele puxa minha calcinha para baixo.

A parada fica presa na minha garganta.

Se eu disser, tudo muda.

Se eu disser e ele me ignorar...

Ele já me fodeu antes. Talvez não seja um grande negócio


se eu... Deixá-lo?

Eu não queria deixá-lo me tocar novamente depois de


foder Valerie, mas... bem, não tenho certeza se isso conta
inteiramente. Eu só o deixaria para nos proteger de
queimarmos no calor deste momento terrível.
Suspiro quando ele me puxa para mais perto da beira da
cama, me posicionando do jeito que ele me quer e abrindo
minhas pernas para que ele possa ficar entre elas.

Não, não, não. Assim não. Não deveria ser assim.

— Hunter, por favor...

Ele não para. Ele nem mesmo diminui o ritmo. Seus


dedos cavam em minha carne, gananciosos e exigentes,
pegando o que tenho relutado em dar livremente.

Sei que ele não está em seu juízo perfeito. Sei que ele não
está pensando com clareza.

Sei que ainda o quero, seja ele zangado e mesquinho ou


terno e amoroso.

Ainda estou um pouco assustada.

Normalmente, posso desejá-lo e ainda resistir. Agora, se


eu resistir... isso se torna uma coisa totalmente diferente.

Outro limite que ele não respeitará.

Não posso arriscar isso. Lidar com o primeiro limite


cruzado é difícil o suficiente. Não pode haver dois.

Meu coração bate descontroladamente no meu peito.


Planto minhas mãos contra o colchão, puxando uma
respiração apressada e nervosa enquanto tento rastejar para
frente para me afastar dele.
Talvez eu não possa dizer não a ele, mas se eu puder
evitá-lo, ganho alguns minutos para se acalmar... ele verá a
razão. Ele vai parar.

Suas mãos se fecham em torno das minhas coxas,


separando-as e me arrastando de volta para a beira da cama
ao mesmo tempo.

Ouço abrir o zíper das calças.

Meu coração afunda.

Isso vai acontecer. Não há como pará-lo.

— Preservativo, — digo rapidamente, virando minha


cabeça para tentar olhar para ele. — Hunter, por favor, use um
preservativo.

— Oh sim. Isso arruinaria seus planos, não é? Ficar


selado com meu bebê. Talvez você já esteja.

— Não estou, — digo a ele. — E isso poderia arruinar


tanto dos nossos planos, e não apenas o meu.

— Eu quis dizer seus planos com Sherlock.

Suspiro, momentaneamente exasperado. — Isso é porque


você está sendo louco. Não existe nenhum eu e Sherlock.
Hunter, por favor, me solte. Vamos conversar.

Em vez de falar, ele alinha seu pau nu entre as minhas


coxas, pressiona a cabeça inchada contra a minha entrada e
empurra para dentro de mim.
Grito, perdendo o fôlego e ficando rígida contra o colchão
enquanto ele me estica.

Porra, isso dói.

Eu não esperava por isso, e meu corpo fica ainda mais


tenso com a dor repentina quando ele me enche de forma tão
agressiva.

Cavo meus dedos no tecido macio de sua colcha e tento


me reagrupar. Já que só fiz sexo uma vez e ele não fez nada
para me preparar dessa vez, meu corpo está tenso e hostil. Ele
tem que forçar seu caminho ainda mais agora do que na noite
em que tirou minha virgindade.

Ele não está sendo tão atencioso esta noite, também.

Agarro a cama com mais força enquanto ele penetra mais


fundo antes que eu esteja pronta, meus dedos ficando brancos
com a tensão. Aperto meus olhos fechados, tentando como o
inferno relaxar meu corpo para que eu possa tomá-lo mais
facilmente, mas estou muito tensa.

— Você está me machucando, — digo, meu estômago


afundando enquanto digo as palavras. Estou com medo de
contar a ele. Com medo de que – no momento – ele não se
importe.

Sei que ele vai se importar mais tarde, quando ele não
estiver tão cego pela raiva.

Ele é tão cabeça quente às vezes.


A raiva cresce dentro de mim. Tento ficar de joelhos para
poder desalojá-lo e ficar longe do desconforto.

— Uh-unh, — ele murmura, segurando meus quadris


para se manter dentro de mim enquanto sobe na cama. — Não
se atreva, porra.

Meu coração para com a dureza de suas palavras.

Engulo. Parte da minha ira se dissipa, substituída por


cautela.

Ele não está recuando, então acho que desta vez devo.

— Você não quer fazer isso, Hunter. Assim não. Por favor,
coloque um preservativo.

— Acho que você não está grávida, — ele murmura,


mantendo uma mão no meu quadril, mas relaxando seu corpo
para que ele fique em cima de mim, me enterrando no colchão
confortável.

— Não, — digo suavemente. — Eu teria te contado, mas


você não estava falando comigo.

Ele não diz nada sobre isso. Seu pau ainda está enfiado
em mim, mas não tão profundo quanto pode ir.

Ele se afasta, dando-me um alívio momentâneo, depois se


afasta menos brutalmente.
Meu corpo ainda se esforça para cabê-lo. Aperto meus
olhos fechados, meu estômago revirando enquanto ele
empurra mais fundo e me estica ao redor dele.

Parece uma violação, mas não uma violação indesejada,


se isso faz algum sentido, porra. Eu gostaria que ele tivesse
colocado uma camisinha em seu pau, mas apesar do
desconforto, é bom tê-lo dentro de mim novamente.

Eu o queria dentro de mim novamente antes de agora, eu


simplesmente não conseguia dizer sim.

Hoje à noite... ele não perguntou.

Minhas emoções estão tumultuadas enquanto ele me fode


de bruços em sua cama. Não há ternura, nem cuidado por
mim, apenas possessão gananciosa. Não tenho a sensação de
que ele quer fazer amor comigo agora, ele só quer me fazer levá-
lo, para me punir por vir aqui esta noite com outro homem.

Não sei como me sentir sobre isso.

Meu corpo parece, no entanto.

A tensão começa a crescer com a fricção dele batendo em


mim uma e outra vez, mas ele não faz nada para acender as
chamas do meu prazer.

Esta reclamação não é para mim. Ele não quer que eu vá,
só quer me lembrar de quem sou, como dizia no cartão nas
primeiras flores que me mandou.

Não me importo, realmente não.


Sinto uma pontada de arrependimento quando seus
dedos cavam em minha carne e ele goza dentro de mim, no
entanto. Ele usou meu corpo e me encheu com seu esperma,
apesar dos meus protestos. Não existe homem das cavernas
muito mais brutal do que isso.

Hunter desmaia em cima de mim, seu rosto descansando


no meu ombro enquanto ele se recupera de seu orgasmo.

Assim que ele recupera força suficiente para se mover, ele


muda seu peso.

Esperma vaza para fora de mim enquanto ele sai do meu


corpo.

Fecho meus olhos, ainda de bruços no colchão. Não quero


olhar para ele agora. — Você gozou dentro de mim.

— Claro que sim, — diz ele sem vergonha enquanto cai


na cama ao meu lado. — Talvez desta vez grude.

Meu estômago embrulha. Abro os olhos e viro a cabeça


para encará-lo. — Isso é uma coisa fodida de se dizer, Hunter.

— Sherlock não vai querer você então.

— Jesus Cristo. Não me importo com Sherlock, — grito.

Ele estende a mão em direção ao meu rosto, roçando meu


lábio inferior com o polegar.

Só assim, minha raiva e mágoa derretem. A culpa volta.


Não beijei Sherlock, certamente não dei permissão a ele
para marcar meu lábio assim, mas concordei com seu plano
maluco em primeiro lugar. Fiz o que ele me disse para fazer,
me vesti do jeito que ele me disse para me vestir. Não sei por
que fiz nada disso, mas deixei-me levar.

Senti-me de alguma forma quando ele olhou para mim no


carro.

Não sou culpada de nada, mas também não me sinto


totalmente inocente.

— Não posso nem beijar você, — murmura Hunter. — Não


quero prová-lo em sua boca.

A vergonha aperta meu intestino. — Lamento que ele


tenha me beijado, especialmente na sua frente. Eu não queria
te machucar. Você pode querer me machucar às vezes, mas eu
nunca quero te machucar.

Hunter se mexe, posicionando um travesseiro sob sua


cabeça e olha para mim. — Por que você veio aqui com ele,
então?

— Eu te disse, — sussurro, um toque desesperador. —


Ele me enganou.

Ele não parece convencido. — Você não é burra o


suficiente para cair em seus truques.

Rio amargamente, mas o som é abafado contra o colchão.


— Você pensaria isso, não é? Ele me distraiu. Ele me disse que
você estava com dor, e isso é tudo que pude ver. Não foi
racional. Quebrei uma dúzia de regras diferentes do bom
senso, ignorei meus instintos. Não posso me defender nesse
sentido. Fiz algo realmente estúpido. Sou humana. Faço coisas
idiotas às vezes, especialmente quando meus sentimentos
estão sendo manipulados.

— Não posso acreditar que você o deixou te manipular, —


ele murmura.

— Também não posso, — concordo. Depois de um


momento, digo baixinho: — Ele usou você. Você sempre foi
minha fraqueza.

Hunter não disse nada por um longo momento.


Finalmente, seu tom sombrio, ele diz: — Sim. Você sempre foi
a minha também.
Quando meus olhos se abrem, o quarto está escuro.

Minha cama é mais confortável do que eu me lembrava,


então rolo de lado para me aconchegar em um travesseiro, mas
quando vou pegar o meu extra, só pego o ar vazio.

Estou do lado errado da cama.

Minha mente clareia e percebo que não estou em casa na


minha própria cama.

Adormeci na cama de Hunter.

Sento-me com um suspiro, piscando para afastar minha


sonolência enquanto procuro um relógio.

Oh meu Deus, adormecemos juntos na cama.

De novo.

Minha mãe vai massacrá-lo.

Olho ao redor do quarto escuro em busca de um relógio


para que eu possa ver em quantos problemas estou, mas esses
pensamentos vagam rapidamente da minha mente quando
vejo Hunter.

Ele está acordado, sentado em uma cadeira ao lado da


cama. Seus ombros estão curvados para frente, sua cabeça
baixa. Seu rosto bonito está banhado pelo luar, então posso
ver sua expressão sombria.

Ele olha quando me ouve engasgar.

— Ei, — digo, um pouco mais incerta do que eu pretendia.


— O que você está fazendo aí?

— Não tinha certeza se você me queria na cama, — ele


diz, sua voz baixa, um pouco crua.

Empurro meu cotovelo. — É a sua cama.

Ele não diz nada.

— Você está bem? — Pergunto.

Hunter ri, uma explosão curta e dura. — Estou bem? Sim,


estou bem. Você está bem?

— Estou bem. — Digo a palavra, mas não parece que


terminei com ela. Não entendo por que ele saiu da cama, mas
não gosto disso. — Que horas são?

— Um pouco depois das duas.

— Você sabe onde meu telefone está? Preciso mandar


uma mensagem para minha mãe.
Ele balança a cabeça, levantando-se da cadeira e indo
pegar minha bolsa e todas as coisas que jogou no chão.

— Obrigada, — murmuro enquanto pego meu telefone.

Ilumino a tela e vejo que são 2:14. Também vejo que perdi
três mensagens de texto da minha mãe. A primeira é de 45
minutos atrás só perguntando se voltarei para casa logo, aí tem
mais duas já que não respondi.

— Merda, — murmuro. É tão tarde, mas... Eu realmente


não sinto que posso ir agora.

Hunter e eu ficamos quietos depois que ele terminou


comigo. Presumi que nós dois adormecemos. Agora não tenho
certeza, talvez só eu tenha. Seja qual for o caso, ainda
precisamos conversar. Se eu sair de sua casa esta noite, não
tenho certeza se sobreviveremos.

— Sua mãe? — Ele pergunta.

— Sim. — Olho para ele. — Sua mãe se importará se eu


passar a noite?

Suas sobrancelhas se erguem em surpresa. — Não, ela


nem está aqui. Ela está fora da cidade. Tenho o lugar só para
mim. — Ele faz uma pausa. — Você quer passar a noite?

Concordo. — Se estiver tudo bem.

— Claro que está tudo bem. Não tenho certeza se sua mãe
vai concordar, mas...
Encolho os ombros. — Eu não disse a ela para onde eu
estava indo. Ela pode descobrir e bater na sua porta, mas...
provavelmente não vai desta vez. Ela sabia que eu estava
saindo com...

Opa.

Paro, percebendo o quão mal eu disse isso.

— Eu não quis dizer...

— Entendi, — ele diz sucintamente. — Ela não pensaria


que você estaria dormindo na minha casa.

Meu coração afunda. Quero discutir, mas não sei como.


É basicamente isso que estou dizendo, só não gosto do jeito
que soa.

Digito uma mensagem rápida para minha mãe me


desculpando e dizendo a ela que adormeci. Digo a ela que vou
dormir aqui se estiver tudo bem, mas não deixo muito espaço
para ela dizer que não está. Digo a ela que estou basicamente
caindo no sono enquanto mando uma mensagem, e a verei pela
manhã.

Não será divertido lidar com isso quando eu chegar em


casa, mas pelo menos agora ela sabe que estou bem.

Quando olho para Hunter, percebo que há ainda mais


coisas não divertidas para lidar esta noite. Ele parece
atormentado enquanto está ali, olhando vagamente para fora
da janela.
— Hunter, eu...

— Você não precisa mentir para mim, — ele diz. — Sei


que agi como um idiota sobre isso mais cedo, mas... me
acalmei. Sinto muito.

Concordo. — Eu sei.

— Se você gosta dele... pode me dizer.

— Não. Não gosto dele.

— Foi um encontro, certo? Você está vestida para um


encontro.

Suspiro, fotografando a roupa que ainda estou com uma


aparência desagradável. — Não, não foi um encontro. Ele me
disse para usar algo sexy. — Encolho-me, percebendo que não
soa melhor quando coloco dessa forma.

A mandíbula de Hunter trava. — Então você fez.

— Não foi assim, Hunter. Era para ser uma forma de


chamar sua atenção, só isso. Ele não deveria me beijar.
Certamente não teria dormido com ele. Eu não estava tentando
machucar você e, se achasse que ele queria, nunca teria
concordado. Ele disse que estava preocupado com você, que
você estava se divertindo muito e falhando na escola. Ele
achava que era por minha causa e só queria que
conversássemos de novo. Ou foi essa a impressão que tive.

Hunter está quieto, então continuo me explicando.


— Eu não sabia que ele iria tão longe. Juro por Deus, não
tinha ideia do que estava acontecendo. Em um minuto
estávamos fazendo piadas inofensivas, embora irreverentes,
sobre The Princess Bride, e no próximo, ele me prendeu contra
a porta do seu quarto e estava me beijando. Aconteceu tão
rápido, Hunter. Foi um truque, caí nele. Não significou
absolutamente nada para nenhum de nós.

Ele ainda está quieto, mas eu disse tudo que posso dizer.

Meu telefone vibra, acendendo e roubando minha


atenção.

Mamãe respondeu: Vou buscar você. Diga-me onde


você está.

Deslizo e abro o texto para poder responder. — Vejo você


pela manhã. Estou bem, prometo. Por favor, vá dormir.
Conversaremos amanhã.

— Sua mãe o conheceu?

Olho para Hunter. — Não. Deveríamos nos encontrar aqui


e entrar juntos. Acho que não fui rápida o suficiente para ele,
no entanto. Ele apareceu na minha casa, mas não entrou.

— Sim, ele é um filho da puta agressivo, — murmura


Hunter.

— Percebi. — Olho para a cama.

Hunter fica quieto por mais um momento, então ele diz:


— Tem certeza de que está bem?
Olho para ele.

— Quero dizer, ele fodidamente... agrediu você,


aparentemente, e então eu...

— Estou bem, — digo, não o deixando terminar. —


Prometo. Foi só um beijo, não é como se ele...

— Eu estuprei você, — diz ele categoricamente.

A maneira como ele diz isso faz meu coração afundar.

Algo estremece dentro de mim, algo temeroso e nervoso.


Talvez seja inevitável quando uma palavra como essa está
flutuando em uma situação tão tensa, mas do jeito que me faz
sentir... Quero rastejar para fora da minha própria pele.

Fazendo o meu melhor para afastar a sensação


desagradável, dou um tapinha no lado vazio do colchão. — Por
que você não volta para a cama?

Ele ignora o convite. — Estuprei?

— Não, — respondo rapidamente, com firmeza.

— Tem certeza? Eu meio que sinto que sim.

— Não. — Dou um tapinha na cama com mais firmeza. —


Por favor, volte para a cama comigo.

Ele não se move. — Você está dizendo não porque


acredita nisso ou porque pensa que sim, e não quer que eu me
sinta mal por isso?
— Você estava com raiva e magoado, e entendo
perfeitamente. Eu também estaria.

— Essas são desculpas, não negações, — afirma.

— Eu não disse não, — digo com mais firmeza. — Não


pedi para você parar.

Seu olhar encontra o meu. — Mas você queria que eu


fizesse, — diz ele categoricamente. — Sei o que parece quando
você quer, Riley. — Ele abaixa meu olhar e olha para baixo. —
Você não queria.

— Sim eu queria. — Pego sua mão, puxando-o para mais


perto da cama. — Eu queria. Eu não queria querer, mas eu
queria.

Ele balança a cabeça.

— Por favor, venha para a cama comigo, — digo, um


pouco mais desesperada. — Não sou louca. Você não me
machucou.

Ele estende a mão que não estou segurando, tocando meu


rosto, seu rosto marcado com pesar. — Eu não queria.

Meu coração dói. — Você não fez, — prometo. Tentando


amenizar o momento e atraí-lo de volta para portos mais
seguros, ilumino meu tom ao dizer-lhe: — Mas você me deve
um abraço e conversa de travesseiro. Você está 0 a 2 agora,
Maxwell.
Ele tenta sorrir, mas é triste. — Ambos os momentos
foram maus. O que há de errado comigo? Eu te adoro pra
caralho e não consigo parar de machucar você.

Ouvi-lo dizer isso dói fisicamente. Lágrimas ardem


inesperadamente atrás dos meus olhos. Sinto um pouco de
umidade se acumulando no canto de um olho, mas pisco para
longe. Não consigo chorar. Se eu chorar, ele vai tomá-lo como
confirmação de que ele tinha me machucado, e ele não o fez. O
que me machuca é a dor dele, não a minha.

— Venha aqui.

Coloco-o na cama comigo, já que ele não aceita meus


convites. Uma vez que ele está no colchão, ele se move para o
seu lado da cama, então rastejo e me aconchego ao lado dele.

— Eu te amo, — digo a ele, deslizando meu braço sobre


seu torso e colocando uma perna sobre a dele para chegar mais
perto dele.

— Também te amo, — ele diz baixinho.

Meu coração já sabia disso, então não me sinto surpresa.


— Escute, não estou usando essas coisas contra você. A coisa
Valerie, sim, mas... o resto não era imperdoável para mim. Não
disse não para você dessa vez porque pensei que você não
pararia se eu o fizesse, mas não estava com raiva disso, na
verdade. Eu só... eu teria que estar se eu dissesse a você outra
linha para não cruzar e então você fizesse isso de qualquer
maneira. Você não pode continuar fazendo isso, Hunter. Não
posso acreditar que você me respeita se não se importa em
cruzar meus limites.

— Eu respeito, — diz ele. — Eu te respeito imensamente,


Riley. Não há ninguém que eu respeite mais. O que aconteceu
nesta cama algumas horas atrás não teve nada a ver com não
respeitar você, eu estava apenas... cego por uma raiva
ciumenta. Perdi um pouco o controle e sinto muito por isso.
Tenho um temperamento, estou tentando controlá-lo melhor,
mas pensar que você ia ficar com ele, isso me irritou.

— Entendo, — digo a ele. — Não espero que você seja


perfeito, Hunter. Sei que você está com ciúmes, sei que você
tem um temperamento, sei que você pode ficar um pouco fora
de controle às vezes. Posso lidar com isso, mas apenas se,
mesmo quando você sair do controle, você ainda se importar
comigo e respeitar meus limites. Você não deixa de se
preocupar comigo porque está com raiva.

— Nunca há um momento em qualquer dia que eu não


me importe com você, Riley.

Aceno, deslizando minha mão por seu peito e acariciando


sua mandíbula dura. — Acredito em você. E, como eu disse,
você não fez nada de errado dessa vez. Mas da próxima vez que
eu disser não, preciso saber que você vai ouvir. Seja o que for
– mesmo que você esteja bravo – quando digo não, falo sério.

Hunter pega minha mão e a beija. — Prometo. Desculpe-


me por ter colocado você em uma posição de fazer você sentir
que se você me dissesse não esta noite, eu não teria escutado.
— Está tudo bem, — digo a ele, descansando minha mão
sobre seu abdômen tonificado e acariciando-o novamente.

Ele fica quieto por um momento, nós dois apenas


gostando de estar juntos. Finalmente, Hunter quebra o
silêncio. — Não suporto ver você com outros caras, Riley. Isso
me deixa louco.

— Isso não vai acontecer de novo.

— Não, eu sei, mas... preciso saber que você é minha.

Oh droga.

A inquietação se acumula em meu peito. — Hunter, sei


que esta noite foi intensa, mas... nada sobre a nossa situação
mudou.

Silêncio. Então, — O que você quer dizer com nada


mudou? Nós nos amamos, não suportamos nos ver com mais
ninguém... Vamos, Riley. Existe uma solução fácil para todos
os nossos problemas. Você para de me deixar louco e apenas
nos deixa ficar juntos. Simples.

— Hunter... — Suspiro pesadamente. — Olha, eu te amo.


Eu amo. E você tem razão, não quero te ver com mais ninguém,
mas é egoísmo e nem sei como te pedir isso porque não posso
fazer. Quero, e penso sobre isso, e tento chegar lá, mas não
consigo deixar de saber que você me traiu intencionalmente.
Simplesmente não posso.
— Jesus Cristo. — Ele me empurra de cima dele e se
senta, passando os dedos pelos cabelos. — Eu queria
machucar você naquele dia.

— Bem, você fez. Bom trabalho, — digo a ele. — Estas são


as consequências.

— Você tem que saber que eu nunca faria algo assim com
você de novo, — ele diz sério.

— Não, não acredito que você faria.

Ele ergue uma sobrancelha em expectativa. — E você


quer ficar comigo.

— Sim, quero.

— E você ainda vai dizer não?

Concordo. — Sim, vou.

— Você é a pessoa mais teimosa que já conheci.

— Não vou me vender porque você teve um acesso de


raiva, — digo a ele, incapaz de reunir muitas desculpas por
essa postura.

Hunter rosna, cavando os dedos pelo cabelo. — Você vai


me deixar louco.

Encolho os ombros. — Tudo que você tinha que fazer era


não foder uma única garota. De todas as garotas do mundo, só
pedi que você deixasse uma em paz. E você fez o que fez em
vez disso. Você me irritou, me machucou e eu nunca vou
superar isso.

— Você está me fazendo entender os sequestradores, —


ele me diz.

Encolho os ombros. — Se você acha que pode encontrar


uma maneira de me sequestrar sem que eu diga não, você pode
tentar.

Ele me lança um olhar falante. — Talvez eu peça algumas


dicas a Sherlock.

Sento-me e cruzo os braços sobre o peito. — Isso não é


muito bom.

— Clorofórmio – é isso que eles usam nos filmes, certo?


— Ele murmura.

— Penso que sim. Mas então eu simplesmente sairia


dessa e diria para você me deixar ir. Você teria que ouvir, então
seria uma perda de tempo.

— Por que você não pode ser mais fácil?

— Eu poderia ser. — Lanço um sorriso para ele. — Você


fodeu o caminho fácil para nós. Se você ainda me quer, você
terá que ser mais criativo.

— Nunca tive que trabalhar tanto por nada na minha


vida, — ele murmura.
Reviro meus olhos, virando-me na cama para que eu
possa puxar a colcha e deslizar para baixo dela. — Essa é a
coisa de garoto rico mais mimado que você já disse.

— O que você está fazendo?

— Indo dormir. É tarde e tenho que trabalhar amanhã.


Alguns de nós não são meninos ricos e mimados, — provoco.

Hunter afasta os cobertores e se acomoda atrás de mim.


Envolvendo seus braços em volta de mim e me puxando de
volta para seu calor, ele diz: — Estou feliz que você não seja
uma menina rica e mimada. Eu teria sentimentos conflitantes
sobre isso.

Sorrio, estabelecendo-me e mexendo minha bunda contra


ele até que estou confortável. — Você ainda gosta de mim?

— Provavelmente, — ele murmura. — Dor na minha


bunda.

Rio. — Na verdade, você seria a minha dor. Tenho quase


certeza de que seria o fundo do poço.

— Esta é uma conversa ridícula.

— Estou cansada, — digo a ele. — Tem sido um longo dia.


Serei uma conversadora melhor amanhã, mas estou prestes a
ser aproveitada para esta noite.

Seus braços se apertam em volta de mim. Suspiro


satisfeita e fecho meus olhos.
— Tenho uma pergunta, — ele pergunta um segundo
depois.

— E qual é?

— Tenho um passe para esta noite, certo? Posso te foder


esta noite, mesmo que não te chame de minha de manhã?

Abro os olhos enquanto sua grande mão desliza pelo meu


seio e ele o segura. — Não tenho certeza se esse passe foi bom
para a noite toda. Acho que foi mais uma coisa única.

Ele beija minha nuca e provoca arrepios na minha


espinha. — Tem certeza?

Uma pulsação começa entre minhas pernas. — Não tenho


certeza...

Ele beija seu caminho até onde meu pescoço encontra


meus ombros. — Aconteceu muito rápido. Não houve tempo
para ler as letras miúdas.

Meu coração salta uma batida enquanto ele passa a


língua pela minha pele. — Irritante... termos e condições, —
digo fracamente, meu corpo me implorando para deixá-lo
passar.

Só por esta noite.

O que poderia machucar?

Gemo quando ele apalpa meu seio, em seguida, provoca


meu mamilo com o polegar. Ainda estou usando todas as
minhas roupas, exceto minha calcinha, mas a maneira como
ele arrasta o tecido contra meu mamilo sensível me dá vontade
de tirá-la.

Estou tentada a continuar a piada, mas pela primeira vez,


não consigo encontrar minhas palavras.

Quando Hunter desliza a mão por baixo da minha camisa


para acariciar minha pele nua, não digo que sim...

Mas não digo não.


Na próxima vez que meus olhos se abrem, é de manhã.

Estou nua, enrolada nos lençóis da cama e nos braços de


Hunter. Eles ainda estão enrolados com segurança em torno
de mim. Dormimos assim a noite toda.

O pensamento me faz sorrir com sono e me enrolar


novamente.

Não sei que horas são, mas não quero acordar ainda.
Quero ficar na cama com ele para sempre. Quero que nosso
passe diário dure para sempre.

Meu movimento deve fazê-lo acordar. Seus braços de


repente apertam ao meu redor, tão relutante em me deixar ir
quanto eu em ir embora. Ele também está nu, seu corpo
incrível pressionado contra o meu. Sinto seu pau pular contra
mim enquanto ele acorda e me encontra nua em seus braços.

— Mm, bom dia, linda, — ele diz, sua voz toda áspera e
sonolenta enquanto ele pressiona um beijo na curva do meu
pescoço.
Deus, ele é sexy.

— Bom dia, — ofereço de volta docemente.

— Como está a melhor não-namorada do mundo hoje?

Rio, distraidamente acariciando sua mão na minha


cintura. — Agradavelmente satisfeita. E você?

— Com fome, — ele murmura asperamente, expondo os


dentes e arrastando-os levemente pela minha carne.

Tremo. — Parece que alguém precisa de café da manhã.

— Não é exatamente o que eu tinha em mente.

Suspiro, rolando de costas para que eu possa olhar para


ele. — Preciso ir para casa.

— Agora mesmo?

— Não sei. Que horas são?

Ele relutantemente solta seus braços ao meu redor e rola


para pegar meu telefone de sua mesa de cabeceira. Ele verifica,
mas não entrega para mim. — Pouco depois das dez.

— Eu trabalho às duas, — digo a ele. — Vou precisar de


um banho.

Ele coloca meu telefone de volta na mesa e se aninha em


mim novamente. — Tenho um chuveiro. Sete deles, na
verdade. Use o que você quiser.

Abro um sorriso. — Tão burguês.


— Você sabe.

Meu sorriso desaparece. — Tenho que falar com minha


mãe. Ela provavelmente não ficará muito feliz com essa festa
do pijama improvisada.

— Não, — ele concorda. — Especialmente quando ela


descobrir que estava comigo. Se ela descobrir.

— Vou dizer a ela. Não posso esconder isso dela. Sinto


que estou mentindo para ela, e estou farta disso. Além disso,
preciso fazer algum tipo de controle de natalidade. Você é
péssimo no uso de preservativos.

Seus braços me apertam e ele sorri. — Isso significa que


você espera que isso aconteça novamente?

— Não significa isso, — declaro, levantando uma


sobrancelha. — Mas, por precaução, gosto de estar preparada.
Se eu deixar o controle da natalidade para você, estarei me
formando no ensino médio com um bebê na barriga.

— Isso é verdade, — diz ele sem se desculpar, me


beijando. — Eu amo gozar dentro de você.

Suspiro. — Espero que você tenha sido mais responsável


com outras garotas antes de mim.

— É claro que sim, — diz ele, com desdém para alguém


que parece ser tão inflexivelmente antipreservativo. — Como se
eu quisesse engravidar mais alguém.
— Aw. — Olho para ele. — Isso é estranhamente
romântico. Espero que você ainda se sinta assim em nove
meses, quando meus tornozelos estiverem inchados, eu estiver
do tamanho de uma casa e querer matar você.

— Eu vou, — ele me assegura.

— Você diz isso com a confiança fácil de um homem que


não sabe no que está se metendo, — digo a ele, sorrindo
docemente.

— Não, digo isso com a confiança de um homem


perseguindo uma mulher que se recusa a se comprometer com
ele, que sabe que um bebê pode mudar de tom.

Meu queixo cai. — Hunter Maxwell, isso é desprezível. Se


você arruinar minha vida apenas para me comprometer com
você, não vou fazer isso de qualquer maneira apenas para lhe
ensinar uma lição.

Ele revira os olhos. — Não acredito em você. Você não é


tão rancorosa.

Levanto uma sobrancelha. — Quer apostar? Você está


vivendo as consequências de não acreditar em uma das
minhas advertências agora. Você realmente quer dobrar e fazer
de novo?

— Isso seria completamente diferente. Eu não faria nada


para te machucar.

— Apenas me prender, — atiro de volta.


— Ei, você me disse que eu precisava encontrar uma
maneira inteligente de sequestrar você.

— Esta não é uma maneira inteligente, — informo-o. —


Na verdade, é totalmente não original e preguiçoso. E não
funcionaria. Eu ainda não estaria com você, então eu
simplesmente não estaria com você e teríamos um bebê juntos.

— Pergunto-me se nosso bebê será tão difícil quanto você.

Bato no estômago dele. — Pare de falar sobre bebês. Já


tenho que me estressar com a possibilidade de ficar grávida até
a menstruação de novo. Você não está ganhando pontos de
brownie aqui, senhor.

Hunter observa enquanto saio da cama. — Não quero que


você se estresse com isso. Você se estressou com isso da última
vez e depois nem estava grávida. Não faça isso com você mesmo
novamente. Não há sentido. Se você perder um período, então
podemos pensar sobre isso, mas você não precisa antes disso.

Pego minha blusa do chão e olho para ele. — Pode ser tão
fácil para você, mas não para mim. Não afetaria você tanto
quanto afetaria a mim. Você pode ter tão pouco envolvimento
quanto quiser. Isso atrapalharia toda a minha vida.

— Ter um bebê não atrapalharia toda a sua vida, — ele


diz como se eu estivesse exagerando. — Sua mãe teve você
quando ela tinha a nossa idade, certo?

Pego minha calcinha do chão e lanço a ele um olhar de


descrença. — Sim, e não foi fácil. Ela não conseguiu fazer
muitas coisas que queria fazer. Ela não conseguiu ir para a
faculdade ou viajar, ela não conseguiu ser jovem e
independente. Ela teve que crescer e ser responsável. Ela
perdeu uma fase inteira de sua vida porque ela teve que me
criar, Hunter. Nem tudo são sapatinhos fofos e sorrisos
grandes de bebê. Ter um bebê é uma responsabilidade enorme,
e provavelmente eu ficaria presa.

Ele não diz nada por um momento enquanto pego minha


saia e tento encontrar meus sapatos. Estou de joelhos
agarrando um debaixo da cama quando ele espia e olha para
mim. — Você realmente acha que eu simplesmente
abandonaria você para cuidar do meu filho sozinha?

Suspiro, me levantando. — Não, claro que não acho isso,


mas somos jovens. Não sabemos para onde a vida nos levará.
Especialmente você. Não tenho sessões de fotos nas praias
italianas para comparecer, mas quero ir para a faculdade. Eu
gostaria de viajar e ver alguns pontos turísticos.

— Você vai fazer tudo isso, com bebê ou não.

— Minha mãe não fez.

— Sua mãe teve que fazer isso sozinha. Você me tem. E


não tenho certeza se você se esqueceu de alguma coisa, mas
tenho dinheiro. Você nunca lutaria como sua mãe. Se você
quer fazer faculdade, ótimo, você irá aonde quiser. Quer viajar?
Meu pai tem um jato particular; posso te levar a qualquer
lugar.
Pisco para ele. — Seu pai tem um jato particular?

Ele concorda. — Você quer ir para qual faculdade?

— Boston.

— Isso não é longe. Podemos morar aqui ou conseguir um


lugar na cidade. Contrataremos uma babá para cuidar de
nosso filho enquanto estivermos nas aulas. Se viajarmos, ela
pode ir conosco. — Seus olhos se arregalam de ansiedade,
como se ele tivesse acabado de ter uma boa ideia. — Ei, sua
mãe pode ser a babá. Ela não ama seu trabalho, certo? Vou
pagar melhor e ela pode ficar com o neto o dia todo. Vamos ver
se ela ainda me odeia então.

Balanço minha cabeça para ele. — Você é louco. Ela ainda


te odiaria por engravidar sua filha adolescente.

Hunter estende a mão e me agarra, me derrubando de


volta na cama e me puxando para cima dele.

— Ei, — digo, segurando minhas roupas com uma mão e


olhando para ele com um olhar estreito de brincadeira.

— Diga-me que não é um bom plano, — ele desafia.

Suspiro. — Muito. É melhor do que a história de terror


que parecia na minha cabeça. Mas ainda acho que você está
olhando através de lentes cor de rosa. Sei que sua família tem
dinheiro, mas duvido que eles queiram nos comprar uma casa
em Boston e pagar para cuidar de nosso bebê.
Hunter balança a cabeça. — Não preciso deles. Eu
precisaria pegar o jato emprestado com meu pai, o resto eu
poderia fazer sozinho. — Seu aperto em mim aumenta. — Não
pretendo ir mais longe, mas tenho um contrato de modelo com
a empresa do meu pai. Tenho renda com isso. E acontece que
meu pai criou um fundo fiduciário muito generoso para mim,
embora ele nunca tenha planejado fazer isso em minha vida.
O primeiro ¼ desbloqueado quando fiz 18 anos, outro ¼
desbloqueia quando eu fizer 21 e o resto fica disponível quando
eu fizer 25 anos. De qualquer forma, estamos prontos. E é isso
que está acontecendo agora. Nem comecei a faculdade ainda.
Meu pai é muito pró-negócios, então enquanto eu morava com
ele, ele já me fazia pensar no futuro. Nós nunca lutaríamos,
Riley, não financeiramente. Eu poderia colocar uma dúzia de
bebês em você e ainda estaríamos bem.

— Uau, amigo. Não vou ter uma dúzia de bebês.

— Só estou dizendo que poderíamos, se quiséssemos.

— Não queremos, — asseguro a ele.

Ele olha para mim. — Você quer filhos, certo?

Concordo. — Um ou dois. Definitivamente não 12. Você?

Ele acena com a cabeça, puxando-me para mais perto


dele na cama.

Desisto de me vestir no momento e jogo minha perna


sobre a dele novamente para que eu possa aninhar perto dele.
— Não estou realmente tentando fazer tudo agora. Quer
dizer, podemos se acontecer, mas... — Ele começa a esfregar
distraidamente a coxa que joguei sobre ele. — Sim, quero ter
filhos um dia e realmente estar por perto para eles. Não consigo
imaginar fazer isso com ninguém além de você, — diz ele,
olhando para mim enquanto acaricia minha perna. — Não
estou brincando sobre essa parte, também.

Suspiro, colocando minha cabeça em seu ombro e


envolvendo meus braços ao redor dele.

— Eu gostaria de poder ficar aqui e descansar com você


o dia todo.

— Quer dizer, você poderia, — ele me diz.

Balanço minha cabeça levemente. — Tenho um emprego


agora.

— Você pode desistir. Vou te dar dinheiro.

— Pare de tentar me comprar, senhor. Não estou à venda.

— Não está à venda, está para alugar, — ele brinca, me


dando um aperto brincalhão. — Vou pagar pelo seu tempo.

Sorrio. — Não sou uma cortesã.

— Você usaria a palavra cortesã em vez de prostituta.

Concordo. — É mais clássico.


— Pense nisso de uma perspectiva acadêmica. Estou
oferecendo a você a chance de caminhar um quilômetro com
sapatos que você nunca andou antes.

Não consigo reprimir um sorriso com seu argumento


brincalhão. — A vida como trabalhadora do sexo? Nossa, como
você aspira em ampliar meus horizontes. — Pressiono a mão
no meu peito e pisco meus cílios para ele. — Posso desmaiar.

Hunter sorri. — Você não seria uma trabalhadora do


sexo. Caras com dinheiro têm namoradas profissionais o
tempo todo. Não há nada de intrinsecamente errado com isso.
Se funcionar para eles, quem se importa?

— Namoradas profissionais?

Ele acena com a cabeça, me dando um pequeno aperto.


— Você pode ser minha namorada profissional. Que tal isso?

Finjo considerar isso. — Hm. Qual é a descrição do


trabalho?

— Você me deixa te foder e te chamar de minha


namorada, eu te dou o que você quiser.

Minha risada é abafada contra seu peito. — Parece um


show doce.

— Isto é. Você deve abocanhá-lo antes que outra pessoa


o faça.

Levanto uma sobrancelha. — A posição está aberta?


— Para qualquer pessoa chamada – qual é o seu nome do
meio?

— Anne.

— Para qualquer pessoa chamada Riley Anne Bishop.

Sorrio. — Isso é muito específico.

— Sou um homem que sabe o que quer.

— Bem, aprecio isso e a oferta muito generosa, mas não.


Sou perfeitamente capaz de trabalhar.

Ele beija meu pescoço. — Assim como as namoradas


profissionais, elas simplesmente têm coisas melhores para
fazer com o seu tempo.

Sorrio impotente, suspirando quando seus lábios


encontram um ponto particularmente sensível. — Como você?

Sinto-o sorrir contra minha pele, ouço a nota de diversão


em sua voz. — Exatamente.

— Por mais tentadora que seja essa oferta, infelizmente


devo recusar.

— Tem certeza disso? — Ele muda nossos corpos para


que eu esteja embalada contra ele com o braço seguro em volta
das minhas costas. Sua grande mão segura meu seio.
Enquanto ele amassa, ele traz seu rosto para perto e paira seus
lábios perfeitos a poucos centímetros dos meus.
Ele superou a coisa de não posso te beijar ontem à noite
durante a segunda rodada, então não hesito em me inclinar
agora e beijá-lo.

Seus olhos se fecham enquanto ele me beija de volta.

Ele me empurra de volta na cama, ainda apertando e


acariciando meu seio. Meu mamilo endurece, então ele passa
a ponta do dedo sobre a protuberância sensível e ofego contra
sua boca.

Hunter se afasta dos meus lábios, movendo-se mais para


baixo e descendo pelo meu pescoço. Tremo toda vez que ele me
beija lá.

Ainda tenho minha perna jogada sobre a dele. Entre seus


lábios no meu pescoço e sua mão no meu peito, ele está me
fazendo contorcer. Uso a perna enganchada em torno dele para
puxar meu corpo para mais perto do dele.

Ele beija minha clavícula, depois abaixa. Quando sua


boca chega onde está sua mão, ele substitui seu dedo
provocador por sua língua quente.

Suspiro e arqueio contra ele e ele circula a ponta da


língua ao redor do meu mamilo sensível. Ele lambe com mais
força e meus olhos se fecham. Gemo baixinho, deslizando
meus dedos por seus cabelos.

Ele esbanja atenção em meus seios nus, provocando e


saboreando meus mamilos responsivos, beijando e acariciando
os montes macios. Enquanto ele trabalha, ele me muda mais
e mais até que ele me coloca de costas. Ele sobe em cima de
mim, me prendendo sob seu peso e se deliciando em meus
seios.

— Eu poderia beijar seus seios o dia todo, — ele murmura


asperamente, um belo contraste com seus lábios suaves
pressionados contra minha carne sensível.

— Mm, você está fazendo aquele show de namorada


profissional parecer realmente tentador.

Ele olha para cima e me dá um sorriso encantador. — Ei,


tem que ser melhor do que servir mesas.

— E você tem sete chuveiros. Podemos batizar pelo menos


seis deles.

Ele chupa meu mamilo e me tira o fôlego, depois se


interrompe por tempo suficiente para dizer: — Uma tarefa
ambiciosa. Levaríamos o dia todo para realizar.

Rio um pouco. — Apenas um dia?

— Ei, você está se escondendo de mim há muito tempo.


Tenho muita resistência reprimida para gastar.

— Hm, este trabalho parece muito exigente.

— Muito exigente, — ele concorda, beijando meu peito


com ternura novamente. — Muito gratificante também.

— Qual é o plano de aposentadoria? — Provoco.


— Oh, acho que você ficará bastante satisfeita com isso.
— Ele aperta meu seio esquerdo e, em seguida, dá outro beijo.
— Enquanto minha mãe não tiver outro filho, vou herdar toda
a fortuna dela. Meu pai obviamente tem outras obrigações,
mas tenho certeza que ele deixará algo de lado para mim. Uma
de suas casas, talvez. Ainda não conversamos sobre isso, mas
se eu nunca visse um centavo dele, ainda teria mais dinheiro
do que precisaremos, e isso antes de começar a ganhar mais
dinheiro sozinho.

— Uma casa, ele diz. Quantas casas o homem tem?

— Não sei, pelo menos quatro.

Suspiro quando ele começa a beijar seu caminho em


direção ao meu abdômen. — Nunca tivemos conversas de
travesseiro sobre a Itália.

— Ainda mais razão para você cancelar e ficar aqui


comigo.

Respiro enquanto ele beija minha barriga. — Você é uma


influência terrível, Hunter Maxwell.

— Sua mãe tentou avisá-la, — ele brinca.

Ele tenta me tentar ainda mais, beijando cada vez mais


baixo, seus lábios se aventurando abaixo do meu umbigo. Fica
mais difícil respirar quando ele beija meu quadril e, em
seguida, move o rosto entre minhas coxas.
— Hunter, — digo, tentando fechar minhas pernas
mesmo que ele esteja entre elas.

— Sim, Riley? — Ele olha para mim, tão diabolicamente


bonito que devo estar louca para detê-lo.

Mas tenho que.

— Se você fizer isso, você vai me foder de novo.

— Não consigo ver o problema.

— Seu passe de um dia expirou, — digo a ele.

— Nah, — diz ele com desdém. — Verifiquei as letras


miúdas enquanto você estava dormindo. É bom para 24. Ainda
tenho boas 12 horas restantes.

Sorrio levemente. — Tenho que ir para casa. Fecho hoje à


noite, e minha mãe está trabalhando até tarde, então ela não
estará em casa até muito depois que eu estiver na cama.
Precisamos conversar antes de eu sair para o trabalho e
preciso de tempo, caso essa conversa seja longa e confusa.

Sua diversão se dissipa. Percebendo que estou falando


sério, ele suspira. — Acho que provavelmente deveria deixar
você sair, então, hein?

Aceno minha cabeça, mas eu realmente não quero ir


também.
— Deixe-me pelo menos fazer o café da manhã primeiro,
— ele diz. — Ovos. Vai ser rápido. Você tem que comer, certo?
Pode muito bem comer comigo.

Ele tem um bom argumento. Não tenho que comer...

— Está bem. Vamos tomar café da manhã primeiro, mas


então eu realmente tenho que ir.

De repente energizado, ele rola para fora da cama.


Aproveito a oportunidade para admirar seu belo corpo, mas
isso só me faz arrepender de tê-lo feito sair da cama.
A porta da frente range tão alto quando tento abri-la que
parece quase maldoso.

O que fiz para você, porta?

Lanço um olhar estreito ao fechar mais rapidamente do


que abri, em seguida, olho em volta em quanto entro
cuidadosamente na próxima sala.

A casa está quieta. Sombrio, até. A ansiedade se acumula


em meu peito quando entro na sala e procuro por mamãe.

É terrível não saber o quão brava ela vai ficar comigo. É


como um saco misterioso de horrores – você nunca sabe o que
vai conseguir.

Pelo menos ela não sabe que eu estava com Hunter ainda,
mas isso é quase pior. Eu disse a ela ontem à noite que mal
conhecia Sherlock, e agora ela provavelmente pensa que fiquei
fora a noite toda com ele. Só posso imaginar sua opinião sobre
essa decisão.
Dizer a ela que não era um cara que eu mal conhecia,
mas Hunter ao invés... parece que deveria ser uma melhora
acentuada, mas dada a opinião dela sobre ele, não tenho tanta
certeza.

Quando entro na cozinha, finalmente a encontro.

Meu estômago se revira de ansiedade. Ela deve ter


percebido que entrei no ambiente, mas não ergueu os olhos.

Ela se senta à mesa, com as mãos em torno de uma xícara


de café. Ela está vestindo um moletom e uma camisa azul
celeste, seu cabelo escuro preso em um rabo de cavalo baixo,
caindo pelas costas.

— Ei, — digo, para quebrar o gelo.

Finalmente, ela olha para mim. Ela tenta sorrir, mas é


uma tentativa de má qualidade. — Ei, garota festeira.

Ela está tentando acender a luz, mas ainda recuo um


pouco. — Desculpe pela noite passada, — digo vagamente,
uma referência abrangente ao que ela certamente vê como um
erro.

— Eu não deveria ter deixado você pegar a saia


emprestada, — ela diz com leveza forçada. — Terei que queimá-
la agora.

— Não é culpa da saia, — asseguro a ela, enfrentando


meu caminho para me sentar na mesa da cozinha em frente a
ela. — Era o menino.
Ela aperta os lábios em uma linha fina e sombria. — Acho
que você gostou dele.

Olho para a mesa. — Eu não estava com Sherlock. A festa


a que fomos foi na casa de Hunter.

Mamãe suspira. — Ah. Bom velho Hunter Maxwell.

Aceno sem palavras, sem saber o que dizer.

— Então... uau. Eu realmente não sei como ter essa


conversa. Você passou a noite. Você estava bebendo?

Balanço minha cabeça. — Não.

Ela balança a cabeça severamente.

Parece que essa seria a resposta certa, mas talvez ela


preferisse que eu tivesse bebido. Ficar bêbada e bater em sua
casa ainda pode ter sido o responsável. Poderia ter sido
assexuado.

Para economizar tempo e acabar logo com isso, eu digo:


— Preciso adotar alguma forma de controle de natalidade.

Ela respira fundo e depois o solta, assentindo com mais


força. — Tudo bem, — diz ela, parecendo que está prendendo
a respiração. — Podemos fazer isso. Acredito que você estava
usando preservativo desta vez?

Hesito, tentada a contar uma mentira inocente para


deixá-la à vontade, mas... não quero mentir. — Não, — digo
baixinho, me desculpando.
— Não?

Olho para ela, um brilho de remorso em meus olhos. —


Sinto muito. Tentei. Eu...

Paro um pouco antes de dizer a ela que trouxe uma


camisinha comigo para o caso. Se eu disser isso a ela, ela vai
culpar Hunter por não usar, e ela já o culpa o suficiente.

Reformulando a verdade, olho para baixo e digo: —


Ficamos presos no momento. Foi realmente estúpido. Eu sabia
melhor, mas só... eu errei.

Com algum esforço, ela mantém a boca fechada, mas


posso ouvir sua respiração propositalmente, tentando mantê-
la calma. — Uau, eu deveria ter feito um café irlandês.

— Sinto muito, — digo a ela novamente.

— Está bem. Por favor, nunca mais faça isso, mas... está
feito agora. Esperamos que nada aconteça. — Ela tenta deixar
por isso mesmo, posso vê-la tentando, mas as palavras
explodem dela, apesar de sua tentativa corajosa. — Você
entende por que ele me incomoda? Você é a criança mais
responsável do mundo, não há como você fazer sexo
desprotegido e se arriscar a jogar fora todo o seu futuro por
alguns minutos de diversão, e então você entra em um quarto
com ele e puf! O bom senso e o autocontrole voam pela janela,
de alguma forma, você o deixa te convencer a fazer coisas que
você nunca faria de outra forma.
— Entendo, mãe. Não é tudo culpa dele. Eu também
estava lá. Cometi um erro.

— Um grande problema, — ela diz, olhando para mim


como se eu já estivesse grávida.

— Não vai acontecer de novo, — digo a ela. — É por isso


que estou dizendo que preciso de controle de natalidade. Para
garantir que isso nunca aconteça novamente.

— Pode ser tarde demais, Riley.

— Não vamos nos estressar com isso agora, — digo a ela,


já que já passei pela última vez.

— Você sabe melhor, — ela me diz.

— Eu o amo, — deixo escapar.

Seus olhos se arregalam. Sua boca se abre.

Desinflo, um pouco chocada comigo mesmo.

Há tanta coisa que ela não sabe, que provavelmente nem


faz sentido para ela. Ela provavelmente pensa que é muito
cedo, que sou doida. Ela provavelmente não confia nessas
palavras. Talvez dizer antes que ela sinta que são justificados
a faça confiar um pouco menos em mim.

Sei que não estou exatamente demonstrando excelentes


habilidades de julgamento agora, e sei que ela joga toda essa
culpa em Hunter porque ela sempre fez.
— Sei sua opinião sobre ele e sei que ele cometeu alguns
erros, mas me importo muito com ele. E me importo muito com
você. E quero que as pessoas que amo gostem umas das
outras.

Mamãe me olha como se eu tivesse acabado de dar uma


notícia grave.

— Não estou dizendo que isso vai necessariamente


acontecer – talvez nunca aconteça. Talvez você nunca precise
vê-lo, mas se for, e especialmente se não for do jeito que
esperamos e... tiver um bebê, estou implorando que você tenha
uma mente aberta e dê a ele uma chance. Ele não é uma
pessoa má. Eu realmente acho que você gostaria dele se o
conhecesse.

Posso vê-la tentando manter um rosto corajoso, mas seus


olhos parecem tão tristes.

Engulo. — Está tudo bem agora. Duvido que engravidei


de um erro estúpido, então, não vamos ficar todos chateados
por nada. Nada mudou. As pessoas fazem sexo inseguro o
tempo todo e não pensam nada a respeito. Acho que você e eu
estamos mais cientes disso porque... bem, por causa de nossa
vida. Parece o fim do mundo, mas provavelmente não é. E já
gritei com Hunter por não se lembrar de usar camisinha. Ele
foi devidamente castigado, — prometo.

— Gosto que você tenha gritado com ele, — ela murmura,


ligeiramente amolecida.
Sorrio para ela. — Ele fez, e ele aceitou muito bem. Ele
não está tão preocupado com a possibilidade de gravidez
quanto eu.

Ela revira os olhos. — Homens.

— Ele se ofereceu para me comprar uma casa.

Ela pisca. — O quê?

— Ele é louco, — explico. — Ele estava falando sobre como


se eu acabar grávida por causa desse pequeno momento, não
vai estragar minha vida. Ele vai nos comprar uma casa em
Boston e vamos para a faculdade como planejamos. Ele até
sugeriu contratá-la como babá bem paga do bebê, em uma
tentativa de fazer você gostar dele – e garantir um cuidado
infantil especializado para o nosso bebê hipotético, é claro. Ele
está imensamente impressionado comigo, então ele acha que
suas habilidades parentais são excelentes.

Um pouco mais apaziguada, ela diz: — Bem. Acho que


talvez ele não seja um idiota completo.

Balanço minha cabeça. — Ele não é. Eu realmente acho


que você vai gostar dele. Ele é bastante charmoso.

— Eles são todos charmosos quando estão tentando tirar


nossas saias minúsculas, — ela me garante. — Quando você
realmente engravida e a realidade se instala, as coisas tendem
a mudar...
— Bem, por que não cruzamos essa ponte quando
chegarmos a ela? — Sugiro. — Nesse intervalo de tempo,
vamos descobrir minha situação de controle de natalidade e
esperar o melhor.

Suspirando, mamãe pergunta: — Qual de nós é o adulto


aqui? Olhe para você lidando com toda essa situação por conta
própria.

Abro um sorriso. — Se te faz sentir melhor, ainda pode


ligar e marcar a consulta do médico para mim. Odeio fazer isso.

Mamãe se ilumina. — Aqui está a minha filha de 18 anos.


Sim, posso fazer isso. Você sabe quando vai trabalhar esta
semana?

Balanço minha cabeça. — Ainda não, mas a programação


deve ser postada hoje à noite. Vou anotar e deixar na mesa
para você.

Mamãe balança a cabeça e suspira, olhando para mim


com um brilho agridoce. — Então, estamos fazendo isso agora,
hein? Meu bebê está crescendo.

— Estava prestes a acontecer, — digo a ela.

— Benjamin Button é uma mentira.

Sorrio, me sentindo muito melhor agora que


conversamos. — Bem, é melhor eu ir tomar um banho e me
preparar para o trabalho.
A princípio, ela balança a cabeça e não diz nada enquanto
estou de pé, mas posso dizer que ainda há algo se formando
em sua cabeça pela expressão em seu rosto. Antes de eu sair
da cozinha, ela grita: — Ei.

Paro e volto. — Sim?

— Então... você e Hunter estão juntos agora? É oficial?

Meu ânimo cai um pouco. — Hum... não. Não é oficial.


Quer dizer, ele não é meu namorado nem nada, mas... eu
realmente não sei como explicar.

Ela franze a testa levemente. — Uh huh.

— É complicado, — digo, um pouco mais nervosa. Sei que


fiz algum progresso em sua opinião sobre Hunter e me abrir
para a perspectiva de dar a ele uma chance, mas também sei
que ela pode desligar isso com a mesma facilidade se sentir o
cheiro de algo de que não gosta.

— Complicado, — ela ecoa.

— Por minha causa, — acrescento. — Só não sei se


necessariamente quero ser namorada dele. Temos vidas tão
diferentes. Deixei-o me dar uma carona para casa do baile
depois que Anderson e eu terminamos, e seus amigos... eles
simplesmente não são a multidão que amo estar perto. De
qualquer forma, não quero colocar muita pressão nisso agora.
Não sinto necessidade de definir as coisas.
— Certo, — ela diz incerta. — Bem, eu estava pensando
se ele é seu namorado agora, eu provavelmente deveria
conhecê-lo. Talvez pudéssemos fazer um jantar em família,
convidar Ray, convidar Hunter...

Concordo. — Não acho que seja a hora para isso agora,


mas se alguma coisa mudar, avisarei.

Mamãe acena com a cabeça, mas ela ainda parece um


pouco preocupada.

Preciso me preparar e não quero me aprofundar nessa


conversa, já que foi meio que bem, então me viro para sair
novamente.

Antes de eu ir, ela diz: — Ei, Riley?

Volto. — Sim mãe?

— Eu não... instiguei um medo de compromisso em


você... certo?

Estou tão atordoada que não consigo esconder. — O quê?


Não, claro que não.

Ela ainda está carrancuda, mas ela balança a cabeça


como se quisesse acreditar em mim. — Ok.
Entre servir as mesas, trazer comida e limpar, meu turno
voa.

Normalmente, posso verificar meu telefone pelo menos


uma ou duas vezes, mas hoje à noite não consigo atendê-lo até
que o último cliente saia e eu inicie meu trabalho de
encerramento. Enquanto a outra garçonete varre o chão,
caminho para uma mesa e começo a embrulhar talheres.

Tiro meu telefone do meu avental bem rápido para


verificar, já que não o fiz a noite toda. Um sorriso surge em
meus lábios quando vejo uma mensagem de Hunter.

A mensagem diz: O que você acha desta? Gosto da


varanda.

Varanda?

Clico no link que ele me enviou e vejo uma casa de três


quartos e dois banheiros em Boston.

— Oh meu Deus, — murmuro em voz alta, mas não posso


deixar de sorrir enquanto mando uma mensagem de volta.
Não me compre uma casa.

Achei que você gostaria das estantes embutidas na


sala de estar, ele responde imediatamente.

Estantes de livros embutidas? Meu dedo paira sobre o


link novamente. Estou tentada a investigar, mas nego o desejo
e respondo: Não me compre uma casa.
Há um quarto vago no caso de sua mãe querer visitá-
la, acrescenta ele para mais sedução.

Suspiro, rasgando um novo pacote de guardanapos.


Assim que abro, respondo: Não compre uma casa para mim.

Mas tem uma vista tão bonita.

Droga, ele está me fazendo querer clicar no link


novamente.

Olho para o telefone enquanto aliso o primeiro


guardanapo em um ângulo e pego um conjunto de talheres,
ainda quente da máquina de lavar louça.

Você não pode me comprar uma casa.

Tecnicamente, eu compraria uma casa para os nós, ele


ressalta.

Separo um rolo de talheres embrulhado. Você não pode


comprar uma casa para nós.

Por quê? aparece na tela enquanto pego outro


guardanapo.

Porque temos 18 anos, para começar. Não estamos em


1950; os jovens de 18 anos não compram casas.

Eles compram, se puderem. Meu pai convenceu-me


contra o aluguel. O imobiliário é um bom investimento.
Podemos alugar o lugar ou vendê-lo, se quisermos nos
mudar.
Ignorando sua lógica fiscal, digito de volta: Mais
importante, não há nós. Não somos um casal. Não vou
morar com você.

Então, como vou ajudá-la com as mamadas tarde da


noite? ele manda de volta.

Você está realmente me ajudando a não pensar


demais sobre a possibilidade de estar grávida, obrigada.

Opa, desculpe, ele responde. Vamos voltar à procura de


uma casa. Olhe para aquele lugar e me diga se é grande o
suficiente. Achei que, para começar, funcionaria. Depois
da faculdade, podemos querer nos mudar.

Não vamos morar juntos, digo a ele. E você não precisa


me comprar coisas.

Gosto de comprar coisas para você, ele responde.

Balanço minha cabeça para o telefone, deixando de lado


outro conjunto de talheres embrulhados e, em seguida, começo
o próximo.

Quando não respondo prontamente o suficiente, Hunter


responde: Você trabalha amanhã?

Claro que sim. Fecha as duas.

Isso é ridículo.

Concordo. Num impulso, pego meu telefone e tiro uma


foto da pequena pirâmide de talheres que comecei a construir.
Anexo à mensagem e digito: Estou tentando trabalhar agora,
mas algum distraidor bonito continua me enviando
mensagens de texto.

Ele parece gostoso. Você deve ir para a casa dele


depois de sair.

Sorrio. Ele ainda tem algumas horas no dia...

Não me provoque assim.

O que você vai fazer sobre isso? Provoco.

Venha e descubra.

Considero enquanto embrulho outro rolo de talheres.


Mamãe está no trabalho, então ela não saberia se eu não fosse
direto para casa...

Sei que não deveria dormir com Hunter de novo, mas


estou gostando dessa desculpa para passar o dia. Isso me dá
uma breve janela de tempo para ficar despreocupada com ele,
mas há uma data de validade, então ele entende que nada
mudou e não preciso me preocupar tanto em enviar sinais
confusos.

As palavras de mamãe na cozinha voltam à superfície da


minha mente.

Não tenho problemas de compromisso, certo?

Não, claro que não. Esse pensamento só cruzou sua


mente porque ela não sabe que tenho um motivo válido para
relutar em me comprometer com ele. Ela não sabe sobre
Hunter e Valerie, ou sobre eu ir à casa dele naquele dia e pedir
a ele para deixá-la em paz.

Eca, não quero pensar sobre isso.

Mas agora estou.

Faço uma careta, pegando meu telefone da mesa e


colocando-o de volta no meu avental para que eu não fique
tentada a olhar mais para ele.

Ainda fico tentada quando sinto a vibração e sei que ele


enviou outra mensagem, mas exercito melhor autocontrole
desta vez e o ignoro enquanto termino com os talheres.

Apesar de mim mesma, o pensamento errante passa pela


minha mente, eu me pergunto se ele já mandou uma mensagem
assim. Tentando persuadi-la a vir e foder com ele enquanto sua
mãe não estava em casa.

Se ele fez isso, ela definitivamente foi. Não há perseguição


com Valerie.

ECA.

Sinto-me nojenta agora, então continuo evitando verificar


meu telefone enquanto faço o resto do meu trabalho de
encerramento.

Quando saio e a outra garçonete tranca a porta atrás de


mim, lembro que não tenho o carro esta noite. Suspiro,
olhando para a calçada. Meus pés já doíam de correr a noite
toda enquanto estávamos ocupados. Não quero voltar para
casa.

Preciso começar a economizar para comprar um carro.

Não preciso de um bom, apenas algo para me levar pela


cidade.

Meu telefone vibra novamente.

Quando você sai? Ele pergunta.

Suspiro e respondo. Estou saindo agora, mas estou


indo para casa. Não terminei o dever de casa do fim de
semana ontem, pois tinha que me preparar para a festa, e
tenho que trabalhar amanhã, então não terei tempo.

Noite longa?

Sim. Meus pés doem. Acho que preciso comprar


sapatos de trabalho mais confortáveis.

Você está andando?

Sim. O meio ambiente me ama, digo a ele.

Você precisa conseguir um carro.

Concordo. Está na minha lista de tarefas. Ainda não


tenho o suficiente para um pagamento.

Ele apenas envia de volta...


Sim, sei que você me daria dinheiro para um
pagamento inicial. Agradeço, mas não é necessário.
Obrigada mesmo assim.

Ele não responde, então coloco o telefone no avental e


começo a caminhada para casa.

Na metade do caminho, ele me envia três links.

Você gosta de algum desses?

Nem preciso clicar neles para saber que são carros, mas
os verifico de qualquer maneira só para ver quanto custam.
Não tenho certeza de qual porcentagem eu teria que colocar em
um empréstimo de carro. Talvez eu pergunte a minha mãe.

Espero que qualquer coisa que Hunter me envie esteja


muito fora da minha faixa de preço de qualquer maneira, mas
estou agradavelmente surpresa ao descobrir que o primeiro
carro é um Volkswagen usado, alguns anos com grande
quilometragem e uma linda cor azul meia-noite. A melhor
parte? Está abaixo de $ 10.000. Não queria gastar mais do que
5k para manter o meu pagamento razoável, mas na verdade
gosto muito do carro.

Clico no próximo link. É um Lexus usado, também azul.


Este é um ano mais novo que o Volkswagen e lindo por dentro,
mas também tem o triplo do preço. Está tão fora da minha
faixa de preço que rio alto enquanto fecho a janela e clico no
terceiro.
É um BMW preto. Vejo o preço primeiro, então nem me
preocupo em olhar as fotos.

Você gosta de carros azuis, hein? Pergunto-lhe.

Posso ver você em um carro azul. Ele responde.

Na verdade, gostei muito do primeiro, vou mostrar


para minha mãe. É um pouco mais do que planejei gastar,
mas posso conseguir fazer funcionar se gostar o suficiente.

Não olhe para os preços, olhe para os carros, ele manda


de volta. Eu não teria enviado um carro que não pudesse
comprar para você.

Você não vai me comprar um carro, informo-o.

Vamos lá, você não vai me deixar comprar uma casa


para você, pelo menos me deixe comprar um carro para
você.

Não.

Você realmente gosta dessa palavra, não é? Ele


responde.

Abro um sorriso. É a minha favorita.

Vou encontrar uma maneira de retirá-la do seu


vocabulário, basta você esperar para ver.

Meu sorriso se alarga quando respondo: Que as chances


estejam sempre a seu favor.
Quando a campainha toca na manhã de domingo, ainda
estou de pijama, sentada no sofá com minha mãe enquanto
debatemos o que fazer com nosso inesperado dia de folga
juntos.

Eu deveria trabalhar hoje, mas Deb me ligou há uma hora


e disse para eu não ir. Aparentemente, é um dia lento e eles
não vão precisar de mim, afinal.

Ela também me disse que havia uma mudança no


cronograma e eles não vão precisar de mim para os turnos de
fim de semana que eu deveria trabalhar no próximo fim de
semana. Parece um pouco estranho, mas não trabalho lá há
muito tempo. Talvez não seja incomum ter muito fluxo na
programação. No entanto, torna muito difícil planejar o
trabalho. Felizmente, esta semana é um acaso.

Estou um pouco preocupada em ter apenas um dia de


trabalho esta semana, mas a Deb me garantiu que não fiz nada
de errado e não estou sendo punida. É apenas uma mudança
de horário, só isso.
— Ray deveria ter vindo? — Pergunto enquanto caminho
em direção à porta da frente.

Mamãe ainda está sentada no sofá, mas ela está de


pernas cruzadas e de lado, então ela olha para mim. — Não,
ele está trabalhando hoje. Ele tem treinamento pessoal em
casa com uma senhora rica e cafona que vive tentando transar
com ele.

Paro e olho para trás, surpresa. — E você está bem com


isso?

Ela encolhe os ombros. — Ela dá uma boa gorjeta. Não é


como se ele fosse fazer isso.

Quando abro a porta da frente, fico um pouco chocada ao


ver o entregador de flores. Ele tem uma braçada de flores
coloridas, de todos os tipos. — O que é isto? Não é nem
segunda-feira.

Ele me abre um sorriso. — Certo? Também fiquei


surpreso.

Pego as flores. Normalmente há um cartão no buquê, mas


dando uma olhada superficial, não vejo nenhum.

— Aqui está, — diz o entregador, chamando minha


atenção.

Quando olho para ele, ele está segurando um pequeno


envelope preto.
— Ele queria que eu tivesse certeza de que você receberia
isso, então não o perca. Acho que é importante.

— Entendi. Obrigada… qual é o seu nome? Acho que


provavelmente devo aprender seu nome.

— Ted.

— Prazer em conhecê-lo, Ted.

— Seu namorado está prestes a se tornar meu cliente


favorito, — ele me informa. — Como namorado, não tenho
certeza se ele é realmente ótimo ou terrível, mas como cliente,
ele ganha cinco estrelas.

Abro um sorriso. — Ele não é meu namorado.

— Bem, minha floricultura agradece muito seu


relacionamento, seja ele qual for.

Inclino-me e sinto o cheiro das flores. — Mm, elas são


adoráveis. Obrigada, Ted.

Quando me viro para voltar para a cozinha, mamãe se


levanta do sofá e me segue. — Hunter?

Concordo. Este buquê não veio com um vaso, então vou


até o armário para pegar um dos vasos que vieram com seus
buquês anteriores.

— Presumo que foi ele quem mandou aqueles no primeiro


dia de aula?

— Sim, foi.
— Com aquela nota adorável, — ela acrescenta, seu tom
levemente sarcástico.

Encolho-me. — Oh. Sim, a nota era...

— Nada bom.

— Ele não ficou satisfeito por eu estar namorando


Anderson, — digo, em uma tentativa de explicar sem dar a ela
quaisquer detalhes desagradáveis. — Ele é um pouco
territorial.

— Talvez um pouco.

Encho o vaso com água, desembrulho meu novo buquê e


coloco dentro.

Admiro o lindo arranjo por um momento, depois volto


minha atenção para minha nova nota. Estou ciente de que
mamãe está bem aqui, então espero que não diga nada muito
picante.

Quando abro o envelope, vejo que não é apenas um cartão


de nota. Há um cartão de crédito atrás dele com o nome de
Hunter nele.

Franzo a testa com cautela.

— Por que ele lhe enviou um cartão de crédito? — Mamãe


pergunta, ainda mais cautelosa do que eu.

Leio o cartão.
Catnip,

Sei que você está relutante em me deixar comprar


coisas para você, mas este presente não é só para você.

Sua mãe trabalha muito. Ela merece um dia de mimos,


não é?

Um carro estará lá ao meio-dia para buscá-las.

Vá às compras por minha conta.

Compre sapatos confortáveis para o trabalho.

O limite de crédito é de 20k. Gaste o quanto quiser.

Hunter

Ele encontrou uma brecha.

Se ele fizesse tudo isso só por mim, eu me sentiria


culpada em aceitar, mas...

Eu nunca poderia fazer algo assim por minha mãe


sozinha, e ela merece.

Suspirando, me viro e volto para a sala sem dizer uma


palavra. Pego meu telefone da mesa de centro e mando uma
mensagem para ele.

Este presente vem com um preço?


Ele responde imediatamente. Quero um passe de fim de
semana. Minha mãe vai embora no próximo fim de semana.
Quero que você fique aqui. Quero você só para mim. Sem
trabalho, sem Sara, sem planos dos quais eu não possa
fazer parte.

Essa é uma grande pergunta, Hunter. Não acho que


minha mãe vai me deixar passar um fim de semana inteiro
na sua casa.

Esse é o meu preço, ele diz simplesmente. É pegar ou


largar.

Mordo meu lábio inferior, considerando.

Antes de tomar uma decisão, pense em como sua mãe


se sentirá livre de estresse e relaxada no spa, fazendo um
tratamento facial, tendo anos de estresse trabalhado em
seus músculos...

Spa?

Depois das compras, você vai para um spa.

Droga.

Suspiro. — Vou fazer o meu melhor. Não posso prometer


nada, no entanto. Se ela disser que não posso passar a noite...

Ainda tenho um passe de fim de semana, ele responde.


Você é minha durante todo o fim de semana e não pode me
dizer não.
Meu estômago salta, meu interesse se agita.

Um passe de fim de semana inteiro.

Sem poder para dizer não.

Meu coração dispara.

Tenho que morder meu lábio inferior para não sorrir.

Tudo bem, respondo. Você tem um acordo.

Foi um prazer fazer negócios com você.

Sorrio para o meu telefone. Obrigada, Hunter. Isso foi


muito legal da sua parte.

Você pode me agradecer no próximo fim de semana,


ele responde com um emoji piscando.

Oh, eu vou, asseguro a ele.

Ainda tenho um sorriso bobo no rosto quando mamãe


entra na sala.

— O que está acontecendo? — Ela pergunta.

Tento controlar meu sorriso, mas só um pouco enquanto


levanto os olhos do meu telefone e reestruturo o formato do
presente de Hunter para minha mãe.

Obviamente, não posso dizer a ela seus termos reais.


Ela pensou que ele era um pouco manipulador quando
me seduziu a fazer coisas aos 14, então isso... isso não é algo
que ela possa saber.

Tudo bem, no entanto. É só entre nós, e gosto assim.

— Hunter providenciou uma surpresa para nós. Ontem,


no café da manhã, eu estava contando a ele como estávamos
estressadas e ocupadas e não passamos muito tempo juntas
desde o início das aulas e, bem, ele gosta de jogar dinheiro nos
problemas. — Mostro seu cartão de crédito. — Ele quer que a
gente vá às compras hoje, por conta dele.

Mamãe pisca. — Compras?

Concordo. — E depois uma ida ao spa. Ele está


mandando um carro para nós.

— Um... carro?

Sorrio. — Acho que vai ser divertido. Por favor, diga sim.

Ela leva um momento para considerar. — Hmm... Acho


que ele me deve uma roupa nova já que tenho que queimar a
que você usou na casa dele na sexta à noite.

Aceno ansiosamente. — Ele realmente quer. Talvez


alguns sapatos bonitos para combinar. E uma bolsa. Você vai
precisar de uma bolsa nova.

— Para combinar com a roupa.

— Naturalmente.
— Nunca fui às compras pela qual não tivesse que pagar,
mas quem não fantasiou sobre isso? — Ela diz, ainda
considerando, mas se inclinando fortemente para sim.

— E hoje, essa fantasia pode ser real. Ele disse que


podemos comprar o que quisermos. O limite de crédito é
estúpido, então literalmente não precisamos nem pensar
nisso.

Ela balança a cabeça, olhando para o pedaço de plástico


retangular. — Ele é apenas uma criança. Como ele tem um
cartão de crédito melhor do que o meu?

— Não sei, ele tem dinheiro para modelar e seu pai é um


príncipe ou algo assim.

— As vidas que algumas pessoas levam.

— Sem brincadeiras. Então, podemos fazer isso?

— Você sabe o quê... que diabos?

Ilumino. — Sim?

— Foda-se, vamos embora.

— Só temos uma hora para ficarmos prontas.

— Então é melhor colocarmos nossos traseiros em


marcha.

Com isso, nos separamos, cada uma indo para seu


próprio banheiro para se preparar para um dia inteiro de ser
mimada.
— Ei, Jeeves, podemos fazer mais uma parada antes de
ir para casa?

O motorista olha para minha mãe no espelho. — Claro,


senhora.

Olho para ela. — O nome dele não é Jeeves.

— Eu sei, mas ele parece um Jeeves e parece que deveria


ser. — Ela se olha no espelho retrovisor novamente. — Você
não se importa, não é, Jeeves?

— Nem um pouco, senhora. Onde você gostaria que eu a


levasse?

Depois de um longo dia de compras e mimos, me sinto


flutuando e relaxada, e mais tentada do que nunca a trocar
meu status de trabalhadora para ser uma namorada
profissional.

Não vou, mas a tentação é real.

A vida profissional da namorada não é terrível.

Eu não estava prestando atenção quando mamãe disse


ao motorista – seu nome verdadeiro é Thomas – para onde nos
levar, então fico surpresa quando paramos na Target.
— O que você está fazendo aqui? — Pergunto, olhando
para ela.

— Quero comprar um presente de mudança para Ray


enquanto ainda temos o cartão de crédito do seu namorado.
Ele quer uma daquelas escovas de dente elétricas, mas a que
ele gosta custa cerca de US $ 200, o que obviamente é uma
quantidade enorme de dinheiro para gastar em uma escova de
dente. Mas se Hunter está comprando...

Balanço minha cabeça para ela. — Uau, você realmente


entendeu suas tendências de dar presentes, não é?

— Bem, quando começou, fiquei preocupada que ele


estivesse tentando comprar sua virgindade. Agora que você
deu a maldita coisa a ele, é melhor ele pagar.

— Vou dizer a ele que o meu preço de noiva é uma escova


de dentes.

— E todas as sacolas de compras no porta-malas. Não se


esqueça das sacolas de compras.

O motorista estaciona o carro e sai para abrir a porta da


mamãe.

Em vez de sair, ela olha para mim. — Você está vindo?

— Não, vá correndo, vou esperar no carro. Estou


confortável. Além disso, se eu for, você vai me convencer a
comprar mais coisas.
— Isso é verdade, mas quero que a loja tenha vigilância
por vídeo de mim usando o cartão de crédito de Hunter? E se
tudo isso for um esquema elaborado para me prender por
fraude de cartão de crédito para que ele possa levá-la para o
castelo dele e mantê-la só para ele?

— Não acho que ele tenha um castelo, — digo, como se


essa fosse a única parte rebuscada do cenário.

Ela me lança um olhar engraçado. — Que tipo de príncipe


não tem um castelo?

— Ele não é um príncipe. Seu pai era um príncipe, ou...


o pai de seu pai era um príncipe? Alguém em algum lugar
abaixo da linha era um príncipe. Não sei, não tivemos tempo
suficiente juntos para ele me contar sobre sua aventura
europeia. Falando de…

— Uh oh.

— Não uh oh. Só queria dizer que, como não tenho que


trabalhar no próximo fim de semana, Hunter quer saber se
posso passar na casa dele.

Ela pisca para mim.

— Lembre-se da escova de dentes, — digo a ela.

— O fim de semana inteiro. Tipo, dormir na casa dele por


duas noites sem nunca voltar para casa.

— Correto.
Ela me encara.

— Mas terei meu telefone, podemos enviar mensagens de


texto o quanto quisermos. E ele mora a cinco minutos de
distância, obviamente posso voltar para casa se precisar. —
Gesticulo para ela e digo brilhantemente, — E pense desta
forma – um fim de semana inteiro sem crianças. Ray pode ficar;
será como um teste para ele se mudar.

Ela estreita os olhos.

— Se ajudar… eu realmente quero ir. E sim, nós faremos


sexo, mas faríamos isso mesmo se eu não pudesse passar a
noite. Assim, teremos mais tempo de qualidade juntos e será
muito mais agradável para mim. Quero passar a noite, quero
acordar com ele pela manhã. Não quero 'wham, bam, obrigada,
cara' e sair daí. E prometo fazer com que ele compre
preservativos com antecedência. Não seremos tão descuidados
desta vez.

Mamãe suspira pesadamente.

O pobre Jeeves está parado segurando a porta e fingindo


que não consegue ouvir a conversa.

Dou à mamãe meus melhores olhos de cachorrinho.

— Tudo Bem. — Ela suspira de novo, de forma muito mais


dramática.

— Mesmo? — Lanço um sorriso para ela. — Yay!


Obrigada, mãe.
Ela estreita os olhos. — Só por isso, ele está me
comprando outra bolsa.

Com isso, ela sai.

Sorrio enquanto ela entra de mau humor na loja, em


seguida, pego meu celular para que eu possa enviar uma
mensagem de texto para Hunter.

Como está o melhor não-namorado do mundo esta


noite?

Um pouco dolorido, mas por outro lado bem. Como foi


sua viagem de compras?

Franzo a testa para o telefone. Fazer compras foi


incrível. O spa era celestial. Minha mãe está comprando
uma escova de dentes maldosamente, então vamos para
casa. Por que você está dolorido?

Vou precisar de mais detalhes sobre essa compra


maldosa de escova de dentes, ele me diz.

Já que ele evitou minha pergunta, digito novamente. Por


que você está dolorido?

Envolvi-me com Sherlock no treino esta noite, não é


grande coisa.

Meu coração afunda um pouco. O que você quer dizer


com envolveu nisso? Gosta de uma luta?

Não se preocupe com isso.


Hunter... eu realmente não acho que você deveria
fazer dele um inimigo mortal sobre tudo isso. Sei que o que
ele fez foi uma merda e seus métodos certamente não são
ortodoxos, mas eu realmente acho que ele estava tentando
ajudar você. Não acho que ele tenha más intenções. E para
ser honesta, sem sua interferência, não teria passado o dia.
Provavelmente ainda não estaríamos nos falando. E minha
mãe concordou em me deixar passar o fim de semana com
você! Nada disso estaria acontecendo se ele não tivesse me
trazido para aquela festa estúpida.

Ele beijou você. Ele MARCOU você. Eu não poderia


NÃO dar um soco na cara dele.

Suspiro. Hunter.

Riley.

Você precisa ser mais legal com o seu amigo.

Não quando ele beija minha maldita namorada.

Este não é o momento certo para lembrá-lo de que não


sou – na verdade – sua namorada. Sei o que ele quis dizer, de
qualquer maneira, então ignoro e digito de volta: Você sabe
que não significou nada. Acho que você deveria falar com
ele. Sem punhos. Use suas palavras. Descubra se ele estava
legitimamente cuidando de você ou apenas queria causar
problemas. Eu realmente acredito que seja o primeiro. Se
for, você precisa deixá-lo ir. Não perca um amigo de
verdade por causa disso. Você não tem muitos deles.
Incomoda-me que você o esteja defendendo. Ele me
diz.

Estou apenas cuidando de você. Asseguro-lhe. Não


tenho nada para dar sobre Ryden Sherlock, mas não quero
ver você alienar alguém que realmente se preocupa com
você, mesmo que seja de um jeito estranho.

Bem, quando você coloca dessa forma, ele escreve de


volta.

Faz muito sentido, hein?

É por isso que estou namorando uma garota


inteligente, ele me diz.

Mordo de volta um sorriso. Você acha que se você entrar


'namorada' e 'namorar' vezes suficientes, vou esquecer que
não é verdade?

Vale a pena arriscar.

Sorrio. Eu te amo, digo a ele com um trio de corações


emoji.

Também te amo, ele responde, sem emoji.


Recebo outra entrega de flores na segunda de manhã.

Mamãe reclama que vamos ficar sem lugares para colocar


flores, mas aceno para ela.

Coloquei as flores no meu quarto e li o cartão.

— Meus pesadelos geralmente são sobre perder você.


Estou bem quando percebo que você está aqui. — Peeta

(Você me fez citar meu nêmesis48 fictício. Bom


trabalho).

Rio alto com o que ele escreveu entre parênteses.

Não consigo parar de sorrir enquanto levanto o cartão e o


coloco na minha cômoda junto com os outros. Adoro cada
bilhete que ele me enviou (e me arrependo de ter jogado fora as
flores daquela vez, sem me preocupar em ler o bilhete, porque

48 Palavra grega que significa: Inimigo, vingança.


eu estava tão magoada e com raiva), mas este pode ser o meu
favorito.

Pego meu telefone e mando uma mensagem para ele: Este


foi o melhor até agora.

Estou feliz por ter gostado. Pensei duas vezes sobre


isso. Fez-me pensar sobre aquele filho da puta do
Anderson.

Localizo o pequeno emoji amarelo com um monóculo e


escrevo de volta, Quem é Anderson?

Oh, você é uma garota tão boa, ele me diz.

Sorrio e coro agradavelmente, embora ele não possa me


ver, então coloco meu telefone na minha bolsa e pego minhas
coisas para que eu possa ir para a escola.

Mesmo que o fim de semana tenha sido incrível, estou


preocupada em voltar para a escola na segunda-feira.

Sinto que Hunter e eu nos saímos muito melhor fora da


escola.

Por exemplo, Valerie? Ela nem existe até eu entrar neste


prédio. Ela é um vago pesadelo, distante e nebuloso, fácil de
esquecer depois de um ou dois dias, a menos que continue
aparecendo.

Na escola, ela está lá. Mesmo que Hunter a tenha relegado


à sua lista de merda, mesmo que ela tenha perdido seu status
de abelha rainha incontestada, mesmo que ela não tenha
permissão para se sentar na mesa do almoço que era
tecnicamente dela (o maior golpe para seu status), ela ainda
está lá.

Quando saio da fila do almoço com minha bandeja de


comida, me preparo para ir para a minha mesa de costume
para sentar sozinha, mas só ando alguns metros antes de
Hunter me parar.

— Ei.

— Ei, — digo, oferecendo a ele um pequeno sorriso.

— Onde você está indo?

Levanto uma sobrancelha. — Para minha mesa?

Ele balança a cabeça e acena na outra direção. — Venha


se sentar na minha.

Hesito, ficando onde estou em vez de segui-lo.

Ele se vira e franze a testa quando percebe. — O que está


errado?

— Não quero, — digo me desculpando. — Sinto muito, sei


que Sara está sentada na mesa das meninas agora, mas,
honestamente... não gosto dessas meninas. Não quero almoçar
com elas. Sei que é uma boa oferta, mas prefiro ficar sozinha.
Trouxe um livro e tudo, — digo a ele, segurando uma cópia de
bolso usada de Hunger Games que comprei em um brechó
alguns anos atrás.

Hunter franze a testa para isso. — Onde você conseguiu


isso? Eu nunca devolvi sua cópia.

— Eu sei, tive que comprar outra. É por isso que não


gosto de emprestar livros, a propósito, — digo, censurando
levemente seu livro, emprestando boas maneiras.

— Para ser justo, tive que me mudar para a Itália.

— Não há desculpa para não devolver um livro


emprestado, Hunter.

— Você pode cobrar uma taxa de atraso, se quiser. Ainda


o tenho. Posso devolver para você neste fim de semana.

Balanço minha cabeça. — Você pode ficar com ele agora.


Tenho esta cópia. E vou ler enquanto como, então...

— Quero que você se sente comigo, — diz ele. — Não com


as meninas. Comigo. Próximo a mim. Na minha mesa.

Pisco para ele. — Mas é a mesa dos meninos.

— Você não será apedrejada até a morte por se sentar ao


lado de meninos, prometo.
— Mas... nenhuma garota jamais se senta naquela mesa.
Sempre.

— Estou ciente. É minha mesa. Essa regra era


principalmente para impedir Valerie de tentar me sufocar. —
Ele percebe imediatamente que mencioná-la não é a decisão
certa, mas ao invés de recuar ou se desculpar, ele apenas me
agarra pela cintura e me guia à força até sua mesa. — Vamos,
você está sentando comigo. Você pode sentar-se entre mim e
Sherlock, o que você acha?

Isso chama minha atenção. — Você não o baniu?

— Decidi ouvir minha namorada inteligente e dar uma


chance a ele.

— Não é sua namorada.

Ele ignora meu comentário. — Agora estou contando com


a minha namorada equilibrada, 'palavras, não punhos' para se
sentar entre nós e garantir que nenhum de nós seja suspenso.
Vê? Preciso de você. Você não quer que eu seja suspenso, quer?

Reviro meus olhos para ele. — Essa é uma manipulação


preguiçosa, você apenas descobriu na hora.

Ele não diz que o estou seguindo, então está claramente


funcionando, mesmo que seja preguiçoso, estou ciente disso.

— Isso vai ser tão estranho, — reclamo.


— Porque ele beijou você? — Hunter pergunta, sua visão
de túnel o levando a acreditar que devo estar falando sobre o
almoço com Sherlock.

Balanço minha cabeça. — Porque não gosto dos seus


amigos e o sentimento é mútuo.

Hunter parece desdenhoso. — Nah, você vai ficar bem.


Eles vão se comportar.

Claro que vão, porque ele vai ficar sentado lá comigo, mas
não significa que gostem de mim.

Ah bem.

— Afaste-se, — ele diz para alguém que não conheço.

O cara prontamente move sua bandeja, desce e pede


desculpas, embora não tenha nada pelo que se desculpar. Ele
estava sentado em um assento desocupado.

Sem outra palavra para ele, Hunter se senta, deixando


apenas espaço suficiente entre ele e Ryden Sherlock para mim.

Sherlock olha para cima, erguendo uma sobrancelha


escura em surpresa enquanto sento ao lado dele na mesa. —
Bem, isto é uma surpresa.

Aceno com a cabeça em seu lábio inferior, que está


dividido no lado esquerdo. — Belo lábio, — digo a ele.

Sherlock sorri, imperturbável. — Mordi seu lábio, ele


partiu o meu. Parecia justo.
— Generoso, até, — digo a ele com doçura fingida.

— Parece que tudo deu certo, — diz ele, olhando para


Hunter além de mim. Ele olha para trás, no entanto. — No
momento, eu meio que me preocupei se armei para você mais
do que pretendia, mas parece que você se saiu bem.

— Sem danos e tudo mais, — asseguro a ele.

— E aqui na nossa mesa de almoço, — ele diz, balançando


a cabeça. — Nunca tivemos uma garota aqui antes. Podemos
não saber como nos comportar.

Hunter se inclina para frente e olha para Sherlock, sem


palavras, dando-lhe alguns conselhos sobre como ele gostaria
que ele se comportasse.

— Uh oh. — Sherlock lança um olhar malicioso na minha


direção. — Seu namorado está ficando com ciúmes. Acho que
devemos parar de conversar. Não quero que ele vire o Hulk
novamente. Ele provavelmente não trouxe uma muda de
roupa.

Suspiro, balanço minha cabeça e olho ansiosamente para


a brochura na minha bandeja do almoço. — Eu poderia estar
lendo agora.

— Um livro que você já leu, — Hunter aponta.

— Ainda parece um uso melhor do meu tempo, — digo a


ele.
— Do que falar com Sherlock? — Ele cutuca, mas quase
com bom humor. — Concordo.

O resto da semana voou.

Com a amizade de Hunter com Sherlock nos estágios de


reparo após a festa, meus pensamentos continuam voltando
para Sara. Ela não fez nenhum esforço para me alcançar, mas
não tenho certeza do por que.

Se é porque ela realmente não se importa com nossa


separação, então talvez nossa amizade não tenha sido tão
duradoura quanto eu pensava. Talvez tenha seguido seu
curso. Inferno, talvez eu fosse apenas sua melhor amiga
porque era a única opção. O que mais eu poderia deduzir do
fato de que, assim que Valerie suspendeu a proibição, Sara foi
até eles e realmente não olhou para trás?

Não posso negar que ela não está sendo a melhor amiga
agora, mas ainda acho que é por causa de Wally. Não acredito
que ele seja bom para ela. Se ele realmente não gosta dela e ela
está tentando acreditar que ele gosta, ela vai se machucar.

Não sei o que fazer com Wally. Considero pedir a Hunter


para falar com ele e descobrir onde ele está – eles são amigos,
afinal – mas na verdade não parece que Wally e Hunter estão
tão próximos desde o Homecoming. Não é nada que Wally
tenha feito especificamente e nada que Hunter sequer pareça
ter notado, mas quando ele me convidou para sentar à mesa
durante o almoço, eu percebi.

Na quinta, sou a última pessoa a sair da reunião do


jornal. Apenas o Sr. Lohman sobrou quando saio, então o
corredor está bom e vazio enquanto saio da escola.

Quando passo pela biblioteca, as portas estão fechadas.


Mas há um ruído distinto de clique, quase como se tivesse
aberto logo depois de eu passar.

Já que a escola deveria estar vazia, meu coração pula. Os


cabelos da minha nuca se arrepiam. Pego o ritmo, em uma
corrida a pé com um forte pressentimento que apareceu do
nada.

É do nada, é o que digo a mim mesmo.

Estou na escola. Nada de ruim vai acontecer comigo na


escola.

Um braço de repente envolve minha cintura por trás.


Uma mão está presa sobre minha boca, então não posso gritar.
Tento de qualquer maneira, largando meus livros e clamando
por ajuda.

Os livros caem no chão, conseguindo fazer mais barulho


do que eu com aquela mão forte cobrindo minha boca.
Tento olhar para trás enquanto o homem que me aborda
me arrasta em direção à entrada da biblioteca.

A pior parte é que Sherlock é o único que me passa pela


cabeça. Quem mais poderia ser?

Se ele realmente estiver me abordando depois que fiz as


bases para reparar sua amizade com Hunter, vou matá-lo.

Luto, tentando agarrar a moldura da porta enquanto


passamos por ela. Ele se reposiciona, restringe meus braços e
me arrasta para dentro.

A porta da biblioteca se fecha.

A biblioteca é mais escura do que a maioria das salas de


aula, com tantas estantes bloqueando as janelas, mas ainda é
cedo, então, mesmo com as luzes apagadas, ainda há bastante
luz.

Respiro pesadamente, meu coração disparado enquanto


sou empurrada contra a parede.

Olho quando ele entra no campo de visão, pronto para


entregar sua bunda a ele assim que ele tirar a mão da minha
boca, mas fico chocada quando vejo que não é Sherlock.

É o Hunter.

Tento perguntar: — O que diabos você está fazendo? —


Mas ele ainda não tirou a mão da minha boca.
Todo o medo e raiva desaparecem de mim, no entanto.
Não estou preocupada, apenas confusa.

Ainda há adrenalina restante em meu sangue, mas não


sei o que fazer com ela se não houver uma ameaça real.

Hunter não precisava me arrastar para uma sala com ele.


Eu teria ido de boa vontade.

Ele sorri, se aproximando de mim, mantendo a mão na


minha boca. — Eficaz, não é?

Do que ele está falando?

Franzo a testa para ele e tento dizer: — Mova sua mão, —


mas sai como um ruído incompreensível.

Ele deve ser capaz de adivinhar o que estou tentando


dizer. — Não vou mover minha mão.

Franzo a testa para ele, minha confusão se


aprofundando. — Por quê? — Tento.

Segurando meu olhar, ele desliza a mão que não está


cobrindo minha boca pelo meu corpo.

A confusão diminui, o interesse desperta enquanto ele


desabotoa minha calça jeans agilmente.

Enquanto abaixa o zíper, ele diz: — Sei que meu passe de


fim de semana ainda não começou oficialmente, mas... — Ele
enfia a mão dentro da minha calça, segurando meu olhar, um
desafio brilhando nele. — Você não pode dizer não se não
puder falar.

Não sei se é o pico de adrenalina que senti quando pensei


que estava sendo abordada por uma ameaça real, ou a maneira
como ele me prendeu aqui com minha boca coberta. Qualquer
que seja a sugestão sinto-me mais impotente do que realmente
sou, e meu corpo gosta disso.

Meu coração afunda lentamente, como se estivesse se


movendo através de melaço. Uma languidez se infiltra em todo
o meu corpo.

Meus olhos se fecham enquanto suas pontas dos dedos


roçam levemente minha calcinha e enviam um arrepio por todo
o meu corpo.

Hunter se inclina, inclinando a cabeça para que ele possa


beijar meu pescoço enquanto me provoca.

Deus, isso é bom.

Mas isso não é bom.

Isso é uma merda.

Abro os olhos e dou uma espiada na porta fechada da


biblioteca. Há apenas uma pequena janela retangular, então é
improvável que alguém andando pelo corredor veja aqui... mas
ele me fez largar meus livros, e se alguém vir os livros
abandonados no corredor assim...
Eles podem investigar e certificar-se de que ninguém está
aqui.

Podemos ser apanhados.

Isso é loucura.

— Hunter, — digo contra sua mão, com a intenção de


contestar e dizer a ele que não podemos fazer algo tão
arriscado.

Sua mão aperta minha boca com mais força. Latejo entre
minhas pernas e meus olhos parecem pesados demais para
mantê-los abertos.

— Quero muito comer sua boceta agora, Riley, — Hunter


murmura entre beijos no pescoço. — Quero prendê-la contra
esta parede, plantar meu rosto entre suas coxas e colocar
minha língua em lugares que deixariam você vermelha por
dias.

Minha respiração fica presa na minha garganta. Posso


sentir o calor subindo pelo meu pescoço, inundando minhas
bochechas – sem dúvida me deixando tão vermelha quanto ele
previu que eu ficaria.

— Não posso arriscar, no entanto. Se eu mover minha


mão, sua relutância em quebrar as regras provavelmente
entrará em ação e arruinará toda a diversão. Mas neste fim de
semana. — Ele chupa meu pescoço e ofego um pouco. — Neste
fim de semana, vou provar cada centímetro de você.
Oh Deus.

Engulo.

— Por enquanto, — ele murmura enquanto desliza os


dedos sob o tecido da minha calcinha, — terei que me
contentar em apenas brincar com isso.

Uma emoção dispara por mim quando ele enrola o dedo,


acariciando por dentro enquanto usa o polegar para me
separar. A passagem é escorregadia, tornando mais fácil para
ele entrar mais fundo em mim. Minha cabeça cai para trás
contra a parede de tijolos quando ele o faz.

— Isso é bom, baby? — Ele pergunta, beliscando minha


orelha.

Deus, sim. Aceno languidamente, percebendo que seu


aperto em minha boca diminuiu. Não digo nada, no entanto.
Não quero pará-lo, e ele me deu uma desculpa, então não
preciso.

Deus, eu o amo.

Amo-o mais e mais enquanto ele me segura aqui e me


dedilha, usando todo o seu corpo para me fazer sentir presa o
suficiente para deixá-lo me dar prazer.

Não facilitei as coisas para ele, mas estou impressionada


com sua desenvoltura.

Quando venho contra sua mão, grito contra a outra.


Antes que meu orgasmo tenha diminuído totalmente, ele
remove sua mão da minha boca e pressiona seus lábios contra
os meus.

Jogo meus braços ao redor dele, derretendo nele


enquanto o beijo de volta. Tanto prazer ainda está me
inundando, se ele tirasse seu pau e me fodesse agora, eu o
deixaria.

Ele não faz, no entanto.

Isso era apenas para mim, e apenas uma provocação.

Um aperitivo antes de se deliciar comigo neste fim de


semana.

Ele é o melhor.

Sonolenta e satisfeita, descanso meu corpo contra o dele,


abraçando-o para que eu não tenha que ficar em meus
próprios pés ainda.

Ele me segura contra seu corpo forte, feliz em me apoiar


quando preciso.

Quando a força volta para meus membros, eu o deixo


saber, deixando um beijo suave e carinhoso em seu pescoço e,
em seguida, recuando.

— Isso foi muito inesperado. E muito bom, — murmuro.


— Obrigada.
Ele sorri fracamente, mas há uma pergunta brilhando em
seus lindos olhos castanhos. — Quando eu trouxe você aqui,
você lutou muito duro. Você não sabia que era eu?

A culpa cintila através de mim. Ele deve ser capaz de ver


no meu rosto.

Os olhos de Hunter escurecem, junto com seu sorriso. —


Quem você achou que era?

Não há uma resposta certa para essa pergunta.

Meu coração martela no meu peito. Sinto-me pressionada


e indecisa sobre o que dizer.

— Obviamente, você é o único que eu queria que fosse.


Eu estava apenas confusa. Eu não esperava por isso. — Sorrio
levemente. — Quando encorajei o sequestro criativo, não
pensei que você me levaria tão a sério.

Seus lábios se curvam um pouco conscientemente. —


Não foi isso que perguntei.

Meu coração bate forte.

Abraço-o. — Eu amo Você.

— Eu sei. Quem você achou que era? — Ele exige com


mais firmeza, não me deixando fora do gancho com manobras
evasivas, por mais brincalhonas ou doces que sejam.

Afasto-me e olho para ele. — Por que isso importa?

Hunter ergue uma sobrancelha. — Sério?


Ok, essa foi uma pergunta estúpida.

Sei por que isso é importante.

É importante porque Hunter viu apenas 30 segundos do


meu “encontro” com Sherlock. Isso deixa muito espaço em
branco na tela quando ele pensa sobre o que pode ter
acontecido entre nós antes de entrarmos em seu quarto
naquela noite.

Era a festa de Hunter, mas ele nem estava realmente lá,


e Sherlock planejou especificamente que chegássemos tarde.
Hunter não sabe quanto tempo passamos juntos antes de
subir. Ele não sabe quando Sherlock me pegou na minha casa
ou quando chegamos à casa dele, e ele não viu nenhuma de
nossas interações.

No quadro congelado que ele testemunhou, ele viu


Sherlock me beijar. Ele o viu potencialmente preocupado em
me deixar em perigo com outro homem.

Pode até ter sido um teste pedindo-me para sentar entre


ele e Sherlock no almoço na segunda-feira – um que eu não
sabia que estava fazendo até agora, quando ele já tem os
resultados.

Talvez Hunter quisesse ver como interagíamos. Como eu


agiria perto dele.

Repasso aquele almoço, olhando através desta nova lente.


Hunter me tocou muito. Achei que ele estava apenas
sendo carinhoso para fazer uma declaração sutil aos amigos
para que me aceitassem, mas talvez ele quisesse ver como
Sherlock reagiria.

Ele nos conhece separadamente, mas ele não nos viu


realmente juntos – fora do tempo em que caímos em um quarto
juntos, sua marca de mordida no meu lábio inferior.

Hunter acha que eu gostaria de Sherlock, isso está claro.

Se eu acho que Sherlock iria tão longe a ponto de me


sequestrar de um corredor da escola... bem, isso deve significar
que acho que ele gostaria de mim também.

Meu coração dispara. Parece suspeito como culpa.

Lembro a mim mesma que não fiz nada de errado.

Olhando para ele, faço a única pergunta que consigo


pensar. — Você confia em mim?

— Claro que sim, — ele responde sem hesitação.

— Bom. — Fecho meus braços em volta do seu pescoço,


inclinando-me e abraçando-o. — Então não importa.

Posso dizer que não é o que ele quer ouvir, mas é a


verdade.

Porque não importa se eu pudesse gostar de Sherlock.

Não importa se ele poderia ter gostado de mim.


Posso não querer chamar Hunter de meu namorado, mas
pertenço a ele. Sempre amei, desde o dia em que tropecei com
ele em uma passarela na floresta atrás de sua casa.

Certamente ele sabe disso.

Parece que ele acreditou em mim quando finalmente


expliquei sobre tudo o que levou a mim e Sherlock caindo em
seu quarto.

Parecia que ele quis dizer isso apenas um segundo atrás,


quando jurou que confiava em mim.

Mas quando olho para cima em seus tempestuosos olhos


castanhos... não tenho tanta certeza.
Mamãe paira no corredor fora do meu quarto enquanto
arrumo minha bolsa de fim de semana. Ela faz tantas viagens
de ida e volta que fica sem desculpas e finalmente volta com
um espanador.

— O que você está fazendo? — Pergunto enquanto dobro


um top e coloco na minha bolsa de fim de semana.

Eu nem tinha uma mala de fim de semana, mas comprei


uma para mim quando Hunter mandou eu e minha mãe fazer
compras.

Comprei outra coisa que acho que ele vai gostar neste fim
de semana enquanto eu estava fazendo compras, mas não
quero que mamãe veja, então está enterrada no fundo.

— O quê? — Mamãe diz inocentemente. — O que você


quer dizer? Estou limpando porta-retratos.

— Você nunca tirou o pó dos porta-retratos.

— Isso não é verdade, — diz ela, inclinando-se para espiar


pela minha porta.
— Não estou fazendo nada de interessante aqui, — digo,
olhando por cima do ombro para ela.

— Hum, você está fazendo as malas para um fim de


semana fora com seu namorado. Acho isso muito interessante.

— Ele não é realmente meu namorado, e isso


definitivamente não é interessante. Estou apenas colocando
roupas em uma bolsa.

— Bem, eu criei você. Talvez eu seja compelido a achar


tudo o que você faz interessante.

Vou até minha cômoda e abro a gaveta de cima para pegar


algumas meias. — Você gostaria de entrar?

— Você quer que eu entre?

— Bem, não tenho nada para você espanar, — digo


ironicamente.

Mamãe me lança um olhar e desiste de fingir que está


limpando o pó ao entrar. — Você trouxe um maiô?

— Não. — Paro e olho para ela, franzindo a testa


ligeiramente. — Você acha que devo?

— O tempo ainda está bom e Hunter tem uma piscina,


não tem?

— Sim, acho que sim. Não pensei sobre isso.


Mamãe tenta abafar uma carinha enrugada, mas não
consegue de todo. — Acho que deveria ficar feliz por você estar
levando qualquer roupa.

Faço uma careta. — Ai credo. Vou rescindi meu convite,


estou expulsando você agora.

— Só estou dizendo que dei uma olhada no Instagram


dele. O menino cresceu muito bem.

Abro a última gaveta e pego meu maiô. — Eca, eca, eca.


Mãe, pare de dizer palavras.

— Ei, não é minha culpa que ele não gosta de usar


camisas.

— Estou falando sério, nem outra sílaba.

— Camisas fechadas, pelo menos. Ele gosta do visual de


camisa aberta, não é? Suponho que, se eu tivesse um abdômen
como o dele, também não gostaria de usar uma camisa.

Cubro meus ouvidos e suspiro dramaticamente.

— E sua mãe louca, drogada em tratamentos de spa e


compras, de alguma forma concordou em deixar você passar
um fim de semana inteiro sozinha com esse garoto. Alguém
compre para esta mulher uma camisa de força.

Aponto para a porta. — Fora.

Mamãe bate o pé. — Nããão, não me chute para fora. Vou


me comportar, prometo. Chega de comentários atrevidos sobre
a atratividade do garoto com quem você vai passar o fim de
semana.

— Você não precisa pirar com isso, — digo a ela enquanto


coloco as meias e meu maiô na minha bolsa de fim de semana.
— Entendo que é estranho para você, entendo por que você
não está totalmente confortável com isso, mas não é diferente
do que se eu passasse o fim de semana com qualquer outro
amigo.

— Oh, não sei. Acho que é um pouco diferente.

— Não é sobre sexo. Só quero passar o fim de semana


com ele. Gosto de passar tempo com ele fora da escola e,
embora ele esteja de volta há um tempo, não tivemos a chance
de passar muito tempo de qualidade juntos. Agora que ele não
está com raiva de mim por tê-lo despachado para a Itália, quero
ouvir sobre isso. Ele mencionou seu pai, sua madrasta e uma
meia-irmã de passagem, mas quero ouvir sobre todos os anos
que perdi. Quero saber como é essa parte da família, como são
seus relacionamentos. Quero ouvir sobre a Itália. Eu gostaria
de ver as fotos.

Mamãe suspira. — Entendi. Só estou preocupada.

— Você está sempre preocupada, — digo a ela.

— Você é minha filha, é meu trabalho me preocupar com


você.

— Bem, você não precisa se preocupar comigo neste fim


de semana. Estarei completamente segura. Nem sei se iremos
a algum lugar. Hunter não me contou, mas acho que vamos
ficar todo o fim de semana.

Mamãe se encolhe. — Veja, quando você diz coisas assim,


isso só me faz pensar...

— Não diga isso.

— Apenas certifique-se de que você esteja segura. Sei que


você está fazendo controle de natalidade agora, mas você
realmente não pode confiar nisso por mais alguns dias.

— Eu já disse a Hunter que ele tem que ser mais


cuidadoso desta vez. Ele comprou preservativos. Não voltarei
para casa mais grávida no final do fim de semana do que estou
agora.

— Que – se Deus quiser – não está grávida de forma


alguma.

Levanto meus dedos cruzados para mostrar a ela. —


Fazendo tudo que posso aqui.

Mamãe abre um sorriso. — Com toda a seriedade, porém,


você nunca passou um fim de semana inteiro longe de mim
antes. Vou ter saudades tuas.

Olho para ela. — Também sentirei sua falta. Mas, como


eu disse, não irei longe. E prometo enviar mensagens de texto
com fotos e atualizações se você quiser.

— Você está brincando comigo? Claro que quero que você


faça.
— Então eu vou, — asseguro a ela.

Um momento passa mais confortável com isso fora do


caminho.

— Sei que você disse que ele não deu todos os detalhes
ainda, mas vocês sabem alguma coisa que vocês farão neste
fim de semana? — Mamãe pergunta.

— Sei que esta noite ele está me preparando o jantar.

— Ooh legal.

Sorrio. — Não sei o que ele está fazendo, mas estou


ansiosa para ver.

— A que horas você vai? Não até mais tarde, certo?

— Ele disse para estar lá às seis.

A testa da mamãe franze um pouco. — Não há um jogo


hoje à noite? Achei que ele estava no time de futebol.

Oh, droga.

Hesito antes de responder, sem saber o que dizer.

Não é um jogo, mas Hunter e Sherlock foram ambos


suspensos por um jogo depois que entrou naquela luta em
prática.

Não quero mentir para ela, mas se eu contar a verdade


sobre isso, isso pode desfazer todo o progresso que fiz
revisando sua opinião sobre ele. Não posso convencê-la de que
Hunter é um cara legal, inofensivo e ótimo se eu contar a ela
que ele teve problemas por brigar com um amigo no treino de
futebol.

A não ser que...

Eu poderia, se jogasse Sherlock debaixo do ônibus.

Mesmo que ele seja um idiota, estou hesitante em fazer


isso.

Hunter é o que preciso que minha mãe goste, no entanto.

A opinião dela sobre Sherlock não importa. Ela nem


mesmo vai conhecê-lo.

— Ok, vou te dizer uma coisa, mas não surte.

— Oh garoto.

— Prometa, — exijo. — Sem pirar, sem invadir o PTO, sem


tentar descobrir quem é sua mãe para que você possa colocá-
lo em problemas. Isso não é grande coisa e não quero que você
faça isso.

Mamãe franze a testa. — Já conheço a mãe de Hunter.

Eu suspiro. — Não é sobre Hunter. Lembra daquele cara


com quem fui à festa?

O rosto da mamãe fica completamente imóvel. — Sim.

— Bem, ele era um pouco agressivo.


Seus olhos se arregalam, brilhando com horror crescente,
mas ela mantém o tom calmo. — Agressivo como?

— Nada aconteceu, — asseguro a ela. — Na verdade. Mas


ele meio que me encurralou na festa e me beijou, e eu não
queria que ele o fizesse.

Ela perde um tom de cor.

— É isso, foi só um beijo. Não era grande coisa, mas


Hunter o viu fazer isso, e... Eu disse a ele para não fazer alarde
sobre isso, Sherlock saiu logo em seguida, mas Hunter... ele
não queria deixar isso ir. Então, quando eles estavam no treino
de futebol juntos depois disso, Hunter o confrontou sobre isso,
e... eles tiveram uma pequena briga. O treinador ficou puto,
então suspendeu os dois por um jogo. Hunter não é violento,
não quero que você pense isso, ele era... — Reviro os olhos. —
Parece estúpido, mas ele pensou que estava defendendo minha
honra.

— Não parece idiota, — ela diz, ainda parecendo


ligeiramente em estado de choque. — Sei que nem sempre fui
fácil com o garoto, mas dificilmente vou acusá-lo de que ele foi
protetor com minha filha quando algum idiota estava se
empurrando para ela.

Esta história revisionista não se estabelece bem. Isso me


incomoda um pouco, mas é perto o suficiente da verdade que
parece apenas meia mentira.
Mas conheço minha mãe. Não é da natureza dela deixar
algo assim ir, a menos que ela tenha certeza de que o ofensor
foi punido adequadamente – e mesmo assim ela realmente não
desiste, ela simplesmente parará de persegui-lo ativamente.

Ela foi lutar por Hunter quando ela nem gostava dele. Sou
filha dela.

— Sei que não foi exatamente um comportamento


cavalheiresco da parte de Sherlock, mas Hunter já partiu o
lábio e o treinador o suspendeu para um jogo, então... acabou,
ok? Todos vamos deixar isso ir e seguir em frente. Nenhum
dano real feito.

— Desta vez, — diz ela, confirmando minhas dúvidas. —


Caras assim... quanto mais você os deixa escapar, mais isso os
convence de que são intocáveis.

— Ele não escapou de nada, — digo a ela. — Ele se


comportou um pouco mal e foi devidamente castigado. Fim.

— Ele foi agressivo? — Ela questiona.

— Foi literalmente apenas um beijo.

— Você disse que ele o encurralou.

Suspiro. — Não quero mais falar sobre isso, — digo a ela,


já que não estou confiante em minha capacidade de proteger
Hunter e Sherlock se continuar falando.

— Ele tentou fazer mais do que beijar você?


— Não, — digo inflexivelmente.

Mamãe me observa de perto, uma leve carranca no rosto.


— Você está realmente na defensiva sobre isso, Riley.

Eu deveria parar de falar porque sei que ela está certa.

Em vez disso, o que estoura de mim é: — Estou farta de


todo mundo falar merda sobre isso. Foi só um beijo. Isso nem
significa nada.

Mamãe pisca para mim, compreensivelmente chocada.

Bufo, me sentindo meio constrangida com a minha


explosão.

Não sei o que dizer, no entanto. É a verdade.

Eu não odiava Sherlock. Ainda não sei. Se eu nunca


tivesse conhecido Hunter, poderia até ter gostado de seu beijo.

Não, eu não queria que ele me beijasse naquela noite, mas


também não quero que Hunter seja mau com ele sobre isso.
Talvez eu devesse me sentir lisonjeada por ele estar com
ciúmes de mim, mas na verdade estou começando a ficar um
pouco chateada.

Ele estava com Valerie e não fui atrás dela. Inferno, perdi
oportunidades de ser cruel com aquela garota, e ela é uma
idiota.

Sherlock estava apenas cuidando de Hunter. Ele


realmente não tinha más intenções.
Hunter não precisa ir atrás de seu próprio amigo por
causa de um beijinho. Ele precisa se controlar. Todo mundo
precisa se controlar.

Quando olho para minha mãe, sua expressão é cautelosa,


mas protetora. Não era assim que eu pretendia sair dessa
conversa, mas posso dizer que acabou. Ela não vai prosseguir
com isso. Não agora, pelo menos.

Seu olhar passa por mim para minha mala. — Seis horas,
hein?

Aceno olhando para baixo.

Tentando injetar um tom de alegria em seu tom, ela diz:


— Bem, posso te dar uma carona, se quiser.

Meu olhar salta para o dela. — Mesmo?

Ela acena com a cabeça, oferecendo um pequeno sorriso.


— Sim, por que não? Vou para a casa de Ray depois, ajudá-lo
a decidir o que deve levar e o que jogar fora quando começar a
fazer as malas. Está praticamente a caminho.

— Isso seria bom. Obrigada.

Sorrindo para mim, ela diz: — Sem problemas. Não se


esqueça dessa promessa, no entanto. Quero muitas fotos. Até
mesmo beijos.

Abro um sorriso. — Não vou te mandar fotos com


beijinhos.
Seu sorriso se alarga e depois desaparece. — Falo sério,
ok? Vou dar uma chance ao Hunter. Uma real. Prometo.
Esquecendo o ensino médio – ele terá uma ficha limpa a partir
de hoje.

Paro o que estou fazendo e fico olhando para ela. —


Mesmo?

Ela acena com a cabeça. — Mesmo. Não estou garantindo


nada, — acrescenta ela, erguendo as sobrancelhas. — Ele
ainda precisa causar uma boa impressão e não engravidar
minha filha por mais 10 anos se quiser que eu goste dele,
mas... vou ter a mente aberta.

— Isso é tudo que estou pedindo. — Um sorriso surge em


meus lábios. Abandonando minhas malas, atravesso a sala e
jogo meus braços em volta dela. — Obrigada, mãe.

Ela envolve seus braços em volta de mim e me aperta de


volta. — Eu te amo, garota.

— Também te amo.
Mamãe me deixa na casa de Hunter. Ele me disse para
entrar quando eu chegasse aqui, mas mesmo sabendo que ele
tem o lugar só para ele, me sinto estranha fazendo isso.

— Olá, — grito enquanto entro na enorme porta de


entrada.

Fecho a porta atrás de mim e passo pelo foyer para a sala


de estar.

— Na cozinha, — Hunter responde.

— Sua casa precisa de algum tipo de sistema de


intercomunicação, — murmuro de volta, embora eu saiba que
ele não pode me ouvir. Caminho em direção ao som de sua voz,
e paro quando me aproximo de uma cozinha enorme com uma
ampla ilha.

Uma miríade de ingredientes e utensílios de cozinha estão


espalhados pela superfície do mármore. Parece mármore, de
qualquer maneira. Nossos balcões são do tipo laminado barato
da Home Depot49, mas seja o que for que os de Hunter sejam
feitos, são muito mais sofisticados.

Hunter está em frente ao fogão, de costas para mim. Ele


parece tão sexy parado ali, cozinhando o jantar para mim, não
consigo resistir e largo minhas malas e vou até ele.

— Mm, cheira incrível aqui, — digo, envolvendo meus


braços em volta dele por trás.

Hunter me olha por cima do ombro e me dá um sorriso.


Suas mãos estão cozinhando, então ele não me abraça de volta.
— Que bom que você pensa assim. O jantar está quase pronto.
Você pode se sentar e esperar enquanto termino.

Tiro meus braços ao redor dele. — Você não quer ajuda?

Ele balança a cabeça. — Tenho tudo sob controle.

Volto para onde deixei cair minha bolsa e me sento no


final da ilha. — Sinto que devo ajudar.

— Você pode me ajudar a fazer o jantar amanhã, — diz


ele. — Esta noite é simples.

Já que ele está de costas para mim, pego minha bolsa e


tiro meu celular, então tiro uma foto rápida dele preparando o
jantar para mandar para mamãe. Anexo-a a uma mensagem e
digito: Começando muito bem.

49Home Depot é uma companhia varejista norte-americana que vende produtos para o lar e
construção civil.
— Você sabe alguma coisa sobre vinho? — Hunter
pergunta.

— Sei que sou muito jovem para beber neste país, — atiro
de volta.

Ele me olha por cima do ombro. — Você não é séria.

Abro um sorriso. — Vou tomar um copo no jantar, se é


isso que você estava pensando.

Ele balança a cabeça, voltando sua atenção para o fogão.


— Um Goody Goody50. Eu ia mandar você para o porão para
escolher um vinho tinto, mas acho que vou cuidar disso
sozinho.

— Provavelmente é uma boa ideia, — concordo.

— Você está com frio com a temperatura ambiente ou


quer resfriado?

Suspiro dramaticamente. — Eu não deveria ter vindo


neste fim de semana. Agora você vai saber o quão pouco
sofisticada sou.

— Gelado, então, — ele diz, ligeiramente divertido.

Hunter termina de cozinhar e, ao fazê-lo, fica claro que


ele realmente sabe o que está fazendo. Ele deixa a carne
descansar enquanto prepara a salada, depois corta a carne na
diagonal e a coloca em pratos como um profissional. Minha

50 Goody Goody Liquor é uma empresa familiar e pioneira na indústria de vinhos, cerveja e destilados

do Texas.
boca enche de água com a visão e o cheiro enquanto eu pairo
sobre ele e observo.

— Tem certeza que não posso fazer nada?

— Você pode colocar nossos pratos na mesa enquanto


vou pegar o vinho, — ele me diz.

Enquanto ele vai para a adega, levo os pratos e as taças


de vinho para a mesa. Ele já tem dois copos d'água e um talher
para cada um de nós, então sei onde colocá-los.

Quando ele volta, ele tem uma garrafa de vinho resfriada,


eles devem manter as coisas resfriadas e em temperatura
ambiente na adega. Quero provocá-lo sobre ter uma adega,
mas bem quando estou prestes a atacá-lo, ele se inclina e me
beija. Seu beijo prolongado rouba as palavras provocantes dos
meus lábios.

Meus olhos estão fechados e suspiro quando ele se afasta.

Abro os olhos e olho para ele enquanto ele se senta em


sua cadeira. — Este jantar parece e cheira incrível, mas tenho
que te dizer, eu teria ficado feliz em recebê-lo para o jantar.

Hunter sorri. — Você vai me receber de sobremesa.

— Oh, vou? — Provoco, pegando um garfo e uma faca


para que eu possa cortar o bife no meu prato.

— Sim, — diz ele, antes de tomar um gole de seu vinho.


— Estou adorando o menu deste lugar, — brinco
enquanto coloco um pedaço de carne no garfo e me preparo
para dar uma mordida. — Eu daria uma avaliação de cinco
estrelas, mas estou me sentindo um pouco egoísta; não quero
que mais ninguém descubra.

— Não se preocupe, é muito exclusivo, — ele me garante


antes de dar uma mordida.

Coloco um pedaço de bife na boca também. Cheira bem,


então eu não esperava que fosse ruim, mas quando a carne
saborosa praticamente derrete na minha boca, minhas papilas
gustativas explodem.

— Oh meu Deus, — murmuro, espetando outra mordida


para que eu possa ter certeza de que não estou louca.

Hunter ergue os olhos. — O quê?

Dou outra mordida e afundo na cadeira. Assim que


termino de mastigar, digo a ele: — Isso é incrível.

O lampejo de preocupação desaparece de seu rosto e ele


sorri. — Estou feliz por ter gostado.

— É tão bom. — Pego minha taça de vinho e tomo um


gole. Não sei nada sobre vinho, mas este é muito bom com o
sabor do bife ainda na boca. — Lembra como falamos sobre
você ser bom em muitas coisas? Podemos adicionar culinária
a essa lista.
— É uma habilidade que adquiri enquanto morava na
Itália, — ele me conta.

Aponto meu garfo para ele. — Eu sabia. Quem mora na


Itália e não aprende a cozinhar?

— Bem, tenho certeza de que algumas pessoas


conseguem, mas eu não era uma delas. — Ele toma outro gole
de seu vinho. — Quando cheguei lá, foi bastante
desconfortável. Quer dizer, eu tinha ótimas acomodações e
tudo mais. Meu pai tinha esta bela propriedade que ele me
escondeu, mas ele estava com medo de me mudar para a casa
da família. Sua esposa concordou em deixá-lo me trazer para
que eu não acabasse no sistema e potencialmente causasse
mais constrangimento, mas ela também não estava
exatamente animada com a constante lembrança de sua
infidelidade.

Concordo. — Isso é compreensível. Não era justo com


você, mas era uma situação ruim para todos. Se você e outra
mulher tivessem um filho do amor, eu não estaria pulando de
alegria com isso.

— Certo, entendi isso. Mas ela realmente mudou muito


rapidamente assim que me conheceu. De qualquer forma,
quando cheguei lá, meu pai estava focado em me manter fora
do caminho dela, então eu praticamente morava sozinho em
sua propriedade no campo. Havia uma equipe para manter o
lugar, mas como ninguém estava hospedado lá, eles não
tinham um cozinheiro em tempo integral na equipe.
— Que triste para você, — provoco, tomando outro gole
do meu vinho.

— Sim, coitado de mim, — diz ele com um sorriso


autoconsciente. — Eu não sabia nada sobre culinária, então a
governanta que morava lá cozinhava para mim, mas ela
também não estava lá para me mimar. Ela esperava que eu
puxasse meu peso e a ajudasse, então eu fiz.

— Foi exatamente assim que aconteceu na minha


fantasia de como deve ter sido sua vida na Itália. Ela era avó?

Ele abre um sorriso. — Não, ela não era velha. Mais de


meia-idade.

— Eu ainda estava perto. — Por capricho, dou uma


mordida no meu bife com uma garfada da salada simples que
ele preparou para acompanhar.

Mm, tão bom.

— Então, sua madrasta. Você disse que ela apareceu?

Hunter acena com a cabeça, espetando outro pedaço de


carne. — Sim. Eu esperava que ela se tornasse fria a qualquer
hora que precisássemos nos ver, mas ela gostou de mim.

— Ele a trai muito ou...? Talvez ela esteja acostumada.

Hunter franze a testa, balançando a cabeça. — Não, não


é bem assim. Não sei o quanto minha mãe te contou, mas ela
só via as coisas do lado dela, sabe?
Concordo. — Certo.

— Ele realmente não era assim. Quer dizer, acho que não.
Mas ele era jovem e realmente não a conhecia. Este não é um
problema com o qual você provavelmente simpatize, mas
entendo, pessoalmente. Ele estava em uma situação
semelhante à minha. Ele estava acostumado com as pessoas
fazendo basicamente o que ele queria que fizessem. Ele estava
rodeado de bajuladores. Ele namorou muitas mulheres que o
deixaram escapar com qualquer merda que ele queria fazer e
não o chamaram porque estavam com muito medo de perdê-
lo. Veja, quando você está em uma posição como essa, as
pessoas gostam do seu status, não você. Sei que soa como
problemas de pessoas ricas, mas realmente é uma coisa, e
torna difícil saber quem realmente gosta de você.

— Entendo, — digo a ele, balançando minha cabeça. —


Não vou diminuir seus problemas de garoto rico mimado, —
acrescento com um sorriso afetuoso para suavizar minha
provocação. — Posso certamente ver como seria mais difícil
saber quem é genuíno quando você é... um grande partido, por
falta de palavras melhores. Quanto mais pessoas querem você,
menos você pode ter certeza do motivo de ser procurado.

— Exatamente. E foi assim com ele também. Ele não era


apenas um idiota frio, sabe? Os relacionamentos pareciam
transacionais para ele. Estar com ele trouxe certos benefícios
e ele conseguiu o que precisava. Na maioria das vezes, era mais
um acordo do que um relacionamento, e ele descobriu isso
quando percebeu que realmente não importava como ele os
tratava ou se ele se afastava. Eles realmente não se
importavam, contanto que pudessem estar em seu braço no
próximo evento.

Meu rosto se contorce de nojo. — Bruto. Não consigo me


imaginar vivendo assim.

— Sim, bem, você ficaria surpresa com a facilidade com


que pode começar a parecer normal. De qualquer forma, foi
para ele. E então ele conheceu sua esposa, e ele se apaixonou
muito por ela, mas ele havia desenvolvido todos esses hábitos
ruins. Ele imaginou que ela os toleraria como todo mundo. Ele
estava errado. Assim que ela descobriu que ele se desviou, ela
largou a bunda dele – mesmo estando grávida.

— Bom para ela, — murmuro, tomando um gole do meu


vinho.

Ele não discorda. — Quando ele a perdeu, ele estava


miserável. Ele percebeu que tinha fodido tudo. Ele percebeu
que estava sendo um idiota. Ele sabia que ela estava certa
quando disse que merecia coisa melhor. Ele tentou fazer com
que ela voltasse, imaginou que assim que se desculpasse, ela
o faria, mas ela não o fez. Ela manteve distância. Na verdade,
ela começou a namorar outra pessoa. Ele estava arrasado.

Meus lábios se curvam em simpatia, embora ele


totalmente merecesse.

— Ele tentou seguir em frente, mas não conseguia parar


de pensar nela. Ele não queria mais ninguém. Ela era tudo
para ele. Ele finalmente a convenceu a lhe dar mais uma
chance, prometeu a ela que nunca a faria passar por algo
assim novamente. Pediu que ela se casasse com ele – eles já
estavam noivos, mas ela desistiu. Tudo que ele precisava era
de mais uma chance. Ele sabia que não iria estragar aquela. E
ele não fez isso. Eles se casaram alguns meses antes de eu
nascer e estão felizes desde então.

— Era uma condição para ela que ele não fizesse parte da
sua vida, ou...?

Hunter balança a cabeça, olhando para seu prato. — Não


sei. Pode ter começado assim. Ele não teria me contado se
tivesse. Não teria querido que eu a culpasse. O que eu não
teria, — ele acrescenta com um encolher de ombros. —
Entendo. Especialmente quando estava fresco, eles
provavelmente precisavam fingir que eu não existia. Seu
relacionamento precisava ser reparado. Mesmo não sendo por
ele amá-la tanto, ela descobriu que estava grávida na mesma
época em que minha mãe percebeu que estava, então foi uma
grande bagunça.

— Caramba.

Hunter acena com a cabeça. — A filha mais velha deles


nasceu um mês depois de mim. Ela é muito legal, acho que
você gostaria dela.

Sorrio. — Tenho certeza que sim.


— Eles tiveram duas filhas, então sou o único filho,
mesmo sendo ilegítimo. Como minha mãe era modelo e – para
não ser um idiota – ganhei alguns looks dela, eles descobriram
que fotografo muito bem. Meu pai tinha essa linha de roupas.
Ele vestiu algumas roupas em mim e me testou nas redes
sociais, e... o resto é história.

Esfaqueio outro pedaço de bife. — Então, eles meio que


gostaram de você depois que ficou claro que você poderia
beneficiá-los de alguma forma.

— Meio, — diz ele, encolhendo os ombros. — Mas é tudo.


É uma resposta mais calorosa do que eu esperava, sabe? E
como eu disse, acontece que ele fez algumas coisas para mim
quando eu atingir a maioridade, eu só não sabia que ele tinha.

Concordo. — Então, é de conhecimento público que você


é filho dele? Tentei pesquisar no Google, mas não consegui
encontrar nada. Mas não sei ler italiano, então não tinha
certeza se talvez não fosse notícia aqui.

Hunter balança a cabeça. — Não abertamente, não. É


principalmente por motivos legais. Tecnicamente, como nasci
um mês antes da filha dele, sou o filho mais velho dele. Sou
um bastardo, mas também sou um homem, então... Só para
manter as coisas amigáveis e deixar claro que não estou
tentando tirar nada de seus herdeiros legítimos, não estamos
tornando público que sou o filho dele.
Franzo a testa levemente. — Entendi. Você ainda vai ser
modelo para a linha dele ou foi apenas enquanto você estava
na Itália?

— Sim, ainda vou fazer isso por agora. A linha pertence a


ele, mas sou a cara disso. Até assumi a direção das redes
sociais porque ele não estava conseguindo muito engajamento
com a que fazia antes. Quando minhas fotos começaram a
chamar a atenção, pedi a ele que me deixasse tentar e, quando
assumi, as coisas melhoraram. Terminei minha última sessão
de fotos em Veneza no verão antes de voltar para cá, mas tenho
mais algumas viagens chegando. Na verdade, eu ia falar com
você sobre isso.

— Veneza, Itália? Foi lindo? Adoraria ir para lá algum dia.

Ele balança a cabeça. — Veneza, Califórnia. Ele também


faz negócios nos Estados Unidos. Mas tenho que voar de volta
para a Itália para fazer outra filmagem durante as férias de
primavera. — Ele olha para mim. — Quero que você vá comigo.

Meu coração cai. — Ir contigo? Para a Itália?

Ele concorda. — Será como férias. Tenho que fazer a


filmagem, mas depois disso, ainda estaremos na Itália. As
filmagens são em Capri, mas podemos ir aonde quisermos. Eu
poderia te mostrar a casa do meu pai na Umbria. Poderíamos
fazer alguns passeios turísticos em Roma. Se você quer
Veneza, poderíamos fazer Veneza em seu lugar. É melhor ir a
Veneza na primavera do que no verão. Veneza é ‘quente como
as bolas’51 e tão fedorenta no verão.

— Você quer que eu vá com você para a Itália, — repito.

— Você pode até trazer sua mãe, se quiser, — ele oferece.


— Quer dizer, gostaria de passar a maior parte do tempo
explorando com você sozinho, mas sei que você disse que ela
nunca viajou por ter você tão jovem. Podemos resolver isso.
Meu pai está me levará em seu jato, então não faz diferença se
somos só você e eu no avião, ou se trouxermos mais um.

— Eu... — Minha cabeça está girando um pouco. — Ela


tem um namorado agora.

Hunter dá de ombros. — Ele pode vir também.

— Não posso ir para a Itália com você, — digo, franzindo


a testa mesmo quando as palavras deixam minha boca.

— Por que não?

Sim, por que não?

— Bem... não tenho passaporte.

Hunter sorri para mim. — As férias de primavera ainda


estão longe. Você tem tempo para conseguir um. Também
quero levar você para Nova York em dezembro. Não para uma
sessão de fotos, mas meu pai dá um baile de gala todos os anos

51O que seriam 36° C, esta expressão é bastante precisa, uma vez que a temperatura das bolas de
uma pessoa é cuidadosamente regulada pelo escroto para manter uma alta contagem de
espermatozoides.
em Manhattan. É a próxima vez que ele estará nos Estados
Unidos, e eu gostaria que você o conhecesse.

— Você está jogando muitas coisas em mim agora.

— Não diga que você não pode ir porque não tem um


vestido de baile, também, — ele diz ironicamente, espetando
um pedaço de bife.

— Há muitas razões. Sinto que a falta de vestido de baile


está bem no fim da lista, na verdade.

— Nomeie um – um bom.

— Hum... não sou sua namorada. Essas são atividades


para namoradas. Encontrar sua família em um baile, voar para
a Itália com você para uma escapadela romântica. Essas são
atividades para namoradas, Hunter. Tipo, uma namorada
séria.

— Bem, estou falando sério sobre você, — afirma.

— Não posso...

— Você continua usando essa palavra. Não acho que


significa o que você acha que significa.

Olho para ele e levanto uma sobrancelha.

— O quê? — Ele atira de volta. — Você acha que Sherlock


é o único cara que já viu The Princess Bride?

Pego minha taça de vinho e tomo um gole grande e


ganancioso. — Você terá que me dar um minuto para
processar tudo isso. Não quero dizer não imediatamente,
mas...

Hunter pega sua própria taça de vinho. — Leve o tempo


que precisar. Enquanto isso, vamos conseguir um passaporte
e um lindo vestido de baile azul. — Seu olhar desliza para mim,
um brilho de diversão em seus profundos olhos castanhos. —
Você sabe, apenas no caso.
Depois do jantar, insisto em limpar.

Hunter se oferece para ajudar, mas digo a ele que tenho


tudo sob controle. Estamos planejando ir para sua sala de
mídia e assistir a um filme assim que a cozinha estiver limpa,
então sugeri que ele fosse escolher um filme.

Em vez disso, ele fica e “me faz companhia”.

Talvez eu devesse ter o deixado ajudar.

Negá-lo parece ter deixado suas mãos ociosas e


procurando por problemas.

Estou tentada a me concentrar em lavar os pratos


enquanto ele está atrás de mim, seus braços fortes em volta da
minha cintura.

Isso é bom, mas então, enquanto estou esfregando um


prato, suas mãos sobem e começam a acariciar meus seios.

Meu coração bate com força ainda maior, mas tento não
demonstrar interesse. — Vou terminar esses pratos, senhor,
independentemente de suas tentativas de me distrair.
Ele empurra seus quadris para frente e sua
protuberância pressiona contra minha bunda. — Tem certeza?

Minha frequência cardíaca aumenta ainda mais. —


Devemos assistir a um filme juntos antes de ir para a cama, —
eu o lembro.

— Quem falou em cama? — Ele move meu cabelo para o


lado para que possa beijar minha nuca.

Tento me concentrar enquanto seus lábios macios se


movem pela minha pele intensamente sensível, esfregando o
prato com mais força.

Uma das mãos de Hunter permanece no meu seio


esquerdo, mas a outra desliza para a minha bunda. Ele passa
a mão sobre ela e aperta.

Estou usando legging em vez de jeans esta noite, então


sinto seu toque mais agudamente através do tecido fino.
Quando ele desliza a mão para frente e segura minha boceta
em suas mãos, sinto isso com mais intensidade também.

— Hunter…

— Quero isso fora. — É o único aviso que recebo, então


ele enfia os dedos no cós da minha legging e empurra minhas
calças para baixo.

Meu coração salta quando o ar frio atinge minhas pernas


de repente nuas. Olho em volta por instinto, mesmo sabendo
que estamos sozinhos em casa. Não parece certo ficar nua na
sala de estar. Ainda me sinto como se alguém fosse ver, mas...
acho que somos apenas nós...

Meu coração ainda dispara, mas saio da legging para que


Hunter possa tirá-las de mim.

Estou mais consciente das batidas no meu peito


enquanto estou aqui na frente dele, lavando os pratos na
minha camiseta e uma calcinha preta que comprei apenas
para este fim de semana. Elas são pretas e rendadas, não
exatamente um fio dental, mas não cobrem muito a minha
bunda. Comprei a calcinha porque pensei que Hunter iria
gostar, mas não considerei como seria se ele realmente me
olhasse com ela.

Ele certamente está olhando para mim agora. Ele se


afasta para poder olhar minha bunda e minhas pernas. Posso
senti-lo me olhando, mas não está me tocando.

Mesmo sem me tocar, saber que ele está me encarando


com aquele olhar faminto dele faz meu coração trabalhar mais
forte, minha respiração fica um pouco mais curta, um pouco
mais rápida.

Então sinto sua mão quente na carne nua da minha


bunda e pulo um pouco.

— Sua bunda é perfeita, — diz ele, movendo-se atrás de


mim, me pressionando mais perto do balcão. Ele mantém seu
corpo nas minhas costas e desliza a mão para que possa
segurar minha boceta novamente, desta vez com apenas um
pouco de renda frágil no caminho. — Então é isso, — ele
murmura baixinho no meu ouvido.

Engulo, abrindo minhas pernas um pouco para que ele


possa segurá-la em sua mão.

Com dois dedos, ele começa a me esfregar.

Largo o prato e a bucha, agarrando a borda da bancada.


— Hunter, você não pode fazer isso se eu for terminar os
pratos.

— Contanto que você continue esfregando, vou me


comportar. Não vou fazer você gozar até que você termine, —
ele diz, a voz baixa, seu hálito quente no meu ouvido. — Mas
se você continuar me deixando distraí-la do seu trabalho...
bem, você ainda vai terminar, mas os pratos provavelmente
não serão lavados, — ele diz, seu tom é uma mistura de
diversão e excitação.

Como vou me concentrar em lavar a louça com ele me


tocando daquele jeito?

Fecho meus olhos por alguns segundos e tento me


reagrupar. É difícil até mesmo respirar com ele me provocando
do jeito que está, mas finalmente, respirando lenta e
profundamente, pego a bucha e o prato novamente.

Enquanto esfrego o prato, ele acaricia a renda que cobre


minha boceta.
Termino de limpar o mais rápido que posso e passo para
o próximo.

Hunter começa a esfregar minha bunda com a outra mão,


então ele desliza a mão entre minhas pernas e enfia um dedo
ousado sob a renda escassa.

Suspiro quando seu dedo roça minha entrada nua.

Sei que ele disse que não me faria gozar enquanto eu


continuasse esfregando, mas não quero quebrar seus pratos.
Coloco o prato na mesa antes de deixá-lo cair e agarro a borda
da pia novamente.

Hunter beija a lateral do meu cabelo. — Você é sensível


pra caralho. Eu amo isso. — Seus lábios roçam a concha da
minha orelha. — Você já se tocou quando eu estava longe,
Riley?

O calor sobe pelo meu pescoço, mas aceno.

— Sim? Você já pensou em mim enquanto fazia isso?

O rubor se aprofunda, subindo ainda mais alto. — Sim,


— digo, um pouco timidamente.

— É melhor você se apressar e terminar esses pratos,


Catnip, — ele me diz suavemente. — Nesse ritmo, vou ganhar.

É difícil respirar, mas abro um sorriso. — Não sabia que


era um jogo.

— Ponha essa bunda linda para fora.


Não tenho certeza se seu elogio, seu toque ou sua direção
me fazem corar ainda mais. O que quer que faça minha pele
enrubescer tão profundamente, coloco minha bunda para fora
como ele me disse para fazer, então pego a bucha e faço o meu
melhor para continuar limpando.

— Vamos ver, — ele murmura pensativo enquanto


continua a brincar comigo. — O que vou ganhar se eu vencer?

A ponta cega de seu dedo médio se move dentro de mim,


pressionando contra meu clitóris. Fico na ponta dos pés
tentando fugir da sensação e esfrego mais freneticamente o
prato.

— Acho que se eu ganhar, você me surpreende enquanto


assistimos ao filme.

Solto um suspiro trêmulo. — E se eu ganhar?

— Se você ganhar, vou te levantar nesta bancada e comer


sua boceta. — Ele beija o lado do meu rosto. — Tenho que
terminar o trabalho, afinal.

Olho para os pratos que deixei na pia. Não são muitos,


apenas nossas taças de vinho e alguns garfos.

Certamente poderei limpá-los antes que ele me faça


gozar.

Mesmo se eu não puder... quero dizer, não é como se


houvesse um perdedor neste cenário.

— Tudo bem, — digo, olhando para ele. — Combinado.


Lançando-me um sorriso diabólico, ele diz, — Excelente,
— então ele agarra meu queixo, virando minha cabeça para
que ele possa alcançar minha boca para me dar um beijo de
verdade.

Assim que ele me solta, ele desliza as mãos no cós da


minha calcinha e começa a deslizar para baixo.

— O que você está fazendo? — Pergunto, começando a


apertar minhas pernas. — Pensei...

— Não estabelecemos nenhuma regra, — diz ele. — Faço


você gozar, eu ganho. Você não goza até que o último prato
esteja limpo, você venceu. Posso fazer o que eu quiser para
fazer você gozar, e quero sua calcinha fora.

— Espere um minuto, não foi isso que combinamos. Achei


que você só pudesse me tocar com ela.

Ele se abaixa para tirar toda a calcinha.

Suspiro para o grande trapaceiro e saio dela.

Ele sorri para mim, em seguida, alcança a bainha de sua


camisa e a puxa sobre a cabeça enquanto se levanta.

Suspiro. — Você pode ficar sem camisa também? Isso não


é justo.

— Vantagem de campo em casa, — diz ele


despreocupadamente.
A visão dele sem camisa é toda a distração que realmente
preciso para não ser capaz de me concentrar nos pratos sujos
estúpidos.

Seu corpo é incrível. Honestamente, é ridículo. Sei que


sou bastante tendenciosa por gostar tanto dele, mas ele é a
verdadeira personificação da perfeição física – todo bronzeado
e músculos cortados. Meu estômago fica estranho só de olhar
para ele parado ali, sutilmente – talvez até acidentalmente –
flexionando quando ele se vira para jogar sua camisa no chão.

E os músculos das costas. Não me deixe começar em suas


costas.

— Por que você é tão sexy? — Exijo, um tanto


acusadoramente.

Ele sorri, caminhando até mim. — Bons genes, bom


regime de exercícios.

Largo minha miséria e estendo a mão para tocar seu


abdômen. — Simplesmente... tão bonito.

— Mm-hmm, — ele murmura presunçosamente, me


apoiando contra o balcão. Alcançando a bainha da minha
camisa, ele começa a puxá-la.

Tento puxar de volta para baixo. Não estou


excessivamente constrangida com meu corpo, mas olhando
para o dele... está muito claro sob as luzes da cozinha. Não
posso comparar.
— Vou te curar dessa timidez, — ele me informa,
afastando minhas mãos e puxando meu top de qualquer
maneira.

— Estou tão pálida, você vai precisar de óculos escuros,


— o advirto.

Hunter sorri. — Eu amo cada centímetro desta pele,


pálida ou bronzeada. Não faz diferença para mim.

Faço beicinho enquanto olho para o V desaparecendo em


sua calça jeans. Quero lambê-lo.

Droga, ele vai vencer.

Mas... se ele ganhar, posso lambê-lo.

E tenho um orgasmo.

Este é realmente o melhor jogo de todos os tempos.

Agora estou de sutiã e nada mais, mas até isso parece


roupa demais para ele. Ele se aproxima, pressionando seu
corpo duro contra toda a minha suavidade, em seguida, segura
meu olhar enquanto se estica para trás e desabotoa meu sutiã.

Engulo enquanto o bojo afrouxa e o material cai dos meus


seios.

Tenho a sensação de que não vamos jogar este jogo para


o qual passamos todo esse tempo inventando as regras.
Hunter estende a mão para mim, puxando meu corpo nu
contra o dele. Ele ainda está usando jeans, mas estou
completamente nua.

Não é justo, mas melhor do que a alternativa. Se ele tirar


as calças, estou oficialmente desistindo.

— Só para lembrar, se em algum momento deste fim de


semana decidirmos fazer sexo, precisamos usar camisinha, —
digo a ele. — Minha mãe disse que lhe daria uma chance, mas
só se você não me engravidar por uns bons dez anos.

— Isso parece muito tempo. — Ele passa os braços em


volta de mim, baixando a cabeça e beijando a saliência exposta
do meu seio esquerdo.

— Podemos conseguir que ela descubra isso um pouco,


mas se você me engravidar antes de me formar, acho que é
seguro dizer que a opinião dela sobre você será cimentada.

Ele beija o caminho mais perto do meu mamilo. — Ensino


médio ou faculdade?

— Estou usando anticoncepcional agora, então, contanto


que duremos mais algumas semanas, devemos estar livres até
que realmente queiramos ter filhos.

Hunter para e sorri para mim.

Não percebo até repetir o que disse. — Quero dizer, se


algum dia tivéssemos filhos juntos. Obviamente.

— Obviamente, — ele brinca.


— O que parece improvável.

— Porque você odeia quando te fodo, — ele brinca.

— Vejo você nu e...— Suspiro quando sua boca quente


trava em meu mamilo. Soltando uma respiração instável, tento
terminar. — Corro direto para... — Sua língua passa
rapidamente pelo botão apertado. Com um suspiro, esqueço o
que estava tentando dizer.

— O que é que foi isso? — Hunter pergunta, divertido.

— Não se vanglorie, não é fofo.

Ele solta meu mamilo para sorrir para mim, então ele me
vira e começa a me fazer andar para trás, ainda com os braços
travados em volta do meu corpo.

— Onde estamos indo?

— Sala de cinema. Lembra?

— Não terminei os pratos, — digo, com um olhar ansioso


de volta para a ilha da cozinha enquanto ele me arrasta para
longe.

— Temos uma máquina de lavar louça, — ele afirma.

— Mas...

Os lábios de Hunter esmagam os meus e minhas palavras


escapam. Suas mãos roçam meus lados e deslizam pelo meu
corpo até que ele está me segurando sob a bunda, então ele me
levanta.
Afasto-me de sua boca enquanto ele me levanta do chão,
me sentindo um pouco instável. Por instinto, fecho minhas
pernas em volta de sua cintura.

— Você deveria ter me deixado ficar com minha calcinha,


— digo, consciente desta posição.

Hunter balança a cabeça, me carregando como se meu


peso não fosse nada. — Você pode esfregar essa boceta contra
qualquer parte do meu corpo que você quiser, Riley. Você não
precisa de calcinha.

Jesus. Meu estômago se revira. Quero me esconder, mas


não há para onde ir.

Hunter me carrega escada acima assim, depois me puxa


para a sala de mídia. É um cinema intimista, essencialmente,
com três fileiras de cadeiras reclináveis e dois longos sofás
vermelhos na fileira de trás.

Hunter me puxa para um dos sofás.

Ele não acende a luz quando entramos na sala de mídia,


mas acende a luz do corredor assim que subimos, então,
embora esteja quase tudo escuro aqui, há luz entrando pelo
corredor.

Hunter me deita no sofá e se levanta.

Não falo, meus dentes afundam em meu lábio inferior


enquanto o vejo tirar o resto de suas roupas.
Quando ele está completamente nu, apenas a visão dele
me faz latejar entre as pernas. Então ele se aproxima e pega
minha mão, trazendo-a para mais perto e envolvendo-a em
torno de seu pau.

Estou ciente de que ele está observando meu rosto


enquanto olho para ele. Meus dedos o envolvem com um pouco
mais de força. Sento-me e Hunter permanece de pé, deixando-
me tocá-lo e explorar essa parte de seu corpo.

Qualquer constrangimento que eu sentia antes se desfaz,


dando lugar à curiosidade.

Hunter é o único homem que já vi nu, mas olhando para


ele, é difícil imaginar se importando em ver outra pessoa. Ele
é tão lindo, cada centímetro dele.

Seu pau não é exceção.

Solto-o para poder agarrar seus quadris e puxá-lo para


perto de mim.

Enquanto ele se aproxima, abro meus joelhos para que


ele possa ficar entre eles. Minhas mãos deslizam para agarrar
sua bunda firme. Olho para cima e o pego sorrindo para mim.

— O quê? — Exijo.

— Só queria ter ligado a luz para ver o quão furioso deve


ser seu rubor.
Correr minhas mãos sobre sua bunda lisa e musculosa
está definitivamente me deixando corada, mas é só um pouco
porque estou envergonhada.

Já que o puxei para tão perto, seu pau está praticamente


bem na minha cara. É onde eu queria, então solto sua bunda,
agarro seu pau novamente e experimentalmente dou um puxão
suave.

— Lamba primeiro, — ele me diz.

Ele tem mais experiência aqui do que eu, então sigo sua
orientação.

Inclino-me, colocando minha língua para fora e correndo


ao longo da parte inferior de seu pênis. Quando o ouço inspirar
profundamente, arrasto minha língua ao longo do lado dele,
traçando uma veia de aparência raivosa. Sigo essa veia até a
cabeça inchada, então inclino minha cabeça e arrasto minha
língua sobre ela também.

Hunter geme, passando os dedos pelas mechas do meu


cabelo.

Olho para ele. — Curtiu isso?

Ele acena com a cabeça, seus lindos olhos encobertos. —


Bem desse jeito.

Sorrio, então volto minha atenção para seu pau.

Segurando a base com uma das mãos, começo a explorar


seu comprimento com a outra. Corro levemente meus dedos
pelo eixo rígido. Ele é tão duro, mas tão macio ao mesmo tempo
– especialmente a ponta. Provoco sua cabeça inchada com meu
polegar enquanto beijo e lambo os lados. Então, quando tenho
certeza de que ele está bem lubrificado, começo a mover minha
mão para cima e para baixo, para cima e para baixo.

A cabeça de Hunter pende para trás.

— Você deveria ir para o sofá, — digo a ele.

Ele agarra meus pulsos e o solto, então ele me solta e sobe


no sofá. Ele se deita sobre ele, mas abre as pernas para abrir
espaço para mim entre elas.

Perfeito.

Agora que ele está mais confortável, fico de joelhos e


rastejo para mais perto. Agarro seu pau e bombeio mais
algumas vezes, então abaixo minha cabeça e pego a ponta dele
entre meus lábios.

Hunter geme e meu coração bate mais rápido.

Corro minha língua sobre a cabeça lisa de seu pau


novamente, em seguida, abro um pouco mais minha
mandíbula para levá-lo mais fundo.

Não sei exatamente como fazer isso, mas acho que não
pode ser tão difícil de descobrir. Gemidos e agarramentos
desesperados na almofada do sofá deveriam significar que
estou indo bem, silêncio... provavelmente não tão bem.
Não sei o que esperar do meu primeiro boquete, mas não
espero estar tão envolvida quanto estou. Depois de descobrir
um bom ritmo e as coisas que Hunter parece gostar, chupar
seu pau começa a me excitar.

Estou bombeando seu pau, beijando e chupando, quando


ele me diz: — Se você quer que eu te foda agora, é melhor você
parar.

Afasto-me, mas só para balançar a cabeça para ele. —


Desça pela minha garganta.

Hunter me encara como se nunca tivesse me visto antes


em sua vida.

Lanço um sorriso para ele, então o levo de volta em minha


boca e trabalho sobre seu pau até que ele esteja pronto para
gozar. Todo o seu corpo fica tenso. Ele está rígido, seus
músculos estremecendo enquanto aumento a sucção e movo
minha cabeça mais rápido, correndo minha língua ao redor
dele enquanto o faço.

— Porra, Riley.

Posso ouvir o quão contorcido ele está. Eu amo isso. Eu


realmente não consigo sorrir quando estou fazendo isso, mas
quero.

Chupo com mais força, depois gemo um pouco para ver


se isso ajuda as coisas.

Claro que sim.


Hunter geme alto, seus quadris saindo do sofá enquanto
ele tenta se enfiar mais fundo na minha boca. Não posso levá-
lo tão fundo, mas tento relaxar minha garganta. Meus olhos
lacrimejam, mas mantenho meus lábios fechados em torno
dele com força enquanto ele atira sua liberação na minha
garganta como o convidei para fazer.

Ele está respirando com dificuldade, mas seu corpo está


finalmente relaxado. Mantenho meus lábios selados em torno
dele enquanto me afasto para garantir que não faça uma
bagunça, então saio e engulo o que sobrou de seu esperma.

— Cristo, — diz Hunter, distraidamente descansando um


braço na testa.

Estranhamente, eu realmente não sei o que dizer. Nunca


estive nessa situação antes. Já transamos, então aprendi um
pouco de etiqueta pós-coito, mas etiqueta pós-sexo oral? Não.

Enrolo minhas pernas atrás de mim e fico onde estou com


suas pernas emaranhadas em torno de mim enquanto espero
que ele se recupere.

— Você já fez isso antes? — Ele pergunta depois de um


minuto.

— Claro que não.

— Tem certeza?

Sorrio. — Acho que me lembraria.

— Porra. Bem, você aprende rápido, — ele me informa.


Sorrio, sentindo que tirei um A + em um teste para o qual
esqueci de estudar. — Sim?

— Mm-hmm, — ele murmura, ainda com os olhos


fechados. — Não pensei que você fosse engolir.

Nunca me ocorreu que havia outra opção, realmente.


Para onde mais isso vai se ele não vai me foder depois?

Olho para longe dele, voltando minha atenção para a


enorme tela de cinema na parede. — O que devemos assistir?

Hunter olha para mim e depois ri. — Dê-me um minuto,


ok? Ainda estou vendo Deus aqui.

— Ooh, gosto disso. Se você tiver alguma dica de


melhoria, no entanto, me avise. Não consigo melhorar sem
prática e feedback.

— Seu feedback é: você pode praticar comigo sempre que


quiser. Além disso, eu realmente amo você. Você é minha nerd
favorita no mundo, e estou tão feliz por você ser minha.

— Nossa, obrigada. Devo ter feito um bom trabalho, —


Provoco.

Ele sorri, balançando a cabeça para mim. — Você com


certeza fez.
Depois que Hunter se recupera de “ter sua alma sugada
para fora de seu corpo”, como ele se referiu a isso, nos
acomodamos no sofá e assistimos a um filme juntos.

Ele não estava se sentindo muito inspirado para escolher


um, então ele me disse para colocar meu filme favorito e
assistiríamos.

Quando Ever After52 aparece na tela, ele olha para mim.


— Não é The Princess Bride?

Balanço minha cabeça. — Gosto de The Princess Bride,


mas Ever After é meu filme favorito de todos os tempos.

— Nunca vi este, — diz ele, olhando de volta para a tela.

— Ooh. — Entrelaço nossos dedos e aperto sua mão. —


Você vai receber um presente. É uma história de amor, mas
acho que você realmente vai gostar. Isso me lembra um pouco
de nós.

52 Para Sempre Cinderela.


— Oh sim?

Aceno, então descanso minha cabeça em seu ombro.

Ele me abraça mais perto e suspiro de contentamento.

Já que ele está saciado, espero que ele me deixe assistir


ao filme em paz, mas estamos apenas na metade do caminho
quando ele começa a me distrair.

Começa lenta e sutilmente. Estávamos de mãos dadas,


mas ele solta nossos dedos e desliza a mão lentamente ao longo
da parte interna da minha coxa nua.

Já que não estamos usando roupas, estou hiperciente


das pontas dos dedos dele se arrastando levemente, mais e
mais alto na minha coxa. Torno-me mais consciente de cada
sensação, até mesmo das respirações que estou respirando.
Elas parecem mais grossas, mais pesadas. É mais difícil puxar
o ar para os meus pulmões do que deveria.

Seus dedos deslizam ao longo da minha coxa, brincando


com o toque inofensivo. Eles não estão aqui para causar
problemas, eles estão apenas explorando.

Claro que estão.

Roubo um olhar para ele, mas seu olhar está na tela.

Olho para trás e tento me concentrar no filme, mas tudo


que posso realmente focar é no toque dele.
Seus dedos continuam sua lenta exploração por um
tempo. Estou quase convencida de que ele realmente não
pretende agravar as coisas.

Em seguida, ele acaricia minha coxa e seus dedos roçam


levemente minha entrada.

Suspiro com a leveza de seu toque, com o formigamento


de prazer que ele envia por mim.

Meu coração começa a disparar. Ele continua acariciando


minha coxa, mas agora seus dedos roçam minha boceta a cada
poucos golpes. É tão irregular que não sei quando esperar,
então meu corpo começa a reagir como se treinado, ficando
tenso a cada estocada, antecipando seu toque leve e
vertiginoso.

Nós dois ainda fingimos assistir ao filme, mas


pessoalmente, não tenho a menor ideia do que está
acontecendo na tela. Estou muito consumida com as pequenas
batidas de prazer que recebo quando ele me provoca com
aquele leve toque em uma parte tão sensível do meu corpo.

Espero que ele intensifique as coisas. Para empurrar a


ponta cega de seu dedo comprido dentro de mim.

Quero que ele faça. Mas ele não quer.

Em vez disso, ele me tortura com aquele toque leve e


adorável.
Fico inquieta, excessivamente estimulada, mas ao mesmo
tempo não estimulada o suficiente. Preciso de mais. Preciso
dele dentro de mim. Estou praticamente saindo do sofá, mas
ele ainda está me tocando daquele jeito suave e medido dele.

— Hunter, — finalmente digo, desistindo.

Ele olha para mim, seus olhos ainda mais escuros do que
o normal. O calor líquido em seus olhos castanhos transforma
meu desejo ainda mais derretido.

Com a graça de uma pantera perseguindo sua presa,


Hunter se move para fora do sofá e cai no chão aos meus pés.

Desavergonhadamente, o deixo abrir minhas pernas


abertas. Ele as posiciona onde quer, com os calcanhares na
beirada do sofá. Coro, literalmente em exibição para ele.

Seu olhar quente se move entre minhas pernas. Eu


poderia morrer enquanto ele olha para minha boceta aberta
para ele, mas minha agonia dura apenas um momento.

Ele se inclina, usando os polegares para me espalhar


ainda mais, e então sua cabeça mergulha e sua bela boca
tranca na minha boceta.

Grito, jogando minha cabeça para trás contra o sofá.

Estou tão nervosa com todas as preliminares, que estou


surpresa por não gozar ao primeiro toque de sua língua, mas
ainda leva apenas alguns golpes até que grito de prazer,
empurrando meus quadris contra a cara dele.
Hunter agarra meus quadris e trava, mantendo sua boca
em mim até que não aguento mais e literalmente imploro para
ele parar.

Mole e saciada, deixo minhas pernas caírem e deito


imóvel contra o sofá, tentando recuperar o fôlego.

Hunter se senta no sofá, mas ele se vira e estica as


pernas, então me puxa entre elas e envolve seus braços em
volta de mim.

Suspiro, fechando meus olhos e afundando de volta


contra ele.

Eu amo esse filme, mas não me importo em assisti-lo


agora. Só quero absorver a sensação de Hunter me segurando
nua em seus braços.

Quando a força volta para meus músculos preguiçosos e


meu coração não está mais acelerado, Hunter distraidamente
começa a brincar com meu seio nu. — A propósito, ganhei o
jogo.

Reviro meus olhos, deixando minha cabeça cair para trás


para que eu possa olhar para ele. — O que você está falando?
Paramos de jogar.

— Não. O objetivo era fazer você gozar antes de terminar


a louça usando todos os meios necessários. Nunca disse que o
jogo terminaria se saíssemos da sala. Você me deixou tirá-la
da cozinha, então definitivamente tornou mais fácil para eu
ganhar, mas o jogo não terminou até que você gozasse ou a
louça estava lavada. Venci. Acabei de receber meu prêmio
antes de ganhar.

— Parece certo, — murmuro, mas não consigo reclamar


de sua vitória.

Hunter ri e solta meu seio, apertando os braços em volta


da minha cintura.

Sorrio e relaxo contra ele e, finalmente, terminamos de


assistir ao filme.

Não é tão tarde quando o filme termina, mas desde que


nós dois tivemos aula esta manhã, foi um longo dia.

Hunter me diz para ir para a cama e ele desce correndo e


pega minhas coisas. Estou me sentindo tão preguiçosa quanto
um gatinho com sono, então faço o que ele diz.

Estou enrolada sob os cobertores no escuro quando a


porta do quarto se abre. Posso ver seu belo corpo banhado pelo
luar enquanto ele carrega minhas malas.

— Você é o mensageiro mais sexy de todos, — provoco.


Ele sorri, largando minhas malas e se aproximando da
cama. — Bell boy53, hein?

Aceno maliciosamente.

— Bem, se eu for o mensageiro, estarei esperando uma


gorjeta.

Agarrando meu coração e ofegando de brincadeira, digo a


ele: — Nossa, não tenho nenhum dinheiro comigo...

Hunter fica na cama e sobe bem em cima de mim, embora


eu esteja enterrada sob os cobertores. — Então, acho que você
terá que encontrar outra forma de pagar.

— Mm, acho que vou, — murmuro, meus braços


naturalmente enrolando em torno de seu pescoço enquanto ele
se inclina para me beijar.

As mãos de Hunter percorrem meu corpo. Quando ele se


lembra que tenho um cobertor me cobrindo, ele o puxa de volta
e se cobre comigo para que nossa pele possa se tocar.

Suspiro de prazer quando ele começa a beijar meu


pescoço. Adoro senti-lo em cima de mim, pele com pele.
Empurro meus dedos por seus cabelos, fechando meus olhos
e inclinando meu pescoço para que ele possa dar beijos em
todos os lugares que quiser.

53 Carregador de malas dos hotéis.


Meu sangue começa a esquentar quando ele beija meu
pescoço, o desejo por ele crescendo enquanto sinto todos os
seus lugares duros contra todos os meus macios.

Do jeito que ele penteia o cabelo, não vejo a cicatriz com


muita frequência, mas como estou brincando com o cabelo
agora, puxo para trás e vejo um pouco.

É bem nesse momento que Hunter se afasta para olhar


para mim, mas o que quer que ele quisesse dizer morre em
seus lábios.

Seu prazer diminui, substituído por uma preocupação


feroz. — Por que você parece triste?

Tento sorrir e balanço a cabeça. — Não estou triste.

Ele franze a testa, parecendo não acreditar em mim.

Se o sexo mais violento que eu não queria inteiramente


não tivesse acontecido depois que Sherlock me beijou, talvez
Hunter aceitasse isso e continuasse agora.

Desde que aconteceu, ele não o faz.

Ele sai de cima de mim e deita na cama ao meu lado.

Sinto-me mal por ele ter parado quando eu nem queria


que ele parasse, mas não discuto. Em vez disso, me enrolo
perto enquanto ele coloca um braço em volta de mim.

— Fiz alguma coisa? — Ele pergunta.


— Não, — asseguro a ele, espalhando minha mão sobre
seu coração. Pressiono um beijo no peitoral que posso
alcançar. — Eu amo quando você está em cima de mim. Eu
amo quando você me beija.

— Então o que...?

— Não foi nada que você fez. Eu estava brincando com o


seu cabelo e eu...

Eu realmente não sei como explicar os fios de tristeza que


se infiltraram em meu coração quando vi aquela lembrança de
quando alguém o machucou.

Em vez disso, alcanço e empurro seu cabelo para trás,


olhando novamente para a cicatriz no lado direito de sua
cabeça, perto de sua têmpora. Suspirando, corro meu polegar
pela pele danificada, como se meu toque pudesse curar a
cicatriz e cada pedaço de dor que ele já sentiu – e os eventos
que levaram a isso.

— Você não precisa suspirar, — diz Hunter.

— Isto me deixa triste.

— Quê? — Ele parece surpreso. — Não deveria, — ele diz


facilmente. — Não me deixa triste.

Mudo meu olhar para ele, apenas tenuamente


acreditando nele. — Não?

Ele balança a cabeça. — Eu não estava mentindo quando


disse que isso me faz pensar em você. — Ele estende a mão e
o toca com o dedo. — Quando vejo esta cicatriz no espelho, não
penso em Dennis me nocauteando ou em minha mãe não se
incomodando em pedir ajuda. Penso em ir para sua casa
depois. Penso em você cuidando de mim. — Seus lábios se
contraíram com o afeto lembrado. — Penso em como você era
doce, como você parecia bonita ao luar. Penso em beijar você
pela primeira vez.

Meu coração bate, tentando empurrar caminho para fora


do meu peito para que possa pular na palma da sua mão.

Já que estamos nus na cama, não hesito em me inclinar


e dar um beijo suave e doce nos lábios dele.

Assim que faço, Hunter estica a mão e segura a parte de


trás da minha cabeça em sua palma. Seus dedos deslizam pelo
meu cabelo para que ele possa me segurar melhor. Assim que
ele tem mais controle dos meus movimentos, ele aprofunda o
beijo, desencadeando um enxame de borboletas na minha
barriga.

Pergunto-me se sempre sentirei borboletas quando ele me


beijar.

Acho que não posso saber a resposta para essa pergunta,


mas certamente posso sentir o bater implacável de suas asas
delicadas quando ele me beija agora.

Hunter me puxa para cima dele, mudando seu corpo até


que estou montando nele, mas nunca quebramos nosso beijo.
Nem mesmo quando ele se abaixa e guia seu pau até
minha entrada.

Sei que ele não colocou camisinha. Sei que deveria parar
e dizer a ele para parar. Mas só o quero dentro de mim. Inferno,
nem quero a barreira tênue entre nós, e o controle de
natalidade provavelmente está funcionando agora.
Provavelmente podemos arriscar.

Sei que não deveríamos, mas isso não me impede de me


abaixar em seu pau lentamente, beijando-o mais febrilmente a
cada centímetro que tomo.

Uma vez que ele está totalmente dentro de mim, posso


sentir minha boceta latejando ao redor dele como um
batimento cardíaco.

Quebro o beijo, mas mantenho meus olhos fechados por


mais alguns segundos. Pressiono minha testa contra a dele,
em seguida, levanto lentamente meus quadris.

Ele me enche tão bem que posso senti-lo contra as


minhas paredes enquanto lentamente levanto meus quadris,
então afundo em seu comprimento duro novamente. Solto um
grande suspiro, então faço de novo e de novo.

As mãos de Hunter caem para meus quadris. Seu aperto


aumenta, então ele me levanta e começa a guiar meus
movimentos, me mostrando como ele quer que eu o foda.

Esta posição é boa pra caralho.


Não consigo respirar direito. O que estou fazendo é mais
como ofegar enquanto monto seu pau.

Meus movimentos se tornam mais frenéticos, meus


batimentos cardíacos frenéticos. Agarro seus ombros
musculosos e esfrego mais forte enquanto desço em seu
comprimento duro.

Deus.

O prazer está apenas no horizonte. Posso sentir o gosto.


Meus dedos cavam em sua pele enquanto aperto seus ombros
com mais força e o monto com mais força. A tensão aumenta
dentro de mim. Meus olhos se fecham.

Mexo com mais força, precisando do atrito, precisando


tanto.

Grito com abandono quando chego lá, moendo contra ele


e choramingando antes que toda a força saia de mim.

Respirando com dificuldade, desabo em cima dele.


Hunter envolve seus braços em volta do meu corpo flácido e
beija o lado da minha cabeça.

Gozo dessa vez, mas ele não.

— Quero que você goze, — murmuro, embora não tenha


forças para ajudá-lo com isso.

Rindo, ele continua a correr os dedos ao longo das minhas


costas nuas. — Oh, não se preocupe. Eu irei.
— Meus músculos derreteram.

— Está bem.

— Você pode me foder como uma boneca de pano, se


quiser. Faça o que quiser, não vou reclamar.

Hunter suspira, seu pau pulando enquanto ele ainda está


dentro de mim. — Por que você tem que dizer coisas assim?

— Estou muito relaxada agora, mas ainda quero que você


goze. Estou tentando encontrar uma solução adequada.

— Eu amo você.

Sorrio, meu coração se enchendo de afeto por ele. —


Também te amo.

Já que ele disse isso com tanta ternura, estou


despreparada um momento depois, quando ele me vira de
costas, sobe pelas minhas pernas e paira sobre mim enquanto
ele se reposiciona entre minhas coxas.

Mesmo estando perfeitamente satisfeita, sinto uma


pontada de excitação quando olho para ele. Então ele empurra
em mim e arqueio contra o colchão, jogando minha cabeça
para trás no travesseiro. — Porra.

— Bonecas de pano não falam, — ele me diz, estendendo


a mão para um dos meus seios. Ele puxa seus quadris para
trás, em seguida, penetra em mim com ainda mais força. —
Elas apenas ficam lá e são fodidas.
A excitação se acumula no meu intestino, lateja entre as
minhas coxas. Por alguma razão, meio que gosto que ele fale
assim.

Gosto do que ele está fazendo também, então não digo


uma palavra, apenas fico lá e sendo fodida.

Por um tempo, isso funciona.

Mas então me sinto impossivelmente chegando a outro


clímax. Hunter está batendo em mim, segurando meus quadris
com força. O atrito é delicioso.

— Hunter, — digo em um suspiro enquanto ele penetra


em mim tão profundamente, sinto em minhas entranhas.

Ele olha para mim, notando minha falta de ar, o rubor em


meu rosto. — Você quer gozar de novo, baby?

Aceno minha cabeça.

Ele estende a mão e acaricia meu rosto. — Peça


gentilmente.

A excitação aperta os músculos do meu estômago


novamente. — Por favor. Por favor, Hunter, quero gozar.

Ele sorri, satisfeito, mas então ele para de me foder.

Estou desapontada, mas só até que ele dê um tapinha na


minha bunda e me diga para ficar de joelhos.

Rolo e me coloco na posição.


Sinto Hunter atrás de mim. Suas mãos são ásperas na
minha bunda enquanto ele esfrega e aperta minha carne,
então ele me espalha.

Meu coração cai. Ele não vai me foder lá, certo?

Meu coração ainda está acelerado com a possibilidade de


quando, felizmente, sinto seu pau entrar na minha boceta.

Afundo meus antebraços em alívio.

É um alívio senti-lo me enchendo de novo e um alívio que


ele não decidiu usar o outro orifício. Não tenho certeza se estou
pronta para isso.

Estou certamente pronta para isso, no entanto. É uma


sensação incrível enquanto ele me fode assim, com minha
bunda no ar, seu pau impiedosamente dirigindo em mim.
Nesse ângulo, o atrito é incrível. Ele nem mesmo tem que tocar
meu clitóris e sinto a pressão aumentando, mas então ele
estende a mão e começa a brincar com ele, de qualquer
maneira.

Minhas pernas tremem. Mal consigo me segurar. O prazer


me assalta aparentemente de dois lugares diferentes.

Enquanto ele provoca meu clitóris, sinto um pequeno


tremor após um pequeno tremor de prazer, mas enquanto ele
continua me fodendo neste ângulo mágico, também posso me
sentir crescendo para um terremoto mais profundo.
— Hunter, — murmuro, meio choro, meio
choramingando.

— Deixe acontecer, baby.

Solto um pequeno gemido, enterrando meu rosto no


travesseiro enquanto ele dá um tapinha no meu clitóris. Agarro
minha cabeça em busca de algo para segurar e acabo
apertando meu travesseiro enquanto os tremores percorrem
meu corpo, enfraquecendo minhas pernas.

Então Hunter bate em mim e a grande explosão acontece.

Ao mesmo tempo, ele ataca meu clitóris.

Grito quando uma explosão de calor branco sacode todo


o meu corpo. Não choro, mas grito. Meu corpo inteiro
convulsiona e se contorce com abandono. Aperto meus olhos
fechados e apenas tento processar a trilha vulcânica de prazer
se movendo pelo meu corpo.

Fracamente, ouço Hunter gemer, sinto seus dedos


cavarem em meus quadris enquanto ele dirige em minha
boceta convulsionando.

Ele goza dentro de mim, mas nem me importo.

Quando ele cai na cama ao meu lado, estou quase muito


fraca e satisfeita para me mover, mas me puxo para mais perto
dele para que ele possa me abraçar. Preciso estar perto dele.

Parecendo entender, Hunter se vira de lado e me puxa


para seu abraço protetor. Ele acaricia meu cabelo com amor,
beijando o topo da minha cabeça e perguntando: — Você está
bem?

— Mm-hmm, — murmuro fracamente.

— Pensei em me retirar, mas... não consegui me


convencer de que valia a pena.

— Não foi, — murmuro contra seu peito. — Está bem. Eu


queria que você gozasse dentro de mim. Se estou grávida, estou
grávida. Foda-se.

Rindo, ele diz: — Uau, deve ter sido o orgasmo.

Era.

Se ele me pedisse em casamento agora, eu diria que sim.

Já que ele realmente poderia se eu o deixasse ficar


totalmente impotente contra ele no momento, sorrio sem
palavras e fecho meus olhos.
Quando acordo na manhã seguinte, estou envolta nos
braços fortes de Hunter.

Ele acorda logo depois de mim e começa a beijar meu


pescoço. Sinto seu pau endurecendo contra minha bunda, e
mexo contra ele para deixá-lo ainda mais duro.

Agarrando um punhado da minha bunda, Hunter se


inclina e murmura: — Acho que é hora de um banho.

Não acho que ele está realmente ansioso para ficar limpo,
mas rolo para fora da cama e o sigo de qualquer maneira.

Enquanto eu não tinha certeza sobre sexo no chuveiro


entrando no banheiro, uma vez que estamos no chuveiro e
estou observando a água batendo em suas costas e ombros
musculosos, vendo-a fluir pelos sulcos cortados de seu torso
musculoso...

Acho que não é nenhuma surpresa que eu acabe presa


contra a parede com minhas pernas em volta dele, fazendo
ruídos lamentáveis de prazer enquanto ele enfia seu pau em
mim.
Nunca fui fodida na primeira hora da manhã antes, mas
descobri que é melhor do que café. Nem bebo quando descemos
para o café da manhã.

Mantemos as coisas simples com aveia e frutas frescas


esta manhã. Estou me sentindo um pouco menos blasé com o
fato de que ele já me fodeu duas vezes sem camisinha neste
fim de semana, mas não estou pirando com isso agora que
estou tecnicamente no controle de natalidade.

Enquanto estou fazendo uma visão geral das vezes em


que Hunter me deixou imprudente, olho para ele tomando café
da manhã do outro lado da mesa. Ele está tão bonito com o
cabelo despenteado, ainda úmido do banho. Gosto da
intimidade de tomar café da manhã com ele.

Eu gostaria de poder apenas me permitir desfrutar disso,


mas, aparentemente, não posso.

Minha mente vagueia por cantos mais sombrios e


assombrados.

Pergunto-me se Valerie já olhou para ele do outro lado da


mesa do café da manhã assim, desfrutando de uma manhã
tranquila e íntima com ele depois de uma noite de sexo e
abraços.

Hunter ergue os olhos e percebe meu olhar.

Seus olhos castanhos são calorosos e ele me dá um


pequeno sorriso.
Olho para baixo para que ele não perceba que meus olhos
azuis não fazem o mesmo.

— Posso te perguntar uma coisa?

— Claro, — ele responde, obviamente sem saber o que


está em minha mente.

Mordo meu lábio inferior, ansiosa por deixar as palavras


saírem para o universo. Se eu perguntar e ele disser não, vou
me sentir melhor, mas se a resposta for sim...

Definitivamente não vou me sentir melhor.

— Você alguma vez – quero dizer, ela alguma vez, — Paro


com um bufo agravado e tento novamente. — Você já passou a
noite com Valerie?

— Não, — ele responde, mas muito prontamente. Isso me


faz pensar se ele está dizendo a verdade.

— Tem certeza?

— Sim. — Alcançando o outro lado da mesa, ele pega seu


suco de laranja e toma um gole. — Sei que mencionei talvez ir
à sua famosa festa do pijama no ensino médio, mas não
consegui. Tive que ir para a Itália antes que acontecesse
naquele ano.

— Eu não quis dizer no ensino médio. Eu quis dizer desde


que você voltou. Enquanto vocês estavam... juntos.

Ele balança a cabeça. — Não.


— Você mentiria só para me fazer sentir melhor?

Hunter me olha por alguns segundos antes de responder.


— Não. Eu quero que você me ame, apesar das piores coisas
que já fiz. Cobrir meus rastros para proteger seus sentimentos
não seria suficiente.

Acho sua resposta um pouco insatisfatória, mas não


tenho certeza do por que. Olhando para minha tigela enquanto
pego uma colher de aveia e um morango fatiado, digo: — Eu te
amo.

O mas paira no ar entre nós, mas nenhum de nós quer


entretê-lo agora, então não o fazemos.

Já que vou ficar na casa de Hunter todo o fim de semana,


temos que fazer nosso dever de casa de fim de semana juntos
na casa dele.

Não estou triste com isso.

Por mais que eu tenha gostado de descansar e trocar


orgasmos, estou feliz por finalmente colocar algumas roupas e
usar mais do que apenas o centro de prazer do meu cérebro
por um tempo.
Hunter parece menos entusiasmado com isso, mas estou
cheia de sol enquanto espalhamos nossos materiais de estudo
em sua enorme mesa de jantar. Hunter trouxe um laptop extra
– quem tem um laptop extra? – caso eu precise.

Eu poderia para nossa atribuição de inglês, mas ainda


preciso envolver minha cabeça em torno disso.

Hunter parece tão bonito quando abre uma cópia lida


suavemente de O Grande Gatsby e lê uma página para
refrescar sua memória.

— Devíamos ler juntos mais tarde, — digo a ele.

— Gatsby?

— Não, nós já lemos isso. Não me refiro a um livro escolar,


quero dizer para se divertir. Certamente você tem livros.

— Quer dizer... sim, mas ainda não leio muito fora da


escola. Você não trouxe um livro para o fim de semana? Estou
um pouco chocado.

— Não, eu trouxe, mas eu só trouxe um para mim, não


para você, — digo, abrindo um sorriso para ele.

— Considerando que não estamos em prisão domiciliar,


também poderíamos ir a uma livraria e comprar algo se
quiséssemos. Duvido que vou ler, mas se você quiser, tudo
bem para mim.
— Quero que você leia algo que você goste também. Não
consigo ler sozinha enquanto você não faz nada. Isso seria
rude.

— Não seria rude, tenho outras coisas que posso fazer.


Preciso checar as redes sociais em algum momento neste fim
de semana de qualquer maneira para que ninguém pense que
morri.

Reviro os olhos, mas deixo o assunto de lado para que


possamos começar nosso dever de casa.

Abrindo meu caderno para uma nova página, pergunto:


— Em uma escala de 1 a 10, quão nerd é que sou por estar
animada para fazer o dever de casa com você?

Hunter olha para mim e sorri. — Fora dos gráficos.

— Bem, eu estou, — digo descaradamente enquanto


procuro minha própria cópia de Gatsby. — Quer começar com
o inglês? Eu realmente não estava ansiosa por esta tarefa, mas
acho que é uma boa estratégia tirar do caminho o que mais
temo primeiro.

Hunter ergue uma sobrancelha para mim enquanto abre


seu laptop. — Você está mais temendo a tarefa de redação?
Não teria adivinhado isso. Você adora ler.

— Sim, mas não amo este livro e realmente não amo a


tarefa que a professora nos deu.
Tecnicamente, temos uma escolha entre duas opções
para nossa tarefa, mas não gosto de nenhuma delas. Podemos
escrever a carta de Gatsby para Daisy – havia uma carta
fundamental dada a ela no livro, mas o leitor nunca conseguiu
descobrir o que dizia – ou reescrever o final do livro.

— Sabe qual você vai fazer? — Hunter pergunta.

Concordo. — Vou escrever a carta de Gatsby. Você?

— Vou reescrever o final.

Paro para olhar para ele com horror. — O quê?

Ele olha, franzindo a testa ligeiramente quando avista


meu rosto. — O quê?

— Você vai mudar o final de um livro que você não


escreveu?

Ele me olha com cautela, então digita sua senha em seu


laptop. — Esse é o plano.

Balanço minha cabeça, voltando minha atenção para o


meu caderno e pego minha caneta. — Não tenho certeza se
podemos ser amigos mais.

— Amigos?

Ignorando sua descrença, continuo. — Não acredito em


mudar o final dos livros, mesmo não gostando do jeito que as
coisas acabaram. Hunger Games é um exemplo perfeito.
Obviamente, não gosto da forma como a trilogia terminou e
gostaria que ela tivesse tomado uma direção diferente, mas
ainda assim não mudaria.

— Você não colocaria Katniss e Gale juntos se pudesse?


— Ele pergunta, seu ceticismo claro.

Balanço minha cabeça. — Não. Eles não são meus


personagens. Tenho minhas opiniões sobre eles, mas eles são
influenciados por todas as porcarias que trago para a mesa,
sabe? Obviamente, há muitas pessoas que não sentem o que
penso sobre isso. Além disso, embora eu ame os livros e os
tenha lido várias vezes, só tenho uma compreensão parcial dos
personagens e de sua jornada. Não posso conhecer os
personagens tão bem quanto à pessoa que os criou e escreveu
sua história. Sócrates tinha essa opinião sobre os livros, ele
não gostava deles porque não dá para conversar com livro,
sabe? Você não pode esclarecer nada. Você não pode perguntar
aos personagens como eles se sentem sobre coisas que não
compartilham com você, não pode perguntar por que eles
fazem as coisas que fazem ou o que fariam em alguma situação
que não encontram nas páginas da história. — Na verdade,
estou apenas começando, mas quando olho para Hunter e vejo
a diversão clara em seu rosto bonito, percebo que estou prestes
a lançar um discurso retórico completo. — De qualquer
forma... é por isso que não aprecio muito nenhuma dessas
atribuições. Obrigada por vir para minha palestra TED54.

54 TED é uma organização sem fins lucrativos dedicada ao lema “ideias que merecem ser
compartilhadas”. Em uma conferência TED, pensadores e realizadores de todo o mundo são
convidados a dar a melhor palestra de suas vidas em 18 minutos ou menos.
Hunter balança a cabeça, seus olhos ainda brilhando de
diversão enquanto ele muda seu olhar para seu laptop. — Eu
amo você.

Sorrio descaradamente. — Também te amo, amigo.

Ele me lança um olhar desanimado. — Sabe, eu ia deixar


passar...

Antes que ele possa falar agora, pergunto: — Por


curiosidade, por que você escolheu mudar o final? Parece uma
opção muito mais complicada. Escolhi a carta porque era fácil
e quero dizer isso.

— Bem... não consultei Sócrates primeiro, — ele brinca.

Minhas bochechas esquentam.

— Mas a minha razão é muito mais simples. Eu só quero


dar ao cara a chance de tirar a cabeça da bunda e encontrar
alguém melhor do que Daisy para perseguir.

— Daisy é a pior espécie, — digo, um pouco me


desculpando.

— Ele realmente não a amava. Não preciso ter um diálogo


com uma página de texto para entender isso. Ele estava
apaixonado pela ideia dela, mas isso não é amor. Ele teria
acabado miserável se a tivesse realmente pegado. Ela lhe fez
um favor ao se casar com aquele outro cara, mostrou a ele
onde ele estava. É uma pena que ele não tenha visto dessa
forma, aceito que ela havia mostrado suas verdadeiras cores.
Ele poderia ter seguido em frente. Ele poderia ter encontrado
alguém que realmente se importasse com ele, alguém que ele
amasse mais profundamente do que a merda superficial que
ele sentia por Daisy.

Aceno, concordando com quase tudo isso. — Como você


vai contornar a motivação de Wilson?

Ele olha para mim. — O que você quer dizer?

— Bem, se você quer que Gatsby tenha a chance de


conhecer outra pessoa, você obviamente o está salvando. Mas
Wilson ainda é quem ele é, certo? Então, como você está
salvando Gatsby sem sacrificar a motivação estabelecida de
outro personagem? Se Gatsby fugir, isso é estranho para ele.
Se Wilson não vier atrás dele, isso é estranho para ele. É por
isso que é difícil mudar um final. Tem que fazer sentido, ou vai
me deixar louca.

Hunter sorri. — Você quer fazer meu dever de casa para


mim, Riley? Pode ser mais fácil. Eu certamente não me
importaria.

Faço beicinho. — Não. Nem gosto da tarefa.

— Você pensou nisso mais do que eu, — diz ele. — Você


pode até mesmo fazer meia-boca. A Sra. Dowd me ama.
Provavelmente terei uma nota melhor do que a sua, mesmo
que a sua seja mil vezes melhor.

Rolo meus olhos. — Sem brincadeiras. Ela é a pior.


— Não acho que ela goste de mulheres, — diz ele.

— Não aquelas que não são freiras, pelo menos.

— Está decidido, — diz Hunter, fechando seu laptop. —


Você vai fazer minha lição de inglês para mim.

— Não acho que decidimos isso. — Passo para o capítulo


em que Daisy recebeu a carta para que eu possa fazer algumas
anotações. — Serei sua parceira de crítica se você quiser. Você
pode tirar suas ideias comigo e vou ajudá-lo a corrigir os erros,
mas não vou fazer todo o trabalho por você.

Hunter pega seu telefone e começa a chutar para me


mostrar teatralmente que estou farei seu trabalho para ele,
mas quando o faz, sua expressão muda.

FIco surpresa quando o vejo carrancudo para a tela do


telefone.

— O que está errado? — Pergunto.

Seu olhar pisca para o meu. Ele parece instintivamente


virar a tela do telefone para longe de mim. — Nenhuma coisa.

Faço uma carranca. — Nenhuma coisa?

Ele está mentindo.

— O que é isso? — Pergunto, nem mesmo esperando ele


me alimentar com mais besteiras. — Ou quem é?

— Quem é o quê?
— Você virou a tela do telefone como se não quisesse que
eu visse. Pensando bem, posso pensar em exatamente uma
razão pela qual você faria isso, então... quem te mandou uma
mensagem? É Valerie?

Seu tom é desdenhoso, mas seu rosto não é convincente.


— Não, é... eu... Uh...

Meu queixo cai um pouco enquanto Hunter Maxwell


gagueja.

— Não é nada com que você precise se preocupar agora,


— diz ele. — Vamos apenas aproveitar o fim de semana sem
trazer nossas merdas, certo?

— Não. Gostaria de saber o que há no seu telefone que


você sentiu o impulso de esconder de mim. Você pode me
mostrar ou posso fazer a mala e ir para casa, porque agora é
só nisso que vou pensar até saber o que é.

— Não é nada, Riley. — Ele balança a cabeça, parecendo


um pouco irritado. — Algum idiota postou uma foto sua e de
Sherlock na festa. Vocês estão andando pelo corredor em
direção a um quarto com você nessa saia curta. Ele está com
o braço em volta de você. Parece que você estava curtindo, e
alguém me enviou. Isso é tudo.

Meu estômago embrulha. — Oh.

Isso não era o que eu estava esperando.


— Realmente não quero falar sobre ele, — Hunter diz,
irritação cintilando em seu olhar. — Achei que você também
não, então...

Olho para o meu papel, sem saber o que dizer.

— Por que ele está com a mão no seu quadril? — Hunter


pergunta de repente, olhando fixamente para a foto em seu
telefone. — Você disse que ele te enganou.

Agora o sapato está do outro lado, porque não tenho uma


resposta satisfatória para essa pergunta. — Ele fez. Eu te
disse, tudo aconteceu muito rápido. Eu disse a ele que ele não
deveria me tocar, que se você visse, ficaria com a ideia errada.
Ele fez de qualquer maneira.

— Não parece que você está exatamente lutando contra


ele, — observa Hunter.

— Não lutei contra ele. Isso teria sido ridículo. Foi um


toque casual e fugaz. Você está olhando para um instantâneo
de uma fração de segundo, Hunter. Uma foto obviamente
postada por alguém que quer causar problemas.

Ele apaga a tela e coloca o telefone na mesa com um


baque. Sua mandíbula está travada, seus olhos zangados
quando ele abre seu laptop novamente.

— O que você está fazendo? — Pergunto-lhe.

— Começando essa porra de dever de casa, — ele


murmura. — Aparentemente, tenho muito trabalho a fazer.
Estou parcialmente aliviada por ele querer deixar de lado
a porcaria do Sherlock e voltar ao nosso dever de casa, mas
posso ver que ele está bravo e me sinto mal. Principalmente
porque fui eu que empurrei, mas quando ele virou a tela
daquele jeito... o que eu deveria pensar?

— Talvez você devesse escrever a carta, — ofereço


levemente, tentando trazer seu humor de volta para baixo. —
Menos trabalho assim.

— Nah, vou reescrever o final. Vou mandar o vizinho de


Gatsby, Sherlock, parar para uma bebida noturna e, em vez
disso, levar um tiro em sua bunda.

Mordendo de volta um sorriso, balanço minha cabeça. —


Isso é terrível.

— Bem, ele deveria ter mantido a porra dos lábios para si


mesmo.

— Ele fez, — digo levemente. — A menos que ele tenha


beijado Daisy?

— Foda-se a Daisy.

Um pensamento me ocorre, um pensamento que


sussurrou em minha mente quando ele tinha sentimentos tão
fortes sobre Gatsby e Daisy. Eu estava relutante em perguntar
então, mas seu sentimento de foder Daisy faz parecer mais
imperativo que eu esclareça a dúvida em minha própria mente.

— Não sou sua Daisy, certo?


Seu olhar pisca para o meu. — Claro que você não é
Daisy. Daisy é uma idiota insípida que se preocupa mais com
a riqueza e as aparências do que com as pessoas. Que parte
disso poderia ser você?

— Ok, ok – eu só estava tendo certeza.

— Sei que eles dizem que não existem perguntas idiotas,


mas...

Lanço um olhar desanimado para ele. — Sei que não sou


como Daisy, só queria ter certeza de que você não achava que
eu era. Isso é tudo.

— Não. Você é um monte de coisas, Riley Bishop, mas


superficial não é uma delas, — ele murmura, fazendo soar
muito menos como um elogio do que realmente é.

— Você está mal-humorado, — aponto, como se ele já não


soubesse. Aumentando a doçura em vários níveis, eu quase
pisco meus cílios para ele. — Quer que eu lhe dê uma
massagem no ombro enquanto você começa? Trabalhar um
pouco dessa tensão?

Ele ainda está aborrecido, mas não tão aborrecido que


rejeite o afeto físico. — Você só quer ver o que estou escrevendo
por cima do ombro.

Sorrio, largando minha caneta e empurrando minha


cadeira para trás. — Você me pegou, — digo enquanto me movo
para ficar atrás de sua cadeira e posiciono minhas mãos em
seus ombros extremamente sexy.
Hunter abre um novo documento, depois vira a cabeça e
olha para mim. — Se você quiser resolver minha tensão, tenho
mais algumas ideias se esta não funcionar.

— Faremos uma lista, — prometo quando começo a


massagear seus ombros. — Depois de terminarmos o nosso
dever de casa, podemos experimentar cada um delas.
Depois que Hunter termina de escrever sua obra-prima
assassina e nós dois terminamos nosso dever de casa,
começamos a trabalhar no jantar.

Agora, sabendo que não tenho nenhuma experiência em


vinhos, ele me leva para baixo para me mostrar a adega, mas
não me consulta enquanto escolhe o vinho para o jantar.

Hunter está fazendo um prato de massa. Ele diz que é


simples de fazer, já que está usando macarrão em caixa, mas
quero ajudar, então ele joga um pouco de azeite e temperos em
uma tigela, depois me diz para jogar os tomates-cerejas dentro
e virá-los até que estejam completamente misturados.

— A sua governanta italiana aprovaria você usando


macarrão em caixa? — Pergunto, olhando para ele por cima do
ombro enquanto misturo os tomates com azeite de oliva.

Hunter sorri. — Provavelmente não, especialmente com


todo esse tempo que temos em mãos. Massa em caixa está bem
para ela se você estiver com pouco tempo e essencialmente
desesperado, mas sim, é sempre melhor se você prepará-la em
casa. Amanhã à noite farei para você o famoso frango Alfredo
dela. Faremos fettuccine fresco para isso.

Suspiro. — Você vai me mostrar como fazer macarrão?

Ele se vira e desliza os braços em volta da minha cintura,


esfregando o rosto na curva do meu pescoço. — Mm-hmm. É
justo, já que você me ajudou a matar Sherlock.

Balanço minha cabeça, jogando os tomates novamente.


— Não aprovei isso, senhor. Não confunda minha ajuda com
encorajamento. Você não deve matar seus amigos. — Perdi o
ritmo, mas não o suficiente para ele se agarrar a esse assunto.
— É bom que possamos aprender um com o outro, no entanto.
Gosto disso.

Ele beija meu pescoço. — Eu também. — Ele me solta e


pega a tigela e a colher das minhas mãos. — Esses parecem
adequadamente misturados. Assumo a partir daqui.

— Isso é tudo que posso fazer? — Pergunto, virando-me e


observando-o despejar os tomates com azeite temperado na
assadeira.

— Eu te disse, é um prato simples. Mas o gosto é


delicioso.

— Quero fazer mais coisas.

Hunter coloca o prato coberto no forno e ajusta o


cronômetro. — Vou te dizer uma coisa, em 30 minutos, você
pode esmagar os tomates com uma colher. Está bom assim?
— Combinado, — digo enquanto ele se aproxima. Meus
braços se levantam, envolvendo em torno de seu pescoço
enquanto ele se move para o meu abraço. — Mas o que faremos
nos próximos 30 minutos?

Hunter abaixa a cabeça e beija meu queixo, travando


seus braços fortes em volta da minha cintura. — Tenho
algumas ideias.

Fecho meus olhos. — Mm, você tem ótimas ideias.

— Estou feliz que você pense assim, — ele murmura, me


liberando com um braço para que ele possa chegar atrás de
mim.

Não tenho certeza do que ele está procurando, mas


enquanto ele continua a me acariciar e beijar, não penso muito
sobre isso até que, de repente, a música começa a tocar.

O barulho me assusta, embora seja um barulho adorável.


Olho para trás incerta, olhando para seu telefone no balcão.

Meu olhar muda de volta para ele quando ele coloca um


mínimo de espaço entre nós e pega minha mão, puxando-a
para longe de nossos corpos enquanto ele começa a se mover.

Meu corpo segue naturalmente o dele, mas ainda fico


surpresa quando percebo... estamos dançando.

— O que você está fazendo? — Pergunto, um pouco


inexpressivamente.
— Você não pode dizer? — Seus olhos brilham com
diversão quando ele sorri. — Não devo estar fazendo certo.

— Estamos... dançando na cozinha enquanto o jantar


está cozinhando?

— Estamos.

Quero protestar, mas não sei por quê.

Seu aperto na minha cintura aumenta e ele me puxa para


mais perto. — Nós nunca terminamos nossa dança no baile, —
ele me diz.

Meu coração bate um pouco. Meu estômago está


estranho.

Isso é tão inesperado e tão incrivelmente romântico.

Engulo, tentando empurrar meu coração de volta para o


meu peito. Tento relaxar, mas nunca experimentei um gesto
como esse. Dançar no baile é uma coisa. Isso é outra coisa.

— Escolha interessante de música, — murmuro, sem


saber o que mais dizer.

Elvis nos faz uma serenata. A música – Can't Help Falling


in Love – é muito romântica – e muito antiga.

— Meu pai gosta de Elvis, — ele me diz, muito mais à


vontade do que eu. — Ele tocava muito sua música quando eu
estava na Itália, meio que me apresentou a ela.

— Isso soa bem.


Hunter acena com a cabeça enquanto balançamos. —
Sim. Aprendi muito com meu pai.

Olho para ele, meu corpo relaxando um pouco em seu


abraço. — Como o quê?

— Você quer uma lista? — Ele provoca.

Sorrio. — Pode ser.

— Não posso revelar todos os meus segredos de uma vez,


— diz ele levemente.

Reviro meus olhos. — Bom. Apenas me diga uma coisa


que você aprendeu com ele.

Hunter pensa por alguns segundos e então diz: — Meu


pai viaja muito a trabalho. A esposa dele tem vida própria,
então geralmente não vai com ele. Eles passam muito tempo
separados, então seu tempo juntos é muito mais importante.
Ao vê-lo fazer malabarismos com todas as suas muitas
responsabilidades, aprendi um princípio muito importante.

— E qual foi?

— Se você quer viver uma vida boa, você tem que ter suas
prioridades bem definidas. Há muitas coisas que você pode
empurrar para fora do seu prato e delegar a outras pessoas,
mas há outras coisas para as quais você absolutamente
precisa reservar tempo. Você tem que insistir, não importa o
quão louca a vida fique, porque essas coisas são importantes
para você e você quer cuidar delas.
Acho que vejo aonde ele quer chegar com isso, mas espero
que ele chegue lá, de qualquer maneira.

— Sempre vou arranjar tempo para cortejá-la, Riley,


mesmo daqui a cinquenta anos.

Sorrio desamparadamente — Cinquenta anos a partir de


agora?

Hunter balança a cabeça, como se não fosse uma


afirmação ridícula de se fazer. — Porque você é importante
para mim, e quero ter certeza de que você sempre saiba disso.
Você nunca sabe, talvez em algum momento de nossas vidas,
eu precisarei desse lembrete também. Se tenho o hábito de
tratá-la como algo que prezo, será muito mais difícil esquecer
que você é.

— Uau. — Preciso de uma pausa na intensidade que suas


palavras mexem dentro de mim, então interrompo seu olhar,
redirecionando-o para seu ombro com um leve sorriso no meu
rosto.

Seus beijos geralmente me dão borboletas, mas essas


palavras... Sinto uma pequena vibração em meu estômago, e
não é por causa do toque dele neste momento.

— Sei que você não teve um grande modelo quando se


trata de relacionamentos e, para ser honesto, nem eu, —
Hunter me diz. — Até a Itália. Você pode não pensar porque
sabe que ele estragou tudo, eu não estaria aqui se ele não
tivesse, mas... meu pai ama sua esposa de uma maneira que
nunca vi antes. São objetivos, honestamente. O estilo de vida
deles não tanto, eu não gostaria de ficar tanto tempo
separados, mas o relacionamento deles... Se eu me casar,
quero um casamento como o deles.

— Se? — Questiono.

Ele encolhe os ombros. — Estou decidido a fazer dessa


garota minha esposa, e agora ela nem mesmo concorda em ser
minha namorada. Não tenho certeza se o casamento está nas
cartas para mim, mas hey, dedos cruzados.

Um sorriso impotente aparece em meus lábios e balanço


minha cabeça. — Você é ridículo.

— Sou um homem apaixonado, — diz ele sem se


arrepender, inclinando a cabeça para beijar a curva do meu
pescoço.

Suspiro, inclinando minha cabeça para dar a ele melhor


acesso. — Você vai transar muito esta noite.

Ele ri. — Fico feliz em ouvir isso.

Meus olhos se fecham enquanto seus lábios sobem pelo


meu pescoço, em direção ao meu queixo. — Nunca pensei que
você fosse tão romântico.

— Vou transformá-la em uma também, — ele me diz.

Meus olhos permanecem fechados, mas minhas


sobrancelhas sobem de surpresa. — Oh, você acha?
— Mm-hmm. — Seus lábios perfeitos roçam meu queixo.
— Sei que você se sentiu um pouco estranha no começo, mas
só porque não está acostumada. Você vai se acostumar com
isso.

— Oh, vou?

— Sim. — Seus lábios alcançam minha boca. Elvis canta


as últimas palavras à medida que a música muda e a canção
chega ao fim. — E veja, eu amo como um italiano, então
ninguém mais que você conhece vai se comparar.

— Oh meu... — Ele sufoca minha descrença indulgente


com seus lábios enquanto ele esmaga os dele nos meus. Meu
coração dispara, meus lábios se suavizam sob os dele.

Quando ele interrompe o beijo, é para murmurar contra


minha boca: — Vou arruinar você para todos os outros
homens, e então você terá que ser minha. Você não terá
escolha.

Sorrio contra sua boca, travando meus braços em volta


de seu pescoço com mais força e beijando seus lábios perfeitos.
— Sabe aquela parte do filme em que o vilão revela seu plano
diabólico ao herói e depois perde porque agora o herói pode vê-
lo chegando?

Hunter usa os dentes para puxar meu lábio inferior entre


os dele. Ele me morde – não para machucar, mas parece um
lembrete deliberado e sem palavras de Sherlock, e isso faz meu
coração bater algumas velocidades.
Ele me beija suavemente logo depois, me fazendo pensar
se imaginei isso.

— Sim, — ele murmura.

Um pouco menos divertida, um pouco mais sem fôlego e


inquieta, murmuro: — Isso meio que parece isso.

Agora que a música acabou, a cozinha está em um


silêncio mortal. Uma tensão agourenta permeia o ar ao nosso
redor. Não estava lá antes daquele beijo. Antes dessa mordida.

Não posso me livrar disso agora.

— Isso me tornaria o vilão da sua narrativa, — ele


comenta, recuando para olhar para mim com aqueles intensos
olhos castanhos dele. — Pareço um vilão para você, Riley?

— Não. Mas os melhores nunca o fazem.

Sua pergunta me faz pensar. Quando penso em Hunter


Maxwell, tenho pensamentos calorosos e amorosos. Quando
olho para ele, vejo beleza, e não apenas o tipo físico.

Mas se eu der um passo para trás e observá-lo através de


uma lente mais destacada, me pergunto se a imagem parece
diferente.

Sim, ele é o menino vulnerável e machucado que conheci


em uma ponte por pura casualidade, o primeiro menino a fazer
meu coração bater mais rápido, a me beijar e me encher de
paixão.
Ele também é o garoto que quebrou meu coração de
propósito. Que invadiu e destruiu o relacionamento
perfeitamente bom em que eu estava. Quem causa tremores
em meu relacionamento sólido com minha mãe, que me tenta
a mentir e guardar segredos.

Ele é ciumento e vingativo, e meio que valentão quando


lhe convém. Ele pode ser um pouco manipulador se achar que
isso o ajudará a conseguir o que quer, e ele não para até
conseguir o que deseja, mesmo quando realmente não o
merece. Ele tirou minha virgindade em um ato de vingança, e
a segunda vez que estivemos juntos assim... foi com raiva e
rancor, eu nem queria que isso acontecesse inteiramente.

Olhando para Hunter Maxwell no papel, acho que ele tem


mais qualidades de vilão do que de herói. Apenas... não parece
que ele é.

Se ele é um vilão, ele é o mais suave que já encontrei.

E uma vez que a coisa que ele quer parece ser eu, não
tenho certeza se fui talhada para ser o herói que se opõe a ele.
Estou muito envolvida emocionalmente com ele. Ele é muito
difícil para eu resistir.

Digo a mim mesma que consigo me manter firme, mas


olhando objetivamente, posso ver as maneiras como Hunter
trabalhou para erodir aquele terreno bem debaixo dos meus
pés.
Nunca fiquei tão tentada a me trair como quando ele está
por perto.

Independentemente do que ele acabou de dizer, uma


coisa é absolutamente correta.

Quanto mais tempo passo com ele, mais difícil é


continuar resistindo.

Sei que eu queria este fim de semana tanto quanto ele,


mas este fim de semana foi imprudente. Não apenas porque
temos sido descuidados com o controle da natalidade. Estou
sendo imprudente ao dar a ele tanto acesso ao meu coração.

Se eu mantiver este curso, ele vai ganhar.

Posso ter Hunter ou posso ter respeito próprio, mas não


posso manter os dois.

Quando eu estava mais forte, disse a ele que essa era uma
luta que ele nunca ganharia, e fui sincera.

Eu tenho que dizer isso. Eu tenho.

Recuso-me a ceder quando ele nos colocou aqui de


propósito. Ele não cometeu um erro com Valerie; ele fez uma
escolha.

A escolha de nos trair.

A escolha de me machucar.

Uma escolha de me perder.


Agora estou perdida e tenho que continuar assim.

Não posso cair em seus beijos ou naqueles grandes olhos


castanhos, não importa o quão tentada eu esteja.

Também não posso dizer não. Não neste fim de semana.


Era uma de suas regras.

Hunter é inteligente. Ele sabe que o herói não pode vencer


se estiver completamente desarmado.

Está tudo bem. Posso jogar de acordo com suas regras e


ainda assim sair ilesa.

Posso ser dele, mas apenas no fim de semana.

Na segunda-feira, a única pessoa a quem pertencerei sou


eu.
Acontece que segunda-feira está mais longe do que
parece.

Escondida com Hunter em sua casa, é quase como se


estivesse em outro mundo. Mas não estamos em outro mundo,
e as partes feias de nossa realidade não param de fazer
buracos em nossa pequena bolha feliz.

No domingo, ele recebe outra mensagem de texto que o


irrita.

Ele não se incomoda em tentar esconder esta de mim,


mas quando ele mostra para mim, me encontro desejando não
ter visto.

Aparentemente, há uma foto circulando.

Uma imagem mal preparada no Photoshop, mas o


Photoshop mal feito não importa. Nunca teve a intenção de ser
convincente, apenas para ilustrar um rumor feio da maneira
mais crua possível, uma forma garantida de ser transmitida
por toda a escola. Distribuído até se tornar anônimo,
impossível lembrar quem o iniciou.
No entanto, sei quem começou.

Todos nós sabemos quem começou.

A imagem parece ser uma captura de tela de um filme


pornô. Uma menina morena deitada de costas com as pernas
abertas, um cara transando com ela, um cara prestes a enfiar
o pau em sua boca e um terceiro cara sendo empurrado no
sofá atrás dela.

Bem, eu.

É meu rosto com Photoshop na garota, é claro.

O rosto de Hunter está colado em cima do cara me


fodendo, Sherlock foi fotografado como o cara cujo pau está
prestes a entrar na minha boca e o rosto de Anderson está
colado sobre o do cara que está sendo masturbado.

A legenda diz: Riley trabalhando seu caminho no time de


futebol.

Sento-me no sofá com um pouco de rigidez enquanto


Hunter liga para o amigo que o enviou para ele. Quem diabos
mandou isso para você? Ele exige enquanto sai da sala para
atender a ligação, mas não sei por que ele precisa perguntar.

Todos nós sabemos que Valerie está por trás disso.

Hunter fica na outra sala por um longo tempo lidando


com isso.
Subo para o quarto dele para começar a arrumar minhas
coisas.

Não vou sair mais cedo por causa disso, é só o último dia
do fim de semana, de qualquer maneira, então parece uma boa
hora para fazer as malas.

Quando a campainha toca, franzo a testa.

Hunter teria convidado alguém quando estou aqui? Não


sei como vão suas conversas com quem quer que ele esteja
interrogando sobre a foto, mas não consigo imaginar que faria.

Deixo o quarto de Hunter e vou encontrar a janela mais


próxima com vista para a garagem para dar uma olhada.

Meu coração quase para quando vejo o carro de Valerie


Johnson.

Que porra é essa?

Esquecida de empacotar, desço correndo as escadas.

Não chego até eles. Há um patamar próximo ao fundo que


também é um bom esconderijo para espionagem. Paro aí e
pressiono minhas costas contra a parede.

Hunter já atendeu a porta. Qualquer conversa que eles


estejam tendo claramente ainda não começou.

— O que eu deveria fazer? — Valerie exige. — Você


bloqueou a porra do meu número, Hunter.
— Bloqueei a porra do seu número porque não quero
ouvir mais nenhuma das suas besteiras, — ele diz a ela.

— Não é besteira, — ela insiste. — Juro por Deus, Hunter,


não fui eu que fiz essa foto.

— Talvez não tenha sido você quem fez isso, mas é você
quem está por trás disso. Você acha que sou idiota, Valerie?
Você está com ciúmes de Riley e não consegue parar de
destruí-la, mas quer saber? Acaba agora. Eu te dei um aviso.
Joguei bem pra caralho, não foi? Isso acabou agora. Você
terminou. Você não existe mais. Você é um maldita leprosa. Se
alguém tiver alguma coisa a ver com você, também está feito.
Vou deixar isso claro para todos; veremos quantos amigos de
merda você ainda tem quando eu terminar com você.

— Hunter, pense nisso, — diz ela, e posso ouvir o medo


em sua voz. — Pense sobre isso. Olhe para a foto novamente.
Por que eu faria de você o que fode Riley? Você acha que é um
visual que quero na minha cabeça? E não só isso, o cara
transando com ela? Não é o cara mais gostoso. Quem fez
aquela coisa colocou o rosto de Sherlock no corpo mais quente.
Se eu fizesse isso, eu teria tornado você o mais quente. Você
pode não pensar que fazer algo tão fodido está além de mim,
mas você tem que saber disso.

— Você está fodendo comigo agora? — Ele pergunta,


parecendo um pouco confuso.

— Estou falando sério, — diz ela com petulância. — Sei


que parece estúpido, mas é a verdade. Quando penso em fazer
isso, é para onde minha cabeça vai. Sherlock nem gosta de
mim, por que diabos eu faria dele o mais quente dos três caras?
Eu teria feito dele um idiota. Ela namorou Anderson, há uma
chance melhor de que o pau dele tenha estado em sua boca
desagradável do que o de Sherlock.

— É o bastante.

— Quer dizer, acho que talvez na festa, mas...

— Pare de falar, porra, — Hunter diz.

Ela faz. Porém, apenas por alguns segundos.

— Lamento que alguém tenha feito isso, Hunter, mas não


fui eu. Você tem que acreditar em mim. Já fiz coisas ruins com
ela no passado, mas parei quando você me mandou. Eu nunca
faria algo assim com você. Sou louca por você. Fiz papel de
idiota no baile para evitar que você ficasse coberto de alcatrão
e penas, lembra?

— Sim, e então fiz sua própria brincadeira com você e te


irritei.

— Não, — Valerie diz, a negação em sua voz firme. —


Quero dizer, sim, você fez, você foi um completo idiota comigo,
mas... Hunter, eu nunca te machucaria. Se você quiser minha
opinião honesta, acho que foi Sherlock.

— O quê?

— Ele está fodido o suficiente para fazer algo assim.


— Por que diabos ele faria isso?

— Acho que ele gosta de Riley, — ela diz. — Deus sabe


por que, mas é o que estou ouvindo.

— De quem?

— Poucas pessoas, mas principalmente Melina. Ela tem


uma paixão enorme por ele. Ele estava finalmente começando
a dar a ela o tempo do dia, mas então Riley chamou sua
atenção ou algo assim e agora ele está sendo indescritível
novamente. Ela está chateada. Inferno, talvez fosse ela.
Sherlock é o cara mais quente da foto. Faz sentido se a garota
que o fez dependesse dele. Uma garota não vai fazer Photoshop
no rosto do cara que ela gosta em um corpo feio. Ela
simplesmente não é. E Melina ficou um pouco brava com você
quando você foi malvado com ela na aula naquele dia. Talvez
ela esteja guardando rancor por isso, e ao mesmo tempo com
raiva de Riley por roubar o interesse de Sherlock.

Hunter suspira de aborrecimento.

Franzo a testa, porque ele não está realmente acreditando


nessa porcaria, certo?

— Estou farto dessa merda, — diz ele. — Por que as


garotas se esforçam tanto para perseguir caras que não dão a
mínima para elas? Qual é o fim do jogo aqui, Valerie?

Valerie gagueja, mas se recupera após um segundo. —


Não sei o que você quer dizer.
— Encontre um cara que goste de você. Pare de perseguir
aqueles que não o fazem.

O tom de sua voz esfria consideravelmente. — Eu disse


que não estou por trás dessa foto idiota. Acredite em mim ou
não, mas você não precisa ser tão mau.

— Eu nem estava sendo mau agora, eu estava te dando


um conselho genuíno. Estou farto de ser perseguido. Não sou
um prêmio, não vou para qualquer pessoa que possa enganar
a outra. Estou apaixonado por Riley, apenas Riley, mais
ninguém. Nunca vou ser seu. Mesmo que Riley nunca quisesse
nada comigo pelo resto de nossas vidas, ainda não serei seu.

— Você não quis dizer isso.

— Sim, — ele diz. — Quero dizer. Isso é outra coisa, pare


de se convencer de que não estou falando sério. Quero dizer
isso. Não gosto de você desse jeito. Neste ponto, não gosto de
você de jeito nenhum. Você precisa parar de ser uma vadia com
Riley. Não sei se você está por trás dessa imagem ou não, mas
mesmo que não estivesse, não tente fingir que não a alimentou.
Você é quem criou este ódio contra ela.

Sua voz está ainda mais fria agora, cortando rapidamente


quando ela diz a ele: — E foi você que tornou tudo tão fácil.

Meu estômago afunda. Ambos estão certos.

Pelo menos ele não parece orgulhoso de si mesmo quando


diz: — Sim. Eu sei.
Isso é praticamente o fim da conversa. Fico ali parada
com o estômago embrulhado enquanto ele diz que ela precisa
ir embora, que estou aqui e se eu descer e vê-la aqui, vou ficar
puta.

Valerie vai, porque ela sempre faz o que Hunter manda


quando ela sabe que ele fala sério.

Não saio do meu lugar na escada. Não tenho planos de


esconder que escutei, só não queria me meter no meio disso.

Acho que parte de mim também queria ouvir o que eles


diriam um ao outro quando não soubessem que eu estava
ouvindo.

Hunter suspira pesadamente enquanto fecha a porta. Ele


passa pela escada alguns segundos depois e para quando
percebe que estou ali.

Nossos olhares se encontram.

Meu coração bate um pouco mais forte.

Nenhum de nós fala.

Depois de alguns segundos, ele finalmente quebra o


silêncio. Com uma inclinação dos lábios para cima que nunca
poderia ser chamada de sorriso, ele explica: — Sou a Daisy
dela.

Meu estômago afunda.


Não gosto que ele se refira a si mesmo como qualquer
coisa de Valerie, mas entendo o que ele está dizendo.

Ele é a ideia que Valerie ama em vez de uma pessoa real.

Ela não vai desistir, não importa o quanto ele tente dizer
a verdade. Ela não quer ouvir. Ela não quer acreditar, então
mente para si mesma.

Ela sabe que ele tem um temperamento. Aposto que é


muito fácil culpar tudo isso, convencer-se de que ele não quis
dizer isso.

E entendo. Mesmo pensando que é uma coisa estúpida e


insana de se fazer apegar-se a alguém que não tem interesse
em você, fico me agarrando a Hunter.

Inferno, também não posso deixá-lo ir. A diferença é que


ele gosta de mim.

Hunter não diz mais nada antes de ir embora, mas acho


que ele não precisa. Eu ouvi quase tudo.

Fico onde estou com minhas costas pressionadas contra


a parede. Odeio que alguma parte de mim se sinta mal. Quero
ir atrás dele e garantir que ele é muito mais do que um lindo
quadro para alguém carregar todas as suas esperanças e
sonhos.

Tenho certeza de que ele sabe disso, mas e se alguma


parte dele não souber?
Apesar de meus instintos de proteção em relação a
Hunter, me encontro em conflito demais para me mover.

Uma parte de mim quer correr em sua defesa, mas outra


parte me obriga a cuidar de minhas próprias costas.

A escolha de Hunter para a tarefa de casa passa por


minha mente.

Sei que ele é inteligente, mas aptidão à parte, Hunter


Maxwell nunca optou por fazer uma tarefa mais difícil do que
era absolutamente exigida dele. No que diz respeito à escola,
ele patina. Ele é capaz de muito mais, mas está longe de ser
um superestimado quando se trata de acadêmicos.

Mas para o nosso trabalho de inglês neste fim de semana,


ele escolheu aquele que deu mais trabalho.

Sou a Daisy dela.

Se ela é sua Gatsby, isso significa que alguma parte de


Hunter estava pensando em Valerie quando escolheu essa
missão? É pelo final feliz que ele está torcendo?

Se ela fosse outra pessoa, eu não invejaria seus melhores


desejos. Acredito nele quando diz que sou a única por quem
ele está apaixonado; não acredito que ele tenha sentimentos
por ela que sejam de alguma forma uma ameaça ao que ele
sente por mim.
Mas ele sabe como ela tem sido má comigo. Ele não
deveria precisar de outro motivo. Isso deveria ser o suficiente
para matar qualquer afeto que ele já nutria por ela.

Não me importo se eles foram amigos durante a maior


parte de suas vidas. Se ele me ama, se ele tem a lealdade que
quero, o tratamento dela comigo seria o suficiente para cortar
essa conexão.

Depois do que ele fez, da maneira como ele nos jogou um


contra o outro... Não posso suportar que ele tenha quaisquer
sentimentos por ela.

Sou a Daisy dela, ele disse.

Com isso, eu poderia viver.

Hunter não pode evitar o que ele é para ela, mas...

Não posso suportar que ela seja nada dele.

Hunter me leva para casa depois do jantar. Ainda temos


uma noite agradável, mas é inegavelmente prejudicada pelo
que aconteceu à tarde.

Já que minha mãe não me mandou uma mensagem


enlouquecida sobre isso enquanto eu estava na casa de
Hunter, presumo que nenhuma das mães da PTO tenha visto
a foto e a tenha compartilhado com ela.

Estou indecisa sobre o que fazer a respeito.

Por um lado, devo avisá-la de que há uma imagem


horrível circulando, caso ela chegue até ela.

Por outro lado, é horrível demais para descrever ou


explicar, e não quero mencionar isso.

Talvez ela nunca descubra. Mesmo que uma das mães


fique sabendo disso, elas podem ficar com vergonha de
compartilhar algo tão explícito com ela.

Se eu contar a minha mãe sobre isso, ela vai reagir de


forma exagerada. Ela vai virar a cara, invadir o escritório do
diretor, exigir responsabilidade e a cabeça de alguém em uma
bandeja.

Gosto de prestação de contas, e eu iria gostar de ver a


cabeça de Valerie em uma bandeja, mas tenho certeza que ela
é inteligente o suficiente para se certificar de que não poderia
ser monitorada de volta para ela. Tenho certeza de que ela
pediu a um de seus lacaios para fazer isso em seu computador,
enviá-lo de seu telefone pela primeira vez.

Ela sabe que não pode permitir que Hunter tenha uma
prova irrefutável de que ela estava por trás disso, muito menos
o diretor.
E já que, aparentemente, ela está tentando incriminar
Sherlock agora, ele pode ser arrastado para isso se a escola
iniciar uma investigação. Nem por um segundo acho que ele
teve alguma coisa a ver com isso – ele não tem motivo – mas
não quero arriscar colocá-lo em problemas.

Hunter não pensou em questionar Valerie ou abrir


buracos em suas afirmações idiotas quando ela foi até sua casa
e tentou plantar essa ideia em sua cabeça, mas apenas porque
ela brincou com sua fraqueza.

Ela sabe que Hunter já teve ciúmes de Sherlock,


ciumento o suficiente para dar um soco nele durante o treino
de futebol. Sabendo disso, ela provavelmente sabia que seu
argumento não precisava inteiramente fazer sentido. Tudo o
que ela precisava fazer era plantar dúvida, alimentar a ideia de
que Sherlock gosta de mim, e isso iria distrair Hunter porque
era uma preocupação dele.

Não me distraio tão facilmente.

Sei que foi ela.

Infelizmente, também sei que ela não hesitará em levar as


pessoas com ela.

Não quero que ninguém mais se machuque. Não quero


estar em guerra com Valerie, só quero que ela saia da minha
vida e me deixe em paz.
Mesmo tendo passado grande parte do fim de semana
preguiçosa, ainda estou exausta quando subo na cama e
ajusto meu despertador para a escola pela manhã.

Enrolo-me na cama sozinha, olhando para o lado vazio da


minha cama. Depois de adormecer com Hunter nas últimas
noites, sinto sua ausência agora. Sinto falta dele.

Imprudente.

Este fim de semana foi tão imprudente.

Antes de adormecer, ouço meu telefone vibrar na mesa de


cabeceira. Abro os olhos e vejo o quarto brilhando mais do que
apenas o luar, então viro para verificar meu telefone.

É uma mensagem de Hunter. Ele também não deve


conseguir dormir.

Diz simplesmente: Já estou com saudades.

Um leve sorriso agridoce toca meus lábios enquanto digito


de volta: Também sinto sua falta.
O ar estala bastante quando chego à escola na segunda
de manhã.

Já faz um tempo desde que apareci e senti dezenas e


dezenas de pessoas roubando olhares e sussurrando sobre
mim. Não tem sido assim desde o Homecoming, quando
Hunter fez sua posição pública comigo.

No entanto, isso é muito suculento para eles deixarem


passar.

Quer dizer, não é sempre que pornografia heterossexual


é transmitida – especialmente pornografia vinculada a uma
colega escandalosa.

A maneira como algumas pessoas olham para mim


quando entro no prédio da escola, você pensaria que elas
realmente acreditam que era eu na foto.

Volto à minha rotina de evitar olhares e fingir não notar


enquanto caminho para o meu armário. Só que, quando chego
lá, sou arrancada da minha bolha por alguém que agarra meu
braço.
Meu coração para quando me viro e vejo Sara parada ali.

— Oh meu Deus, o que está acontecendo com você e


Sherlock?

— O quê? — Pergunto inexpressivamente.

— Eu só tenho um minuto, estou atrasada para a aula.


Eu ia mandar uma mensagem para você, mas sei que as coisas
estão estranhas e sei que fui uma vadia na festa. — Ela olha
para baixo, mas apenas por um segundo. A fofoqueira nela não
consegue resistir a um furo, mesmo que as coisas tenham
estado estranhas entre nós. — Mas estou morrendo. Tenho que
saber, todo mundo está falando sobre isso.

— O que você está falando?

— Você não viu a foto?

Reviro os olhos, voltando ao meu armário para enfiar os


livros que não preciso. — Claro que vi a foto. O Photoshop foi
terrível. Quero acreditar que ninguém é estúpido o suficiente
para não perceber que foi feito no Photoshop. Preciso acreditar
nisso. Existem esferas de cores diferentes ao redor de todas as
nossas cabeças, pelo amor de Deus. Não houve nem mesmo
uma tentativa de tornar a mistura perfeita. Mesmo o idiota que
fez a foto não esperava que ninguém acreditasse que era real.

Ela revira os olhos. — Não, sei que obviamente a imagem


não era real, eu estava falando sobre o que ele fez com o carro
de Valerie.
Paro de reorganizar meus livros e me viro para olhar para
ela. — O quê?

Ela me encara de volta em descrença. — Você não ouviu?

Meu estômago começa a se contorcer em nós. — Ouviu o


quê?

— Quer dizer, ninguém sabe ao certo se foi ele, mas todo


mundo está dizendo que foi. Ninguém mais é louco o suficiente
para sequer roubar um carro, muito menos explodir um, mas
ele está um pouco desequilibrado. Da melhor maneira. É meio
quente. Não posso acreditar que um cara explodiu um carro
por você e mal consigo receber uma mensagem de volta.

Fico boquiaberta com ela, sem compreender. — Sherlock


explodiu um carro para mim?

Sara balança a cabeça. — Ele roubou o carro de Valerie


ontem à noite. Levou para um campo e explodiu.

Eu só posso ficar olhando, completamente estupefato. —


Ele... explodiu... o carro de Valerie?

Ela acena com a cabeça ansiosamente, seus olhos


brilhando de excitação. — Não posso acreditar que você não
sabia. Todo mundo está falando sobre isso. Valerie estava com
tanta raiva que começou a chorar. Achei que você gostaria
disso. — Ela olha para trás por cima do ombro. — Tenho que
ir para a aula, mas você deveria se sentar com a gente na hora
do almoço hoje. Estou morrendo de vontade de saber mais
sobre o que está acontecendo.
Fico lá com meu queixo caído enquanto Sara se vira e sai
correndo para a aula.

Preciso ir para a aula também, mas antes de ir nessa


direção, pego meu telefone e abro minha velha corrente de
texto com Sara. Odeio perguntar, mas mando uma mensagem
rápida dizendo: Preciso saber que aula o Sherlock tem
depois desta aula.

Espero que leve algum tempo para ela conseguir essa


informação para mim, então deslizo meu telefone de volta na
minha bolsa, fecho meu armário e vou para a sala de aula com
os livros que preciso para as minhas primeiras duas aulas.

Quando a aula termina e todos saímos para o corredor,


verifico meu telefone para ver se Sara me enviou uma
mensagem de volta.

Macroeconomia AP55 com o Sr. Daly, disse ela.

Digito: Obrigada! Envio para ela antes de sair em busca


da sala do Sr. Daly.

55 É um curso de Macroeconomia de Colocação Avançada para alunos do ensino médio que culmina

em um exame oferecido pelo College Board. O estudo começa com conceitos econômicos
fundamentais, como escassez, custos de oportunidade, possibilidades de produção, especialização,
vantagem comparativa, demanda, oferta e determinação de preços.
É na direção oposta da minha próxima aula, então vou
chegar atrasada se for atrás de Sherlock, mas não sei de que
outra forma vou falar com ele.

Não posso falar com ele sobre isso no almoço na frente de


Hunter. Nem sei se ele vai se sentar com Hunter no almoço
hoje. Hunter está estranhamente silencioso esta manhã,
considerando que tenho certeza de que ele já ouviu sobre tudo
isso agora.

Chego à aula do Sr. Daly em tempo recorde. Dou uma


olhada dentro, mas Sherlock não está lá ainda. Não sei de que
direção ele virá, então, embora odeie esperar por ele em um
local tão público, não tenho outra escolha a não ser ficar
contra a parede e vigiá-lo.

De alguma forma, ele ainda consegue se aproximar


sorrateiramente de mim.

— Bem, isso não é uma boa surpresa.

Pulo, virando minha cabeça para olhar para ele enquanto


ele se aproxima. — Oi.

— Oi, — ele diz com um pequeno aceno de


reconhecimento, seus olhos brilhando com diversão.

Empurro a parede, me sentindo um pouco estranha agora


que ele está realmente parado aqui.

Decidi tentar encontrá-lo, mas de alguma forma, não


consegui superar isso. De alguma forma, esqueci que
realmente teria que falar com ele e, com apenas um minuto de
folga, deveria ter pensado em algo antes que ele estivesse bem
na minha frente.

Meu estômago balança como um navio navegando em um


mar agitado.

— Um... oi, — digo novamente.

Sua diversão se aprofunda. — Você já disse isso.

— Certo.

— Você parece nervosa, — ele comenta, perfeitamente à


vontade com o meu nervosismo.

Droga, esqueci como ele me afetou quando me pegou


sozinha.

Não estamos realmente sozinhos, ainda há pessoas no


corredor, mas parece que estamos sozinhos.

Isso foi um erro.

Anseio por fugir, mas devo fazer o que vim fazer.

— Ouvi um boato sobre você, — digo rapidamente,


incapaz de pensar em qualquer outra coisa.

— Sim? — Ele muda a bolsa de lona jogada por cima do


ombro até o quadril, puxando a aba sem olhar e puxando seu
livro de macroeconomia. — Ouvi um pouco sobre você também.
O boato é que você tem seios lindos. Não acho que a garota
cujo rosto estou fodendo naquela captura de tela pornográfica
brega realmente fez justiça a você, mas suponho que seja esse
o ponto, hein?

Meu coração despenca ao ouvi-lo falar tão grosseiramente


sobre meu corpo e o que “ele” estava fazendo com ele na foto
infame.

Posso sentir um rubor subindo pelo meu pescoço, mas


como já estou aqui, tento me controlar. Tudo o que realmente
quero fazer é dar meia-volta e fugir sem dizer uma palavra, mas
isso seria estúpido. Vim aqui por um motivo. Eu só preciso
ficar no caminho certo e obter minhas respostas.

— Você fez isso? — Pergunto.

— Foder a sua cara? Não, ainda não, — ele diz, sua boca
puxando para cima com diversão.

— Nunca, — digo, já que pelo menos sei como responder


a isso. — Sou de Hunter, lembra?

— Você é? — Ele pergunta com uma carranca repentina,


inclinando a cabeça. — Porque, veja, se você é, como é que ele
não é o único que defende sua honra? Se eu tiver que fazer
isso, acho que talvez você não seja dele. Acho que talvez você
esteja à disposição.

Defenda minha honra?

Isso soa como uma admissão de culpa para mim. — Você


realmente fez isso, não é? Você roubou o carro dela e o
explodiu.
— Tecnicamente, ninguém explodiu o carro. Foi
mergulhado em gasolina e incendiado. Não houve explosão,
mas as pessoas gostam de uma recontagem dramática.

— Sherlock, isso é sério. Isso é crime. Você pode ser


preso.

Ele balança a cabeça, aparentemente despreocupado. —


Não sou um idiota, Riley. Sei como cobrir meus rastros. Tenho
um álibi. — Ele sorri. — Mas é muito gentil da sua parte se
preocupar comigo.

Bem quando parece que a descarga não pode aumentar


mais, o calor atinge o topo das minhas orelhas. Meu peito está
apertado, como se eu não conseguisse nem respirar direito.
Olho para baixo por um momento para me orientar, então
levanto meu olhar de volta para o dele. — Por que você faria
isso?

Ele encolhe os ombros, sem dizer uma palavra, apenas


olhando para mim com aqueles seus olhos hipnóticos.

À medida que eles me perfuram, percebo que hoje


parecem diferentes de novo. À primeira vista, eles eram azuis.
Na noite da festa com aquela luz predatória neles, eles eram
da cor de aço duro. Mas agora, olhando para eles, vejo ainda
mais detalhes que não havia notado antes.

Seus olhos parecem mais verdes hoje. Há um anel


marrom queimado ao redor da pupila com um tom dourado
mais claro circundando-o como chamas em leque. Além disso,
seus olhos são de uma cor oceânica que vai do claro ao escuro,
mas acho que é aquele anel dourado que dá a eles tanta
profundidade, que o torna tão difícil de desviar o olhar. Seus
olhos são como um inferno explodindo para fora, avisando a
pobre alma à deriva em suas profundezas, – se você brincar
com fogo, você vai se queimar.

Já que ele não respondeu minha pergunta, eu o cutuco


um pouco. — Quer dizer, sei que você disse que não gosta dela,
mas o suficiente para fazer isso? O que ela fez para você?

— Ela não fez nada comigo.

— Então por quê?

Ele dá um passo em minha direção e meu coração


afunda. Instintivamente, tento me afastar dele, mas já estou
contra a parede, então não posso ir longe.

Meu coração tenta bater para fora do meu peito enquanto


ele me prende, bem aqui no corredor.

Há menos pessoas andando agora, mas não está


totalmente vazio. Eu poderia pedir ajuda se precisasse, mas
não o faço. Ele não vai me machucar e o tipo de ajuda de que
preciso agora... Não consigo obter de nenhum desses
transeuntes.

— Não sei como é com Hunter, Riley, mas comigo... Não


faça uma pergunta para a qual você não quer uma resposta.
Não estou com medo, não mesmo, mas mal consigo
respirar. Mantenho seu olhar enquanto ele olha para mim, mas
não consigo encontrar minhas palavras.

Isso não foi nada como pensei que seria.

Ele fica parado por um momento, tempo suficiente para


eu perguntar mais uma vez se eu realmente quero a resposta.

Não quero.

O sino toca.

Um choque me percorre.

Estou oficialmente atrasada.

Ele também.

Ele não está muito preocupado com isso, no entanto.

Ele dá um passo para trás, um sorriso fácil caindo no


lugar em seu rosto bonito. — Bem, se você mudar de ideia,
sabe onde me encontrar.

Com isso, ele se vira e desaparece na sala de aula.


Meu estômago fica embrulhado pelo resto do dia.

Achei que perguntar a Sherlock sobre o que Sara me disse


era a coisa certa a fazer, mas agora sinto que estou confusa.

Sinto um nó no estômago que parece ter sido encharcado


de ácido primeiro. Isso me atormenta, me distraindo e
roubando minha concentração quando finalmente chego tarde
para a aula. Há um nó espesso de emoção em meu peito,
fazendo-o parecer apertado muito tempo depois que ele se foi.

Nós por toda parte. Não consigo recuperar o fôlego.

Tento dizer a mim mesma que não sei por que estou tão
destruída, mas acho que sei.

Não gosto de Sherlock, mas ele é o único cara além de


Hunter que me faz sentir tão mal. Não gosto dele, mas… sinto-
me atraída por ele.

Enquanto sento na minha próxima aula, agonizando com


essa admissão e não prestando um único sinal de atenção ao
professor, tento ordenar meus sentimentos. E desvendar a
culpa em volta da minha garganta, cortando meu suprimento
de ar.

Eu não deveria me sentir culpada.

Não sou realmente de Hunter.

Eu disse isso a Sherlock porque precisava lembrá-lo de


que estou fora dos limites, mas embora nunca fizesse nada
para machucar Hunter deliberadamente... não devo minha
lealdade a ele. Ele fez coisas para me machucar
deliberadamente.

Por que eu deveria me punir por sentir uma vibração em


direção a Sherlock quando Hunter dormiu com Valerie
Johnson?

Sherlock está certo, francamente. Se Hunter queria me


defender, ele deveria. Ele ameaçou Valerie com o banimento
quando ela veio para sua casa ontem, mas então ele acreditou
em suas besteiras e deixou que ela o distraísse.

Talvez seja porque, embora ele não a ame, ele tem algum
tipo de sentimento complicado por Valerie. Afinal, ela é sua ex.

Ele me vendeu por ela, e fez isso de propósito.

O que quer que eu esteja sentindo por Sherlock... não era


minha intenção. Eu nunca teria, se Hunter não tivesse
quebrado meu coração.
E eu sou solteira. Eu amo Hunter, mas não posso ficar
com ele. Não estou fazendo nada de errado se me sinto atraída
por outra pessoa.

Ainda parece errado, no entanto.

Tudo isso faz meu estômago doer.

Quero interromper o almoço hoje, mas quando Hunter


não aparece na aula de inglês, fico nervosa. Não consigo me
concentrar em nada. Por puro desespero, até olho para trás
para Melina com a intenção de perguntar a ela se ela sabe por
que Hunter não está na aula. Quando olho para ela, no
entanto, eu a pego olhando para mim. Ela tenta limpar sua
expressão rapidamente e colar um grande sorriso falso, mas...

Não me incomodo em perguntar a ela sobre Hunter.

Como ele não me mandou mensagem a manhã toda,


também tenho evitado. Enquanto caminho em direção ao
refeitório, mando uma mensagem para ele para ter certeza de
que ele está bem.

Você não estava na aula de inglês, escrevo, como se ele


ainda não soubesse disso. Tentando manter a brincadeira,
acrescento: Está pensando melhor sobre o seu final?

Ele responde um minuto depois. Sobre matar Sherlock?


Não. Sinto-me muito confiante nessa decisão.
Meu coração afunda. Quer eu ache que devo ou não,
sinto-me culpada. Também sinto que estou mentindo por
omissão, então digo a ele: Falei com ele hoje entre as aulas.

Espero, meu coração pesado, enquanto as pequenas


bolhas cinza se movem na tela.

Finalmente, ele responde: Eu sei.

Ele sabe?

Franzo a testa para o meu telefone. Como?

Um momento depois, uma foto aparece na minha tela e


me deixa sem fôlego.

Somos eu e Sherlock no corredor do lado de fora de sua


classe. É ele pairando sobre mim, me olhando como se
estivesse prestes a me devorar. Sou eu olhando para ele, com
os olhos arregalados e despreparada para ser sua próxima
refeição.

Oh Deus.

Onde você está? Respondo rapidamente, minhas mãos


tremendo um pouco com a adrenalina correndo por mim.
Hunter, não é o que parece.

Nunca é, não é? Ele responde.

Como ele continua obtendo fotos incriminatórias de mim?


Valerie tem espiões tirando fotos minhas sempre que podem?

Onde você está? Pergunto de novo.


Ele não responde.

Merda.

Onde você está? Pergunto de novo, mais


desesperadamente. Por favor, me responda. Preciso ver
você.

Finalmente, ele responde: Tive que sair. Eu seria


suspenso se não o fizesse.

Onde você está? Pergunto mais uma vez.

Em vez de uma resposta, ele me manda outra foto – de


sua vista, suponho. É a floresta atrás de sua casa, a água sob
a ponte.

Você vai voltar para o almoço? Pergunto-lhe.

Não.

Suspirando, olho ao redor.

Estou em conflito. Geralmente não saio da escola, mas


preciso falar com Hunter e, honestamente, estou preocupada
que ele possa se sentir muito sozinho agora. Não quero que ele
se sinta sozinho.

Tomando uma decisão, vou até meu armário para pegar


minhas coisas, então saio pelas portas de saída e caminho em
direção à ponte.
Quando chego lá, Hunter está sentado na beirada com as
pernas balançando sobre a água. Isso me lembra muito
daquele dia em que o encontrei pela primeira vez.

Sem dizer uma palavra, tiro minha bolsa do ombro e me


sento ao lado dele.

Hunter ainda está olhando para a água. Não espero que


ele diga nada até eu arrancar isso dele, mas ele me surpreende
quebrando o silêncio, sua voz muito mais calma do que eu
esperava depois daquela foto que ele me enviou.

— Eu costumava vir aqui o tempo todo quando minha


mãe e seus maridos brigavam. Ela sempre parecia ser atraída
por homens com quem lutava muito. Nunca fez muito sentido
para mim. Eu não conseguia descobrir por que ela queria estar
com alguém com quem ela brigava o tempo todo.

Não sei o que dizer, então não digo nada.

— Perguntei a ela sobre isso uma vez. Ela me disse que


seria muito pior se você não lutasse. Isso significa que você não
sentiu nada com muita força. Ela disse que se você vai amar
alguém, pode muito bem ser alguém que te deixa louco. — Ele
olha para mim. — Nunca pensei que minha mãe fosse alguém
de quem eu aceitaria conselhos sobre relacionamento, mas
você me deixa louco, Riley. Talvez eu seja um hipócrita por
dizer a Valerie para se foder e encontrar alguém que realmente
goste dela. Também não consigo parar de perseguir alguém
que não quer ser pego.
Suas palavras arrancam um pouco do ar dos meus
pulmões. Eles puxam as cordas do meu coração e me fazem
sentir mal. Abraçando seu bíceps e apoiando minha cabeça em
seu braço, digo a ele: — Não é a mesma coisa.

— Pareceu a mesma coisa hoje.

— Não é. — Solto seu braço depois de um minuto e me


endireito de volta. — Eu costumava vir aqui o tempo todo
também. Quando você se foi. Eu sabia que você não estaria
aqui, mas me fazia sentir mais perto de você. Eu costumava
fantasiar que talvez você voltasse à cidade para uma visita e
tropeçasse em mim. — Sorrio levemente com a memória, mas
meu sorriso fica agridoce agora que ele está realmente aqui. —
Confie em mim, Hunter. Eu não queria nada mais do que ser
pega por você.

— Mas então voltei e estraguei tudo, — ele diz, seu tom é


o mesmo.

Concordo. Não me preocupo em dizer nada. Nós dois


sabemos o que ele fez.

— Você gosta de Sherlock?

Meu coração afunda ao ouvi-lo me fazer essa pergunta.

Não tenho certeza.

— Não, — digo. — Eu gosto de você, — acrescento, porque


pelo menos essa é toda a verdade.

— Mas você não será minha, — diz ele.


Olho para a água, apoiando as palmas das mãos na borda
da ponte. — Não posso. Você sabe disso.

— Você poderia ser dele, no entanto. Não há nada que a


impeça com ele.

— Ele é seu amigo, — murmuro.

— Não tenho mais certeza se ele é. Da próxima vez que o


vir, vou dar um soco na cara dele. Não acho que seremos
amigos depois de fazer isso pela segunda vez.

Olhando para ele, digo: — Não faça isso.

Ele encontra meu olhar, seus olhos castanhos


turbulentos. — Oh, eu vou fazer isso.

— Então vou ficar com raiva de você, — digo a ele.

— Isso não me faz querer socá-lo menos, — declara


Hunter.

Balanço minha cabeça, olhando de volta para a água. —


Não vai conseguir nada.

— Isso vai me fazer sentir melhor, — ele murmura.

— Será? — Pergunto, olhando para ele.

Ele olha para a água sob seus pés. — Não, provavelmente


não.

Minhas palavras estão secando hoje, então espero para


ver se ele tem mais alguma coisa a dizer.
— Tenho medo de perder você, — ele finalmente diz.

Quero dizer a ele que não vai me perder, mas ele sabe que
eu diria isso. Quando ele está aberto e vulnerável comigo,
sempre quero tranquilizá-lo e fazê-lo se sentir seguro.

Mas também não quero fazer uma promessa que não


posso cumprir.

Em vez disso, digo a ele: — Se você fizer isso, não terá


absolutamente nada a ver com Sherlock.

Seus lábios se curvam enquanto ele olha para a água,


mas não é um sorriso. É muito cínico para ser um sorriso. —
Sim, claro que não.

— Não vai, — digo com firmeza, olhando para ele até que
ele olhe para trás.

— Não me importo se é amanhã ou uma semana antes da


formatura, Riley, se eu descobrir que você está com ele, iremos
para a guerra. E se eu for para a guerra com ele, não vai ser
uma vitrine de pegadinhas estúpidas do colégio. Se eu for para
a guerra com ele, um de nós vai ser preso.

Suas palavras acendem uma faísca de raiva em mim. —


Eu te disse, não vou ficar com ele. — Não querendo sentar aqui
por mais tempo, me levanto. — Existem muitas diferenças
entre você e eu, Hunter, mas aqui está uma delas. Quando fui
à sua casa assim que você voltou, com o coração na porra das
mãos, e pedi que não ficasse com Valerie, você fez de tudo para
me machucar, embora nem mesmo gostasse dela. Eu poderia
realmente gostar de Sherlock se passasse um tempo com ele.
E se eu saísse com ele, não seria por maldade. Não seria para
te machucar. Seria para ver se eu realmente gostaria dele. Mas
não vou abrir essa porta porque sei que isso machucaria você.
E você não merece essa consideração de minha parte,
realmente não merece, mas vou dar-lhe mesmo assim, porque
sou assim. Porque realmente te amo, e quando você ama
alguém, você não os prejudica de propósito.

Hunter também se levanta. — Se você me ama pra


caralho, então vamos deixar isso conhecido para todos. Sei que
você não me perdoa ainda, entendo, mas não vou parar de
trabalhar se você concordar em ser minha. Vou fazer você
superar isso, Riley. Mas preciso que você me dê uma porra de
uma chance. Se você tem um pé fora da porta, isso é uma
coisa, mas dois pés? Dois pés fora da porta é realmente difícil
de trabalhar quando, de repente, há outro cara farejando. Se
fosse qualquer outro cara, provavelmente não ficaria
preocupado, mas...

Ele para.

Vejo a realização surgindo nele.

Ele suspira para si mesmo, então olha para mim. — Ele


não, — diz ele, ecoando o pedido que fiz a ele naquele dia
fatídico em seu quintal.

Isso é injusto pra caralho. Pedindo mais de mim do que


estava disposto a fazer a si mesmo.
Não quero machucar Hunter, mas estou cansada do cabo-
de-guerra emocional. Sei que ele não vai ceder, mas sei que
também não vou, e não sei onde isso nos deixa. Torturando-se
pelo resto do ano letivo?

Talvez eu não devesse ser a pessoa mais importante.

Talvez eu devesse acabar com isso antes que acabemos


nos machucando ainda mais. Forçá-lo a me deixar ir, de uma
vez por todas.

Eu sei como, agora.

Exatamente como ele sabia.

Da última vez, ele quebrou meu coração de propósito.

Se eu tivesse algum bom senso, talvez agora quebrasse o


dele.

Um nó de emoção se aloja na minha garganta. Parece dor


e arrependimento. Tem gosto de perda.

Eu sabia que amá-lo seria difícil, mas não sabia que seria
tão difícil.

— Não quero que você vá à guerra com ele, — digo.

— Então não me obrigue.

Lágrimas queimam em meus olhos. Depois do dia que


tive, estou mentalmente e emocionalmente exausta. — Se eu
apenas pedisse para você me deixar ir... você iria?
Mágoa passa por seus olhos que eu até mesmo
perguntaria, e minha visão embaça enquanto as lágrimas
brotam.

— Não, — diz ele, quase com pesar, como se soubesse o


que isso pode significar.

É a resposta que eu esperava. Para ser honesta, qualquer


outra resposta teria me decepcionado.

Estamos completamente ferrados, nós dois.

— Tenho que ir, — digo suavemente, arrancando uma


lágrima perdida do meu rosto e me curvando para recuperar
minha mochila.

— Riley. — Sua mão se fecha em volta do meu pulso, me


impedindo de fugir como eu queria desesperadamente. — Não
vá.

— Estou cansada, Hunter.

— Venha para a minha casa, — ele diz, seus olhos


castanhos quentes viajando por todo o comprimento do meu
corpo antes de retornar ao meu rosto. Apesar do peso deste
dia, seus olhos brilham com um toque de brincadeira, já que
ele está tentando me persuadir. — Podemos tirar uma soneca.

Estou tentada a ir com ele. Para deixá-lo enterrar nossos


problemas, afugentar minha tristeza. Para se enroscar nos
lençóis com ele e fingir que esse é um mundo em que podemos
viver.
Mas isso não.

Hunter e eu não trabalhamos no mundo real, só


trabalhamos quando estamos sozinhos.

— Não posso passar mais tempo em seu mundo, Hunter,


— digo a ele, minha voz tão baixa e triste que nem tenho
certeza se ele pode me ouvir. — Não pertenço a este lugar.

Hunter dá um passo em minha direção. Seus olhos


brilham com algo duro e feroz. Ele me agarra e me puxa para
seu peito como se ele pudesse me proteger.

Ele é aquele de quem preciso proteger, no entanto. Ele é


o desastre natural que me destrói toda vez que chega perto
demais.

Empurrando os dedos em meu cabelo, ele embala meu


couro cabeludo para manter meu rosto pressionado contra ele.
Em seguida, ele beija o topo da minha cabeça e diz ferozmente:
— Você pertence aonde quer que eu esteja, Riley.

Balanço minha cabeça. — Não, eu não.

Seu aperto no meu cabelo diminui levemente. Ele


reconsidera e diz: — Então, talvez eu pertença a onde você
estiver.

Não sei o que ele está pensando, mas também não me


importo. Estou cansada. Tudo o que quero fazer é ir para casa
e rastejar para a cama por algumas horas antes de ir para o
trabalho.
Saindo de seu abraço, fungo e digo a ele: — Tenho que ir.

— Riley, — ele grita enquanto me viro para ir em direção


à minha casa.

Paro, mas não olho para trás.

— Apenas... fique longe de Sherlock, certo? Conheço o


cara há muito tempo, é fácil se envolver com ele. Não faça algo
que você vai se arrepender só porque está com raiva de mim.

Se ele tivesse seguido seu próprio conselho, não


estaríamos aqui agora.

Não vou fazer mais promessas a ele, no entanto.

Sem uma palavra para reconhecer que ele disse alguma


coisa, coloco minha bolsa no ombro e saio em direção à minha
casa.
Depois de uma longa e miserável manhã de merda, deixo
a ponte e vou para casa.

As rodas na minha cabeça estão girando todo o caminho


até lá. Elas não param quando chego lá também. Sei o que
tenho que fazer, só preciso ter certeza de que Sherlock fique
longe de Riley enquanto descubro como fazer isso.

Ele não é fodidamente certo para ela, mas ele é uma


distração e tanto.

Não quero que nosso relacionamento sofra mais danos do


que já sofreu, mas aquela foto deles hoje quase me matou. Se
Sherlock a tocar, vou enlouquecer.

Não vou amá-la menos. Eu certamente não a quero


menos, porra. Mas vou perder minha maldita mente.

Vou despedaçá-lo e, com Riley entre nós, sei que ela será
atingida pelos estilhaços. Ela já fez naquela noite na festa, e
isso não foi uma guerra total, foi apenas um choque para a
porra do meu sistema.
Não quero mais machucar Riley. Machuquei-a o
suficiente por algumas vidas. Causei mais danos do que
pretendia.

Sei que tenho um trabalho difícil, mas não tenho medo


do trabalho.

Acho que o problema é que tenho tentado tanto trazer


Riley para o meu mundo, que não me ocorreu que poderia
simplesmente invadir o dela. Ela está confortável lá. É onde ela
gosta de estar. Não passei muito tempo no mundo dela, mas
sei que ela não gosta do meu, então talvez eu que precise me
mudar.

Cada vez que fiz progresso com Riley, é porque marchei


em seu mundo.

Cada vez que a perdi um pouco, é porque tentei arrastá-


la para o meu.

Está tudo tão claro agora, não sei como não percebi antes.

Já que não vou voltar para a escola hoje, subo as escadas


para fazer algumas pesquisas que realmente importam.

Tenho treino esta noite, mas desde que faltei à escola,


posso perder tudo. Na verdade, posso explodir
permanentemente. Foda-se. Não me importo com futebol, e
quanto menos eu vir Sherlock, melhor agora.

Sem o futebol tomar muito do meu tempo, eu também


poderia voltar ao jornal e passar esse tempo com Riley. Eu
realmente não desisti porque não conseguia conciliar as duas
atividades, eu só queria esquecer Riley, então eu precisava
parar de estar perto dela mais do que absolutamente precisava
estar. Para começar, era uma ideia idiota, fadada ao fracasso.

Riley é minha, quer ela queira admitir para si mesma ou


não. Ela sempre vai ser, e ninguém vai ficar no meu caminho
– nem mesmo ela.

Mas a fiz passar por muito.

Preciso redirecionar e tornar as coisas mais fáceis para


ela.

Quando a campainha toca algumas horas depois, penso


em fingir que não estou em casa. Eu não estava esperando
ninguém e não quero ser interrompido agora, mas se for Riley,
desço de qualquer maneira.

Quando abro a porta, não é Riley que está do outro lado.

É a mãe dela.

Isso... não era o que eu esperava.

Não sei como diabos devo proceder.

— Oi, — digo incerto.

— Oi. — Ela tenta ser cordial, mas sua saudação é tensa.

Não estou surpreso. Ela pode ter dito a Riley que me daria
uma chance, mas sei que Michelle ainda tem reservas sobre
mim. Entendo. Ela é protetora com Riley e não está convencida
de que não vou machucá-la. Não levo isso para o lado pessoal,
mas me faz pensar que diabos ela está fazendo na minha casa.

— Riley não está aqui, — digo a ela, gesticulando


vagamente para a sala atrás de mim.

— Sim, eu sei. Estou aqui para falar com você.

— Comigo?

Ela acena com a cabeça.

Huh. Bem, tudo bem.

Dou um passo para trás. — Entre.

Ela olha para trás de mim com relutância, como se ela


realmente não quisesse. Ela dá um passo para a entrada, mas
permanece perto da porta, uma mão na alça da bolsa como se
ela estivesse ansiosa para voltar por ela.

Já que ela parece tão desconfortável estando aqui, não


tento levá-la mais longe sem indicação de que ela quer entrar.
— Você quer se sentar? Você está com sede?

Ela balança a cabeça. — Não. Não espero ficar aqui por


muito tempo, só... preciso fazer algumas perguntas e,
dependendo das respostas a essas perguntas, dar alguns
conselhos que você não pediu.

Minhas sobrancelhas sobem. — Parece um bom


momento.
— Deveria haver uma barraca de carnaval do lado de fora
vendendo ingressos, — ela afirma.

— Tudo bem. Quais são essas perguntas?

— Você ama minha filha? — Ela pergunta sem rodeios. —


Não quero dizer que você a ache bonita, inteligente ou
engraçada, que goste dela, que queira dormir com ela. Não
desejo, não gosto – você realmente ama minha filha? Através
de bons e maus momentos, sobrevivendo aos bons tempos e
ao mau tipo de amor?

— Sim, — respondo sem hesitação.

Ela acena com a cabeça como se fosse a resposta que ela


esperava. — Ok. O que você fez com ela?

Meu coração afunda.

Michelle fecha os olhos e levanta a mão antes que eu


possa falar. — Não, espere. Não me diga. Não me diga o que
você fez. Disse a mim mesma que não perguntaria isso. Está
configurando isso para falhar. Riley pode te perdoar pelo que
quer que tenha sido, mas eu nunca vou. Não me diga o que
você fez. Diga-me por que você fez isso.

Deixo cair seu olhar, tentando descobrir o que ela quer


dizer. Não tenho ideia do que Riley compartilha com sua mãe.
Ela quer dizer a noite em que tirei sua virgindade, a coisa com
Valerie ou a noite em que Sherlock a beijou?
— Você parece confuso, — diz Michelle, parecendo um
pouco assustada. — Por que você parece confuso? Existe uma
lista longa? Você está tentando descobrir a que hora estou me
referindo?

Jesus Cristo. Como as mães fazem isso?

Michelle considera minha não resposta em um


nanosegundo como uma verificação de minha longa lista de
pecados e cobre o rosto com as mãos. — Ugh, o que estou
fazendo aqui? Eu deveria apenas deixar isso funcionar
sozinho. Ela vai para a faculdade em alguns meses, de
qualquer maneira, talvez nunca mais volte a ver nenhum de
vocês. Talvez ela supere essa coisa de bad boy e encontre
alguém que vai cuidar melhor dela.

— Ei, — digo, carrancudo. — Olha, não quero brigar com


você. Riley te ama e quero que você goste de mim, mas não há
ninguém no mundo que trataria sua filha melhor do que eu.

Ela descobre o rosto e levanta uma sobrancelha. — Então


como é que a garota que é louca por você desde os 14 anos se
recusa a ser sua namorada agora? Inicialmente pensei que era
minha culpa, mas percebi que é sua. Você começou a enviar
flores. Os homens só enviam flores quando eles fodem, e ela
jogou fora uma semana, o que você deve ter realmente fodido.
Riley nunca faria isso sem um motivo insanamente bom.

Balanço minha cabeça. — Não vou me defender, Michelle.


Estraguei tudo, e tenho tentado fazer as pazes com ela desde
então. Sei que é minha culpa ela não concordar em ser minha
namorada. Não significa que vou parar de tentar. Não vou. Ela
é tudo para mim. Nada vai mudar isso. Não quero mais
ninguém. Sei que você acha que somos muito jovens ou algo
assim, mas não sou muito jovem para saber que amo sua filha
e nunca quero amar outra pessoa.

Toda a sua postura muda. É quase como se ela desse um


passo para trás, mas seus pés não se movem. Ela me olha pela
primeira vez como se me levasse um pouco a sério.

Então, a mulher que parece nunca ficar sem palavras diz


simplesmente: — Huh.

— Isso responde à sua pergunta?

— Sim.

Sinto-me estranho como o inferno, despejando meu


coração por sua aprovação. Agora ela não parece
desconfortável e ansiosa para fugir, mas esses sentimentos
passaram por mim. — Então... é isso?

Ela balança a cabeça. — Não. Você desbloqueou o nível


de aconselhamento não solicitado.

— Sorte minha.

Ela sorri levemente, mas não atinge seus olhos. — Você


tem que deixar Sherlock em paz.

Tudo o que eu esperava que ela dissesse, não era isso. —


Com licença?
— Entendo que ele a beijou e você está com ciúmes. Até
entendo que ele foi insistente e agressivo, e talvez... — Ela para,
sem saber como terminar a frase. Ela não entende, mas ela
traz seu olhar de volta para o meu. — Entendo perfeitamente
de onde você vem e por que se sente assim, mas você tem que
recuar. — Ela levanta a mão para evitar minha objeção. —
Escute, não sei o que você fez para abri-la para a possibilidade
de alguém além de você, mas você fez. Ela não chegou lá
sozinha. Riley é a pessoa mais leal do mundo.

Suspiro. — Sei disso. Não estou bravo com Riley.

— Eu só queria ter certeza de que você entendeu. Não é


porque ela não te ama. Ela ama. Mas quem quer que tenha
feito a lágrima pela qual escapou, está lá.

Meu coração quase para. — Ela falou com você sobre ele?

— Não vou trair a confiança da minha filha, mas vou...


dar um jeito nisso. — Ela se mexe desconfortavelmente,
olhando para o chão em vez de olhar para mim.

— Tudo bem, — digo com cautela, olhando para ela.

— Alguma parte de mim deseja que Riley tivesse


continuado em um relacionamento assexuado com Anderson,
porque... bem, é difícil ver seu bebê crescer. Na minha mente
mais racional, sei que isso nunca iria durar. Ela está
crescendo, e parte disso está descobrindo... amor, paixão –
todas aquelas coisas divertidas e assustadoras que ela nunca
sentiu antes de você. — Ela olha para mim. — Se Riley vai levar
alguém a sério, prefiro que seja o cara que manda flores e tenta
implacavelmente consertar o que quebrou do que o cara que a
encurrala em festas e explode o carro da rival.

Eu sabia que havia algo se formando entre Riley e


Sherlock. Pude sentir isso. Ouvir sua mãe reconhecer isso...
isso está em outro nível.

Se sua mãe sabe sobre isso, Sherlock é uma maldita


ameaça, quer Riley queira admitir ou não.

— Ele não explodiu o carro, — murmuro. — Ele


simplesmente ateou fogo.

— Não posso expressar o quão pouco me importo com


essa diferenciação. Ele cometeu incêndio criminoso em algum
nível e demonstrou tendências predatórias em relação à minha
filha. Ele é o Satanás, e agora percebo que estou muito mais
confortável com o diabo que conheço. — Ela gesticula ao redor
do foyer. — Daí a minha presença aqui no Inferno.

Balanço minha cabeça, irritado. Olhando para a parede,


digo: — Então, que porra devo fazer, Michelle? Apenas sentar
e vê-la escorregar por entre meus dedos? Como você veio aqui
e me disse que estou certo em estar preocupado, mas preciso
recuar e apenas deixar acontecer?

— Isso não é tudo o que estou dizendo, — ela me diz. —


Sei que pode parecer contra-intuitivo agora, mas acredite em
mim, garoto, estive em torno do quarteirão mais algumas vezes
do que você. Não sou especialista em amor, mas aprendi
algumas coisas ao longo dos anos e conheço minha filha.

Certamente não posso argumentar contra isso.

Michelle continua. — Riley é o tipo de pessoa que não


suporta ver as pessoas sendo maltratadas. Eu sei, a maioria
das pessoas boas não gosta de ver os outros maltratados, mas
é diferente para Riley. Ela não pode ficar parada e assistir isso
acontecer, ela não é uma espectadora. Ela tem que fazer disso
seu problema. Ela tem que proteger a parte ferida. Quando
Valerie machucou Sara na primeira série, Riley puxou Sara sob
sua proteção e se tornou sua melhor amiga. Quando Riley
descobriu que seu padrasto estava abusando de você e sua
mãe não estava fazendo nada sobre isso, ela teve que protegê-
lo, Hunter. Ela precisava tentar. É quem ela é. Honestamente,
estou chocada que ela tenha conseguido manter esse segredo
por tanto tempo, mas o único motivo pelo qual ela fez isso foi
por lealdade a você. A certa altura, o que significava ser leal a
você... tornou-se algo diferente, mesmo que você não gostasse.

— Eu sei, — digo a ela, olhando para baixo. — Não estou


mais com raiva de tudo isso.

— Bom. Mas estou trazendo isso para mostrar exemplos


de Riley sendo quem ela é. Exemplos que você viu por si
mesmo, então você pode ver que estou certa.

— O que isso tem a ver com Sherlock? — Pergunto,


embora acho que posso ver onde ela está indo com isso.
— Se você for atrás dele, Riley o protegerá. Ela vai ter que
fazer. É quem ela é.

Minhas mãos se fecham em punhos ao meu lado.

— Não é porque ela não te ama, ou porque ela gosta mais


dele. É apenas quem ela é. Quaisquer que sejam suas razões,
ela simpatiza com ele. Não sei o que são; infelizmente, não
podemos falar sobre ele. A única vez que realmente tentamos...
— Ela para, balançando a cabeça. — Não sou boa o suficiente
em fingir meus sentimentos para fingir que não tenho medo de
que ela goste dele, e se ela sentir isso, isso só o tornará mais
atraente. Eu realmente não acho que algum dia teria que lidar
com essa dinâmica com Riley. Somos assustadoramente
próximas, nunca imaginei que ela iria querer se rebelar e
namorar um cara que eu não gostava, mas primeiro você,
agora esse cara... De qualquer forma, você não quer ouvir nada
disso. A questão é... — Ela olha para cima, como se procurasse
por uma linha perdida de pensamentos. — Esqueci meu ponto.

Refresco sua memória, embora eu odeie cada palavra


mais do que a última. — Quanto mais vou atrás de Sherlock,
mais vou empurrá-la em seus braços.

— Sim, isso, — ela diz, apontando para mim. — E não


conheço esse cara, mas pela impressão que tenho, você não
quer dar a ele um centímetro; ele vai percorrer uma milha.

— Sim. Esse é Sherlock, — murmuro.


— Então, esse é o meu medo. Que Riley nem perceba que
o está deixando entrar até que seja tarde demais. Se ela abrir
a porta mais ou menos um centímetro, ele pode simplesmente
abrir caminho até o coração dela. Ele já tem a simpatia dela,
ela já está na fronteira de sentir que estamos sendo injustos
com ele, e para inclinar ainda mais as chances a seu favor, o
garoto explodiu o carro de Valerie Johnson para defender a
honra de Riley. Riley não odeia muitas pessoas, mas ela
despreza Valerie Johnson. Se você não tivesse voltado, acho
que essa ação por si só teria jogado a calcinha nele. Nós dois
tivemos sorte que ele não a notou antes e tentou fazer isso
enquanto você estava fora.

Raiva corre através de mim só de pensar sobre ele se


mudando para Riley enquanto eu não estava aqui. — Sim,
bem... éramos amigos naquela época. Ele sabia melhor.

— Bem, talvez você devesse estar de novo, — ela


aconselha. — Não quero colocar todo o Padrinho sobre você,
mas manter seus amigos por perto, e seus inimigos por perto,
certo?

Concordo. — Certo.

Um momento se passa em silêncio, dando início a sua


saída. — Então é isso. Meus dois centavos56. Eu estava em
conflito sobre lhe contar tudo isso. Sei que não deve ser
agradável ouvir.

56 Meus dois centavos é uma expressão usada para ‘dar conselho’.


— Não. Claro que não.

— Mas você disse que a amava, — ela diz, como se para


me lembrar. — De verdade. Quando é fácil e quando é difícil.
Se isso for verdade... prove.

Olho para o chão, balançando a cabeça. Tempos como


estes, desejo que eu tivesse alguém que eu poderia falar, assim
como Riley tem sua mãe. Não tenho ninguém assim além de
Riley, e não posso falar com ela sobre ela.

Como se pudesse sentir isso, Michelle hesitou por um


momento, depois perguntou gentilmente: — Você está bem?

Aceno sem olhar para cima. — Sim. É simplesmente


difícil. Eu amo Riley, mais do que tudo. Mas preciso saber que
ela me ama do mesmo jeito, sabe? Sinto que a amo mais do
que ela me ama, e isso é assustador.

Michelle suspira, todo o seu comportamento suavizando.


Ela dá um passo à frente e estende a mão para apertar meu
ombro. — Aw, querido. Ela te ama muito. Acredite em mim, eu
sei.

— Sei que ela me ama, eu só... tenho medo de perdê-la.


E essa coisa de Sherlock... quero dizer, preciso saber que tenho
a lealdade dela também.

— Bem... entendo isso. — Ela solta meu ombro, mas


permanece perto. — Escute, Riley teve um tipo de educação
diferente da maioria das crianças. Sou independente, talvez até
demais, e como resultado, você tem que perceber... Riley
cresceu vendo minha independência feroz e pensando que era
a norma. Enquanto para algumas garotas, pode não ocorrer a
elas que elas poderiam ser perfeitamente felizes sozinhas, essa
é a única maneira que Riley conhece. Até este ano, ela nunca
me viu chorar por um homem. Suportando a merda de algum
cara? Isso é estranho para ela. Nós não fazemos isso. Não tive
muitos relacionamentos sérios quando ela estava crescendo, e
os poucos que tive, acabei com eles assim que o cara me
irritou. Sou rápida para cortar minhas perdas e seguir em
frente. Não gosto de compromissos. A ideia de casamento me
dá coceira, e o tipo de homem que pode mudar minha opinião
sobre qualquer um desses... unicórnios. Nem pensei que eles
existiam até que conheci Ray. Ray é meu... – ela para pra
explicar, mas para quando tem que descobrir como chamá-lo.

Aparentemente, as mulheres Bishop são alérgicas a


namorados.

Abro um sorriso, salvando-a. — Sim, eu sei. Riley me


contou sobre Ray.

— Ok, bom, — diz ela, parecendo aliviada. — De qualquer


forma, como consequência de eu ser do jeito que sou, Riley viu
o que é enfrentar a vida sozinha. Toda a sua vida, éramos
apenas nós duas, e éramos felizes assim. Independência é a
configuração padrão de Riley. Ela sabe que não precisa de um
homem. Por isso, e digo isso com carinho, mas... Hunter, Riley
não vai tolerar sua merda. Talvez outras garotas tenham, mas
Riley não é essa garota. Ela pode amá-lo até os confins da terra
e ainda se recusar a estar com você se você a fez sentir que é
isso que ela tem que fazer por si mesma. — Ela espera que eu
olhe para ela, então me dá um sorrisinho triste. — Você diz que
precisa saber que tem a lealdade de Riley, mas coloco a
questão: ela sempre teve a sua?

— Você realmente quer que eu responda isso?

Sorrindo sombriamente, ela balança a cabeça. — Não.


Mas você sabe a resposta, isso é o que importa. Se a resposta
for não, é sua culpa ela se abrir com Sherlock. Riley sabe o que
ela merece, e ela não vai se conformar com menos, mesmo que
ame você. Se você não pode ser o homem que ela merece, então
ela não é a garota para você. Liberte-se dela, encontre um
modelo pior com expectativas menores. Acredite em mim, há
muitos por aí.

— Entendo. Respeito isso. Mas posso ser o homem que


ela merece. Vou ficar, só preciso de uma chance e ela não vai
me dar uma.

— Ganhe, — ela diz simplesmente. — Você é jovem e


fodeu tudo. Entendo. Acontece. As pessoas precisam aprender
a amar umas às outras, e às vezes isso pode ser complicado.
O importante é que você aprenda com seus erros para não
repeti-los.

— Oh, aprendi muito, foi apenas uma lição cara. Não


acho que Riley esteja preocupada que eu cometa o mesmo erro
duas vezes, é só que... estou tentando consertar o dano, e não
é fácil.
— Talvez você possa. Talvez não.

— Eu posso, — declaro, recusando-me a aceitar uma


alternativa.

Ela encolhe os ombros. — Pode ser. Mas não indo atrás


de Sherlock. Ele não é realmente o problema – a menos que
você faça dele o problema. Se você lutar com ele, ele
provavelmente vencerá. Ele não a machucou e você, sim.

Ai.

— Então... esse é todo o conselho que eu queria dar a


você. Acho que vou agora. Boa sorte, garoto. — Ela me dá um
tapa no braço e se vira para sair.

— Espere.

Ela se vira de volta. — Sim?

Eu realmente não sei como expressar o que quero


perguntar. — Sei que você acha que eu sou o menor dos dois
males porque eu não explodi nenhum carro, mas se você
realmente acha que ela o escolheria... por que você está me
ajudando?

Ela considera isso por um momento. Seu olhar passa por


mim e ela suspira. Finalmente, ela olha para mim, um
sorrisinho triste aparecendo em seus lábios. — Porque ela se
arrependeria, eventualmente. Riley te ama, Hunter, ela só está
machucada. Você machucou o coração dela quando ela
confiou que você não o faria. Ela precisa se sentir segura com
você novamente, e agora ela não tem certeza se sentirá. Esse
outro cara é novo. Ele é chamativo. Ele pode fazê-la se sentir
segura por um tempo, mas... o quão seguro você acha que ele
realmente é? Ele explodiu um carro, pelo amor de Deus.

Encolho os ombros. — Se ele a machucasse, ela


simplesmente o deixaria, também. Certo? Isso é o que você
ensinou a ela.

— Sim. — Ela balança a cabeça, nem um pouco


envergonhada. — E então haveria outra pessoa, e outra pessoa
depois dele. A questão é que os corações só ficam sensíveis por
pouco tempo se continuarem sendo chutados. Riley não é
como eu, pelo menos não agora. Ela está mais aberta ao amor
do que eu, mesmo perto da idade dela. O pai dela me enganou.
— Ela olha para baixo. — Não mencione isso para Riley. Ela
não sabe. É a única coisa sobre a qual nunca conversamos.

Estou chocado por ela compartilhar um segredo comigo,


mas garanto a ela: — Não vou.

— Depois dele, construí muros e demorei muito para


encontrar alguém que conseguisse passar por eles. Para ser
honesta, nunca esperei que alguém enfrentasse essa escalada.
Eu estava contente em viver minha vida sozinha, apenas eu e
Riley. Mas Riley... — Ela para, então suspira. — Se ela tiver
que superar você, acho que isso a levará a um longo caminho
de ficar sozinha. E não há nada de errado com isso. — Seu
olhar encontra o meu. — Mas acredito que você a ama e sei
que ela o ama. A longo prazo, acho que ela seria muito mais
feliz com você, e Riley feliz é tudo que quero.

Eu realmente nunca pensei que a mãe de Riley iria me


abandonar, não depois das coisas que ela sabia, muito menos
das coisas que ela não sabia. Mas isso... isso é mais aprovação
dela do que eu alguma vez aspirei.

Sinto-me um pouco estranho com isso, mas dou um


abraço nela, mesmo assim. — Obrigado por vir, Michelle. Eu
agradeço.

Ela dá um tapinha nas minhas costas, claramente se


sentindo tão estranha quanto eu. — Teremos que melhorar
nisso se você continuar por aqui.

Pego de surpresa por seu reconhecimento do abraço


estranho, eu rio enquanto me afasto e olho para ela. — Sim,
vamos.

Ela sorri fracamente e dá um passo para trás. — Estou


feliz por não te irritar. Sei que meu conselho não solicitado
pode ter saído pela culatra, só pensei que valeu a pena o risco.

Balanço minha cabeça. — Não tenho medo de admitir


quando estou errado.

— Essa é uma característica que admiro muito e é muito


rara.

— Vou casar com sua filha, — digo, à queima-roupa. —


Só para esclarecermos.
Seu sorriso se alarga. Desta vez, atinge seus olhos. —
Você sabe o quê? Eu meio que espero que você faça.
Mato aula na terça.

Não faltei à escola mesmo durante os piores momentos,


quando Hunter estava fora, mas estou exausta e precisando de
um dia de saúde mental, então escolho um.

Depois de trabalhar até tarde na noite passada, mamãe


está de folga hoje, então aproveitamos um último dia mãe e
filha juntas.

Bem, espero que não seja o último, mas sei que teremos
menos deles quando Ray se mudar oficialmente neste fim de
semana.

Tudo está mudando.

Isso é vida. Ficará tudo bem. Só preciso de um pouco de


tempo para processar tudo isso.
Mamãe pede comida chinesa para o almoço, e nós a
comemos no sofá enquanto assistimos nosso terceiro episódio
de Jeeves e Wooster57 do dia.

É uma comédia britânica que foi ao ar muito antes de eu


nascer. Cópias dele não são fáceis de encontrar, mas o Sunday
Hunter58 nos deu seu cartão de crédito e mamãe aceitou sua
oferta de gastar o quanto quiséssemos, ela encomendou a série
completa em DVD.

— Isso é incrível, — ela me diz, seus olhos grudados na


tela enquanto ela gira o garfo para enrolar o macarrão Lo
mein59 em seus dentes.

Aceno em concordância. — Não sei por que assistimos a


qualquer outra coisa.

— Ou ir para a escola ou para o trabalho, — acrescenta


ela. — Devemos nos tornar viciadas em televisão profissionais.

— Não acho que o pagamento seja muito bom, — digo a


ela. — Como poderíamos comprar comida chinesa?

— Eh. — Ela ignora minhas preocupações financeiras. —


Vou te vender para aquele garoto rico da rua. Ele pode ser
nosso benfeitor.

57 Jeevesand Wooster é uma série de TV de Clive Exton com Hugh Laurie (Bertie Wooster), Stephen
Fry (Jeeves).
58 Em alusão ao dia em que Hunter deu o cartão para ela e sua mãe terem um dia de compras e spa.

59 Lo mein é um prato chinês com macarrão de ovo . Geralmente contém vegetais e algum tipo de

carne ou frutos do mar, geralmente bovino, frango, porco ou camarão.


Abro um sorriso enquanto pego um pouco de arroz frito.
— Acho que se você me vender para Hunter, estarei disponível
para assistir TV com você muito menos.

— Vamos negociar algum tipo de programação para


dividir o seu tempo entre nós.

— Estou feliz por você ter pensado adequadamente em


meu contrato de compra.

Ela acena com a cabeça e me dá um sorriso. — Só tenho


uma filha para leiloar, preciso garantir que você obtenha um
bom preço e que os termos sejam do meu agrado.

Mergulho um pedaço de frango no meu molho agridoce.


— Bem pensado.

Alguns segundos se passam, mas em vez de deixar de


lado o assunto divertido, mamãe olha para mim e pergunta: —
Por falar em Hunter, você ouviu falar dele hoje?

Aceno, mas dou uma mordida no meu frango para que


ela não espere que eu fale imediatamente.

Ontem, quando voltei para casa no meio do dia escolar,


minha mãe ficou compreensivelmente surpresa ao me ver.
Considerando o quão emocionalmente exausta e chateada eu
estava, também não tive a compostura para fingir que nada
estava me incomodando.

Acabei desabafando com ela sobre tudo – a imagem


nojenta sendo enviada para praticamente todos na nossa série,
o que Sherlock fez ao carro de Valerie em retribuição, e Hunter
sendo um idiota ciumento e emocionalmente exaustivo.

Ainda não parece natural falar com mamãe sobre Hunter,


no entanto. Se eu tivesse mais controle de minhas emoções,
provavelmente não teria compartilhado tanto.

Assim que termino de mastigar e não tenho mais


desculpa para não responder, digo: — Ele me mandou uma
mensagem mais cedo perguntando por que eu não estava na
escola. Eu disse a ele que estava matando aula e passando o
dia com você.

— Como vocês estão? — Ela pergunta antes de dar uma


mordida.

Balanço minha cabeça, olhando para o meu arroz. — Eu


realmente não quero falar sobre isso agora. Estou tirando um
dia de folga de todo esse caos.

— Ok, — ela diz facilmente. — Bem, eu só quero que você


saiba que pode falar comigo sobre ele se precisar. Eu sei que
ele foi um assunto delicado no passado, mas eu disse a você
que teria a mente aberta, e estou falando sério.

— Sei. Eu agradeço, — asseguro a ela. — Você sabe o que


mais aprecio?

— Hm?

— Hugh Laurie em um papel cômico. Fiquei cética


quando você sugeriu que assistíssemos isso. Eu não tinha
certeza se poderia olhar para ele e não ver o Dr. House, mas
acho o alegre Laurie bastante aceitável.

Mamãe sorri para mim. — Vê? Eu te disse.

— Não me entenda mal, ainda prefiro ele como House, —


digo, antes que ela se empolgue demais com sua alegria.

Mamãe revira os olhos. — É claro que você prefere. Você


é atraída por homens problemáticos.

Levanto uma sobrancelha incrédula para ela. — E você


não é? Como está a situação do empréstimo de Ray hoje em
dia? Ainda resistindo ao dinheiro sujo, ou...?

Ela suspira, seus ombros caindo para frente com a


derrota. — Somos muito parecidas de maneiras que não acho
convenientes.

Abro um sorriso, mas não prossigo nessa linha de


conversa. Não quero falar sobre nenhum dos nossos problemas
de relacionamento hoje, só quero relaxar, comer uma deliciosa
comida chinesa e me concentrar nas travessuras de Wooster e
Jeeves.
Passar o dia desabafando com minha mãe era exatamente
o que eu precisava.

No momento em que rastejo para a cama naquela noite,


estou muito mais relaxada.

Permito-me que meus pensamentos se voltem para o


amanhã, ainda tenho medo de voltar para a escola, mas tento
não pensar nisso. Não é algo que eu possa controlar.

Sim, detesto o ensino médio, especialmente agora que


Hunter está de volta, mas pelo menos estou quase terminando.
Contanto que eu não seja pega na merda, posso terminar este
ano e seguir em frente com minha vida.

Vou começar a faculdade em breve, e a faculdade será


completamente diferente.

A faculdade será incrível.

Suspiro feliz pensando sobre isso. Caio no sono com um


sorriso no rosto, fantasiando sobre um campus pitoresco no
outono, aulas com palestrantes brilhantes e toda a cultura de
Boston. Aposto que também existem muitos cafés excelentes.

Não sei que horas são quando acordei de um sono morto


e vi alguém subindo na cama atrás de mim.

Minha cama.

Ninguém deveria subir na cama comigo.


Meu coração explode quando uma mão aperta minha
boca antes que eu possa fazer mais do que arfar de surpresa.

— Shhhh.

É um som, não uma voz, então não consigo distinguir


quem é. Digo a mim mesma que tem que ser Hunter, e acredito,
mas ainda me sinto insegura quando uma mão desliza pelo
meu quadril e seus dedos deslizam no cós da minha calcinha
para empurrá-la para baixo.

— Hunter? — Murmuro contra sua mão, apenas para ter


certeza.

Sem resposta.

Estou vestindo apenas uma camisola feia e calcinha,


então, uma vez que ele as enfia em volta dos meus joelhos, ele
tem muito acesso a mim. Ele o usa, deslizando a mão que não
está presa sobre minha boca entre minhas coxas,
enganchando sua perna em volta da minha e abrindo-as para
que ele possa me provocar melhor.

Um choque de excitação percorre meu corpo enquanto ele


força minhas pernas a se abrirem e me puxa de volta contra
ele. Meus olhos se fecham enquanto as pontas de seus dedos
roçam levemente minha entrada.

Ele desliza a mão pelo meu abdômen, depois a empurra


por baixo da minha camisola e acaricia meu seio.
— Não se preocupe, baby. — O alívio me atravessa ao som
da voz de Hunter. — Você não tem que dizer sim. Só preciso
usar sua boceta esta noite. Não vou conseguir dormir até que
eu faça.

Excitação goteja através de mim com suas palavras


impertinentes.

Eu amo este jogo. Não sei como ele entrou na minha casa
trancada, e eu certamente não esperava ser tocada esta noite,
mas meus guardas estão abatidos o suficiente por terem sido
acordados de um sono morto e, além disso, senti sua falta. Se
pudermos brincar sob o manto escuro da noite e fingir que
nada aconteceu pela manhã, posso viver com isso.

Meu corpo ganha vida enquanto ele brinca com meus


seios e provoca meus mamilos. Eles endurecem ao seu toque.

Ele endurece também. Sinto seu pau duro pressionado


contra minha bunda enquanto ele me toca. Sinto endurecer
ainda mais quando ele desliza sua mão entre minhas pernas e
gemo contra sua palma.

— Porra, Riley. — Ele beija o lado da minha cabeça, então


muda seu corpo. Já que estou deitada em cima dele, mudo com
ele.

Ouço-o abrir o zíper das calças, então sei que ele está
tirando seu pênis. Ele mantém sua mão selada sobre minha
boca, mas seu aperto diminuiu. Não é apertado quando ele
empurra em mim, então meu grito agudo é mais alto do que
pretendo.

Sua mão na minha boca aperta e ele me rola de bruços,


me esmagando debaixo dele enquanto empurra mais de seu
pau em mim.

— Shhh. Você não quer que eu seja pego, quer?

Pego meu travesseiro e aperto a vida dele enquanto ele


empurra tão fundo dentro de mim que parece que ele foi longe
demais. Estou muito cheia dele. Quase dói.

É bom estar tão cheia dele, no entanto. Não posso deixar


de gemer quando ele recua, e então bate em mim novamente.
Mais uma vez, ele vai tão fundo que parece que está nas
minhas entranhas, mas é uma sensação inebriante ser
possuída assim.

Ele não fala muito comigo esta noite, apenas me enterra


no colchão enquanto me fode. Não é um castigo, entretanto,
apesar de machucar minha carne com suas mãos gananciosas
e encher meu quarto com os sons de sua pele batendo na
minha enquanto ele me fode, ele garante que isso seja bom
para mim, mesmo que ele disse que só precisava me usar esta
noite.

Ele usa a mão que não está cobrindo minha boca para
apertar minha boceta como se estivesse reivindicando, para
brincar com meu clitóris enquanto me fode. Como resultado,
meu prazer cresce e cresce.
Espero que ele não tenha mais um daqueles orgasmos
duplos que derreteram toda a minha mente... mas eu meio que
espero que ele faça também.

Quero avisá-lo, lembrá-lo de que minha mãe está


dormindo no andar de cima e se ele me fizer gozar tão forte
quanto naquela vez no fim de semana, talvez não consiga
segurar um grito.

Mas quando vou avisá-lo, percebo que ele está com a boca
coberta. Mesmo se eu gritar, ele provavelmente conseguirá
abafar.

— Sua boceta gosta de ser usada, não é, Riley?

Suas palavras sujas me fazem gemer, mas sua mão sobre


minha boca me salva de ter que responder, torna-se quase
uma provocação.

Ele bate em mim com tanta força que toda a minha cama
se move.

— Você não vai conseguir se sentar amanhã sem pensar


em mim. — Ele murmura as palavras no meu ouvido como se
estivesse sussurrando um carinho, mas as palavras em si são
gananciosas e possessivas. Ele não quer que eu consiga sentar
sem pensar nele. Ele não quer que eu respire sem pensar nele.
Se ele pudesse deixar uma impressão de seu pau em meus
pulmões para que eu não pudesse, ele faria muito bem.

Idiota ciumento e possessivo.


No entanto, não há dor nas palavras quando penso nelas
agora. Chego para trás e corro meus dedos por seu cabelo,
embalando sua cabeça e puxando-o para mais perto enquanto
ele me fode.

Ele tem muito que lidar, mas eu o amo muito.

Seus lábios encontram meu pescoço. Cavo meus dedos


no travesseiro macio, meus olhos se fechando. Ele bate em
mim mais forte e mais rápido cada vez que ele puxa. Ele quer
cumprir sua promessa. Ele quer que eu sofra por ele amanhã.

Sofro por ele o tempo todo. Certamente ele já sabe disso.

Como se ele não conhecesse e ainda tivesse algo a provar,


ele me fode cada vez com mais força, me forçando cada vez
mais fundo no meu colchão. Fica mais difícil respirar,
especialmente com a mão cobrindo minha boca, mas ele nunca
a move. Nem mesmo quando meus gritos e choramingo ficam
cada vez mais frequentes e ele sabe que devo estar chegando
perto.

Ele enfia um dedo na minha boceta e começa a sacudir


meu clitóris novamente enquanto me fode e beija meu pescoço.
Borboletas se soltam em minha barriga, voando sobre a erosão
e afundamento da terra. Sinto que estou desmoronando.

O desespero para se separar dele toma conta. Estou com


muito medo de não aguentar e ficar quieta, mas ele me
prendeu, presa na cama. Não posso ir a lugar nenhum, mesmo
se eu quiser.
Isso aumenta minha excitação ainda mais.

Tento gritar seu nome, mas está abafado contra sua


palma.

Não consigo respirar.

Meu coração parece que vai explodir.

Minhas entranhas parecem que vão explodir.

E então eles fazem.

Meus gritos quebrados e eufóricos são abafados contra a


palma da mão de Hunter, mas mesmo assim, ele pressiona
meu rosto no travesseiro para abafar ainda mais o barulho.

O orgasmo me balança, minha boceta apertando seu pau


e bombeando seu esperma dentro de mim enquanto ele me
solta, gemendo e amaldiçoando por seu próprio orgasmo.

Tremores de prazer continuam a me balançar enquanto


me enrolo de lado.

Hunter se instala atrás de mim, travando um braço em


volta da minha cintura e puxando meu corpo confortavelmente
contra o dele. Lágrimas se acumularam nos cantos dos meus
olhos, mas não tenho certeza do por quê. Não estou triste.
Estou muito satisfeita para ficar triste.

Sinto-me um pouco abalada, assim como me senti da


última vez que ele fez isso comigo. Não sei como ele faz, torna
os orgasmos mais intensos. Não sei se é uma bênção ou uma
maldição, porque minha mente é literalmente gelatina.

Hunter se aproveita, me segurando perto e me beijando


com ternura, sussurrando garantias e palavras carinhosas e
todos os tipos de palavras adoráveis enquanto tento recolher
os pedaços fraturados da minha mente.

Ele não está mais cobrindo minha boca, então posso


dizer: — Você é tão bom nisso.

Hunter ri, pressionando outro beijo ao lado do meu


pescoço. — Sou?

— Você sabe que é, — murmuro, fechando os olhos. —


Não finja ser modesto. Nós dois sabemos que você não é.

— Eu não estava sendo modesto, apenas apontando sua


experiência limitada neste assunto. Você só me fodeu, —
ressalta. — Você realmente não sabe se sou bom nisso ou não.
Talvez todo sexo seja tão bom.

— É isso? — Pergunto.

— Não, — ele murmura de volta, estendendo a mão para


pegar minha mão e pressioná-la contra o colchão.

Aconchego-me em seus braços como uma gatinha


satisfeita, mas não estou nem um pouco satisfeita. — Eu amo
você.

— Eu sei.
— Eu gostaria de não ter feito isso, — murmuro.

Com a voz um pouco mais solene, ele diz: — Eu sei. Não


facilitei para você. Sinto muito.

Não falamos mais nada por um tempo, ele apenas me


abraça e aprecio seu calor enquanto o tenho.

Quando me sinto perto de cair no sono, levanto o


suficiente para rolar para trás e dizer a ele: — Você
provavelmente deveria ir. Não quero que caíamos no sono
novamente. Se minha mãe te pegar na minha cama, vai ser
estranho.

— Vou sair antes que ela se levante, — ele promete. —


Tenho meu alarme definido no meu telefone só para ser seguro.
Apenas me deixe dormir com você um pouco.

— Ok, — murmuro sonolenta enquanto ele me aconchega


mais perto. — Mais uma coisa.

— Sim?

— Como você entrou na minha casa?

— A chave que estava na sua bolsa na noite em que você


a deixou na casa de Valerie. Achei que ela não deveria ficar
com ela, então fiz com que ela me desse.

Isso é um alívio. Esqueci completamente de dizer à


mamãe que poderíamos considerar trocar as fechaduras, mas
depois de um tempo, presumi que Valerie deveria ter jogado
fora.
— Eu estava realmente preocupada com isso por um
tempo. Você poderia ter me devolvido, — digo a ele.

— Nah. Queria segurá-la caso algum dia precisasse.

Mexo-me, encontrando um lugar confortável para


descansar minha cabeça em seu bíceps musculoso e fechando
os olhos. — Perseguidor.

Diversão espessa em seu tom, ele diz: — Sou muito


quente para ser um perseguidor, lembra?

— Mm, — murmuro sonolenta. — É cortejar quando você


faz isso.

— Exatamente.

Sorrio levemente, balançando minha cabeça pesada. —


Você é tão louco.

— Você me ama de qualquer maneira.

— Amo. Talvez eu seja louca também.


Hunter me fode novamente antes do nascer do sol, mas
fiel à sua palavra, ele já se foi quando meu alarme toca para a
escola.

Estou quase um pouco triste com isso, no entanto. Não o


ouvi sair, então não pude dizer adeus.

Sei que vou vê-lo na escola, mas lá é diferente.

Sigo minha rotina matinal, mais cansada do que de


costume. Mamãe comenta sobre isso enquanto me sirvo de
uma segunda xícara de café, mas não posso dizer exatamente
a ela que Hunter entrou sorrateiramente em casa e me
manteve acordada metade da noite.

Estou mais preparada para as besteiras ao entrar na


escola hoje, então isso não me incomoda tanto. Além disso, não
há surpresas hoje.

Supero minhas aulas da manhã, e Hunter está lá


esperando por mim quando chego ao Inglês. Deslizo em minha
cadeira ao lado dele e abro meu caderno.
— Sentiu sua falta ontem, — digo a ele.

Agarrando seu coração teatralmente, ele diz: — Ah, você


sentiu minha falta.

Sorrio levemente. — Eu não. Sra. Dowd, — sussurro. —


O dia todo sem um vislumbre de seu belo rosto. Acho que isso
a deixou mais malvada.

Hunter sorri enquanto abre seu próprio caderno e


desenha sua tarefa de Gatsby. — Desculpe-me. Vou me
certificar de não pular mais nenhuma aula. Não quero tornar
o seu dia mais difícil.

— Sim, claro que não, — murmuro, me mexendo na


cadeira, lembrando-me das palavras que ele pronunciou no
meio da noite.

Hunter percebe o movimento também e olha para mim,


seus olhos brilhando com diversão. — Um pouco dolorida?

Minhas bochechas aquecem de vergonha. — Cale-se.

Ele sorri, parecendo muito satisfeito consigo mesmo.

Reviro os olhos, mas não consigo evitar: sorrio.


O resto do dia corre bem. O único momento em que estou
realmente tensa é durante o almoço, quando Hunter e
Sherlock não estão apenas na mesma sala, mas sentados na
mesma mesa.

Não me sento com eles, sento-me sozinha à mesa, mas


não consigo nem me concentrar no livro que trouxe para ler
hoje. Entre mordidas na comida, roubo olhares em sua mesa
para ter certeza de que Hunter está se comportando.

Não sei o que perdi ontem, mas hoje parecem estar bem.
Eles mantêm alguns caras entre eles e não falam realmente,
mas é muito menos violento do que eu temia que pudesse ser.

Depois disso, o dia voa. Vou para casa e faço o máximo


de dever de casa que posso antes do meu turno da noite na
lanchonete.

Simples assim, é quinta-feira e a semana está quase


acabando.

Fico depois da escola para a reunião do jornal. Para meu


choque absoluto, Hunter entra.

Olho para o Sr. Lohman esperando que ele fique


surpreso, mas ele apenas lança um sorriso para Hunter e diz:
— Bem-vindo de volta, Sr. Maxwell.

— É um prazer estar de volta, — diz Hunter, parando ao


meu lado e se sentando.
— O que você está fazendo aqui? — Pergunto, com os
olhos arregalados.

— Mudando o mundo, — diz ele com entusiasmo fingido.

— Estou falando sério. Achei que você tivesse desistido


para se concentrar mais no futebol.

— Ah. — Ele concorda. — Não precisa mais fazer isso. Saí


do time.

— Você o quê? Por quê?

Ele encolhe os ombros como se não fosse grande coisa. —


Gosto mais disso. Além disso, posso fazer isso com você. O
futebol é com o Sherlock. Acho que ele está bem, mas você tem
uma bunda muito melhor.

Engasgo.

Os olhos de Hunter brilham com diversão.

É como se um milhão de libras caíssem dos meus ombros,


e nem sei por quê. — Você não está mais louco, então?

— Nah, nunca, — ele diz levemente. — Acabei de ser o


tipo de louco que te estressa.

— Gosto muito do som disso.

— Pensei que você poderia. — Ele puxa seu bloco de notas


e o deixa cair sobre a mesa. — O que você vai fazer amanhã à
noite?
— Trabalhar.

— Então, se seu trabalho decidisse de repente que não


precisaria de você amanhã, você estaria livre?

Meus olhos se arregalam. — Não, e eu queria te perguntar


sobre aquele último fim de semana. Suponho que não foi uma
coincidência que meu empregador decidiu me dar o fim de
semana de folga para que eu pudesse passar com você?

Hunter balança a cabeça, mas parece totalmente sem


vergonha de sua interferência.

— Como você conseguiu isso? Você não tem influência


sobre a Deb, não é?

— Riley, não estou tentando ser um idiota aqui, mas


posso influenciar qualquer lugar que eu quiser. A única coisa
que quero e realmente não posso ter é você. Seja o que for que
eu tenha em mente, geralmente posso fazer acontecer.

Suspiro. — Você é tão mimado.

Ele me abre um sorriso encantador. — Você me mantém


aterrado. Veja, preciso de você.

— Bem, não faça isso de novo. Sei que você está


acostumado com a sua bolha de privilégios onde as pessoas se
entregam para lhe dar o que você quiser, mas não vivo nisso
com você. Se você continuar exigindo um tratamento especial
para mim, mesmo que Deb dê a você porque ela não pode dizer
não para aqueles grandes olhos castanhos ou para o maço de
dinheiro que você joga nela, isso vai acabar me machucando
no longo prazo. Eventualmente, ela decidirá que me empregar
é mais problemático do que vale a pena, e estarei
desempregada.

— Então você pode vir trabalhar para mim, — diz ele,


sorrindo.

— Não vou ser sua namorada profissional.

O Sr. Lohman pega um marcador de quadro à seco e


começa a escrever no quadro branco. — Tudo bem, pessoal,
acho que todo mundo está aqui. Vamos começar.

Inclinando-me em direção a Hunter, sussurro: — E quero


minha chave de volta, também.

Hunter se inclina e sussurra de volta: — Dou a você se


você vier amanhã à noite depois do trabalho.

— É a chave da minha casa, — eu o lembro. — Você não


pode mantê-la como refém.

— A posse é nove décimos da lei, — ele me informa. — A


chave é minha agora. Se você quiser de volta, terá que merecê-
la.

Balanço minha cabeça para ele. — Você é outra coisa,


sabia disso?

— Na verdade, por que não te pego no trabalho? Tenho o


carro da minha mãe. Você vai ficar com fome? Posso fazer o
jantar.
— Vai ser tarde demais para o jantar, — murmuro.

Ele concorda. — Bom ponto. Talvez um lanche. Que tal


uma tábua de charcutaria60 e uma bela garrafa de vinho? Faço
uma tábua de charcutaria média. Depois, você pode tomar um
bom banho quente. Nunca chegamos a todos eles no fim de
semana passado.

— Alguém já disse não a você antes?

Hunter sorri. — Só você.

Balanço minha cabeça para ele, mas posso sentir o brilho


indulgente em meus olhos. — Mimado.

Ele se inclina e rouba um beijo rápido.

Eu suspiro.

— Sr. Maxwell, — o professor diz severamente.

Levantando as mãos em uma rendição brincalhona,


Hunter diz: — Desculpe, Sr. Lohman. Esta é uma tentadora.
Vou tentar me controlar.

— Oh meu Deus, — digo, escondendo meu rosto em


minhas mãos.

O Sr. Lohman tenta permanecer firme, mas seus olhos


brilham divertidos. — Veja se você faz.

60Charcutaria é a arte e os processos de preparar produtos feitos à base de carne ou de miúdos de


porco (afiambrados, defumados, salgados, patês etc., além de toda sorte de embutidos); salsicharia.
O professor se volta para o resto da classe enquanto
espero o chão se abrir e me engolir.

Os garotos do jornal são mais legais do que a média dos


alunos do colégio Hawthorne, então quando eu finalmente os
espio por entre meus dedos, não há malícia em nenhum de
seus rostos. Eles estão todos entretidos com as palhaçadas de
Hunter, assim como o Sr. Lohman.

Atiro a Hunter um olhar estreito, mas ele está


completamente sem vergonha de me envergonhar.

— O quê? Você queria ser beijada, — ele sussurra. — Eu


estava apenas sendo gentil.

Suspirando pesadamente, abro meu caderno e concentro


minha atenção no professor para que possamos começar o
trabalho real que temos que fazer durante esta reunião.

Acho que deveria ficar feliz por ele ter feito isso na frente
de um bom professor. Se ele tivesse me beijado na frente da
Sra. Dowd, ela provavelmente teria me reprovado na hora.
A noite de Stepford61 está chegando.

Para o resto do mundo, é sábado.

Para mamãe, é o fim de viver sua vida sem um homem.

Mesmo que ela ame Ray e esteja na trupe com a mudança


dele, posso dizer que ela se sente um pouco estranha com isso.
Não é que ela esteja tendo dúvidas ou algo assim, é só que sou
a única pessoa com quem ela viveu por metade de sua vida.

Será um ajuste para nós duas, mas provavelmente mais


para ela do que para mim.

Para distraí-la de sua ansiedade de mudança, propus


torná-la ainda mais divertida. Quando fomos às compras, ela
comprou um vestido floral e pérolas de fantasia para usar na
próxima vez que assistirmos The Stepford Wives.

Então, esta noite, enquanto Ray muda suas coisas,


mamãe e eu estamos todas bem vestidas. Fizemos um belo
jantar e vamos fazer Ray assistir The Stepford Wives conosco
depois que terminarmos de comer – à mesa, é claro, como
damas de verdade.

Ray definitivamente acha que somos idiotas, mas não é


nada que ele já não soubesse, então ele não reclama.

Enquanto o jantar cozinha e mamãe e Ray desfazem as


malas lá em cima, sento no sofá e folheio o catálogo de cursos

61 Stepford foi citado anteriormente fazendo referência ao filme, The Stepford Wives onde as
mulheres são casadas e submissas. Ela está fazendo piada da mãe que nunca foi nada além de
independente.
da faculdade no meu telefone. Desde que a faculdade passou
pela minha cabeça na outra noite, passei muito mais tempo
pensando sobre isso.

Interrompendo minha pesquisa, mamãe de repente se


joga no sofá ao meu lado e suspira.

— Morar com um homem é estranho.

Abaixo meu telefone no meu colo e olho para ela. — Como


assim?

— Apenas isso. Eu estava dando a Ray sua nova escova


de dente...

— Ele ficou surpreso? — Interrompo.

— Ele ficou.

— Ele ama isso?

— Ele ama. Mas ele é estranho.

Eu ri. — O quê?

— Ele pensou que compartilharíamos um tubo de pasta


de dente. — Ela faz uma careta. — Por que compartilharíamos
um tubo de pasta de dente? Não podemos permitir a
extravagância de cada um de nós ter o seu próprio? Isso é uma
coisa que casais que moram juntos costumam fazer?

Franzo a testa. — Não sei. E se você não gostar do mesmo


tipo?
— Exatamente! Gosto da minha pasta branca e
mentolada. E se ele for para aqueles gel loucos que são de três
cores diferentes? Ou e se ele apertar o tubo pela parte inferior
e ficar furioso porque aperto pelo meio?

— Você não pode simplesmente parar de apertar pelo


meio. É uma escolha de estilo de vida.

— Vê? Você me pegou. Deveríamos ter vivido sozinhas


pelo resto de nossas vidas. Poderíamos ter nos tornado
solteironas mãe e filha – cada uma de nós com sua própria
pasta de dente.

— Acho que a vida de solteirona me serviria muito bem,


na verdade, — confesso.

Ela passa o braço em volta do meu ombro e me dá um


aperto afetuoso. — Você deixa sua mãe orgulhosa.

Ray desce as escadas, lançando um olhar em nossa


direção. — Ela ainda está reclamando da maldita pasta de
dente?

— É estranho, — mamãe insiste enquanto me solta.

— Não é estranho, e um simples ‘não’ teria resolvido, —


diz ele, parando na frente do sofá.

Mamãe olha para mim. — Perguntei se ele era um


psicopata.

— Uma pergunta justa, — digo.


Ray revira os olhos. — Já que sua filha está na sala, não
vou lembrá-la de todas as outras maneiras pelas quais
trocamos fluidos corporais.

Mamãe suspira e dramaticamente cobre meus ouvidos. —


Não na frente dessas orelhas virgens.

Lanço um olhar para ela, porque ela sabe que dormi com
Hunter.

— É parte da noite em Stepford, — ela me diz. — Todas


as filhas devem permanecer virgens até que se casem.

— Ah, certo. Bem, pelo menos você já recebeu o preço da


noiva e negociou os termos do meu contrato de vendas. Talvez
meus modos devassos possam ser desculpados.

Mamãe descobre meus ouvidos. — Falando de seus


modos devassos...

Pisco. — Espere o quê?

— Você voltou para casa tarde na noite passada.

Lanço um olhar para Ray, instintivamente me


perguntando por que ela trouxe isso à tona quando ele ainda
está aqui, antes de lembrar que ele mora aqui agora – ele não
vai embora.

Esquisito.
— Oh. Sim, mandei uma mensagem para você, — digo,
olhando para a mamãe. — Eu disse a você que Hunter me
pegaria no trabalho.

— Ele é seu namorado agora?

— Não. Ele apenas me deu uma carona para casa do


trabalho e nos fez um lanche. Tomamos uma taça de vinho. —
Suas sobrancelhas sobem, então explico: — Ele morava na
Itália, ele bebe vinho com as refeições agora.

— Certo, é claro. Bem, o fato é que você voltou para casa


muito tarde.

— Não achei que você se importaria, — digo com um


encolher de ombros. — Você sabia onde eu estava, você sabia
com quem eu estava. Não tenho toque de recolher. Qual é o
problema?

— O problema é que não consegui falar com você depois


do trabalho ontem à noite e já tinha ido embora quando você
acordou hoje, então não pude dizer que preciso que você peça
uma folga do trabalho amanhã.

Pisco para ela. — Amanhã?

Ela acena com a cabeça, encolhendo-se um pouco. — É


breve, eu sei.

— Muito curto prazo. Preciso saber com uma semana de


antecedência se vou pedir um dia de folga, mãe. Quando
Hunter não sabe disso, entendo, porque ele nunca teve um
emprego de colarinho azul, mas você sabe que não posso
simplesmente pedir folga no dia seguinte. A programação já
está definida. Devo fechar amanhã.

— Eu sei, — mamãe diz, fazendo uma careta. — Sinto


muito, eu teria avisado você mais, mas...

— É minha culpa, — Ray interrompe.

Olho para ele.

— Tenho conversado com esse potencial investidor da


academia. Encontrei alguém que está realmente interessado e
tem capital, ele até tem experiência em marketing de mídia
social e algumas boas ideias sobre como anunciar a academia.
Ele sabe fazer as coisas que não faço e parece que seria um
ajuste muito bom, mas ainda não assinamos a papelada. Ele
queria vir uma noite neste fim de semana para jantar com a
família, sentir como sou, conversar sobre tudo e, com sorte,
assinar os papéis para que possamos começar.

— Oh, uau, isso é realmente ótimo, — digo, tentando


pensar em como poderia sair do trabalho. — Hmm... acho que
posso ver se uma das outras garçonetes pegaria meu turno.

— Odeio colocar você para fora, — diz Ray. — Eu só


queria toda a família aqui. Quero causar uma boa impressão,
sabe?

— Sim claro. Encontrarei uma maneira. Se nenhuma das


garçonetes disser sim, eu irei... descobrir outra coisa.
Talvez eu peça a Hunter para fazer sua mágica. Sei que
ele vai me chantagear gentilmente pelo favor, mas... bem, não
me importo.
— Então, o que você sabe sobre esse investidor? —
Pergunto a mamãe enquanto estamos no balcão da cozinha,
preparando pratos de lado para ir com o jantar.

Ray está lá fora montando a nova grelha que comprou,


pois está fazendo bifes para o prato principal.

Mamãe balança a cabeça enquanto joga a salada. — Nada


realmente. Por quê?

— Só estou me perguntando o que deveríamos estar


esperando. Quer dizer, não vai ser Tony Soprano na mesa de
jantar esta noite, certo? Temos certeza de que é um investidor
legítimo?

— Não acho que Tony Soprano seria um gênio do


marketing de mídia social, — diz ela. — Ele disse que o cara
sabe sobre marketing, então parece legítimo.

— Mas e se por 'marketing' ele quisesse dizer: 'Talvez você


devesse entrar na nossa academia. Com certeza seria uma
pena se você não fizesse e algo acontecesse com você... '?
— Bem, isso certamente seria interessante, — diz a mãe.
— Eu nunca entretive mafiosos antes. Você acha que eles vão
ficar chateados porque não temos um prato de sobremesa?
Talvez você devesse sair correndo e pegar alguns cannoli’s62,
só para garantir.

— Talvez eles não sejam italianos. — Agito um pouco de


tempero sobre o azeite que estou prestes a cobrir as batatas
antes de assá-las. — Talvez sejam russos ou irlandeses. —
Suspiro de alegria e olho para ela. — Se for um gangster
irlandês, espero que tenha sotaque.

— Talvez você deva pegar uma sobremesa de cada país de


onde os homens perigosos possam vir, apenas para que
possamos ter certeza de não ofender. Embora, — diz ela,
apontando a pinça para mim e franzindo os lábios, — eles
podem nem mesmo ser mafiosos. Existem gangues na prisão.
Não sei de quais criminosos graves ele poderia conseguir
dinheiro. Talvez sejam menos organizados, apenas um bando
de americanos comuns com dinheiro sujo.

— O que é uma sobremesa americana padrão?

— Não sei. Somos americanas padrão. Esta não deve ser


uma pergunta difícil para nós. — Mamãe franze a testa. — Por
que 'Jell-O'63 é a única resposta que consigo extrair do meu
cérebro?

62 Cannoli é uma sobremesa proveniente da Sicília, que consiste em uma massa doce frita, em formato

de tubo, recheada com um creme de ricota.


63 Jell-O é uma marca de sobremesa pertencente a Kraft Foods. Entre as sobremesas instantâneas

vendidas, a Jell-O oferece a gelatina, pudim e tortas de creme.


— É domingo. Nossos cérebros estão cansados.

Ela acena com a cabeça, abrindo um recipiente cheio de


tomates-uva e despejando-os em uma tábua de corte para que
possa cortá-los. — Acho que vou aceitar essa desculpa.

A porta dos fundos se abre e Ray volta para a cozinha.

— Ei, o que os americanos gostam de sobremesa? —


Mamãe pergunta a ele.

Ele para e olha para ela, sem compreender. — Isso é uma


piada?

Olho para trás e explico: — Nossos cérebros estão


cansados.

Ele lança olhares engraçados para nós duas, depois


retoma sua caminhada até a geladeira. — Não sei. Bolo de
queijo? Biscoitos? Torta de abóbora no Dia de Ação de Graças.

— Mmm, torta de abóbora, — mamãe diz com saudade.


— O seu investidor é italiano? Ele gosta de cannoli?

— Acho que ele é italiano, na verdade. — Ray olha para


nós e franze a testa. — Por que isso importa?

Para salvá-lo do longo, longo caminho que percorremos


para chegar aqui, eu suponho. — Estávamos nos perguntando
se deveríamos ter planejado uma sobremesa.
— Oh. — Ray franze a testa. — Nah, não acho que ele
goste muito de doces. Quer dizer, posso estar errado, mas ele
parece muito bom em boa forma.

Mamãe me olha como se estivesse seduzida. — Um


mafioso sexy – e ele não está trazendo uma esposa para jantar.
Talvez ele seja solteiro. Talvez você goste dele e finalmente
possamos fazer você se casar.

Balanço minha cabeça enquanto coloco as batatas. — Ser


uma esposa mafiosa não está no topo da minha lista de
objetivos de vida em potencial, desculpe.

— Tem certeza? Você gosta de encrenqueiros, pelo menos


assim ele ficaria rico.

— Hunter é rico, — eu a lembro.

Ela sorri. — Pensei que ele não fosse seu namorado.

Reviro meus olhos com sua presunção. — Ele não é. Só


estou dizendo, se você está decidida a me casar com um cara
rico e problemático, temos uma opção mais fácil do que me
vender para a máfia. E, ei, Hunter é até meio italiano.

Mamãe acena, seguindo suavemente. — Por curiosidade,


como você não quer ser namorada dele?

— Mamãe.

— Quero dizer, você claramente gosta do cara, certo?


— É complicado, — digo a ela. — E absolutamente não é
algo sobre o qual devemos falar agora, quando estamos prestes
a ter um jantar de negócios com um colega em potencial de
Ray. Vamos manter nossos olhos no prêmio aqui.

A campainha toca, alertando-nos da chegada do nosso


convidado para o jantar.

— Tudo bem, vocês duas se comportem, — diz Ray,


apontando para nós. — Posso ver que você está com um de
seus humores, mas não quero que o cara pense que você está
maluca.

— Se ele não tem senso de humor, nós queremos o


dinheiro dele? — Mamãe chama atrás dele.

— Sim, — Ray responde enquanto se dirige para a porta.

Mamãe balança a cabeça, um olhar descontente em seu


rosto. — Eu disse não. Não quero dinheiro enfadonho.

— Vamos nos comportar, apenas no caso de ele ser chato,


— sugiro.

Mamãe suspira. — Muito ruim. Se o jantar ficar estranho


e silencioso, não posso prometer que não vou divulgar
referências obscuras de Wooster e Jeeves. — Teatralmente, ela
usa a mão para cobrir o ouvido como se estivesse ouvindo
alguma coisa. — Ouço gatos no seu quarto?
— Quase posso garantir que ele não entenderia essas
referências. Não acho que ninguém além de nós já viu esse
show.

— Tenho certeza de que os britânicos viram isso.

— Esperamos que ele seja britânico agora?

— Se ele for, estou pronta. Vou falar com ele sobre


Wooster e Jeeves, ele vai me amar para sempre, e então ele vai
dar a Ray todo o dinheiro que ele precisa.

— Contanto que tenhamos um plano, — digo com um


aceno de cabeça.

— E, ei, — ela diz alegremente, — se ele for britânico, terá


um sotaque para você, — Ela faz uma pausa. — Agora estou
meio que esperando que ele seja britânico.

Sorrio levemente e despejo as batatas na assadeira, então


as levo e as coloco no forno. Quando me endireito, ouço passos
e murmúrios na entrada, então coloco um sorriso educado,
preparando-me para o convidado de Ray entrar.

Ray entra, mas ele não tem um investidor com ele – ele
tem Hunter Maxwell.

Meu sorriso desaparece. Uma reação injusta, já que ele


está absolutamente lindo em uma camisa branca de botões e
uma calça preta com um cinto combinando.
Parece que ele esperava me levar para sair, mas ele
realmente deveria ter me mandado uma mensagem primeiro,
em vez de apenas aparecer.

— Ei, — digo incerta, dando um passo em direção a ele.


— O que você está fazendo aqui?

Antes que Hunter possa dizer qualquer coisa, Ray rouba


minha atenção, franzindo a testa enquanto olha de Hunter
para mim. — Uh... parece que vocês já se conhecem.

Pisco. — Hum... sim. Este é... Este é o meu Hunter, —


digo, já que não estou prestes a entrar em uma discussão sobre
rótulo agora.

A carranca de Ray se aprofunda. — Seu Hunter?

— Ele não é namorado dela como você não é meu


namorado, — explica a mãe.

Lanço um olhar rápido para mamãe antes de olhar para


Ray de volta. — Não exatamente assim, mas... sim. — Olho de
volta para Hunter. — Não posso sair hoje à noite. Estamos
prestes a jantar com... — Minhas palavras diminuem a
velocidade até parar quando me atinge.

Hunter sorri.

Ray suspira. — Ele é o potencial investidor de quem falei.

— Aí está, — mamãe diz categoricamente, balançando a


cabeça e olhando para mim. — E, a julgar pela expressão de
espanto em seu rosto, posso ver que você não sabia de nada
sobre isso. — Ela olha de volta para Hunter. — Acho que teria
preferido se você fosse um gangster.

As sobrancelhas de Hunter erguem-se de surpresa. —


Desculpe desapontar.

— Bem, você não pode vencer todos, — diz a mãe. —


Então, você é realmente um investidor em potencial ou isso é
algum truque elaborado? Eu realmente não sei como proceder
aqui.

— Sou realmente um investidor em potencial, — Hunter


garante a ela.

— Esperávamos que você fosse britânico, — mamãe diz a


ele.

Hunter franze a testa. — O quê?

— Pelo menos posso garantir que ele não é chato, — digo


a ela. — E você pode fazer referências que ele não entende –
não vai incomodá-lo. Faço isso às vezes. — Apesar de
tranquilizar minha mãe de que está tudo bem, me aproximo de
Hunter. Parando na frente dele, exijo: — Qual é o seu jogo,
Maxwell?

Seus lindos olhos brilham com malícia. — Recebo um


beijo de olá?

— Não, — digo docemente.

Seu sorriso só aumenta. — Acho que devemos conversar


sozinhos por alguns minutos.
— Não sei disso, — interrompe Ray, olhando para mim
em busca de algum sinal de como proceder. — O que está
acontecendo aqui, Riley?

— Este é o Escorpião, — digo a ele, desde que ele vai


entender.

Sua expressão se clareia, compreensão surgindo e


mudando sua vibração de profissional para... bem, um tipo
diferente de profissional. — Ah.

— Uau, sou conhecido como 'o Escorpião' nesta casa?


Isso soa ameaçador, — Hunter comenta. — Não admira que
sua mãe não goste de mim.

— Sim, é por isso, — digo secamente, mas não quero que


ninguém mencione qualquer um dos outros motivos na frente
de Ray, então sigo em frente rapidamente. — É sua culpa
mandar aquele maldito colar. — Pego sua mão e começo a
arrastá-lo pelo corredor em direção ao meu quarto. — Já
voltamos, — digo a mamãe e Ray.

— As paredes são finas, — mamãe fala como um


lembrete, fazendo-me corar.

— Oh meu Deus, vamos apenas conversar, — eu digo a


ela.

— Vamos? — Hunter sussurra.


Atiro para ele um olhar por cima do ombro enquanto
caminhamos. — Certamente não faremos mais nada com meus
pais na outra sala. Você tem muito o que explicar, senhor.

— Ray não é seu pai verdadeiro, é? — Ele pergunta,


tentando juntar o nosso estranho retrato de família. — O nome
dele não está na sua certidão de nascimento.

Paro de andar fora da porta do meu quarto e olho para


ele. — Você viu minha certidão de nascimento?

Hunter faz uma pausa suspeita e depois diz: — Não?

— Meu Deus, você é um perseguidor. — Abro a porta do


meu quarto e ele me segue para dentro.

— Eu não estava tentando ser, eu estava apenas tentando


descobrir o quão permanente esse cara era antes de abordá-lo
sobre investir na academia. Isso só para realizar o que eu
precisava se você e sua mãe tivessem fortes laços com ele.

Fecho a porta do meu quarto e me viro. Dado o cálculo


claro do que ele acabou de dizer, coloco a mão no quadril e
olho para ele com expectativa. — E o que, exatamente, você
estava tentando realizar?

Em vez de responder, Hunter fecha a curta distância


entre nós. Uma vez que ele está perto o suficiente, ele tira
minha mão do meu quadril e desliza meus braços ao redor de
seu torso.
Com um leve suspiro, deixei que ele me distraísse por um
momento. Envolvo meus braços em volta dele para um abraço
e o deixo me puxar para seus braços fortes.

— Gosto deste vestido que você está usando esta noite, —


ele me diz.

— Oh sim?

— Mm-hmm. — Ele beija o lado da minha cabeça, uma


de suas mãos caindo na parte inferior das minhas costas. —
Laço Branco. Tão inocente. — Sua mão desliza para baixo,
roçando a curva da minha bunda antes que ele a segure e
aperte. — Você está usando calcinha como uma boa menina,
ou você está se sentindo um pouco travessa esta noite? Se eu
chegar por baixo deste lindo vestido de renda, terei acesso à
sua boceta nua, ou há algo no meu caminho?

Uma respiração sai correndo de mim. Entre suas palavras


e seu toque, o calor começa a se espalhar por minhas veias.
Certamente não me sinto inocente.

Tento me afastar, mas seu abraço aperta, mantendo-me


perto.

Em relação a ele com suspeita aberta, exijo: — Você está


tentando me tentar, Hunter Maxwell?

— Pode ser. — Ele abaixa a cabeça, roçando seus lábios


perfeitos na minha têmpora. — Você se sendo tentada?

Sim.
Tento mais me afastar dele. — Deixa-me ir. Não vou ficar
com você quando minha mãe quase certamente está se
esforçando para ouvir o que estamos falando aqui – e fale
baixo, seu falador sujo.

— Esse é o único motivo? — Ele provoca.

Lanço um olhar para ele. — E então há as outras dúzias


ou mais, mas eu nem ia mencionar essas. — Ele finalmente me
deixa ir. Dou um passo para trás para ajudar a clarear minha
cabeça. — O que é isso, Hunter? O que você está fazendo?

— Brincando com a minha namorada, — ele diz, todo seu


comportamento mais relaxado e brincalhão do que eu o vi
ultimamente.

— Não sou sua namorada, — digo a ele.

Ele sorri. — Oh, sim, você é.

Há algo que não gosto na maneira como ele diz isso. Ele
parece suspeitamente seguro de si, então levanto meu queixo
em um leve desafio, mas não discuto. Espero para ver o que
mais ele diz.

— Veja, você me disse para ser criativo. — Ele dá um


passo em minha direção e agarra meu quadril, me puxando
para perto novamente.

Eu deixo, pois pelo menos posso ter certeza de que ele


manterá a voz baixa se estiver bem em cima de mim.
— Você me disse para encontrar uma maneira de
contornar sua resistência. Bem, eu fiz, e acho que fiz melhor
do que você esperava.

A maneira como ele diz isso me dá um leve arrepio na


espinha. — O que você quer dizer?

Ele é caloroso e amoroso, apesar da declaração que


acabou de fazer. Olhando para mim com carinho, ele acaricia
meu queixo. — Você é minha, Riley. Quero que todos saibam
disso. Quero efetivamente possuir você, — ele murmura,
curvando-se para pressionar seus lábios contra os meus.

Deixo-o me beijar, mas não o beijo de volta.

Engulo, meu coração disparado. Tenho a sensação de que


sei para onde isso está indo.

— E você quer algo também, — ele murmura contra meus


lábios. — Sua motivação é muito mais nobre do que a minha,
mas isso não importa. — Ele faz uma pausa e diz: — Sua
família precisa do meu dinheiro e eu o darei a eles. Mas vou
querer algo em troca.

— O que você quer? — Pergunto com cautela.

— Você, — ele diz simplesmente.

Não confio nessa resposta. É muito simples. — Você me


tem.

— Não. Não do jeito que quero você. Quero acesso total.


Quero tudo de você. Quero que a palavra não saia do seu
vocabulário. Você vai ser minha namorada – sem asteriscos.
Sem contenção. Também quero que você saia do seu emprego
na lanchonete.

— Hunter!

— Sherlock sabe que você trabalha lá, — ele diz antes que
eu possa argumentar. — Não quero que ele saiba aonde ir pra
te ter sozinha.

Meu coração afunda. Eu nem tinha considerado isso.

— Agora, acho que você deveria aproveitar a vantagem de


não ter que trabalhar agora. Use esse tempo para se
concentrar em seus estudos e no último ano em casa com sua
mãe e seu namorado. Mas se você está decidida a trabalhar,
tenho uma ideia melhor. Assim que Ray abrir o ginásio,
precisaremos de pessoas para trabalhar na recepção. Você
poderia trabalhar lá alguns dias por semana. Não seria um
trabalho terrivelmente exigente; metade do tempo
provavelmente estaríamos pagando você para sentar-se à mesa
e fazer sua lição de casa ou ler um livro.

Minhas sobrancelhas sobem com interesse. — Isso soa


melhor...

— Enquanto isso, vou te dar um cartão de crédito. Você


pode usar isso para pagar o que precisar.

Sua insistência em fomentar a dependência dele ainda


me deixa inquieta. — Você está pedindo muito poder sobre
mim, Hunter.
— Não estou pedindo por isso. — Ele leva minha mão aos
lábios e a beija, segurando meu olhar. — Estou exigindo isso.
Mas não vou abusar disso, — promete.

— Você já fez isso antes, — eu o lembro.

— Não irei novamente. Lembra que eu disse a você sobre


meu pai e sua esposa?

Concordo.

— Ela me disse que um relacionamento é como uma


conta bancária. Quanto mais você investe, mais você ganha
com isso ao longo do tempo, e gosto disso. Mas ela também me
disse que você não pode se dar ao luxo de fazer saques grandes
demais.

Olho para as nossas mãos enquanto ele espalha meus


dedos para abrir espaço para os dele, então os entrelaça.

— Ela disse que quando ele fodeu com a minha mãe, foi
um ponto de viragem no relacionamento deles, mas não foi o
mesmo para os dois. Seu erro o fez amá-la mais, mas fez com
que ela o amasse um pouco menos. E ele não poderia retirar o
que fez, então ele nunca poderia ter aquele amor de volta. Ele
poderia depositar mais na conta e tentar compensar o que
custou a eles, mas ela sempre o amará um pouco menos do
que ela poderia ter, e ele sempre terá que saber disso.

Não sei por que, mas essa história traz um nó de tristeza


na minha garganta. Tento engolir enquanto seus lindos olhos
perfuram os meus.
— Não posso me dar ao luxo de fazer você me amar
menos, Riley. Sou muito ganancioso para isso. Sei que fiz
alguns saques e sinto muito por isso. Mas está feito. Agora
preciso de uma chance para mostrar como pode ser entre nós
se você apenas deixar, e você não vai me dar essa chance, não
importa o que eu faça. Tenho que aproveitar. Então, encontrei
um jeito. Claro, é tecnicamente chantagem, mas não estou te
prendendo totalmente. Meus termos têm uma data de término.
Se você ainda quiser ficar comigo depois disso – e espero que
queira – então ótimo, a decisão será sua.

— Qual é a data de término?

— Graduação. Se eu não mudar sua opinião sobre mim


até então, vou... — Ele hesita. — Você pode me deixar.

Meu coração se contrai dolorosamente com a mera ideia.

Aproximo-me um pouco mais dele, mas me concentro em


seu peito para não ter que olhar em seus olhos.

— Mas você tem que ser sincera, — diz ele. — Quero uma
chance real. Sem meias medidas. Não se contenha de mim. Sei
que não posso controlar isso, só você pode, mas se você não
der uma chance real, você não estará segurando sua parte do
acordo. Sei como você é sobre regras; você não vai se sentir
bem com isso.

Meus lábios se curvam. Coloco minha mão contra seu


bíceps, acariciando seu braço através do material áspero. —
Alguns diriam que não há honra em honrar um acordo
desonroso.

— Como isso é um acordo desonroso? — Ele exige.

Tento reprimir um sorriso quando finalmente olho para


ele. — Você mesmo disse que é chantagem.

— Chantagem leve, — diz ele.

— Ah, certo. Bem, se for chantagem leve...

Jogando como se eu tivesse combinado com ele, ele diz:


— Está vendo? Totalmente honrado.

Suspiro, deslizando meus braços ao redor de seu pescoço


e inclinando meu corpo contra o dele. — Concordo com seus
termos.

A esperança ilumina seus olhos. — Sim?

Concordo. — É oficial. Você arranjou uma namorada.

Hunter sorri, travando seus braços em volta da minha


cintura e me puxando com força contra ele. — Gosto do som
disso.

— É melhor. Você pagou o suficiente por mim, — provoco.

Hunter balança a cabeça. — Nah, tenho uma pechincha.


Vou ter que ensinar minha adorável namorada sobre a arte de
negociar. Quando você tiver o que eles querem, nunca aceite a
primeira oferta. Você poderia ter pedido mais.
Inclino meu pescoço enquanto ele enterra o rosto lá e
começa a beijá-lo. — Como um pônei?

— Eu estava pensando em um carro. — Ele beija meu


pescoço e murmura contra minha pele: — Vou comprar um
para você de qualquer maneira. Vamos chamá-lo de bônus de
assinatura.

Sorrio enquanto meus olhos se fecham. — Eu te disse,


você não vai me comprar um carro.

Hunter para de beijar meu pescoço. Ele se endireita e olha


para mim, levantando uma sobrancelha. — Riley Bishop, foi
um não que acabei de ouvir de seus lindos lábios?

Assustada, abro a boca para negar, mas não consigo. Foi


reembalado com palavras diferentes, mas era um não. — Nem
tenho permissão para...? Tenho que deixar você me comprar
um carro?

Hunter balança a cabeça, depois volta a beijar meu


pescoço. — Tornei sua vida terrível. Eu sei.

— Mas não pensei...

— Comprei os direitos de sua resistência. Esses direitos


serão revertidos para você no dia da formatura. Até então, você
não pode dizer não para mim. O que eu quiser, eu consigo. —
Seus lábios encontram um canto particularmente sensível, e
uma emoção dispara pela minha espinha. — Se eu quiser
comprar um carro para você, você diz: 'Obrigada, Hunter.' Se
eu quiser que você tire sua calcinha e coloque-a no meu bolso
para que eu saiba durante todo o jantar que você está sentada
na minha frente, se contorcendo, sua boceta molhada e
querendo...

Uma respiração sai correndo de mim. A excitação me faz


apertar minhas coxas, protegendo minha calcinha. — OK.
Espere um minuto. Precisamos recuar um pouco. Acho que
não entendi totalmente os termos...

— Tarde demais. Você já aceitou. — Endireitando-se


novamente, ele olha para mim, um brilho malicioso em seus
olhos. — Você realmente tem que melhorar na leitura dessas
letras miúdas.
Após uma tensa tentativa de renegociação, Hunter e eu
finalmente emergimos do meu quarto.

Minha calcinha está em seu bolso.

É possível que eu tenha cometido um erro.

Pego sua mão de qualquer maneira, deixando um sorriso


fácil agraciar meus lábios enquanto levo Hunter de volta para
a cozinha.

Como esperado, mamãe está esperando como se estivesse


ansiosa.

Ela respira novamente quando entro na sala, mas posso


sentir a mudança nela. Qualquer boa vontade que ela estava
preparada para oferecer a Hunter, foi suspensa até novo aviso.

— Ray e eu conversamos, — diz a mãe.

Levanto a mão para impedi-la. — Está bem.


— Não precisamos do dinheiro, — ela diz, balançando a
cabeça. — Ele pode esperar. Ele pode solicitar o empréstimo
em outra hora.

— Mãe, — interrompo com firmeza. — Ele não precisa se


candidatar a outro empréstimo. Hunter está pronto para
investir. Estamos bem.

Ela balança a cabeça, lançando a Hunter um olhar sujo.


Seu olhar cai para a minha mão na dele, então ela olha de volta
para o meu rosto, seus olhos implorando. — Agora preciso falar
com você.

Solto a mão de Hunter e digo a ele que já volto, depois


sigo minha mãe até a sala de estar.

— Acho que posso ter colocado minha carroça atrás do


cavalo errado, — diz ela apressada. — Mas para ser justa, não
havia cavalos bons. Você só gosta de cavalos ruins, então eu
só tive que... Bem, acho que não precisava, eu poderia
simplesmente deixar você descobrir tudo sozinha, mas não
consegui. Vi você indo direto para um acidente de trem e tive
que tentar impedi-lo. Gostar de meninos é uma coisa, imaginei
que teríamos que lidar com isso eventualmente, mas entrei em
pânico. Pensei 'Hunter pode não ser perfeito, mas existem
garotos piores de que ela poderia gostar' e, aparentemente,
você estava pronta! Então, pensei que talvez devesse dar uma
chance ao Hunter, mas ele é um manipulador. Eu sabia. Eu...

Pego sua mão para chamar sua atenção. — Mamãe. Pare.


Não sei sobre o que você está reclamando.
— Rescindi minha aprovação provisória de Hunter
Maxwell, — ela diz, indo direto ao ponto.

Balanço minha cabeça, oferecendo a ela um pequeno


sorriso. — Não faça isso.

— Ele é um idiota manipulador e mimado.

— Sim. Um pouco. Mas ele também tem ótimas


qualidades. Você gostará dele assim que o conhecer. E você vai
conhecê-lo, porque ele é oficialmente meu namorado agora.

Isso não faz nada para reduzir seu horror. — Lembra


quando estávamos brincando sobre eu vendendo você para
Hunter? Isso foi uma piada. Eu também não quero que você se
case com um mafioso. Talvez eu deva ser mais cuidadosa com
as piadas que faço. Achei que estávamos na mesma página.

— Você não me vendeu para Hunter, — asseguro a ela.

Tecnicamente, eu me vendi.

Não adiciono essa parte.

— Você disse que ele não era seu namorado. Agora ele é.
Não sou idiota, Riley. Ele está segurando esse dinheiro na sua
cabeça para conseguir o que quer de você.

— Não. Quero dizer... tipo, mas não é como você está


imaginando.
— Isto é. Este é exatamente o tipo de coisa que vi
acontecer quando ele começou a enviar presentes para você,
há quatro anos. Eu não deveria ter baixado minha guarda.

— Mãe, pare. Por favor, — digo, implorando com meus


olhos. — Não preciso de você para me proteger, não de Hunter.
É complicado e não quero explicar por que, só quero que todos
comecemos aqui. Deixe sua impressão dele ser boa. Ele não
está fazendo nada de ruim para mim, prometo. Ele estava
cansado de ser meu namorado, mas não realmente meu
namorado. Sim, ele pensou dar dinheiro a Ray como uma
vantagem, mas honestamente não é grande coisa. E não estou
presa nisso. Se não gosto de ser namorada dele, posso
terminar com ele. Isso não muda nada entre ele e Ray. Isso é
sólido, é separado. Não há nenhuma obrigação contínua da
minha parte em manter isso funcionando.

Essa é uma grande revisão da verdade, mas não posso


dizer a ela que estou tecnicamente destituída de minha
capacidade de dizer não a Hunter até a formatura, se Ray
aceitar o dinheiro. Ela nunca concordaria com isso.

Sobre mim com uma incerteza duradoura, ela diz: — Você


tem certeza?

Concordo. — Positivo. Diga a Ray para pegar o dinheiro.


Esta é a pausa que ele estava esperando. E Hunter tem
experiência em marketing de mídia social. Ele modela para a
linha de roupas de seu pai, mas também dirige as redes
sociais. Aposto que ele poderia até modelar algumas fotos para
promover a academia. Seu corpo é... Acredite em mim, ele fará
o trabalho de convencer as pessoas de que devem se inscrever
em sua academia.

— Sim, vi o Instagram dele, — ela murmura.

— Ele é perfeito para isso, honestamente. E sabe de uma


coisa? Ele nem mesmo está sem o dinheiro que está investindo.
Ele disse que seu pai estava planejando comprar para ele um
negócio inicial como um presente de formatura, de qualquer
maneira. Hunter falou com ele sobre a academia, e ele
concordou em financiar isso, então é realmente uma vitória
para todos.

— Um... negócio inicial?

— Ele é muito empreendedor, — explico. — Ele acredita


que a aprendizagem prática é o melhor professor. Hunter ainda
irá para a faculdade, é claro, mas seu pai acha que você leva
as coisas mais a sério se houver apostas reais – pessoas reais
dependendo de você para tornar seu negócio um sucesso. Um
de seus amigos começou a fazer isso por seus filhos, então ele
pegou a ideia emprestada e decidiu fazer isso por Hunter, uma
vez que... bem, ele é ilegítimo e tem o problema de várias
maneiras.

Mamãe balança a cabeça. — Pessoas ricas são tão


estranhas.

Abro um sorriso. — Eles têm um conjunto diferente de


problemas, isso é certo.
— De qualquer forma, eu não estava preocupada se este
é um bom negócio para Hunter, — ela diz, revirando os olhos.
Concentrando toda a sua preocupação em mim, ela diz: — Só
me importo se for um bom negócio para você.

— É um ótimo negócio para mim, — garanto a ela.

— Mas você não queria ser namorada dele. Certamente


você tem um bom motivo.

— Tenho, mas... — Suspiro, tentando pensar em como


explicar. — Minhas mãos estavam amarradas. Eu queria dizer
sim, mas precisava dizer não. Agora... Hunter fez com que eu
não pudesse. Ele realmente me libertou para fazer o que eu
gostaria de poder fazer de qualquer maneira. Estamos todos
bem. Eu quero isso.

— Você tem certeza? — Mamãe pergunta.

— Completamente certa. E que tal um bônus? Somos


todos convidados para as férias de primavera na Itália.

Mamãe pisca. — O quê?

Aceno, pegando seu braço e levando-a suavemente de


volta para a cozinha. — Hunter vem com vantagens. Mas
também custos. Ele quer minhas noites de sexta a partir de
agora. Tipo, não apenas uma noite de encontro – ele quer que
eu passe a noite com ele em sua casa todas as sextas-feiras à
noite.

— Na casa dele?
— A mãe dele está namorando um cara em Miami, então
ela nunca mais estará por perto. Hunter basicamente tem todo
o lugar só para ele.

— Que reconfortante, — diz ela ironicamente.

Acaricio sua mão. — Tudo vale a pena, confie em mim.

Ela não parece estar totalmente convencida, mas eu a


conduzi através da pior das dúvidas. Vou deixar Hunter fazer
o resto.

Ray olha entre nós quando voltamos para a cozinha. —


Tudo bem?

Aceno, dando a ele um sorriso. — Sim.

Ele olha para minha mãe para confirmação.

Com menos entusiasmo, ela balança a cabeça. — Você


pode começar os bifes. Acho que Hunter vai ficar para o jantar,
afinal.

Ray aceita isso e vai pegar a carne e sair, mas Hunter olha
para mim.

Vagueio até ele, deslizando meus braços ao redor de seu


pescoço e me inclinando contra ele. Não estou totalmente
confortável com esse afeto público, mas acho que é importante
para minha mãe me ver amando Hunter para aliviar sua culpa
sobre o dinheiro.
— Tudo certo? — Hunter pergunta, envolvendo os braços
em volta da minha cintura e me segurando.

Concordo. — Só queria ter sabido que você era o


investidor. Não teríamos cozinhado nada. Eu teria feito você
fazer isso.

A apreensão de Hunter diminui, um sorriso fácil puxando


seus lindos lábios. — Oh sim?

Aceno com mais veemência, então me afasto para que eu


possa me virar e olhar para minha mãe. — Teremos que
convidar Hunter para jantar uma noite e deixá-lo cozinhar.

— Hunter sabe cozinhar?

— Hunter pode cozinhar, — asseguro a ela, com


sentimento. — Não estou falando de ferver macarrão em caixa
e aquecer molho em boi também. Ele pode cozinhar com
ingredientes reais. Seus talentos são praticamente ilimitados.
É ridículo. Mas estou muito feliz com a culinária. Se todas as
outras opções de sua carreira falharem, ele pode abrir um
restaurante e se sairá muito bem.

Mamãe nos olha com ceticismo. — Gosto de boa comida...

Aceno ansiosamente.

Hunter coloca o braço em volta da minha cintura agora


que estamos lado a lado e respeita minha mãe. — E não sei se
Riley te contou, mas vou comprar um carro para ela. Em breve,
estará muito frio para ela andar por toda parte. Não sei se você
gosta de comprar carros, mas sei que gosta de gastar meu
dinheiro, então, se quiser levá-la para sair esta semana para
ajudá-la a escolher um...

Os olhos da mamãe se estreitam em consideração. —


Gosto de gastar seu dinheiro...

Hunter olha para mim. — Você contou a ela sobre a Itália?

Concordo.

Ele olha para a mamãe.

Ela suspira. — Também gosto da Itália. Quer dizer, nunca


estive lá, mas imagino que gostarei da Itália.

— Tenho certeza que você vai. É lindo. Obviamente,


passei algum tempo lá. Eu ficaria feliz em levar vocês por aí,
mostrar a vocês os pontos turísticos.

Mamãe ainda parece um pouco em conflito. Sua


preocupação não diminui quando ela olha para mim e seu
olhar cai para o meu pescoço.

Estou usando o colar de Escorpião que Hunter mandou


no primeiro dia de aula. Ele viu a caixa na minha cômoda e o
colocou em mim depois que concordei com seus termos.

Parcialmente, é um belo presente e tecnicamente sua


inicial. Parcialmente, é um símbolo de propriedade.

Ela não teria nenhuma noção dessa parte se eu não a


deixasse ler aquela nota, mas como ela sabe que este colar não
foi dado a mim como um gesto simpático, sua presença em
volta do meu pescoço faz pouco para aliviar sua ansiedade.

Não tento amenizá-los agora. Não tenho certeza de como.


Minha própria ansiedade sobre o arranjo nem mesmo
diminuiu ainda, mas Hunter parece bastante confiante de que
este é o caminho certo. Ele disse que adquiri o hábito de dizer
não a ele, e precisamos quebrar isso para podermos voltar ao
nosso ritmo natural.

Ele pode estar certo, mas vai demorar um pouco para me


acostumar.
Acontece que a vida é muito mais fácil com Hunter
comandando o show.

Segunda de manhã recebo um lindo buquê de flores.

Mas não é entregue em minha casa. É entregue na sala


de aula.

O entregador de flores parece um pouco curioso com a


mudança de local quando as coloca na minha mesa, mas com
tantas pessoas me olhando com olhares de inveja ou alegria
em seus rostos, não consigo brincar com ele hoje.

— Obrigada, Ted, — digo simplesmente.

A professora sorri agradavelmente, olhando para o lindo


arranjo na minha mesa. — Aw, isso é bom. É seu aniversário?

— Não. Só segunda-feira, — murmuro, inclinando-me


para cheirá-las.

Como ainda não tenho um carro e o buquê é grande


demais para enfiar no meu armário, tenho que carregar essa
maldita coisa comigo o dia todo.
Tenho certeza de que Hunter sabia que seria o caso,
porque quando apareço na aula de inglês ainda o carregando
por aí, ele recebe um grande sorriso no rosto.

— Bem, olhe para isso. Quem foi tão atencioso a ponto de


lhe enviar flores nesta adorável manhã de segunda-feira? —
Ele provoca.

Afundo na minha cadeira e coloco o vaso na minha mesa.


— Meu namorado maluco. Normalmente, ele os manda para
minha casa. Hoje, ele queria me fazer desfilar com eles por toda
a escola.

— Ele soa como um guardião.

Reviro meus olhos. — É melhor Sra. Dowd não descobrir


que são de você. Ela vai me reprovar, com certeza.

Hunter se inclina para abaixar a voz. — Se você realmente


quer colocar coleira no animal de estimação da sua professora,
você pode pegar o cartão e dar a ela. Aposto que ela não recebe
flores com muita frequência. Pode render alguns brownie
points 64.

Meus olhos se arregalam. — Não posso dar suas flores.

— Não é como se eu não mandasse mais na próxima


semana, — afirma.

Mordo meu lábio inferior, olhando para as flores em


consideração. Por um lado, odeio entregá-las porque são de

64 Brownie points significa ganhar uns pontinhos, fazer uma média.


Hunter. Por outro lado, não quero carregá-las comigo para
almoçar e definitivamente poderia usar alguns brownie points
com a Sra. Dowd.

Antes que ela olhe aqui e perceba as flores na minha


mesa, rapidamente tiro o cartão e coloco no meu caderno.
Então pego o vaso e fico de pé e caminho para a frente da sala.

A Sra. Dowd olha para cima, sua expressão comprimida


até que ela vê o vaso cheio de lindas flores.

Ela se senta, um pouco assustada. — O que é isso?

— Para você, — digo, oferecendo-os a ela.

Seu olhar atordoado sobe para encontrar o meu. — Para


mim?

Sorrio e aceno. — Para iluminar sua semana.

— Oh. — Muito surpresa para esconder, ela olha para as


flores. — Bem, isso é muito bom. Obrigada, Srta. Bishop.

Lanço para ela outro sorriso brilhante, então me viro e


volto para a minha mesa.

Hunter dá uma mão, verificando as flores como se não


fosse ideia dele e dizendo: — Olhe para essas flores bonitas.

A Sra. Dowd se inclina para cheirá-las. — A Srta. Bishop


as trouxe para mim.

— Ela tem bom gosto. Flores bonitas para uma senhora


bonita, — Hunter diz com um sorriso diabólico.
A Sra. Dowd realmente fica vermelha.

— Desculpe, desculpe. — Hunter balança a cabeça. —


Inapropriado, eu sei. Vou tentar me controlar.

Mordo de volta um sorriso, roubando um olhar para ele


enquanto abro meu caderno.

Ele sorri e pisca para mim.

Ele é um canalha às vezes, mas seu plano funcionou


perfeitamente.

A Sra. Dowd é decididamente mais agradável pelo o resto


da classe.

Quando chega a hora do almoço, estou no caminho certo


para ter o melhor dia de escola de todos os tempos.

Nem uma única pessoa me agrediu nos corredores, a


professora que não gosta de mim foi mais fácil hoje devido à
interferência de Hunter, e embora o almoço seja a minha parte
menos favorita de todos os dias de escola, não estou temendo
como normalmente faço.

Salvo qualquer drama totalmente imprevisto, deveria ser


um dia totalmente agradável.
Desembrulho meu almoço e abro meu livro, mas não
passo da primeira página antes que minha solidão seja
interrompida.

Cheia de medo, olho para cima para ver quem é desta vez.

A surpresa me agarra enquanto Hunter Maxwell, legítimo


rei da mesa popular, se senta à minha frente na mesa social
dos párias.

— O que você está fazendo? — Pergunto.

Hunter me olha do outro lado da mesa. — O que parece


que estou fazendo?

— Perturbando a ordem social.

Um leve sorriso surge em seus lábios enquanto ele agarra


um garfo. — Eu ia dizer sentado com minha namorada, mas
acho que você pode chamar do que quiser.

Olho além dele em sua mesa de costume. — Se você se


sentar aqui, as pessoas ficarão confusas.

— É bom empurrar as pessoas para fora de suas zonas


de conforto de vez em quando.

Olho para ele. — E se eles seguirem você? Eu meio que


gosto de não ter um monte de gente sentada aqui na hora do
almoço. Sei que foi originalmente planejado como uma forma
de ostracismo, mas depois de quatro anos, estou realmente
acostumada a ter meu espaço.
Hunter é blasé com o grande gesto que está fazendo, me
dizendo: — Se alguém seguir, direi a eles para irem embora.
Não é grande coisa, Riley.

Mas é um grande negócio. A confusão que previ se


espalha pelas mesas populares. As pessoas ficam olhando para
nós com incerteza, como se não tivessem certeza de como
reagir. Eles deveriam pegar suas bandejas e vir sentar aqui
conosco? Queremos nossa privacidade? O que eles podem
fazer para não deixar Hunter louco? Suas expectativas em
relação a eles não são tão claras agora como costumam ser, e
eles estão definitivamente desconfortáveis com isso.

Balanço minha cabeça. — Se você não tomar cuidado,


outra pessoa pode tirar vantagem de seu trono vazio e tentar
tirá-lo de você.

— Deixe-os, — diz ele, como se realmente não se


incomodasse com a perspectiva.

Franzo a testa. — Você parece estar falando sério.

— E estou. Estive pensando sobre o que você disse, como


minha popularidade é mais um aborrecimento para você do
que um privilégio. É tudo o que já conheci, então não percebi,
mas ultimamente é assim para mim também. — Ele me olha
do outro lado da mesa. — Não posso prometer que minha vida
nem sempre será um pouco assim, tendo a cair em certos
papéis não importa aonde eu vá, mas nem sempre será esse
lugar, essas pessoas. Talvez já tenhamos superado o ensino
médio.
Meu alívio ao ouvi-lo dizer isso é tão imenso que estou
impressionada. — Mesmo? Também tenho me sentido assim.
Não sobre as coisas da popularidade, obviamente, eu nunca
vou ser popular, mas sou assim ao longo do ensino médio neste
momento.

Hunter acena com a cabeça. — Provavelmente é minha


culpa. Nenhuma parte da experiência do ensino médio foi boa
para você. Desculpe-me por isso.

Encolho os ombros. — A faculdade será melhor.

— Sim, — ele concorda com veemência. — A faculdade e


muito mais serão infinitamente melhores do que o ensino
médio.

— Tenho pensado muito nisso ultimamente. Sonhar


acordada é provavelmente uma terminologia mais precisa, —
admito, sorrindo fracamente enquanto retiro a tampa de
alumínio do meu purê de maçã.

Hunter sorri para mim. — Sim?

Concordo. — Estou animada. Amo aprender e sinto que


quando chegar à faculdade terei mais foco nisso, menos nas
besteiras grosseiras.

— Tenho certeza de que ainda haverá besteiras


grosseiras, mas você pode ficar fora disso. Estaremos vivendo
por conta própria, abraçando a idade adulta. As coisas serão
diferentes.
— Sim. — Sorrio. — A única coisa que poderia arruinar o
próximo ano seria se Valerie fosse para uma escola estadual e
ainda tivéssemos que cruzar seu caminho de vez em quando.

Hunter balança a cabeça. — Ela quer ir para a costa


oeste.

Suspiro feliz. — Música para meus ouvidos.

— E Sherlock está de olho na Columbia, — ele diz,


olhando para mim.

— Tudo o que você está dizendo agora é bom.

Ele sorri. — Boston é toda nossa.

Sorrio de volta, mas não posso deixar de perguntar algo


que venho pensando desde que tudo isso surgiu. — Você
realmente quer ir para a faculdade em Boston ou está apenas
olhando para lá porque é para onde quero ir?

— Não me importo para qual faculdade vou, Riley. Você


sabe que coisas assim não importam para mim.

— Sei. Também sei que sua vida é encantada, — digo,


mergulhando a colher em meu purê de maçã. —
Provavelmente, você casualmente fará um amigo na academia
e será uma grande coisa em Harvard se estender o tapete
vermelho e literalmente implorar para que você frequente a
faculdade deles.

Hunter sorri. — Nunca se sabe.


Reviro meus olhos. — Se eu não te amasse tanto, seria
tão fácil odiar você.

Seu sorriso fica mais diabólico. — Eu apenas diria 'não' e


você teria que parar.

Dou uma mordida no meu purê de maçã, em seguida,


estreito meus olhos enquanto deliberadamente o seduzo com
meus lábios e língua enquanto tiro a colher da minha boca –
apenas para lembrá-lo do que sou capaz. — Não zombe de
mim, Hunter, — digo docemente.

Seu olhar aquecido encontra o meu. — Não me tente,


Riley. — Batendo em sua coxa ameaçadoramente por baixo da
mesa, ele diz: — Vou dizer a sua linda bunda para vir sentar
no meu colo enquanto você termina o seu almoço.

Abro a boca para dizer que nunca faria isso, mas então
me lembro que não posso dizer não a ele.

Ele parece tão presunçoso quando a compreensão me


atinge, mas não tenho escolha a não ser acalmar e lançar um
olhar para ele. — Você não joga limpo, Maxwell.

Parecendo nem um pouco envergonhado, ele diz: —


Correto. Jogo para vencer.
Por volta do meio da semana, mamãe e eu pesquisa
carros.

Acaba sendo bem fácil. O Lexus azul que Hunter me


enviou o link ainda está disponível e o preço caiu algumas
centenas de dólares. Ainda está muito fora do meu orçamento,
mas como Hunter disse que estava dentro do dele, vamos dar
uma olhada.

O interior é tão bonito e dirige tão suavemente. Ainda


estou hesitante em deixá-lo me comprar um presente tão caro,
mas como tecnicamente não tenho permissão para recusar,
digo que sim.

No caminho para casa, mamãe me provoca por ter um


carro melhor do que o dela, mas posso dizer que quaisquer
reservas que ela tenha sobre Hunter, ela não pode negar que
ele deve estar falando muito sério sobre mim se ele realmente
me comprou um carro.

Fico feliz que ela esteja se sentindo um pouco mais


amigável em relação a ele, porque tenho que continuar com a
notícia de que larguei meu emprego.

Sua expressão congela. — Você... largou seu trabalho?


Achei que você gostasse do seu trabalho.

— Larguei, — digo com cautela.

— Hunter a fez largar? — Ela adivinha.


— Ele sugeriu que talvez eu pudesse trabalhar na
recepção da academia quando estiver aberta, — digo a ela.

Sua expressão facial não muda.

— Se eu quiser, — acrescento com menos certeza. — Não


tenho que trabalhar enquanto ainda estou na escola. Ele disse
que se eu quiser, posso simplesmente aproveitar este último
ano em casa com você.

Mamãe suspira, parecendo saber que o que está prestes


a dizer não será bem recebido e ela não quer dizer, mas ela tem
que dizer. — Isso é realmente um comportamento controlador,
Riley.

— Não é assim, — digo a ela.

— Se parece e soa assim...

O conflito mantém meus lábios fechados por um


momento a mais do que deveria. Quero correr em defesa de
Hunter, mas a única maneira de fazer isso é lançar Sherlock
sob a luz do vilão mais uma vez.

Acho que não importa. Mamãe nunca vai conhecê-lo.


Hunter é quem preciso que ela goste.

Ainda estou relutante, mas expulso as palavras da minha


boca. — Ele tem seus motivos. Lembra-se de Sherlock?

Sua testa franze ligeiramente e ela acena com a cabeça.


— Bem, antes de tudo acontecer com ele, Hunter trouxe
Sherlock para a lanchonete uma noite quando eu estava
trabalhando. Não acho que seja grande coisa, ele
provavelmente está sendo superprotetor sobre isso, mas
Hunter não gosta da ideia de Sherlock saber onde trabalho.
Onde fecho tarde da noite às vezes. Onde... ele talvez pudesse
aparecer e me pegar a sós.

A carranca de mamãe se aprofunda. — Devemos nos


preocupar com esse cara? Ele é perigoso?

— Não. Acho que não. Nem acho que foi necessário parar
de trabalhar na lanchonete, é apenas algo que Hunter insistiu
em uma abundância de cautela.

Mamãe ainda está carrancuda, então continuo falando.

— Não é uma coisa de ciúme, — me apresso para


assegurar a ela. — É uma coisa de segurança, mas Sherlock
não é perigoso. Quer dizer, na verdade não. É difícil de explicar.
Ele é escorregadio. Não sei o que há com ele, mas ele fará com
que você faça coisas que normalmente nunca faria antes
mesmo de perceber que estão acontecendo. Ele é apenas... ele
é complicado e persuasivo, e... quando você está com ele, tudo
parece bem até que não é – então, de repente, você está com
problemas, mas você nem mesmo sabe como chegou lá...

Já que estou lutando para explicar Sherlock, mamãe me


interrompe. — Acho que entendi. — Seu sorriso é um pouco
dolorido, mas ela tenta. — Hunter pode estar no caminho
certo. E sabe de uma coisa? Preciso aprender a me intrometer
pouco. Você está crescendo, depende de como você deseja que
seja seu relacionamento com Hunter. Contanto que você se
sinta confortável com isso, você tem meu total apoio.

Suas palavras me enchem de alívio. — Obrigada, mãe.

Desta vez, quando ela sorri, é um pouco agridoce, mas


não é mais doloroso. — A qualquer hora, garota.
Antes que eu perceba, é sexta-feira e a semana parece
estar chegando a um fim pacífico.

Já que Hunter reivindicou minhas noites de sexta-feira


em um futuro previsível, arrumo uma pequena bolsa e me
preparo para outra noite romântica e relaxante com ele. Acho
que faremos o jantar juntos, talvez dançar em sua cozinha
enquanto o jantar cozinha. Depois, talvez assistamos a um
filme ou vamos para a cama cedo e nos manteremos acordados
metade da noite.

Todas as minhas adoráveis visões de sexta à noite param


quando Hunter me informa que está dando uma festa. Uma
pequena, ele me garante, mas ele quer ter uma última reunião
enquanto ainda está quente o suficiente para uma fogueira.

Não gosto de ficar com os amigos dele, mas como Valerie


não vai estar lá, engulo a coisa.

Uma festa não vai me matar.

Bem, a última quase o fez, mas tenho certeza que este vai
ficar bem.
Até que ele me diga que Sherlock está chegando.

Por um lado, estou feliz que Hunter não esteja guardando


rancor e eles ainda sejam amigáveis. Eu não gostaria de viver
em um mundo onde eles fossem inimigos.

Por outro lado... bem, da última vez que estive com os


dois em uma festa, foi uma noite muito estranha para mim.

Digo a mim mesma que não há motivo para ficar ansiosa


com isso. Sou de Hunter agora, então ele não tem razão para
agir como um idiota ciumento, e Sherlock não tem razão para
causar problemas.

Ainda estou um pouco preocupada com isso.

Quando a terrível noite finalmente chega, é estranho por


vários motivos.

Primeiro, Sara aparece com Wally.

Os outros amigos de Hunter entram, todos eles são


amigáveis comigo quanto na noite do baile – até mesmo a
estúpida Melina Eggers, que me encarou da última vez que eu
estava de costas para ela.

Talvez ela não me odeie mais agora que estou oficialmente


com Hunter. Se os rumores forem verdadeiros, por um minuto,
ela me viu como um rival pelo afeto de Sherlock – embora eu
não tenha certeza de que ele realmente tenha algum por ela.

Ele não vem à festa com ela. Ele vem sozinho.


Estou sentada no sofá com Sara enquanto ele passa.
Mesmo que ele nem olhe em nossa direção, nossa conversa
morre abruptamente e nós duas o observamos entrar na sala
ao lado.

Depois que ele sai, Sara olha para mim e sussurra: —


Nunca entendi os detalhes sórdidos sobre tudo isso.

Sorrio levemente, mas recatada. — Nenhum detalhe


sórdido para compartilhar.

— Ele explodiu um carro por você, — diz ela, levantando


uma sobrancelha em descrença. — Isso não é exatamente uma
coisa pequena.

— Ele não explodiu por mim, ele só não gosta de Valerie.


Ele tem um bom gosto, — comento.

— Não acredito em você, — Sara diz. — Algo aconteceu


entre vocês dois.

Balanço minha cabeça, mas falar sobre tudo isso faz meu
estômago embrulhar, então me concentro em outro tópico e me
afasto deste.
Quando começa a escurecer, a festa se muda para o lado
de fora. Algumas pessoas ficam dentro de casa em busca de
privacidade ou para continuar as interações em que já estão
envolvidas, mas a maioria de nós volta para os fundos.

Hunter tem uma fogueira, então ele constrói uma grande


chama para fornecer um pouco de luz e calor conforme fica
mais frio.

Além disso, fogueiras são divertidas de assistir. Todos


concordam no início, mas não leva muito tempo para que todos
se divirtam em seus grupos sociais naturais, dos quais não
faço parte.

Não me afasto do fogo, então, eventualmente, fico com


tudo para mim.

Hunter não me abandonou, mas ele está bebendo, e


quando não está sendo um homem das cavernas ciumento, o
álcool o torna ainda mais sociável do que é naturalmente. Ele
está brincando com os amigos e sendo adorável.

Fico feliz em ficar para trás e vê-lo fazer suas coisas, mas
só tomei uma única bebida, então não estou pronta para
participar.

Honestamente, não acho que haja álcool suficiente no


mundo para me fazer querer participar.

Tudo bem, no entanto. Gosto de ver o fogo sozinha. É


pacífico.
Conforme fica mais tarde, a temperatura cai.

Hunter me trouxe um moletom azul marinho de seu


quarto para vestir, mas enquanto me sento em uma das
cadeiras em volta da fogueira e brinco com os cordões brancos,
ainda estou com um pouco de frio.

Mesmo que isso signifique sentar no chão em vez de uma


das cadeiras, me aproximo do fogo, ansiando pelo calor.

Ah, muito melhor.

Contentamento toma conta de mim enquanto vejo as


chamas incinerarem a madeira, transformando a outrora
formidável madeira em pouco mais que cinzas.

Enquanto observo as chamas dançarem, percebo que


alguém está vindo em minha direção, vindo do outro lado da
fogueira. Já que estou sentada no chão agora, tenho que olhar
entre as chamas. Eles lançam uma imagem de mau presságio,
como se o homem estivesse passando por eles.

Não fico surpresa quando Sherlock se agacha do outro


lado e joga um pouco de lenha no fogo. Faíscas voam e as
chamas saltam como se convocadas por seu mestre.

Puxo minhas pernas para longe dele, não querendo ser


chamuscada por madeira queimada.

Sherlock não se move. Ele não tem medo do fogo.

Claramente.
Ele é fascinante o suficiente sem o brilho quente do fogo
banhando suas belas feições com ameaça, mas enquanto ele
olha para mim através das chamas parecendo o pior erro que
alguém vai cometer na vida, não consigo resistir a dizer a ele:
— Você tem vibrações de supervilões loucos, sabia disso?

Seus lábios carnudos se contraem em um pequeno


sorriso malicioso e seus olhos brilham com diversão. — Oh
sim?

Aceno, abraçando meus joelhos um pouco mais


apertados. Não me sinto tão tensa perto dele como antes. Agora
que as coisas com Hunter estão mais resolvidas do que nunca,
seu amigo hipnótico não tem poder sobre mim.

Pelo menos, é o que digo a mim mesmo até que Sherlock


interprete meu discurso como um convite para vir sentar-se ao
meu lado.

A tensão dentro de mim aumenta um pouco quando ele


se senta, mas não é por causa de quaisquer sentimentos
conflitantes desta vez. É ele. Ele é um predador e é difícil
relaxar completamente em sua presença.

Fui capaz antes, mas apenas por pura ignorância. Eu era


como uma criança brincando com uma cobra; não sabia que
ele era perigoso. Agora sim, e é uma lição que meu corpo não
esquecerá tão cedo – mesmo que a ameaça imediata tenha
passado.

— Qual a cor dos seus olhos? — Pergunto-lhe.


Sinto-o olhar para mim, então viro minha cabeça para
encontrar seu olhar.

— O quê? — Ele pergunta como se fosse uma pergunta


estranha.

— Eles são avelã? Verde? Cinza? Azul? Sinto que eles têm
uma cor diferente a cada vez que olho. É irritante.

Ele sorri para mim, sabendo que não vou ter uma visão
mais clara deles agora com o brilho do fogo na nossa frente. —
Não vou te dizer.

— Por quê? — Exijo, de olhos arregalados.

A travessura dança em seus olhos. — Talvez um dia você


chegue perto o suficiente para descobrir por si mesma.

Meu estômago embrulha. Olho para longe dele,


redirecionando meu olhar para o fogo. — Não. Agora sou a
namorada de Hunter. É oficial.

— Eu ouvi, — ele diz, e o vejo concordando com o canto


do meu olho. Gesticulando ao nosso redor, ele diz: — Não vou
mentir, acho que toda essa pequena festa de debutante que ele
deu para você era para mim.

Sei que realmente não devo explicações a ele. Nenhum de


nós jamais pretendeu ter um mínimo de interesse um pelo
outro. Nós dois estávamos pensando em Hunter quando nos
cruzamos, e então nós apenas... fizemos um pequeno desvio.
Nem sei se ele realmente gostou de mim. Talvez fosse
apenas um boato, tão falso quanto o resto deles.

Só no caso de não ser...

Mordo meu lábio inferior, olhando para minhas pernas.


— Lamento que você explodiu o carro de Valerie sem motivo.

Sinto seus olhos fixos em mim, mas não olho para ele.
Depois de alguns segundos, ele diz: — Não foi sem motivo. Foi
por você.

Eu não esperava que ele dissesse isso. Estou surpresa o


suficiente para olhar para ele.

Seus lábios se curvam. Ele se inclina, batendo seu ombro


no meu. — Somos amigos, certo?

Não sei sobre isso.

Eu gostaria de ser amigo dele, simplesmente parece...


perigoso.

— Somos amigáveis, pelo menos, — Ofereço de volta.

— Ai está. — Ele encontra meu olhar novamente,


dançando com diversão. — Estamos bem, Riley. Não se
preocupe com isso.

— Eu só... eu não gostaria de magoar seus sentimentos,


— digo, embora me sinta estranha em dizer isso. — Se eu fiz,
não era minha intenção.
Ele sorri. — Não se preocupe, botão de ouro. Meus
sentimentos aguentam.

Meu coração dá um salto que me avisa que provavelmente


devo encerrar isso e voltar para Hunter.

— Sem arrependimentos, então?

— Nenhum, — ele diz, e isso é mais revelador, já que ele


não apenas colocou fogo no carro de Valerie – ele me beijou.

Mordo meu lábio inferior, meus dentes afundando bem


onde os dele fizeram naquela noite.

Um arrepio desce pela minha espinha.

Desvio o olhar.

Meu estômago dá um nó. Acho que é bom para nós que


sejamos amigáveis, mas ainda acho que é mais seguro evitar
ficar sozinha com ele.

Inclino-me para frente, procurando por Hunter. Seu


quintal é tão grande e espalhado, estamos aqui sozinhos e eles
estão... bem distantes.

Sei que Hunter não me quer sozinha com Sherlock.

Bem quando estou prestes a desistir do meu lugar perto


do fogo e ir encontrar Hunter, Sherlock diz: — Ele está atrás
de você.

— O quê? — Viro-me e meu coração salta quando vejo


Hunter nas sombras. Não sei como ele se esgueirou aqui sem
que eu percebesse... ou há quanto tempo ele está parado ali.
— Hunter.

— Buttercup65, — diz ele ironicamente.

Meu estômago se revira. Esse sentimento volta, o não


totalmente culpado, mas definitivamente não era inocente.

Engolindo, começo a me levantar do chão, mas Hunter


me interrompe antes que eu possa ficar de pé.

— Fique onde está.

Fico, mas olho para ele com cautela. Meu coração bate de
forma irregular. Ele está bravo? Não sei dizer.

O fogo prega peças estranhas, fazendo meu lindo


namorado parecer um pouco malvado também.

O medo desce pela minha espinha enquanto ele dá a volta


para ficar na minha frente, então cai de joelhos.

A ansiedade aperta meu peito. Não quero tê-lo


machucado. Acho que não cruzei os limites, mas talvez
estivesse flertando com um. Eu não estava tentando começar
nada. Muito pelo contrário, na verdade. Eu estava fechando,
dizendo adeus.

— Você está louco? — Pergunto preocupada, olhando


para Hunter. — Eu não queria ficar sozinha com ele, eu estava
apenas assistindo o fogo e ele veio.

65 Buttercup é docinho, florzinha.


— Mm-hmm, — Hunter murmura, mas ele não parece
bravo, exatamente.

Ele coloca a mão no meu peito e me empurra de volta.

Estou confusa, mas deixo que ele me deite no chão.

Então ele monta em mim.

Uma respiração sai correndo de mim. Ele está em cima


de mim como se estivesse na cama, mas não estamos na cama.
Estou no chão frio, estamos do lado de fora e, o pior de tudo,
Sherlock ainda está sentado ao meu lado.

Hunter se inclina e me beija.

Como sempre, seu beijo traz uma onda de frio na barriga


já nervosa. Trago minhas mãos para cima e embalo seu rosto
enquanto o beijo de volta, mas não gosto de PDA 66, então beijar
assim na frente de Sherlock... É muito longe da minha zona de
conforto.

Acho que Hunter só precisa fazer uma observação,


afirmar seu domínio. Espero que ele saia com um beijo para
me marcar na frente de um rival percebido.

Mas então suas mãos deslizam sob o capuz que ele me


deu. Suspiro contra sua boca enquanto ele apalpa meus seios
nus sob a minha camisa.

— Hunter, — digo, me afastando.

66 "Public display of affection" ou "demonstração pública de afeto".


— Sim, Riley?

Sinto o calor subindo pelo meu corpo, um calor que não


tem nada a ver com o fogo. — Talvez devêssemos entrar, —
sugiro.

Hunter balança a cabeça. Ele permanece em cima de


mim, montando em mim, e quase desafiadoramente começa a
brincar com meus seios.

Mortificado, olho para Sherlock. — Talvez você deva ir.

— Devo?

Suspiro quando o polegar de Hunter passa pelo meu


mamilo. Balançando a cabeça fervorosamente, explico: — Não
posso dizer não.

Sherlock franze a testa, sem compreender.

— Estamos jogando um jogo, — digo, com pressa para


explicar antes que Hunter extraia outra resposta ofegante de
mim. — Ele pode fazer o que quiser... — Ofego novamente
quando Hunter aperta meu mamilo, em seguida, aplaina meu
seio contra a palma da mão e se inclina para reivindicar meus
lábios. Quando ele foge, tento terminar rapidamente. — Ele
pode fazer o que quiser comigo. Não posso pará-lo.

Não sei o que espero ver no rosto de Sherlock enquanto


ele observa meu namorado brincar comigo, mas tudo que vejo
é um interesse sombrio. — Parece um jogo divertido, — ele
comenta, olhando para Hunter. — Tenho uma chance?
Hunter sorri, encontrando o olhar de seu amigo. — Não.
Mas fique à vontade para me assistir brincar com ela.

Engulo, não gostando do som disso. — Hunter…

Ele olha para mim, levantando uma sobrancelha


enquanto desafiadoramente belisca meu mamilo. — Riley...

— Esta é uma má ideia.


Não sou estranho a ideias ruins.

Riley provavelmente está certa. Em alguns aspectos, esta


é uma.

Em outras palavras, é a melhor ideia que já tive.

Isso me irrita ser um cara ciumento. Nunca encontrei isso


antes, de Riley. Nunca realmente olhei para outros homens e
vi uma grande ameaça, também.

Sherlock, no entanto. Porra do Sherlock.

Ele é uma raça diferente. Um predador. Uma ameaça,


mesmo que você pense que está acima desse tipo de coisa.

E ele chamou a porra da minha garota de nome de animal


de estimação.

Buttercup.

Seu afeto por ela acende algo dentro de mim. A raiva


passa por mim ao pensar nisso, mas a canalizo. Ao invés de
perder minha cabeça com Riley, aperto seus seios um pouco
mais forte.

Medo e incerteza cintilam em seu rosto bonito, mas há


algo mais lá também.

Sei que ela não está confortável, mas tudo bem. As


pessoas não precisam estar confortáveis o tempo todo.

Contanto que ela esteja pelo menos um pouco excitada


sob a barreira do medo, estamos bem.

E ela está. Ela se contorce embaixo de mim, seus dentes


afundando no lábio inferior desse filho da puta.

Oh sim, estou ligado.

Puxo uma das minhas mãos para fora de sua blusa para
que eu possa roçar seu lábio inferior com o polegar, então
deslizo entre seus lindos lábios pequenos. — Chupe isso, baby.
Finja que é meu pau.

Ela se contorce de novo como se estivesse em agonia,


como se eu a estivesse matando ao obrigá-la a fazer isso. Está
muito escuro para dizer, mas aposto que ela está vermelha
como uma viatura de bombeiros.

Ainda assim, ela envolve seus lábios quentes e úmidos em


volta do meu polegar e chupa como uma boa menina.

Um sorriso surge em meus lábios. Olho para Sherlock e


vejo seu olhar quente bloqueado em sua boca enquanto ela me
chupa.
Ele não é o único filho da puta que não tem medo de
brincar com fogo. Tudo o que ele fez foi apagar um carro na
gasolina e acender um fósforo. Vou bagunçar com ele.

Eu não poderia fazer isso se não soubesse que Riley era


minha.

Vou mostrar ao bastardo como ela é minha.

Tímida e reservada ratinha de biblioteca Riley não fode


com uma audiência

Ela vai para mim, no entanto.

Ela fará qualquer coisa por mim.

Bem, quase tudo.

Não tenho certeza agora até onde vou chegar, mas fico
muito feliz em ver Sherlock querer algo que ele absolutamente
não pode ter, vendo Riley se contorcer como se eu a estivesse
torturando enquanto brinco com ela na frente dele. Tudo isso
é divertido, então não acho que pare tão cedo.

Tiro meu polegar de sua boca. Acho que devo mostrar a


ele como ela é boa em chupar meu pau em seguida.

— Hunter, o que você está fazendo? — Riley pergunta


nervosamente, olhando para baixo enquanto abro o zíper da
minha calça.

— Você sabe o que estou fazendo.


Seus grandes olhos azuis se arregalam. — Podemos por
favor, entrar?

Sorrio, acariciando seu rosto. — Gosto quando você diz


por favor.

— Eu direi mais, — ela promete. — Farei o que você


quiser. Por favor, Hunter.

Tiro meu pau, aproximando-me de seu rosto. Posso ver


que ela está corada, mesmo no escuro. Roço seu lábio inferior
com o polegar mais uma vez, mas desta vez não é apenas para
lembrá-la do beijo. Desta vez é para persuadir seus lábios a se
abrirem enquanto trago meu pau nele.

Vejo o momento em que ela desiste da esperança de que


isso não aconteça.

É o momento em que ela se entrega à inevitabilidade e


seus olhos brilham para mim com uma apreciação que ela não
entende.

— Cristo, — murmura Sherlock enquanto empurro meu


pau na boca de Riley. Ela faz um barulho preso entre um
lamento e um gemido, lutando para caber toda em mim. Ela
não tem nenhum controle de quão profundo ela me leva agora.
Estou em cima dela, tudo depende de mim. Tudo o que ela
pode fazer é ficar deitada e aceitar.

Seus olhos lacrimejam quando empurro mais fundo.


Acaricio o lado de seu rosto para que ela saiba que ela está
indo muito bem, e a garantia dá a ela o impulso de confiança
de que ela precisa.

Riley é incrível em chupar pau. Não sei como ou por que,


não sei se é algo da natureza dela ou se ela fez mais pesquisas
sobre isso do que gostaria de admitir, mas uma vez que ela
encontra seu ritmo, fico tão absorto que não me lembro de ter
ficado zangado.

Deslizo a mão por seu cabelo e seguro firmemente o topo


de sua cabeça, segurando enquanto eu fodo seu rosto.

Apesar de toda a sua relutância, Riley se mete nisso.


Posso dizer pela porra da sucção deliciosa de sua boca
enquanto ela chupa minha cabeça inchada como se fosse seu
sabor favorito de pirulito. No jeito que ela agarra minha bunda
e me puxa para mais perto. Agradeço, empurrando em sua
garganta. Ela engasga em torno de mim, mas não para. Até
mesmo seu reflexo de vômito parece fodidamente incrível em
torno da cabeça do meu pau.

Eu amo essa garota até os confins da porra da Terra, eu


realmente amo.

Deixo-a trabalhar comigo por mais um minuto, mas então


saio de sua boca.

Riley é tão bonita deitada lá, sem fôlego e com os olhos


marejados de engasgar com meu pau. — Tão fodidamente
bonita, — digo a ela.
Ela está muito envergonhada, mas ainda enrubesce de
prazer com o elogio.

É a vez dela ter algum prazer, então, mesmo sabendo que


ela vai resistir no começo, puxo sua blusa, expondo seus seios
nus para o ar frio da noite – e para o olhar faminto de Sherlock.

— Hunter! — Ela chora, estendendo a mão e tentando


puxá-la de volta para baixo.

Balanço minha cabeça, encontrando seu olhar para


lembrá-la do nosso acordo, então puxo sua camisa de volta.

Ela desvia o olhar como se a humilhação fosse demais,


mas sei o quão rápido ela vai mudar de tom.

Talvez seja o frio, talvez ela esteja apenas excitada, mas


seus mamilos já estão duros. Inclino-me para beijar o volume
de seus seios, correndo meu polegar sobre os pequenos botões
duros e puxando ruídos indefesos dela. Ela se contorce sob
meus cuidados, e mal uso minha boca.

É ele assistindo. Isso a torna mais sensível – e ela já é


muito sensível.

Quando eu colocar minha boca sobre ela, ela


provavelmente gozará em cerca de um minuto.

Mesmo sabendo que ela já está aquecida – eu poderia


enfiar meu pau nela agora e fazê-la gozar – não consigo resistir
a prová-la primeiro. Eu amo os sons que ela faz quando
bloqueio meus lábios em torno de seu mamilo, amo a maneira
desesperada como ela enfia os dedos no meu cabelo e se
arqueia contra o chão.

Beijo meu caminho para baixo. Corro minha boca sobre


sua barriga, ainda apertando seus seios. Solto-me e caio mais,
beijando seu osso do quadril enquanto desabotoo sua calça
jeans.

— Hunter, o que você está fazendo? — Ela agoniza, mas


é o tipo bom de agonia. Ela não pode acreditar que estou
fazendo isso, mas ela vai adorar.

Abro o zíper de seu jeans e puxo para baixo, com cuidado


para deixar sua calcinha. Ela briga um pouco comigo quando
começo a tirar suas calças, mas só preciso erguer uma
sobrancelha para lembrá-la das regras.

Ela cobre o rosto com as mãos.

Seu acesso de timidez dura apenas alguns segundos.


Quando começo a acariciar sua boceta através do tecido de sua
calcinha, suas mãos caem para os lados e ela agarra
desesperadamente o chão sujo embaixo dela.

Deslizo meu dedo por baixo do tecido e ela engasga,


arqueando-se no chão. Meu pau está tão duro que dói, mas
quero comer sua boceta primeiro.

Em vez de provocá-la tanto quanto quero, tiro sua


calcinha e a jogo.
Sherlock a pega, olhando para mim com um brilho
perigoso nos olhos. — Cuidado, Hunter.

Só para mostrar a ele o quanto ele me assusta, Dou a ele


um pequeno sorriso, em seguida, coloco meu rosto entre as
coxas de Riley e tranco em sua boceta.

Ela grita fortemente, levantando os quadris e agarrando


o chão novamente. — Hunter, — ela chora.

O som necessitado de sua voz só me deixa com mais fome.

Seus quadris empurram enquanto passo minha língua


sobre seu clitóris sensível. Coloco a mão em sua barriga para
ancorá-la e sinto seus músculos tensionando e apertando
enquanto a devoro.

Posso dizer, pelo jeito como suas pernas tremem, que ela
não conseguirá segurar por muito tempo, e não estou errado.
Mal tive um gosto adequado dela antes de ela gritar fortemente,
usando sua própria mão para abafar o choro. Suas pernas
tremem antes de ceder completamente, e ela grita mais forte
enquanto continuo a comê-la.

Quando ela aperta as coxas, finalmente desisto.

Olho para Riley, ofegante e saciada enquanto ela está


deitada com as costas apoiadas no chão, a mão ainda cobrindo
a boca.

Sei que ela grita, mas ela não deveria ter que fazer isso.
Ficando de joelhos, abro suas pernas para que possa me
posicionar entre elas.

— Vou te foder agora, — eu a advirto, apenas no caso de


estar errado sobre o quão longe posso empurrá-la além de sua
zona de conforto.

Ela vira a cabeça para olhar para mim, mas posso ver a
névoa luxuriosa nublando seu olhar. Ela está perdida no
prazer, ela não consegue se opor – mesmo se eu permitir.

— Você quer isso, Riley? — Provoco.

Esgotada demais para fingir o contrário, ela balança a


cabeça.

Sorrio, acariciando seu rosto. — Claro que você quer.


Você é uma garota tão boa.

Ela sorri, fechando os olhos e se aninhando no meu


toque.

Solto e deslizo minhas duas mãos sob sua bunda para


que eu possa inclinar seus quadris e posicioná-la onde a quero.
Então pego meu pau dolorido, alinho-o em sua entrada e
empurro a cabeça inchada em sua boceta escorregadia.

Ela geme, estendendo a mão e não agarrando nada. Seus


dedos afundam na terra fria sob suas mãos. Ela fecha os olhos
com força, arqueando e tentando abafar outro grito.

Olhando rapidamente para Sherlock, digo a ele: — Cubra


a boca dela.
— O quê?

Os olhos de Riley se abriram. — O quê?

— Ela gosta, — digo a ele, embora não saiba por que me


incomodo. Ele não se importa se ela gosta disso. — Ela é
barulhenta. Coloque a mão sobre a boca para abafar o som.

Ele não precisa ser convidado duas vezes. Ele se move


acima de Riley, agarrando suas mãos e prendendo-as sobre
sua cabeça.

— Hunter, — Riley diz com cautela, roubando meu foco.


Ela está muito mais alarmada com isso quando ela olha para
mim.

— Sei o que estou fazendo, — asseguro-lhe, encontrando


seu olhar.

Ela ainda parece preocupada.

Não quero que ela se preocupe. Sei que não sou aquele de
quem ela está desconfiada, mas ela precisa se desapegar e
confiar que estou no controle desta situação, e não vou deixar
nada acontecer a ela que ela não goste.

Ele pode segurá-la para mim. Ele pode cobrir sua boca
para abafar seus gritos. Mas não vou deixá-lo fazer nada que
eu não goste.

Ela não precisa se preocupar com ele. Ela precisa colocar


sua confiança em mim.
Sei que abalei a confiança que ela tinha em mim, mas vou
reconstruí-la e, assim que o fizer, saberei que somos
inafundáveis. Vou levá-la ao ponto em que ela confia tanto em
mim, que ela nunca me questione, mesmo quando a empurro
além de sua zona de conforto e a levo para águas
desconhecidas.

— Não é como se ele nunca tivesse tocado sua boca antes,


Buttercup, — a lembro.

Seus olhos piscam, mas se ela tem uma resposta verbal,


ela não consegue pronunciá-la. Sherlock tapou a boca com a
mão e empurrou a cabeça dela de volta para o chão.

— Seja gentil, — o advirto.

— Sempre fico quando estou brincando com os


brinquedos de outra pessoa, — garante ele
despreocupadamente.

Nem sempre, porra.

Quero lembrá-lo sobre mordê-la, mas agora não é a hora.


Além disso, o filho da puta lembra.
Meu coração bate forte enquanto estou deitada aqui,
totalmente indefesa.

Hunter não disse que podia, mas Sherlock segurou meus


pulsos e os prendeu na minha cabeça.

Agora ele prende meus pulsos com uma mão e cobre


minha boca com a outra enquanto Hunter desliza seu pau
mais fundo em mim.

Minha boceta lateja em torno dele.

Meu coração parece que vai explodir.

Meu estômago foi tomado por tantas borboletas que


deveria estar voando pelo céu.

Imprudência não começa a cobri-lo.

Não tenho certeza se Hunter está pensando sobre isso,


deixando Sherlock me segurar enquanto ele me fode, mas não
entendo inteiramente o jogo que eles estão jogando. Não sei se
alguém está realmente perdendo, só sei que definitivamente
estou ganhando.
Meu Deus.

Hunter balança os quadris para trás, em seguida,


empurra em mim novamente.

Já que Sherlock está me segurando para ele, as mãos de


Hunter estão livres para vagar. Ele acaricia meu rosto
enquanto me fode. Ele levanta minha camisa e brinca com
meus seios. Ele se abaixa para chupá-los por alguns segundos,
então se levanta e agarra meus quadris, seus dedos cavando
em minha carne enquanto ele penetra em mim mais
brutalmente.

Grito, mas o som fica preso sob o aperto forte de Sherlock.

É o pensamento mais louco de se ter, mas com sua mão


sobre a minha boca assim, posso sentir seu cheiro natural em
sua pele.

Ele cheira tão bem.

Tentei evitar até agora, não tinha certeza se poderia


suportar, mas enquanto Hunter me fode e meus seios expostos
saltam, não posso deixar de notar que, de todas as coisas que
Sherlock poderia estar assistindo... ele está olhando para meus
olhos.

Finalmente, olho para ele.

Aquele anel de fogo em seus olhos dança como as chamas


a apenas alguns metros de nós.

Cinza. Seus olhos estão cinzentos.


Hunter bate em mim com mais força, estilhaçando minha
concentração. Grito, instintivamente tentando libertar minhas
mãos para que eu possa agarrar algo, qualquer coisa para
segurar, mas Sherlock não deixa.

Sem palavras, ele balança a cabeça, negando meu pedido.

Porra.

Uma tensão deliciosa constrói em meu núcleo enquanto


Hunter leva seu pau em minha boceta, mais impiedoso com
cada impulso. Quando começo a ficar cada vez mais perto do
meu orgasmo, ele desliza o polegar dentro de mim e vai atrás
do meu clitóris.

Ah não.

Grito em agonia gloriosa, um som longo e prolongado que


misericordiosamente sufocou contra a mão de Sherlock. Meus
olhos rolam para trás e minha barriga dá um salto quando
Sherlock rosna, como se ele estivesse se alimentando do meu
prazer crescente.

Entre os dois, estou presa em uma prisão de prazer.


Hunter me provocando e me fodendo até eu sentir que vou
perder a cabeça se não gritar, Sherlock prendendo meus gritos
e minhas mãos para que eu não possa me aterrar.

Quando o prazer vem, ele me atinge com a rapidez


estonteante com a qual me acostumei quando Sherlock está
por perto. Um segundo parece incrível, mas é estável e posso
lidar com isso. No próximo, o mundo está de cabeça para baixo
e estou explodindo.

Minha boceta convulsiona, apertando Hunter enquanto


grito contra a mão de Sherlock. Estou muito grata por seu
aperto firme agora – sem ele, todos na festa ouviriam o quão
duro estou gozando.

Meu corpo todo estremece como consequência. Sinto-me


exposta, mas também feliz. Grata.

Hunter sabe como estou logo após um orgasmo, então ele


late para Sherlock me soltar. Ele o faz, bem a tempo de Hunter
soltar um gemido e me encher com seu esperma.

Fico lá, respirando pesadamente, mas me sentindo leve.

O frio no ar me atinge, mas Hunter desce em cima de mim


e me aquece de volta.

Ele olha nos meus olhos e olho nos dele.

— Eu te amo, — digo a ele.

Seus lábios perfeitos se curvaram em um sorriso terno.


Ele se abaixa para me beijar e murmura contra minha boca:
— Eu sei.

Preciso de mais tempo para voltar, mas não tenho. Ficar


aqui deitada quando estava excitada e toda agitada era uma
coisa, mas o ar fresco da noite não é a única coisa da qual
estou mais ciente agora que gozei.
Estou ciente de que Sherlock não fez isso, e ele apenas
me observou sendo fodida. Segurou-me enquanto Hunter me
possuía.

Hunter e eu ficamos satisfeitos, mas ele não, e ele estava


claramente excitado.

Ainda um pouco desossada e enevoada, começo a reunir


minhas roupas rapidamente. Localizo minha calça jeans
facilmente, mas quando procuro minha calcinha, não consigo
encontrá-la.

— Procurando por esta?

Viro-me ao som da voz de Sherlock.

Ele está balançando minha calcinha na ponta dos dedos.

Meu estômago afunda. Corando furiosamente, a arranco


dele e rapidamente entro visto.

Sherlock sorri fracamente para mim – como se ele já não


tivesse me visto mais do que tinha o direito.

Voltando-se para Hunter, ele diz: — Tenho que


reconhecer, Maxwell. Você com certeza deu uma festa e tanto.
Sexo está no ar esta noite.

Não podemos satisfazê-lo totalmente, não podemos


afugentá-lo.

Nós com certeza nos divertimos tentando, no entanto.

Depois que Hunter afasta todos os convidados, somos


apenas nós dois – exatamente como gosto.

Esta noite foi divertida. Mais divertido do que pensei que


seria.

Para me aquecer, e talvez para lavar qualquer sujeira de


Sherlock me segurando enquanto Hunter me fodia perto do
fogo, batizamos outro banho.

Nem nos preocupamos em nos vestir depois. Mentimos


para nós mesmos que vamos assistir a um filme para relaxar
antes de dormir, mas nem conseguimos ligar a TV. Hunter me
inclina sobre o sofá e me fode, então caímos no chão e nos
abraçamos por um tempo.

Assim que nos recuperamos o suficiente para nos


movermos, pegamos um pouco de água fria e vamos para a
cama.

Não dormimos. Nossas línguas se enredam, nossos


corpos se esforçam para chegar mais perto. Ele me fode de
novo e de novo. Já perdi a conta de quantas vezes ele me fez
gozar.
Respirando pesadamente enquanto ele cai em cima de
mim em sua cama, envolvo meus braços em volta dele e
pergunto: — Foram sete ou oito?

— O quê? — Ele murmura.

— Orgasmos. Você me fez gozar tantas vezes esta noite,


perdi a conta.

Levantando a cabeça apenas o suficiente para olhar para


mim, ele pergunta: — Por que você está acompanhando?

— Vou ganhar dois para cada um que você receber. Vou


querer pagar essa dívida eventualmente. Preciso ter certeza de
que minha contagem está correta.

Hunter sorri e balança a cabeça para mim. — Você é


louca. Você não me deve orgasmos. Fazer você gozar me deixa
feliz.

Suspiro, travando meus braços em volta dele com ainda


mais força. — Como eu tive tanta sorte?

Ele rola para fora de mim para não me esmagar, então me


puxa para seus braços ao seu lado da cama. — Sou o sortudo.

Aconchego-me perto dele e fecho meus olhos. — Eu te


amo muito.

Hunter beija o topo da minha cabeça. — Não tanto quanto


eu te amo.
Sorrio. — Eu amo esse argumento. Vamos ter apenas
este.

— Não sei, — ele diz, seu tom de provocação. — Eu meio


que gosto de brigar e fazer as pazes com você no quarto.

— Gosto de tudo que fazemos no quarto, — murmuro em


acordo sonolento.

— E no quintal?

Sua provocação é brincalhona, mas faz minha barriga


vibrar. Meus olhos se abrem e olho para ele. — Isso foi... ok?

— Claro, — ele diz facilmente. — Foi ideia minha. Não


teria acontecido se não estivesse tudo bem para mim.

Meu coração ainda bate só de pensar nisso. — Nunca


pensei que faria sexo com alguém assistindo assim.

— Não achei que estivesse na sua lista de afazeres, — diz


ele, ligeiramente divertido.

— Nem gosto de beijar na frente das pessoas.

Sua diversão se aprofunda. — Eu sei.

— Não acredito que gostei disso.

Ele desliza a mão pelo meu braço, deixando-a deslizar


para a parte inferior das minhas costas para que ele possa me
acariciar lá. — Vê? Pode ser divertido tentar coisas novas.
— Que outras coisas novas você tem reservado para mim?
— Pergunto, com um pouco de cautela.

— Muitas. — Ele se inclina para frente e beija o contorno


do meu ombro nu. — Estou ansioso para dar a você muitos,
muitos orgasmos ao longo dos anos. Alguns você verá
chegando, outros... talvez não.

Sorrio quando ele começa a beijar meu peito inchado. —


Nunca vou ficar entediada com você, não é?

Ele passa a língua sobre meu mamilo, embora tenhamos


acabado de terminar. — Não, — ele diz, apertando minha
bunda e me esfregando contra ele.

Seu pau já está duro novamente.

— Você é insaciável, — digo, deslizando meus dedos por


seus cabelos.

— Acho que foram oito, — ele me diz, referindo-se à


contagem do orgasmo que perdi de vista. Espalhando minhas
coxas, ele me levanta, em seguida, me coloca em seu pau. Com
a voz tensa, ele diz: — Vamos tentar um bom, até dez.

Só acordamos por volta das 11 da manhã seguinte.


Hunter acertou em cheio seu objetivo de me dar dez
orgasmos inteiros na noite passada. Como resultado, todo o
meu corpo está dolorido.

Os músculos do meu braço doem quando rolo e estendo


a mão para ele. Ele fugiu de mim durante a noite, mas ele
parece tão lindo esparramado em sua cama, apenas seu pênis
e parte de uma perna cobertos pela borda perdida do lençol
branco.

Mm, ele é delicioso.

Sentindo-me um pouco crua e carente depois da noite


que tivemos, me puxo para mais perto e me aconchego ao seu
lado.

Acordado pelo meu toque, Hunter muda e desliza seu


braço sob mim, me puxando ainda mais perto. — Bom dia
linda.

Eu amo o som áspero e rouco de sua voz quando ele


acorda.

— Bom dia, — murmuro, beijando seu peito. — Como está


o melhor namorado do mundo esta manhã?

Ele sorri. — Muito bem.

Coloco minha mão em seu abdômen musculoso e me


inclino para roubar um beijo rápido. Estou tentada a
aprofundar e convidá-lo a entrar em meu corpo novamente,
mas mantenho minha boca fechada, pois provavelmente tenho
hálito matinal.

— O que devemos fazer hoje? — Hunter pergunta.

Pensando em todo o sexo que fizemos ontem à noite,


brinco: — Provavelmente vou à igreja.

Ele ri. — Estou falando sério. Este é o seu primeiro dia


oficial como namorada profissional. Devemos comemorar de
alguma forma.

Gemo. — Quero reclamar sobre você chamar assim...

Ele desliza minha mão por seu abdômen, em seguida, a


reivindica e a leva aos lábios para que ele possa beijá-la. —
Mas então você se lembra que posso fazer o que quiser com
você, até incluindo chamá-la de minha namorada profissional.

— Seus negócios são os piores, — digo brincando, não


querendo dizer isso de forma alguma.

Sem acreditar por um segundo, ele me puxa para seu


peito como se fosse me dar um cascudo, mas ele me dá um
beijo no topo da minha cabeça em vez disso. — Você ama meus
negócios.

Movo-me em seu abraço até poder olhar para ele. — Tudo


bem, eu amo seus negócios, mas não sua terminologia.
Namorada profissional me faz parecer inepta.

— Não, não importa, — ele discorda. — Só porque você


pode fazer algo, não significa que você precisa. Você é uma das
pessoas mais competentes que conheço, Riley. Sei que você
pode cuidar de si mesma. Isso nunca foi motivo de debate. Só
não quero que você sinta que precisa. — Ele acaricia meu rosto
e desliza os dedos pelo meu cabelo enquanto olha para mim.
— Quero cuidar de você. Não quero dizer apenas
financeiramente. Eu disse que queria tudo de você, e eu quis
dizer isso. Quero cuidar de você, coração, corpo, alma. Não há
limite para o que farei por você, Riley. Sou totalmente seu.
Quero que você seja minha da mesma maneira.

Como ele derrubou à força a barreira que ergui, digo a


ele: — Sou totalmente sua.

Seus lábios puxam para cima, mas ele não parece


totalmente satisfeito.

Talvez sua falta de satisfação esteja enraizada em saber


que nosso relacionamento tem uma data de validade. Como ele
pode acreditar que sou completamente dele quando sabe que
há uma chance de deixá-lo assim que for permitido?

Sei que ele espera que, quando esse dia chegar, minhas
dúvidas tenham passado. Espero por isso também, só não
tenho tanta certeza quanto ele de que chegaremos lá.

Já que estamos próximos o suficiente desse assunto,


corro o risco de levantá-lo mesmo sabendo que pode dar
errado. — Posso te perguntar uma coisa?

Ele olha para mim. — É claro.


— Preciso que você seja totalmente sincero, não importa
o que você pense que eu quero ouvir.

Sua testa franze um pouco, mas ele acena em


concordância.

— Você tem algum sentimento persistente por Valerie?


Não me refiro apenas a sentimentos românticos. Quero dizer
qualquer tipo de carinho.

— Não, — ele diz, sem hesitação.

— Sua atividade sobre Gatsby tem alguma coisa a ver


com ela?

Sua carranca se aprofunda. Sua confusão faz mais para


aliviar minha mente do que qualquer coisa – ele não tem a
menor ideia do que estou falando. — Minha atividade sobre
Gatsby?

— Você disse que é a Daisy dela, e você fez uma discussão


tão apaixonada sobre Gatsby puxar a cabeça para fora de sua
bunda e encontrar outra pessoa para amar. Sei que é... talvez
um pouco maldoso, mas honestamente, depois da maneira
como ela me tratou, não me importo. Se você vai ser meu,
tenho que saber... Você pensa na felicidade dela? Você quer
que ela se afaste de você para que ela o deixe em paz, ou porque
você quer algo melhor para ela do que um interesse não
correspondido por você?

Hunter me encara com tanta força por tanto tempo que


meus nervos começam a me estrangular. Quase desejo não ter
feito essa pergunta. Apesar de Hunter às vezes ser um idiota,
ele também pode ser profundamente atencioso. Se ele se
preocupa um pouco com Valerie... isso é demais para mim.

— Riley... deixe-me explicar uma coisa para você.

Meu coração bate com pavor. Ele realmente vai arrastar


isso? Estou morrendo aqui. Eu só quero que ele responda à
minha pergunta para que eu saiba de uma forma ou de outra.

Ele levanta minha mão e a coloca na sua, então ele


entrelaça nossos dedos e olha nos meus olhos. — Imagine que
Valerie Johnson está pegando fogo. Literalmente sendo
consumido pelas chamas. Ela está gritando em tormento, seus
gritos por ajuda machucam seus ouvidos. Você está bem ao
lado dela com saúde perfeita, mas sentindo uma leve sede.
Acontece que estou na posse do único copo de água do mundo.
— Ele me olha como se dissesse : você está me seguindo? —
Passo direto por ela para lhe dar água, porque me preocupo
mais em matar sua sede do que em salvar a vida dela.

Meus olhos se arregalam de prazer horrorizado.

Ele levanta minha mão e a beija, ainda segurando meu


olhar. — Não dou a mínima para Valerie Johnson. Só me
importo com você.

Isso pode ser a coisa mais deturpada que já excitou uma


pessoa, mas meu coração bate a ponto de explodir, e tudo que
quero fazer é chegar o mais perto dele o mais humanamente
possível.
Hunter parece levemente surpreso quando monto nele,
inclinando-me para beijá-lo e estendendo a mão para esfregar
seu pau.

— Uau, — ele murmura contra meus lábios, mas sua


surpresa não inibe seu entusiasmo. Ele passa um braço
musculoso em volta de mim, agarrando meus quadris e me
posicionando onde ele me quer. A diversão ilumina seu tom
quando ele pergunta: — Acho que essa foi a resposta certa?

De olhos fechados, suspiro contra sua boca. — Acima e


além da resposta certa. Coloque seu pau dentro de mim agora,
por favor.

— Bem, já que você disse por favor, — ele brinca contra


meus lábios, se abaixando para se guiar entre minhas coxas.

Suspirando de prazer enquanto ele afunda dentro de


mim, travo meus braços em volta de seus ombros fortes como
se eu nunca fosse deixar ir.

E talvez, apenas talvez...

Nunca irei.
Parada ao meu lado no corredor de sucos do
supermercado, mamãe me olha com desconfiança. — Por que
você está comprando suco de cranberry?

Pego um grande recipiente da prateleira e coloco em


nosso carrinho de compras. — Se eu disser que é porque quero
experimentar uma vodka cranberry, você acredita em mim?

— Eu preferiria acreditar nisso que na alternativa. — Ela


olha para mim, levantando uma sobrancelha. — Você sabe a
última vez que comprei suco de cranberry?

— Sei. Você tinha acabado de começar a namorar o Ray.


Então, se você está prestes a dizer algo sujo...

Mamãe suspira, franzindo o nariz. — Você está tentando


evitar uma UTI. Você e Hunter devem ter tido alguma noite de
sexta-feira.

— Sim, nós fizemos muito e muito sexo. Você está feliz?


— Balanço minha cabeça, parando para pegar uma caixa cheia
de água mineral. — Por que você não pode ser normal? —
Pergunto enquanto arrasto a água e coloco embaixo do
carrinho.

Mamãe sorri para mim. — Você me ama do jeito que sou.

Levanto-me e olho para ela. — Você está certa, eu amo.


— Querendo me desviar do assunto da minha vida sexual,
pergunto: — O que vem a seguir na lista de compras?

Mamãe escaneia. — Acho que temos tudo. — Ela olha


para mim. — Sabe, sei que isso não é super-romântico de se
pensar, mas mesmo que você esteja tomando controle de
natalidade agora, provavelmente seria uma boa ideia usar
preservativos. Supondo que ele não viveu como um monge
enquanto esteve fora... ele ainda poderia lhe dar algo.

— Ele está limpo, — asseguro a ela

— E se o controle da natalidade falhar? Se você tomar


antibióticos, isso pode confundir tudo. Nenhuma forma de
controle de natalidade é perfeita, exceto a abstinência, e o suco
de cranberry no carrinho me diz que isso não é provável.

— O suco de cranberry está correto.

— Se você quiser, podemos correr para o corredor de


planejamento familiar e pegar um pacote enquanto estamos
aqui. Por minha conta, — ela oferece.

Balanço minha cabeça. — Obrigada, mas não. Hunter


odeia preservativos.
Ela revira os olhos. — Sim, a maioria dos homens faz.
Você sabe o que eles odeiam mais? Acidentalmente engravidar
suas namoradas.

Permaneço firme. — Estou fazendo controle de


natalidade. Não estou tomando antibióticos. Não precisamos
de preservativos. — Olhando por cima do ombro, digo a ela: —
Mas preciso fazer mais algumas compras. Depois de levarmos
essas coisas para casa, você quer ir comigo escolher um
vestido?

— Ooh, que tipo de vestido?

— Preciso de um lindo vestido de baile azul.

— Tem que ser azul?

— Bem, não tem que ser, mas Hunter pediu azul. É a cor
favorita dele, ele realmente gosta de me ver nela. E tem que ser
um vestido realmente bonito, nada de aparência barata. Tenho
o cartão de crédito de Hunter, então o preço não importa.
Talvez pudéssemos ir para Nordstrom67? — Sugiro.

— Por que você precisa de um vestido de baile? Oh, para


o baile de inverno? — ela percebeu.

— Não exatamente.

Enquanto caminhamos em direção ao caixa, explico que


o pai de Hunter está dando um baile real em Nova York perto

67 Nordstrom é uma rede americana de lojas de departamentos de luxo.


do Natal, e Hunter realmente quer que eu vá para que eu possa
conhecê-lo.

Mamãe me encara com firmeza. — Ele quer levar você


para um baile?

Concordo.

— Como se você fosse a Cinderela?

— Acredito que haverá menos carruagens de abóboras e


espero que não haja madrastas más, mas fora isso, sim.

Mamãe suspira pesadamente. — Esse garoto não entende


que você ainda está no ensino médio? Ele pode levá-la ao baile
de inverno, mas não deve levá-la para um baile real em Nova
York. Isso... eu não estava preparada para isso.

Abro um sorriso. — Eu também não, mas a vida é


diferente para ele. Estaremos fora apenas no fim de semana,
— asseguro a ela.

Ela faz beicinho. — Só o fim de semana, ela diz. Essa


coisa de 'você crescendo' é terrível. Quero que você fique
comigo para sempre. Você não vai perder o Natal se for, certo?

— Não, definitivamente estaremos em casa no Natal. E,


na verdade, por falar em Natal, quero ter certeza de incluir
Hunter em todas as nossas festividades deste ano. Ele não
acha que sua mãe vai voltar para isso. Acho que ela está
totalmente envolvida com esse cara que está vendo, e não
quero que ele se sinta sozinho no Natal.
A expressão da mamãe muda com desgosto. — Ugh,
aquela mulher.

— Eu sei, — murmuro em concordância. — Ela nunca


será minha pessoa favorita, também. Hunter ainda a ama, é
claro, mas eu realmente acho que seu tempo na Itália deu a
ele muito mais perspectiva do que ele tinha quando partiu.

— Não ter 14 anos também ajuda nisso, — mamãe coloca


levianamente. — Entendo o que você está dizendo, ele parece
ser um garoto esperto.

— Ele é. Ele aprende rápido – quase rápido demais.


Joguei para ele muitas bolas curvas este ano, ele encontrou
uma maneira de contornar cada uma delas.

Mamãe sorri fracamente. — O que quer que eu diga sobre


Hunter, ele certamente é dedicado.

— Ele é como um míssil indestrutível de busca de calor.


Uma vez que ele acerta em seu alvo, ele vai explodir tudo o que
for preciso para alcançá-lo.

— As coisas estão indo bem entre vocês? — Ela questiona.


— Você está feliz?

Olho para ela com um sorriso enquanto ajudo a guiar o


carrinho até a entrada do caixa. — Oh sim, as coisas estão
ótimas. Nós dois estamos muito felizes.

Mamãe sorri. — Bom.


Mesmo que seja domingo e esse seja o dia da mamãe – ela
pegou uma página do manual de Hunter e exigiu um dia da
semana quando ela sabe que estarei disponível para ela – dirijo
até a casa de Hunter depois de fazer compras para mostrar a
ele o vestido que escolhi.

Ele está vindo para o jantar em família esta noite, de


qualquer maneira. Estamos cozinhando, então eu disse a
mamãe que iria buscá-lo e mostrar o vestido enquanto estou
nisso para que ele saiba como fica quando estiver planejando
sua própria roupa para o baile.

O vestido que comprei é absolutamente lindo. É um


vestido de baile azul com ombros largos feito deste lindo cetim
cintilante. Adoro a forma como o tecido balança quando
caminho. Para fazê-lo balançar ainda mais dramaticamente,
entro no quarto de Hunter o visto.

O tecido é ótimo contra a minha pele, mas o que é melhor


é a forma como o rosto de Hunter se ilumina ao me ver. O
sorriso lento em seus lindos lábios, o brilho afetuoso em seus
lindos olhos.

— Uau, — ele diz.

Não posso deixar de sorrir. — Sim?


— Oh sim. — Ele se senta para frente e estende a mão
para mim.

Como se fosse a coisa mais natural do mundo, dou um


passo a frente para que ele possa agarrar meus quadris e me
puxar para mais perto de seu poleiro na beira da cama.

— Droga, — ele diz, balançando a cabeça. Seu olhar viaja


por todo o comprimento do vestido, observando meus ombros
nus. Uma mão cai dos meus quadris para que ele possa
percorrer o tecido macio contra a minha perna esquerda e,
quando o faz, encontra a fenda sexy que deixa minha perna
exposta até o meio da minha coxa.

— Não é muito alto, não é? — Pergunto.

— Não. — Ele desliza a mão por baixo do tecido e aperta


minha coxa. Ele olha para mim, um brilho de travessura em
seus olhos. — Isso vai tornar muito difícil para eu me
comportar enquanto estivermos no baile. Você percebe isso,
certo?

Sorrindo para ele, estendo a mão e acaricio seu queixo.


— É bom você passar por dificuldades de vez em quando. Isso
constrói o caráter.

Hunter envolve seus braços em volta dos meus quadris,


me arrastando para perto e me apertando levemente. — Vou
mostrar a você o que 'constrói o caráter'.
— Não se atreva a me puxar para esta cama, Hunter
Maxwell, — digo, já que sei que isso vai acontecer. — Se você
enrugar meu vestido, vou ficar com tanta raiva de você.

Rosnando em leve aborrecimento por ter que esperar para


brincar comigo, ele agarra meus quadris e me gira. — Acho
melhor tirar de você então, hein?

Movo meu cabelo para o lado para que ele tenha melhor
acesso ao zíper. — Você gosta disso? É bom o suficiente para
a função? Nunca comprei nada assim, então não tinha certeza.

— É perfeito, — ele me garante. — Você parece uma


princesa.

Sorrio e olho para ele. — Isso é o que eu estava


procurando. Mamãe também. Ela estava tentando me
convencer a comprar uma tiara porque é louca.

Hunter sorri, seu olhar nas minhas costas enquanto ele


arrasta para baixo o zíper e expõe mais e mais da minha pele
nua. — Ela vai adorar o seu look de casamento, então, — ele
comenta.

Meus olhos se arregalam ligeiramente e olho para ele. —


O quê?

Meu vestido está aberto agora, então ele o deixa ir. Deixo
o tecido cair suavemente e saio dele, tomando cuidado para
não amassar tanto quanto eu.
Hunter se inclina para trás com as palmas das mãos
apoiadas no colchão. Sinto seu olhar apreciativo passar por
mim agora que estou aqui apenas de calcinha. — Minha família
tem uma coleção de joias.

Concordo. Considerando o que sei sobre sua família, isso


não é surpreendente.

Mas então ele continua: — Existem alguns diademas que


as noivas geralmente usam no dia do casamento.

Congelo no meu caminho para pendurar o vestido. —


Diademas?

— Coroas.

— Sei o que é um diadema. — Pisco. — Sua família tem


coroas.

Diversão puxa seus lábios. — Sim. Quando nos


casarmos, você usará uma para manter a tradição. Existem
alguns que você pode escolher. Acho que tenho fotos, na
verdade, — acrescenta ele, mudando de posição para tirar o
telefone do bolso.

Não tenho certeza sobre esse negócio de casamento ou de


coroa, mas estou intrigada. — Fotos da Itália?

Hunter acena com a cabeça. — Quer ver?

Com certeza quero. Eu rapidamente penduro meu vestido


em seu closet, já que será mais seguro lá do que escondido no
meu muito menor, então corro de volta para fora e subo na
cama com ele.

Estou animada para realmente ver as fotos de sua


passagem pela Itália. Eu vi aquelas em seu Instagram e Hunter
me contou histórias sobre seu tempo lá, mas ele não me
mostrou suas fotos pessoais antes.

Agora ele está deitado em sua cama, folheando o rolo da


câmera, um braço dobrado e a mão atrás da cabeça.
Aconchego-me e descanso minha cabeça em seu bíceps, então
ele move sua mão e a envolve em volta de mim para me manter
perto.

— O que é isso? — Pergunto.

Ele para de rolar. — O quê?

Estendo a mão e toco uma imagem. É uma linda morena


com grandes óculos escuros deitada em um carro alegórico da
piscina, tomando uma bebida e fazendo uma careta para ele.
A cara que ela faz é do tipo bobo que você só faria com alguém
com quem se sentisse superconfortável.

Meu coração se contrai, meu estômago embrulha. Eu


sabia que Hunter tinha experiências físicas com garotas
quando morava na Itália, mas nunca pensei que ele tivesse
forjado qualquer tipo de conexão próxima com nenhuma delas.
Certamente não a familiaridade afetuosa que capto nesta foto.

E ele o manteve.
Claro, provavelmente já faz um tempo desde que ele rolou
por essas fotos, mas o pensamento de que ele queria manter
aquela memória de alguma outra garota... isso faz meu coração
doer.

Engulo, tentada a me afastar dele.

Antes que eu pudesse, ele disse: — Aquela é Vittoria.

Vittoria. Até o nome dela é adorável. — Ela é muito bonita,


— murmuro.

Hunter olha para mim. Seu rosto está marcado com uma
leve diversão, mas não acho isso muito engraçado. — Ela é, —
ele concorda.

Meu rosto reage antes que eu possa impedir. Lançando-


lhe um olhar sujo, meu tom muito menos agradável, pergunto:
— Ela era uma de suas amigas modelos?

Hunter sorri, seus olhos brilhando de alegria enquanto


ele me puxa para mais perto. — Ela é minha irmã, — ele me
informa.

Oh.

Ele balança a cabeça para mim, mas agora que o ciúme


saiu de mim, me aninho perto de novo.

— Eu conhecia uma modelo chamada Vittoria, — ele


brinca.

— Não quero ouvir sobre isso, —o informo.


— Olhos cor de avelã. Lábios carnudos.

— Não vou te foder de novo se você continuar falando.

Arrastando o polegar pelo meu lábio inferior, ele


acrescenta: — Nada comparado ao seu, é claro.

— Espero que você tenha gostado, — digo a ele


docemente. — Eles nunca vão ficar enrolados em seu pau
novamente.

Hunter sorri, me dando um pequeno aperto. — Você fica


fofa quando está com ciúmes.

— Não é engraçado, — digo a ele, lançando-lhe um olhar.


— Você tem fotos de outras garotas no seu telefone? Vamos
brigar se você o fizer, estou avisando agora.

Hunter sorri, se inclinando para me dar um beijo. — Eu


não, — ele me garante.

Beijo-o de volta, mas então faço beicinho para ele. — Você


é mau.

Ele me puxa contra ele. — Riley, baby, é uma loucura


você ficar com ciúmes. Nunca me importei com ninguém além
de você. Nunca fui tentado a fazê-lo. Sou obstinado quando se
trata de você. Outras mulheres não têm nada que me interesse.
Aos meus olhos, ninguém pode se comparar a você. É uma
perda de tempo até mesmo tentar.

Estou um pouco amolecida, mas ainda lanço um olhar


para ele. — Está tudo bem e ótimo, mas se você me insultar
com os lábios carnudos de suas ex-amantes novamente, irei
fazer uma sessão de fotos minha com Sherlock.

— Não, porra, você não vai, — diz ele, sua diversão se


dissipando.

Levanto minhas sobrancelhas. — Veja-me. Em vários


estados de nudez. É modelagem, baby, — digo docemente. —
Você não pode ficar bravo.

— Vou bater na porra da bunda dele, depois vou bater na


sua também, — diz ele, deixando cair o telefone e me
agarrando, puxando-me para cima dele e agarrando punhados
de minha bunda.

— Não estou cem por cento fodendo você agora, — o


informo.

Rolando-me de costas, ele paira sobre mim. Seus olhos


escurecem quando ele olha para meus seios nus e me lembra:
— Você está cem por cento fazendo o que diabos eu mandar.
Lembra-se do nosso acordo?

— Deveria haver uma cláusula idiota, — digo, mas deslizo


meus braços ao redor de seu pescoço de qualquer maneira. —
Sempre que você é um idiota, posso dizer não.

Hunter sorri, inclinando-se para beijar meus seios. —


Isso nunca funcionaria.

— Estou construindo isso em nosso próximo acordo, — o


informo.
— Não, você não está, — ele diz, deixando sua língua
disparar para provar meu mamilo.

— Eu deveria ter colocado minhas roupas de volta, —


percebo, já ficando sem fôlego. — Você me distraiu com a
promessa de fotos da Itália e eu não quis perder tempo.

— Um erro honesto. — Meus braços caem para os lados


enquanto ele beija seu caminho pelo meu abdômen. Os
músculos do meu estômago se contraem em resposta.

— O que eu nunca pude ver, — o lembro, agarrando a


cama enquanto ele se move mais para baixo e beija meu
quadril.

Ele agarra minha calcinha e a puxa para baixo. — Temos


muito tempo para mostrar as fotos mais tarde.

— Hunter, — murmuro enquanto ele levanta minhas


pernas e as coloca sobre seus ombros.

— Riley, — ele imita, olhando para mim com aqueles


lindos olhos escuros dele.

— O que você pensa que está fazendo?

— Acho que estou prestes a devorar sua boceta, — ele me


diz, abrindo-me e olhando bem entre minhas pernas.

Contorço-me e tento apertar minhas pernas, mas não


consigo. Ele não me deixa. Assim que tento aproximar minhas
coxas, ele as agarra e as separa.
— Não, — ele diz, me lançando um olhar de advertência
que me deixa quente. — Brinque com seus peitos.

Estreito meus olhos para ele, mas já que tenho que fazer
o que me mandam, também levanto minhas mãos para apertar
minha própria carne enquanto ele assiste.

Aprovação brilha em seus lindos olhos castanhos. A


simples visão disso faz minha barriga apertar de luxúria.

Maldito seja.

Eu merecia ficar com raiva, mas aqui está ele, drenando


minha raiva justa e me fazendo desejá-lo. Arrasto o polegar
sobre o meu mamilo endurecido, segurando seu olhar
enquanto exalo bruscamente.

— Diga-me que você quer que eu coma sua boceta, baby.

O nó de excitação aperta dentro de mim, tornando


impossível permanecer quieta.

Antes que eu possa obedecer, Hunter continua, sua voz


suave e segura, grossa com sua própria excitação crescente. —
Diga-me o quanto você quer minha língua dentro de você,
lambendo cada polegada deliciosa. — Enquanto ele fala, ele se
aproxima. Ele fica tão perto que posso sentir seu hálito quente
na minha boceta nua.

— Hunter, — choramingo, meus dedos cavando nos


lençóis.
Sua língua sai disparada e ele lambe minha abertura.
Suspiro, jogando minha cabeça para trás no travesseiro.

— Diga, por favor, Riley.

Derrotada, fecho meus olhos. — Por favor, Hunter. Por


favor, coma minha boceta. Preciso disso. Preciso de você
dentro de mim.

— Boa menina, — ele ronrona.

Sua aprovação envia um arrepio direto por mim.

Em seguida, ele me abre com os dedos, e todo o meu


corpo se ilumina quando ele empurra sua língua dentro de
mim.

É uma tortura requintada, tentar não resistir enquanto


ele explora cada centímetro sedoso. Quando Hunter me
devora, ele não está lá apenas para fazer o que precisa para
fazer o trabalho – ele quer sua boca em cada fenda de mim. Ele
quer me explorar, me marcar. Ele me come como adora fazer
isso, e é tão inebriante.

Quando arqueio contra a cama e agarro


desesperadamente seu cabelo, seu aperto em meus quadris
aumenta, sua boca na minha boceta fica mais gananciosa.
Monto seu rosto, gritando com abandono enquanto tremores
destroem meu corpo.

Sua boca nunca me deixa enquanto cavalgo onda após


onda de prazer, até que finalmente, preciso que ele o faça. Meu
aperto em seu cabelo diminui. Solto-me e caio de costas na
cama, completamente sem ossos.

Hunter poderia tirar seu pau e me foder agora, eu


certamente não reclamaria, mas em vez disso, ele sobe de volta
na cama e me puxa para o abrigo protetor de seu abraço.

Estou tão vulnerável logo depois de gozar, e ele sabe


disso. Ele me segura perto e acaricia meu cabelo. Seguro-o com
força, ouvindo seu batimento cardíaco forte.

— Isso foi adorável, — murmuro, uma vez que posso


confiar em mim mesma para falar. — Obrigada.

Hunter inclina minha cabeça para trás para que ele possa
se curvar para beijar meus lábios. — Você nunca tem que me
agradecer por fazer você gozar, Catnip. É minha coisa favorita
a fazer.

Sorrio contra seus lábios, em seguida, envolvo meus


braços em volta do seu pescoço e o abraço. — Eu amo você.

Seu braço aperta minha cintura, me mantendo puxada


confortavelmente contra seu corpo. — Também te amo.
Nova York é absolutamente linda à noite.

Foi lindo no início do dia também, mas enquanto a


limusine nos leva pela Quinta Avenida, não posso deixar de
admirar a excelente arquitetura e as luzes brilhantes da
cidade.

Nunca estive em lugar algum antes. Num verão, quando


eu era pequena, mamãe assumiu um cargo temporário em
Nantucket para que pudéssemos passar nossos dias de folga
na praia, mas certamente não viajei muito.

Hunter coloca a mão na minha coxa, exposta pela fenda.


Seu toque chama minha atenção e olho para ele.

Seus olhos brilham com afeto. — Você está animada?

Sorrindo de volta para ele, aceno. — É tão bonito aqui.

Ele aponta para frente. — Esse é o local, então vamos sair


em um minuto.

Há carros na rua, provavelmente de outros hóspedes,


então nosso motorista tem que esperar para virar. — Não
deveríamos ter trazido uma limusine, — digo a ele. — É muito
grande, a cidade é muito movimentada.

Hunter dá de ombros, não muito preocupado em ocupar


mais espaço do que o necessário.

Conforme o tráfego se move um pouco, nossa limusine


vira para a rua onde fica a entrada do prédio. Posso ver à
frente, um grande edifício com colunas de marfim e portões de
ferro forjado. É um edifício de outra época, destinado apenas a
uma determinada classe de pessoas.

Não pertenço a um lugar como este.

Minha admiração começa a desaparecer, substituída pela


sujeira da intimidação.

Se o pai de Hunter pertence a um lugar como este, e se


ele perceber imediatamente que não sou o calibre de pessoa
que ele gostaria que fosse com seu filho?

Em casa, é fácil esquecer quem é Hunter. Claro, ele tem


dinheiro, mas não há uma grande disparidade em nosso estilo
de vida. Ele está perfeitamente confortável vindo para minha
casa de dois quartos para jantar com minha família da classe
trabalhadora. Não há sensação de que ele é melhor do que nós
apenas porque ele tem mais do que nós.

Este edifício... foi construído para que as pessoas comuns


soubessem que as pessoas lá dentro são melhores do que elas.
Olhando para Hunter, pergunto o que pode ser uma
pergunta ridícula. — Seu pai é legal?

— O quê?

Meu coração começa a bater forte quando o motorista


estaciona o carro bem na frente da entrada. É uma entrada
com portões que foram abertos desde que há um evento aqui
esta noite, mas parece tudo menos acolhedor.

— Eu só... conversamos um pouco sobre ele, mas


obviamente nunca o conheci. Sua mãe disse que ele pode ser
um pouco intenso e vulcânico, mas você parece gostar dele. Só
não tenho certeza do que esperar.

— Nah, isso não é nada com que você tenha que se


preocupar. Este é um evento importante, então ele terá seu
rosto público esta noite. Mas ele é um cara legal e sabe que
estou trazendo você. Ele está ansioso para conhecê-la.

— E se ele olhar para mim e pensar que sou um lixo?

Hunter revira os olhos como se eu estivesse sendo


absurda. — Ele não vai pensar isso.

— Mas e se ele quiser?

— Então foda-se, — diz Hunter simplesmente, como se


não importasse. Apertando minha coxa, ele encontra meu
olhar e diz sério: — Você é minha família, Riley. Qualquer um
que não aprovar você pode se foder imediatamente.
A porta da limusine se abre. Olho para o motorista. Estou
mais perto da porta, mas Hunter sai primeiro.

Uma vez que está na calçada coberta de neve, ele estende


a mão para mim.

Empurrando meus nervos, seguro a bainha macia do


meu vestido e pego sua mão enquanto saio do carro.

Há um frio no ar, embora eu esteja usando um casaco de


pele caro. Sinto isso principalmente nas minhas pernas,
especialmente na esquerda, já que a fenda se abre quando
caminho.

Conscientemente, segurando o casaco mais perto do meu


corpo, olho para o edifício imponente e pego o braço de Hunter.

Meus calcanhares batem no chão enquanto caminhamos


para a entrada. Não estou acostumada a usar saltos altos, mas
Hunter me levou para almoçar e fazer compras quando
chegamos na cidade hoje. Ele se ofereceu para me comprar um
par de Louboutins pretos para um look clássico, mas não achei
que as solas vermelhas ficariam bem com meu vestido azul.

Encontrei um designer que combinava muito melhor


comigo e comprei um par de slingbacks 68 de camurça preta
que tinha a vantagem adicional de estar à venda. O salto é
muito mais baixo para que eu possa andar com mais conforto,
mas camurça talvez não seja a melhor escolha para o inverno.

68 Slingback é a definição dada um sapato de salto mais baixo, aberto na parte de trás e com uma tira
no calcanhar.
Felizmente, a calçada está limpa, exceto pelos poucos
flocos de neve que caíram. No caminho, começou a nevar, mas
são flocos de neve leves e bonitos, então a maioria deles nem
mesmo gruda no chão.

Respiro o cheiro fresco da neve caindo e um sorriso toca


meus lábios. Eu amo neve.

Hunter puxa meu braço, me mantendo no caminho


enquanto passamos pelos guardas de segurança e sob a
passagem coberta para o prédio. Caminhamos em um ritmo
vagaroso, pois as pessoas estão à nossa frente.

— Gosto da fonte, — digo a Hunter, apontando para o que


parece ser um pátio.

Ele olha e acena com a cabeça. — Essa é a entrada da


carruagem.

Meus olhos se arregalam e eu olho para ele. — Não é.

Seus olhos brilham com diversão. — Juro.

— Há uma entrada de carruagem? — Exijo, batendo


levemente em seu braço musculoso.

— Que tipo de baile real não tem entrada para


carruagem? — Ele provoca.

Com um suspiro desamparado, olho para trás. — Você


deveria ter me avisado para que eu pudesse pegar meu
telefone. Eu teria tirado uma foto para minha mãe. Ela nunca
vai acreditar em mim.
— Podemos tirar um na saída. Não é mais usado para
isso, mas sim. Antigamente, todos os grandes negócios em
Nova York aconteciam a cavalo e de carruagem. É um prédio
muito antigo, — ele comenta, olhando para ele.

— Vejo isso, — murmuro, olhando para frente.

Enquanto somos conduzidos para dentro, sou atingida


por uma explosão de calor bem-vinda. Mal dei dois passos e já
estou um pouco sem fôlego ao meu redor.

O interior do prédio é lindo – opulência de mármore


branco com tetos dourados. Tudo neste salão principal é
demais – uma lareira mais alta do que eu, tetos tão altos que
não consigo deixar de me sentir pequena.

Pergunto-me se foi assim que Cinderela se sentiu quando


entrou pela primeira vez no palácio.

Olho para Hunter enquanto ele me acompanha até a fila


de guarda-volumes de casacos. Ele parece muito mais à
vontade em um lugar como este do que eu. Ele não parece
pequeno, certamente não parece sentir isso.

Talvez eu seja tendenciosa. Hunter nunca poderia


parecer pequeno para mim.

Meu príncipe encantado pessoal parece incrivelmente


bonito em seu smoking elegante. Como estou usando azul, ele
também está. O dele é um tom mais escuro – azul meia-noite
com lapelas pretas e calças pretas.
Em um mar de smokings em sua maioria pretos, ele se
destaca um pouco, mas acho que é impossível para Hunter não
se destacar.

Ele olha para mim enquanto nos afastamos do guarda-


volumes, — Quer beber alguma coisa?

— Somos permitidos? Não estamos na Europa, você sabe,


— provoco.

Ele envolve um braço em volta de mim, agarrando minha


cintura e me puxando para mais perto enquanto nos dirigimos
para o bar. — Este não é o tipo de função em que muitos
participantes são menores de idade. Aqueles que são não serão
tratados como são.

— Não é o tipo de lugar onde você é explorado, hein?

Hunter sorri fracamente e balança a cabeça. — Somos


todos adultos aqui. — Ele começa a me levar em direção ao
bar, mas no caminho percebemos que há garçons circulando,
carregando bandejas de ouro cheias de bebidas para que
ninguém tenha que esperar na fila.

Paramos em uma enorme árvore de Natal e Hunter pega


duas bebidas no garçom de luvas brancas.

— Obrigada, — murmuro, já que Hunter não pensou


nisso.
O garçom – que me lembra muito o Jeeves do programa
que mamãe e eu assistimos, me deixa tentada a tentar tirar
uma foto sorrateira – me dá um sorriso morno e fechado.

— Eu gostaria de ter trazido minha mãe para isso, — digo


a Hunter enquanto tomo um gole do meu champanhe.

— Talvez no próximo ano eu consiga alguns convites


extras.

Próximo ano.

Ele diz isso com muita naturalidade, como se fosse um


dado adquirido que irei fazer isso com ele todos os anos pelo
resto de nossas vidas.

Suponho que, já que ele me mostrou minhas opções para


minha tiara de casamento, não deveria ficar surpresa.

Ainda parece um pouco louco.

Continuo a olhar ao redor do grande salão enquanto


termino minha primeira taça de champanhe. Desceu tão
suavemente que terminei mais rápido do que pretendia.

À medida que damos uma olhada no terreno, Hunter


procura por seu pai, mas sigo a trilha de pessoas que parecem
saber para onde deveriam estar indo.

Após o guarda-volumes de casaco, alguns deles se


demoram e bebem champanhe ou conversam com amigos, mas
a maioria das pessoas parece estar subindo a escada de
mármore e indo para os andares superiores.
Hunter e eu decidimos subir também. Há um tapete
vermelho literal na escada de mármore. A mulher mais velha à
minha frente usa luvas brancas.

Estou usando um vestido de baile, mas ainda sinto que


estou como um polegar machucado neste conjunto.

Quando alcançamos o andar que deveríamos estar, tudo


fica imediatamente claro. Há bandeiras em exibição para
representar três países diferentes, e dois homens de aparência
muito real em pé na escada cumprimentando os convidados de
cada lado.

— Esse é o seu pai?

Hunter acena com a cabeça. — O mais bonito é, — ele


brinca, mas não realmente. — O outro cara é primo dele.
Provavelmente será apenas um alô rápido, ele terá que manter
a linha em movimento.

— Oh, Deus, estou tão nervosa, — digo a ele.

Seu aperto em mim aumenta de forma protetora. — Não


sinta.

Apesar de seu conselho para não se preocupar, meu


coração bate furiosamente no meu peito quando o casal à
nossa frente termina sua saudação.

Borboletas enchem meu estômago enquanto Hunter


coloca a mão nas minhas costas e gentilmente me empurra
para frente.
Meus pés não querem se mover. Espero não parecer tão
nervosa quanto me sinto quando me forço a sorrir e seguir em
frente.

O pai de Hunter sorri quando olha de Hunter para mim,


seu comportamento amigável.

— Hunter, que bom ver você, — ele diz, envolvendo um


braço ao redor de seu filho e dando-lhe um breve abraço e um
tapinha nas costas.

Meu coração se enche, mas não sei por quê. Não sinto
que estou encontrando um – grande negócio, – sinto que estou
conhecendo o pai perdido do meu namorado, e isso é um pouco
menos intimidante.

Hunter dá um passo para trás e gesticula para mim. —


Esta é minha namorada, Riley Bishop.

Seu pai pega minha mão e me puxa para frente. — Riley.


Esplêndido em conhecê-la. Hunter me contou muito sobre
você.

Isso me faz sorrir. — Ele contou? Todas as coisas boas,


espero.

— Apenas o melhor, — ele diz calorosamente, me


puxando para um abraço.

Minha barriga se agita. Abraço-o de volta, então me movo


para ficar ao lado de Hunter com um sorriso grande e estúpido
no meu rosto.
Como Hunter previu, seu pai só pode falar conosco por
um momento, já que ele tem mais convidados para
cumprimentar atrás de nós, mas ainda não consigo parar de
sorrir quando Hunter pega minha mão e me leva em direção à
entrada do salão de baile.

— Ele gosta de mim! Seu pai gosta de mim, — digo a ele,


radiante.

Hunter balança a cabeça, divertido com minha excitação.


— Eu disse que ele iria.

Ainda estou tão empolgada que me viro para dar uma


última olhada no pai de Hunter antes de entrarmos no salão
de baile, mas quando entro, minha atenção é atraída por um
par de olhos azuis predatórios que não estão apenas fixos em
mim, mas se estreitam em consideração cuidadosa.

Meu coração salta no meu peito. O homem que está


olhando para trás não pode ser muito mais velho do que eu e
Hunter. Não percebi o quão perto ele estava atrás de nós. Não
pensei nada sobre o que disse a Hunter, mas agora, enquanto
o belo estranho me olha com atenção, então deixa seu olhar
especulativo vagar para Hunter, eu percebo...

Ele pode ter acabado de me ouvir me referir ao pai de


Hunter como... bem, pai de Hunter.

Meu sorriso desaparece.

O olhar intenso desaparece do rosto do homem,


substituído pelo que deveria parecer ao mundo um sorriso
amigável, mas quando ele se vira para ser saudado pelo pai de
Hunter, não consigo evitar que meu estômago embrulhe de
pavor.

Eu deveria estar zumbindo de emoção quando entramos


no opulento salão de baile. É um espaço magnífico,
verdadeiramente incomparável. Os tetos são lindamente
pintados como se tivéssemos acabado de entrar na Capela
Sistina. A sala é enorme e bem decorada, como se fosse um
casamento. Mesas redondas com peças centrais imaculadas
são dispostas em torno do perímetro de uma pista de dança.
Há uma enorme árvore de Natal no canto e uma orquestra
sentada tocando música ao vivo.

Tudo é tão lindo, mas tudo em que consigo pensar é no


homem no corredor.

— Hunter, — digo, olhando para ele ansiosamente.

Ele olha para mim, sorrindo fracamente até ver a


expressão no meu rosto. Ficando sério rapidamente, ele diz: —
O que há de errado?

Meus lábios de repente parecem secos, então os lambo.


— Acho que posso ter estragado tudo.

Hunter franze a testa. — O que você está falando?

— Você sabe como as pessoas não deveriam... como sua


linhagem exata não é necessariamente de conhecimento
público? — Pergunto com cuidado.
Ainda carrancudo, ele balança a cabeça.

Meu estômago afunda. Olhando ansiosamente para trás


em direção ao corredor para ter certeza de que ninguém está
atrás de mim agora, me inclino mais perto e digo a ele: — Eu
não estava pensando lá atrás, eu estava tão animada para
conhecer seu pai... Eu o chamei de seu pai.

— Oh. — A expressão de Hunter clareia. — Está tudo


bem, não se preocupe com isso.

— Não, mas, Hunter. — Paro de andar para olhar para


ele. — Havia um cara atrás de nós. Acho que ele me ouviu.

Ele franze a testa e olha para trás. — Que cara?

Momentos suficientes se passaram e tenho certeza de que


o estranho de olhos azuis não está mais cumprimentando o pai
de Hunter e seu primo, mas quando me viro e olho para a
entrada, não o vejo atrás em qualquer lugar, também. — Não
sei onde ele está. Não o vejo agora.

Hunter franze a testa, puxando-me para perto e fazendo


uma varredura superficial da sala. — Bem, se você o vir,
mostre-o para mim, ok?

Aceno, engolindo. Olhando para ele com olhos cheios de


remorso, digo a ele: — Sinto muito. Eu deveria ter mantido
minha boca fechada.

Hunter balança a cabeça. — Não se preocupe com isso.


Ele me diz para não me preocupar, mas sei que está
apenas sendo legal.

O pai de Hunter é um homem poderoso. Saber que tem


um filho ilegítimo que o público desconhece... É uma
informação que pode ser muito perigosa em mãos erradas.
Tento aproveitar o jantar incrível que é servido, tento
prestar atenção às observações feitas no palco pelo pai de
Hunter e outras pessoas importantes. Percebo que, embora eu
seja mais uma leitora ávida do que uma fã de história, apenas
estar na mesma sala que todas essas pessoas é uma
oportunidade insanamente legal. Há tantas pessoas desfilando
com medalhas, faixas e insígnias denotando-os algum tipo de
dignitários estrangeiros que é um pouco estonteante.

Este baile não é apenas para quem é de Nova York – é um


evento internacional e nada que eu pudesse ter sonhado em
assistir em toda a minha vida.

Estou aqui vivendo, mas estou tão ansiosa com o que


aquele homem ouviu que é difícil me divertir plenamente.

Todas as mesas acomodam 10. Obviamente, não conheço


ninguém da nossa, mas Hunter parece conhecer um dos
casais. Não acho que ele conheça mais ninguém, mas ele é bom
com as pessoas, então acaba batendo papo com todos da mesa
enquanto fico ali sentada quieta e reservada, me deixando
doente de preocupação.
Depois que o jantar e os discursos terminam, a pista de
dança se abre. Nossa mesa se esvazia quando todos batem no
chão em pares, deixando Hunter e eu com um momento mais
ou menos sozinhos.

— Riley, você tem que parar de se preocupar com isso, —


diz ele, olhando para mim. — Você deveria estar se divertindo.
Estamos em um baile, pelo amor de Deus.

Sorrio levemente. — Seu pai não tem uma masmorra em


que me jogará por revelar segredos de estado, não é?

Hunter revira os olhos. — Ninguém jogará você em uma


masmorra, e você não revelou nenhum segredo. Está
barulhento aqui, aquele cara provavelmente nem te ouviu. E
não é como se isso fosse um segredo bem guardado. Entre este
conjunto, sim. Ninguém no mundo do meu pai sabe. Mas há
pessoas em casa que gostariam – pessoas para as quais dei
motivos para não gostar de mim, na verdade. Existem outras
maneiras de vazar.

— Eu sei, mas há uma diferença entre uma fofoca local


que poderia ser negada e descartada como um boato, e eu dizer
algo assim para você em um lugar como este, — digo,
gesticulando ao redor.

Como se para ilustrar meu ponto de vista, um cara com


aparência de dignitário real em uma faixa verde chique passa
por nossa mesa.
Olho para Hunter e levanto minhas sobrancelhas como
se dissesse: — Está vendo?

Hunter balança a cabeça, empurra a cadeira para trás e


se levanta. — Vamos.

Olho para ele, mas não me movo. — Onde estamos indo?

— Dançar, — afirma, oferecendo-me a mão.

Pego-a, levantando-me relutantemente da minha cadeira.


— Gosto de dançar com você.

— Mm-hmm, — ele murmura, me puxando para mais


perto e me acompanhando até a pista de dança.

Uma vez que estamos na pista de dança juntos, algumas


das minhas preocupações desaparecem. Há algo sobre dançar
com Hunter que eu realmente amo, e dançar com ele em um
lugar tão adorável como este... Eu não deveria desperdiçar a
noite me preocupando com um homem estranho que talvez
nunca mais veja.

Sinto-me como uma verdadeira princesa dançando com


seu príncipe em um conto de fadas feito apenas para mim.
Hunter me segura perto dele e dançamos várias músicas,
então fazemos uma pausa para pegar champanhe e observar
os outros convidados circulando.

Não voltamos para a nossa mesa imediatamente.


Preferindo passar um pouco de tempo sozinho, Hunter se
inclina contra um trecho vazio da parede dourada
ornamentada e me arrasta contra ele.

— Você está se divertindo mais agora? — Ele pergunta.

Aceno feliz, tomando um gole do meu champanhe e


olhando para ele. — Estou. E sei que nunca tomei realmente
champanhe, exceto quando estou com você, mas
pessoalmente, acho que este é o melhor champanhe que já
provei.

Uma voz que não reconheço de repente rouba minha


atenção de Hunter. Quando olho para cima e vejo o homem do
corredor, meu coração para.

— Também prefiro Cristal, mas não posso reclamar muito


bem de Dom, posso?

Talvez porque eu tenha enrijecido em seu abraço, Hunter


franze a testa para o estranho em vez de ser amigável como
normalmente faria. — E quem pode ser você?

Puxo o braço de Hunter. Ele olha para mim e me inclino


para sussurrar. — Este é o cara do corredor.

A confusão de Hunter desaparece. Seus olhos endurecem


levemente, mas seus lábios se inclinam em um sorriso
deliberadamente casual.

O homem do corredor dá um passo à frente, encontrando


o olhar de Hunter e estendendo sua mão. — Caleb Grant.
Ainda não nos conhecemos, mas acho que seremos amigos
rapidamente.

Hunter estende a mão para Caleb. — Ó, você acha?

Como Hunter, este homem optou por não ir com um


smoking preto tradicional esta noite. Ao contrário de Hunter,
ele fez a ousada escolha de usar uma rica jaqueta de smoking
de veludo verde um visual que muitos homens não
conseguiriam tirar, mas ele está se saindo muito bem.

Ele é inegavelmente atraente, magro, mas bem


constituído, com cabelos dourados, olhos azuis secretos e um
sorriso malicioso.

Sua travessura não parece com a de Hunter, porém –


principalmente lúdica e inofensiva. Não, há muito mais cálculo
no homem que está diante de nós, mas se ele cresceu neste
mundo, posso imaginar por quê.

E parece que ele cresceu neste mundo. Achei tão


assustador entrar nesta noite, mas este homem nunca foi um
estranho aqui. Para ele, este era o seu playground. Aposto que
ele conhece cada canto, cada fenda, cada segredinho sujo.

E agora ele sabe quem é Hunter, porque abri minha boca


grande e estúpida e disse a ele.

De todas as pessoas na festa, me pergunto se ele é a pior


pessoa com quem eu poderia ter compartilhado essa
informação.
Meu estômago balança de nervosismo, mas Hunter
aperta a mão de Caleb, avaliando o homem.

— O que te faz pensar isso? — Hunter pergunta


casualmente.

Ao invés de responder a ele, o olhar de Caleb muda para


mim quando ele deixa cair sua mão. — E você é?

Não respondo. Eu imediatamente não gosto dele, e não


escondo isso enquanto estreito meus olhos para ele.

Hunter aperta minha cintura. — Esta é minha namorada,


Riley.

Olho para Hunter com incerteza, mas ele acena para que
eu vá em frente, então tento ser um pouco menos cautelosa
quando olho para o estranho. Já que ele apertou a mão de
Hunter, ofereço a minha também. — Riley Bishop.

— Prazer em conhecê-la, Riley. — Ele pega minha mão,


mas não a aperta. Ele o leva aos lábios e a beija.

Empurro minha mão, olhando para ele com ainda mais


cautela do que antes.

Ele sorri, seus olhos dançando com diversão.

— Aí está você!

Meu olhar se afasta dele quando uma linda garota com


longos cabelos loiros em um vestido vermelho apertado para
ao lado de Caleb. Ela lhe entrega uma taça de champanhe,
guardando uma para si, e então olha para nós enquanto toma
um gole.

A expressão dela é aberta e amigável, nem um pouco


medida e calculada como a dele. Ela tem cabelos loiros como
os dele, mas se eu tive a impressão por um momento que ela
poderia ser sua irmã, ele o eliminou quando deslizou a mão em
volta de sua cintura um pouco intimamente demais para que
ela fosse uma parente.

— Desculpe, — ele diz a ela. — Eu não queria deixar você


segurando o álcool. Vi alguém para quem queria dizer olá.

A garota não deve fazer demonstrações públicas de afeto.


Ela tira a mão dele quase distraidamente enquanto nos lança
um sorriso. — Oi, sou Zoey. Vocês são amigos de Caleb?

A garota tem um leve sotaque sulista que a faz soar ainda


mais doce, então não acho que ela seja originalmente de Nova
York.

Sem nos dar uma chance de responder, Caleb nos


apresenta a ela. — Este é Hunter Maxwell e sua namorada,
Riley Bishop.

Hunter considera Caleb com cuidado. — Eu não te disse


meu nome.

— Não disse? — Caleb toma um gole de seu champanhe,


segurando o olhar de Hunter.
A garota que ele chamou de Zoey franze a testa, olhando
para ele com um olhar de leve desaprovação no rosto. — Você
não está criando problemas, está, Caleb?

— Eu faria isso? — Ele pergunta, olhando para ela.

— Sim, — ela responde sem hesitação. Seu olhar pisca


para nós como se estivesse levemente preocupada.

Antes que ela possa dizer qualquer outra coisa, Caleb


garante a ela: — Estou apenas fazendo novos amigos. — Para
nós, ele diz: — Faço questão de me familiarizar com todas as
pessoas interessantes da minha cidade, mas não vi vocês dois
por aí—. Ao dizer isso, ele gesticula entre nós com a mão
segurando sua taça de champanhe. Seu olhar permanece em
Hunter. — Não é de Nova York?

Hunter balança a cabeça. — Boston. Estou na cidade


para o baile de caridade.

— Primeira vez? — Caleb pergunta em tom de conversa.

— Não para mim, — responde Hunter. — É a primeira vez


dela.

O olhar de Caleb cintila para mim. — Como você está


aproveitando sua primeira visita à minha bela cidade, Riley?

Cruzo meus braços, ainda não gostando desse cara,


apesar de sua simpatia fingida. — Está frio.

Um sorriso roça seus lábios. — Não está frio Boston?


Hunter desliza a mão pelas minhas costas, em seguida,
casualmente me puxa para que ele possa beijar minha testa.
Ao fazer isso, ele murmura: — Relaxe.

Estou muito tensa para relaxar, mas como ele quer, tento
ser menos fria. — Gosto das suas cores de Natal, — murmuro,
gesticulando para Caleb em sua jaqueta de veludo verde para
Zoey em seu vestido vermelho apertado. Ela está espetacular.
Ambos estão, realmente, embora eu esteja relutante em lhe
fazer um elogio – mesmo na minha cabeça, onde ele não
consegue ouvir.

Pensei que estava sendo amigável, mas sua expressão


muda com alarme. — Nós? Oh Deus não. Nós não somos... —
Ela balança a cabeça, franzindo a testa. — As cores do Natal
são uma coincidência total. Não estamos aqui juntos. Quer
dizer, estamos, mas não somos um casal. Caleb é amigo do
meu namorado, estamos apenas sentados à mesa dele.

Caleb sorri. — Gosto de como você coloca o máximo de


distância lingual entre nós quando pode. — Olhando para nós,
ele diz: — Ela também é minha amiga.

Ela não discute com ele, mas olha para mim e murmura
não realmente.

Abro um sorriso verdadeiro. Posso não ser fã dele, mas


gosto dela.

— De qualquer forma, — Caleb diz, colocando a mão no


quadril de Zoey e puxando-a para mais perto dele, — Eu estava
prestes a dizer aos meus novos amigos aqui que eles deveriam
parar no meu restaurante enquanto eles estiverem na cidade.

Zoey tira a mão dele de seu quadril, mas ela o faz com
tanta naturalidade que ela não está nem um pouco distraída
enquanto nos diz: — Se você fizer isso, certifique-se de pegar o
bolo de chocolate de sobremesa – é para morrer. Não pegue
uma fatia para compartilhar também. Será o seu maior
arrependimento na vida.

— Cada um de nós terá sua própria fatia, — prometo a


ela.

Ela me dá um sinal de positivo, em seguida, se afasta de


Caleb antes que ele possa se acostumar com ela novamente.
— Vou voltar para a mesa. — Virando-se para nós, ela diz: —
Foi bom conhecer vocês. Estou falando sério sobre aquele bolo.

Ofereço um pequeno aceno antes que ela se afaste, mas


estou um pouco triste por vê-la partir. Raramente sou atraída
por pessoas dessa maneira, mas sinto que quero ser amiga
dela.

Chamando minha atenção de volta para ele quando ele


enfia a mão no bolso, Caleb pergunta: — Você vai ficar na
cidade por muito tempo?

Hunter balança a cabeça. — Só o fim de semana. Voamos


para casa amanhã à noite.

Caleb estende um cartão de visita. — Bem, se vocês


estiverem com fome antes de partir, sou dono da melhor
churrascaria de Manhattan. Você não conseguirá fazer uma
reserva para amanhã, mas tenho uma lista separada para
meus amigos. Basta dizer à recepcionista que você é meu
convidado e ela lhe dará uma de nossas melhores mesas.

Hunter olha para o cartão e o enfia no bolso. — Talvez


nós aceitemos isso. Obrigado.

Caleb sorri, mas é cuidadosamente medido e talvez um


pouco lupino. — É um prazer conhecer vocês dois. Estou
ansioso para que nossos caminhos se cruzem novamente.

Não sei se suas palavras de despedida soam apenas como


uma ameaça, porque sei o que ele sabe, mas há algo nele que
simplesmente não gosto. Acho que ele teria tanta probabilidade
de estripar alguém que chama de amigo quanto alguém que
chama de inimigo, então não tenho certeza de que haja
qualquer benefício em sua amizade.

Bem, provavelmente há benefícios, mas não do tipo que


eu gostaria.

Uma vez que Caleb se foi, me viro para Hunter. — Ele não
é um cara bom.

Hunter balança a cabeça em concordância, mas ele não


parece preocupado. — Está tudo bem, — diz ele, colocando a
mão em volta da minha cintura. — Isso está feito e acabado,
para que você possa finalmente relaxar e aproveitar o resto da
festa.

— Ele me ouviu.
— Eu sei, mas não importa. Ele não vai contar a ninguém.

— Como você sabe?

Hunter olha para mim, sua expressão genuinamente


relaxada e um pouco afetuosa. — Ele acabou de nos contar.

Eu franzir a testa. — Ele fez?

— Ele quer ser meu amigo. Homens poderosos guardam


os segredos uns dos outros. Contanto que vamos ao
restaurante dele amanhã e ele não achar que estamos
esnobando ele, tudo ficará bem.

— Mas... — Olho para trás na direção que Caleb foi.

Hunter vira meu rosto para olhar para ele. — Não é


grande coisa, Riley. Precisamos comer alguma coisa, de
qualquer maneira.

Incapaz de banir totalmente minha ansiedade, digo a


Hunter: — Eu simplesmente não confio nele.

— Você não tem que confiar nele. Esse cara cuida de seus
próprios interesses e é do seu interesse manter a boca fechada.
Isso lhe dá uma vantagem. Um cara assim sabe que um
segredo é muito mais valioso quando é guardado. Confie em
mim, Riley. Ele não vai dizer nada.

Estou menos confiante sobre isso do que ele, mas acho


que sou a que mais se preocupa entre nós.
Se Hunter acha que não há nada com que se preocupar,
ele provavelmente está certo.
Depois de uma longa noite dançando com Riley e
socializando com a elite de Nova York, estou mais do que
pronto para voltar para o hotel.

Estamos ficando tão perto do clube que caminhamos. Na


verdade, é muito mais rápido. Só a trouxe aqui na limusine
mais cedo porque achei que isso aumentaria a experiência e
queria levá-la para conhecer a cidade primeiro.

Agora tudo o que quero fazer é tirar suas roupas e


observar a expressão de êxtase em seu rosto enquanto ela goza
para mim.

A porta se fecha. O quarto está escuro, iluminado apenas


pelas luzes da cidade que brilham pela janela. Não me
preocupo em acender as luzes. Assim que terminar de foder
com ela, vamos querer dormir e não estou com vontade de me
levantar para apagar a luz.

Tiro meu casaco primeiro, depois tiro o de Riley, beijando


a pele exposta de seu ombro enquanto o faço.
Estava frio lá fora, mas sua pele está quente sob o casaco
pesado. Estou feliz por ter comprado para ela. Ela hesitou um
pouco, tanto por causa da pele quanto do preço, mas tudo que
tive que fazer foi lembrá-la do meu trunfo e ela teve que me
deixar comprá-lo para ela.

Ela sai dos sapatos e os chuta para o lado. Envolvo sua


cintura com um braço, puxando-a contra mim e enterrando
meu rosto em seu pescoço.

Seu braço passa por trás da minha cabeça. Ela começa a


brincar com meu cabelo enquanto beijo seu pescoço e alcanço
o zíper de seu vestido.

Sem palavras, tiro seu lindo vestido e o coloco sobre o


banco estofado ao pé da cama.

— Eu provavelmente deveria pendurar isso para que não


enrugue, — Riley comenta.

— Vamos limpá-lo quando chegarmos em casa, —


asseguro a ela.

Ela está com seu sutiã preto sem alças e calcinha de


renda combinando agora. Desabotoo o sutiã e pego seus seios
em minhas mãos, espalmando-os e puxando-a para mais perto
do meu corpo.

Riley suspira de prazer, seus olhos se fechando.

Solto-o e deslizo minhas mãos por seu torso,


enganchando meus dedos na escassa renda preta. Estou
prestes a empurrá-los para baixo, mas reconsidero, deixando-
os por mais um momento para que eu possa segurar os globos
de sua bunda em minhas mãos, apertando e acariciando sua
carne lisa com a renda ainda em sua pele.

Deslizo a mão em torno de sua frente, empurrando meus


dedos na frente de sua calcinha para que eu possa colocar sua
boceta dentro do tecido. Riley geme baixinho, deixando sua
cabeça cair para trás no meu ombro.

Deus, eu a amo.

Beijo seu ombro suavemente enquanto empurro um dedo


dentro dela. Ela já está escorregadia, e isso me faz sorrir.
Brinco com seu clitóris por um minuto, mas não brinco por
muito tempo. Antes de deixá-la muito nervosa, tiro minha mão
de sua calcinha e a empurro para baixo.

Riley sai dela e se vira para me encarar.

Sem vontade de perder tempo, eu a empurro de volta na


cama. Já que eu estava sendo tão carinhoso com ela, ela não
estava pronta para isso. Ela pousa com um suspiro,
agarrando-se ao colchão e se afastando para abrir espaço para
mim.

Antes que ela vá longe, a arrasto de volta para a borda,


caio de joelhos no chão e separo suas pernas.

Ela afunda de volta no colchão. Ela ainda está um pouco


tímida por eu olhar para sua boceta, então ela começa a lutar
comigo.
Meu aperto firme na carne macia de suas coxas a lembra
de se comportar.

Seus músculos cedem e ela me deixa espalhar suas


pernas tanto quanto eu quero para que eu possa olhar para
sua boceta necessitada em exibição para mim.

Bonita.

Inclino-me, lançando minha língua para fora e provando-


a. O som suave de seu gemido aquece meu sangue ainda mais.
Lentamente, trabalho meu caminho para devorá-la com
ganância implacável.

Amo comer a boceta de Riley. Amo cada movimento de


seus músculos, cada som que emana de sua garganta. Eu amo
o jeito que ela agarra meu cabelo e segura para salvar sua vida
quando ela está prestes a gozar.

Não demoro muito para levá-la lá esta noite.

Seus gritos de prazer enchem a sala e seu aperto em meu


cabelo diminui enquanto seu corpo relaxa. Os músculos de
suas pernas parecem derreter.

Ela está desossada e completamente maleável enquanto


me levanto e a reposiciono como a quero na cama.

— Role para o lado, baby, — digo a ela, rastejando sobre


a cama de joelhos e batendo levemente em sua bunda.
Ela está confusa de prazer, mas ela obedece. Agora que
ela está de bruços na cama, eu a monto e corro minhas mãos
sobre sua bunda. — Boa menina.

Ela faz um pequeno murmúrio de satisfação, mas ainda


está muito cansada para se mover.

Tudo bem, eu não preciso que ela se mova. Eu abro suas


pernas para que eu possa escalar entre elas, então pego meu
pau dolorido e o guio entre suas coxas.

Riley pega um travesseiro para se preparar para a


intrusão que ela sabe que está chegando, em seguida, geme
baixinho quando empurro meu pau inchado em sua pequena
boceta apertada.

Porra.

Eu agarro seus quadris, segurando-a enquanto balanço


os meus para frente e para trás, dentro e fora dela até que seu
corpo finalmente relaxa um pouco. Não quero machucá-la, e
sei que às vezes faço isso quando vou longe demais, rápido
demais.

Ela ainda se encaixa em mim como uma luva, mas eu a


estiquei o suficiente para não machucá-la agora. Enquanto
empurro mais fundo em seu calor úmido, ela geme de prazer e
agarra o travesseiro.

— Hunter, — ela chora baixinho, apenas um murmúrio


sem sentido. Ela adora gritar meu nome quando estou
transando com ela.
Também adoro.

— Amo sua boceta, você sabe disso? — Pergunto,


soltando uma mão para que eu possa apertar sua linda bunda
enquanto a fodo.

Ela geme, se enterrando nos travesseiros e se apertando.


— E minha boceta adora ser fodida.

Jesus Cristo.

Deixei minha cabeça pender para trás,


momentaneamente envolvida nesta porra de deusa que tenho
sorte o suficiente para chamar de minha. Olhando para ela e
apertando sua bunda, digo: — Isso mesmo. E quem vai foder
essa boceta, Riley?

— Só você, — diz ela sem fôlego enquanto dirijo para ela.


— Eu só quero ser fodida por você.

Solto sua bunda, descendo em cima dela para que eu


possa esmagar seus lindos seios contra a minha palma. — Isso
mesmo, — digo, beijando seu ombro.

Ao tirar meus lábios de sua pele, vejo sua mão esquerda


apoiada no travesseiro. Suas unhas estão pintadas com
esmalte transparente, mas seus dedos estão nus.

Por enquanto.

Sorrio, deslizando meus dedos entre os dela e a


segurando enquanto continuo a foder como se estivesse
tentando deixar uma impressão da qual seu corpo nunca pode
se recuperar.

Acho que de certa forma, estou.

Depois que ambos terminamos e ela está cheia do meu


esperma, eu me acomodo atrás dela, puxando seu corpo contra
o meu.

Contentamento me invade.

Riley se encaixa perfeitamente em mim, todos os seus


espaços suaves moldando-se aos meus mais duros. Nossos
corpos são como peças de um quebra-cabeça que odeiam ser
deixados sozinhos na caixa.

O meu odeia porra, de qualquer maneira. Talvez ela


durma bem sem mim, mas durmo como uma merda sem ela.

Ela se aconchega com meu braço pressionado contra


seus seios. Tento puxá-la para mais perto, porque nunca
consigo colocá-la perto o suficiente de mim.

— Eu te amo, Riley.

Ela mia como um gatinho. Não preciso ver seu rosto


bonito para saber que ela está sorrindo quando me diz: —
Também te amo.
O baile de inverno está chegando.

Depois de dançar com Hunter em um baile real na cidade


de Nova York, realmente parece um pensamento tardio ir ao
nosso baile do colégio, mas já tenho um vestido e sapatos, e
sei que Hunter provavelmente quer ir.

Também sei que será uma experiência muito diferente do


Homecoming.

Hunter ainda me pega em uma limusine, mas somos só


nós desta vez. Andamos pela cidade bebendo champanhe
antes do baile, então chegamos elegantemente tarde e
perdemos todo o tráfego.

Sinto-me muito mais feliz entrando no ginásio esta noite


com Hunter no meu braço.

O ginásio foi transformado em um paraíso de inverno com


iluminação azul, uma estação de cone de neve e muitos
enfeites de floco de neve cintilantes.
É um pouco exagerado para um baile da escola que não
é nem baile ou Homecoming, mas Valerie está no comitê de
planejamento para todos os bailes, e ela não acredita em
formas casuais. Para desculpar os preços mais altos dos
ingressos até mesmo para este baile, todos os lucros estão
sendo doados para um banco de alimentos local, mas ela
gastou tanto planejando o evento que duvido que sobrou
muito.

O pano de fundo para as fotos é muito mais agradável


esta noite do que o que tínhamos para o baile. Fico feliz, já que
aquela foto foi com o Anderson e a foto que eles vão tirar hoje
será com o Hunter.

O pano de fundo parece uma varanda de castelo no


inverno, com árvores cobertas de neve e grandes arcos de
palácio atrás de nós. Os tons de azul e branco complementam
bem nossas roupas, e com os braços fortes de Hunter em volta
de mim, não preciso me preocupar com um sorriso fraco para
esta foto.

Depois que tiramos nossa foto, Hunter pega minha mão


e olhamos a vitrine iluminada logo após a estação de fotos.

— Uau! Sério? — Murmuro, olhando para ele.

Valerie, na verdade, colocou as coroas e faixas da “rainha


da neve” e do “rei da neve” em exibição para este evento.

Hunter sorri. — Quão irritada você acha que ela vai ficar
quando não ganhar?
Encolho os ombros. Não gosto de falar sobre ela com ele,
mas nessa posição, acho que está tudo bem. — Talvez ela vá.

Hunter balança a cabeça. — Não. Essa coroa é sua. Você


pode adicioná-la à sua coleção, — ele brinca enquanto vem por
trás de mim e passa os braços em volta da minha cintura.

Sorrio satisfeita enquanto ele me puxa contra seu corpo


forte. — Oh, terei uma coleção?

— Vou me certificar de que você seja a rainha do baile


também. Vamos fazer campanha e tudo mais, ganhar direto.

— Você sabe o quanto odeio ser o centro das atenções, —


digo a ele.

— Mais do que você me odeia ser coroado rei de outra


pessoa?

Paro para considerar. — Hm... não. Não mais do que isso.

Seu aperto em mim aumenta e ele se inclina para beijar


a concha da minha orelha. — Vai ser mais fácil subir lá comigo
ao seu lado.

Provavelmente é verdade, mas ainda não acho que haja


alguma chance de ganhar. A menos que... — Quando você diz
que vamos ganhar direto da próxima vez, está insinuando que
não vamos ganhar direto esta noite?

— Não vou confirmar ou negar essas acusações, — ele


murmura, passando seus lábios perfeitos ao longo da coluna
sensível do meu pescoço. — Tudo o que vou dizer é que é
melhor você se preparar para vencer.

Suspiro. — Você não deve consertar eleições, Hunter.

— Porque é contra suas regras preciosas? — Ele provoca.

— É ilegal, — eu o informo dramaticamente.

— Você sabe o que é ilegal? Você está sendo tão sexy, mas
isso não a impede.

Sorrio, meu rosto aquecendo com prazer horrorizado. —


Você diz as coisas mais malucas.

— Eu deveria ter fodido você na limusine. Agora tenho


que esperar umas boas duas horas. Não pensei sobre isso.

Não consigo parar de sorrir enquanto me afasto dele para


que possamos caminhar até as mesas de lanches e bebidas. —
Você tem um problema, Hunter Maxwell.

— Meu único problema é que você está usando roupas,


— diz ele, pegando minha mão.

Pegamos lanches e bebidas, em seguida, caminhamos


sob um arco de balões brancos perolados em uma floresta de
árvores de papel branco.

Há um banco de parque montado na “floresta encantada”,


então Hunter e eu nos sentamos lá para comer nossos lanches.
Peguei uma delicatessen de tortilla de carne, um biscoito de
floco de neve e um bolo pop69 azul.

Há mesas arrumadas ao redor da pista de dança assim


como havia no baile, então poderíamos comer em uma delas,
mas já que estou aqui com Hunter esta noite, sei que se
sentarmos em uma mesa, as pessoas se juntarão a nós.

Estou feliz com isso sendo apenas nós dois por enquanto.

Enquanto acabo com o delicioso bolo pop, balanço minha


cabeça e digo a Hunter: — Você sabe, não gosto dela, mas
Valerie poderia ter uma carreira muito promissora como
planejadora de eventos.

Um pouco divertido, ele diz: — Isso deve ser um pop de


bolo.

Aceno ansiosamente. — Devíamos ter isso no nosso


casamento.

Seu sorriso se alarga. — Pensando em se casar comigo,


hein?

Espalho meus dedos cerca de meia polegada para indicar


apenas um pouco. — Só pela coroa, é claro.

— É claro.

— Estou dedicada a esta coleção que você começou para


mim. Depois de coletar todas as coroas de dança do colégio, o

69 Cake pop é o bolo de palito.


próximo passo é a verdadeira, e ouvi dizer que sua família tem
diademas.

Hunter sorri enquanto se levanta, então ele pega minha


mão e me puxa para fora do banco. — Venha aqui, você.

Sorrio, com cuidado para manter o palito do meu bolo


longe de seu belo smoking enquanto o abraço.

— Odeio quebrar isso para você, mas você não consegue


ficar com a coroa depois do casamento, — ele me diz.

Olho para ele, fingindo consternação. — Tenho que


devolver?

Ele acena com a cabeça severamente. — Desculpe.

— Bem, esqueça isso, então. O casamento foi cancelado.

Hunter pega minha mão e me leva para a pista de dança.


— Terei apenas que lhe oferecer um incentivo adicional para
se casar comigo, — diz ele.

Coloco meus braços em volta do seu pescoço e olho para


ele com amor enquanto suas mãos pousam na minha cintura.
— Fico feliz que os acompanhantes dessas coisas sejam tão
ruins em seu trabalho, — digo a ele.

— Estamos dançando muito perto? — Olhos brilhando


com malícia, ele me puxa ainda mais perto.

Reviro meus olhos com indulgência. — Que maneira de


desrespeitar as regras, Sr. Maxwell.
— Qualquer regra que dite que nossos corpos não devem
estar próximos é uma regra que precisa ser quebrada, — ele
responde.

Eu realmente não posso argumentar contra isso.

Enquanto o Homecoming é parado, essa dança parece


voar direto.

Hunter estava certo. Quando o rei e a rainha da neve são


anunciados, nossos nomes são chamados. Ele pega minha
mão e me puxa para o palco com ele, e embora eu ainda não
esteja confortável com tantos olhos em mim, não parece tão
assustador quanto à noite do baile.

Ele estava certo sobre a outra coisa também.

Valerie devia ter esperança de vencer, porque quando


meu nome é chamado em vez do dela, ela fica na frente da
multidão em seu vestido prateado apertado e ferve de raiva.

No entanto, não presto muita atenção nela. Não estou


preocupada que ela faça alguma coisa esta noite. Quer ela
goste ou não, ela sabe que agora tenho a proteção de Hunter.
Ela sabe que ele vai retaliar se ela fizer alguma coisa comigo.
Assim que Hunter e eu temos nossas coroas e faixas,
tiramos outra foto com eles enquanto o diretor termina seus
anúncios.

Então é hora de o rei e a rainha dançarem. Hunter pega


minha mão e me puxa para a pista de dança.

A música que começa a tocar não é como o resto da lista


de reprodução desta noite. É natalina e clássica, o tipo de
música que você imagina ouvir as pessoas dançando em um
baile real de verdade. O tipo de música que se dança no baile
em Nova York.

A música me traz de volta àquela noite – as melhores


partes dela, pelo menos. Sendo segurada nos braços de Hunter
e levada pela pista de dança. Hunter deve estar sentindo isso
também, porque ele se inclina e me beija.

Estou tão envolvida no romance do momento, dançando


com meu homem perfeito, que seria muito fácil não notar mais
nada.

Mas embora eu não esteja preocupada com Valerie como


se estivesse no baile, toda aquela experiência horrível me
treinou para ficar de olho nela. Mesmo que eu esteja curtindo
muito este momento com Hunter, estou muito ciente de onde
ela está parada.

Ela está bem na frente nos observando. Seu vestido


prateado é brilhante, por isso captura a luz. Ela é difícil de
perder se você estiver tão ciente dela quanto eu.
Portanto, não sinto falta quando ela chega ao lado dela e
agarra Wally pela gravata. Não sinto falta quando ela o puxa
para perto e esmaga seus lábios contra os dele.

Meu coração cai. Não só porque ela o está beijando, mas


por causa de sua resposta. Ele não se afasta, atordoado. Ele
não interrompe o beijo e exige saber o que diabos ela está
fazendo.

Ele a agarra pela cintura fina e a puxa contra ele,


aprofundando o beijo com o tipo de familiaridade fácil que me
faz pensar que esta não é a primeira vez que eles se beijam.

— Oh Deus.

O aperto de Hunter em mim aumenta de forma protetora,


embora ele não saiba o que me chateou. Ele se vira para olhar
naquela direção e seu rosto congela em choque.

Ao lado de Wally, branca como um lençol e parecendo não


conseguir respirar, está Sara.

Paramos de dançar, mas o desastre do trem não acabou.


Antes que eu possa me livrar de Hunter e correr para Sara,
Anderson inexplicavelmente se envolve, empurrando Wally
para longe de Valerie e perguntando o que diabos ele está
fazendo.

Valerie dá um passo para trás, seu olhar saltando para


Anderson. Ele olha para ela como se estivesse ferido. Não posso
dizer o que ela diz a ele, ela fala muito baixinho, tudo que sei
é que ele levanta o olhar de volta para Wally e diz outra coisa
para ele. Wally não recua e dá um passo em sua direção, e
então Anderson se lança contra Wally e dá um soco nele.

Finalmente percebendo que algo está acontecendo, as


pessoas na multidão começam a se separar para dar-lhes
espaço. Há suspiros e murmúrios quando as pessoas
percebem que uma briga começou, mas não estou olhando
para nada disso. Tudo o que estou olhando é Valerie, porque
ela está olhando para mim com um pequeno sorriso no rosto.

Balanço minha cabeça para ela, meu rosto torcido com


nojo. — Você é patética, — murmuro, para que ela saiba que
não estou impressionada com suas besteiras.

Seu sorriso desaparece, mas não lhe dou mais atenção.


Professores e acompanhantes rompem a multidão para tirar
Wally e Anderson um do outro. Sara ainda está lá com seu
vestido roxo. Ela não se moveu um centímetro. É como se os
pés dela estivessem enraizados no chão.

Vou até ela, agarrando seu braço. — Vamos.

Ela não diz nada, apenas entorpecida me deixa afastá-la


da luta.
Meu coração bate forte enquanto abro caminho através
do ginásio lotado. Encontro uma pequena alcova no canto de
trás, onde não há ninguém, e paro.

Viro-me para encarar Sara. Ela está pálida e sem


expressão. Acho que ela está em choque.

— Ela o beijou, — ela finalmente diz.

Não sei o que dizer, então não digo nada.

— Ele a beijou de volta.

Meu estômago afunda por ela, mas aceno suavemente. —


Sim. Ele retribuiu.

— Por que ela é tão má? — Sara pergunta fracamente. —


Ela agia como se fôssemos amigas. Ela é aquela que... ela é
aquela que me encorajou a falar com ele. Ela disse que ele
gostava de mim.

— Eu sei, — murmuro, agarrando-a e puxando-a para


um abraço protetor.
— Eu dormi com ele, Riley, — ela sussurra entorpecida.

Oh Deus.

Fecho meus olhos, meu coração afundando ainda mais


fundo. — Sinto muito.

Sei o quão chateada ela deve estar, então eu apenas a


abraço por um tempo. Eu só recuei quando Hunter finalmente
se aproximou para nos verificar.

— Está tudo bem? — Ele pergunta.

Aceno, mas estou surpresa ao ver Sherlock atrás dele.

Olhando para trás, para Hunter, digo a ele: — Sara quer


ir para casa. Podemos dar uma carona a ela?

— Agora mesmo?

Meus olhos se arregalam. — Sim agora. Você acha que


ela quer ficar depois disso?

Sherlock dá um passo à frente. — Vou levá-la.

Meu olhar salta para o dele, surpresa.

— Não adianta vocês saírem mais cedo, — diz ele. — Eu


estava prestes a sair sob fiança, de qualquer maneira.

Afastando-me, olho para Sara. — Tudo bem?

Ela acena com a cabeça, batendo em sua bochecha. —


Não me importo com quem me leva, só preciso sair daqui.
Aceno, mas ainda há uma carranca hesitante em meu
rosto. Voltando-me para Hunter, inclino-me e digo a ele: — Não
tenho tanta certeza sobre isso.

Sherlock está perto o suficiente para nos ouvir, então ele


dá um passo à frente e se convida para a conversa. — Você
realmente acha que vou atacar alguma garota triste, Riley?

Reviro meus olhos. — Não, não foi isso que eu quis dizer.
É só que... ela está com o coração partido. Ela não deveria estar
sozinha. Eu realmente deveria ir para a casa dela com ela. Ela
vai precisar de alguém com quem conversar.

Hunter e Sherlock trocam olhares.

Franzo a testa, não gostando muito da vibração


conspiratória que estou captando entre eles.

Eles não dizem nada, mas como se tivessem falado e


decidido sem mim, Sherlock olha para mim. — Não. Vou levá-
la para casa, você vai ficar aqui e curtir o resto da dança.

— Você não é meu chefe, — eu o informo.

A mão de Hunter se acomoda em volta da minha cintura.


Meu olhar dispara para ele, e fico surpresa com o olhar quase
gentil em seu rosto enquanto ele me lembra com firmeza: —
Não, mas eu sou. E vamos deixar Sherlock levar Sara para
casa.
Minha boca se abre. Eu só posso olhar para ele. — Você
está falando sério sobre mim agora? Este não é um jogo,
Hunter. Minha amiga está sofrendo.

— Ela é sua amiga? — Hunter pergunta, franzindo a


testa. — Porque, veja, o que estou me lembrando é um pouco
diferente. Estou me lembrando dela abandonando você a cada
chance que ela teve este ano.

Franzo a testa, querendo discutir com ele, mas... ele não


está dizendo nada que não seja verdade.

— Não acho que ela seja sua amiga, Riley. Acho que você
tem um bom coração e deseja proteger as pessoas de quem
gosta, mesmo quando elas não necessariamente o mereçam.
Não posso reclamar desse traço, certamente não teria você se
você não o tivesse, mas... — Ele me puxa para mais perto,
olhando nos meus olhos. — Nós cuidamos um do outro, certo?
É meu trabalho protegê-la. Você reconhece quando meus
supostos amigos só querem me usar, mas nem sempre vê
quando está acontecendo com você.

— Posso confirmar, — diz Sherlock com um aceno de


cabeça.

Olho para ele.

Ele levanta as mãos em uma rendição brincalhona, mas


seus olhos de aço brilham com diversão. Seu olhar pisca para
Hunter. — Vamos sair.
Hunter acena com a cabeça, mas ele não olha para ele.
Ele mantém seu olhar fixo em mim.

Franzo a testa para ele, ainda não totalmente certa sobre


isso, mas não discuto enquanto Sherlock pega Sara e começa
a conduzi-la através da multidão em direção às portas de
saída.

Sinto que estou abandonando-a, mas... bem, como


Hunter acabou de me lembrar, ela não parecia se importar em
me abandonar.

Fazendo beicinho, digo a ele: — Não gosto disso.

— Eu sei, — diz ele de forma tranquilizadora, travando os


braços em volta da minha cintura e me puxando para perto.

Já que acho que não preciso me preocupar com Sara


agora, minha curiosidade vem à tona. Olho de volta para a
pista de dança onde a luta começou, mas é claro que eles não
estão ainda parados lá.

— Sabemos o que diabos aconteceu lá? — Pergunto a


Hunter. — Por que Anderson estava envolvido?

Ele encolhe os ombros. — Nenhuma idéia. Se você quiser


descobrir, podemos encontrar Melina. Ela geralmente sabe o
que está acontecendo.

Odeio me envolver em fofocas, mas não posso negar que


estou muito curiosa para saber por que Anderson socou Wally.
Não prestei muita atenção ao que ele estava fazendo desde que
terminamos, mas brigar com Wally por beijar Valerie? Eu
tenho dúvidas.

Quando alcançamos Melina, nem preciso pedir a ela para


contar a fofoca. Ela está positivamente explodindo com isso.

— Oh meu Deus, vocês podem acreditar que ela fez isso?


Ela é louca.

Angelina balança a cabeça, examinando as unhas. — Ela


é tão louca. Como se Hunter se importasse com ela ficando
com seu melhor amigo. Todo mundo sabe que ele só tem olhos
para Riley.

Melina revira os olhos. — Ela é uma idiota.

— Ela é ciumenta, é o que ela é, — diz Angelina. Olhando


para mim, ela diz: — Quando ele a levou para aquele baile em
Nova York, ela perdeu o amor de sempre. Você deve ter notado
pela tela iluminada na frente, mas ela tem muita inveja da
coroa. Ela sabe que Hunter é a coisa mais próxima de um
príncipe de verdade em que ela enfiará as garras. Ela poderia
ter matado você, honestamente.

— Tipo, é claro que ele vai levar a namorada ao baile,


Valerie, — Melina diz, revirando os olhos. — O que ela
esperava?

— É um comportamento psicótico, honestamente, — diz


Angelina.
Ainda estou desconfortável com suas naturezas
serpentinas e com a facilidade com que saltam de equipe em
equipe, mas não estão respondendo à única pergunta que
tenho. — Por que Anderson se envolveu?

Os olhos de Melina se iluminam. Ela agarra meu braço,


como se este pedaço fosse muito delicioso e ela não
aguentasse. — Oh meu Deus, eles estão fodendo. Você não
sabia?

— Jesus, Melina, você não precisa ser tão grosseira, —


diz Angelina a ela. Seu olhar voa para mim. — Mas sim, eles
estão totalmente fazendo isso. Tudo começou porque ela estava
tão brava com você dormindo com o namorado dela, ela decidiu
fazer a mesma coisa com você, mas então não funcionou
porque... quero dizer, quando você pode ter Hunter Maxwell,
honestamente, quem se importa com o que os ex de vocês estão
aprontando?

— Ele ainda não era seu ex, no entanto, — Melina diz


rapidamente, procurando em meu rosto por qualquer sinal de
que eu possa estar chateada. — A primeira vez que ela o
chupou foi depois da festa. Foi ideia dela juntar vocês dois
novamente. Ele nem queria namorar você, ela o obrigou a
namorar.

Angelina cutuca sua amiga, os olhos se arregalando em


seu passo. — Calma, Melina. Deus. — Olhando para mim, ela
diz: — Desculpe, Riles. Essa foi uma maneira feia de te dizer.
Melina precisa aprender a controlar sua alegre
schadenfreude70.

Schadenfreude alegre é redundante. Schadenfreude é,


por sua própria definição, alegre. E enraizado na baixa
autoestima. Não admira que Sherlock não goste dela. Melina
provavelmente deveria conversar com alguém sobre seus
problemas. Não para o benefício de Sherlock, mas para que ela
possa ser uma pessoa mais feliz.

Espere, por que é nisso que estou me concentrando?

Minha barriga parece um pouco rochosa. Meu peito está


um pouco apertado, mas não tenho certeza do por quê. Não é
como se eu ainda tivesse sentimentos pelo Anderson, mas não
posso negar que é um pouco humilhante de ouvir.

E eu nem suspeitei de nada. Eu sabia que não estávamos


conversando muito depois que voltamos, mas não posso
acreditar...

— Acho que isso significa que ela te traiu também, hein?


— Melina fala, franzindo a testa para Hunter.

Ele não está nem um pouco perturbado com a notícia,


mas está me observando para ver se estou.

Estou chocada com isso, não vou mentir.

70Schadenfreude é uma palavra da língua alemã para designar o sentimento de alegria ou satisfação
perante o dano ou infortúnio de um terceiro.
Assim que o choque diminuir, não posso dizer que me
importo tanto assim. Na verdade, acho meio triste que Valerie
estivesse tão decidida a se vingar, ela fodeu alguém de quem
provavelmente nem gostava só para tentar me machucar.

Também acho um toque poético que Hunter nem mesmo


teve que derrubá-la. Ela fez isso para si mesma.

É difícil imaginar ela se recuperando disso quando Melina


e Angelina decidiram enquadrar dessa forma. As pessoas estão
vendo o que ela fez como ridículo, e isso pode ser o golpe final
em seu status popular.

Ela deveria apenas ter deixado para lá.

Melina e Angelina continuam fofocando, mas Hunter me


agarra e me puxa para longe.

— Você está bem? — Ele pergunta.

Olho para ele. — Sim. Por que eu não estaria?

— As coisas do Anderson…

Encolho os ombros. — É nojento, mas não me importo. É


problema dele com quem ele fode. Suspeitei que ele estava
atraído por ela no baile, mas... — Olho para ele, sorrindo
fracamente. — Só me incomoda muito pensar que você está.

— Não estou, — ele diz com firmeza, me parando e


agarrando meu braço para que possa me puxar para perto. —
Você sabe disso, certo?
Olho para ele e aceno com a cabeça. — Sim, sei disso.

— Bom. — Ele se inclina para me beijar. — Você é a única


mulher no mundo, no que me diz respeito.

Tento sorrir, mas sei que não é muito brilhante. — Agora


estou me perguntando se já o beijei depois que ela o fez e
pensando que talvez eu devesse apenas cortar meus lábios e
tentar fazer novos.

Hunter sorri, roçando a costura sensível dos meus lábios


com a ponta do dedo. — Vou ter que ignorar você. Eu amo
esses lábios.

— Acho que não importa se ele fez ou não, — murmuro,


baixando meu olhar. — Não é como se eu não tivesse beijado
os lábios que tocaram os dela. Eu beijei você.

Sua testa franze. Vejo com o canto dos olhos, mas não
olho para ele.

Droga.

É como se o fantasma de Valerie Johnson estivesse


sempre à espreita nas sombras, esperando por uma
oportunidade de aparecer e me assombrar.

— Ei, — ele diz, me pegando pelo queixo e tentando forçar


meu olhar de volta para ele.

Ainda não olho para ele. — Eu não deveria ter dito isso,
— digo, sem realmente querer falar sobre isso.
— É o que você estava pensando. Não quero que você
segure o que está pensando. Eu só... queria que você não
estivesse pensando nisso.

— Eu gostaria de não ter um motivo para isso. —


Finalmente deixo meu olhar piscar para o dele, mas me
arrependo quando vejo o olhar culpado em seu rosto. Parece
uma faca no estômago.

Não quero fazer com que ele se sinta mal, realmente não
quero.

Sei que ele se sente mal pelo que fez. Sei que ele não pode
mudar isso. Eu gostaria de saber como parar de cavar a
sepultura, mas... talvez eu não saiba. Talvez eu não consiga.

Eu disse a ele que nunca desistiria. Eu sabia que estava


além das minhas capacidades, por isso o avisei.

Ela não.

Suspirando pesadamente, olho para ele. — Nós realmente


temos que ficar neste baile até que acabe?

Seu olhar escuro está muito mais turvo agora, enquanto


ele balança a cabeça. — Não, — ele diz suavemente. —
Podemos sair se você quiser.

Sinto-me ainda pior ao fazê-lo ir embora, mas agora estou


tão presa na frustração e decepção... Eu realmente só quero ir
para casa.

Hunter liga o carro um pouco mais cedo.


Assim que entramos, pergunto a ele: — Você pode me
levar para a minha casa em vez da sua?

Ele franze a testa. — Achei que você fosse passar a noite


aqui.

Não quero.

Sei que não posso dizer não se ele forçar a barra, mas
também sei que ele realmente não vai me obrigar a fazer algo
que não quero fazer. Chamo nosso acordo de jogo por um
motivo. Ele descobriu que é uma lacuna na qual podemos
viver, não uma prisão de verdade.

— Eu gostaria de ir para casa, — digo a ele, meu tom


levemente apologético.

Sua boca se abaixa um pouco severamente, mas ele


balança a cabeça e dá ao motorista meu endereço.

— Sinto muito, — digo, colocando minha mão sobre a dele


no assento.

Ele move a mão, mas apenas para que possa envolver o


braço em volta dos meus ombros. Ele me puxa para ele e beija
minha testa. — Você não precisa se desculpar.

— Não é assim que eu queria que esta noite fosse.

— Não é grande coisa, — ele me garante, virando minha


mão no colo para que fique voltada para cima. Arrastando
levemente as pontas dos dedos pelo centro da palma da minha
mão, ele acende minhas terminações nervosas, me deixando
um pouco sem fôlego. — Eu realmente não queria passar esta
noite sozinho, mas se é disso que você precisa...

Meu coração se contrai. Ele sabia que iria. Olho para ele,
estreitando meus olhos. — Sei o que você está fazendo.

Fingindo inocência, ele continua com aquele toque leve


como uma pena, escravizando meu corpo e tentando me virar
contra mim. — O quê? Dizendo à minha linda namorada o
quanto vou sentir falta da companhia dela esta noite?

— Minha mãe está certa, — murmuro, deixando meus


olhos se fecharem. — Você é um manipulador.

Ele se inclina para perto, tocando suavemente seus lábios


perfeitos na concha da minha orelha e enviando uma nova
onda de arrepios dançando na minha espinha. — Eu tenho
uma ideia.

— E qual é? — Murmuro, meus olhos ainda fechados.

— O que você vai fazer quando chegar em casa esta noite?

— Provavelmente fazer chocolate quente e assistir a um


filme de Natal com minha mãe. Possivelmente também com
Ray.

— Sua mãe está te esperando?

— Não, ela acha que vou ficar com você.

Ele murmura um ruído que soa como satisfação


enquanto beija o caminho em direção ao meu queixo. —
Perfeito. Então, e se fizermos isso? Iremos para minha casa
para que eu possa me trocar por algo mais confortável. Então,
como o único problema é que você não quer me foder, posso
voltar para sua casa com você. Podemos assistir a um filme de
Natal junto com sua mãe e Ray. Não tenho problemas com
filmes de Natal.

Nós dois sabemos que se ele me colocar dentro de sua


casa, não irei embora até de manhã.

Nós dois sabemos disso, mas... sua carícia leve como uma
pena está enfraquecendo minha determinação. Com um
suspiro de derrota, digo a ele: — Tudo bem. Podemos ir para
sua casa primeiro.

Hunter sorri, inclinando-se e beijando-me bem na boca,


então ele diz: — Motorista. Ligeira mudança nos planos.

Uma pequena mudança nos planos está certa.

Suspiro, virando meu corpo ligeiramente para que eu


possa me inclinar contra seu peito musculoso. — Você sempre
consegue o que quer, não é?

Sua mão cobre a minha contra seu peito. Ele beija minha
testa, mas quando responde, seu tom é mais sombrio do que
eu esperava, dada a sua vitória.

— Não. Nem sempre.


Sempre achei engraçado um homem ficar nervoso antes
de pedir uma mulher em casamento.

Afinal, por que você pediria a alguém em casamento se


não tivesse certeza de qual seria a resposta dela?

Entendo isso hoje.

Dia da formatura.

Este ano foi cheio de surpresas, repleto de reviravoltas.

Houve uma certa curva de aprendizado quando se tratou


de descobrir como segurar Riley. Ray estava certo quando me
disse que colocar uma mulher Bishop em um relacionamento
tradicional de compromisso é como tentar acertar o ar. Não
impediu nenhum de nós de pegar um martelo e começar a
trabalhar, mas elas certamente não tornam isso mais fácil.

Está tudo bem.

Não preciso que Riley seja fácil; só preciso que ela seja
minha.
Ela foi, mas hoje pode ser o último dia.

Eu sabia que tinha até a formatura para mostrar a ela


como poderia ser entre nós, e acho que tenho. Fizemos ótimas
lembranças e nos divertimos muito, sei disso.

Sempre me lembrarei de acordar com ela na Itália com o


sol brilhando sobre ela pela janela da propriedade do meu pai.
A maneira como seu lindo nariz sardento se enrugou quando
ela riu de algo que sua mãe disse a Ray quando jantamos com
eles na vinícola. Nunca vou esquecer a maneira como Riley
chupou levemente a ponta do dedo depois de provar um cubo
de queijo particularmente delicioso e seus grandes olhos azuis
acidentalmente encontraram os meus do outro lado da mesa.
A maneira como meus dedos cravaram em sua carne enquanto
eu a puxava contra mim no quarto depois, puxando o tecido
de seu vestido de verão, precisando mais do que qualquer coisa
para entrar nela.

Há muitas coisas que nunca vou esquecer.

No entanto, nunca vou ficar satisfeito com meras


memórias de Riley.

Sou muito ganancioso. Quero mais delas. Quero o futuro


dela também. Quero fazer parte de cada memória que ela fizer.

Ela é o amor da minha vida, e acho que sou dela também,


só estou preocupada se não for o suficiente.

Olho para a caixa de joias azul embalada em minha mão


enquanto me sento na ponte atrás da minha casa e espero por
ela. Ela ainda estava tirando fotos com sua mãe e Ray após a
formatura. Nenhum dos meus pais apareceu, então, assim que
tirei fotos com Riley e sua família, fui embora.

Pedi a ela para me encontrar aqui depois.

Ela sabia por quê.

Ela sabe que tem uma decisão a tomar.

Ela pode não saber que vou propor. Eu meio que espero
que ela não faça isso, porque embora ela tenha concordado em
me encontrar aqui depois, seus olhos não estavam brilhando
de excitação. Era um olhar meio nervoso, como se ela
soubesse... pode ser o fim para nós.

Meu peito aperta. Esfrego distraidamente, olhando para


a água.

Eu deveria ter escolhido uma data de término posterior.


Dar-me mais tempo. Talvez eu devesse ter dito a ela que ela
tinha que ficar comigo durante o verão também.

Odeio esse sentimento, essa dor. Não tenho medo de


muito, mas estou apavorado pra caralho agora.

Riley é quieta e despretensiosa se você não a conhece,


então ela deveria ser capaz de se aproximar de mim, mas estou
muito ciente dela. Sinto isso no ar quando ela está perto da
ponte. Enfio a caixa do anel no bolso para que ela não veja.

Não me levanto e a encontro no meio do caminho. Deixo-


a vir até mim.
Ela se aproxima e se senta ao meu lado.

Ela finalmente tirou sua roupa de formatura. Provoquei-


a que ela provavelmente a roubaria. Ela estava tão feliz por
andar por aí naquela coisa grande e folgada, tão orgulhosa da
estola amarela brilhante enrolada em seu pescoço,
proclamando ao mundo que ela estava no topo de sua classe
de formatura.

Oradora da turma.

Ela deve estar orgulhosa. Ela certamente trabalhou duro


o suficiente para isso.

Sei que estou orgulhoso de sua bunda nerd.

— Ei, — diz ela, balançando as pernas sobre a borda. Ela


está usando um vestido azul, então suas pernas estão quase
nuas.

— Ei, — digo de volta.

— Por que você saiu? — Ela pergunta. — Ainda


estávamos tirando fotos.

— Eh. Normalmente, recebo uma taxa por esse tipo de


trabalho. Você não pode me pagar.

Ela sorri, inclinando-se e batendo seu ombro no meu. —


Os privilégios de namorada afirmam claramente que você tem
que renunciar aos seus honorários por mim. Se eu quiser
enfiar uma câmera em seu lindo rosto cinco horas por dia, você
tem que me deixar.
Balanço minha cabeça, olhando para a água. — Soa como
um negócio cru. O que ganho com isso?

— Eu, — ela diz levemente. — Não é o suficiente?

Ela estava brincando, mas eu não. — Mais do que o


suficiente.

Ela sorri, olhando para mim. Ela inclina a cabeça,


observando meu rosto, em seguida, estende a mão para
acariciar amorosamente meu queixo. — Por que você parece
triste?

— Estou um pouco triste, — admito.

— Por quê?

— Dia da formatura.

Ela acena com a cabeça e encosta a cabeça no meu


ombro. — Não fique triste, — ela murmura, mas entendo mais
porque ela não quer que eu fique triste, que não tenho uma
razão para estar.

Envolvo meu braço em torno dela e a puxo para mais


perto.

Ela me disse uma vez que escolher ficar comigo agora


significaria sacrificar seu próprio respeito. Sei que Riley me
ama. Sei que ela me ama muito.

Não sei se ela vai fazer esse sacrifício por mim. Se ela
ainda se sente assim...
Bem, então hoje não vai ser um dia muito bom.

No entanto, não quero desenhá-lo. Quero terminar esta


parte e saber para onde vamos a seguir.

Estendo a mão e toco seu rosto, tirando seu foco da água.


Ela vira a cabeça para mim, seus grandes olhos azuis
encontrando os meus.

Ela não parece tão ansiosa quanto eu a respeito de tudo


isso, mas também não tem o brilho que pensei que teria se
viesse aqui para me dar boas notícias.

Eu realmente não sei o que esperar. Não posso dizer o que


ela está sentindo.

Preciso me conectar com ela.

Roço seu lábio inferior com a ponta do meu polegar,


observando seu rosto enquanto seus olhos se fecham e ela
respira fundo. Amo seus suspiros de prazer.

Inclino-me para beijá-la, mas antes de fazer isso,


descanso minha testa contra a dela e simplesmente gosto de
estar tão perto dela.

— Você vai me beijar ou eu tenho que fazer isso? — Ela


provoca.

Um sorriso puxa meus lábios. Abro meus olhos e olho nos


dela. — Seja paciente, Catnip.

— O que você está esperando? — Ela pergunta.


Considero por um momento se quero ou não responder.
Não quero tirar o sorriso fácil de seu rosto, mas também não
quero que nenhum de nós minta para si mesmo sobre o
significado deste momento.

Por fim, digo a ela: — Acho que se esta vai ser a última
vez que vou beijar você, é melhor que seja uma boa.

Seu rosto cai e isso me atinge no estômago. — Hunter, —


ela diz suavemente, sua mão subindo para segurar meu rosto.

Inclino-me, fechando a pequena distância entre nós e


provando seus lábios. Talvez porque eu disse isso, o beijo seja
um pouco mais carente, um pouco mais agridoce. Tem gosto
de inocência fragmentada. Tem um cheiro forte de lágrimas
salgadas e arrependimento inebriante.

Tudo o que eu queria era construir um navio que não


afundasse, mas sei que lasquei muita madeira no processo. Eu
sei o que isso pode me custar.

Custou- nos, porque se ela finalmente escolheu ficar


comigo ou não, não acho que alguém poderia amar Riley mais
do que eu a amo. Não é possível.

Meus lábios deixam os dela, mas nossos rostos


permanecem próximos. Riley pisca para mim, seus olhos
cheios de tristeza que sei que coloquei lá.

Causei tudo isso, e eu odeio isso.


Engolindo, olho para seu rosto bonito, arrasto meu
polegar em seu lábio inferior carnudo.

As palavras geralmente vêm com bastante facilidade para


mim, mas agora estou lutando com o que quero dizer, como
quero dizer.

— Quero que saiba que conhecê-la foi a melhor coisa que


já me aconteceu.

Essas palavras são mais difíceis de pronunciar do que


pensei que seriam, então paro, embora não seja minha
intenção.

— Hunter, — Riley diz, seus olhos se enchendo de


lágrimas.

Balanço minha cabeça. — Deixe-me dizer isso.

Sua testa franze. Uma grande lágrima escapa do canto do


olho, mas ela acena com a cabeça.

Uso meu polegar para limpar aquela lágrima de seu rosto


bonito. — Sei que te machuquei. É a pior coisa que já fiz.
Certamente a coisa mais egoísta que já fiz, e há muita
competição aí, mas... — Olho para baixo, então olho para ela.
— Quando estávamos no ensino médio, você não me assustou.
Talvez seja porque eu não sabia o suficiente para ficar com
medo. Eu era jovem, não sabia de nada.

Olho para baixo


Riley acaricia meu queixo, um gesto reconfortante que
não mereço.

Encontrando seu olhar novamente, digo a ela, — Fiz um


monte de merda para você ao longo dos anos, Riley. É uma
loucura que você ainda se preocupe comigo, quanto mais me
ame como você ama.

Com isso, ela não pode deixar de interromper. — Não, não


é.

— Sim, é. — Acaricio seu rosto também, antes de voltar


ao que eu queria dizer. — Nunca parei de pensar em você. Eu
morava do outro lado do mundo, você nem fazia mais parte da
minha vida, mas mesmo assim... você estava lá. E eu meio que
sabia que era uma loucura. Até me convenci que você só estava
preservada na minha memória, que se eu voltasse não seria
assim, sabe? Você era quase uma fantasia, como um livro do
qual nunca cheguei a ler.

Riley suspira, mas ela não me interrompe.

— E na minha cabeça, você sempre foi minha, — digo a


ela. — Quando descobri que você estava com alguém, não
sabia de nenhum detalhe. Não sabia se era sério, se você o
amava, se ele te tratava como você merecia ser tratada. Eu não
sabia de nada, mas não precisava. Eu sabia tudo que precisava
saber. Alguém pode estar ocupando espaço em seu coração,
espaço que pensei pertencer a mim. Tive que voltar. Eu tinha
que saber se aquela conexão entre nós ainda estava lá, ou se
era alguma ideia sem saída que eu simplesmente não
conseguia abandonar. Eu tinha que descobrir de uma vez por
todas se você era minha.

Para a próxima parte, pego sua mão e a embalo na minha.

— Mas eu precisava da verdade. Não sou alguém que


mente para si mesmo. Não quero viver assim. Já fiz isso antes,
e só leva à tristeza e à decepção. Você estava lá, sabe, me
convenci de que minha mãe se importava comigo, e isso não
era verdade. Eu precisava que fosse verdade, mas não era.

Os olhos de Riley se enchem de lágrimas novamente. Ela


puxa sua mão da minha e me abraça.

Seguro-a perto, passando a mão em suas costas. — Você


sempre esteve lá para mim mais do que qualquer outra pessoa
no mundo, Riley. Você me amou no meu pior.

Ela me abraça com força e se afasta de mim. Ela olha


para mim, seus grandes olhos brilhando com lágrimas que ela
ainda não derramou. — Hunter, não quero interromper, mas
sua dor está me matando. Posso apenas parar você aqui?

Encontro seu olhar.

— Eu te amo, — ela me diz, quase desesperada para


acabar com meu sofrimento. — E você me ama como... como
se eu nunca tivesse sonhado em ser amada. — Seus olhos
azuis parecem brilhar. Talvez sejam as lágrimas ou sua crença
de que suas próximas palavras vão me curar de minha tristeza.
— Hunter, eu não quero terminar.
Ela olha para mim, a antecipação estampada em seu
rosto adorável. Sei que ela está esperando meu alívio, minha
felicidade, que eu a agarre e aperte e dê a ela um dos muitos
mais beijos que ela receberá de mim.

Sua testa franze em confusão quando nada disso


acontece.

Quando ainda olho para ela como se ela tivesse a resposta


para uma pergunta que ainda não foi feita.

— Tem mais, — digo a ela.

Não sei como dizer a próxima parte. Não sei como ela vai
reagir.

Não sei como explicar que a fiz passar por uma dor que
ela não teve que passar porque eu precisava da resposta para
uma porra de uma pergunta. Porque eu precisava ter certeza
de que se eu afundasse tudo nela, eu nunca a perderia, não
importa o quê.

Levanto meus ombros, tentando trabalhar um pouco da


minha tensão crescente.

Não sei se ela vai entender.

Com a voz hesitante e cheia de pavor, ela pergunta: — O


que... o que você quer dizer com tem mais?

Respiro fundo e solto. Olho em seus olhos.

Então digo a ela: — Nunca estive realmente com Valerie.


Fico olhando para Hunter, sem compreender.

— O quê? — Pergunto, carrancuda.

Ele parece tenso. Preocupado.

Não entendo o que ele está fazendo.

— Nunca estivemos realmente juntos, — ele me diz.

Suas palavras não fazem sentido. Aparentemente,


simples.

Mas eu estava lá. Sei que o que ele está dizendo é uma
besteira absoluta.

Balançando minha cabeça, olho para longe dele. — Por


que você está fazendo isso? Acabei de dizer que te perdoo. Por
que você está mentindo?

Hunter agarra minha mão, puxando meu olhar de volta


para o dele. — Não estou mentindo. Nunca dormi com ela. Nem
mesmo a beijei. Nunca estivemos juntos assim. Quando você
veio à minha casa naquele dia, quando você me disse onde
estava sua linha, é claro que eu não iria cruzá-la, Riley. Não
sou um idiota. Eu tinha investido muito em você para jogar
tudo fora em algo que não fez mesmo assunto, mas você me
deu a oportunidade de ver se nós poderíamos ter chegar através
dele se eu tivesse. Não tive que te trair de verdade com ela, só
tive que deixar você pensar que fiz.

Minha boca se abre. Terror floresce em meu peito.

Isso está começando a fazer mais sentido para mim.

— Você... você fingiu.

Ele acena com a cabeça, me observando com cautela. —


Isso a irritou, mas nunca foi meu coração que ela realmente
quis. Ela me queria como seu namorado; ela queria o status, o
direito de se gabar. Ela realmente não me queria. Sim, ela
ficaria emocionada se eu gostasse dela, mas não importava se
eu não gostasse, desde que ela pudesse fingir para si mesma e
para todos que ela me tinha. Eu literalmente não fiz nenhum
esforço para convencê-la de que gostava dela. Eu era
abertamente hostil na maioria das vezes, simplesmente não
importava. Quando alguém tenta usá-lo, você não precisa
tratá-lo bem. É como ter uma lixiviação em seu corpo, eles
ficarão presos a você enquanto você permitir.

Minha mente está correndo. Meu coração também.

— Eu... mas eu vi você beijá-la. Quando estávamos


posando para fotos do tribunal de boas-vindas. Vocês dois
estavam na minha frente. Você beijou o pescoço dela como
beija o meu. Vi você fazer isso.

Hunter balança a cabeça. — Não, você não viu. Você me


viu inclinar como se estivesse, mas... Não a beijei, Riley. Eu só
queria punir você um pouco naquele momento. Você tinha
acabado de falar para o Anderson uma coisa que não gostei,
nem lembro o que era agora. Algo sobre ser um casal. Eu
queria torcer um pouco a faca, mas sempre fui cuidadoso. Fiz
o que fiz porque precisava ver se conseguia sair disso, mas
sempre me certifiquei de deixar uma saída de emergência para
o caso de não conseguir. Eu nunca fiz nada que eu soubesse
que você não poderia passar. — Seu olhar cai. Um lampejo de
vergonha escurece suas feições. — Bem, naquela noite que
Sherlock beijou você... Fodi tudo. Eu não queria fazer isso com
você.

Meu estômago desaba ao ouvi-lo referir-se ao que


aconteceu naquela noite. Não é algo em que estou presa ou
qualquer coisa que eu tenha contra ele, mas não gosto que ele
fale sobre isso.

Ele continua. — Eu não tinha contado para ele. Achei que


tinha tudo sob controle, pensei que se todas as minhas
tentativas de me aproximar de você novamente falhassem, eu
simplesmente confessaria. Eu usaria a escotilha de escape que
deixei para mim e pagaria nossa fiança. Mas então comecei a
fazer progressos com você. Senti que poderia ser capaz de
trazer você de volta, para nos colocar de volta nos trilhos, então
não usei isso. E entendo isso agora... aquela escotilha de
escape se tornou mais um alçapão. Alcançamos terreno
estável, mas construímos parte dele em torno de uma mentira.
E não só isso, eu... Deixei você sofrer quando não precisava
apenas para satisfazer a porra da minha própria curiosidade.
Quase disse a verdade algumas vezes, mas a certa altura senti
que tinha ido longe demais para voltar atrás. Tive medo de que,
se confessasse tudo, pudesse realmente perder você por causa
disso. Ainda estou com medo disso.

Ele olha para baixo, balançando a cabeça. Posso dizer que


ele se sente mal pelo que fez. Tudo o que ele fez.

— Você me manipulou pra caralho, — digo.

Ele levanta seu olhar turbulento para o meu. Seus olhos


castanhos brilham com remorso que eu sei que é real e ele
balança a cabeça. — Eu sei.

Fico olhando para ele por um longo momento. Ele não


olha para cima.

Estendo a mão e empurro meus dedos por seu cabelo.

Isso chama sua atenção.

Ele ergue os olhos, quase assustado com minha ternura.

Sorrio suavemente, então solto seu cabelo e subo em seu


colo.

— Uau, — ele diz, olhando para mim, ainda um pouco


perdido.
Meu sorriso se amplia em um sorriso. Fecho meus braços
em volta do seu pescoço e olho em seus olhos. — Você é um
homem maravilhoso, maravilhoso.

— O quê?

Não respondo a ele. Pressiono meus lábios nos dele,


movendo-me em cima dele e o empurrando de volta na ponte.
Puxo meu vestido, alcançando debaixo dele para empurrar
minha calcinha para baixo.

Vou transar com ele bem aqui, agora, e se ele pegar uma
farpa, nem lamento.

Com toda a mudança que tenho que fazer para tirar


minha calcinha e colocar meu corpo adequadamente em cima
do dele, tiro algo de seu bolso.

Hunter olha para baixo, suas sobrancelhas levantando


ligeiramente, mas ele não agarra com urgência, então não
penso muito nisso até que meu olhar o atinge.

Meu estômago embrulha.

É uma caixa de joias sofisticada, azul meia-noite com


HW71 gravado na tampa.

— É aquele…?

Sorrindo levemente, ele diz: — Bom trabalho. Você


destruiu minha proposta.

71 Harry Winston é uma joalheria de diamantes fundada em 1932.


Suspiro, meu olhar voltando para o dele. — Você está me
pedindo em casamento?

— Quer dizer, eu ia.

— Sim! — Sorrio, deitada em cima dele e jogando meus


braços ao redor de seu pescoço.

Hunter sorri para mim, colocando um braço em volta da


minha cintura. — Você nem viu o anel ainda.

— Não preciso ver o anel. Vi o noivo. Você poderia propor


com fio e eu diria que sim.

Hunter balança a cabeça, olhando para mim com uma


mistura de admiração e prazer em seu rosto lindo. — Devo
dizer que está indo muito melhor do que eu esperava.

— Você não dormiu com Valerie Johnson, — declaro. —


Você sabe o quanto isso me deixa feliz? Um milhão de anéis
não poderiam me fazer tão feliz.

Dizer que ele parece aliviado seria um eufemismo


massivo.

E entendo. Ele me manipulou.

Mas eu sempre soube que Hunter tinha um toque de


manipulação. Não é novidade para mim. Honestamente, ao
ouvi-lo explicar da maneira que fez, não estou nem totalmente
chocada que ele aproveitou uma oportunidade única para
esmagar um de seus próprios medos sobre a durabilidade de
nosso relacionamento.
Entendo querer saber que poderíamos passar por
qualquer coisa. Eu não precisava disso; tinha fé suficiente em
nós sem precisar de uma prova fria e dura, mas... bem, Hunter
e eu somos pessoas diferentes. Pessoas complementares. Duas
metades de um todo perfeito.

Enfiando meus dedos em seu cabelo, olho para ele com


amor enquanto ele está deitado na ponte e olha para mim. —
Só para deixarmos claro, você não pode fazer isso comigo de
novo.

— Não, — ele concorda. — Não há razão para isso. Eu


obtive as respostas de que precisava.

— É estranho saber que você fez isso... meio que me


excita?

Ele ergue uma sobrancelha. — Será?

Aceno, soltando seu cabelo para que eu possa desabotoar


o botão de cima de sua camisa. — É brilhante, de uma forma
meio diabólica. — Passo para o próximo botão. — Meio quente.
— Estou montando nele, então tenho que mover meus quadris
para chegar ao botão debaixo de mim. — Eu só poderia ficar
mais impressionada se você tivesse um plano alternativo para
me manter capturada, mesmo que eu tivesse ficado chateada
em vez de aliviada por você ter mentido para mim.

— Nós vamos…

Meus olhos brilham de horror horrorizado. — Você fez?


— Lembra-se de como você estava animada quando
recebeu sua carta de aceitação de Harvard, mas como ficou
nervosa sobre pegar empréstimos para a mensalidade, já que
sua mãe não pode pagar?

Aceno, sorrindo.

— Imaginei que se tudo desse errado e você rejeitasse


minha proposta, eu ofereceria pagar sua mensalidade e
amarrá-la a outro acordo de exclusividade. Um de quatro anos
desta vez. Certamente, ao final de cinco anos, você teria cedido.
E, ei, se não... talvez fosse hora de um bebê.

É uma coisa bastante covarde de achar engraçado, mas


rio mesmo assim. — Você é o melhor.

Ele sorri para mim, seu braço apertando em volta de mim.


— Estou feliz que você pense assim.

Suspiro, inclinando-me para beijar seus lábios perfeitos.


— Mal posso esperar para passar minha vida com você.

Sua mão desliza pela minha coxa, pegando o tecido do


meu vestido e arrastando-o até meu quadril. O ar quente do
início do verão atinge minha bunda nua desde que eu já tirei
minha calcinha.

— Também não posso, — diz Hunter, segurando minha


bunda e apertando.

O calor se espalha por mim com seu toque. Com o brilho


de afeto em seus lindos olhos.
Sei que Hunter Maxwell me ama, talvez mais do que
qualquer pessoa já amou outra pessoa. Sua admissão não
prejudicou minha capacidade de confiar nele; na verdade, isso
me fez confiar muito mais nele.

Quando seu pau afunda dentro de mim, fecho meus olhos


e arqueio para trás. Monto-o com abandono, me sentindo mais
cheia do que nunca.

E eu sou.

Cheia dele.

Cheia de amor.

Cheia de esperança.

Meu coração, como meu corpo, está cheio a ponto de


estourar. Quando meu corpo explode de prazer, meu coração
também.

Respirando com dificuldade, desossada e vulnerável,


deito na ponte ao lado de Hunter. Seu braço está em volta de
mim de forma protetora, sua mão livre brincando com a minha,
uma vez que está espalmada em seu abdômen tonificado.

Não consigo chegar perto o suficiente dele, embora esteja


praticamente em cima dele.

De uma forma que não consigo explicar, o mundo inteiro


está mais calmo agora.
Eu não considerava nossa vida ou nosso amor
especialmente caótico antes, mas há uma quietude agora...
parece tão forte, tão sólido. Tão reconfortante.

Pergunto-me se ele sente isso também.

Inclino minha cabeça para trás para olhar para ele. — O


que você está pensando?

Seus lábios se curvam ironicamente. — Que eu já quero


te foder de novo.

Eu rio, enterrando meu rosto em seu peito e beijando sua


pele esticada. — Insaciável.

Ele puxa o braço em volta de mim um pouco mais


apertado, aconchegando-me mais perto. — Eu nunca vou me
cansar de você.

— Promete?

— Prometo.

Sua garantia é boa, mas eu realmente não precisava dela.

Sei que Hunter vai me amar e me proteger até o fim dos


tempos. Espero que ele saiba que farei o mesmo por ele.

Apaixonei-me pelo menino da ponte há muito tempo, mas


agora tenho certeza...

Sou sua.

Ele é meu.
Nunca vamos nos deixar ir.
O homem de terno preto está ali, segurando uma caixa
que está algemada ao pulso. Seu rosto está estoico, seus olhos
duros. Não sei se há um coldre com uma arma por baixo do
tecido caro de seu terno, mas tudo nele me faz pensar que há.

— Você pode sentar, você sabe.

Meu olhar gravita ao som da voz da mamãe.

Ela está sentada em um sofá de veludo em um vestido


floral branco. O sofá parece confortável o suficiente, mas ela
está sentada na beirada. Não é fácil relaxar com um homem
como este parado aqui todo mal-humorado e imponente, como
se estivesse guardando as joias da coroa.

Bem, acho que ele é.

Ao nosso redor, a loja de noivas está repleta de vestidos


brancos fofinhos com a intenção de fazer a mulher neles se
sentir uma princesa, mas dentro daquela caixa algemada ao
pulso do guarda está uma coroa de verdade.
Hoje é minha consulta no salão de noivas para escolher
meu vestido de noiva. Já escolhi qual coroa usarei no nosso
grande dia, então a família de Hunter a enviou para que eu
pudesse experimentá-la com o vestido. Afinal, não quero que
entre em conflito.

Não sei o quão valiosa a joia realmente é, mas sei que o


pai de Hunter trouxe um guarda armado com a coroa apenas
para que eu pudesse experimentá-la, e esta noite ele o está
levando de volta para a Itália.

Portanto, é claramente muito valioso.

A expressão do guarda não muda. Ele parece relutante


em falar, mas minha mãe é uma mulher difícil de ignorar,
então ele finalmente diz: — Vou ficar de pé.

Mamãe sorri. Acho que ela só gosta de ouvir seu forte


sotaque italiano. — Adoro ouvir os europeus falarem, — diz ela.
— Eu deveria ter casado com um. Não um homem fluente em
inglês. Para nunca entendermos nada que o outro diga. Nosso
casamento seria longo e feliz.

Abro um sorriso, dando um passo à frente e correndo


minha mão pelo comprimento de um vestido de cetim. — Seu
casamento será longo e feliz, — garanto a ela.

Na verdade, ela ainda não é casada, mas Ray pegou uma


página do manual de Hunter. Eles descobriram que, embora
eu e minha mãe tenhamos vergonha de namorar, estamos bem
com noivado.
Eu disse a ela que ela deveria marcar uma consulta
depois da minha e poderíamos experimentar vestidos seguidos,
mas ela não quis. Ela disse que hoje deveria ser só para mim,
e ela vai experimentar vestidos de noiva em outra hora.

— Oi, — diz a consultora, aproximando-se de mim com


um grande sorriso no rosto. — Sinto muito por essa espera.
Minha última consulta demorou um pouco.

— Oh, sem problemas, — asseguro a ela, afastando-me


do vestido que estou olhando.

Mamãe se levanta e caminha até mim, uma mão


descansando casualmente em sua barriga arredondada.

Outra razão pela qual ela não vê sentido em experimentar


vestidos hoje.

Ela e Ray só vão se casar depois que meu irmãozinho


nascer.

Resisto à tentação de esfregar sua barriga e focar minha


atenção na consultora de noivas.

— Então, qual é a noiva? — Ela pergunta.

Levanto minha mão.

Ela junta as mãos. — Perfeito. Eu deveria ter adivinhado


– você está brilhando. Mas vocês duas estão, — ela diz, com
um sorriso agradável para a barriga protuberante de minha
mãe.
— Esta é minha mãe, — digo a ela. — Ela está aqui para
me ajudar a escolher meu vestido.

A consultora balança a cabeça, depois volta seu olhar


brilhante para o guarda sombrio que temos conosco. — E esse
é o papai?

— Não. Hum... a família do meu noivo está me


emprestando uma joia para usar no casamento. Eles queriam
que eu pudesse experimentá-lo com o vestido, mas... é muito
valioso. Requer um guarda. Não pode sair de sua vista. — Faço
uma careta. — Tudo bem?

Provavelmente por se tratar de um salão de luxo com


clientela ilustre, ela não se incomodou com as novidades. —
Claro, isso está perfeitamente bem. Só temos que encontrar
um vestido que agrade à mamãe, então? Ninguém mais está
vindo?

— Minha dama de honra e minha florista deveriam nos


encontrar aqui. Infelizmente, a florista acordou com febre hoje,
então elas tiveram que ficar em casa. Tudo bem, no entanto.
Espero que seja um compromisso fácil. Tenho quase certeza de
que já sei o que quero.

— E sou super fácil, — mamãe garante a ela. — O que


quer que Riley queira, vou adorar. Sem drama com a gente.

— Oh, bem, isso é perfeito, então. Você já está de olho em


um determinado vestido?
Aceno, alcançando minha bolsa e tirando meu celular
para que eu possa mostrar a ela.

— Oh, esse é lindo, — ela diz, olhando para ele. — Posso


definitivamente puxar isso para você, mas enquanto estou
puxando os vestidos, talvez eu pudesse puxar mais alguns,
apenas no caso de não parecer como você está imaginando?
Venho fazendo isso há um tempo, e você ficaria surpresa com
a frequência com que isso acontece.

— Claro, — digo. — Não tenho nenhum problema em


experimentar mais vestidos, é apenas aquele que estou de
olho.

— Perfeito. Então, esse é o visual que você gosta? Vestido


de baile com corte A?

concordo. — Esse tende a ser o meu favorito. Se eu não


parecer uma princesa com ele, estou usando o vestido errado.

A consultora sorri. — Compreendo totalmente.

— Gosto de mangas, também, ou se não mangas, algum


tipo de... alguma coisa. Não sou uma grande fã de tomara que
caia.

— Entendi. E qual é o seu orçamento?

— O noivo dela está carregado, — mamãe interrompe. —


Não há orçamento.

— Não há, mas prefiro não ultrapassar US $ 5.000, —


digo a ela.
— Perfeito. Então, conte-me um pouco sobre o seu
casamento. Quando é? Você já tem um local? Você tem um
tema? Esquema de cores?

— Vou me casar na Itália. Não quero que o vestido fique


muito pesado, porque embora a cerimônia seja dentro de uma
igreja, a recepção será ao ar livre em uma bela propriedade
toscana, por isso vai estar bem quente.

Ela acena com a cabeça. — Entendi.

— Para o meu esquema de cores, estou usando rosa e


champanhe. Minha florista está usando um vestido
champanhe com uma pequena faixa rosa. Minha dama de
honra, — digo, gesticulando para minha mãe, — vai usar um
vestido cor de champanhe também, e o vestido da minha dama
de honra é uma seda rosa champanhe sexy. Na verdade,
encontramos o vestido dela antes do meu, — digo com um
sorriso.

— Isso soa tão bonito, — ela se entusiasma.

Aceno em concordância. — Ela é uma pessoa linda,


ficaria bonita em um saco de estopa, mas sim, o vestido é
ótimo. Dado o esquema de cores, não quero um vestido de
noiva branco ofuscante. Talvez marfim, mas também estou
aberta a tons róseos. Sou muito flexível. Eu só quero ficar
muito, muito bonita. Meu noivo é tão bonito que é estúpido,
então quero ser bonita para ele no dia do nosso casamento.
— Oh, não, — diz ela, acenando para mim. — O que você
está falando? Você é adorável.

Eu não estava procurando elogios ou garantias. Entendo


que pode ter saído assim, então para ilustrar mais claramente
meu ponto, puxo uma foto de Hunter no meu telefone e o
mostro para ela.

Seus olhos se arregalam. — Oh meu.

Aceno com conhecimento de causa e abaixo meu telefone.


— Agora, imagine isso em um smoking. Então, precisamos
realmente acertar o meu look de casamento.

Ela balança a cabeça, ainda ligeiramente fora de seu jogo


com a visão de Hunter.

Estou acostumada com os olhares que ele recebe de


outras mulheres. Por mais possessiva que eu seja, eu não amo
a aparência, mas eu os entendo completamente.

Depois de um momento, ela se recupera e me faz mais


algumas perguntas sobre meu gosto para vestidos de noiva,
depois me leva de volta ao camarim enquanto mamãe e Carlo
esperam por mim no outro cômodo.

Quando a consultora volta, troco o robe de cetim com que


ela me deixou. Ela está carregando três vestidos em invólucro
de plástico. Ilumino-me imediatamente ao ver aquele por quem
me apaixonei on-line.
— Agora, muitas vezes com minhas noivas, o primeiro
vestido não é o mais popular, então, em vez de colocá-lo na sua
escolha preferida, pensei que poderíamos tentar uma silhueta
diferente. Você tem uma bela figura e quer ficar um pouco sexy
para o seu noivo, então pensei que poderíamos tentar uma
sereia.

Observo enquanto ela tira o vestido da bolsa. — Funciona


para mim.

Ela me abre um sorriso. Momentos depois, ela está me


ajudando a vestir o vestido. Enquanto ela puxa o tecido sobre
meus quadris, ela encontra meu olhar no espelho. — Então,
me diga mais sobre este noivo. Ele tem um irmão solteiro? —
Ela brinca.

Sorrio. — Apenas irmãs.

— Que pena, — diz ela levemente. — Como vocês se


conheceram?

Mexo-me enquanto ela puxa o vestido em volta de mim e


começa a prendê-lo nas costas. — Na verdade, nós nos
conhecemos no ensino médio. Fomos para a escola juntos
durante toda a nossa vida, mas ele não me notou até então.

Ela me olha no espelho com um sorriso agradável. — Você


floresceu?

— Não exatamente, — murmuro, pensando sobre aquele


primeiro dia em que realmente notei Hunter. — De qualquer
forma, chegamos perto. Ele me deu meu primeiro beijo.
— Aw.

Sorrio e aceno, mas meu sorriso não dura muito. — Então


ele teve que se afastar por um tempo. Ele voltou para o nosso
último ano do ensino médio, no entanto.

— E você se reconectou?

Meus lábios puxam para cima no resumo organizado de


nossa história confusa. — Algo parecido.

— Namorados do colégio, — ela diz, balançando a cabeça.


— Eu amo isso.

Sorrio um pouco mais facilmente com isso. — Sim,


éramos.

— Bem, você é uma mulher de sorte, — ela me diz.

— Estou bem ciente.

Seu olhar pisca para o meu anel, mas ela não faz
comentários sobre isso, apenas sorri e termina com o vestido.

Olho para o anel que eu estava muito animada para


sequer olhar quando Hunter me pediu em casamento pela
primeira vez. É impressionante, um clássico Harry Winston
com um diamante de lapidação esmeralda um pouco maior do
que eu teria escolhido para mim mesma.

Mas é perfeito. Um pouco demais, assim como o homem


com quem vou me casar.

— O que você acha?


Olho no espelho, de alguma forma pega de surpresa ao
me ver em um vestido de noiva. Eu sabia que era isso que veria,
é claro, mas... uau.

Este vestido é justo, mas extremamente lisonjeiro. É


tomara que caia, o que eu disse que não queria, mas gosto da
forma como a parte inferior se alarga como a cauda de uma
sereia.

— É muito bonito, — digo a ela.

— Sim? Você quer mostrar a mamãe?

Lanço um sorriso para ela e aceno. Não acho que seja ele,
mas acho que mamãe vai gostar de me ver nele. No caminho
para cá, ela estava reclamando de eu já saber o que quero
porque ela queria um desfile.

Pego a parte de trás e saio para o chão da loja. O rosto da


mamãe está virado no início, mas então seu olhar me atinge e
seus olhos ficam grandes.

— Uau.

Sorrio. — Sim? É bonito, — digo, subindo na plataforma


elevada em frente ao espelho.

— É lindo. Ai meu Deus, meu bebê é uma noiva, — diz


ela, já começando a se emocionar.

— Oh não, este é apenas o primeiro vestido.


— Eu sei. — Ela enxuga os olhos. — Vou tentar me
controlar. — Olhando para a consultora, ela garante a ela: —
Normalmente não sou uma caixa-de-lixo emocional, é esta
gravidez. Sou uma mulher grávida muito chorosa. Outro dia
eu vi este comercial…

— Não pense no comercial, — digo a ela, já que me lembro


do festival que se seguiu.

— A gravidez é terrível, — ela conclui, balançando a


cabeça e pegando o pacote de lenços de papel na bolsa.

Balanço minha cabeça, olhando no espelho. — É por isso


que eu queria que Zoey viesse conosco. Talvez eu precise de
alguém menos tendenciosa para me dar feedback. — Viro-me
para que mamãe possa ver a frente do vestido. — Você pode
tirar uma foto para enviá-la?

Mamãe balança a cabeça e pega meu celular. — Você está


tão bonita, — ela diz, soando como se ela estivesse à beira das
lágrimas novamente.

Eu gostaria de poder me aproximar e dar um abraço nela,


mas não quero que ela chore por causa do vestido.

A mãe grávida é adorável.

Ela envia a foto a Zoey e me viro para me olhar no espelho


novamente. A consultora e eu discutimos as coisas de que
gosto e não gosto, então mamãe me diz que Zoey mandou uma
mensagem de volta.
— Chloe diz 'esse é definitivamente aquele' e Zoey diz
que embora ela ache que é lindo, ela ainda quer ver aquele que
você enviou para ela do site.

Sorrio. Sei que Zoey disse que ela e Chloe estavam


assistindo episódios de Say Yes to the Dress em preparação
para hoje, então não estou surpresa que Chloe tenha sido
conquistada tão facilmente.

— Este aqui é lindo, — concordo, olhando para a


consultora. — Não acho que seja esse, no entanto. Não me
sinto muito princesa.

— Ok. — Ela acena com a cabeça. — Vamos colocar você


em um vestido de baile, então.

Ela me puxa de volta para o provador, mas ainda não me


colocou no vestido que tenho certeza que vou gostar. Em vez
disso, ela me colocou em um vestido de baile de tule com renda
frisada. Ainda não é o que quero, mas pelo menos este não é
tomara que caia.

A parte de trás é linda. A frente é boa, mas tem um verso


muito sexy, transparente com pedaços de renda com miçangas
e uma fileira de botões de pérola.

— Não é isso, mas você pode tirar uma foto para mim,
mãe? Quero enviar a Hunter uma provocação.

Mamãe engasga. — Ele não pode ver você com o vestido!


— Este não é o vestido, — asseguro a ela. — Ele vai gostar
das minhas costas neste. Basta tirar a foto, por favor.

Ela o faz, então a consultora me puxa de volta para o


provador.

— Tudo bem. Eu sei, eu sei, você adora o vestido Eve of


Milady, mas enquanto estávamos lá, localizei este lindo vestido
de baile rosa. Você disse que estava aberta para rosa... Posso
pegá-lo?

Encolho os ombros, sentando na cadeira e cruzando as


pernas. — Vá em frente.

O próximo vestido que ela me coloca é muito bonito e


muito mais próximo do que estou procurando. A cor rosa
combinaria muito bem com as cores do meu casamento, mas
olhando no espelho, não tenho certeza se vai combinar com a
coroa.

Havia duas coroas para escolher, uma com pedras rosa e


outra com pérola. Achei que o diamante e a pérola seriam mais
fáceis de combinar com um vestido de noiva, então esse é o
caso.

Não posso mudar de ideia sobre a coroa agora. O guarda


mal-humorado já está aqui. Não posso mandá-lo de volta para
trocá-lo pela outra.

— Tenho medo até de enviar este para Zoey. É rosa


princesa e Chloe vai enlouquecer por causa disso, — mamãe
diz enquanto tira uma foto minha.
— Sim. Ela adora os vestidos de princesa, e isso é tão
princesa, — concordo, olhando para as lindas camadas de tule.
— Muito leve, também. Gosto muito deste.

— Talvez, se você não ganhar no casamento, deva


comprar no baile de Natal, — sugere a mãe.

— Rosa para um baile de Natal? — Balanço minha


cabeça, me olhando no espelho novamente. — Não. Acho que
é um pouco demais, de qualquer maneira. Sei que a Cinderela
faz você pensar que vestidos de baile enormes estão na moda
nos bailes, mas isso provavelmente seria um exagero.

— Qual é o sentido de ser uma princesa se você não


consegue usar vestidos de baile grandes? — Mamãe pergunta.

— Uma pergunta que todos devemos nos fazer. — Olho


para a consultora. — Acho esse muito bonito, mas... — Estou
prestes a dizer a ela que quero mudar, mas então me vejo
olhando no espelho novamente.

— Pode ser um talvez, — ela sugere. — Vamos


experimentar aquele que você está de olho agora, ver qual você
gosta mais.

Ela me leva de volta ao provador e me tira o vestido rosa.

Finalmente, posso experimentar aquele que entrei


esperando amar.
Eu não estava nervosa ao experimentar qualquer um dos
outros vestidos, mas na verdade me sinto um pouco animada
quando ela traz este aqui.

É um vestido deslumbrante com apliques de contas à


mão e uma grande saia de tule. Tem essas lindas alças em arco
que são na sua maioria transparentes, muito delicadas e
bonitas. Apaixonei-me por ele no momento em que o vi on-line
e, bem... quando me apaixono por algo, tendo a persistir.

Minha barriga se agita enquanto ela me ajuda a vestir o


vestido grande e lindo.

Já me imaginei com este vestido dezenas de vezes.

Imaginei a linda cauda da capela se arrastando atrás de


mim enquanto agarro meu buquê e caminho pelo corredor em
direção a Hunter. Ray está me entregando, então posso
imaginá-lo cerimonialmente me oferecendo a Hunter, vê-lo
reivindicar minha mão, o tecido macio do meu vestido
balançando enquanto me movo para ficar em frente a ele, mas
é do meu rosto que ele não consegue desviar o olhar. Seu olhar
está preso no meu, seus olhos castanhos quentes e brilhando
com afeto.

Cada um de nós dirá seus votos, então ele vai agarrar


minha cintura, seus dedos gananciosos cavando o bordado
delicado enquanto ele me abraça e me beija pela primeira vez
como sua esposa.
A emoção bloqueia minha garganta. Quase não consigo
falar enquanto olho meu próprio reflexo.

— Você está bem? — A consultora pergunta, olhando meu


rosto no espelho.

Aceno, mas ainda não consigo falar.

— Quer mostrar a mamãe?

Sorrio e aceno novamente.

Desta vez, quando pego a barra do vestido e caminho para


o andar principal, não sinto que estou brincando de me vestir.
Sinto-me forte, segura e animada.

Sinto-me linda

Subo na plataforma elevada e olho no espelho. Ainda não


consigo encontrar palavras, mas não preciso delas. Mamãe
olha para mim com este vestido e começa a chorar.

Desta vez também estou um pouco chorosa. Rio de como


é estúpido chorar por causa de um vestido, mas não é o
vestido, é a sensação. É meu casamento. Estou tão feliz por me
casar com Hunter. Não posso acreditar que vou fazer isso.

Viro-me para mostrar a mamãe. Ela teve essa reação


quando eu ainda estava de costas para ela e ela só estava
vendo a frente no espelho.

— Este é o vestido, — digo quando finalmente confio em


mim mesma para falar.
Ela acena com a cabeça, enxugando as lágrimas e, em
seguida, tirando uma foto minha com o vestido para enviar
para Zoey e Chloe para aprovação.

— Você quer ver com o véu? — A consultora pergunta,


sorrindo.

Aceno, lembrando que preciso experimentar a coroa. —


Carlo, você pode abrir a caixa, por favor? Preciso ter certeza de
que a coroa ficará bem com este vestido.

O olhar da consultora pisca para mim com surpresa. Eu


disse a ela que a família do meu noivo estava me emprestando
uma joia, mas não disse que era uma coroa.

Ela caminha para selecionar um véu para mim de


qualquer maneira, então volta para me estilizar. Carlo está de
prontidão com a coroa, mas quando a consultora tenta pegá-
la pela primeira vez, ele quer agredi-la. Relutantemente, ele a
entrega quando ela tenta uma segunda vez, e a consultora a
posiciona na minha cabeça.

Uau. Isso é... uma coroa. Na minha cabeça. Sei que é


apenas cerimonial, mas ainda é muito selvagem.

Achei que ele tivesse acabado, mas então Carlo tira um


par de brincos de diamante e pérola combinando. — É um
conjunto, — ele me informa.

— Oh, ok, — digo, pegando-os e colocando-os


cuidadosamente em minhas orelhas.
— Isso é adorável, — murmura a consultora, olhando
para mim. — Agora, você tem que ter cuidado com um véu e
uma tiara, pode ser muito fácil ficar sobrecarregada. Não sei
se você já decidiu sobre o seu cabelo, mas eu iria deixá-lo solto
e puxar um pouco para trás assim. — Ela puxa alguns
grampos de cabelo do bolso e faz um trabalho rápido para
deixar meu cabelo realmente bonito, então ela coloca o véu e o
ajeita em volta de mim.

Sinto-me um pouco sem fôlego olhando no espelho para


meu próprio reflexo. Meu coração dispara e não consigo parar
de sorrir.

É assim que vou ficar quando me casar com Hunter.

Mamãe interrompe, dizendo que minha amiga me


mandou uma mensagem de volta. — Chloe engasgou e disse:
'Isso é tão lindo! Ela deveria dizer sim para aquele vestido'.
Zoey concorda, ela acha que você fica absolutamente incrível
nele.

Sorrio, olhando para mamãe no espelho. — Você pode


dizer a Chloe que definitivamente estou dizendo sim para este
vestido.
Já que estamos em Nova York para meu compromisso
nupcial, Hunter se encontrou com um de seus amigos de Nova
York sobre um empreendimento de negócios que eles estão
discutindo.

Ele me mandou uma mensagem no caminho de volta da


loja de noivas que sua reunião estava um pouco atrasada, mas
ele voltaria assim que pudesse – e ficaria imensamente
satisfeito em me encontrar nua quando chegasse lá.

Mesmo sabendo que ninguém pode me ver neste nível


quando estivermos de frente para o Central Park, ainda não
vou andar pelo quarto do hotel completamente nua. Tiro
minhas roupas e coloco um dos roupões de banho brancos e
fofos que o hotel providenciou para nós.

Vamos ficar no mesmo lugar em que ficamos na nossa


primeira viagem a Nova York juntos, quando viemos para o
baile de caridade, mas isso está longe de ser nossa primeira
viagem.

Hunter estava certo sobre Caleb Grant manter seu


segredo, mas o preço tácito por seu silêncio foi a inclusão de
Hunter em seu círculo social, sua “amizade”, se Caleb é capaz
de tal coisa.

Hunter não parece se importar. Todo o seu ponto de vista


é um tanto blasé, — É assim que essas coisas funcionam, —
mas acho que chantagear alguém para fazer amizade é um
pouco estranho.
Então, novamente, fui levemente chantageada para um
relacionamento com o homem com quem estou em êxtase por
me casar, então talvez isso seja um padrão duplo.

Sei que isso vem de um sentimento de proteção. Caleb


sabe algo que não deveria sobre Hunter, e ainda não o
considero muito confiável. A ideia de alguém machucar Hunter
deliberadamente me enche de raiva.

Não gosto de Caleb porque sei que ele possui as


ferramentas para fazer isso.

Hunter me diz que na vida você precisa manter seus


amigos por perto e seus inimigos por perto.

Não consigo imaginar chamar alguém de amigo quando a


delimitação entre se essa pessoa é um amigo ou um inimigo é
tão confusa.

Mas Hunter e eu somos pessoas muito diferentes. Se


funcionar para ele, acho que está tudo bem. E, para ser
honesta, acho que todos os amigos de Caleb estão a apenas
um pequeno passo do território inimigo.

Qualquer que seja o acordo, a amizade não deixou de ter


vantagens para nenhum de nós. Caleb parece ser o guardião
da elite de Nova York. Qualquer pessoa que seja alguém o
conhece, e sua lista de contatos abrange todas as esferas da
vida. Ele pode fazer você ou quebrar você com pouco mais do
que um telefonema.
Ele é o cara que você precisa para saber onde conseguir
o melhor terno da cidade ou se você tem algum dinheiro para
investir em um empreendimento arriscado que pode
quadruplicar seu patrimônio líquido. Se você está procurando
uma cerca para vender antiguidades roubadas, ou deseja
leiloar algo que não pode ser vendido.

Ele conhece membros da realeza e ladrões, magnatas e


modelos de negócios. Ele conhece o tipo de pessoa que a
maioria de nós nem tem certeza de que existe.

Hunter me disse uma vez que alguns dos amigos de Caleb


são mafiosos, que vão aos seus jogos de cartas e jogam
pequenas fortunas e favores que ultrapassam qualquer
etiqueta de preço possível.

Caleb Grant conhece todo mundo, mas não tenho a


sensação de que alguém realmente conheça Caleb Grant.

Não posso confiar em uma pessoa assim, e não gosto de


Hunter estar muito perto dele.

Em uma tentativa de manter minha mente longe dos


negócios de Hunter com seu amigo problemático, me enrolo na
cama em meu roupão de banho e folheio designs de bolo de
casamento.

É o que estou fazendo quando a porta se abre e meu lindo


futuro marido entra.

Ele parece sexy como o inferno em uma camisa de botão


preta e calças combinando. Ele está vestindo um casaco
esporte cor de vinho porque onde quer que ele encontrasse
Caleb era o tipo de lugar que os requeria.

— Olá, linda, — ele diz.

Sorrio para ele. — Olá bonitão.

Olhando rapidamente para o meu robe enquanto tira a


jaqueta, ele me diz: — É melhor você estar nua aí embaixo.

— Claro que estou, — digo a ele. Ele pode não ser mais
meu “chefe” devido à chantagem, mas gosto quando ele manda
em mim um pouco sobre coisas sexy. — Estou totalmente no
modo de casamento aqui. Encontrei nosso bolo perfeito. Quer
ver?

Ele balança a cabeça, tirando os sapatos e cruzando a


sala. Ele ainda está vestindo roupas quando sobe na cama,
mas assim que está perto o suficiente, ele se estica e
desamarra o cinto que mantém meu robe fechado.

— Veja, — digo, mostrando a ele meu telefone.

O design do bolo de casamento pelo qual me apaixonei é,


talvez previsivelmente, uma torre de livros. A noiva e o noivo
sentam-se em cima, balançando as pernas sobre a borda do
livro de cima, e isso me lembra de como nossas pernas
balançavam quando nos sentamos na ponte atrás de sua casa.

Acho que é perfeito. Espero que ele concorde.


Um sorriso roça seus lábios enquanto ele olha para ele.
— Sim, é esse mesmo. — Sua mão desliza sob meu manto para
que ele possa acariciar meu seio.

Meu interesse pelo planejamento de casamento


rapidamente se desintegra, substituído por um interesse cada
vez maior em fazer sexo com meu noivo.

Empurro meu telefone para longe, deitando contra o


travesseiro enquanto ele provoca meu mamilo.

— Hum... como foi sua reunião de negócios com Caleb?

Ele sorri para o meu foco fragmentado e passa o polegar


sobre o meu mamilo duro novamente. — Foi bem. Ele manda
lembranças.

— Aposto que sim, — murmuro.

Hunter sorri. — Sei que ele não é sua pessoa favorita, mas
ele é muito bom em ganhar dinheiro.

— Ele também é bom em criar problemas.

— Ele é. — Hunter libera meu seio e desliza a mão em


volta da minha cintura, sua diversão diminuindo. — Mas é por
isso que ele é um amigo muito melhor do que um inimigo. —
Inclinando sua linda cabeça para beijar meu pescoço enquanto
me puxa para mais perto, ele murmura: — Não é tão ruim ser
amigo dele, é? Comer em seu restaurante quando estamos na
cidade, relaxar em torno da casa de sua família nos Hamptons
no verão...
Suspirando de prazer, inclino meu pescoço para dar a ele
melhor acesso. — Existem destinos piores, suponho.

— Convidei-o para ir a Milão para a semana da moda.

— Contanto que ele não esteja voando para lá com a


gente, — digo. — Seus amigos são muito problemáticos para
ficar muito tempo a sós.

Hunter sorri. — Não vou convidar seu amigo Sherlock


para voar para a Itália conosco, que tal isso?

Meus dedos se enredam em seu cabelo enquanto ele


separa meu robe e expõe mais da minha pele nua. —
Deveríamos ir a lugares com mamãe e Ray, seria mais divertido
assim.

— Você pode trazer um livro, — ele promete enquanto


beija o caminho em direção aos meus seios. — Vou comprar
um monte de novos para a viagem.

— Gosto de livros novos, — digo brincando enquanto ele


arrasta o manto pelos meus braços e o tira de mim.

Hunter muda nossas posições, me rolando de costas.


Agora que estou completamente nua, ele sobe em cima de mim.

Inclinando-se para beijar meus seios, ele diz: — E o avião


tem um quarto. Podemos passar muito tempo sozinhos lá, não
importa quem esteja conosco. Posso te dar muitos e muitos
orgasmos.
Um arrepio passa por mim quando ele beija seu caminho
para baixo, para baixo no meu abdômen, passando pelo osso
do meu quadril... — Gosto de orgasmos, — digo, um pouco
mais ofegante.

Hunter se move entre minhas pernas, espalhando


minhas coxas e colocando um beijo suave e terno no interior
de cada uma. Olhando para mim, seus olhos brilhando com
ternura, ele diz: — E eu gosto de você.

Sorrio para ele, meu coração se enchendo. Mesmo assim,


provoco: — É melhor você me amar, Hunter Maxwell.

— Ah, sim, — ele me garante.

— Sim? Quanto?

— Bem, eu poderia te dizer, mas... — Com um sorriso


diabólico, ele se inclina e me abre. Pouco antes de sua bela
boca alcançar minha boceta, ele diz: — Que tal eu mostrar a
você?

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