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Mestre Affonso Domingues

Portuguese

OFÍCIOS DA LOJA

O trabalho fora de Loja: Segundo


Vigilante
BY RUI BANDEIRA · PUBLISHED 05/05/2018 · UPDATED
22/05/2018

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Ao Segundo Vigilante de uma Loja maçónica


compete, além do exercício das funções rituais, a
coadjuvação do Venerável Mestre na administração
da Loja, em conjunto com o Primeiro Vigilante, e,
sobretudo, a superintendência no trabalho e na
formação dos Aprendizes.

Quanto ao seu papel na administração da Loja, se


nele falhar ou executar deficientemente, tal implicará
uma sobrecarga do Venerável Mestre (que terá de
suprir a falta ou a deficiência no auxílio) e, sobretudo
uma quebra ou uma deficiência na planificação e
execução de longo prazo da atividade da Loja. Não é
por acaso que, pese embora a Loja delegue a
responsabilidade e o poder de decisão no Venerável
Mestre, se refira que a administração do grupo recai
sobre as “Luzes da Loja”, ou seja, no conjunto
composto pelo Venerável Mestre e os dois Vigilantes.
Porque tendencial – e desejavelmente – estes três
Oficiais da Loja cumprem uma linha de sucessão na
direção da mesma, a boa cooperação entre esta
tríade, independentemente das alterações concretas
dos elementos que nela se integram, permite um
desenvolvimento harmonioso, a longo prazo, do
trabalho da Loja. O Segundo Vigilante tem dois anos
para se preparar para o exercício do ofício de
Venerável Mestre. O Venerável Mestre pode iniciar ou
prosseguir projetos de longo prazo, com o
conhecimento e a participação dos seus Vigilantes,
sabendo que eles estarão aptos a dar continuidade
aos projetos e a inserir neles, se necessário, as
modificações que se mostrem aconselháveis.

Mas o principal objetivo, a principal tarefa, do


Segundo Vigilante é assegurar o acolhimento, a
integração e a preparação dos Aprendizes. E essa
tarefa, para ser bem executada, não pode ser
deixada apenas para os dias de sessão. O Segundo
Vigilante tem de ter disponibilidade, interesse e
organização para acompanhar individualmente cada
Aprendiz.

Quando é iniciado numa Loja maçónica, o novel


Aprendiz, por regra, entra num grupo em que
conhece muito poucos elementos (por vezes só um
ou dois), com regras estabelecidas que inicialmente
desconhece e cujo conhecimento tem de adquirir em
simultâneo com o seu cumprimento, e com uma
ligação forte entre os seus elementos. Sente-se um
estranho, um peixe recém-entrado num aquário já
bem povoado… Para que a sua integração no grupo
ocorra rápida, fácil e harmoniosamente, é importante
o apoio do Segundo Vigilante. É este quem deve dar
as primeiras indicações, os primeiros
esclarecimentos, ao novo elemento, quem deve zelar
pela rápida e tranquilizadora integração do novo
“peixe” na segurança do “cardume” dos Aprendizes,
com ele e nele tomando conhecimento dos
“meandros do aquário”.

Paralelamente à integração dos novos elementos,


compete ao Segundo Vigilante coordenar a sua
formação. Afinal de contas, Aprendiz é para
aprender… Esta tarefa é complexa a vários títulos.
Desde logo, porque naturalmente haverá Aprendizes
em vários estádios de integração e formação,
havendo que corresponder às necessidades de cada
um de forma individualizada. As necessidades de
integração e de auxílio na formação de um Aprendiz
recém-iniciado são, naturalmente, diversas de um
outro que já leva alguns meses de integração ou de
um terceiro que tem já a sua primeira fase de
preparação quase terminada e que ultima a
elaboração e apresentação da sua prancha de
proficiência ou que, apresentada esta, aguarda a
oportunidade para o seu aumento de salário.

Mas também há que ter noção que coordenar a


formação de um grupo de Aprendizes maçons não
tem rigorosamente nada a ver com lecionar uma
turma de jovens estudantes. Os Aprendizes maçons
serão Aprendizes, mas são homens ativos, alguns
homens maduros, em pleno auge das suas carreiras
profissionais ou já na fase mais avançada dela, com
famílias constituídas, responsabilidades que
asseguram, filhos que educam e guiam. São
Aprendizes, mas não são – longe disso! – meninos! O
tempo em que aprendiam ouvindo as preleções do
“sôtor” já é para eles passado, para alguns já
longínquo.

O Segundo Vigilante tem de coordenar a formação


do conjunto de Aprendizes, normalmente
heterogéneo, em termos de idade, de experiências
de vida, de formações académicas, profissionais e
culturais e em diferentes estádios de
desenvolvimento na aprendizagem da Arte Real.
Mas, com todas estas diferenças, são, Aprendizes e
Vigilante, essencialmente IGUAIS. Não há qualquer
relação de superioridade, nem intelectual, nem
académica, nem de responsabilidade. A única coisa
que diferencia o Vigilante dos seus Aprendizes é tão
só a experiência em Maçonaria que aquele adquiriu
e que tem a obrigação de ajudar a que estes
adquiram.

A tarefa de coordenar a formação dos Aprendizes


não é, pois, fácil. Cada Vigilante terá de a
desempenhar por si, em função das suas
circunstâncias, das suas disponibilidades, das suas
capacidades, das caraterísticas do grupo e dos
indivíduos que lhe cabe coordenar.

Não há, assim, um modelo único de formação que se


possa aconselhar. Nem sequer um único método a
seguir. No entanto, pode-se sugerir um plano e um
método de formação que – sempre sujeito e aberto
às adaptações e alterações que cada Vigilante
entender necessárias e justificadas – se entende
adequado para atender às diferenças do grupo de
Aprendizes e apto a captar e manter o interesse de
gente por vezes já altamente formada e
especializada nos respetivos campos profissionais e
que, assim, não está propriamente na disposição de
regredir aos seus tempos de polidores dos bancos
da escola.

Sugiro que, no início das suas funções, no dealbar do


ano maçónico, o Segundo Vigilante selecione até
sete temas, não mais, que constituirão a base da
formação de Aprendizes nesse ano. Uma hipótese
(entre muitas e variadas) pode ser, por exemplo:

1. HISTÓRIA DA MAÇONARIA
2. SÍMBOLOS DO GRAU
3. VALORES MAÇÓNICOS
4. RITUAL DE INICIAÇÃO
5. O MAÇOM PERANTE O CRIADOR
6. O MAÇOM PERANTE SI PRÓPRIO
7. O MAÇOM PERANTE A SOCIEDADE

Repare-se que cada um destes temas é


suficientemente amplo e aberto para ser abordado,
tratado, desenvolvido, de uma miríade de diferentes
maneiras. É esse o objetivo! Não se vai ensinar nada
a ninguém, muito menos um pensamento único ou
uma visão “correta”. Como homens livres e de bons
costumes que são, com a maturidade que lhes foi
reconhecida como apta a integrar a Loja, os
Aprendizes não precisam de ser ensinados, de
receber lições. Apreciarão, pelo contrário,
enquadramento e meios para que cada um aprenda
o que quiser, pelo ângulo que entender, com a
perspetiva que achar melhor.

A cada tema corresponderá um ciclo de trabalho de


duas sessões e um desenvolvimento.

Para a primeira sessão de cada ciclo, o SEGUNDO


VIGILANTE deve ter identificada e preparada
(desejavelmente em ficheiros informáticos para
serem disponibilizados aos Aprendizes) bibliografia
sobre o tema, nos vários aspetos e abrangências
dele, tão variada quanto possível – cinco a dez obras
ou trabalhos.

Na primeira sessão do ciclo, o Segundo Vigilante


deve introduzir o tema, designadamente chamando a
atenção para os aspetos mais importantes nele, os
subtemas ou questões que acha que serão
importantes que os Aprendizes sobre eles debrucem
a sua atenção. Deve indicar a bibliografia, de
preferência chamando a atenção para diferentes
formas de tratar o tema ou os diferentes aspetos
abrangidos pelos trabalhos disponibilizados. Deve
designar um LÍDER DE DISCUSSÃO para a sessão
seguinte sobre o tema. De preferência, os líderes de
discussão devem ser designados por ordem de
antiguidade dos Aprendizes. O LÍDER DE
DISCUSSÃO fica com o encargo de preparar e dirigir
a discussão sobre o tema na sessão de trabalho
subsequente, escolhendo vários aspetos do tema a
tratar para colocar em debate, competindo-lhe
garantir que, na sessão seguinte, haja mesmo
discussão, debate sobre o tema, sem tempos mortos.
Finalmente, o Segundo Vigilante designa a data da
sessão de trabalho subsequente, exorta os
Aprendizes a prepará-la lendo a bibliografia
fornecida e o mais que entenderem e acentua que a
sessão subsequente consistirá num debate de todos
sobre o tema, dirigido pelo LÍDER DE DISCUSSÃO,
que só será proveitoso se todos e cada um, entre as
duas sessões, lerem a bibliografia, aprenderem sobre
o tema e se prepararem para, exopondo o que cada
um aprendeu, ajudar à aprendizagem dos demais.

Na segunda sessão. processa-se a discussão do


tema, sob a direção do LÍDER DE DISCUSSÃO. Esta
será tanto mais proveitosa quanto melhor o LÍDER DE
DISCUSSÃO e os demais Aprendizes se tiverem
preparado entre as duas sessões. Se porventura
ninguém se tiver preparado convenientemente,
provavelmente a sessão será muito aborrecida,
constrangedora e muito pouco proveitosa… Mas,
pelo menos ensinará a todos que, em Maçonaria, não
se ensina, aprende-se – e que a aprendizagem é um
esforço individual de cada um, posto em comum com
o grupo. Na discussão da segunda sessão, o
Segundo Vigilante deve intervir o menos possível –
apenas quando necessário para repor a conversa no
tema, quando o grupo dele se afastar (as conversas
são como as cerejas…).

Finalmente, após a segunda sessão, o LÍDER DE


DISCUSSÃO fica encarregado de preparar e
apresentar uma prancha sobre o tema – que poderá
vir a ser a sua prancha de proficiência para aumento
de salário.

Repete-se, ao longo do ano, este esquema, com os


vários temas. Ao fim do ano, tem-se Aprendizes
preparados, não por terem ouvido umas preleções,
mas por se terem debruçado sobre vários temas, por
si e para si e para todos. Tem-se trabalhos
elaborados – e tendencialmente de boa qualidade,
porque resultantes de discussão em grupo e
elaborados por quem se preparou para dirigir essa
discussão. Tem-se um conjunto de obreiros que criou
naturalmente espírito de grupo. O Segundo Vigilante
ainda tem o bónus de, no ano seguinte, ir ter, como
Primeiro Vigilante, Companheiros que foram
Aprendizes bem preparados e bem habituados a
preparar-se.

Finalmente, este método permite que, com toda a


naturalidade e sem custo, sem demasiado esforço
nem dificuldade, os novos Aprendizes que sejam
iniciados ao longo do ano se integrem no trabalho da
Coluna de Aprendizes, No ano seguinte, o trabalho
recomeça. com os mesmos ou outros temas, ou
alguns destes e temas novos, consoante o entender
o Segundo Vigilante de então.

Não tenho dúvidas que uma Loja que siga


consistentemente este método de formação de
Aprendizes terá, mais cedo do que mais tarde, um
escol,de obreiros da melhor qualidade, prosperará e
cumprirá devidamente o seu papel de fazer, cada
vez mais, de homens bons homens melhores!

Rui Bandeira
Publicado no Blog “A partir pedra” "

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Tags: segundo vigilante vigilantes

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