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a Capítulo I
CLASSES MEDICAMENTOSAS MAIS ENVOLVIDAS
EM CASOS DE INTOXICAÇÃO E SUAS PERÍCIAS
DOI: 10.51859/AMPLLA.tam719.1121-1
Lara Victória Dittz de Abreu Costa ¹
Flávia Comper Ghisolfi ²
Gustavo Pontes da Silva ³
Sávio Domingos da Rocha Pereira 4
¹ Graduanda do curso de Odontologia. Universidade Federal do Espírito Santo – UFES
² Graduanda do curso de Odontologia. Universidade Federal do Espírito Santo – UFES
³ Graduando do curso de Odontologia. Universidade Federal do Espírito Santo – UFES
4 Mestre e Especialista em Odontologia Legal e Professor - Odontologia Faesa Centro Universitário - ES
RESUMO
A toxicologia estuda os efeitos adversos dos agentes exógenos e avalia a segurança e o
risco químico sobre os organismos vivos. Ao fazer uso de medicamentos acima da dose
TOXICOLOGIA: UMA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR – VOLUME I
1. INTRODUÇÃO
A toxicologia estuda os efeitos adversos dos agentes exógenos incorporando
aspectos técnicos da bioquímica molecular, biologia, química, genética, matemática,
medicina, farmacologia, fisiologia e física, além de aplicar os conhecimentos na
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aaaaaaaaaaaaa avaliação da segurança e do risco químico sobre os organismos vivos (KLAASSEN e
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aaaaaaaaaaaaa e Lilacs além de livros e manuais que abordam toxicologia forense e toxicologia
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Classes medicamentosas mais utilizadas em casos de
intoxicação
Segundo Couto (2011), p.537, muitos são os medicamentos envolvidos em casos
de intoxicação, no entanto destaca como mais comuns e frequentes às classes de
anticonvulsivantes, antidepressivos, betabloqueadores e digitálicos, sendo a intoxicação
por antidepressivos tricíclicos a mais utilizada e grave, muitas vezes relacionada com a
tentativa de autoextermínio.
Uma pesquisa no estado do Paraná apontou que entre as classes
medicamentosas mais utilizadas na tentativa de autoextermínio destacam-se os
tranquilizantes (25,5 %), antidepressivos (17,0 %) e anticonvulsivantes (15,0 %)
TOXICOLOGIA: UMA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR – VOLUME I
2.1.1. Antidepressivos
Os antidepressivos são exemplos de fármacos que estão sendo usados de forma
indevida. Foram criados para tratar os sintomas severos e graves da depressão com
perda de apetite, desejo de morte ou suicídio, dificuldade de concentração e insônia,
porém estão cada vez mais sendo utilizados em casos não depressivos como período
menstrual, irritabilidade, dores e outros sintomas que poderiam ser tratados com outros
medicamentos ou métodos terapêuticos não farmacológicos (BATISTA; SOUSA; MUNIZ,
2018).
A intoxicação com antidepressivos continua sendo uma importante causa de
auto-intoxicação relacionada a drogas no mundo desenvolvido e uma causa muito
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aaaaaaaaaaaaa comum de envenenamento e mortalidade em países em desenvolvimento, sendo
2.1.2. Sedativos
É um grupo de substâncias empregadas como tranquilizantes, ansiolíticos e
hipnóticos. Substituem os barbitúricos, principalmente como drogas utilizadas para
dormir, por sua maior segurança, já que são muito bem toleradas pelo organismo, sendo
raros os casos de morte por ação medicamentosa em que tenham sido usadas
isoladamente. Geralmente, às mortes resultam do uso de benzodiazepínicos associados
TOXICOLOGIA: UMA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR – VOLUME I
2.1.3. Anticonvulsivantes
Os anticonvulsivantes são uma classe de medicamentos que têm como finalidade
o tratamento de epilepsia e convulsão. As intoxicações são desencadeadas por
fatores como: automedicação na tentativa de suicídio, ingestão acidental e por reações
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aaaaaaaaaaaaa adversas primárias e secundárias da medicação prescrita pelo médico (SOUZA et al.,
a 2019).
Em um estudo realizado em Araucária-PR observou-se que os anticonvulsivantes
ocuparam o primeiro lugar em causas de intoxicação, cerca de 35,55%, dentre eles o
Clonazepam foi o mais utilizado com 72,72% dos casos (SOUTO et al., 2013).
2.1.4. Antiparkinsonianos
Os antiparkinsonianos constituem provavelmente o grupo de substâncias mais
usado para reduzir os sintomas da doença de Parkinson e os efeitos colaterais dos
neurolépticos. As medicações comumente usadas nesse grupo são triexifenidil,
biperideno e a benzotropina. São indicados em síndromes extrapiramidais induzidas
pelo uso de neurolépticos, a saber: parkinsonismo, distonía aguda e acatisia aguda. Têm
absorção gastrointestinal e ação rápida no sistema nervoso central por serem lipofílicos,
e alcançam o pico plasmático em poucas horas, são potencialmente perigosos se
interagirem com outras substâncias anticolinérgicas, por exemplo os antidepressivos
tricíclicos, havendo risco de intoxicação anticolinérgica, que é caracterizada por
rebaixamento de nível de consciência, coma, convulsões, agitação psicomotora,
TOXICOLOGIA: UMA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR – VOLUME I
2.1.5. Betabloqueadores
Os betabloqueadores são fármacos frequentemente utilizados para controle de
diversas doenças cardiovasculares, tais como Hipertensão, Angina Estável e Instável,
Insuficiência Cardíaca Congestiva, Infarto Agudo do Miocárdio, Arritmias Cardíacas,
entre outras. Embora efetivos, os betabloqueadores são fármacos que produzem várias
reações adversas que podem ser cardíacas e não cardíacas, desde um aumento de peso
até a insuficiência cardíaca (BRUNTON; HILAL-DANDAN; KNOLLMANN, 2018).
Apesar de estar entre as classes mais envolvidas, os casos de intoxicação
envolvendo betabloqueadores não são tão comuns em nosso meio se comparada com
as classes citadas anteriormente. De 2014 a 2016 foram realizados 92 atendimentos
devido à intoxicação por betabloqueadores dos quais 19 presenciais e 73 por telefone
no serviço de toxicologia do Hospital João XXIII, em Belo Horizonte - MG, dos quais
metade ocorreu por tentativa de autoextermínio. Nenhum óbito foi registrado nesse
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aaaaaaaaaaaaa período. Apesar de incomuns, os quadros continuam sendo potencialmente graves. Nos
2.1.6. Digitálicos
Os Digitálicos ou Cardioglicosídeos constituem um grupo de fármacos utilizados
no tratamento de doenças do coração como as arritmias e insuficiências cardíacas.
Existem naturalmente nas plantas do gênero Digitalis Purpúrea, uma planta venenosa
também conhecida por Dedaleira, selvagem na Europa e nomeadamente em Portugal,
são usadas para aumentar a taxa da contração ventricular e corrigir as arritmias por
fibrilação auricular e arritmias supra ventriculares (CUNHA, 2011).
Os digitálicos por serem fármacos de baixo índice terapêutico, seu nível
terapêutico é muito próximo de seu nível tóxico. Seu uso pelo paciente idoso pode levar
a toxicidade devido à polifarmácia desse grupo de pacientes que propicia as interações
medicamentosas, levando ao aumento dos níveis plasmáticos de digoxina e causando a
TOXICOLOGIA: UMA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR – VOLUME I
Análises toxicológicas
As análises toxicológicas são usadas para identificar e quantificar os agentes
tóxicos com finalidade terapêutica e médico-legal. Para um resultado inequívoco é
necessária a realização de procedimentos técnicos e administrativos que controlem a
qualidade da análise. A confiabilidade do resultado depende de fatores como: o próprio
evento; o intervalo de tempo entre o fato e a necropsia ou o exame; e a coleta,
estocagem e transporte, preparação do material (COUTO, 2011, p. 536-37; DORTA et al.,
2018, p. 27-28).
O exame toxicológico deve ser capaz de detectar qualquer substância química
exógena presente no material coletado para a perícia. Para a seleção dos tóxicos a serem
pesquisados, é fundamental o conhecimento do perito responsável sobre o evento
(policial, clínico, familiar) e a descrição dos achados do exame, uma vez que cada caso
tem suas particularidades (COUTO, 2011, p. 537).
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aaaaaaaaaaaaa O laudo pericial traz informações de quais substâncias (qualitativo) e suas
16
aaaaaaaaaaaaa alterações na resposta: gênero, massa corpórea, idade, estados patológicos e interações
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aaaaaaaaaaaaa necessário lançar mão de amostras alternativas (cabelo, músculo, cérebro e ossos)
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A alta prevalência de intoxicação medicamentosa e as consequências que traz ao
indivíduo torna-a um problema de saúde pública, sendo essencial maior fiscalização,
programas de educação em saúde, acompanhamento multidisciplinar, conscientização
da população sobre o uso racional de medicamentos e medidas preventivas. O
conhecimento tanto dos indivíduos comuns quanto dos profissionais sobre posologia e
administração, erros de prescrição e automedicação e as consequências da
intoxicação medicamentosa é necessário para evitar tal situação.
Em Toxicologia Forense, a complexidade das matrizes biológicas utilizadas nas
análises, sendo necessário o conhecimento básico dos princípios químicos e
operacionais das mais variadas técnicas disponíveis e suas principais aplicações. A
análise minuciosa é extremamente importante, uma vez que direciona a produção dos
diagnósticos que podem contribuir para a elucidação de questões de interesse legal.
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aaaaaaaaaaaaa
REFERÊNCIAS
a BATISTA, L.C.; SOUSA, V.P.R.; MUNIZ, J.J. Avaliação do índice de intoxicação por
antidepressivos nos pacientes atendidos no pronto socorro do hospital das
clínicas Samuel Libânio de Pouso Alegre-MG. Revista de Ciências da Saúde
Básica e Aplicada, v.1, n.1, p. 48-57, 2018.
COUTO, R.C. Perícias em Medicina e Odontologia legal. 1º ed. Rio de Janeiro: Medbook,
2011.
DORTA, D.J. et al. Toxicologia Forense. 1ª ed. São Paulo: Editora Blucher, 2018.
19
aaaaaaaaaaaaa Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos
HYGINO, C.H. Medicina Legal: texto e atlas. 2º ed. Rio de Janeiro: Editora Atheneu, 2014.
MARTINS, L.S.; FILHO, A.A. Uso de solução lipídica em intoxicação por beta-bloqueador:
Relato de caso. Revista médica de Minas Gerais, v. 27, p.1-5, 2017.
MOTA, D.M. et al. Perfil da mortalidade por intoxicação com medicamentos no Brasil,
1996-2005: retrato de uma década. Ciência & Saúde Coletiva, v. 17, p. 61-70,
2012.
SILVA, C.T.A et al. Toxicologia Forense. VIII Mostra de Trabalhos Acadêmicos do UNILUS,
Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 12, n. 28, 2015.
SOUZA, W.G. et al. Uma abordagem sobre casos de intoxicação por medicamentos
anticonvulsivantes barbitúricos: fenobarbital. Revista Científica da Faculdade de
Educação e Meio Ambiente - FAEMA, v.10, n.1, p.131-138, 2019.
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aaaaaaaaaaaaa
a CAPÍTULO II
CARACTERIZAÇÃO DAS TENTATIVAS DE SUÍCIDIO
POR INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA NO BRASIL
ENTRE OS ANOS DE 2009 E 2019
DOI: 10.51859/AMPLLA.tam719.1121-2
Rachel Sobreira Karam ¹
Antônio Andrei da Silva Sena ¹
Felipe Jorge Medeiros Vieira ¹
Karla Larissa de Andrade Pinto ¹
Melissa Fiuza Saboya ¹
Tatiana Paschoalette Rodrigues Bachur ²
RESUMO
O suicídio é um importante evento na mortalidade da população global, com taxas
TOXICOLOGIA: UMA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR – VOLUME I
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