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Prova de Fatos Jurídicos – semana 7

Lesão e Estado de Perigo

1. O que é lesão como defeito do NJ?


2. Ela gera anulabilidade ou nulidade do NJ?
3. Ela tem prazo para ser apontado perante o Poder Judiciário?

LESÃO

• Art. 157 do CC – quando uma pessoa, por necessidade ou inexperiência, se obriga a fechar
um NJ com valor da prestação manifestamente desproporcional a contraprestação.
• Gera ANULABILIDADE, com prazo de QUATRO ANOS, contados da data em que se realizou
o NJ

Consequência da lesão:
Contrato civilista: NJ firmado entre iguais, entre particulares – logo, se eventual lesão, anula o NJ
no prazo de 4 anos.
Contrato consumerista: NJ de consumo entre partes desiguais, casos de fornecedor e consumidor
– neste caso, pertencente ao Direito do Consumidor, realiza-se a NULIDADE do NJ.

Requisitos da lesão civilista:


1. requisito material (objetivo): manifesta desproporcionalidade de valores do negócio (exemplo:
carro no valor de 40 mil ser vendido por 5 mil, contrato de empresário pedindo 50% de tudo que o
artista ganhar...) O PREÇO A SER CONSIDERADO É O PREÇO DO PRODUTO/ARTIGO EM SI, E NÃO
DO VALOR MÉDIO DE MERCADO
2. requisito imaterial (subjetivo): incide sobre dois aspectos
a. premente necessidade: base econômica, financeira ou patrimonial, rápida solução (exemplo:
Célia concurseira, fungo na plantação de banana)
b. inexperiência contratual: não possui conhecimento técnico (exemplo: caso do luva de pedreiro)

Dolo de aproveitamento:
Alguns autores defendem que para constituir lesão, deve-se também provar o dolo, que é a
intenção do agente de realmente se aproveitar da determinada situação, porém, ESTE REQUISITO
NÃO SE APRESENTA NA LEI, POR ISSO NÃO DEVE SER EXIGIDO.

A lesão no contrato sempre gera anulabilidade?


Nem sempre, pois a legislação brasileira prestigia o princípio da conservação e aproveitamento
do negócio jurídico, ou seja, se a pessoa a quem tentou tirar proveito da situação tentar se redimir
e concordar com a redução ou reparação do prejuízo, então o NJ não será anulado, pois a
preferência será sempre manter o NJ e a sua revisão e não a sua anulação.

Teoria da imprevisão:

• “pacta sunt servanda” – o contrato faz lei entre as partes


• “rebus sic stantibus” – enquanto as coisas assim permanecerem
• Basicamente, o contrato se mantém inalterado enquanto a situação a que se encontravam
no momento da assinatura permanecer igual
• Ou seja, a teoria da imprevisão conceitua que em situações imprevisíveis, acontecimentos
extraordinários, não esperados, desconexos dos riscos normais de contratação, como a
pandemia, é cabível a revisão ou a resolução do NJ, ou seja, a adequação deste NJ na
determinada situação inesperada.

Diferença entre teoria da imprevisão e lesão:

• Lesão – o NJ já nasce com um desequilíbrio, o que justifica sua invalidade


• Teoria da imprevisão – o NJ nasce válido, mas há um desequilíbrio em razão de algo
inesperado, a única solução é a revisão ou resolução do NJ

- Adversidades climáticas, pragas e mudanças no preço do mercado NÃO configuram fatos


extraordinários e jurídicos.

ESTADO DE PERIGO
1. O que é estado de perigo?
2. Ele gera anulabilidade do NJ?
3. Ele tem prazo para ser apontado perante Poder Judiciário?

• Ocorre estado de perigo quando há necessidade de salvar a si ou a pessoa da família de


grave dano, há uma obrigação onerosa
• Não se confunde com a lesão, a lesão diz respeito a base econômica, estado de perigo diz
respeito a saúde, situação mais gravosa, um perigo real de vida
• se a pessoa não for da família, então o juiz decidirá se houve ou não estado de perigo

exemplo: alguém que propõe pagar qualquer preço para quem venha salvá-lo de um naufrágio;
mão que promete toda sua fortuna para quem venha salvar seu filho; alguém muito doente que
concorda com o alto preço de um cirurgião que possa salvá-lo

Gera anulabilidade?
SIM, com prazo de quatro anos contados da data em que se realizou o NJ
DIFERENÇA ENTRE ESTADO DE PERIGO E COAÇÃO MORAL:
- Coação moral: o agente cria a situação de pressão psicológica na qual a vítima está inserida
(exemplo: se você não assinar o contrato, tal pessoa será morta; há uma eminente ameaça)
- Estado de perigo: o agente se aproveita da situação já criada (ocorre o chamado abuso de
conjuntura); cobrando-se um preço acima do mercado em casos de saúde, por exemplo;
especificamente sobre saúde, a situação de perigo já está ocorrendo, enquanto na coação
moral há uma ameaça, que pode vir a acontecer, uma situação que está sendo criada
ESTADO DE PERIGO APENAS A PRÓPRIA PESSOA OU FAMÍLIA
COAÇÃO MORAL É FAMÍLIA OU PESSOAS PRÓXIMAS

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