Disciplina: Bioprocessos na Industria de Alimentos Aluna: Livia Fraticelli Neves
Vinho para acetificação
Para que ocorra uma boa fermentação acética é necessário a utilização de um vinho de qualidade levando em consideração o tipo de vinho, doenças e não ter produtos antifermentativos, como é o caso do dióxido de enxofre, que impe o desenvolvimento das bactérias acéticas. Em alguns casos dependendo da qualidade do vinho, é necessário destilá-lo ou filtrá-lo. É sugerido que se use os vinhos secos, pois os vinhos doces podem favorecer as contaminações por leveduras. Outros fatores como teores alcóolicos, a presença de metais e matéria corante afetam a produção da fermentação. A utilização de mosto de uva com ou sem bagaço do qual é muito utilizado pelos produtores caseiros de vinagres não é muito aconselhável, pois apresentam baixo rendimento e um vinagre muito susceptível a alterações e nem sempre de boa qualidade. O processo de acetificação foi evoluindo conforme o passar dos tempos, antigamente era um processo lento, dependendo do substrato alcóolico com o ar, havendo pequenas intervenções humanas no processo como a adição da massa gelatinosa (mão do vinagre) onde estavam presentes as bactérias acéticas e finalizando em vinagres com 4% a 5% de ácido acético. Este processo lento de acetificação e a presença de álcool residual favorecem a formação de ésteres e outros compostos voláteis que conferem aroma e sabor peculiar aos vinagres assim elaborados. Contudo, este processo foi aperfeiçoado na França em Orléans. O novo método consiste em favorecer o contato do ar com uma fina camada gelatinosa, que se mantém na superfície do vinho (mãe do vinagre). O vinho se acetifica em barris de madeira, é adicionado 10% do volume útil de acetificador com bactérias ativas. Após 15 dias já é possível retirar 10% do volume do vinagre. A cada retirada do vinagre é adicionado o mesmo volume de vinho para nova acetificação, e assim, este processo é continuo. Para que este processo ocorra de forma correta é necessário seguir alguns cuidados, como as dimensões dos barris, passagem de ar, utilização de tela fina para evitar entrada de mosquinhas-vinagres, cautelas para retirada do vinagre, temperatura, proliferações de bactérias produtoras de celulose, evitar que o vinho e o vinagre tenham contato com metais que podem causar problemas com turvação e toxicidade. Para o processo rápido de vinagre, foi desenvolvido no século XVII uma nova forma de produção, utilizando diferentes materiais porosos como sabugo de milho, engaço da uva e, especialmente, maravalha de madeira, para aumentar a superfície de contato das bactérias acéticas com o vinho. A mistura de vinho e vinagre, na passagem através da maravalha, recebe o ar que se movimentava de baixo para cima devido ao aquecimento provocado pelo calor liberado no processo de acetificação. Esse processo é mais rápido que o método Orleans, já que a retirada de vinagre é feita, em média, a cada 10 dias. Contudo, há alguns problemas relacionados a este método como a perda de substâncias voláteis por evaporação, a utilização da maravalha de madeira se contamina facilmente, exigindo uma limpeza periódica. O processo submerso é considerado o mais rápido para a indústria do vinagre. O método baseia- se na presença da bactéria acética submersa no vinho para acetificar. Neste processo a produção do vinagre ocorre em intervalos de 30 a 40 horas retirando em torno de 40% do volume. Este processo é o melhor para a produção de vinagre, reduzindo as perdas, não tendo a necessidade de troca de material de suporte.