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Residência Pedagógica. Cartografia.

Residente: Marcos Antonio da Silva Vale


Saber Matemática ou Saber Ensinar Matemática!

As atividades da Residência Pedagógica proporcionam experiências únicas na


prática docente de seus residentes, elas contribuem para dar uma melhor
formação inserindo os alunos de licenciatura no ambiente escolar, que
participam e são responsáveis tanto na elaboração do trabalho docente quanto
na prática de ensino em sala de aula, é claro que com a observação e
acompanhamento de um professor da própria escola. “O principal objetivo de um
aluno que ingressa em uma licenciatura é ser professor e estar dentro de uma
sala de aula” parece bem óbvio, estudamos para ensinar aos nossos alunos, no
caso, como aluno de licenciatura em matemática “devo” chegar em sala de aula
pronto pra passar o conteúdo selecionado pra aquele dia, aula teórica, conceitos,
exemplos, aplicações e alguns exercícios para eles treinarem e verificarem se
aprenderam o assunto, porém as coisas não são tão simples assim, se fossem
não teríamos a aprendizagem da matemática com índices tão baixos e tornando
a disciplina tão assustadora pra maioria dos estudantes em qualquer nível de
ensino, embora que, teoricamente, seja bem simples para os professores
ensinar matemática: “basta dominar o conteúdo e repassar aos alunos’’, na
prática vimos que somente isso não é suficiente devemos desenvolver algo mais
importante pra sermos ‘’bons’’ professores, devemos saber fazer os alunos
olharem para o horizonte do conhecimento, lembro-me de uma frase...de um
texto...de um educador na disciplina de história da educação: ‘’Educação não é
a transmissão de uma soma de conhecimentos. Conhecimentos podem ser
mortos e inertes: uma carga que se carrega sem saber sua utilidade e sem que
ela dê alegria. Educar é ensinar a pensar, isto é, brincar com os conhecimentos.’’
Rubem Alves.
Residência Pedagógica, ensinar matemática, horizonte do conhecimento...e um
professor de matemática em formação. Bom, ao ingressar na residência meu
principal interesse foi pela possibilidade de participar destas atividades tão
valorizadas pela comunidade acadêmica, sabendo que meus estágios I e II
tinham sido apenas na modalidade remota, por motivos já bem conhecidos,
estava na hora de adentrar em uma sala de aula como professor pela primeira
vez, algo maravilhoso e assustador ao mesmo tempo, bem tranquilo na verdade,
pensei: só estudar os conteúdos, preparar a aula e ensinar aos alunos aquilo
que eles devem aprender. Primeiros dias... acompanhar a professora e ajudar
os alunos na solução de exercícios um tipo de ‘’ monitor’’ pra turma do nono ano,
porém uma aula vaga de outro professor no oitavo ano, primeira oportunidade
de assumir a sala de aula, porém sozinho, sem a minha supervisora na sala, uns
40 alunos, simples...era só resolver algumas questões de propriedades de
potências, tudo ocorreu bem, alguns alunos da turma se sentiram confiantes até
de irem ao quadro responder algumas das questões. Semana seguinte...
mudanças de estratégias, deveria ensinar a ‘’ teoria do assunto’’, o conteúdo da
vez: simplificação de radicais. Turma do nono ano, com a professora em sala
de aula, minha aula preparada, conceito e alguns exemplos (os mais simples).
Um medalhista da OBMEP não deveria ter medo de ensinar algum conteúdo de
ensino fundamental. Aliás dominava o conteúdo muito bem, ter domínio do
conteúdo já não bastava pra ser um bom professor? A residência me mostrou
3
que não...terceiro exemplo da aula simplifique o seguinte radical: 3 √24. Explico
duas vezes:
I- Fatoramos o 24 e obtemos a potência 23 . 3
3
II- Substituímos o 24 por essa potência e temos: 3√23 . 3
III- Observamos o índice da raiz (3) como é igual ao expoente (3) da potência
no radicando, podemos tirar o (2) de dentro do radical(raiz)
3 3
IV- Por fim, temos: 3 . 2√3 = 6√3.
Pergunto novamente se os alunos tinham entendido, o conteúdo era bem
simples deviam entender de primeira, uma das alunas pede pra repetir de novo,
aquilo não fazia sentido pra ela e outros diziam não entender porque o 2 pode
‘‘sair da raiz’’ e o 3 não pode, repeti a explicação dando ênfase ao passo III,
nada de entenderem, a professora intervém e pede pra explicar esse exemplo:
‘’ Meninos! Imaginem que no lugar da raiz(radical) fosse um ônibus e os
números(radicando) fossem os passageiros, o número acima da raiz (índice) é
o preço da passagem e o número(expoente) acima dos passageiros é o tanto
de dinheiro que eles têm, quando chegar no ponto de ônibus só quem pagar
pode sair de dentro, quanto é a passagem? -3 reais professora- e quem vai
poder sair do ônibus? e porquê? – só o (2) por que ele tem três reais ‘’ nem
mais uma dúvida e a aula prosseguiu. Além da dúvida dos alunos a professora
me fez entender a diferença de ‘’ morro aclive e declive para morro abaixo e
morro acima’’. Saber matemática ajuda a dar mais confiança ao professor,
porém devemos saber fazer o aluno se envolver no processo de aprendizagem
da disciplina.
Por um momento achei que era um problema somente meu, aliás estou no
último período do curso de matemática, já devia ter aprendido a ser um bom
professor ao invés de ter aprendido matemática em um nível mais avançado.
Por coincidência, no curso de licenciatura que prepara professores pra
educação básica, ensino fundamental e médio, devemos cumprir 660 horas do
ciclo básico obrigatório, muito tempo para estudar as disciplinas pedagógicas,
que as vezes os alunos não dão o devido valor e não se esforçam como
deveriam nas mesmas, porém se comparar com a carga horária a cumprir do
ciclo profissionalizante obrigatório de 2055 horas que é mais que o triplo do
tempo, podemos ver que temos muito tempo para aprender ‘’Cálculo’’ e pouco
tempo para aprender e tornar-se professor. Por isso a importância de participar
de alguns programas como o PIBID e a Residência pedagógica. Como residente
de matemática, aprendi muito sobre a dinâmica da sala de aula e a importância
de estar preparado para lidar com diferentes situações, pois o papel do
professor de matemática é fundamental para o sucesso dos alunos e do
processo de aprendizagem, também passei a saber que tenho muito a aprender,
principalmente aprender a ensinar e ajudar os alunos a deslumbrarem desse
horizonte de conhecimento que é a matemática.

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