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Suporte Básico de Vida em Cardiologia

Emergências Clínicas e Cardiológicas

Assistência ao Politraumatizado

Acidentes com Animais Peçonhentos

Assistência ao Afogado

Emergências Psiquiátricas

Manual Básico de Atendimento


Pré-hospitalar

Autores:
Cesar Augusto dos Santos Junior; Adriano Bertola
Vanzan; Vladimir Fernandes Chaves; Flávio
Sampaio David; Carlos Eduardo Sá Ferreira;
Espedito Rocha de Carvalho Junior; Sérgio Corrêa
da Silva; Fernanda de Castro Cerqueira; Sergio
Gottgtroy de Araújo; Simone de Oliveira Costa;
Robson Fernando de Castro Torres; José Henriques
Marques Neto; Rivelino Adriano Silva; Carlos José
Cesário de Souza; Victor Pinheiro de Carvalho.

Centro de Educação Profissional


em Atendimento Pré-hospitalar -
CEPAP
2ª EDIÇÃO
Atualizada - 2018
Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ
Sub Ten BM Q11
Robson Esteves
Dedicatória
Sub Ten BM Q11
Aos militares que participaram da elaboração Edmilton de Souza
da 1ª edição do Manual CEPAP - 2014:
Sub Ten BM Q11
Comandante: Ten. Cel. BM QOC Luiz Carlos Siqueira
Aurélio de Carvalho
Sub Ten BM Q11
Sub-Comandante: Maj BM QOS/Méd Rubens Ferreira Lopes
Zoraia Oliveira
Sub Ten BM Q11
Colaboradores: Simone de Oliveira Costa 1
Ten. Cel. BM QOS- Sub Ten BM Q11
Enf Márcia Fernandes Mendes Araújo Danieli Bello Chimer da Silva

Maj BM QOS/Méd Sub Ten BM Q11


Maria Fernanda Lattanzi Bezerra de Melo Sandro Lucas da Silva

Maj BM QOS/Méd Sub Ten BM Q11


Adriano Bertola Vanzan José Henriques Marques Neto

Cap BM QOS/Enf Sub Ten BM Q11


Vladimir Fernandes Chaves Robson Fernandes Castro Torres

Cap BM QOS/Enf Sub Ten BM Q06


Flávio Sampaio David Flavio Henrique Cesário de Souza

Cap BM QOS/Méd Sub Ten BM Q06


Carlos Otávio Santos Silva Valmir Rufino Vieira

Cap BM QOS/Enf Sub Ten BM Q11


Gilson Clementino Hanzsman Valcir José de Almeida

Cap BM QOS/Méd Sub Ten BM Q06


Roberto Fernandes Outeiro Júnior José Marcos Menezes

CapBM QOS/Méd Sub Ten BM Q11


Antônio Carlos Rodrigues Justo Rivelino Adriano da Silva

Cap BM QOS/Méd Sub Ten BM Q11


Andréia Pereira Escudeiro Leandro Lessa de Vasconcellos

Ten BM QOS/Enf 3º Sgt BM Q11


Cristiane Pontes Ana Paula Lopes

Ten. BM QOA 3º Sgt BM Q11


Sérgio Corrêa da Silva Alexander Simonato

Ten. BM QOA 3º Sgt BM Q11


Carlos Eduardo Sá Ferreira Silvana Raquel Ferreira Q. de Olivieira

*************************************************

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2ª Edição - 2018:
Comandante:

Ten Cel BM QOC Cesar Augusto dos Santos Junior

Colaboradores:

Ten Cel BM QOS/Enf Gilson Clementino Hanszman


2
Maj BM QOS/Enf Cristiane Costa Marinho Pereira

Cap BM QOA Walter Evangelista de Souza

Ten BM QOA Evaldo Freitas Soares

Sub Ten BM QBMP06/AxE Regina Célia Evangelista Silva

Sub Ten BM QBMP11/TEM Elaine de Souza Cabral de Oliveira

Sub Ten BM QBMP06/AxE Alexandre Belarmino

Sub Ten BM QBMP11/TEM André Carlos Silva Anselmo

2̊ SGT BM QBMP11/TEM Alexander Simonato

2̊ SGT BM QBMP06/AxE José Luciano Sucupira Otero

2̊ SGT BM QBMP11/TEM Ana Paula Lopes das Neves

2̊ SGT BM QBMP11/TEM Silvana Raquel da Silva Ferreira

CB BM QBMP06/AxE Mércia Jesus da Silva Conrado

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ÍNDICE
CAPÍTULO I: SUPORTE BÁSICO DE VIDA 06

1 - CENA 07

2 - RCP EM ADULTOS E USO DO DEA/AED 12

3 - RCP EM CRIANÇAS 20

4 - RCP EM BEBÊS 27
3
5 - ASFIXIA EM CRIANÇAS 29

6 - ASFIXIA EM BEBÊS 32

7 - ASFIXIA EM ADULTOS 34

8 - ASFIXIA EM GESTANTES 35

CAPÍTULO II: EMERGÊNCIAS CLÍNICAS E CARDIOLÓGICAS 37

1 - ALTERAÇÕES DO ESTADO MENTAL 37

1.1 - Acidente Vascular Encefálico (AVE) 43

1.2 - Cefaléia / Enxaqueca 45

1.3 - Crise Convulsiva / Epilepsia 46

1.4 - Depressão Aguda / Tentativa de Suicídio 49

1.5 - Ataque de Pânico / Síndrome da Hiperventilação 49

1.6 - Hipoglicemia 50

2 - ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES 52

Desconforto Torácico 52

Hipertensão Arterial 56

3 - ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS 57

3.1 – Obstrução da Via Aérea 57

3.2 – Asma 58

3.3 – Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) 59

3.4 – Causas Inflamatórias 61

3.5 – Populações Especiais 61

3.6 – Outras Causas 62

4 – DISTÚRBIOS CAUSADOS PELO CALOR E FRIO 62

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4.1 – Hipotermia 63

4.2 – Distúrbios Causados pelo Calor 66

5 - INTOXICAÇÃO POR DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS 68

CAPITULO III: ASSISTÊNCIA AO POLITRAUMATIZADO NO APH 74

1 - ETAPAS INICIAIS DO SOCORRO – PERGUNTAS NORTEADORAS 74

2 - EXAME DO POLITRAUMATIZADO 79

3 - HEMORRAGIA E CHOQUE 86 4

4 - TRAUMATISMO CRÂNIO ENCEFÁLICO E RAQUIMEDULAR 92

5 - TRAUMA DE TÓRAX 93

6 - TRAUMA ABDOMINAL 97

7 - TRAUMA PÉLVICO E DE EXTREMIDADES 99

8 - TRAUMA EM SITUAÇÕES ESPECIAIS 106

8.1 Trauma na Gestante 106

8.2 Trauma na Criança 107

8.3 Trauma no Idoso 110

8.4 Queimaduras 112

9 - INCIDENTES COM MULTIPLAS VÍTIMAS 117

10 - MOBILIZAÇÃO E TRANSPORTE DE ACIDENTADOS 123

CAPITULO IV: ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS 134

1 - VENENOSOS X PEÇONHENTOS 134

2 - OFIDÍSMO 134

3 - ARANEÍSMO 137

4 - ESCORPIONISMO 142

CAPITULO V: ASSISTÊNCIA AO AFOGADO 145

1 - DADOS SOBRE AFOGAMENTO 145

2 - DEFINIÇÃO 146

3 - CLASSIFICAÇÃO E SOCORRO DO AFOGADO 146

4 - CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE E TRATAMENTO DO AFOGADO 149

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CAPITULO VI: EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS 152

1 - INTRODUÇÃO 152

2 - AVALIAÇÃO DA CENA NO ATENDIMENTO AOS PORTADORES DE


TRANSTORNO MENTAL 154

3 - AVALIAÇÃO DA VÍTIMA DURANTE O ATENDIMENTO AOS PORTADORES


DE TRANSTORNO MENTAL 155

4 - CONTENÇÃO FÍSICA E MECÂNICA DA VÍTIMA COM TRANSTORNO


MENTAL 155 5

5 - REAVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DA VÍTIMA COM TRANSTORNO


MENTAL 156

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 157

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Capítulo I
Suporte Básico de Vida

No Brasil, o mal súbito é conhecido como um problema de saúde inesperado,


sendo responsável pela morte de milhares de pessoas por ano. Os óbitos podem
acontecer, muitas vezes, porque os cuidados imediatos não foram realizados
corretamente. Destaca-se que dominar o conhecimento acerca do primeiro 6
atendimento é fundamental para salvar vidas. Podemos afirmar que o primeiro
atendimento em um caso de mal súbito possuí dois objetivos: evitar o agravamento
do quadro e manter a vítima em condições de sobrevida até a chegada do socorro
especializado. Cabe ressaltar que a situação mais grave de mal súbito é o colapso da
vítima, com perda de consciência e ausência dos sinais vitais, ou seja, a Parada
Cardiorrespiratória (PCR).
Podemos afirmar, também, que qualquer sintoma clínico que resulta na perda
ou queda do nível de consciência, como é o caso de uma crise convulsiva, ou de um
desmaio, ou de uma grave dificuldade respiratória, é considerado um mal súbito.
Destacamos que a contextualização do atendimento pré- hospitalar para as principais
alterações clínicas serão abordadas posteriormente e neste capítulo, abordaremos o
atendimento inicial à vítima que apresenta um quadro de PCR.
Sublinhamos que aplicação da RCP (Reanimação Cardiopulmonar) de boa
qualidade aumenta as chances de sobrevida de uma vítima em Parada
Cardiorrespiratória (PCR). Neste contexto, cabe ressaltar que a maior causa de PCR
súbita é a Fibrilação Ventricular (F.V. - atividade elétrica caótica que não gera
função de bomba para o coração). A Fibrilação Ventricular, quando não tratada
corretamente, pode levar a vítima ao óbito.
O Suporte Básico de Vida (SBV) é o conjunto de procedimentos técnicos e
medidas coordenadas que visam manter os órgãos vitais viáveis (cérebro e coração),
até que seja iniciado o Suporte Avançado de Vida (SAV). Apesar de sua
nomenclatura ser básica, ele é o pilar que antecede o SAV. A Desfibrilação Precoce
deve sempre ser priorizada em eventos de PCR.

No protocolo de RCP/DEA do CBMERJ recomenda-se que todo Bombeiro


Militar (BM) deve utilizar o Desfibrilador Externo Automático (DEA), assim que

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disponível. Buscando assim, obter êxito no procedimento e manter acesa a chama do


lema “VIDAS ALHEIAS E RIQUEZAS SALVAR”.
Em uma situação de PCR as manobras de RCP podem fazer toda a diferença
para a vítima. Portanto, quanto mais precoce e eficaz for o atendimento, maiores
serão as chances de sucesso. Isso é possível devido à presença de oxigênio residual
no organismo da vítima depois de estabelecida a PCR. Ao iniciar a RCP
precocemente (em até 4 minutos de sua ocorrência), as chances do cérebro sofrer
danos serão menos prováveis. Após estes 4 minutos, as chances de recuperação sem 7

sequelas neurológicas diminuem muito e, acima de 6 minutos, há uma maior


probabilidade de danos irreparáveis devido à falta de oxigenação (hipóxia).

Torna-se fundamental adotar os seguintes procedimentos:

· Checar se o local é seguro;


· Acionar precocemente o Sistema Médico de Emergência (SME);
· Iniciar as compressões nos primeiros 10 segundos do início da PCR;
· Comprimir o tórax com força e rapidez entre 100 e 120 compressões por
minuto, deprimindo-o entre 5 e 6 cm.
· Permitir o retorno total do tórax a cada compressão;
· Minimizar interrupções nas compressões (não passar de 10 segundos cada
intervalo das compressões);
· Administrar as ventilações de forma eficaz;
· Evitar ventilações em excesso;
· Utilizar precocemente o DEA.

1 - CENA
A avaliação da cena é a etapa na qual o Socorrista deve observar
criteriosamente a segurança no local de atuação da sua equipe. Se houver risco na
cena, a vítima só deverá ser abordada quando o risco for neutralizado.

Nunca entre em um local que não esteja seguro

Se o local em que você estiver não parecer seguro, saia imediatamente!

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Ø Perguntas preliminares:

a) A cena está segura?


É importante reconhecer os possíveis riscos assim como as medidas a serem
tomadas para a abordagem correta e segura da vítima. É necessário evitar ou eliminar
os prováveis agentes causadores de lesões ou agravos à saúde, tais como fogo,
explosão, eletricidade, fumaça, água, gás tóxico, tráfego, desmoronamentos,
ferragens cortantes, materiais perigosos etc. Caso o controle desta situação esteja
8
fora de sua governabilidade, acione imediatamente a ajuda necessária, por exemplo:
Polícia Militar, equipes de resgate especializadas e concessionárias de energia
elétrica, entre outras.

b) O que aconteceu e como aconteceu?


É indispensável para a tomada correta de decisão, que o Socorrista faça uma
avaliação global do local do evento, incluindo a avaliação física da cena, dos
transeuntes, dos familiares e da vítima. Em muitas situações a vítima parece bem, o
que nos leva a subestimar a sua gravidade. Mas se levarmos em consideração o
motivo que causou o evento clínico poderemos suspeitar de uma provável gravidade.

Ø Cuidados na abordagem da vítima:


Bio-proteção:
Ao aproximar-se da vítima, o Socorrista deverá ter sempre em mente a sua própria
segurança e utilizar Equipamento de Proteção Individual (EPI), pois o contato direto
com sangue, urina, fezes, saliva, pode causar vários danos à saúde. Em caso de
contato acidental com o sangue ou secreções da vítima, o socorrista deve proceder da
forma a seguir:

a) Se houver contato direto com a pele, lave-a com água corrente e sabão.
Verifique se não há rachaduras, ressecamentos ou lesões no local. Caso haja, procure
orientar-se com o profissional de saúde responsável pelo protocolo de acidente com
material biológico de sua Unidade.
b) Se houver contato direto com os olhos ou mucosas, lave-os imediatamente
com água corrente abundante e siga o protocolo para acidente com material biológico
de sua Unidade.

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ATENÇÃO
(1) Caso tenha sangue ou vômito na boca da vítima, aspire às vias aéreas;
(2) Evite respiração boca a boca. Prefira os dispositivos de barreira para
ventilação (máscara de bolso e dispositivo Bolsa-Válvula-Máscara – “AMBU”);
(3) Utilize EPI em todos os atendimentos!!!

Ø Cadeia de Sobrevivência
9
A Cadeia ou corrente da sobrevivência (figura 1) representa elos importantes
na sequência do atendimento, onde cada um desses elos representa procedimentos
fundamentais no processo de atendimento à parada cardiorrespiratória. Nas diretrizes
de 2015, estão representadas duas cadeias: Parada Cardiorrespiratória Intra-
Hospitalar (PCRIH) e Parada Cardiorrespiratória Extra-Hospitalar (PCREH).

Figura 1: Cadeia da sobrevivência AHA / (Fonte)American heart association®

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Ø Abordagem Inicial

a) Avaliação do nível de consciência


Para avaliar a responsividade, posicione a vítima em decúbito dorsal (barriga
para cima), segure-a pelos ombros com o objetivo de contê-la caso a mesma queira
se levantar, e chame-a:

“Senhor (a), está me ouvindo?”


Ao mesmo tempo em que é avaliada a responsividade, o socorrista deverá 10
observar se há movimentos respiratórios. Caso a vítima não responda e não respire,
ou apresente respiração ineficaz tipo gasping (“peixe fora d’água”), solicite ajuda e
inicie as manobras de RCP.

Os profissionais de saúde deverão, simultaneamente,


avaliar a responsividade, a respiração e o pulso carotídeo.

Se a vítima apresentar movimentos respiratórios dentro de um padrão


aceitável, o socorrista deverá atentar para a abertura das vias aéreas, permanecendo
com a mão na testa (região frontal de crânio) e elevando o queixo da vítima (técnica
descrita a seguir) e oferecer oxigênio suplementar através do uso de máscara facial
com reservatório a um fluxo suficiente para manter a saturação de O2 acima de 92%.
Caso haja necessidade de deixar a vítima para realizar algum procedimento, deve-se
colocá-la em Posição Lateral de Segurança (P.L.S.). Essa técnica será descrita ainda
neste capítulo.
Com a sequência CAB, as compressões torácicas serão iniciadas o mais
precocemente possível e o atraso nas ventilações será mínimo. O tempo necessário
para aplicar o primeiro ciclo de 30 compressões torácicas, dura em média 18
segundos.

C Compressões Torácicas

A Abrir as Vias Aéreas

B Boa Ventilação

FONTE: American heart association®

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b) Algoritmo de PCR em adultos para profissionais da saúde de SBV –


atualização de 2015

11

FONTE: American heart association®

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2 - RCP NO ADULTO E O USO DO DEA/AED


A Reanimação Cardiopulmonar (RCP) consiste em comprimir o tórax e
ventilar uma pessoa em Parada Cardiorrespiratória (PCR) na proporção 30
compressões X 02 ventilações, utilizando dispositivo de barreira e ininterruptamente
caso não possua um dispositivo de barreira.

ETAPAS AÇÃO

1 Posicionar a vítima na posição decúbito dorsal (de barriga para cima) em uma
superfície rígida e plana 12
2 Retirar as vestes da vítima

3 Colocar a região hipotenar da mão (“calcanhar de sua mão”), posicionando a


outra mão sobre a primeira entrelaçando os dedos para maior firmeza e
posicionar sobre o tórax da vítima, ou seja, na metade inferior do esterno que
coincide com a linha intermamilar.

4 Comprimir com os braços retos a uma profundidade próxima a 5 a 6 cm e uma


frequência de 100 a 120 compressões por minuto.

5 Após cada compressão, devemos deixar o tórax voltar à posição normal.

Na abordagem de uma vítima, devemos sempre avaliar riscos próximos a esta


pessoa, observando se há algo que possa colocar a vida do socorrista e de sua equipe
em risco iminente. Após a checagem, devemos abordar a vítima segurando pelo
ombro e perguntando “você está bem?” (Figura 1).

Figura 1: Abordagem da Vítima / Nível de consciência

Após avaliar que a mesma se encontra inconsciente, devemos olhar o tórax


abrindo as vestes e observar se há respiração normal além de checar o pulso
simultaneamente, este procedimento pode ser observado na (figura 2 e figura 3).

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Figura 2: Visão do profissional de saúde. Figura 3:Visão do Leigo, não profissional. 13

Ao observar que a vítima não responde, não respira e não tem pulso, acione um
serviço de emergência (192 ou 193) e solicite um DEA/AED.

Figura 4: Pedido de ajuda / Acionamento do Socorro.

Ø RCP - ADMINISTRAÇÃO DAS COMPRESSÕES E VENTILAÇÕES

Após avaliar a “responsividade” da vítima e constatar que a mesma não


responde, não respira e não tem pulso (checagem por profissionais de saúde),
devemos acionar o sistema médico de emergência e solicitar um desfibrilador –
DEA/AED (Figura 4).
Logo em seguida a solicitação de ajuda, devemos iniciar as manobras de
Reanimação CardioPulmonar (RCP) imediatamente, iniciando pelas compressões no
tórax. A RCP se compõe em duas etapas principais: compressões e ventilações, na

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qual devemos comprimir o tórax com certa força e rapidez promovendo um


bombeamento de sangue oxigenado para os órgãos vitais, como o coração e o
cérebro.
Devemos comprimir o tórax, promovendo uma RCP de alta qualidade para
manter uma boa perfusão de oxigênio já que este coração não está bombeando
normalmente.
Deve-se apoiar o “calcanhar da mão” na metade inferior do osso esterno do
paciente e apoiando a outra mão sobre a primeira entrelaçando os dedos para uma 14

maior segurança nas manobras (figuras 5, 6, 7 e 8).


Os braços do socorrista deverão estar em um ângulo a 90º sobre o tórax do
paciente e deprimindo este tórax a uma profundidade de 5 a 6 centímetros.

Figura 5: Marcação do local da compressão. Figura 6: Técnica de compressão torácica.

Figura 7: Técnica de compressão torácica e Figura 8: Técnica de compressão torácica e


ventilação assistida com uso de bolsa-válvula- ventilação assistida com uso de bolsa-válvula-
máscara máscara

Destacamos que, caso por algum motivo o socorrista não conseguir entrelaçar
os dedos, este poderá segurar com sua segunda mão o punho, onde dará também
firmeza para comprimir.

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Caso a RCP seja realizada sem um dispositivo de barreira, o socorrista poderá


realizar apenas as compressões no tórax do paciente e revezando com outro
socorrista a cada dois minutos.
Lembramos que, com dois socorristas e sem dispositivo de ventilação,
enquanto um realiza as compressões o segundo poderá deixar a via aérea aberta
segurando e inclinando a cabeça mas, caso esteja sozinho, deverá apenas comprimir.
Após as 30 compressões, caso haja um dispositivo de ventilação, devemos
abrir as vias aéreas a fim de liberar a passagem de ar com a retirada da base da 15

língua. A técnica consiste em inclinação da cabeça e elevação do queixo (Figuras 9 e


10).

Figura 10: Técnica de hiperextensão da


Figura 9: Técnica de hiperextensão da cabeça.
cabeça.

Destaca-se que se o socorrista administrar uma ventilação e o tórax não se


elevar, deve então deixar a cabeça retornar à posição normal. Em seguida, abra as
vias aéreas novamente, inclinando a cabeça e elevando o queixo. Depois,
administre outra ventilação. Certifique-se de que o tórax se eleve.
Não interrompa as compressões por mais de 10 segundos para administrar
ventilações. Se o tórax não se elevar em 10 segundos, comece a comprimi-lo com
força e rapidez novamente.
Apesar da ventilação boca a boca oferecer poucos riscos, é contra indicada
quando houver presença de sangue, secreções, fluidos ou ferimentos na boca, sendo
entendido como situações que podem vir a oferecer riscos ao socorrista. Durante a
RCP, a chance de contrair uma doença é pequena, ainda assim, alguns locais de

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trabalho exigem que os socorristas usem máscara de ventilação. Às máscaras são


feitas de material sintético flexível que se encaixam sobre a boca e o nariz da pessoa
doente ou lesionada (figura 11 e 12).
Talvez seja necessário montar a máscara antes de usá-la. Se a máscara tiver
uma extremidade afunilada, coloque a parte estreita da máscara no alto do nariz.
Posicione a parte larga de modo a cobrir a boca da vítima (em caso de crianças
pequenas a máscara será aplicada em posição invertida).
16

Figura 11: Pocket Mask (Máscara de Bolso) Figura 12: Ventilação sob máscara

ETAPA AÇÃO

1 Coloque a máscara sobre a boca e o nariz da pessoa.

2 Incline a cabeça e eleve o queixo enquanto pressiona a máscara contra o rosto da


pessoa.
É importante produzir uma vedação impermeável entre o rosto da pessoa e a máscara
enquanto o queixo é elevado para manter abertas as vias aéreas.

3 Administre 2 ventilações (sopre por 1 segundo em cada).


Aguarde que o tórax se eleve a cada ventilação administrada.

Caso você tenha a mão um dispositivo como bolsa de ventilação e esteja em


dupla com outro socorrista, posicione-se atrás da cabeça da vítima para adequar a
máscara a face e administrar as ventilações (Figura 13).

Figura 13: Bolsa de Ventilação (bolsa-válvula-máscara)

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Ø DESFIBIRLAÇÃO EXTERNA AUTOMÁTICA:

Com estas etapas manteremos uma RCP executando os ciclos de 30


compressões x 02 ventilações, ou sem dispositivo de ventilação, apenas com as
compressões sem parar até a chegada do DEA/AED.
Um DEA/AED é uma máquina com um microprocessador integrado que pode
aplicar choques no coração e ajudá-lo a voltar a funcionar normalmente. Se você
iniciar a RCP imediatamente e após alguns minutos usar um DEA/DAE, terá maior
17
chance de salvar uma vida.
Os AEDs/DEAs são seguros, precisos e fáceis de usar. O DEA/DAE
determina se a pessoa necessita de um choque e avisa para administrá-lo se
necessário. Avisa inclusive quando é necessário certificar-se de que ninguém esteja
tocando a vítima. As pás usadas para administrar o choque têm um diagrama que
indica como posicioná-las no tórax pessoa. Siga o diagrama.
As formas mais comuns de ligar um DEA/AED são pressionar o botão “ON”
(Ligar) ou erguer a tampa do DEA/AED. Uma vez ligado o DEA/AED, ele indicará
tudo o que você precisa fazer.

Use o DEA/AED somente se a pessoa não responder e não estiver respirando ou


apresentar gasping.

Se você tiver acesso a um DEA/DAE, use-o IMEDIATAMENTE. Certifique-


se de que ninguém esteja tocando a vítima antes de pressionar o botão “SHOCK”
(Choque) (figura 15). Se não localizar um DEA/AED rapidamente, inicie a RCP
Comprimindo com Força e rapidez.

Etapa Ação
1 Ligar o DEA/DAE
2 Seguir os avisos visuais e sonoros,

3 Coloque os eletrodos no tórax do paciente conforme as (figuras 14 e 15)

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Figura 14: RCP após o Choque. Figura 15: Posições dos socorristas durante a
18
aplicação do choque.

Após a administração do choque, inicie imediatamente as compressões torácicas


interrompendo apenas 10 segundos no máximo para executar as duas ventilações e faça a RCP
até o DEA/AED sinalizar para interromper a RCP, para que ele possa novamente analisar e se
necessário indicar outro choque. Mas, se o mesmo falar: “choque não indicado”, inicie
imediatamente às manobras de RCP até a chegada do serviço médico de emergência, caso seja
um profissional da saúde avaliar pulso.

a) Cuidados na colocação das pás/eletrodos

· Retirar excesso de pelos no tórax do paciente


Caso a vítima tenha muito pelo no tórax, deve-se retirar com dispositivos de barbear ou
até mesmo com as pás, cuidado para não rasgá-la (ideal ter uma reserva)

· Secar o tórax
Devemos secar todo tórax da vítima a fim de que o choque não se espalhe pela
superfície e também para as pás colarem na pele.

· Retirar adesivos de medicamentos


Caso haja adesivos de medicamentos colados na pele, estes deverão ser retirados.

· Cuidados com marcapasso implantado


Se este paciente possuir um marcapasso implantado no local da posição das pás,
deve-se colar o eletrodo cerca de 4 a 5 centímetros para o lado e para baixo, pois se
colocar as pás em cima do aparelho, este poderá ser inutilizado.

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Após a RCP e o choque, se a pessoa estiver respirando mas não estiver


respondendo, vire-a de lado e aguarde que alguém com treinamento mais avançado
assuma o socorro (Se for uma equipe de SME realizar avaliação e considerar
remoção). Coloque a pessoa em posição lateral de segurança (Figuras 16 e 17), pois
manterá as vias aéreas desobstruídas caso a pessoa vomite. Se a pessoa parar de
respirar ou apresentar somente gasping, vire-a na posição decúbito dorsal e avalie a
necessidade de RCP. Enquanto a pessoa que retornou aos batimentos aguarda o
suporte avançado, devemos manter o desfibrilador ligado todo o tempo, mesmo que a 19

cada dois minutos ele continue falando, pois este o manterá informado e monitorando
o paciente todo o tempo.

Figura 16: Socorrista executando a Figura 17: Vítima na posição lateral de


técnica de lateralização - PLS segurança

b) Resumo de Habilidades de RCP/adulto com DEA:


Etapa Ação
1 Certifique-se de que o local é seguro.
2 Segure no ombro e chame.
Verifique se a pessoa responde.
Se a pessoa não responder, avance para a Etapa 3.
3 Peça ajuda.
Peça à pessoa que o atender que telefone para o serviço médico de
emergência e busque um DEA/DAE.
Se ninguém puder ajudar, telefone para o número do serviço médico de
emergência/ urgência e busque um DEA/DAE.
4 Verifique a respiração.
Certifique-se de que a pessoa esteja sobre uma superfície firme e plana.
Verifique a respiração.
Se a pessoa não estiver respirando ou apresentar somente gasping,
administre a RCP.
Sem responder e sem respiração = RCP

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5 Comprima e administre ventilações executando 30 compressões e 2


ventilações.
Compressões:
Retire as roupas que atrapalharem.
Coloque o “calcanhar de uma mão” sobre a metade inferior do esterno.
Coloque o calcanhar da outra mão sobre a primeira mão.
Comprima em linha reta de cinco a seis centímetros de profundidade, a uma
frequência de 100 a 120 compressões por minuto no mínimo.
Após cada compressão deixe o tórax retornar à sua posição normal.
Comprima o tórax 30 vezes.
Ventilações:
Após 30 compressões, abra as vias aéreas com inclinação da cabeça e elevação 20
do queixo.
Com as vias aéreas abertas, faça uma ventilação normal.
Use um dispositivo de barreira para empregar as ventilações. Caso não o tenha,
comprima de forma ininterrupta.
Administre duas ventilações (sopre por 1 segundo em cada). Aguarde que o
tórax se eleve a cada ventilação administrada.
DEA/DAE:
Use-o assim que o tiver à mão.
Ligue-o erguendo a tampa ou pressionando o botão “ON” (Ligar).
Siga os avisos.
6 Continue.
Continue executando séries de compressões e ventilações até que a pessoa
comece a respirar ou se mexer ou até que alguém com treinamento mais
avançado chegue e assuma o socorro.

3 - RCP EM CRIANÇAS

RCP em criança e uso do DEA/AED:

RCP é o ato de comprimir o tórax com força e rapidez e administrar


ventilações. A RCP é administrada a alguém cujo coração tenha parado de bombear
o sangue.

Etapa Ação

1 Certifique-se de que a criança está deitada com as costas sobre uma superfície
firme e plana.
2 Retire as roupas que atrapalharem.
3
Coloque o “calcanhar de uma mão” sobre a metade inferior do esterno.

4 Comprima em linha reta cerca de cinco centímetros, a uma frequência de 100


a 120 compressões por minuto no mínimo.
5
Após cada compressão, deixe o tórax retornar à sua posição normal.

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Uma criança é alguém com mais de um ano de idade e que ainda não chegou
à puberdade. Se estiver em dúvida se a pessoa é um adulto ou uma criança,
considere-a adulta.
Uma criança “responsiva” é aquela que se mexe, fala, pisca ou reage de
alguma outra forma quando você a toca e pergunta se está bem. Uma criança que não
“responde”, que não faz nada quando você a toca e pergunta se está bem, é
considerada inconsciente.
Comprimir o tórax com força e rapidez é a parte mais importante da RCP. 21

Comprimindo o tórax você bombeia sangue para o cérebro e o coração.


As pessoas muitas vezes não comprimem com força suficiente por temerem
ferir a criança. Uma lesão é improvável, mas é melhor do que a morte. É melhor
comprimir forte demais do que insuficientemente.
Use uma única mão para as compressões. Se não conseguir comprimir 5 cm
com uma mão, use as duas. Uma mão não é melhor do que duas, nem o contrário.
Faça o que for necessário para comprimir o tórax cerca de 5 cm de profundidade.Não
diferente do adulto, devemos, assim que observar uma criança caída ao solo, abordá-
la segurando pelo ombro, como mostra a (figura 18). Em seguida devemos observar
se há respiração normal, caso seja um profissional de saúde verificará pulso também.
(figuras 19 e 20).

Figura 18 Figura 19
Em seguida devemos pedir ajuda do serviço médico de emergência e solicitar
um DEA/AED (figura 21). Caso não haja como pedir ajuda no momento ou está
distante de um telefone, inicie imediatamente as manobras de RCP, pois a maioria
das crianças para por problemas respiratórios e a RCP será fundamental neste
primeiro momento. Após 5 ciclos de RCP, dirija-se a um telefone ou ache alguém
para solicitar um DEA/AED e volte a executar as manobras de reanimação.

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Figura 20 Figura 21
22
As compressões são importantes na RCP e executá-las da maneira correta é
cansativo. Quanto mais cansado(a) você estiver, menos eficazes serão as
compressões. Se mais alguém souber aplicar RCP, faça revezamento. Reveze a cada
2 minutos mais ou menos, movendo-se rapidamente para minimizar ao máximo a
pausa nas compressões. Lembrem-se, mutuamente, de comprimir 5 cm de
profundidade a uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto e permitir
que o tórax retorne à sua posição normal após cada compressão (figuras 22 e 23).

Figura 22 Figura 23

Ø Administrar ventilações

Crianças, em geral, têm coração saudável. Normalmente o coração da


criança para porque ela não consegue ou está tendo dificuldade para respirar. Em
consequência disso, além das compressões, é muito importante administrar
ventilações a uma criança (figura 23).
As ventilações precisam fazer com que o tórax da criança se eleve. A
elevação do tórax indica que a criança recebeu ar suficiente. As compressões formam
a parte mais importante da RCP. Se você também puder administrar ventilações,
ajudará a criança ainda mais. Antes de administrar ventilações, abra as vias aéreas.

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Ø Aplicação do DEA/AED

ETAPA AÇÃO

1 Ligar o DEA/DAE.

2 Verifique se há pás pediátricas ou um botão ou interruptor pediátrico

3 Use as pás pediátricas ou acione o botão ou interruptor pediátrico.

4 Seguir os avisos visuais e sonoros.


23

Figura 24 Figura 25

O DEA/DAE determina se a criança necessita de um choque e lhe avisa para


administrá-lo se necessário. Avisa inclusive quando é necessário certificar-se de que
ninguém esteja tocando a criança. As pás usadas para administrar o choque têm um
diagrama que indica como posicioná-las na criança. Siga o diagrama.
Se não houver pás pediátricas ou um botão/interruptor pediátrico, use as pás
de adulto. Se a criança tiver mais de 8 anos, use pás adultas (se estiver em dúvida se
a criança tem mais de 8 anos, presuma que ela tem e use as pás adultas). Ao colocar
as pás no tórax, deve-se ter cuidado para uma pá não tocar na outra. Se a criança for
muito pequena, talvez seja necessário colocar uma pá no tórax e a outra nas costas da
criança (figura 24).

ETAPA AÇÃO

1 Enquanto mantém as vias aéreas abertas, comprima o nariz fechando-o.

2 Inspire normalmente e cubra a boca da criança com a sua boca.

3 Administre 2 ventilações (sopre por 1 segundo em cada). Verifique se o


tórax começa a elevar-se a cada ventilação administrada.

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Se for usar uma máscara de ventilação e se esta máscara tiver uma


extremidade afunilada, coloque a parte estreita da máscara no alto (ponte) do nariz.
Posicione a parte larga para cobrir a boca. Podemos usar como referência a técnica
usada no capítulo anterior, pois é a mesma (figura 25).

24

Figura 26: Fluxograma da utilização do DEA/AED em crianças. (fonte:American heart association®)

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Ø Revisão do atendimento da criança em PCR

Etapa Ação

1 Certifique-se de que o local é seguro.

2 segure pelo ombro e chame para certificar se a criança responde.


Se a criança não responder, avance para a Etapa 3.

3 Solicite ajuda.
Veja se alguém pode ajudá-lo (a).
Peça a essa pessoa que telefone para o número do serviço médico de 25
emergência/urgência e busque um DEA/DAE.

4 Verifique a respiração e cheque se a criança está respirando ou se apresenta


gasping.
Sem respiração e sem responder e/ou apenas gasping = EXECUTAR RCP
Certifique-se de que a criança esteja sobre uma superfície firme e plana.
5 Administre a RCP executando 5 séries de 30 compressões e 2 ventilações e em
seguida telefone para o número do serviço médico de emergência/ urgência e
busque um DEA/DAE.
Compressões:
- Retire as roupas que atrapalharem.
- Coloque o “calcanhar de uma mão” sobre a metade inferior do esterno.
- Comprima em linha reta cerca de 5 cm de profundidade, a uma frequência de 100
a 120 compressões por minuto.
- Após cada compressão, deixe o tórax retornar à sua posição normal.
- Comprima o tórax 30 vezes.
Ventilações:
- Após 30 compressões, abra as vias aéreas com inclinação da cabeça e elevação
do queixo.
- Abertas as vias aéreas, faça uma ventilação normal.
- Comprima o nariz para cerrá-lo. Cubra a boca da criança com a sua boca.
Administre 2 ventilações (sopre por 1 segundo em cada). Aguarde que o tórax se
eleve a cada ventilação administrada.
DEA/DAE:
- Use-o assim que o tiver à mão.
- Ligue-o erguendo a tampa ou pressionando o botão “ON” (Ligar).
Use pás pediátricas ou o botão/interruptor pediátrico. (Use pás de adulto se não
houver pás pediátricas disponíveis).
- Siga os avisos.

6 Continue.
Continue executando séries de compressões e ventilações até que a criança
comece a respirar ou se mexer ou até que alguém com treinamento mais avançado
chegue e assuma o socorro.

Se houver outra pessoa com você durante a RCP ou se você puder gritar por
ajuda e pedir a alguém que o ajude, peça a ela que telefone para o número do serviço
médico de emergência/urgência enquanto você comprime com força e rapidez e
administra as ventilações. Você executa as compressões e ventilações enquanto a

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outra pessoa telefona e busca o DEA/AED. A tabela abaixo resume as diferenças


entre RCP em adultos e crianças:

O que é diferente O que fazer em um adulto O que fazer em


uma criança

Quando telefonar para o Telefonar depois de verificar Telefonar após aplicar 5


serviço médico de se há resposta. séries de compressões e
emergência/urgência ventilações, caso esteja
sozinho. 26
Procure um botão ou
interruptor pediátrico.
• Use pás para crianças.

Usar um DEA/DAE Use pás para adultos. Se não houver pás para
crianças, use as de adultos.
Se usar pás de adulto,
certifique-se de que elas
não se toquem.
Profundidade da Comprimir no mínimo 5 cm Comprimir cerca de 5 cm
compressão de profundidade. de profundidade.

Após 5 ciclos de RCP, telefone para o número do serviço médico de


emergência/urgência e busque um DEA/DAE, se isso ainda não tiver sido feito.
Assim que o DEA/DAE estiver à mão, use-o. Depois de telefonar para o número de
emergência/urgência, continue executando séries de 30 compressões e 2 ventilações
até que a criança comece a responder ou que alguém com treinamento mais avançado
chegue e assuma o socorro. Permaneça na linha até que o atendente/operador do
SME lhe diga que pode desligar.
O atendente/operador fará perguntas sobre a emergência. E também poderá
dar instruções sobre como socorrer a criança até que alguém com treinamento mais
avançado chegue e assuma o socorro.
Responder às perguntas do atendente/operador não retardará a chegada do
socorro. Se for possível leve o telefone com você para falar com o atendente/
operador ao lado da criança.

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4 - RCP EM BEBÊS
Um bebê é alguém com menos de 1 ano de idade. Na abordagem de uma
criança com idade inferior a 1 ano, você espera que este se mexa, emita sons, pisque
ou reaja de alguma outra forma quando você o estimula e grita seu nome. Um bebê
que não “responde”, não faz nada quando você o toca e grita, considerar em PCR.
Caso o Bombeiro esteja acompanhado, um militar telefona para o Serviço Médico de
Emergência enquanto o outro inicia RCP. Caso o Bombeiro esteja sozinho, realizar 5
27
ciclos de 30 compressões X 2 ventilações e, só depois, solicita o apoio.
Comprimir o tórax com força e rapidez é a parte mais importante da RCP.
Comprimindo o tórax, você bombeia sangue para o cérebro e o coração.
As pessoas muitas vezes não comprimem com força suficiente por temerem
ferir o bebê. Uma lesão é improvável, mas, caso ocorra, será melhor do que a morte.
É melhor comprimir forte demais do que insuficientemente. Se possível, coloque o
bebê sobre uma superfície firme e plana acima do chão (caso não seja possível utilize
o chão mesmo), como uma mesa. Isso facilita a administração da RCP.

Ø Abordagem do Bebê

Bata no
pezinho do
bebê e chame,
observe se
respira
normalmente,
peça ajuda e
inicie RCP.
Figura 27: Sequência de atendimento a um bebê.

As compressões são importantes na RCP e executá-las da maneira correta é


cansativo. Quanto mais cansado(a) você estiver, menos eficazes serão as
compressões. Se mais alguém souber aplicar RCP, reveze. Reveze a cada 2 minutos
mais ou menos, movendo-se rapidamente para minimizar ao máximo a pausa nas
compressões. Lembrem-se mutuamente de comprimir cerca de 4 cm de
profundidade, a uma frequência de, pelo menos, 100 compressões por minuto e
permitir que o tórax retorne à sua posição normal após cada compressão (figura 27).
Se profissional da saúde, verifique o pulso braquial não menos que 5
segundos e não mais que 10 segundos (figura 27). Se ausente, inicie a RCP

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imediatamente. Lembrando que se pulso ausente, mas a frequência estiver abaixo de


60 batimentos por minuto, inicie imediatamente a RCP (figura 28).

28

Figura 28: RCP no bebê

Bebês em geral têm coração saudável. Normalmente o coração do bebê para


porque ele não consegue ou está tendo dificuldade para respirar. Em consequência
disso, além das compressões, é muito importante administrar ventilações a um bebê.
As ventilações precisam fazer com que o tórax do bebê se eleve. A elevação
do tórax indica que o bebê recebeu ar suficiente. As compressões formam a parte
mais importante da RCP. Se você também puder administrar ventilações, ajudará o
bebê ainda mais (figura 28). Antes de administrar ventilações, abra as vias aéreas.
Siga as seguintes etapas para abrir as vias aéreas.
Ao inclinar a cabeça do bebê, não a empurre demais para trás, porque isso
pode bloquear as vias aéreas. Evite pressionar a parte mole do pescoço ou abaixo do
queixo. Se você administrar uma ventilação em um bebê e o tórax não se elevar, abra
novamente as vias aéreas permitindo que a cabeça retorne a posição normal.
Em seguida, abra as vias aéreas novamente, inclinando a cabeça e elevando o
queixo e administre outra ventilação. Certifique-se de que o tórax se eleve. Não
interrompa as compressões por mais de 10 segundos para administrar ventilações. Se
o tórax não se elevar em até 10 segundos, comece a comprimi-lo com força e rapidez
novamente.
Caso você possua uma máscara de ventilação, coloque a parte afunilada para
o queixo do bebê, pois se adaptará melhor evitando fuga durante as ventilações.

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Figura 29: Ventilação em bebê com o auxilio da


máscara de ventilação 29

Caso haja dois ou mais socorristas da área de saúde, a RCP poderá ser
realizada com ciclos de 15 compressões para 2 ventilações, sendo que agora quem
comprimir, deverá segurar o tórax da criança com os polegares, como mostra a figura
30.

Figura 30: Dois socorristas realizando RCP em


bebê.

5 - ASFIXIA EM CRIANÇAS
A asfixia é provocada por alimento ou outro objeto preso na via área ou na
garganta. O objeto impede que o ar chegue aos pulmões. Algumas asfixias são leves
e outras graves. Se for grave, aja rápido. Retire o objeto para que a criança possa
respirar.

Ø Socorrendo uma Criança em Asfixia


Etapa Ação

1 Se desconfiar que a criança está asfixiada, pergunte: “Você está sentindo


dificuldade para respirar?”. Se ela acenar que sim, diga-lhe que você vai ajudar.

2 Fique atrás da pessoa. Abrace a pessoa de modo que suas mãos fiquem na parte
da frente do corpo dela.

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3 Feche uma das mãos.


4 Coloque o lado do polegar da mão fechada ligeiramente acima do umbigo da
criança e bem abaixo do esterno.
5 Agarre a mão fechada com a outra mão e faça compressões rápidas para cima
no abdômen.

6 Faça compressões até que o objeto seja expulso e a pessoa possa respirar, tossir
ou falar ou até que pare de responder.

30

Figura 31: Sinais de Figura 32: Manobra de


obstrução de Via aérea. desobstrução de via aérea.

Se a criança em asfixia for obesa e você não puder abraçar totalmente a


cintura, execute compressões torácicas, em vez de abdominais (Figura 33).

Siga as mesmas etapas, exceto pelo local onde posicionar seus braços e
mãos. Coloque seus braços por baixo das axilas da criança e suas mãos na metade
inferior do esterno. Puxe diretamente para trás para aplicar as compressões
torácicas.

Figura 33: Manobra de


desobstrução em criança obesa.

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Ø Como Socorrer uma Criança em Asfixia Que Deixa de Responder

Se você fizer compressões numa criança, mas não conseguir remover o objeto
que está bloqueando as vias aéreas, a criança irá parar de responder. Comprimir o
tórax pode fazer com que o objeto seja expelido.
Se a criança deixar de responder, siga estas etapas:

Etapa Ação
1 Deite a criança sobre uma superfície firme e plana. 31
2 Segure pelo ombro e chame.
3 Peça ajuda.
4 Verifique a respiração.
5 Administrar 30 compressões.
6 Após 30 compressões, abra as vias aéreas. Se vir um objeto na boca,
retire-o.

7 Administre 2 ventilações.
8 Repita a execução de séries de 30 compressões e 2 ventilações,
Inspecionando a boca quanto a objetos após cada série.

9 Após 5 séries de 30 compressões e 2 ventilações, telefone para o


serviço médico de emergência/urgência e busque um DEA/DAE.

10 Administre séries de 30 compressões e 2 ventilações,


Inspecionando a boca quanto a objetos após cada série de compressões,
até que a criança comece a responder ou que alguém com treinamento
mais avançado chegue e assuma o socorro.

Figura 34: Abra bem a boca da


criança e procure o objeto.

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6 - ASFIXIA EM BEBÊS
A asfixia é provocada por alimento ou outro objeto preso na via área ou na
garganta. O objeto impede que o ar chegue aos pulmões. Algumas asfixias são leves
e outras, graves. Se for grave, aja rápido. Retire o objeto para que o bebê possa
respirar. Em caso de engasgo com líquidos (leite por exemplo) proceder da mesma
forma que sólidos.

Ação: Use a tabela a seguir para determinar se o bebê está em asfixia leve ou grave e o 32
que fazer.

Se o bebê Bloqueio nas vias aéreas E você deve

• Permanecer ao lado e deixá-


lo tossir
• Se estiver preocupado com a
• Conseguir emitir sons
Leve respiração do bebê, telefone para
• Conseguir tossir alto
o número do serviço médico de
emergência/ urgência mais
próximo.
• Agir rapidamente
• Não conseguir respirar • Siga as etapas de socorro
ou tossir sem som ou não Grave para bebês em asfixia
conseguir emitir sons

Figura 35 Figura 36 Figura 37

Figura 38 Figura 39 Figura 40

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ETAPA AÇÃO
1 Segure o bebê com o rosto voltado para baixo com as pernas em seu cotovelo.
Sustente a cabeça e a mandíbula do bebê com a mão. (figura 37)

2 Dê até 5 pancadas nas costas com o “calcanhar da outra mão”, entre as


escápulas do bebê. (figura 37)
3 Se o objeto não for expelido após 5 pancadas nas costas, vire o bebê de frente,
sustentando a cabeça. (figura 38)

4 Administre até 5 compressões torácicas, usando 2 dedos da outra mão para


comprimir o tórax da mesma maneira que em RCP. (figura 38)
5
33
Repita as 5 pancadas nas costas e as 5 compressões torácicas até que o bebê
consiga respirar, tossir ou chorar ou deixe de responder.

Um bebê que receber pancadas nas costas e compressões torácicas deve ser
examinado por um profissional de saúde. Se você der pancadas nas costas e fizer
compressões torácicas no bebê e ainda assim, não conseguir remover o objeto que
está bloqueando as vias aéreas, o bebê deixará de responder. Comprimir o tórax pode
fazer com que o objeto seja expelido.

Se o bebê deixar de responder, siga estas etapas:

ETAPA AÇÃO

1 Coloque o bebê com o rosto voltado para cima sobre uma superfície firme e
plana acima do chão, como uma mesa. (figura 39)

2 Estimule o pezinho

3 Peça por ajuda.

4 Verifique a respiração.

5 Comprima o tórax 30 vezes.

6 Após 30 compressões, abra as vias aéreas. Se vir um objeto na boca, retire-o.

7 Administre 2 ventilações. (figura 40)

8 Repita a execução de séries de 30 compressões e 2 ventilações,


Inspecionando a boca quanto a objetos após cada série de compressões.
9 Após 5 séries de 30 compressões e 2 ventilações, telefone para o serviço
médico de emergência/urgência.
10 Administre séries de 30 compressões e 2 ventilações,
Inspecionando a boca quanto a objetos após cada série de compressões, até que
o bebê comece a responder ou que alguém com treinamento mais avançado
chegue e assuma o socorro.

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7 - ASFIXIA NO ADULTO

Etapa Ação
1 Se desconfiar que alguém esteja asfixiado, pergunte: “Está com dificuldade para
respirar?”. Se a pessoa acenar que sim, diga-lhe que você vai ajudar. (figura 41)

2 Fique atrás da pessoa, abrace- a de modo que suas mãos fiquem na parte da
frente do corpo dela. (figura 42) 34
3 Feche uma das mãos.
4 Coloque a mão fechada com o lado do polegar ligeiramente acima do umbigo da
pessoa e bem abaixo do esterno.

5 Agarre a mão fechada com a outra mão e faça compressões rápidas para cima
no abdômen da pessoa.
6 Faça compressões até que o objeto seja expulso e a pessoa possa respirar,
tossir ou falar ou até que pare de responder.

Figura 41 Figura 42

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8 - ASFIXIA NA GESTANTE

Se alguém estiver asfixiado e for obeso ou estiver nos últimos estágios de


gravidez e você não conseguir envolver totalmente a cintura da vítima com seus
braços, administre compressões no tórax em vez de no abdômen. Siga as mesmas
etapas, exceto pelo local onde posicionar seus braços e mãos. Coloque seus braços
por baixo das axilas e suas mãos na metade inferior do esterno. Puxe diretamente
para trás para aplicar as compressões torácicas.

35

Figura 43

Em todas as vítimas que deixam de responder ou se tornam inconscientes,


você deverá posicioná-las ao solo com cuidado para não se ferirem, pedir ajuda e
imediatamente aplicar séries de 30 compressões torácias durante dois minutos. Após,
cheque se o corpo estranho saiu e se esta voltou a respirar, caso contrário inicie
imediatamente as manobras de RCP até a chegada do socorro ou se esta acordar.

Etapa Ação

Verifique se ela necessita de RCP. Administre a RCP, se necessário e se souber


1
fazer isso. Se não souber como executar RCP, faça somente compressões
torácicas.

2 Verifique se encontra objetos na boca a cada série de 30 compressões.

Continue a RCP até que ela fale, se mexa ou respire, ou até que alguém com
3 treinamento mais avançado chegue e assuma o socorro.

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Resumo de RCP e DEA/AED para adultos, crianças e bebês.

36

Não ultrapassando 6 cm

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Capítulo II
Emergências Clínicas e Cardiológicas:

Na primeira avaliação de um paciente vítima de uma urgência (necessita de


resolução em um curto espaço de tempo) ou de uma emergência (necessita de
resolução imediata) clínica, o socorrista deverá fazer algumas perguntas básicas
sobre a doença atual e histórico do paciente. Para isso temos métodos mnemônicos
37
que facilitam essa abordagem:

OPQRST (Sobre a doença atual):

O início: o que você estava fazendo quando a dor começou? Ela começou de repente
ou aos poucos?
Paliação/ provocação: Alguma coisa faz a dor parar, melhorar ou piorar?
Qualidade: descreva a dor (queimação, facada, incômodo, penetrante)
Região/ irradiação/ referida: você pode apontar o lugar onde a dor está? Ela
permanece localizada ou se move?
Severidade (intensidade): Que nota você dá para a dor em uma escala de 1 a 10,
sendo 1 uma dor leve e 10 a maior dor que já sentiu?
Tempo/ duração: Há quanto tempo está sentido isso?

SAMPLER (Sobre o passado médico):

Sinais e sintomas
Alergias
Medicamentos
Passado médico (história) relevante
Líquidos e lanches ingeridos (quando e o que?)
Eventos que precederam o quadro atual
Risco (fatores de risco).

1 - ALTERAÇÕES DO ESTADO MENTAL

A alteração do estado mental de um paciente é um sinal frequente no contexto


pré-hospitalar, denotando patologias potencialmente graves, e deve ser reconhecida
prontamente pelo socorrista.

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Podem ser consideradas alterações no estado mental qualquer diminuição do


estado de alerta de uma pessoa, dificuldade de cognição (percepção) ou um
comportamento que se desvie do normal. Essas alterações podem ser diferentes de
pessoa para pessoa, podendo variar de confusão mental até um déficit cognitivo
significativo ou coma.
O socorrista deve estar atento para os sintomas e o comportamento do
paciente, assim como exame físico e exame auxiliares como glicemia capilar.
A avaliação neurológica tem suas peculiaridades e será detalhado a seguir. 38

Avaliação neurológica inicial:

- Nível de Consciência:

Em uma primeira abordagem, avalia-se a função cerebral e outras alterações


neurológicas que possam ameaçar a vida. O nível de consciência (NC) deve ser
sempre verificado. Um paciente com atenção limitada ou com discurso desconexo
deve ser avaliado quanto a presença de hipoglicemia, desidratação,
comprometimento cardiovascular, acidente vascular encefálico (AVE) ou
traumatismo craniano. É interessante, se possível, identificar alguém próximo à
vítima ou que tenha assistido ao ocorrido e que possa dar alguma informação para a
formulação da hipótese diagnóstica.
A maneira mais rápida e simples de avaliar o NC do paciente é o processo
AVDN:

1. A Alerta a pessoa, local e dia


Alerta e orientado (AOx3): Sabe dizer o próprio nome (pessoa), local e tempo

Alerta e orientado (AOx2): Sabe dizer o próprio nome (pessoa) e local

Alerta e orientado (AOx1): Sabe precisar somente o próprio nome (pessoa)

2. V Responsivo ao estímulo verbal


3. D Responsivo à dor
4. N Não responsivo

Ao classificar a resposta ao estímulo, deve-se graduar a vítima de acordo com


a melhor resposta obtida. Por exemplo, um paciente desmaiado e que geme em

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resposta a um chamado efusivo do socorrista teria um escore “V” na escala AVDN.


A resposta ao estímulo tátil, como a compressão do leito ungueal, o escore seria “D”.
A Ausência de resposta a estímulos verbais e táteis o escore seria “N”.

Outra classificação de nível de consciência de uma vítima de trauma ou


doença clínica grave é escala de coma de Glasgow (GSC, do inglês Glasgow Coma
Scale).
A GCS avalia as respostas da vítima quanto à abertura ocular e as melhores
39
respostas verbal e motora. O cálculo do escore da GCS pode ser avaliado na tabela a
seguir.

Escala de Coma de Glasgow (GCS)

Abertura Escore Melhor resposta Escore Melhor resposta Escore


ocular verbal motora

Espontânea 4 Orientado e 5 Obedece a comandos 6


conversando

Ao comando 3 Confuso 4 Localiza a dor 5


verbal

À dor 2 Palavras desconexas 3 Movimentos 4


incoordenados

Ausência de 1 Gemidos ou sons 2 Flexão anormal 3


resposta incompressíveis (decorticação)

Ausência de resposta 1 Extensão anormal 2


(descerebração )

Ausência de resposta 1

Um escore de 8 ou menos costuma indicar a necessidade de manejo agressivo


da via aérea, para sua proteção da broncoaspiração, devido ao rebaixamento do NC.
Embora o maior escore possível seja 15, isso não significa que o paciente tenha
capacidade mental plena. A avaliação da vítima não deve ser baseada somente em
escalas, mas no conjunto do exame físico e história clínica.

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A avaliação do NC é de extrema importância para verificar se as condições


neurológicas e de perfusão do paciente estão normais, permitindo que problemas
potencialmente mais graves e/ou fatais sejam identificados precocemente.

A avaliação do Nível Consciência na vítima idosa

Com o envelhecimento da população há o surgimento de doenças que


alteram, de forma crônica, o nível de consciência do idoso podendo dificultar a
primeira avaliação. É comum encontrarmos idosos confusos, desorientados, 40
agressivos e sem entender solicitações simples. Estes sintomas podem ser
decorrentes de patologias crônicas como as síndromes demenciais (doença de
Alzheimer, demência vascular, entre outras).
É muito importante, ao avaliar a vítima idosa com alteração do NC, conversar
com familiares ou pessoas próximas para obter informações sobre o seu estado
neurológico prévio. O contrário também é importante pois não podemos diante de
uma vítima idosa e confusa concluir que esse é o seu estado normal por algum
quadro demencial. Mesmo o idoso que já tenha uma alteração cognitiva prévia pode
ter o quadro exacerbado por outra patologia.
Podemos encontrar, por exemplo, um idoso com quadro de infecção urinária
mais sonolento, confuso, agitado e/ou agressivo, podendo, inclusive, ser vítima de
quedas. Estes sintomas também podem estar presentes na desidratação, hipoglicemia,
hiperglicemia, hiponatremia (sódio baixo no sangue), infarto agudo do miocárdio,
acidente vascular cerebral (AVC), pneumonia, (entre outras patologias).

Importante: toda vítima com alteração de seu nível de consciência deve


ser levada para uma unidade de saúde e ser avaliada pelo médico com exames
clínico e neurológico completo, além de exame laboratorial para identificação do
fator desencadeante e tratar de modo adequado para prevenir agravos à saúde
da vítima.

- Motricidade:

É importante avaliar se o paciente mobiliza os 4 membros, pois a assimetria


pode ser indicativa de lesão neurológica cerebral focal, como um acidente vascular
cerebral ou lesão de um nervo periférico ocasionando a falta de movimento do
membro.

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O paciente que obedece e executa comandos como: “aperte a minha mão”;


“segure esse objeto”; “coloque a ponta do dedo no nariz”; “levante a perna direita”,
mostra uma boa condição de lucidez e de domínio corporal.
Se o paciente não obedece às ordens solicitadas por déficit motor ou tem
dificuldade em realizá-las, pode indicar a uma série de patologias como doenças
desmielinizantes, acidentes vasculares, tumores cerebrais, entre outros. Portanto, a
preservação dos movimentos coordenados, incluindo a marcha, no paciente são
sempre bons indicadores de normalidade no sistema nervoso. 41

- Sensibilidade:

Esta é uma avaliação importante nos pacientes com suspeita de lesão cerebral,
lesão da coluna vertebral ou lesão de nervo periférico. Quando há lesão neurológica
de uma determinada região do corpo, como um segmento da coluna vertebral, o
paciente normalmente refere que há perda total da sensibilidade da região
correspondente e/ou percepção de formigamento, dormência, agulhamento, ou
choque.

- Avaliação Pupilar

As pupilas dão uma impressão útil sobre o estado neurológico do paciente.


No estado neurológico normal, as pupilas são iguais, redondas e rapidamente reativas
à estimulação pela luz direta. Em pacientes com nível de consciência rebaixado ou
em coma, a pupilas podem ser uma forma importante de avaliação da gravidade da
lesão neurológia.
O início da avaliação pupilar é determinado pela observação do diâmetro, da
forma e da simetria com a pupila contralateral. Pupilas assimétricas podem indicar de
lesão focal cerebral (ex: AVC, tumor cerebral). Pupilas com diâmetros pequenos
(puntiformes) e simétricas podem ser indicativas de lesão difusa cerebral (ex:
intoxicação por organofosforato). Pupilas com diâmetros aumentados e simétricos
podem denotar sofrimento cerebral (hipóxia) ou intoxicação por drogas (cocaína).
A avaliação da pupila à reação da luz direta é outro meio de complementar o
exame neurológico. A pupila reage à luz normalmente diminuindo seu diâmetro. A
luz, ao incidir sobre uma das pupilas, a faz contrair simultaneamente com a pupila
contralateral em um paciente sem lesão neurológica significativa. Qualquer alteração

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da reação da pupila à luz é decorrente de lesão cerebral, principalmente se as pupilas


estão dilatadas e não reativas, denotando dano grave ao cérebro.
Não podemos esquecer que há pacientes que foram submetidos à cirurgia
ocular e que devido a isto podem ter alterações na forma pupilar. Na dúvida, se
possível, devemos sempre nos informar se a vítima foi submetida a alguma cirurgia
ocular.

- Manifestações Clínicas
42
1. Estado mental alterado: confusão mental, mudanças de comportamento, entre
outros.
2. Delirium: Alteração aguda na cognição, temporária, com períodos de maior e
menor intensidade, podendo estar associada a alucinações e delírios. Pode ser
confundida com demência, porém esta apresenta alteração crônica da função
cerebral.
3. Síncope: É a perda súbita e transitória da consciência e do tônus postural por
baixa da perfusão cerebral, com recuperação espontânea.
4. Tonteira/ vertigem: Tonteira é uma queixa inespecífica que pode
corresponder à sensação de quase síncope e vertigem é uma sensação anormal de
movimento. Podem estar associadas a tinido, zumbido ou ruído nos ouvidos.
5. Convulsão: Pode ser generalizada (envolvendo perda de consciência),
associada a movimentos tônico-clônicos, incontinência urinária e fecal e mordedura
da língua, ou pode ser uma convulsão focal que afete apenas uma parte do corpo,
sem perda de consciência, mas com possível redução da consciência.
6. Cefaléia: Dor na dor na cabeça que deve ser caracterizada como aguda
(possibilidade: de AVC hemorrágico, tumor cerebral) ou crônica (possibilidade:
enxaqueca, cefaléia tensional, dor miofacial).
7. Ataxia/ distúrbio da marcha: Perda de controle muscular e coordenação dos
movimentos, causando instabilidade do tronco, marcha instável, movimentos
oculares anormais ou diplopia (visão dupla).
8. Déficit neurológico focal: qualquer perda localizada da função neurológica,
como fraqueza, dormência ou perda do movimento em parte de um membro ou em
todo ele, ou em um lado do corpo ou da face.

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9. Outros sintomas: amnésia (esquecimento), movimentos corporais


involuntários, distúrbios visuais e/ou auditivos, náuseas e vômitos, disfagia
(dificuldade de engolir), paresias e paralisias, distúrbios de sensibilidade, dores
radiculares (dor de origem nervosa com sensação de formigamento ou compressão),
perda ou relaxamento esfincterianos (sem controle voluntário urinário e fecal),
distúrbios do sono.
São várias as patologias que podem cursar com alterações neurológicas.
Detalharemos a seguir as mais frequentes no ambiente pré-hospitalar. 43

1.1 - Acidente Vascular Encefálico (AVE):

O acidente vascular encefálico


(AVE), também conhecido como
acidente vascular cerebral (AVC) é
caracterizado pela interrupção aguda do
fluxo de sangue para determinada região
do encéfalo, causando a morte dos
neurônios (células do sistema nervoso).
Os AVEs são classificados em isquêmicos e hemorrágicos. No AVE
isquêmico um trombo ou êmbolo causa obstrução de um vaso, diminuindo o fluxo de
sangue para o cérebro. No AVE hemorrágico há a ruptura do vaso sanguíneo, de
determinada região cerebral, causando extravasamento de sangue para o tecido
cerebral, ventrículos cerebrais ou na cavidade subaracnóide (espaço entre as
membranas que revestem o cérebro).
Os sintomas do AVC podem ocorrer isoladamente; entretanto, em geral os
pacientes exibem uma série de sintomas, que podem ser sutis ou graves. Algumas
vezes, os sintomas são incapacitantes, e o paciente não consegue fazer coisas simples
como telefonar para pedir ajuda, devido a alteração do estado mental, a afasia
(dificuldade na fala) ou a hemiplegia (paralisia em um lado do corpo), entre outros.

Sinais e Sintomas:

1. Fraqueza ou formigamento de início súbito na face, no braço ou na perna,


especialmente de um lado do corpo.
2. Confusão mental ou perda de consciência.

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3. Alteração da fala ou compreensão.


4. Alteração na visão, em um ou ambos os olhos.
5. Alteração do equilíbrio ou coordenação dos movimentos, tonteira ou alteração no
andar.
6. Cefaléia súbita, por vezes intensas, e sem causa aparente (normalmente
relacionado ao AVC hemorrágico).
7. Náuseas e vômitos.
44
A determinação do tempo do início do AVC é de extrema importância para
determinar a indicação de tratamento. Consideramos o momento inicial do quadro a
última vez em que a vítima foi vista em seu estado normal. O tempo é determinante
para o tratamento.
Existem algumas escalas que facilitam a identificação de uma vítima de AVE
e que também podem ser usadas para o acompanhamento do paciente já no ambiente
hospitalar. Uma das mais utilizadas é a escala de Cincinnati (Cincinnati Stroke
Scale).

Escala de Cincinnati

Sinais e Como testar Normal Anormal


Sintomas

Pede-se para o paciente Ambos os lados da Um lado da face não se


mostrar os dentes ou face se movem move tão bem quanto o
Queda facial sorrir. igualmente. outro.

Debilidade dos O paciente fecha os Ambos os braços Um braço não se move ou


braços olhos e mantém os movem-se cai, quando comparado ao
braços estendidos. igualmente ou não se outro.
movem.

Pede-se para o paciente Usa as palavras Pronuncia palavras


dizer “o rato roeu a corretas, com ininteligíveis, usa
Fala anormal roupa do rei de roma” pronúncia clara. palavras incorretas ou é
incapaz de falar.

Existem outros diagnósticos que devem ser lembrados no diagnóstico


diferencial, como: enxaqueca, intoxicação aguda por álcool ou outras drogas,
paralisia de Bell, dissecção da artéria carótida ou da artéria vertebral, anormalidades
eletrolíticas, esclerose múltipla, infecções no sistema nervoso central, transtorno

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psiquiátrico, entre outros. Lembrando que esses diagnósticos necessitam de exames


complementares no hospital.
O ataque isquêmico transitório (AIT) pode ter os mesmos sinais de sintomas
de um AVC, porém observa-se resolução do quadro dentro de 24h, sendo, na maioria
das vezes, em até uma hora. De acordo com a National Stroke Association, cerca de
10% desses pacientes irão sofrer AVC em 90 dias, e cerca de 50%, em 2 dias. O AIT
é um sinal de alerta que não deve ser ignorado. entretanto, precede apenas 1 em cada
8 casos de AVC. 45

Tratamento:

A prioridade imediata no contexto pré-hospitalar é considerar a possibilidade


da vítima estar sofrendo um AVC isquêmico e transportá-la, o mais rápido possível
para um centro hospitalar para tratamento imediato (período de até 4,5h do início do
evento), e assim, tentar reverter as complicações, reduzindo a mortalidade e
morbidade do AVC isquêmico, onde neste período, poderá receber tratamento
trombolítico (Alteplase) ou tromboembolectomia (extração do trombo da artéria
cerebral). Estes pacientes deverão ser levados para unidades hospitalares
especializadas em AVC.

1. Na primeira avaliação, devemos seguir o ABC da vida, observando a via


aérea e a ventilação do paciente principalmente.
2. Administrar oxigênio se a saturação estiver abaixo de 94%.
3. Manter o paciente na posição de Fowler ou decúbito dorsal com ligeira
elevação da cabeça.
Posição de Fowler
4. Não reduzir a pressão arterial, exceto
se ela se mantiver acima de 220x120mmHg,
quando na presença ou sob orientação da
equipe saúde habilitada.
5. A temperatura deve ser reduzida se estiver acima do normal, pois pode
aumentar a lesão cerebral isquêmica.

1.2 - Cefaléia/ Enxaqueca

A cefaléia pode ocorrer isolada ou associada a outro sintomas, e pode ser


decorrente de inúmeras patologias como infecções, crise hipertensiva, acidente

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vascular encefálico isquêmico, hemorragia intracraniana, traumatismo craniano,


tumor cerebral, entre outros.
A enxaqueca consiste em cefaléias intensas e recorrentes acompanhadas de
sintomas neurológicos incapacitantes, como distúrbios visuais ou cognitivos,
tonteira, náuseas e vômitos. Pode durar de 4 até 72h e os principais achados são
cefaléia, fotofobia (sensibilidade à luz), náuseas/ vômitos, hipersensibilidade a sons
ou odores e história prévia de enxaqueca. Devemos sempre estar atentos aos
sintomas associados, assim como anormalidades dos sinais vitais como febre e 46

hipertensão.
Tendo em vista o diagnóstico diferencial com AVE e hemorragia
intracraniana, sempre transporte o paciente até uma unidade que possa fazer a sua
avaliação médica.

1.3 - Crise Convulsiva/ Epilepsia

A convulsão ou Crise Convulsiva é


um episódio de disfunção neurológica
causada por atividade neuronal anormal e
transitória no córtex cerebral que pode
causar a perda ou alteração da consciência,
convulsões ou tremores, alterações
comportamentais, mudanças subjetivas na
percepção (paladar, odor, medo), incontinências e outros sintomas. Ela pode ocorre
como condição primária ou secundária a uma anormalidade subjacente. A epilepsia é
uma condição em que uma anormalidade persistente no cérebro leva a crises
convulsivas recorrentes.
As convulsões podem ser classificadas em generalizadas ou focais. As focais
ocorrem geralmente em um só hemisfério cerebral e o paciente costuma manter a
consciência, porém pode apresentar alterações do estado mental, da responsividade e
do comportamento.

As convulsões generalizadas geralmente estão associadas à perda de


consciência e são subdividas em ausências, atônicas, tônicas, clônicas e tônico-
clônicas.

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Durante uma crise generalizada, o paciente pode apresentar obstrução da via


aérea ou pode não respirar adequadamente, dessa forma o profissional que presta o
primeiro atendimento deve estar atento à manutenção das vias aéreas.
As crises focais são as mais frequentes no paciente com epilepsia e duram, em
geral, 1 a 3 minutos, no entanto podem evoluir para perda de consciência e crises
generalizadas. Existem dois subtipos de crise focal:

Crise focal com manutenção da consciência e da percepção: pode se apresentar, por


47
exemplo, como um movimento rítmico e involuntário de um membro, estando o
paciente acordado e consciente da crise convulsiva durante todo o tempo.
Crise focal com comprometimento da consciência e da percepção ou da
responsividade: pode ocorrer como uma alteração comportamental com o paciente
consciente, mas sem perceber o ambiente a sua volta, por exemplo. O paciente
podem ser tornar agressivo e resistir a qualquer tipo de contato ou contenção física.
Deve sempre ser abordado com cuidado.

Principais achados de uma crise focal:

1. Estado mental alterado.


2. Movimentos rítmicos focais ou generalizados, descontrolados.
3. Olhar perdido no espaço ou ataque de queda, tremor das pálpebras.
4. Grunhidos, repetição de palavras ou frases, riso, gritos, choro.
5. Tira a roupa, anda no meio do trânsito, anda sem rumo.
6. Automatismo.
7. Estado pós convulsivo descrito pela família, pelos amigos ou por cuidadores.

Tratamento:

1. Proteção da via aérea.


2. Administração de oxigênio ou ventilação se necessário, sempre atentando
para o risco de broncoaspiração (aspiração de secreções ou vômito). Considerar o uso
de uma via aérea nasal (equipes de saúde habilitadas).

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Sequência de atendimento a crise convulsiva


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3. Proteção de lesões (providenciar


acolchoamento e retirada de objetos
próximos que possam machucar o
paciente).
4. Providenciar um acesso venoso
(equipes de saúde habilitadas).
5. Verificar os níveis de glicemia.
6. Tratar hipertermia, se necessário. 48

7. Colocar o paciente em decúbito lateral ou posição de recuperação.

Orientações para suporte avançado pré-hospitalar


- Benzodiazepínicos: Primeira linha. Considerar em crises convulsivas maiores que
5 minutos. Se a via intravenosa não for possível de início, pode-se aplicar por via
intramuscular (IM), intranasal (IN), intraóssea (IO) ou retal. As medicações mais
usadas são: diazepam (IV), Midazolam (IV, IM, IN e retal – utilizado em gel para
crianças e lactentes) e o lorazepam (IV).
- Agentes de segunda linha: fenitoína e fenobarbital.
- Cetamina: há evidência de que esse medicamento pode controlar de modo efetivo o
estado de mal epiléptico, particularmente se for resistente ao fenobarbital.
- Anestésicos gerais: último recurso. Ex: propofol.

Nem todos os pacientes adultos precisam de transporte para hospital para


avaliação. Se o paciente no estado pós-ictal (pós-convulsivo) estiver recuperando a
consciência, talvez ele possa não ser removido, mas para isso deve haver um médico
no local ou deve haver o contato com uma equipe médica que possa orientar o
socorrista (Regulação Médica).
Neste sentido, se o paciente estiver na maioridade, voltar ao seu estado de
consciência, estiver totalmente orientado, com estado mental normal e for
considerado como capaz de compreender e aceitar os riscos de não ir ao hospital para
avaliação, ele tem o direito de recusar ser transportado. A equipe do socorro deve
incentivar o paciente a informar o seu médico assistente da ocorrência de uma crise
convulsiva para acompanhamento e ajuste de medicação.
Os pacientes que sofrem uma crise convulsiva pela primeira vez devem ser
sempre transportados para o hospital, assim como crianças com crise convulsiva

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(mesmo que convulsão febril), vítimas de trauma, gestantes, crises convulsivas


ocorridas dentro d’água, pacientes idosos ou diabéticos e se há evidências de uma
possível aspiração.

Caso especial: Convulsão Febril

Geralmente produzidas por febre em crianças entre 6 meses e 3 anos de


idade. São, em grande maioria, inócuas e duram entre alguns segundos a 15 minutos,
tendo em média 2 minutos. A criança deve ser removida para o hospital e devemos 49
manter a via aérea, administrar oxigênio, tomar medidas que melhorem a hipertermia
(como retirada de roupas muito quentes e resfriamento, estando atentos para não
causar tremores), verificar a glicemia capilar e outras alterações neurológicas.

1.4 - Depressão Aguda/ Tentativa de Suicídio:

O suicídio ocorre quando uma pessoa põe fim deliberadamente à própria


vida. Há tentativa de suicídio quando a pessoa tenta cometer suicídio mas não tem
sucesso.
A fisiopatologia da depressão é multifatorial. Podemos observar história
familiar de depressão, abuso de álcool, estresse emocional e outras causas orgânicas.
Ela pode se manifestar de várias formas e os principais achados incluem: fadiga,
desânimo, sensação de desamparo, esquecimento, alterações de apetite e peso,
diminuição nas funções normais como raciocínio e fala, embotamento ou depressão
afetiva;
O diagnóstico diferencial principal é a intoxicação por substâncias, mas
também anormalidades eletrolíticas, cefaléia, psicose, infecções, tumor, entre outros.

O tratamento é feito principalmente com foco no suporte básico e suporte


psicológico, permanecendo atento para o declínio no nível de consciência e
manutenção da via aérea, respiração e circulação.

1.5 - Ataque de Pânico/ Síndrome da Hiperventilação:

O transtorno do pânico é um fenômeno angustiante para os pacientes. A causa


subjacente é psiquiátrica. Trata-se de uma variante da ansiedade, caracterizada por
início súbito de medo intenso (infundado).

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Pode haver história familiar ou pessoal de eventos semelhantes. O abuso de


substâncias pode precipitar as crises.
O principais achados incluem: início súbito de medo ou ansiedade,
palpitações, tremores, dispnéia, sensação de opressão, dor ou desconforto torácicos,
tonteira, sensação de desfalecimento, calafrios ou ondas de calor, medo de morrer. O
tratamento é apenas sintomático e depende do que o paciente se queixa.

1.6 - Hipoglicemia:
50
A Diabetes Mellitus é uma doença crônica muito comum e suas complicações
são diversas, sendo a hipoglicemia um complicador importante em situações de
emergência, e a mais comum.
A hipoglicemia é caracterizada por um nível anormalmente baixo de glicose
no sangue, geralmente abaixo de 70 mg/dl (<3,3mmol/L). É importante não
considerar apenas este número, pois pacientes com níveis altos de glicemia e com
redução rápida de seus valores, podem ter sintomas de hipoglicemia mesmo com
valores acima de 70 mg/dL. A hipoglicemia não tratada está associada à morbidade e
mortalidade significativas.
A hipoglicemia pode estar relacionada às vítimas insulinodependentes
resultante da administração de insulina em excesso e/ou do consumo inadequado de
alimentos ou de mudança do programa terapêutico. Nos diabéticos não
insulinodependentes a hipoglicemia está muito relacionada ao uso de
hipoglicemiante oral com meia vida longa, principalmente em pacientes idosos.
A hipoglicemia em pacientes não diabéticos é denominada hipoglicemia de
jejum (mais comum em doença hepática grave, tumores pancreáticos, defeitos
enzimáticos, superdosagem de fármacos e infecção grave) ou hipoglicemia pós-
prandial (mais comum em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica).

A hipoglicemia em situações extremas pode levar à perda de consciência, ou


a crises convulsivas, sendo muito graves e necessárias medidas imediatas.
Em uma primeira análise, pacientes que estejam fazendo hipoglicemia
parecem fazer eventos neurológicos agudos como um acidente vascular encefálico.

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Principais sinais e sintomas:

51

Conduta:

1. Abordar a vítima avaliando o nível de consciência e realizando o exame ABC


da vida.
2. Avalie os sinais vitais e realize o exame de glicemia capilar.
3. Pacientes acordados, alertas e com capacidade de deglutir oferecer suco,
lanches, gel de açúcar.
4. Pacientes com rebaixamento do NC, sem capacidade de deglutir, obter um
acesso venoso e infundir 50 mL de solução de glicose à 10%. Lembrar de
realizar este atendimento em comum acordo com a regulação médica.
5. Repetir a glicemia capilar se necessário e repetir a solução de glicose 10%

Orientações para suporte avançado pré-hospitalar:


- Em falta de acesso venoso fazer Glucagon 1 a 2 mg IM.
- Manter soro glicosado 10% continuo até a chegada hospitalar, nos casos de hipoglicemia
resistente.

Mesmo que a vítima recobre a consciência é prudente encaminhar para uma


unidade hospitalar para se descartar problemas de ordem metabólica, infecciosa e/ou
neurológica. Além disso, o paciente pode ter utilizado medicações de ação longa e
pode apresentar um novo episódio de hipoglicemia em um intervalo muito curto.

Caso especial: Cetoacidose diabética

Caracteriza-se pela concentração plasmática de glicose maior que 350mg/dL


(>19,4mmol/L), produção de cetonas, nível sérico de bicarbonato menor que
15mEq/L e acidose metabólica.

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O fator desencadeante mais comum é a interrupção do esquema de insulina,


no paciente portador de diabetes melito, ou infecção.
A cetoacidose diabética, sem os exames apropriados, é de difícil distinção de
outras patologias como a sepse (infecção generalizada), gestantes em condições
especificas, abuso de álcool, entre outros.
Os principais sinais e sintomas são: náuseas e vômitos, dor abdominal
(principalmente em crianças), taquipnéia/hiperpneia (respiração rápida), hálito com
odor de frutas, fadiga e fraqueza, aumento da diurese, alteração do nível de 52

consciência, hipotensão ortostática (ao ficar de pé), arritmia cardíaca, convulsões e


choque.
O tratamento deve ser realizado em uma unidade hospitalar, já que é baseado
em hidratação vigorosa e insulinoterapia. No ambiente pré-hospitalar o atendimento
é restrito ao suporte com manutenção da via aérea, respiração e circulação, além de
hidratação (realizada pela equipe de saúde habilitada).

2 – ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES:

2.1 - Desconforto Torácico (Precordiagia)

O desconforto torácico inclui não somente a dor, mas também sintomas como
sensações de aperto, esmagamento, queimação e pontada. São numerosas as causas
para essas manifestações, podendo ter origem em diversos sistemas. As causas mais
comuns estão descritas no quadro abaixo.
Causas de dor torácica

Cardiovasculares Pulmonares Gastrintestinais


Sind. coronariana aguda Embolia pulmonar Ruptura esofágica
Insuficiência cardíaca Pneumotórax hipertensivo Colecistite
congestiva
Dissecção aórtica Infecções respiratórias Dispepsia
Tamponamento cardíaco Pleurisia Doença do refluxo
gastroesofágico
Arrtimia Hérnia hiatal
Pancreatite
Doença ulcerosa péptica
Dados de Advanced Medical Life Support, ed 2, NAEMT, NAEMSP, 2017.

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A dor torácica pode ser consequência tanto de patologias agudas e


potencialmente graves quanto de patologias crônicas de menor gravidade. Entretanto,
os profissionais que realizam o primeiro atendimento a um paciente com essa
queixas devem sempre ter alto índice de suspeição para as patologias mais graves.

Alguns outros sintomas podem estar associados à dor torácica, como:

1. Diaforese (sudorese e pele fria)


2. Hemoptise (tosse com sangue) 53
3. Síncope (desmaio) ou sensação de síncope
4. Dispnéia (falta de ar)
5. Náuseas e vômitos

Na primeira abordagem, devemos priorizar quaisquer sinais e sintomas que


possam nos fazer pensar em causas potencialmente fatais de desconforto torácico,
considerando-se sempre a possibilidade de síndrome coronariana aguda, que
detalharemos um pouco mais a seguir.

Síndrome Coronariana Aguda (SCA)

Nas diretrizes atuais do AHA


(American Heart Association), a
síndrome coronariana aguda abrange a
angina estável, a angina instável e o
infarto agudo do miocárdio. Ela ocorre
por uma alteração da relação
oferta/demanda de oxigênio ao coração
ou por uma interrupção abrupta do
suprimento de sangue para coração.
São os principais fatores de risco para a doença coronariana a hipertensão
arterial, o diabetes, a dislipidemia (colesterol alto), a obesidade, o sedentarismo e o
tabagismo. Devemos lembrar que esses fatores são evitáveis e/ou tratáveis com
medicações rotineiras.
A SCA necessita de avaliação médica o mais rápido possível para que o
tratamento seja iniciado e assim mais células miocárdicas sejam poupadas e não
sofram necrose.

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A dor torácica de origem cardíaca geralmente tem características como uma


dor no peito fortemente opressiva com irradiação para o dorso, membro superior
esquerdo e/ou mandíbula, podendo durar de minutos a horas.
Outros sinais e sintomas que podem estar associados são: pele fria e
sudoreica, palidez cutânea intensa, sensação de morte iminente, além de náuseas e
vômitos.
Lembrando sempre que pacientes idosos, diabéticos e mulheres acima de 50
anos podem apresentar síndrome coronariana aguda sem desconforto torácico, 54

evoluindo com sinais e sintomas de descompensação cardíaca como dispnéia (falta


de ar), sensação de desmaio e cianose de extremidades ou até mesmo sinais mal
definidos como desconforto abdominal e náuseas.
A síndrome coronariana geralmente é decorrente de doença aterosclerótica
coronariana (placas de gordura e cálcio que obstruem as artérias) e alguns fatores
como estresse, traumas, infecções e/ou exercício físico, podem desencadear essa
alteração da demanda/oferta de sangue ao coração.
É importante lembrar da necessidade da urgência de reconhecimento dos
sinais e sintomas da dor torácica de origem cardíaca e do rápido transporte em
segurança para um centro médico mais próximo.
O paciente deve ser prontamente avaliado, colocado em uma posição
confortável, ser ofertado oxigênio a fim de manter a saturação de oxigênio acima de
94%, manter a cabeceira da maca elevada, proibir a ingestão oral de alimentos ou
líquidos e realizar o contato com o hospital mais próximo, ou com a regulação
médica.

Tentar realizar perguntas básicas rápidas (anamnese) como (OPQRST):

1. Uso de medicações
2. Histórico de alergias
3. Doenças prévias
4. Cirurgias prévias como cirurgias cardíacas e/ou implante de stents
coronarianos (ou se caso teve indicação de tais procedimentos e não realizou)
5. O que estava fazendo quando a iniciou a dor
6. Existem fatores que pioram ou melhoram o sintoma
7. Tempo decorrido do início da dor
8. Tipo de dor (queimação, pontada, incômodo, aperto...)
9. Intensidade (pontuando entre 1 e 10, sendo 1 uma dor leve e 10 a pior dor já
sentida pelo paciente

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No atendimento pré-hospitalar, caso não haja contra-indicação, e quando na


presença ou sob orientação de um médico, costuma-se fazer a utilização de 162mg a
325mg de ácido acetilsalicílico (2 a 4 comprimidos de 100mg – aspirina infantil),
administração de oxigênio e nitroglicerina sublingual (1 comprimido de 0,4mg) em
pacientes que permaneçam com pressão arterial sistólica acima de 90 mmHg.
No hospital alguns exames serão realizados para confirmar ou descartar a
síndrome coronariana aguda. Exames comumente solicitados são: eletrocardiograma
de 12 derivações, radiografia de tórax e dosagem de enzimas cardíacas. Conforme o 55

resultado podem ser solicitados ecocardiograma e, se necessário, cateterismo


cardíaco e/ou cirurgia de revascularização miocárdica.

Orientações para suporte avançado pré-hospitalar:

- Ácido acetilsalicílico: 162mg a 325mg (2 a 4 comprimidos de AAS infantil)


mastigados ou deglutidos. Administrar nos pacientes com dor torácica, exceto se
alérgicos, ou se há crise de asma ou história de episódio recente de sangramento por
úlcera. O socorrista ou o próprio paciente podem ser orientados por uma equipe de
saúde, por atendimento remoto, a administrar essa medicação.
- Oxigênio: Administrar 10 a 15L/min de oxigênio por máscara não reinalante a
todos os pacientes com dispnéia, sinais de insuficiência cardíaca, choque ou
saturação de oxigênio menor que 94%. Se houver dispneia intensa ou edema agudo
pulmonar secundário deve-se administrar por ventilação por pressão positiva não
invasiva (CPAP ou BiPAP) ou bolsa-válvula-máscara.
- Estabelecer acesso endovenoso preferencialmente antes de administração de
nitroglicerina.
- Nitroglicerina: via sublingual (0,4mg) ou por spray dosimetrado, a cada 3 a 5
minutos enquanto a pressão sistólica permanecer acima de 90mmHg. Deve-se
atentar para o uso da nitroglicerina em pacientes com infarto de ventrículo direito.
Não deve ser usada em pacientes com hipotensão, bradicardia grave e taquicardia,
assim como em pacientes que fizeram uso de inibidores da fosfodiesterase
(sildenafila, tadalafila, vardenafila) para disfunção erétil nas últimas 24 a 48h. Não
administrar sem que haja monitorização cautelosa da pressão arterial. Manter o
paciente sentado ou deitado durante a administração. Pode-se iniciar uma infusão
de nitroglicerina para controle mais definitivo da dor e da pressão arterial com
10mcg/min. Titular até o alívio da dor aumentando a dose com 10mcg a cada 3 a 5
minutos.
- Considerar morfina: 2 a 8mg endovenoso, titulando conforme o desconforto
torácico. Pode ser administrada uma vez de 1 a 5mg em um paciente com IAMCSST
cujo desconforto não tenha sido aliviado com nitroglicerina e oxigênio.

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- Administração pré-hospitalar de inibidores orais do difosfato de adenosina (ADP)


tem sido considerada como potencialmente útil para pacientes com IAMCSST.
- Administração pré-hospitalar de fibrinolíticos é controversa.

Fonte: Advanced Medical Life Support, ed 2, NAEMT, NAEMSP, 2017.

2.2 - Hipertensão Arterial

A hipertensão arterial geralmente é uma


doença silenciosa, multifatorial,
56
caracterizada por elevação sustentada da
pressão arterial com níveis pressóricos
maiores que 130x 80 mmhg. Apresenta
uma prevalência elevada na população
acima de 60 anos. Mantém associação
com doenças como acidente vascular
cerebral, infarto agudo do miocárdio,
doença vascular periférica, insuficiência
cardíaca e insuficiência renal, sendo sua
descoberta realizada às vezes no primeiro atendimento de uma crise hipertensiva, já
com lesão desses órgãos.
Entre os fatores de risco modificáveis encontramos a diminuição da ingestão
de sódio, a diminuição no consumo de álcool e o início de atividade física regular.
Pacientes hipertensos com sintomas como: dor de cabeça, visão turva, dor
torácica, alteração do nível de consciência e dispnéia, devem ser prontamente
atendidos com avaliação dos sinais vitais como pressão arterial, oximetria de pulso e
aferição da glicemia capilar. Devem ser colocados em posição confortável com a
cabeceira elevada e ofertados oxigênio quando necessário para o transporte ao
hospital mais próximo.
Pacientes hipertensos sem sinais ou sintomas de descompensação dos órgãos
alvos, devem ser orientados a procurar atendimento ambulatorial para controle
pressórico.

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3 - ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS

Inúmeras são as patologia clínicas que podem causar dispnéia (falta de ar).
Detalharemos mais adiante algumas causas mais frequentes encontradas pelo
socorrista no ambiente pré-hospitalar.
Quando abordamos uma vítima com queixa de falta de ar é importante,
primeiramente, diferenciar se há sofrimento respiratório ou insuficiência
respiratória.
57
No sofrimento respiratório, manobras de reanimação simples, como
administração de oxigênio suplementar ou ventilação com pressão positiva por meio
de dispositivo de bolsa-válvula-máscara, são o suficiente para a melhora. No entanto,
se encontrarmos sinais de insuficiência respiratória, devemos implementar as
medidas imediatas de reanimação, como uso de dispositivos de via aérea
supraglótica, tubo laríngeo ou intubação orotraqueal (somente para profissionais
habilitados de saúde), para manter a via aérea e a ventilação do paciente.

Sinais de Alerta para a Insuficiência respiratória Iminente

Frequencia respiratória > 30 ou < 6 respirações/minuto

Saturação de oxigênio <90%

Uso de múltiplos grupos de músculos acessórios

Incapacidade de ficar deitado em posição supina

Taquicardia com freqüência >140 batimentos/minuto

Alteração do estado mental

Incapacidade de eliminar secreção/ muco oral

Cianose de leitos ungueais ou lábios

Fonte: Advanced Medical Life Support, ed 2, NAEMT, NAEMSP, 2017.

Causas mais frequentes de dificuldade respiratória no ambiente pré-hospitalar:

3.1 - Obstrução da via aérea

A principal causa de obstrução de via aérea no paciente adulto inconsciente é


a queda de língua, que já foi abordada em capítulos anteriores nessa edição do
manual.

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Em crianças e lactentes, a causa mais frequente de obstrução de vias aéreas é


a aspiração de corpo estranho, devendo-se realizar as manobras de tentativa
desobstrução conforme já detalhado no capítulo de asfixia desta edição.

3.2 - Asma

A asma é uma doença pulmonar


obstrutiva das vias aéreas inferiores, em que há
relato de episódios anteriores de dificuldade 58
respiratória com fatores precipitantes.
É uma causa comum de atendimento
em emergência, responde por uma alta taxa de
internações anuais e apresenta alto índice de
reinternação principalmente por não adesão ao tratamento. Os achados precoces de
asma incluem um ou mais dos sinais e sintomas abaixo:

1. Roncos e sibilos
2. Dispnéia
3. Aperto no tórax
4. Sinais de infecções respiratórias recentes e/ou exposição a alérgenos como
rinorréia (nariz escorrendo), congestão (entupimento), cefaléia, faringite (dor de
garganta), rouquidão, tosse e mialgias (dor no corpo).
Na elaboração de um diagnóstico de asma, um episódio somente de roncos e
sibilos não fecha o diagnóstico. Surtos repetidos são necessários para identificar a
provável causa. Outras doenças que se manifestam com sinais de roncos, sibilos e
dispnéia são as pneumonias virais ou bacterianas, disfunção ventricular por infarto
agudo do miocárdio e doença pulmonar obstrutiva crônica.

Em crianças, essas manifestações devem levar em conta o diagnóstico


diferencial com alterações de doenças cardíacas congênitas além de obstrução de via
aérea por aspiração de corpo estranho.

Indicadores de exacerbação grave da asma incluem:

1. Saturação de oxigênio <92%


2. Taquipneia
3. Consulta no setor de emergência ou hospitalização frequentes e/ou recentes
4. Qualquer história de intubação por asma

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5. Picos de fluxo <60% dos valores previstos


6. Uso de musculatura acessória e retração
7. Duração dos sintomas > 2 dias
8. História de uso frequente de corticosteroides e uso atual de teofilina

No primeiro atendimento deve ser ofertado oxigênio suplementar ao paciente


em sofrimento respiratório e deve-se atentar para os sinais de sintomas de alerta da
insuficiência respiratória iminente.

Orientações para suporte avançado pré-hospitalar:


59
A terapia deve ser escalonada conforme a gravidade da exacerbação.

- Salbutamol: Beta agonista de uso inalatório (primeira linha). Deve ser usado 2,5 a
5mg a cada 20 minutos por três doses ou de forma contínua, seguido por 2,5 a 10mg
a cada 1 a 4 horas conforme a necessidade. Em crianças, administra-se 0,15mg/kg
Dose mínima 2,5mg) a cada 20 minutos, seguido por 0,15mg a 0,3mg/kg a cada 1 a
4 horas conforme indicado pela condição do paciente , até 10mg.
- Beta 2 agonistas parenterais: Usar com cautela, devido ã tendência a causar
hipertensão aumentar o trabalho cardíaco e a demanda de oxigênio. A terbutalina
0,25mg ou a epinefrina 0,3mg a 1:1000 intramuscular podem auxiliar o agonistas
inalatórios.
- Ipatrópio: 0,5mg a cada 20 minutos até três doses, e depois, conforme a
necessidade. Maior efeito em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica ou
com história de tabagismo.
- Corticosteróides: Metilprednisolona 40 a 125mg, endovenoso, em adultos ou
2mg/kg em pacientes pediátricos. Triancinolona, intramuscular, 60mg em adultos ou
0,3 a 0,3mg/kg em crianças maiores de 6 anos. O efeito dos corticosteróides pode
levar horas até o seu início.
- Sulfato de magnésio: 2g ao longo de 30 a 60 minutos, ajudando a relaxar a
musculatura lisa dos brônquios.
- Mistura gasosa de hélio e oxigênio (Heliox): pouco usado.

Fonte: Advanced Medical Life Support, ed 2, NAEMT, NAEMSP, 2017.

3.3 - Doença Pulmonar Obstrutiva crônica (DPOC)

É uma obstrução do fluxo de ar causada por bronquite crônica ou associada


ao enfisema pulmonar. É mais prevalente em homens do que em mulheres,
principalmente brancos. A incidência aumenta conforme a idade, especialmente nos
fumantes.
Os sinais e sintomas mais comuns que podemos observar em um paciente
portador de DPOC são: tórax em formato de barril, sibilância (assobios com a
respiração), dispnéia, uso da musculatura acessória, tosse crônica, elevação da

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pulsação jugular, edema periférico (inchaço), intolerância aos esforços (casos


avançados) e infecções respiratórias de repetição.

Exacerbação aguda da DPOC Sinais e sintomas de alerta

Dispnéia Saturação <90%

Tosse produtiva ou não Taquipnéia (>30 resp/min)

Intolerância aos esforços Cianose periférica ou central


60
Sibilância Alterações do estado mental por
hipercapnia (excesso de gás carbônico)

Dor ou desconforto torácico

Sudorese

Ortopnéia (incapacidade de permanecer


deitado devido à falta de ar).

O tratamento inicial é realizado com a oferta de oxigênio suplementar de


baixo fluxo, por cânula nasal ou máscara de venturi, mantendo a saturação em pelo
menos 94%.

Orientações para suporte avançado pré-hospitalar:

A terapia deve ser escalonada conforme a gravidade da exacerbação.

- Se o paciente permanecer hipoxêmico com oxigênio de baixo fluxo (<80% de


saturação) e as extremidades estiverem pálidas ou cianóticas, deve-se aplicar
máscara não reinalante e preparar-se para o manejo agressivo das vias aéreas.
Alguns estudos sugerem um teste com máscara CPAP antes da intubação de
pacientes DPOC alertas e com hipercapnia aguda.
- Salbutamol: Beta agonistsa de uso inalatório, embora não tão efetivos quanto na
asma, devem ser utilizados assim que se garantir a via aérea. Deve ser usado 2,5 a
5mg a cada 20 minutos por três doses ou de forma contínua, seguido por 2,5 a 10mg
a cada 1 a 4 horas conforme a necessidade.
- Beta 2 agonistas parenterais: Usar com cautela, devido ã tendência a causar
hipertensão aumentar o trabalho cardíaco e a demanda de oxigênio. A terbutalina
0,25mg ou a epinefrina 0,3mg a 1:1000 intramuscular podem auxiliar o agonistas
inalatórios.
- Ipatrópio: 0,5mg a cada 20 minutos até três doses.

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- Corticosteróides: Metilprednisolona 40 a 125mg, endovenoso, em adultos.


Triancinolona, intramuscular, 60mg em.
- A ventilação mecânica invasiva está indicada quando, apesar de terapia agressiva,
o paciente tem alteração do estado mental, acidose, fadiga respiratória e hipóxia.

Fonte: Advanced Medical Life Support, ed 2, NAEMT, NAEMSP, 2017.

3.4 - Causas inflamatórias e infecciosas


61
Infecções de vias respiratórias superiores (Ex: faringite, sinusite,...) e
inferiores (Ex: Pneumonia, tuberculose,...) por vezes cursam com dificuldades
respiratórias. Entretanto, devemos lembrar que outra causas infecciosas ou
inflamatórias, como pancreatite, colecistite (inflamação da vesícula), úlcera
perfurada, feridas extensas, infecção urinária grave, entre outras, também podem
levar a dificuldade respiratória, principalmente pelo aumento da demanda de
oxigênio nas áreas acometidas. Destaca-se, nesses casos, a sepse (infecção
generalizada) que pode levar à insuficiência respiratória.
Devemos lembrar que não é o papel do socorrista realizar o diagnóstico do
sofrimento ou da insuficiência respiratória, e sim levar o primeiro suporte ao paciente
até que o mesmo seja atendido por um profissional de saúde habilitado e/ou que seja
transportado a uma unidade de saúde.

3.5 - Populações Especiais

Pacientes idosos: esse paciente apresenta uma ampla gama de alterações


fisiológicas que podem prejudicar a capacidade do organismo de oxigenar o sangue.
Como esse alterações são graduais ao longo da vida, o paciente normalmente
encontra-se compensado. No entanto, qualquer alteração que cause um desequilíbrio
no organismo desse paciente, pode resultar em sofrimento ou insuficiência
respiratória. É um paciente que deve ser avaliado com cautela e que nunca devemos
subestimar os sintomas, já que o quadro pode evoluir gravemente em pouco tempo.

Pacientes Obstétricas: A fisiologia pulmonar muda na gestação, reduzindo a


reserva respiratória devido à elevação da demanda de oxigênio. Uma
descompensação respiratória pode ocorrer rapidamente.

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Pacientes Obesos: o aumento da massa corporal eleva a demanda de energia


para atividades rotineiras, além de limitar a expansão dos pulmões na inspiração,
principalmente em decúbito.

3.6 - Outras Causas

A dificuldade respiratória também pode ocorrer em distúrbios


cardiovasculares, neuromusculares e metabólicos comuns, como hipoglicemia,
acidente vascular cerebral (AVC) e infarto agudo do miocárdio além de intoxicações, 62
mas essas causas são discutidos em outras seções deste manual.

4 - DISTÚRBIOS CAUSADOS PELO AMBIENTE

Em uma cidade com a do Rio de janeiro, imaginamos que a lesão grave por
exposição ao frio não ocorre. Porém, enquanto a hipotermia é tipicamente associada
ao clima frio, ela também pode ocorrer em condições não tão extremas, mas que
levem a temperatura corporal a cair para menos de 35,6°C. Situações como surfistas
e nadadores expostos a águas muito frias, vítimas de naufrágios que permaneceram
por muito tempo na água ou idosos e crianças expostos a temperaturas muito baixas
de um ar condicionado, por exemplo.
Por outro lado, a exaustão pelo calor é uma condição bastante comum nessa
região, principalmente no verão.
O corpo humano tem dois sistemas para regular a temperatura: a regulação
comportamental (esforço consciente do indivíduo em reduzir o desconforto térmico)
e a termorregulação fisiológica (resultando em suor no calor excessivo e no tremor
no frio extremo por exemplo).
A manutenção e a dissipação da temperatura corporal podem ser feitas através
dos seguintes fenômenos:

1. Radiação: transferência de energia de um objeto mais quente para um mais


frio na forma de energia eletromagnética. Ex: calor vindo do chão quente,
calor emitido pelo sol,..
2. Condução: transferência de calor entre dois objeto que estão em contato um
com o outro. Ex: corpo em contato com chão frio.

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3. Convecção: transferência de calor de um objeto sólido para um objeto que o


envolve, mas que esta sob outra forma, como liquido ou ar. Ex: nadador na
água.
4. Evaporação: do suor no estado líquido para o vapor.

Os extremos de temperatura podem causar lesões graves e potencialmente


fatais. Dessa forma, detalharemos os principais sinais e sintomas, assim como o
atendimento inicial a vítimas expostas a essas condições.
63
4.1 - Hipotermia:

A hipotermia é o resfriamento
generalizado do organismo que ocorre
pela exposição a temperaturas baixas,
sendo o organismo incapaz de retornar
às funções corporais normais.
A gravidade da hipotermia é
proporcional ao tempo de exposição ao
frio e ao meio em que a vítima se
encontra. A transferência de calor
corporal é até 25 vezes mais rápida em
meio líquido do que no ar, por esse
motivo a hipotermia ocorre mais rapidamente em vítimas imersas em ambiente
líquido.
Crianças, principalmente os recém nascidos, e os idosos são mais propensos a
hipotermia. Assim como os desabrigados, desnutridos e pessoas com alteração do
nível de consciência por ingestão alcoólica. Uma pessoa que consumiu álcool
também é mais susceptível à hipotermia, pois ele bloqueia a produção de glicose no
corpo e inibe o tremor máximo para a produção de calor.
O organismo necessita da glicose para manter a contração muscular durante
os tremores, dessa forma, é comum a hipoglicemia após longos períodos de
exposição ao frio extremo. Essa alteração deve ser corrigida assim que possível para
se manter o mecanismo termorregulador.
Para se fazer o diagnóstico de hipotermia (temperatura <35°C medida por
termômetro retal), sempre deve se ter em mente essa possibilidade, mesmo que as

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condições ambientais não sejam altamente propícias. Os sinais e sintomas se tornam


mais severos com a progressão da hipotermia. Não esqueça que os termômetros
comuns de mercúrio só marcam até 35°C.

A classificação da hipotermia de acordo com o guideline da AHA 2010, no


qual se baseia o tratamento, se dá da seguinte forma:

1. Hipotermia leve (32 a 35°C): vítima com tremores, com queixa de frio, falta
de coordenação motora e confusão mental (em alguns casos), pele fria e pálida. 64

2. Hipotermia moderada (30 a 32°C): cessam os tremores, ocorre queda da


pressão arterial, o pulso se torna lento e irregular (palpar pulso central). A frequência
respiratória diminui (até 2 respirações por minuto) e as pupilas reagem lentamente ou
permanecem fixas e dilatadas, ocorrendo a diminuição importante do nível de
consciência. O eletrocardiograma pode identificar fibrilação atrial (mais comum).
3. Hipotermia grave (<30°C): ocorre queda maior da pressão arterial, piora do
nível de consciência com evolução para o coma, diminuição acentuada da frequência
respiratória, eletrocardiograma pode identificar até mesmo fibrilação ventricular
(FV).

Manejo Inicial da vítima de hipotermia:

1 - A avaliação inicial ocorre com o A-B-C-D-E. Estabilização de via aérea com


oferta de oxigênio, checagem da circulação e, quando possível, colocar a vítima em
local aquecido, retirando roupas molhadas e agasalhar com cobertores e mantas
térmicas. Em pacientes com hipotermia severa o aquecimento ativo poderá ser
realizado com soro aquecido.

2 - Avaliar o nível de glicemia através do glicosímetro e ofertar glicose quando


necessário. Pacientes conscientes podem receber oferta de glicose por via oral
através de bebidas aquecidas e alimentos. Nos pacientes com queda do nível de
consciência, a oferta deve ser feita por via venosa.

3 - Colocar o paciente em posição confortável e realizar a transferência para hospital


próximo. Manter avaliação dos sinais vitais durante o transporte. Em caso de parada
cardiorrespiratória, manter a ressuscitação cardiopulmonar por tempo prolongado,

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até que ocorra elevação da temperatura para 35°C. O coração em hipotermia grave
responde mal às drogas vasoativas e à desfibrilação elétrica.

Orientações para suporte avançado pré-hospitalar:

- Vítimas de hipotermia e inconscientes devem ter sua via aérea protegida


(intubação).
- Desfibrilar se necessário e retomar a RCP. 65
- Adiar o uso de medicamentos cardíacos e desfibrilação subsequente até que a
temperatura esteja acima de 30°C. Se possível iniciar os procedimentos com
oxigênio aquecido e úmido e soluções aquecidas, além de uso de técnicas efetivas
para evitar a perda de calor.
- Para hipotermia moderada e grave o aquecimento passivo somente não é o
suficiente.

Sugestão de leitura complementar: algoritmo referenciado do PHTLS

Fonte: Advanced Medical Life Support, ed 2, NAEMT, NAEMSP, 2017.

Caso especial: Hipotermia por Imersão

O maior risco ocorre quando a imersão acontece em águas com temperaturas


menores que 25°C. Uma vez que a dissipação do calor é 24 vezes maior do que a do
ar, a hipotermia ocorre mais comumente nessa situação.
Indivíduos vítimas de imersão em água fria e sem previsão de serem retirados
do local devem procurar minimizar as perdas de calor usando a postura de redução
de perda de calor (HELP – permanecer com as pernas e braços cruzados junto ao
corpo) ou a posição de agrupamento (técnica de Huddle) com múltiplas vítimas de
imersão se unindo.
A principal preocupação com a vítima de imersão é a morte rápida resultando
de pânico que leva à aspiração de água e afogamento. Mas existem outras três fases
em que a vítima pode ir à óbito.

1. Primeira fase: resposta ao choque por frio - com resfriamento rápido da


pele, vasoconstricção periférica, um “reflexo do engasgamento”, e a inabilidade de
apneia, hiperventilação e taquicardia. Pode haver morte súbita em alguns minutos,
além de síncope ou convulsões.

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2. Segunda fase: incapacitação causada pelo frio – com resfriamento


significativo nos próximos 5 a 15 minutos, tendo efeito danoso a motricidade fina e
global das extremidades, com má coordenação, perda de força e incapacidade de
nadar.
3. Terceira fase: início da hipotermia – se a vítima não é capaz de se manter na
superfície da água por causa da fadiga e da hipotermia, pode acontecer a aspiração e
o afogamento.
4. Quarta fase: Colapso peri-resgate – Observado em 20% das vítimas que 66

sobrevivem até a fase quatro. Até 90 minutos do transporte e até 24h após o resgate.
Pode ocorrer devido à queda posterior da temperatura interna, colapso da pressão
arterial e alterações como hipóxia, acidose ou alterações rápidas do pH que induzem
a fibrilação ventricular.

Outras leões causadas pelo frio:

- Desidratação: evaporação do suor, perda de calor pelo aumento da respiração e


diurese induzida pelo frio.

- Lesão por contato com superfícies congeladas: queimadura pelo frio.

- Urticária pelo frio: coceira, vermelhidão e inchaço da pele.

- Eritema pérnio (frieiras): coceira, sensibilidade bolhas arroxeadas nas superfícies


extensoras dos dedos principalmente.

- Ceratite solar (cegueira da neve): ocorre dentro de 1h, mas aparece somente após 6
a 12h da exposição. Levam ao lacrimejamento excessivo, dor, vermelhidão, inchaço
das pálpebras, dor quando se olha para a luz, cefaleia e visão nebulosa. Deve-se
cobrir os olhos e levar o paciente para atendimento médico.

- Lesão cutânea localizada pelo frio: podem ser congelantes e não congelantes.
Deve ser removido para uma unidade hospitalar.

4.2 - Distúrbios causados pelo calor:

a) Exaustão pelo calor: Temperatura corporal menor que 40,5°C, geralmente em


pessoas que estão em estados de depleção de volume (ingesta hídrica insuficiente ou

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atividades em ambientes muito quentes sem a reposição de líquidos). Se houver


alteração do nível de consciência é mais provável que seja um caso de insolação.

Sinais e sintomas:

1. Fraqueza, mal estar e letargia.


2. Cefalia, vertigem.
3. Náuseas e vômitos.
4. Taquicardia, transpiração. 67
5. Dor abdominal.
6. Câimbras musculares.

b) Intermação ou insolação: Temperatura corporal de até 42°C ou mais. O corpo


não é mais capaz de regular a temperatura, a alterações do estado mental e falha de
múltiplos órgãos.

Sinais e sintomas:

1. Confusão mental.
2. Hiperventilação, taquicardia e hiperventilação.
3. Insuficiência cardíaca, edema pulmonar, distúrbio hidroeletrolítico.
4. Sangramento gastrintestinal, disfunção hepática.

Tratamento: Atendimento primário de vias aéreas, respiração e circulação. Iniciar


medidas de resfriamento (ex: imersão em água ou uso de lençóis molhados) e
transporte para uma unidade hospitalar. Retirar as roupas do paciente e monitorar a
temperatura. Interromper as manobras de resfriamento quando a temperatura cair
para abaixo de 39°C. Se houver choque hipovolêmico deve-se iniciar a reposição de
fluidos (profissional de saúde habilitado) mantendo-se a pressão arterial média
(PAM) em 60mmHg.

c) Síncope pelo calor: Temperatura corporal geralmente acima de 40°C. É associado


principalmente a pessoas com doenças pré-existentes como desidratação. A
fisiopatologia da síncope associada ao exercício é semelhante, já que o sangue tende
a permanecer no sistema periférico deixando o retorno venoso mais lento e gerando
uma hipoperfusão cerebral momentânea.

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Tratamento: é feito pela retirada do paciente do ambiente com temperatura elevada e


hidratação.

d) Hiponatremia associada ao exercício: a hiponatremia é diminuição excessiva do


sal no organismo. Isso pode acontecer em atletas durante períodos de exercício
extenuante (ex: maratonas). A causa mais comum é o consumo excessivo de água
sem ingestão de sódio adequada, para repor a perda pelo suor.

Sinais e sintomas: 68

1. Leves: Tonteira, náuseas, vômitos, cefaleia (Sódio entre 135 e 130mmol/L).


2. Moderadas: Confusão mental e desorientação (Sódio entre 130 e 125mmol/L).
3. Graves: consciência alterada, letargia, edema pulmonar, convulsões ecoma
(Sódio < 125mmol/L).

Tratamento: Restringir a ingestão de água, administrando alimentos com sal ou


solução salina. Se não houver resposta, sequência ABC, ofertar oxigênio a 15l/min,
solução salina hipertônica bolus de 100ml a 3 (somente se na presença de um
médico) repetindo até uma vez após 10min. Transportar o paciente o mais
brevemente possível para o hospital na posição sentada ou decúbito lateral esquerdo.

e) Outras alterações pelo calor:

1. Rash cutâneo pelo calor (brotoeja): resfriar e secar a área afetada.


2. Edema causado pelo calor (inchaço): edema leve. Retirar roupas e adornos
apertados.
3. Câimbras musculares causadas pelo calor: alongamento, permanecer em
ambiente fresco, reposição líquida contendo sal como chás ou isotônicos.
4. Tetania causada pelo calor: exposição ao calor curta eintensa, resultando em
hiperventilação que leva a dormência, formigamento, espasmos musculares. É
autolimitada e deve-se realizar somente a retirada da fonte de calor.

5 – INTOXICAÇÕES POR DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS

Os agentes tóxicos podem ser substâncias químicas industrializadas ou


naturais, como por exemplo: peçonhas animais, medicamentos, produtos químicos,
pesticidas, gases, vapores, drogas ilícitas, etc.

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No ambiente pré-hospitalar temos algumas substâncias mais comuns como


causa de intoxicação.
Inicialmente, tratar de uma vítima de intoxicação não é diferente de tratar
outra vítima não intoxicada. A cena deve ser SEMPRE avaliada para que não haja
riscos para o socorrista e/ou sua equipe e deve ser solicitada ajuda, se necessária.
Uma vez assegurado, o socorrista pode iniciar a avaliação do paciente. As
informações importantes a serem colhidas, quando possível, são o tipo de droga, a
quantidade, como foi administrada (ingerida, aspirada, fumada, injetada), se já era 69

usada antes, durante quanto tempo e se foi misturada com outra substância. No caso
de pacientes agitados ou agressivos, o socorrista deve sempre manter a calma, sendo
tranquilizador e não ameaçador para o paciente. Se o paciente está sonolento ou
inconsciente, devemos iniciar as manobras de proteção das vias aéreas, até que o
paciente acorde ou que seja possível instalar uma via aérea definitiva (suporte
avançado).

a) Organosfosforados e Carbamatos (Ex: pesticidas, chumbinho): Sinais e


sintomas como miose (pupilas puntiformes), sudorese, lacrimejamento, diurese,
defecação, bradicardia, broncorreia (secreção nos brônquios), vômitos,
miofasciculações (tremores musculares), edema pulmonar, convulsões, hipertensão,
coma, paralisia, insuficiência respiratória.

Tratamento: Usar equipamento de proteção individual, priorizar o manejo da via


aérea, monitorização cardíaca e lavagem gástrica/carvão ativado (se passado menos
de 1h da ingestão).

Orientações para suporte avançado pré-hospitalar: Atropina 1 a 5mg a cada 5


minutos, dependendo dos sintomas. A pralidoxima (2-PAM) pode ser considerada
apenas para organofosforados.

b) Ácidos (ácido de bateria, limpadores de ralo, ácido clorídrico, entre outros) e


Álcalis (limpadores de ralo, fertilizantes, reveladores fotográficos, entre outros):
Sinais e sintomas como sensação de queimação na cavidade oral, faringe e esôfago;
disfagia (dificuldade para engolir), sofrimento respiratório, ulcerações ou bolhas,
sintomas de perfuração do esôfago como dor torácica ou enfisema subcutâneo.

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Tratamento: irrigar a boca com grande volume de água, beber água ou leite (250ml).
Não induzir vômitos e nem realizar lavagem gástrica. Se a contaminação for nos
olhos, irrigar por 15 minutos com água ou soro fisiológico. Se for na pele, irrigar por
5 minutos. Transportar o paciente o mais rápido possível para um ambiente
hospitalar.

c) Benzodiazepínicos, sedativo-hipnóticos e tranquilizantes: São pacientes com


quadro clínico variável podendo apresentar hipotensão (pressão baixa), perda dos
70
reflexos protetores da via aérea, diminuição dos reflexos tendinosos profundos,
confusão, sonolência, estupor e coma.

Tratamento: No pré-hospitalar, o cuidado mais importante é a proteção contra a


broncoaspiração e queda da língua, além de administração de oxigênio suplementar.

d) Antidepressivos tricíclicos: Podem apresentar boca seca, taquicardia, retenção


urinária, constipação, midríase (pupilas dilatadas), borramento da visão, depressão
respiratória confusão mental, alucinações, hipertermia (temperatura corporal
elevada), arritmias ventriculares e convulsões.

Tratamento: Não há antídoto. O carvão ativado pode ser prescrito se a ingestão


ocorreu há menos de 1h. Manter suporte básico de vida.

Orientações para suporte avançado pré-hospitalar: Monitorização cardíaca, acesso


intravenoso e administração de grandes quantidades de bicarbonato de sódio (em
geral mais de 4 ampolas), para manter o complexo QRS<110ms.Agitação, tremor e
convulsões devem ser tratados com doses escalonadas de benzodiazepínicos.

e) Opióides e Opiáceos (fentanila, morfina, metadona, oxicodona, hidrocodona,


meperidina, propoxifeno, heroína, codeína e ópio): Podem ser administrados por
via oral, intranasal (aspiração), intradérmica (picadas na pele), intravenosa ou por
inalação (fumo). Os sinais e sintomas podem ser euforia ou irritabilidade, sudorese,
miose (pupila puntiforme), câimbras abdominais, náuseas e vômitos, depressão do
sistema nervoso central, depressão respiratória, hipotensão, bradicardia ou
taquicardia e edema pulmonar.

Tratamento pré-hospitalar: manejo da via aérea, respiração e circulação.

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Orientações para suporte avançado pré-hospitalar: Administração precoce de


naloxone. Considerar a contenção do paciente antes da administração, pois o
paciente acorda agressivo.

f) Etanol: A maior parte do álcool ingerido é absorvido em até uma hora. Os sinais e
sintomas variam de acordo com a quantidade ingerida.

Efeitos do etanol em relação à concentração de álcool no sangue


71
0,02% <25 mg/dl Efeitos pouco evidentes, discreta intensificação do humor

0,05% <25 mg/dl Desinibição, sensação de calor, rubor da pele, prejuízo leve do
julgamento

0,10% 25-50 Fala discretamente arrastada, perda do controle motor fino,


mg/dl labilidade emocional, riso inapropriado

0,12% 50-100 Dificuldades de coordenação e equilíbrio, prejuízo importante da


mg/dl cognição e do julgamento

0,20% 100-250 Responsivo a estímulos verbais, fala muito arrastada, marcha


mg/dl cambaleante, diplopia (visão dupla), dificuldade para se manter
de pé, perda de memória

0,30% 100-250 Pode ser acordado por estímulos dolorosos, respiração profunda
mg/dl e ruidosa

0,40% 250-400 Não responsivo, incontinência, hipotensão, respiração irregular


mg/dl

0,50% >400mg/dl Possibilidade de morte por apnéia, hipotensão ou aspiração de


vômitos

Fonte: Advanced Medical Life Support, ed 2, NAEMT, NAEMSP, 2017.

Tratamento no pré-hospitalar: manejo da via área, acesso intravenoso para reposição


de fluidos e eletrólitos (equipe de saúde habilitada), descartar hipoglicemia.

Orientações para suporte avançado pré-hospitalar: Reposição de fluidos e


eletrólitos. Considerar naloxone se o paciente se mantiver irresponsivo ou com
depressão respiratória, pensando no uso prévio de opióides. A tiamina pode estar
indicada no consumo de grandes quantidades de álcool, assim como a hemodiálise.

g) Cocaína e Crack: Agitação e pupilas dilatadas (midríase) são os principais sinais


de intoxicação por cocaína/crack, podendo estar associados a hipertensão ou

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hipotensão, taquicardias ou arritmias, taquipneia ou hiperpneia, IAM induzido por


cocaína, hipertermia, agressividade, confusão, alucinações, convulsões, cefaleia,
paranoia e comportamento antissocial. O risco de ocorrer um acidente vascular
encefálico está significativamente aumentado, além do risco de morte súbita.
A segurança da equipe de socorro deve ser uma prioridade, podendo ser
necessário o auxílio policial.

Tratamento: oxigênio suplementar, acesso, venoso, monitorização cardíaca e


72
oximetria de pulso. Descartar a hipoglicemia.

Orientações para suporte avançado pré-hospitalar: Evitar o uso de epinefrina e beta


bloqueadores. Podem ser usados antiarrítmicos (lidocaína, bloqueadores dos canais
de cálcio), anticonvulsivantes, anti-hipertensivos (alfa-bloqueadores como a
fentolamina ou vasodilatores como nitroprussiato), benzodiazepínicos conforme a
necessidade. Irrigação intestinal ou dose única de carvão ativado no caso de
ingestão de pacotes de cocaína. Tratar mioglobinúria, se presente. Os efeitos
costumam ser passageiros e geralmente o paciente pode ser liberado após 2 a 6
horas.

h) Alucinógenos (LSD, cetamina, MDMA, MDA, MMDA, canabinóides): Os


pacientes podem exibir comportamento perigoso, alterações de estado mental,
pensamento delirante ou paranoide, ilusões visuais, hipertensão e taquicardia.

Tratamento: Em geral, apresentam, agudamente, poucos efeitos colaterais. Alguns


usuários podem apresentar comportamento agressivo, necessitando de contenção.
Podem precisar também de atendimento devido a lesões traumáticas.

Orientações para suporte avançado pré-hospitalar: Intoxicações por LSD podem


necessitar de benzodiazepínicos ou antipsicóticos (haldol pode estar indicado). O
efeito da droga dura 8 a 12h, porem os efeitos psicóticos podem persistir por dias.

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Capitulo III
Assistência ao Politraumatizado no APH

De acordo com o DATASUS 2014, as causas externas compõem a principal


causa de morte em indivíduos jovens na faixa etária compreendida entre 10 e 29 anos
de idade, sendo a 3º causa de morte entre todas as faixas etárias. Apenas na quinta
década de vida é que o câncer e as doenças cardiovasculares se comparam ao trauma 73
como principais causas de morte. Destacamos ainda, que 80% das mortes na
adolescência e 60% das mortes na infância, decorrem de trauma.
Em alguns casos, é possível evitá-la através de intervenções simples tais
como: manter a via aérea desobstruída, imobilizar a coluna vertebral, assegurar uma
respiração patente, ocluir feridas abertas no tórax, manter uma temperatura normal e
conter as hemorragias externas, são exemplos de procedimentos críticos e eficientes
que podem ser realizados até a chegada do socorro especializado.
Os Bombeiros Militares do Estado do Rio de Janeiro devem ter como rotina
avaliar as condições do evento durante o trajeto entre a Unidade de Bombeiro Militar
e o local do evento baseando-se no maior número de informações colhidas desde a
solicitação do socorro, obtendo detalhes quanto à natureza do incidente de trauma,
número de vítimas, condições locais (iluminação, exposição a produtos perigosos,
risco de desabamento, explosões, etc.) e a necessidade de solicitar apoio de socorro
avançado de saúde e/ou outros órgãos (Polícia Militar, Companhia de Engenharia de
Tráfego, Guarda Municipal, concessionárias de energia, água e esgoto, dentre
outras).

1- ETAPAS INICIAIS DO SOCORRO – PERGUNTAS NORTEADORAS:

A base do conhecimento do socorrista provém de várias fontes, incluindo


treinamento pessoal, perfil profissional, cursos de especialização, Instruções Técnico
profissionais (ITP) e a experiência de campo. Destacamos que o início de todo
atendimento ao trauma no ambiente pré-hospitalar, perpassa pela realização de
perguntas norteadoras. Neste contexto, o socorrista deve questionar-se acerca das
seguintes indagações:

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1- Qual foi a Cinemática do Trauma?


2- A cena está segura e qual é a impressão geral da vítima?
3- Qual é o Número de vítimas e qual a necessidade solicitar de apoio?
4- Qual Equipamento de Proteção Individual (EPI) devo utilizar além da
Biossegurança?

a) Cinemática do Trauma

A aplicação dos princípios da cinemática do trauma na avaliação da vítima


ajuda a prever lesões que de outra forma poderiam passar sem serem percebidas. 74
Deixar de suspeitar de lesões, por não avaliar adequadamente a cinemática, pode ter
um impacto desastroso no prognóstico do paciente.
Neste contexto, ressaltamos que diferentes tipos de acidentes apontam para
um padrão diferente de lesão na vítima. Essa interpretação, acerca da cinemática,
realizada pelo socorrista, direciona o exame que será realizado na vítima, a fim de
descobrir o trauma grave.

Gravidade do incidente a partir da avaliação da Cinemática do Trauma:

AVALIANDO A VÍTIMA: AVALIANDO O LOCAL – CENA

Alteração do nível de consciência Morte de um dos ocupantes do


veículo

Dificuldade para falar Ejeção de um dos ocupantes

Palidez, Sudorese, Pele fria. Queda maior que 2 X a altura da


vítima

Sangramento massivo em jatos. Colisão com velocidade maior 32


Km/h.

Dor intensa no pescoço Danos severos ao veículo

Lesão penetrante cabeça, pescoço Atropelamento


e tronco

Fratura de clavícula, Traumatismo Queda de moto


craniano, Traumatismo de coluna
vertebral, trauma de tórax, trauma
abdominal e trauma bacia e
extremidades

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b) Segurança da Cena e Impressão Geral

A primeira preocupação do socorrista quando chegar ao local do incidente de


trauma deve ser: A própria segurança, depois da equipe e posteriormente a
segurança da vítima. Ninguém deve tentar realizar um socorro se não for habilitado
a fazê-lo e nenhum membro da equipe deve se tornar uma vítima, pois isso impedirá
que a equipe esteja apta a atender outras pessoas, aumentará o número de vítimas e
diminuirá a disponibilidade de socorristas, o que resultará na desestabilização da
75
equipe e retardo do atendimento.
Além da segurança da guarnição, a segurança da vítima também deve ser
garantida. Toda vítima de lesão traumática deverá ser transportada para um local
seguro antes mesmo da abordagem inicial e instituição do tratamento das lesões.
Ao chegar à cena, o socorrista deve também estar atento para realizar uma
impressão geral da vítima. A impressão geral é um procedimento que busca uma
visão simultânea ou geral da posição em que a vítima se encontra e seus estados
respiratório, circulatório e neurológico, a fim de identificar qualquer problema
externo significativamente grave.
Ao realizar a impressão geral, o socorrista já terá dado uma olhada rápida, em
torno de 10 a 15 segundos, na vítima, efetuando num primeiro momento um exame
global de sua condição e uma avaliação da possibilidade de risco iminente de morte.

Destacamos três prioridades na chegada à cena:

1- Avaliar a cena e estabelecer a segurança na operação;

2- Reconhecer a existência de múltiplas vítimas e desastres. Neste caso as


prioridades mudam, pois em vez de destinar os recursos à vítima mais
grave, deve-se dirigir-se ao maior número de vítimas possíveis, executando
uma triagem diferenciada, assunto este que será abordado posteriormente e;

3- Examinar a vítima (Nível de consciência, A, B, C, D e E)

Exemplos de condições que oferecem risco à Segurança da Cena:

1. Condições climáticas e ambientais desfavoráveis ao atendimento;


2. Ausência de Policiamento;

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3. Armas de qualquer natureza;


4. Tráfego de veículos no local;
5. Exposição a explosivos, material inflamável e produtos perigosos;
6. Fios energizados expostos;
7. Iluminação local inadequada;
8. Sangue e fluidos corporais;
9. Estruturas colapsadas;
10. Posicionamento e sinalização inadequados da viatura de socorro durante 76
o atendimento.

c) Número de Vítimas e Necessidade de Apoio (recursos adicionais)

Quando a situação no local exigir recursos que excedam a capacidade da


viatura e da equipe, quer seja pelo número de vítimas, quer pela complexidade das
lesões encontradas, a melhor conduta é solicitar apoio imediatamente.
Em relação ao número de vítimas, o socorrista deve confirmar, com
assertividade, o quantitativo das mesmas. Desta forma, destacamos alguns pontos
que devem ser avaliados: a cinemática do trauma, o local do incidente, as condições
da estrada, condições climáticas adversas, acidente noturno, a presença de barrancos
e desfiladeiros, o número de automóveis envolvidos e o relato das testemunhas do
incidente.
Reiteramos que todo serviço de atendimento pré-hospitalar possui um sistema
organizado de Regulação Médica. E desta forma, a atividade de atendimento direto
ao paciente na cena deve ser regulada, possibilitando o apoio operacional necessário
ao socorrista.

d) Biossegurança – EPI

Antes de abordar a(s) vítima(s), tendo garantido a segurança da cena e já


ciente das informações sobre a situação do incidente, o socorrista deve utilizar todo o
equipamento de proteção individual (EPI) disponível e adequado à necessidade do
momento: óculos de proteção, luvas de látex, máscaras e protetores faciais,
capacetes (quando indicados), roupas especiais e etc.
Os riscos biológicos mais comuns no atendimento as vítimas de trauma estão
relacionados principalmente a sangramentos e outros fluidos e eliminações corporais
(vômitos, urina e/ou fezes). Os principais riscos na exposição a esses fluidos estão

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associados a contaminação por vírus dos tipos HIV e os das hepatites, sendo a
hepatite B o maior potencial de contaminação. Por essa razão é de grande
importância que o bombeiro militar esteja devidamente protegido ao realizar
atendimento a vítimas de trauma. Caso ocorra algum tipo de exposição, tal como
perfurações e/ou respingos de sangue nos olhos, por parte dos componentes das
guarnições, estes devem imediatamente comunicar a equipe de saúde de sua unidade
ou ao seu superior para que os devidos cuidados preventivos sejam iniciados.
77
Roteiro de avaliação situacional para o atendimento ao trauma:

PERGUTAS NORTEADORAS ETAPAS INICIAIS

O que aconteceu? Por que solicitaram o socorro? Cinemática do


1
Trauma

Como aconteceu o incidente? Qual foi mecanismo ou


cinemática (biomecânica) do trauma e que forças e energias
provocaram as lesões da(s) vítima(s)? Cinemática do
2
Existe algum outro fator relacionado à vítima (alteração Trauma
clínica) que possa ter desencadeado o trauma?

A cena encontra-se realmente segura?


3 Segurança da Cena
Há produto perigoso na cena?

Qual a impressão geral do paciente? (Avaliar posição Segurança da Cena e


4 vítima, comunicação verbal, respiração e sangramento
externo) Impressão Geral

Qual o número de vítimas envolvidas e qual a idade de cada


5 Número de Vítimas
uma delas?

Há necessidade de apoio de socorro avançado ou de mais


6 Necessidade de Apoio
recursos de pessoas e/ou viaturas?

Há necessidade de acionar apoio de outras instituições (CET,


7 GM, PM, Cia de Energia, Cia de Água e Esgoto, etc.)? Necessidade de Apoio

Há necessidade de apoio com equipamento especializado


8 Necessidade de Apoio
(guindaste, reboque, etc.)?

9 Há necessidade de Socorro Aeromédico? Necessidade de Apoio

Qual EPI devo utilizar para o atendimento?


10 Biossegurança
Há necessidade de EPI especial para o atendimento?

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2- EXAME DO POLITRAUMATIZADO

O Exame do politraumatizado é a pedra fundamental para o melhor


tratamento da vítima. Para a vítima traumatizada, bem como para qualquer paciente
numa emergência, a avaliação é a base para todas as decisões de atendimento e
transporte.
Primeiramente devemos determinar a condição atual da vítima para detectar
condições que ameacem a vida e quais intervenções de urgência e reanimação serão
78
iniciadas e condições que requeiram atenção sejam identificadas e tratadas antes da
remoção da vítima para o hospital de referência, para que a mesma possa suportar o
transporte e receber seu tratamento definitivo no ambiente intra-hospitalar.
Caso haja tempo e a vítima apresente condições é recomendado realizar uma
avaliação secundária, para identificar lesões que ameacem os membros ou que não
estão comprometendo a vida. De modo geral, essa avaliação ocorre durante o
transporte da vítima para o hospital. Todas essas etapas são realizadas de forma
rápida e eficiente, com o objetivo de minimizar o tempo gasto no local.
Vítimas críticas não devem permanecer no local, a não ser que estejam
encarcerados ou existam outras complicações que impeçam o transporte rápido.
Levar a vitima politraumatizado para tratamento cirúrgico definitivo em um mínimo
de tempo, após a instalação da lesão é prioridade porque geralmente o
politraumatizado grave que não responde ao tratamento inicial e está provavelmente
com hemorragia interna.
O tempo estimado de cena não deve ultrapassar 10 minutos para que a vítima
esteja tendo seu tratamento definitivo ainda dentro da primeira hora do evento
ocorrido (Hora de Ouro).

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a) Avaliação Primária do Politraumatizado:

NC- Nível de consciência


A- Abertura das Vias Aéreas e estabilização da coluna cervical

B- (Boa) Ventilação

C- Circulação (perfusão e controle de hemorragias) 79

D- Déficit neurológico

E- Exposição e ambiente

O exame primário é dividido em seis etapas que devem ser seguidas de forma
sistemática para que nenhuma informação sobre as condições da vítima seja
negligenciada.

NC- Nível de consciência:

Avaliação do nível de consciência.

No momento da avaliação do nível de consciência o socorrista deve focar


somente em duas vertentes, consciente ou inconsciente e rapidamente determinar se a
vítima preserva ou não a via aérea patente. Estimar a escala de Glasgow de coma
para determinar se é inferior a 9 também pode auxiliar o Bombeiro, contudo não é
necessária sua aplicação nesse primeiro momento. O método recomendado pelo
CBMERJ para o socorrista avaliar o nível de consciência é o AVDI (Alerta, Resposta
Verbal, Resposta ao estimulo doloroso e inconsciência).

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A - Abertura de vias aéreas e estabilização da coluna cervical:

O objetivo dessa etapa é checar rapidamente se a vítima respira e garantir que


não haja nenhuma obstrução à passagem do ar. Caso haja algum tipo de obstrução,
deve ser corrigida imediatamente, pois a obstrução leva à redução da quantidade de
oxigênio no organismo (hipóxia). Esta hipóxia é uma importante causa de morte que
pode ser evitada com o emprego de algumas manobras simples. Nos casos de
traumatismo, devemos atentar para a presença de: queda de língua, presença de corpo 80
estranho na cavidade oral, traumas de face, secreções (sangue e vômito).

Técnica de abertura de boca com os dedos cruzados (figura 1) e Técnica


estabilização manual da coluna cervical e elevação modificada da mandíbula
(figura 2):

Figura 1 Figura 2

O socorrista deve estabilizar a coluna cervical da vítima segurando sua cabeça


apoiada sobre uma superfície rígida e elevando a mandíbula empurrando para cima
os dois ângulos da mandíbula com os dedos indicadores ou polegares.
Caso haja muita secreção ou sangue e o aspirador não esteja disponível, o
socorrista deve realizar o rolamento a 90º e fazer varredura digital com compressas
de gazes.
No pré-hospitalar a técnica de aspiração respeita os seguintes critérios: pré-
oxigenação e re-oxigenação no intervalo da aspiração, aspiração por até 10 segundos,
a aspiração deve acontecer durante a retirada do cateter, preferencialmente o cateter
deve ser rígido, a prioridade é a aspiração da cavidade oral e vítimas com TCE e
suspeita de fratura da base do crânio tem contra indicação de aspiração nasal.

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Outro recurso disponível é o uso de cânulas orofaríngeas. A finalidade desse


dispositivo é manter a base da língua distante da região da passagem do ar. O
socorrista deve medir a cânula antes de introduzi-la, a técnica de mensuração e
introdução da cânula é a seguinte: após identificar o equipamento o socorrista deve
medir a cânula do ângulo da mandíbula ou do lóbulo da orelha até a comissura labial
da vítima, certificando-se que o tamanho é compatível com a vítima. Deve-se
introduzi-la direcionando-a para o palato duro (céu da boca) e quando encontrar a
primeira resistência gira-se a mesma acabando de introduzi-la. Em crianças é 81

necessário ter um abaixador de língua e a cânula deve ser introduzida no mesmo


sentido que irá permanecer na cavidade oral.

Medição , aplicação e adaptação da cânula orofaríngea na vítima

B- (Boa) Ventilação:

Ao avaliar a ventilação, o socorrista deve atentar para a presença ou não de


respiração e determinar a qualidade da mesma através do método “VER, OUVIR e
SENTIR” estimando sua frequência e profundidade para decidir qual procedimento
irá tomar. Vítimas que não respiram e, de um modo geral, vítimas inconscientes que
respiram acima 24 e abaixo de 08 incursões respiratórias por minuto necessitam de
suporte ventilatório, e as demais necessitam de oxigênio suplementar.
Ao detectar alteração na respiração da vítima, o socorrista deve inspecionar o
pescoço e o tórax (anterior e posterior) da vítima procurando sinais como: alteração
de jugulares, hematomas e feridas no tórax. No caso de existência de ferida
aspirativa no tórax uma medida salvadora é a oclusão da ferida. Essa medida deve
ser reavaliada periodicamente, visto que pode se tornar o pneumotórax fechado em
hipertensivo. Caso isso ocorra deve-se retirar temporariamente (por alguns segundos)
a oclusão até que o desconforto respiratório (taquicardia, taquipnéia, entre outros
sinais) seja novamente aliviado e então reaplicar a oclusão.

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Oferta de O2 Suplementar sob Suporte ventilatório enriquecido Oclusão de ferida aspirativa


máscara com O2
82

Toda vítima de trauma necessita de oxigenioterapia para prevenir a lesão


secundária causada pela hipóxia.

Execução da técnica “Ver, Ouvir e Sentir”.

C- circulação:

O choque hemorrágico, causado pelas hemorragias internas, é a maior causa


de morte no trauma. Ao avaliar o sistema circulatório, socorrista deve buscar
hemorragias externas e sinais de hipoperfusão tais como: palidez cutânea, pele fria
e pegajosa, pulso radial fino e rápido, enchimento capilar superior a 2 segundos
e respiração rápida, que são todos sinais precoces de estado de choque
hipovolêmico. Na presença de sangramentos vultuosos em membros que não são
controlados com curativo compressivo, o socorrista deve considerar aplicação de
torniquete.

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Avaliação de pulso e temperatura. Avaliação do pulso e perfusão Verificação, comparativa, de pulso


tecidual. central e periférico.

83
D - Déficit neurológico:

Ao avaliar o déficit neurológico o socorrista deve minimamente reavaliar o


nível de consciência, verificar o padrão das pupilas e as condições de sensibilidade e
motricidade, avaliando força e movimentos. Pode ainda calcular a escala de coma
Glasgow de coma que varia de 3 a 15, avaliando a abertura ocular, a resposta verbal
e a resposta motora e quanto menor o valor, mais grave é o quadro da vítima.
Importante ressaltar que durante a avaliação da abertura ocular o Bombeiro deve
avaliar as pupilas também.

Exame de foto reação pupilar. Exame de verificação de força e motricidade.

Avaliação de pulso, motricidade e sensibilidade.

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E - Exposição e Ambiente:

Durante a avaliação é feita a exposição da vítima que tem por finalidade


identificar lesões ou sinais de traumatismos fechados (exemplo a visualização de um
hematoma abdominal), porém o socorrista deve atentar para o ambiente e prevenir a
hipotermia expondo o necessário e aquecendo a vítima após terminar a avaliação
primária. A exposição deve ser criteriosa e objetiva. O socorrista deve ainda ter em
mente que vítimas de trauma sofrem agravo no seu estado geral quando expostas a
84
baixas temperaturas. A hipotermia pode agravar o estado de choque hemorrágico,
pois interfere nas respostas fisiológicas compensatórias. Roupas molhadas, ar
condicionado da viatura, eventos em regiões climáticas de baixa temperatura, são
situações que podem levar ao quadro de hipotermia.
Ao término da avaliação primária, o socorrista deve concluir com um
diagnóstico sindrômico como, por exemplo, o estado de choque e caso seja
identificado risco iminente de morte para a vítima, o socorrista esta autorizado a
interromper a avaliação primária logo após a avaliação da circulação e retomar a
avaliação no interior da ambulância a caminho do hospital.

Exposição da vítima.

Reavaliação:

A reavaliação consiste na verificação do nível de consciência, A, B, C,


pescoço, tórax, abdome e checagem de procedimentos tais como: acesso venoso,
imobilizações e curativos e sinais vitais. Esta deve ser sempre realizar a cada 5
minutos em vítimas graves e sempre que realizar algum procedimento.

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b) Avaliação Secundária do Politraumatizado:


A avaliação secundária consiste na avaliação sistematizada e minuciosa da
vítima como alguém que visa buscar lesões que não foram percebidas durante a
avaliação primária, tal avaliação, segue a sequência crânio podal onde o socorrista
deve passar por todos os seguimentos corporais (Cabeça, pescoço, tórax, abdome,
cintura pélvica, MMIS, oco axilar e região dorsal), na avaliação dos sinais vitais
utilizando equipamentos de monitorização, e no colhimento da história AMPLAS
(Alergias, Medicações, Prenhes, Líquidos e alimentos, Ambiente do Evento e Sinais
e Sintomas). Em vítimas graves é comum que a equipe acabe por não realizar todo o
85
exame secundário devido a necessidade de manter as reavaliações, realizando apenas
a coleta da história e verificação dos sinais vitais.

3- HEMORRAGIAS E CHOQUE:

a) Choque Hipovolêmico (hemorrágico): Relacionado com perda de volume


sanguíneo circulante. Perfusão orgânica inadequada.

“O Choque Hipovolêmico é a causa mais comum de choque no doente


traumatizado”.

CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE HIPOVOLÊMICO:

O choque hemorrágico pode ser dividido em quatro classes, dependendo da


gravidade da hemorragia, conforme abaixo:

Hemorragia classe I: Estágio de poucas manifestações clínicas. Os mecanismos de


compensação estão agindo e auxiliam a manutenção da pressão arterial estabilizada.

Hemorragia Classe II: A maioria dos adultos consegue compensar esta perda de
sangue, ativando o sistema nervoso simpático (adrenalina na corrente sanguínea) que
manterá a pressão arterial estável = choque compensado!

Hemorragia classe III: a maioria das vítimas não consegue compensar esta perda
de volume, e ocorre hipotensão. Muitos desses doentes necessitam de transfusão
sanguínea e intervenção cirúrgica.

Hemorragia Classe IV: estágio de choque grave. Essas vítimas geralmente têm
poucos minutos de vida. A sobrevida depende de controle imediato da hemorragia

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(cirurgia quando necessária) e reanimação agressiva, incluído transfusão de sangue e


plasma, com mínimo de solução cristaloide.

Avaliação do Choque Hemorrágico de Acordo com sua Classe:

Qnt Perda Classe I Classe II Classe III Classe IV


Perda de Até 750 750-1.500 1.500 - 2000 > 2.000
Sangue (ml)
% do volume Até 15% 15% -30% 30%-40% >40% 86
Pulso <100 100-120 120-140 >140

Pressão Normal Normal Diminuída Muito diminuída


Arterial
Pressão de pulso Normal ou Diminuída Diminuída Diminuída
aumentada

Frequência 14-20 20-30 30-40 >35


Ventilatória
Estado Ansiedade bem Ansiedade leve Ansiedade, Confusão,
discreta confusão letargia
Mental
Débito urinário >30 ml 20-30 5-15 Imperceptível
(ml/h)

Reposição de Cristalóide Cristalóide Cristalóide + Cristalóide +


fluidos sangue sangue

Fonte: Modificado de American Collegeof Surgeons Committee: Advanced Trauma Life Support for
th
doctors, student course manual, 9

Perda Sanguínea Associada às Fraturas:


Tipo de Fratura Perda Aproximada (ml)

Costela 125
Rádio e ulna 250-500

Úmero 500-700

Tíbia e fíbula 500-1000


Fêmur 1000-2000

Pelve 1000- intensa

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b) Choque Distributivo: está relacionado com as alterações do tônus vascular


decorrentes de várias causas diferentes. O choque distributivo pode ocorrer em
virtude da perda do controle do sistema nervoso autônomo sobre a musculatura lisa
que controla o tamanho dos vasos sanguíneos ou da liberação de substâncias
químicas que causam vasodilatação periférica. Essa perda pode ser causada por
trauma de medula espinhal, simples desmaio, infecções graves ou reações alérgicas.
Ex: choque neurogênico (hipotensão), choque séptico, choque anafilático.
87

c) Choque Cardiogênico: relacionado com a interferência na função de


bombeamento do coração. É toda alteração que leva à falha no mecanismo de
bombear sangue. Ex: Tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo, arritmias.

Sinais Associados aos Tipos de Choque:

Sinais Vitais Hipovolêmico Neurogênico Séptico Cardiogênico

Temperatura Fria, pegajosa Quente, seca Fria pegajosa Fria pegajosa


da pele

Coloração da Pálida, cianótica Rosada Pálida Pálida, cianótica


pele

Pressão Diminuída Diminuída Diminuída Diminuída


arterial

Nível de Alterado Lúcido Alterado Alterado


consciência

Enchimento Retardado Normal Retardado Retardado


capilar

Ø Tratamento:

ü Garantia de oxigenação (via aérea e ventilação adequada). FiO2 > 0,85.


ü Identificação de hemorragias (controle de hemorragias externas)
ü Transporte rápido ao centro de tratamento definitivo.
ü Administrar fluidos durante o transporte, conforme adequado.
ü Manutenção da temperatura corpórea. (aquecer a vítima)

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Ø Etapas de controle da hemorragia externa no ambiente pré-hospitalar


são:
ü Pressão manual direta
ü Curativos compressivos (bandagens, gaze, atadura)
ü Torniquetes (membros)

O controle da hemorragia externa deve ocorrer por etapas. 88

Em locais onde torniquetes não podem ser colocados (tronco ou pescoço),


agentes hemostáticos podem ser utilizados.

Ø Torniquetes - Orientação:

Caso uma hemorragia externa não possa ser controlada por pressão, a
aplicação do torniquete é a etapa lógica seguinte o qual também deve ser utilizado
quando houver síndrome do esmagamento e amputação traumática.
Cabe ressaltar que o torniquete é um equipamento industrializado disponível
e comercializado no Brasil, porém seu custo ainda é muito elevado, desta forma o
CBMERJ orienta os bombeiros militares improvisarem de duas formas respeitando
os seguintes princípios:

Largura da bandagem: Deve ter cerca de 10 cm.

Local da aplicação: Proximal ao ferimento – cerca de 10 cm ou um punho cerrado.


Caso o torniquete não interrompa completamente a hemorragia, então outro deve ser
colocado proximal ao primeiro.

Força: Deve ser apertado o suficiente para bloquear o fluxo arterial.

Tempo: Podem ser usados com segurança por até 120 a 150 minutos até a sala de
cirurgia, sem lesões nervosas ou musculares. Identificar no torniquete a hora de
colocação.

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Torniquete industrializado Bandagem elástica industrializada

Observação 89

O torniquete industrializado e as bandagens elásticas deverão ser, preferencialmente,


a escolha em casos de hemorragias não controladas, entretanto, na ausência dos
materiais em questão, poderá ser utilizado como meios de fortuna, câmara de ar de
bicicleta ou torniquete improvisado com material rígido e tecido.

Ø Administração de Fluidos – reanimação volêmica:

Vítimas de choque hemorrágico devem ser submetidas a medidas que


controlem a hemorragia externa, receber quantidades mínimas de solução eletrolítica
por via intravenosa ou intraóssea e ser rapidamente transportado ao hospital.
A administração de um volume limitado de solução eletrolítica antes da
reposição de sangue é a abordagem correta durante o transporte ao hospital. Como
resultado da superinfusão de cristalóide terá maior quantidade de fluido intersticial
(edema), resultando em menor transferência de oxigênio às hemácias resultando em
mais hipoxia tecidual.
O objetivo NÃO é elevar a pressão arterial a níveis normais, mas fornecer a
quantidade de fluido necessária à manutenção da perfusão e continuar o suprimento
de hemácias oxigenadas ao coração, cérebro e pulmões.

Hemorragias descontroladas:
Atentar para hemorragias nos seguintes locais: tórax, abdômen, pelve e
fêmur, devido ao grande potencial de sangramento. A administração de cristalóides
IV com objetivo de manter uma pressão arterial sistólica em um intervalo 80 a 90
mmhg, é conhecida como hipotensão permissiva. Este conceito é a tentativa de
manter a pressão arterial da vítima abaixo dos níveis de normalidade até a chegada
ao hospital de origem. Uma grande quantidade de volume pode causar hemorragia

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intratorácica, intra-abdominal e retroperitoneal. Após a chegada ao hospital, a


administração de fluidos é continuada, com plasma e sangue.

Hemorragias controladas:
Doentes com hemorragia externa importante, que foi controlada, podem ser
mantidos com uma estratégia de reanimação volêmica mais agressiva, desde que o
socorrista não tenha razões para suspeitar de lesões intratorácica, intra-abdominais ou
retroperitoniais associadas. Os adultos em Choque Classe II, III ou IV devem receber
90
um bolus inicial de 1 a 2 litros de solução cristalóide. As crianças podem receber um
bolo inicial de 20 ml/kg de solução cristalóide.

A caminho do hospital devemos monitorar: sinais vitais, incluindo pulso,


frequência ventilatória e pressão arterial.

Podem haver 03 respostas a essa reposição volêmica inicial:

Resposta rápida: sinais vitais voltam ao normal e assim permanecem. Paciente


perdeu cerca de 20% de volemia e a hemorragia cessou.

Resposta transitória: inicialmente os sinais vitais melhoram, contudo, na evolução


pioram e a vítima volta a entrar em choque. Perdeu 20 a 40% de volemia.

Resposta mínima ou ausente: não apresentam quase nenhuma alteração dos sinais
vitais, após administração de 1 a 2 litros de volume.

Os grupos de resposta transitória e ausente têm uma hemorragia contínua,


provavelmente interna. A melhor conduta nesses doentes é manter um estado de
hipotensão permissiva, e os líquidos IV devem ser administrados até que se obtenha
uma pressão arterial sistólica na faixa de 80 a 90 mmhg.

OBS: Lesões no Sistema Nervoso Central – a hipotensão foi associada a um


aumento de mortalidade no quadro de lesão cerebral traumática (LCT). Diretrizes do
trauma recomendam manter uma pressão arterial sistólica acima de 90 mmhg em
doentes com suspeita de LCT. Para atingir esse objetivo, pode ser necessária uma
reanimação volêmica agressiva, aumentando os riscos de hemorragia recorrente de
lesões internas associadas.

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4- TRAUMATISMO CRÂNIO ENCEFÁLICO E RAQUIMEDULAR:

A Cabeça é a região do corpo mais lesada em pacientes politraumatizados.


Destes 80% apresentarão TCE leve. A principal causa é a colisão automobilística
seguida de queda, principalmente nos idosos. Cerca de 2 a 5% destas vítimas
apresentará TRM associado.
A injúria cerebral traumática contribui em 50% nas mortes em vítimas de
politrauma. A mortalidade em TCE moderado chega a 10% e no TCE grave a 30%.
91
Alguma sequela com déficit neurológico permanente ocorre em 50 a 99% destas
vítimas.
As lesões no tecido cerebral ocorrem por aplicação direta de forças externas
sobre o cérebro e por lesões de contragolpe pelo movimento deste dentro da caixa
craniana.
A lesão primária ocorre no momento do trauma e não pode ser evitada, já a
lesão secundária será decorrente da má oxigenação ou da diminuição da perfusão do
tecido cerebral e pode ser evitada com a proteção das vias aéreas e com o
fornecimento de oxigênio.
Sinais que devem servir de alerta quanto a gravidade do TCE são: alteração
do nível de consciência, concussão cerebral, sangramento pelo ouvido ou nariz,
convulsões, pupilas anisocóricas e trismo.
Após avaliação rápida da cena e abordagem inicial a prioridade é o ABC com
estabilização manual da coluna cervical durante abordagem das vias aéreas no “A”.
Deve ser realizada avaliação da motricidade e sensibilidade das extremidades durante
o exame dos membros. A lesão da coluna vertebral pode estar associada à lesão
medular e esta pode ser completa ou incompleta.
Nas lesões medulares completas ocorre ausência de função motora e sensitiva
abaixo do local da lesão, com pouca chance de recuperação. Nas lesões medulares
incompletas a função motora ou sensitiva pode estar presente com chances de
recuperação.
O suporte de vida ABC com abertura das vias aéreas através da elevação
modificada de mandíbula e estabilização da coluna cervical, previne a lesão
secundária da medula. O alinhamento da coluna cervical com colocação de colar
cervical apenas limita os movimentos de extensão e flexão da coluna cervical e não
previne os movimentos de lateralização e rotação. Um colar rígido faz com que a

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carga inevitável entre cabeça e tronco seja transferida da coluna cervical para o colar,
eliminando ou minimizando a compressão cervical que de outra forma ocorreria.
É importante testar a sensibilidade e a motricidade antes e após qualquer
mobilização da vítima, não esquecendo de anotar no formulário específico, para
proteção do socorrista, contra processos e para propiciar o fator continuidade do
serviço.

5- TRAUMA DE TÓRAX: 92

O trauma de tórax pode ser fechado ou penetrante. Aproximadamente 15% a


20% de todas as lesões de tórax requerem cirurgia para tratamento definitivo as
restantes são tratadas apenas com intervenções simples (ex.: dreno de tórax).

a) Trauma penetrante:

Um objeto transfixa a parede torácica penetra na cavidade e lesa os órgãos


internos do tórax. A ferida favorece a entrada rápida de ar no espaço pleural, os
tecidos e os vasos lesados sangram para o espaço pleural, os alvéolos que ficam
cheios de sangue não participam das trocas gasosas.

b) Trauma Fechado:

No trauma fechado, o mecanismo é menos direto. A força é aplicada na


parede torácica e transmitida para os órgãos internos, a onda de choque pode lacerar
o tecido pulmonar e os vasos sanguíneos. Assim pode levar a sangramento para
dentro dos alvéolos. O impacto causado na oxigenação e na ventilação é o mesmo.

c) Fratura de costelas:

É a lesão torácica mais comum. É mais freqüente nas costelas 4 e 8,


lateralmente. Podem estar associadas as lesões de fígado e de baço. As queixas mais
comuns nas fraturas simples de costelas são a dor e a falta de ar.

d) Tórax instável:

Duas ou mais costelas adjacentes fraturadas em mais de um local (movimento


paradoxal), existe uma força (energia cinética) suficiente para causar contusão
pulmonar.

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e) Contusão Pulmonar:

Lesão do tecido pulmonar ocasionada por impacto com significativa


transmissão de energia cinética, ocorrida no trauma fechado. A troca gasosa fica
prejudicada, complicação potencialmente letal do trauma de tórax.

f) Pneumotórax:

Ocorre em até 20% dos traumas graves de tórax. Podemos classificar como 93
simples (fechado), aberto ou hipertensivo (evolução do simples / ou do aberto) . É
importante evitar a transformação de simples em hipertensivo. Pode ser necessária a
descompressão por punção. O pneumotórax hipertensivo é uma lesão com risco
iminente de morte.

Sinais e sintomas de pneumotórax:

Simples Fechado ou penetrante: Murmúrio vesicular diminuído ou ausente,


desconforto respiratório moderado, taquipnéia, hipertimpanismo e dor.
Hipertensivo Fechado ou penetrante: Murmúrio vesicular diminuído ou
ausente, desconforto respiratório intenso, comprometimento hemodinâmico turgência
jugular, hipertimpanismo e desvio de traquéia (sinal tardio).

g) Hemotórax:

Pode ocorrer no trauma fechado ou penetrante. Apresenta acúmulo de sangue


na cavidade pleural. A energia que atinge a região torácica promove lesão das
estruturas acondicionadas na cavidade resultando em sangramento interno.
Diferencia-se do pneumotórax pelos sinais e sintomas que são: sinais de choque
hipovolêmico, jugulares colabadas, ausculta pulmonar diminuída ou abolida, macicez
à percussão, dor à palpação, pode apresentar fratura de arcos costais gerando a
instabilidade óssea.

h) Tamponamento Pericárdico:

Mais comum nos ferimentos penetrantes, contudo também pode ocorrer nos
traumatismos contusos e ainda em casos crônicos como pericardites. Se caracteriza
por apresentar uma quantidade de sangue no saco pericárdico. Esse sangue que se

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acumula no saco pericárdico impede que o coração realize seu enchimento normal
(pré-carga). Resultando assim em uma má perfusão por diminuição do volume
sanguíneo ejetado para a circulação.
É um quadro grave que requer rápida intervenção. No ambiente pré-hospitalar
os recursos por vezes são insuficientes, a presença de um profissional médico
habilitado para realizar “pericardiocentese” aumentará em muito as condições de
melhora desse quadro.
São Sinais clássicos: Turgência de jugular, hipotensão arterial, bulhas 94
cardíacas abafadas e pulso paradoxal (durante a inspiração o pulso radial some).

i) Avaliação do Tórax no Pré – hospitalar:

O tórax deve ser avaliado na busca de sinais de lesões causadoras de


transtornos respiratórios, tais como: Enfisema subcutâneo, assimetria do movimento
torácico, hematomas, deformidades, dor à palpação e crepitação, perfurações e etc.
Outros sinais que sugerem lesões torácicas podem se manifestar nas estruturas do
pescoço, tais como: Alterações nas jugulares (turgidez e colabamento) e desvio de
traquéia. Em caso de perfuração o dorso deverá, obrigatoriamente, ser inspecionado.

Inspeção: Consiste em localizar, por observância, as possíveis lesões do tórax. A


varredura visual deverá ocorrer em toda extensão torácica e de forma criteriosa.

Palpação: O socorrista deve se posicionar de frente para a vítima e com as duas


mãos deverá seguir a clavícula com a ponta dos dedos procurando por alguma
deformidade ou crepitação. Deverá ainda, com as duas mãos, comprimir levemente o
tórax na altura do peitoral procurando sinais de instabilidade. O socorrista, com as
mãos na lateral da caixa torácica, comprime o gradil costal buscando crepitação e
sinais de instabilidade da caixa torácica, terminando esse movimento com a palpação
do osso esterno.

Ausculta: A ausculta pulmonar deverá ser comparativa entre ápice/ápice e base/base,


buscando alterações em murmúrios vesiculares. As bulhas cardíacas também deverão
ser auscultadas no intuito de perceber se há abafamento, diminuição ou ausência.

Percussão: A utilização desta técnica busca, através do som, identificar se existe


sangue ou ar na cavidade torácica. Som timpânico remete a existência de ar na
cavidade (pneumotórax), som maciço remete a existência de sangue na cavidade
torácica (hemotórax).

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Sequência do exame do tórax:

95

passo 1 passo 2

passo 3 passo 4

Passo 5

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Intervenções e ações no atendimento ao trauma de tórax:

ü Avaliação do nível de consciência;

ü Abertura de vias aéreas com estabilização da coluna;

ü Avaliação da qualidade da respiração;

ü Oferecer oxigênio sob máscara em alto fluxo; 96


ü Avaliar necessidade de ventilação assistida por meio de bolsa-válvula-

máscara;

ü Exame do pescoço buscando desvio de traquéia e alterações em

jugulares;

ü Inspeção do tórax, buscando alterações de simetria, deformidades e dor;

Ausculta pulmonar e cardíaca;

ü Curativo oclusivo em feridas aspirativas.

Resumo:

A cavidade torácica contém os órgãos vitais que oxigenam e distribuem


sangue para todo o corpo. Apenas algumas poucas intervenções fundamentais
podem ser feitas no local. O reconhecimento e o tratamento precoce das lesões
torácicas melhoram o prognóstico dos pacientes que sofreram traumas no
tórax.

6- TRAUMA ABDOMINAL:

O abdômen representa no corpo humano uma das regiões mais críticas no que
diz respeito a vítimas de trauma, principalmente quando associados ao choque
hipovolêmico (hemorrágico). Conforme as evidências, em vítimas que apresentam

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sinais de choque, mesmo não tendo lesões aparentes, devemos suspeitar de lesões em
algum órgão, pois há presença de vísceras maciças e vasos calibrosos, que têm como
uma das características principais gerar sangramento abundante quando acometido.
Logo, podemos entender que as lesões abdominais, quando não reconhecidas,
acabam sendo uma das maiores causas de morte em vítimas de trauma, não apenas
pelas características desse tipo de trauma, mas também pela difícil avaliação no
ambiente pré-hospitalar.
97
O trauma abdominal pode ser resultante de:

Ferimentos penetrantes – Neste caso temos as lesões por armas de fogo, armas
brancas e outros objetos que podem penetrar no abdômen durante um evento
traumático. No caso das armas de fogo, o órgão mais acometido é o intestino delgado
e no caso das armas brancas, temos o fígado como o órgão mais atingido.

Trauma fechado – Podemos citar: contusão, compressão, cisalhamento ou


esmagamento. Neste tipo de trauma o fígado é o órgão mais acometido e nas lesões
por desaceleração o órgão mais acometido é o baço.

Exame do abdômen no pré-hospitalar:

O abdômen deve ser avaliado à procura de lesões de partes moles que podem
gerar dor, rigidez e, mais tardiamente, distensão.

Inspeção: Devemos avaliar o contorno abdominal, verificando se está plano ou


distendido. No caso de distensão pode haver uma hemorragia interna significativa ou
então, distensão gástrica. Reiteramos que a palpação oferece pouco benefício,
podendo ser desconsiderada no ambiente pré hospitalar.

Intervenções e ações no atendimento ao trauma abdominal:

ü Reconhecimento ou suspeição e transporte rápido para o hospital mais


adequado;
ü Oxigênio suplementar ou suporte ventilatório quando necessário;
ü Acesso venoso durante o transporte com infusão criteriosa de volume
(apenas para manter PAS entre 80 e 90 mmhg).

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Casos Especiais:

a) Objetos empalados / encravados:

Não devem ser retirados ou manipulados, sob o risco de iniciar e/ou aumentar
o sangramento. As ações neste caso devem estar voltadas para a estabilização desse
objeto, pois a retirada deve ocorrer apenas no centro cirúrgico. Em alguns casos, o
objeto pode ser cortado, para facilitar a extricação e/ou mobilização da vítima e
posteriormente o seu transporte. 98

b) Evisceração:

Ocorre quando um segmento do


intestino ou de outro órgão abdominal fica
exposto. Nestes casos, não devemos tentar
reintroduzir as vísceras, apenas protegê-las
com curativo limpo ou estéril umedecido
com solução salina, na falta de um pano ou
gaze, podemos utiulizar um saco plástico limpo, considerando que quando as
vísceras permanecem expostas, necrosam rapidamente.

7- TRAUMA PÉLVICO E DE EXTREMIDADES:

As lesões musculoesqueléticas
demandam do socorrista o
reconhecimento de lesões que
representam risco à vida do doente,
sem que o mesmo desconsidere os
princípios da avaliação primária.
O socorrista, ao observar a
cinemática do trauma tem a
oportunidade de estimar, pela troca de
energia entre o agente causador da lesão e a vítima, as possíveis lesões que
proporcionem risco à vida, ao passo que realiza as intervenções necessárias para
manter a sobrevida do doente no trauma. Embora as lesões musculoesqueléticas nas
vítimas de trauma raramente apresentem risco de morte, fraturas podem gerar

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sangramentos extremamente significativos, como é o caso das fraturas de fêmur e


pelve, podendo o doente adulto perder aproximadamente 1000 a 2000 ml de sangue.
As fraturas são classificadas genericamente em fraturas fechadas ou fraturas
expostas. As fraturas fechadas são aquelas nas quais não ocorrem rompimentos dos
tecidos pelo osso fraturado. Os sinais observados nas fraturas fechadas identificam-
se por: deformidade do membro, crepitação ou instabilidade óssea, dor, edema e
hematomas. O socorrista deverá sempre considerar relevante as queixas do doente,
uma vez que nem sempre estará evidente a deformidade no membro. 99

As fraturas expostas são definidas pelo rompimento tecidual (músculo e pele)


causado pelo osso fraturado. Nas fraturas expostas vale ressaltar que pode ocorrer a
contaminação do osso exteriorizado, podendo causar infecção óssea e complicações
no processo de cura. Por vezes, o socorrista poderá ter dificuldade na identificação
de fraturas, uma vez que o osso fraturado pode sair após o rompimento do tecido,
retornando seguidamente. Nesses casos, são consideradas fraturas expostas até a
confirmação do médico especialista.
Como citado anteriormente, fratura de ossos longos podem proporcionar
sangramentos significativos, comprometendo a hemodinâmica do paciente, podendo
causar choque hemorrágico. A fratura bilateral de fêmur, bem como a fratura de
pelve podem gerar perdas sanguíneas vultuosas pelo potencial de lesões vasculares,
ósseas e de órgãos adjacentes.

Exame da vítima (avaliação dos membros)

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a) Tratamento de Extremidades no APH:

O socorrista ao realizar o tratamento de fraturas no ambiente pré-hospitalar,


deve priorizar o controle de hemorragias com objetivo de evitar o choque
hemorrágico, principal causa de morte no trauma. A manipulação do membro
fraturado deve ser a menor possível, sempre sendo efetuada pelas articulações.
Após expor a lesão da vítima, o socorrista avaliará o pulso distal, motricidade
e sensibilidade do membro lesionado, com objetivo de identificar possíveis lesões
100
vasculares ou neurológicas e efetuando, posteriormente, o alinhamento do membro
para a posição anatômica. Não havendo resistência ou dor relevante durante a
manipulação do membro, o mesmo deve ser posicionado para estabelecimento da
imobilização. O alinhamento do membro em posição anatômica, geralmente
proporciona melhor perfusão e função neurológica, ao passo que ocorre a
descompressão de artérias e nervos após alinhamento da fratura. Nas fraturas
expostas, o socorrista deve lavar com solução salina ou água destilada o ferimento e
só após tentar alinhar o membro.
Diante de qualquer tipo de resistência, sendo nas fraturas fechadas ou
expostas, o socorrista deverá imobilizar na posição encontrada. O estabelecimento da
imobilização consiste na aplicação de tala por todo o osso fraturado, logo, a tala
imobilizadora deverá abranger a articulação anterior e posterior ao sítio da fratura,
tendo como objetivo não movimentar o segmento fraturado.

Na execução da imobilização o socorrista deve atentar para:

ü Retirada de acessórios, jóias, relógios ou qualquer objeto que possa comprometer a


circulação sanguínea;

ü Em talas rígidas, acolchoar para evitar desconforto e minimizar a chance do


surgimento de úlceras de pressão;

ü Antes e depois da imobilização, avaliar pulso, motricidade e sensibilidade no membro;

ü Considerar aplicação de compressas frias na extremidade do membros fraturado, com


intuito de diminuir a dor e edema, bem como elevar o membro fraturado quando
possível.

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b) Tratamento de lesões pélvicas no APH:

O tratamento de fraturas pélvicas no cenário do atendimento pré hospitalar é


de suma importância em relação ao manejo do doente, na estabilização, e no
transporte rápido a unidade hospitalar.
O potencial de gravidade na vítima de trauma deve sempre ser considerado,
pelas chances de hemorragia interna maciça. Neste contexto, durante a avaliação
primária, o socorrista deve atentar para a inspeção da pelve e considerar que a
101
palpação da mesma vem sendo altamente discutida quanto à possibilidade de agravo
e, desta forma, não é estimulada. O socorrista, ao efetuar a avaliação primária e
identificar possíveis lesões (dor, deformidades e cinemática do trauma sugestiva),
deve atuar de forma rápida, objetiva,
estabelecendo medidas adequadas para a
estabilização da região.
Atualmente o uso de cintas pélvicas são
questionáveis antes do conhecimento das
características específicas de uma fratura. Uma
boa opção em alguns tipos de fraturas de pelve
instáveis é o uso de um lençol envolto na parte
inferior pélvica amarrando como um cinturão. Compressão pélvica com lençol - (cinturão)

c) Fraturas de Fêmur:

As fraturas de fêmur correspondem a estimativa de grande perda sanguínea


interna, de aproximadamente de 1.000 a 2000 mililitros de sangue por fratura na
vítima adulta.
A fratura de fêmur tem uma grande propensão a evoluir para uma fratura
exposta, principalmente se esta ocorrer no terço médio, uma vez que, pela contração
da musculatura considerada uma das mais fortes do corpo humano, a extremidade
fraturada pode facilmente romper os tecidos, bem como lesar artérias, veias e nervos.
A imobilização do membro deve seguir os princípios básicos, abrangendo as
articulações distais e proximais, e o transporte deve ser efetuado com a vítima sobre
prancha longa a unidade hospitalar.

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d) Luxações:

As luxações são o desencaixe de dois ossos em suas articulações, geralmente


proveniente da ruptura dos ligamentos que as sustentam e lhes dão estabilidade.
Durante abordagem da vítima é difícil identificar clinicamente se ocorreu
uma fratura ou luxação. Existem características em relação à deformidade do
membro que indicam a provável lesão, tendo como exemplo a fratura de colo de
fêmur que, geralmente, apresenta o encurtamento do membro com rotação externa.
102
Em luxações na articulação coxo- Luxação de
ombro
femural, geralmente observa-se o esquerdo
encurtamento do membro com rotação interna.
O socorrista deverá imobilizar as luxações na
posição encontrada, atentando sempre para os
critérios anteriormente citados referentes a
avaliação de pulso, motricidade e
sensibilidade, coloração do membro lesionado
e avaliando sempre a necessidade da aplicação
de tipóias na sustentação do membro.

e) Entorses:

A entorse ocorre pela torção de uma articulação causando dor, edema com a
presença ou não de hematoma. Os ligamentos da região afetada foram distendidos
ou rompidos ocasionando assim os sintomas anteriormente citados. O socorrista
deverá proceder com os princípios de avaliação (inspeção, checagem de pulso,
motricidade e sensibilidade do membro), imobilização e condução da vítima à
unidade hospitalar para efetuar exame radiológico e avaliação médica confirmando
ou não a entorse.

f) Amputações:

As amputações ocorrem quando um segmento do corpo é separado na sua


totalidade ficando totalmente desprovido de sangue oxigenado. As amputações
podem ser consideradas totais ou parciais.

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Nas amputações totais pode


ocorrer a retração das artérias e veias,
bem como a formação de coágulos que
podem contribuir para diminuição da
perda sanguínea. As amputações
parciais costumam apresentar
hemorragias vultuosas, pois os
fenômenos descritos acima não Amputação traumática de mão esquerda 103

acontecem. Diante de hemorragias não


contidas pela compressão direta do ferimento, efetuar o torniquete como a segunda
técnica para a hemostasia.
Os cuidados com o segmento amputado são fundamentais para viabilizar o
procedimento de implante. São eles:

1 - Lavar o segmento amputado com Solução Ringer Lactato (RL), com


objetivo de retirar sujidades;

2 - Cobrir segmento amputado com gaze estéril umedecendo com


solução ringer lactato (RL);

3 - Colocar segmento amputado dentro de um saco plástico,


posteriormente colocar dentro de outro saco contendo gelo se possível
moído.

4 - Identificar o saco e transportar juntamente com o paciente até a


unidade hospilar.

O socorrista deve atentar para o transporte rápido a uma unidade hospitalar de


referência, considerando que, quanto mais tempo o membro fica desprovido de
oxigênio, menos chance terá para reimplantar.

Observação:
Em hipótese alguma o segmento deverá permanecer em contato direto com o gelo.

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g) Síndrome Compartimental X Síndrome do Esmagamento:

A síndrome compartimental e a síndrome do esmagamento são


acometimentos inerentes ao trauma músculo esquelético, onde o bombeiro necessita
de um conhecimento básico para o manejo do paciente bem como a tomada de
decisão orientada pela coordenação médica responsável pela regulação do
atendimento.
A síndrome compartimental se dá pelo aumento de pressão subfascial em um
104
membro, comprometendo o aporte de sangue oxigenado. A hemorragia proveniente
de lesões vasculares ou de fratura, ou o inchaço (edema), causa o aumento da pressão
entre o músculo e a fáscia (tecido conjuntivo que envolve músculos nas
extremidades), gerando insquemia (diminuição da chegada de sangue oxigenado aos
tecidos). Tendo como exemplo de causa do fenômeno acima citado podemos
considerar uma imobilização mal feita, onde há uma atadura ou tala muito apertada.
O socorrista deverá atentar para os sinais da síndrome compartimental que
inicialmente podem ocorrer como dor, prurido (coceira), formigamento, dormência,
entre outros. Os sinais mais tardios consistem na ausência de pulso, palidez e
paralisia do membro.
O tratamento da síndrome compartimental é realizado no hospital através do
procedimento cirúrgico chamado fasciotomia (incisão da pele e da fáscia para a
descompressão do local afetado).
O profissional deverá observar os procedimentos das imobilizações e
curativos efetuados, evitando pressão excessiva, estabelecer contato com a regulação
médica e seguir as diretrizes determinadas.
A Síndrome do Esmagamento ou Rabdomiólise traumática provém da
insuficiência dos rins após uma lesão muscular gravíssima, que gera condição clínica
que pode levar à morte do doente.
A destruição do músculo em situações de esmagamento, libera uma proteína
chamada mioglobina que ao cair na corrente sanguínea e chegar aos rins, leva à
insuficiência renal aguda (IRA). A destruição do músculo também libera potássio
em grandes quantidades podendo causar arritmias cardíacas.
Sabendo das consequências que podem ocorrer quando, por exemplo, um
membro esmagado for liberado, o socorrista deverá além de todos os procedimentos
relativos ao exame primário, bem como as intervenções necessárias para manter a

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sobrevida da vítima, deverá estabelecer contato com a regulação médica, solicitando


autorização para aplicação de um torniquete antes retirada do membro esmagado.

8- TRAUMAS EM SITUAÇÕES ESPECIAIS:

8.1 Trauma na Gestante:

As alterações que ocorrem, naturalmente, durante a gravidez são


fundamentais para o desenvolvimento do feto, bem como, para preparar a gestante 105
para o parto. Portanto, torna-se fundamental que sejam conhecidas pela equipe que
atua em emergência. Se a equipe não possui este conhecimento pode confundir
situações fisiológicas com situações patológicas e, com isso, realizarem
interpretações equivocadas dos dados apresentados e aplicarem condutas
inapropriadas.

Alterações morfológicas:
No primeiro trimestre da gravidez o útero encontra-se protegido pelos ossos
da bacia e a espessura das suas paredes está aumentada. No segundo trimestre o
útero deixa de ser protegido pela pelve, passando a ser abdominal, porém o feto é
protegido por grande quantidade de líquido aminiótico.
No terceiro trimestre o útero atinge as suas maiores dimensões, as suas
paredes tornam-se mais finas e a quantidade de líquido aminiótico diminui, ficando
então o feto mais susceptível ao trauma neste período.
Em relação à placenta, sabe-se que esta atinge o seu tamanho máximo entre a
36ª e a 38ª semanas e que a quantidade de fibras elásticas é pequena, o que
predispõe a falta de adesividade entre a placenta e a parede uterina, induzindo a
complicações como o descolamento da placenta. O feto é considerado viável a partir
da 28ª semana e é considerado prematuro quando tiver menos de 2,5 Kg.
Quanto maior for a idade gestacional (aumento uterino) maior será a
probabilidade de trauma, mas a possibilidade de lesões de outros órgãos diminui,
pois o útero funciona como barreira protetora dos órgãos abdominais.
Neste tipo de trauma devemos estar atentos para algumas alterações
fisiológicas que são características nas vítimas gestantes:

ü FC aumenta 15 a 20 bpm no 3° trimestre;

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ü PA reduz 5 a 15 mmHg no 2° trimestre (depois retorna ao normal);


ü Volume sanguíneo aumenta em 50%

ATENÇÂO

Pode ocorrer perda de 30 a 35% de sangue sem que apareçam sinais de


hipovolemia.

106
Condutas no APH:

ü Transportar a gestante deitada sobre o lado esquerdo, desde que não tenha
indicação de imobilização de coluna.
ü Se imobilizada, elevar o lado direito da prancha em 10 a 15 cm;
ü Se a vítima não puder ser girada, elevar a perna direita para deslocar o útero
para o lado esquerdo.

Exame secundário (sinais de alerta):

ü Sangramento vaginal;
ü Lesões pélvicas maternas;
ü Lesões útero/vagina;
ü Sinais e Sintomas de DPP;
ü Irritabilidade/sensibilidade/contratilidade uterina;
ü Movimentação e Batimento cardíaco fetal.

O decúbito Lateral Esquerdo faz parte do tratamento. O melhor tratamento


para o feto é o tratamento materno adequado.

8.2 Trauma na Criança

Durante o atendimento a uma criança politraumatizada é fundamental incluir


o responsável pelo menor no processo, pois uma das principais dificuldades é lidar
com os responsáveis, que desejam colaborar, porém encontram-se, geralmente,
agitados, preocupados ou descontrolados.

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A melhor maneira de ganhar a confiança dos pais é demonstrar confiança,


não afastá-los do paciente durante o atendimento, ou seja, permitir que participem
do socorro.
O traumatismo da cabeça é a causa mais comum de óbito após trauma em
crianças. As lesões da cabeça são mais frequentes na criança devido ao tamanho e
peso desta em relação ao corpo. As crianças costumam apresentar um prognóstico
melhor do que adulto com o mesmo grau de lesão e a recuperação pode ser completa
mesmo em pacientes com lesões graves. 107

O traumatismo de abdome representa a segunda causa de óbito por trauma


em pacientes pediátricos. Sua principal manifestação é o choque hemorrágico
causado pela rotura do fígado e do baço. Estes órgãos são menos protegidos pelas
costelas e são relativamente maiores em crianças, portanto o profissional deve estar
atento aos sinais de choque, bem como, aos sinais de trauma fechado.
A parede torácica é mais elástica em crianças do que em adultos diminuindo
a chance de lesões como tórax instável e tamponamento cardíaco, após o
traumatismo de tórax.
Na avaliação da cena devem-se observar as condições que levaram ao
trauma, por exemplo: em caso de colisão, deve-se observar se a criança estava sendo
transportada adequadamente.
O controle da cervical, após instalação dos dispositivos de imobilização,
poderá contar com a participação do responsável. Assim o mesmo poderá
acompanhar a avaliação da via aérea (A), avaliação da respiração (B) e avaliação da
circulação (C). Quanto a avaliação do nível de consciência, este é um excelente
indicador de traumatismo de crânio. O profissional poderá utilizar como parâmetro a
variação da pontuação na escala de glasgow adaptada para pediatria.
As contusões abdominais, equimoses provocadas por cintos de segurança,
dor abdominal em pacientes pediátricos representam indicações de transporte rápido
(load and go).

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Sinais de alerta no traumatismo de tórax:

ü Dispnéia;
ü Taquipnéia (crianças > 40 irpm) e (lactente > 60 irpm) – loadand go;
ü Batimentos de asa de nariz;
ü Retrações supra-esternais, intercostais e subcostais.

Conduta pré-hospitalar: 108

Adotar medidas de auto-proteção é fundamental, mesmo quando se tratar de


crianças. Lembre-se que o trauma pode gerar secreções, sangue e eliminações de
fluidos corporais.
Manter as vias aéreas abertas com manobras manuais e estabilização manual
da cabeça e pescoço e determinar, após a abertura da via aérea, se a vítima apresenta
respiração adequada. O profissional deverá iniciar a assistência ventilatória com
máscara, caso a respiração esteja ausente ou inapropriada. As causas mais comuns
de obstrução de vias aéreas em crianças, vítimas de trauma, são a queda de língua e
a presença de corpo estranho.
Estabilizar a cabeça e o pescoço manualmente, o colar cervical só é aplicado
no final da avaliação rápida, em virtude da criança apresentar baixa tolerância a
imobilização cervical. Em crianças menores de um ano considerar a necessidade de
instalar um coxim sob os ombros para promover alinhamento da cabeça, coluna
cervical e corpo.
Avaliar a respiração através da visualização da expansão do tórax/abdome,
ouvir sons expiratórios e/ou sentir a respiração (ver, ouvir e sentir) e quando
necessário avaliar a frequência observando a faixa etária que são: 20 IRPM para
pacientes menores que um ano de idade e 15 a 20/min para crianças maiores e
adolescentes. Não esquecerde ofertar oxigênio se saturação estiver menor de 95%.
A avaliação da circulação deve ser feita através da palpação do pulso
braquial, em crianças, juntamente com a avaliação de hemorragias externas. Os
locais de sangramento óbvios devem ser controlados para manter a circulação.
Como o volume sanguíneo da criança é de 80 a 90 ml/kg sangramentos com
perdas que seriam bem toleradas em um adulto podem causar o choque em crianças.

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Assim, torna-se fundamental o controle da hemorragia para prevenir grandes perdas


sanguíneas e o choque.

8.3 Trauma no Idoso:

Alterações fisiológicas:

Cardiovascular
O miocárdio apresenta alterações importantes, pois ocorrem mudanças em 109
sua estrutura tal como: acúmulo de gordura, que juntamente com outras alterações
como a calcificação das valvas compromete a resposta cardíaca quando há
necessidade de compensação.
A contração e a capacidade diminuem tanto em repouso como em atividade
física levando a diminuição na oferta de oxigênio para a massa cardíaca. Isto acende
um alerta quando necessário realizar reposição volêmica.

Respiratório:
A frequência respiratória diminui devido às alterações estruturais e
funcionais.
A parede torácica sofre alterações devido à calcificação da cartilagem
produzindo baixas no volume e difusão do oxigênio, assim a resposta ventilatória e
elasticidade pulmonar diminuem.

Sistema digestório:

Apresenta alterações estruturais de motilidade e da função secretória o que


leva a uma lentidão no esvaziamento do estômago. Este fato leva a aumento do risco
de refluxo e broncoaspiração.

Aparelho gênitourinário:

O rim sofre modificações importantes, tais como: redução em seu peso,


esclerose em vasos renais, diminuição na capacidade de filtração glomerular
ocasionando drástica diminuição no volume filtrado.
A avaliação do idoso vítima de trauma não pode ser isolada, ou seja, avaliar
somente o evento e seus componentes. Portanto lembre-se das possíveis alterações
que podem agravar a clínica da vítima, como:

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ü Diminuição da atividade simpática


ü Redução da complacência cardíaca e pulmonar
ü Capacidade de difusão pulmonar diminuida
ü Enfraquecimento muscular intercostal
ü Redução da resposta renal à depleção de volume

Co – morbidades:

ü Uso crônico de diuréticos 110

ü Desnutrição
ü Oclusão vascular por ateroesclerose
ü Medicação vasodilatadora
ü Beta-bloqueadores
ü Marcapasso

Reposição volêmica:

O idoso tolera mal a hipotensão e tem mecanismos compensatórios menos


eficientes. A tolerância à sobrecarga de volume também é pequena assim as
margens para a reposição volêmica tornam-se estreitas.

Respiração:

A disponibilização de oxigênio a nível pulmonar está antecipadamente


reduzida no idoso. Fraturas de costelas podem comprometer a dinâmica respiratória
e gerar atelectasias.

Trauma de crânio:

O trauma de crânio no idoso tem o potencial de gerar HEMATOMAS cujo


diagnóstico pode ser difícil no paciente previamente comprometido
neurologicamente, portanto devemos SUSPEITAR SEMPRE, especialmente quando
há mudança no status mental do paciente.

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Resumo:
Nível de consciência, A B C D E
Imobilização cervical/Avalie coxim
Reposição volêmica cuidadosa e criteriosa
Reavalie periodicamente/Ausculta pulmonar
Oxigênio suplementar / 100%
Mantenha monitorado
111

Morbidade e mortalidade

“O efeito do envelhecimento diminuindo a “reserva fisiológica” somado às


patologias pré-existentes aumenta a morbidade e a mortalidade pelo trauma”

8.4 Queimaduras:

Pele: Maior órgão do corpo, órgão dos sentidos sendo responsável pelo controle da
temperatura, atua como barreira de proteção além de controlar a perda de água e
eletrólitos.

Tipos de queimaduras: Depende do agende causador podendo ser decorrente de


acidentes por chama, natureza elétrica, química, radiação, vapor ou líquido
aquecido.

Gravidade da queimadura:

A gravidade da queimadura vai depender do agente causador, da extensão da


área afetada que é avaliada pela percentual de superfície corporal acometida, da
profundidade das camadas da pele envolvidas, da idade da vítima (lembrando que os
extremos de idade apresentam pior evolução clínica), além das condições clínicas da
vítima tais como doenças pré-existentes como: diabetes, hipertensão arterial e
traumatismos associados à queimadura como por exemplo: traumatismo craniano,
trauma de tórax e etc. Um ponto que merece destaque são as vítimas que sofrem
queimaduras das vias aéreas por inalação, sendo esse fato por si só gerador de
grande gravidade, independentemente dos fatores acima listados.

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Ao atingir mais de 40% da área corporal, as queimaduras poderão provocar a


morte, e acima de 70% da superfície do corpo atingida as chances de
sobreviver são mínimas.

Regra dos “9”:


112

Modelo representativo da Regra dos 9.

A consequência mais grave das queimaduras é a porcentagem da área


corporal atingida (regra dos 9). A maneira mais simples para esta avaliação, embora
seja imprecisa, é calcular a área queimada através da “palma da mão do acidentado”,
que corresponde à 1% de sua superfície corpórea. De acordo com esta informação
temos a seguinte classificação:

ü Portador de queimaduras: o acidentado tem menos de 15% da área corporal


atingida.
ü Grande queimado: a área corporal atingida ultrapassa 15%
(aproximadamente 15 palmos)

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Queimaduras de 1º e 2º graus:

113
Imagens de Queimaduras de primeiro e segundo grau.

1º grau: Atingem somente a epiderme, causando vermelhidão, inchaço, dor local, às


vezes insuportável, sem formação de bolhas. (Queimaduras superficiais)
Característica: rubor, calor, dor.

2º grau: Atingem as camadas mais profundas da pele, envolvendo epiderme e


porções variadas da derme subjacente. Causam formação de bolhas, pele
avermelhada, com leito da ferida brilhante, com manchas e coloração variável, dor,
inchaço, desprendimento de camadas da pele, e possível estado de choque.
(Queimaduras de espessura parcial) Característica: formação de bolhas, dor, leito da
ferida é brilhante.

Bolha ou Flictena:
Separação entre a epiderme e a derme.

Imagem de flictena (bolha) em MSE.

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Queimaduras de 3o grau e 4º grau

114

3º grau: Esta lesão envolve toda a espessura da pele. Essas queimaduras podem
apresentar diversas aparências. Com maior frequência estes ferimentos são espessos,
secos, esbranquiçados, com aparência semelhante a couro. Em casos mais graves, a
pele parece chamuscada, com visível trombose de vasos sanguíneos. (Queimaduras
de espessura completa).

As vítimas com queimaduras de 3º grau sentem dor. Estas lesões estão cercadas
por áreas de queimadura de 2º grau e 1º grau.

Característica: aparência similar a couro, coloração branca a chamuscada, tecido


morto, presença de dor.

4º grau: São lesões que acometem não só todas as camadas da pele, mas também o
tecido adiposo subjacente, os músculos, os ossos ou os órgãos internos.

Queimadura de via aérea

Pode ocorrer devido à inalação de vapor ou gás aquecido levando a edema


das vias aéreas, apresentando como sinais rouquidão (precoce) e estridor (tardio)
correspondendo a 85% de obstrução. (Imagem 11)

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Imagem 11: Edema de vias aéreas causado por queimadura

115
Tratamento da vítima queimada:

Deve ser iniciada com a avaliação da área queimada e caso seja maior que
20% demonstra gravidade. Prosseguir retirando anéis e pulseiras da área lesada, pois
após o início do edema se torna impossível sua retirada, podendo desempenhar
papel de garrote. Esfriar as queimaduras recentes com solução salina ou água estéril
em temperatura ambiente (a lavagem dos ferimentos com água deverá ser avaliada
com cautela, pois em casos de queimaduras por pós químicos esta não é
recomendada). As áreas lesadas devem ser cobertas com gaze limpa. A hipotermia
em grandes queimados deve ser prevenida com aplicação de mantas sobre a vítima,
após sua avaliação.

Queimadura elétrica:

A queimadura elétrica apresenta na maioria das vezes pouca extensão


superficial e grande extensão na profundidade, ocorrendo até lesão muscular,
podendo acarretar um quadro de rabdomiólise com grande risco de insuficiência
renal pelo depósito de mioglobina nos túbulos renais. Há risco de queda pela tetania
acarretada pelo choque com trauma contuso associado e risco de trombose venosa
profunda por alterações na coagulação. Pode ocorrer parada cardíaca pelo
aparecimento de arritmias cardíacas.

Queimadura por radiação

Na queimadura por radiação ocorre morte tecidual pela absorção da energia


nuclear deve ser dada atenção especial na avaliação da cena com solicitação de
apoio devido aos produtos perigosos. A abordagem médica só deve ser realizada
após a extricação e descontaminação da vítima.

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Queimadura química:

Da mesma maneira a avalição da cena merece atenção especial com


solicitação de apoio os cuidados médicos só serão realizados após extricação e
descontaminação da vítima. A gravidade da queimadura química dependerá do
tempo de exposição, da natureza e concentração do agente. Ácidos irão queimar por
necrose de coagulação e álcalis por liquefação, com maior penetração tecidual.
116
Vítimas que devem ser encaminhadas ao CTQ (Centro de Tratamento de
Queimados):

Vítimas que apresentem lesão por inalação, com queimaduras de 2ºgrau


maior que 10% SCQ, queimaduras de 3ºgrau, queimaduras de face, mãos, pés,
grandes articulações e genitália, assim como queimadura elétrica ou química,
politraumatizados com área extensa queimada, após estabilização do outro trauma e
crianças.

9- INCIDENTES COM MÚLTIPLAS VÍTIMAS:

Problematizando o atendimento nos acidentes com múltiplas vítimas:

Quando abordamos o trauma, temos a necessidade de nos remeter aos protocolos


internacionais de atendimento pré e intra-hospitalar, pois os mesmos nos direcionam
a buscar as possíveis gravidades nos pacientes, de acordo com a cinemática do
trauma envolvido. Para um incidente com múltiplas vítimas, necessitamos neste
momento de usar ferramentas semiológicas apropriadas para essas ocasiões, pois o
atendimento em desastres, inicialmente, é para quem apresenta maior possibilidade
de sobrevivência, reduzindo assim a morbimortalidades dos pacientes, do que
atender primeiramente o paciente mais grave. A avaliação de desastres é baseada em
atendimentos de medicina de guerra, onde o lema é:“fazer o melhor para o maior
número possível de vítimas”.

Organizamos o atendimento pré-hospitalar em três etapas, chamadas de


“Três Ts do incidente com múltiplas vítimas” que compreendem em: triagem,
tratamento e transporte

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Protocolo Internacional de Triagem em Acidente com Múltiplas Vítimas:


Método S.T.A.R.T.:

O método S.T.A.R.T. Coordenação Médica Geral

(Simple Triage And Rapid


Treatment) é o método de triagem
mais difundido e aplicado no mundo
de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e que pode ser feita por
117
profissionais de saúde, socorristas e até leigos, desde que sejam devidamente
treinados.
Avalia-se a vítima e classifica-se a mesma por prioridade, destacando-a por
uma forma padronizada de cores reconhecida internacionalmente onde:

VERMELHA - Vítima grave;

AMARELA - Vítima estável que apresenta potencial para gravidade e que não
deambula;

VERDE - Vítima sem gravidade aparente, com lesões superficiais e que


deambula;

PRETA - Considerada em óbito ou fora de possibilidades terapêuticas.

No método START, as ferramentas semiológicas utilizadas são avaliadas


através de três manifestações clínicas, chamadas de R.P.M. onde se avalia
parâmetros de: Respiração, Perfusão e status Mental. Trata-se de uma avaliação
rápida, preconizada que seja feita em até sessenta segundos.

Referências Referências
Avaliação START Semiológicas de Semiológicas com
Normalidade Alteração
Abaixo de 30 incursões por Acima de 30 incursões por
RESPIRAÇÃO
minuto minuto

PERFUSÃO CAPILAR Abaixo de 2 segundos Acima de 2 segundos

STATUS MENTAL /
Lúcido e orientado Desorientado ou
NÍVEL DE
atendendo as solicitações Inconsciente
CONSCIÊNCIA

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Avaliação R.P.M.:

Respiração:

Observar movimentos inspiratórios e expiratórios que estejam em até 30


incursões por minuto.
Em situações traumáticas, todo e qualquer paciente que esteja taquipneico
entrará em um quadro de fadiga respiratória, havendo a necessidade de suporte
ventilatório imediatamente. 118

Em casos de bradipnéia ou de respiração com assimetria torácica, considerar


gravidade e necessidade de suporte ventilatório.

Perfusão Capilar:

ü Pressionar a polpa digital ou o leito ungueal e soltar rapidamente.


ü Se a perfusão voltar em até dois segundos considerar normal.
ü Caso o paciente apresente uma perfusão lentificada, devemos considerar a
diminuição de perfusão por hipotensão.
ü No trauma hipotensão é déficit circulatório por provável hipovolemia ou
mecanismo de bomba cardíaca lesionada.

Status Mental:

ü Avaliar nível de consciência.


ü Quaisquer alterações no sensório em vítimas politraumatizadas direcionarão
o diagnóstico para baixo débito cerebral (hipovolemia) ou lesão direta no
encéfalo (edema ou sangramento).

Portanto, em grande resumo, classificamos as vítimas da seguinte forma:

Vítima que deambula e obedece a comandos é classificada como verde, pois


entende-se que o R.P.M. está mantido em uma vítima que anda.
É necessário lembrar que a avaliação pelo método START é uma triagem de
prioridade de atendimento em situações de desastres, portanto neste momento de
avaliação não cabe diagnóstico diferencial nem tão pouco ser usado em rotina de
atendimento clínico ou em um atendimento individualizado.

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Vítima que respira normalmente, e que apresenta uma perfusão periférica


sem alterações, que esteja lúcida, mas não deambula é classificada como amarela.
Vítima que apresenta alterações na respiração principalmente taquipnéia e/ou
que esteja com perfusão periférica lentificada e/ou que apresente alteração
neurológica é classificada como vermelha.
Vítima que não respira, abre-se a via aérea e mesmo assim não apresenta
reflexo respiratório ou com lesões incompatíveis com a vida ou fora de possibilidade
terapêutica é classificada como preta. Abaixo o fluxograma do método START: 119

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Preto

Preto

120

Cartão para triagem de vítimas Fitas adesivas para triagem de vítimas

Tratamento em desastres:

É o local que deve ser direcionado as vítimas após a triagem e estabelecida


em uma área segura.
Na área de tratamento devemos realizar o que chamamos de “triagem
secundária”, pois se houver alguma não conformidade no momento da triagem ou
uma mudança no quadro clínico da vítima até a chegada a área de tratamento, a
mesma deverá ser reclassificada pelo método START.

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Na área de tratamento, devemos manter uma distância visual entre vítimas


conscientes em relação a vítimas graves ou mortas, com o intuito de manter um
controle emocional na cena.
A equipe da área de tratamento deve tratar apenas os chamados vilões do
acidente com múltiplas vítimas que são: permeabilização das vias aéreas, contenção
de hemorragias e oclusão de feridas abertas no tórax. Os cuidados e intervenções na
área de tratamento são necessárias para estabilizar a vítima em suas lesões mais
críticas. O exame primário do politraumatizado deve ser realizado e deve ser 121

realizado pela equipe de APH que irá transportar a vítima para o hospital.
O modelo em cruz é o recomendado, mas a adaptação a esta regra dependerá
única exclusivamente da cena do desastre e da manutenção da segurança.

Área de tratamento em forma de cruz.

Durante o tratamento, o socorrista deve atentar para contaminação


cruzada trocando de luvas toda vez que for manipular um paciente
diferente.

Transporte:

Após a estabilização da vítima, conduzi-la por meios adequados é uma outra


forma de minimizar os problemas ocasionados pelos desastres.
A regra é simples: Vítima grave deve ser levada por recurso avançado
(ambulância ou transporte aéreo, quando este recurso estiver disponível) e vítimas
de menor gravidade em recurso intermediário ou básico.

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Essa regra se modifica dependendo dos recursos disponíveis em cada


situação específica de desastre, onde a falta de recursos é uma característica a ser
considerada.
As vítimas verdes podem ser transportadas em veículos comuns como: carros
de passeio, vans e ônibus, desde que tenham sido classificadas pelo método START
e reavaliadas na área de tratamento verde. Após essa separação, as vítimas verdes
devem ser acompanhadas neste transporte por um profissional de saúde,
devidamente capacitado em atendimento pré-hospitalar. 122
O médico Regulador tem papel fundamental no momento do transporte, ele
que avaliará para qual hospital será transportada as vítimas distribuindo-as de
maneira coerente para os hospitais disponíveis, avaliando o tempo de chegada, a
gravidade da vítima e o tipo de recurso que o mesmo oferece.

10- MOBILIZAÇÃO E TRANSPORTE DE ACIDENTADOS:

Destacamos que as vítimas de trauma requerem cuidados específicos durante


o atendimento pré-hospitalar. Nessa perspectiva, ressaltamos a necessidade de
cautela e prudência da equipe de socorro ao manipular a vítima de trauma durante
todo o atendimento, que implica em procedimentos de movimentação da vítima na
cena, transporte e chegada a unidade hospitalar de referência.
Os conceitos e técnicas apresentadas nesse capítulo têm como objetivo evitar
o agravamento de lesões primárias da vítima e promover condições ergonômicas
adequadas pelas equipes de atendimento pré-hospitalar.

Mobilização: consideramos que o termo refere-se às técnicas aplicadas no manuseio


e movimentação das vítimas de trauma. Suas indicações ocorrem de acordo com os
aspectos do cenário e a condição geral da vítima.

Imobilização: consideramos que o termo refere-se ao uso de dispositivos a serem


utilizados nas vítimas, visando alinhamento, estabilização e/ou fixação de partes do
corpo, afim de que movimentos indesejados não agravem lesões já existentes.

Materiais básicos de imobilização: prancha longa com cintos e estabilizadores de


cabeça, colar cervical e talas de membros.

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Preparação da vítima para retirada da cena e transporte: Ressalta-se que vítimas


de trauma nem sempre estarão ao solo em posição ideal para serem mobilizadas (ex.
colocadas na prancha). Neste contexto, pode ser necessário o alinhamento dos
membros junto ao corpo, objetivando deixar a vítima em posição anatômica. Esse
alinhamento é realizado sustentando os membros pelas articulações e posicionando-
os, gradualmente, ao longo do eixo do corpo. Caso a vitima apresente algum tipo de
restrição a esse movimento, ela deverá ser mobilizada e imobilizada mantendo a
posição inicial do membro. 123

TÉCNICAS DE MOBILIZAÇÃO E IMOBILIZAÇÃO:

Rolamento 90°:

Indicação: vítima em decúbito dorsal.

Número mínimo de socorristas: três (3).

Ao encontrar uma vítima em decúbito dorsal, e havendo a necessidade de


transporte, a primeira decisão da equipe será: para qual lado deverá ser realizado o
rolamento da vítima. A decisão mais convencional sugere que a vítima deva ser
“rolada” para o lado contrário a lesão. Contudo, algumas condições da vítima e da
cena podem requerer que o rolamento seja feito para cima do lado lesionado da
vítima. Caberá a equipe decidir qual movimento agravará mais o estado geral da
vítima, e assim realizar a técnica. Após decisão da equipe acerca do rolamento da
vítima, a prancha deverá ser posicionada do lado contrário ao posicionamento dos
socorristas.

Figura 1 Figura 2

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Considerando a equipe mínima para o atendimento, um dos socorristas deve


se posicionar por trás da vítima e com as mãos espalmadas, estabilizar a cabeça da
vítima (imobilização manual da cabeça) e, obrigatoriamente, manter pelo menos um
dos joelhos no chão, conforme figura 1. Os outros dois socorristas, devem se
posicionar no lado para o qual decidiram realizar o rolamento, conforme figura 2.
O socorrista líder deve ficar na altura do tórax, colocando a mão na cintura
escapular (ombro), enquanto sua outra mão será posicionada na cintura pélvica,
sustentando juntamente o braço da vítima. O terceiro socorrista deve se posicionar ao 124

lado do socorrista líder. Ambos devem manter um dos joelhos ao solo e outro
elevado visando maior estabilidade, atentando para que os mesmos joelhos estejam
ao solo e levantados. A mão do terceiro socorrista, mais próxima ao socorrista líder
deverá ser posicionada na região pélvica distal da vitima, ao lado da mão do
socorrista lide, formando um “X”, enquanto sua outra mão será posicionada no
joelho distal da vítima, conforme figura 2.
Uma vez posicionada a equipe e a prancha, o rolamento 90° deverá ser
realizado - movimento em bloco. O socorrista que está na cabeça é responsável pelo
sincronismo do movimento, pois será ao seu comando que a equipe irá realizar a
técnica, conforme figura 3.

Figura 3

Após o exame do dorso (crânio, pescoço e coluna), realizado pelo líder, com
mão que está na região pélvica, a equipe se prepara para a colocação da vítima na
prancha. Nesse momento, o terceiro socorrista, libera sua mão da cintura pélvica ou
do joelho da vítima e traz a prancha para o mais próximo possível da vítima,

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conforme figura 4. Havendo uma quarta pessoa disponível no local, ela poderá
posicionar a prancha junto a vítima.

125

Figura 4

Ressaltamos que uma vez colocada na prancha, é provável que a vítima ainda
precise de ajustes na sua posição. Neste contexto, o socorrista líder “cavalgará” a
vítima na altura do tórax posicionando as suas mãos sob os ombros ou entre as
axilas, enquanto o terceiro socorrista “cavalgará” a vítima na altura da região pélvica
ficando atrás do líder, conforme figura 5. Ao comando do socorrista que está na
cabeça, a equipe realizará um movimento de “arrasto”, em forma de zigue-zague
diagonal para cima e para baixo, até a vítima atingir a posição correta na prancha. É
importante nesse momento que os socorristas travem a prancha para ela não
escorregar sobre o solo. Ressaltamos que a estabilização manual da cabeça da vítima
só pode ser desconsiderada quando os demais recursos de imobilização de cabeça e
pescoço já tiverem sido colocados de maneira eficaz.

Figura 5

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Figura 7 Figura 6
126
Rolamento 180°

Indicação: vítima em decúbito ventral.

Número mínimo de socorristas: três (3).

Esta técnica consiste em mobilizar a vítima em bloco para cima de uma


prancha longa, permitindo um devido alinhamento do corpo com a cabeça. Nesta
perspectiva, diferentemente da técnica de rolamento a 90°, a prancha deverá ser
colocada no lado oposto a face da vítima. Enfatizamos que o socorrista que estabiliza
a cabeça deve estar atento para a posição adequada das mãos, onde o seu polegar
deve estar voltado para a face da vítima, conforme figura 8.

Figura 8 Figura 9

Os outros dois socorristas deverão se posicionar sobre a prancha, e realizar a


pegada da vítima na mesma posição citada na técnica anterior, permitindo o
cruzamento dos braços em “X”. Devemos considerar que, nesta posição, o socorrista
líder poderá realizar o exame do dorso antes de iniciar a técnica de rolamento. Após

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a estabilização da cabeça, o posicionamento lateral dos socorristas e da prancha, a


equipe estará apta para realizar o rolamento, conforme figura 9.
Este rolamento ocorre em dois tempos. No primeiro, os socorristas, que estão
sobre a prancha na lateral da vítima, realizarão o primeiro movimento de 90°, que
deverá alinhar a cabeça e o corpo da vítima, conforme figura 10 e 11. Em seguida,
com a vítima alinhada e lateralizada, o socorrista responsável pelo rolamento dará
um novo comando e a vítima será rolada em bloco para cima da prancha, conforme
figura 12 e 13. 127

Figura 11 Figura 12

Figura 13 Figura 14

Ressaltamos que da mesma forma como no rolamento a 90°, a vítima ao ser


posicionada em cima da prancha poderá precisar ser ajustada de maneira segura.
Neste contexto, a equipe realizará o posicionamento a cavaleiro e fará o arrasto em
zigue-zague, conforme visto previamente no rolamento a 90°.

Elevação a Cavaleiro:

Indicação: vítima em decúbito dorsal que as condições clínicas/físicas sejam


agravadas com a técnica de rolamento ou por impossibilidade de rolamento devido

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espaço insuficiente na cena. Esta técnica pode também ser um recurso em locais de
difícil acesso e com vítimas em outros decúbitos.

Número mínimo de socorristas: cinco (5).

Para iniciar esta técnica, o socorrista um (1) estabilizará a cabeça, mantendo


um joelho no chão, e a ponta do coturno do outro pé à frente. Isso o protegerá de ser
atingido pela prancha, conforme figura 1. Os demais socorristas tomarão as seguintes
posições: o socorrista dois (2) se posicionará na altura do tórax, segurando os 128
ombros; o socorrista três (3) na altura da pelve, mantendo os braços da vítima entre
seus braços; o socorrista quatro (4) na altura do joelho da vítima, conforme figura 14.
O quinto elemento (socorrista ou não) ficará responsável em colocar a prancha
embaixo da vítima, conforme figura 15.

Figura 14 Figura 15

Assim que todos estiverem posicionados, e a prancha preparada com os cintos


desafivelados e alinhados, o socorrista que estiver na cabeça dará o comando para
elevação da vítima. Esse movimento deve ser realizado de maneira sincrônica,
mantendo o alinhamento da coluna da vítima. A elevação deve ser o mínimo
necessário para o posicionamento da prancha sob a região dorsal da vítima, conforme
figuras 16 e 17.

Figura 16 Figura 17

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Procedimentos de imobilização: Após a colocação da vítima sobre a prancha longa,


seguimos com as seguintes ações:

COLOCAÇÃO DO COLAR CERVICAL – ORIENTAÇÕES:

1. Na aplicação da técnica de rolamento a 90°, orientamos que o colar cervical seja


colocado na vítima após o rolamento, para possibilitar um exame mais adequado
da região occipital e cervical da vítima. Lembrando que a estabilização manual é
extremamente segura e precisa. 129

2. O socorrista que for realizar a colocação do colar deve estar posicionado de


forma que permita a visualização da passagem do colar pela parte posterior do
pescoço da vítima, assim como mensurar o tamanho do colar cervical.

3. Após a colocação do colar cervical, o socorrista deve aplicar os estabilizadores de


cabeça (headblock), e seus respectivos tirantes (frontal e mentoniano),
ressaltando que um dos socorristas não pode soltar a cabeça da vítima.

4. O tirante mentoniano deve ser o primeiro a ser colocado. Ele é posto sobre o
colar cervical fazendo uso da abertura que possui. Após essa ação é que
colocamos o tirante frontal e a finalização da fixação da cabeça. A partir desse
momento não será mais necessário manter a imobilização manual da cabeça.

FIXAÇÃO DA VÍTIMA NA PRANCHA COM OS CINTOS:

Possuem a finalidade de manter a vítima fixada ao longo da prancha,


prevenindo o risco de quedas e movimentos indesejados.

Padrão de fixação dos cintos: (figuras 18 e 19) os cintos devem estar bem
posicionados para atuarem de forma eficaz. O cinto superior deve ser posicionado na
altura do tórax próximo a região axilar. O ajuste deve permitir a expansão do
movimento respiratório. O cinto mediano deve ficar na altura da pelve. O cinto
inferior deve ser colocado aproximadamente cinco (5) centímetros acima dos joelhos.

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Figura 18 Figura 19

130
TRANSPORTE DA PRANCHA COM 03 SOCORRISTAS:

Ressaltamos que para erguer a prancha os socorristas devem executar dois


movimentos à comando líder: o primeiro movimento até a altura dos joelhos e o
segundo movimento acima, na posição ereta, conforme figuras 20, 21 e 22. A figura
23 demonstra o transporte de vítima com três (3) socorristas.

Figura 20 Figura 21

Figura 22 Figura 23

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TRANSPORTE DA PRANCHA COM 04 SOCORRISTAS:

Ressaltamos que para erguer a prancha os socorristas devem executar dois


movimentos à comando líder: o primeiro movimento até a altura dos joelhos e o
segundo movimento acima, na posição ereta, conforme figuras 24, 25 e 26. A figura
27 demonstra o transporte de vítima com quatro (4) socorristas.

131

Figura 24 Figura 25

Figura 26 Figura 27

RETIRADA DE CAPACETE:

A indicação da retirada do capacete é ter acesso as vias aéreas da vítima, que


eventualmente possam estar obstruídas ou em casos de inconsciência. Ressaltamos
que a técnica deve ser precisa, pois a mobilização inadequada pode causar lesão

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secundária na coluna cervical. Portanto, a equipe de socorristas deve avaliar


criteriosamente o procedimento, conforme a seguir:

1. São necessários dois socorristas para executar com segurança a técnica;

2. O primeiro socorrista estabiliza manualmente a cabeça por trás da vítima;

3. O segundo socorrista estabiliza manualmente a cabeça e o pescoço, apoiando


uma das mãos sob a região posterior do pescoço da vítima e a outra na
132
mandíbula. Mantendo a cabeça em posição neutra;

4. O primeiro socorrista, que está posicionado na cabeça da vítima, segura o


capacete pelas abas laterais e vai tracionando-o cuidadosamente em sua direção;

5. Após a retirada do capacete, o primeiro socorrista mantém a estabilização manual


da cabeça e pescoço.

Sequência da Retirada de Capacete:

passo 1 passo 2

passo 3 passo 4

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133
passo 5 passo 6

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Capítulo IV
Acidentes com Animais Peçonhentos:

1 - Venenosos X Peçonhentos

São animais que possuem, em sua


maioria, glândulas que armazenam
substâncias venenosas utilizadas para 134
proteção contra a ação de predadores ou ainda
que os auxiliam na captura de suas presas.

Animais venenosos:

São animais que possuem veneno,


mas não apresentam um aparelho específico para inocular nas suas possíveis vítimas.
Ex: o veneno do sapo está em glândulas na sua pele.

Animais Peçonhentos:

São animais que possuem veneno e um aparelho específico para introduzi-lo


no organismo da vítima. Eles possuem a capacidade de produzir, armazenar e
inocular seu veneno.

2 - Ofidismo:

Acidentes oriundos de picadas de cobra.

2.1 Características básicas das cobras:

São animais predadores e se alimentam de peixes, moluscos, anfíbios,


mamíferos, aves e até de outras cobras. Como não possuem braços ou garras para
matar ou imobilizar suas presas, contam com o veneno para auxiliar nessa tarefa. A
forma da boca das serpentes impede que elas mastiguem o alimento. Ao capturar
uma presa, a cobra a engole inteira. O veneno serve para neutralizar esta presa e,
assim, facilitar a captura da mesma, outra função do veneno é ajudar, a cobra, na

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digestão da presa abatida, facilitando a absorção dos nutrientes necessários para sua
sobrevivência.

Tabela 1: Comparativo de serpentes peçonhentas X não peçonhentas.

CARACTERÍSTICAS PEÇONHENTAS NÃO-PEÇONHENTAS

CAUDA AFINA ABRUPTAMENTE AFINA GRADUALMENTE

135
FOSSETA LACRIMAL OU APRESENTA
NÃO APRESENTA
LOREAL (exceto cobra coral)

PUPILA VERTICAL REDONDA

ESCAMAS CORPO = CABEÇA CORPO X CABEÇA

PICADA UM OU DOIS ORIFICIOS MORDIDA

DENTES DUAS PRESAS PEQUENOS E UNIFORMES

AGEIS E PARTEM EM
ATITUDE (PERIGO) LENTAS E ENRODILHA
RETIRADA

Quando em campo, a diferenciação da cobra coral falsa da cobra coral verdadeira é impossível
de ser executada, portanto, tratar todas como peçonhenta.

2.2 Gêneros e Espécies de Importância Médica:

No Brasil há cerca de 260 espécies de serpentes, sendo que cerca de 40 são


peçonhentas. Essas espécies de serpentes são dividas em gêneros, dos quais
estudaremos: Crotalus, Bothrops, Lachesis, e Micrurus. O veneno de cada gênero de
serpente possui composição diferente, conseqüentemente, ira provocar sintomas
distintos, confira o esquema a baixo e entenda como cada grupo de veneno age no
corpo da vítima de acidente com cobras peçonhentas.

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Tabela 2: Comparativo de ação de veneno X gênero / espécie de serpentes:

GÊNERO ESPÉCIE AÇÃO DO VENENO SORO ANTIOFÍDICO

CASCAVEL HEMOLISANTE E

CROTALUS PARALISANTE ANTI-CROTALICO

(neurotóxico)

136
JARARACA
NECROSANTE E
ANTI-BOTHROPICO
BOTHROPS COAGULANTE

SURUCUCU NECROSANTE E
PARALISANTE ANTI-LACHESICO
LACHESIS
(neurotóxico)

CORAL
PARALISANTE ANTI-MICRURICO

MICRURUS (neurotóxico) ANTI-ELAPÍDICO

Existe um soro antiofídico genérico, ou seja, que serve para mais de um veneno. Contudo, as
reações do corpo a ele são complicadas e podem deixar seqüelas.

2.3 Ação do Veneno:

Necrosante:

Destruição do tecido muscular no local da picada.

Paralisante (neurotóxico):

Paralisia dos músculos da vitima, impedindo a sua locomoção, ocorrendo em


alguns casos à paralisia da musculatura respiratória.

Coagulante:

Promove um aumento significativo do fator de agregação plaquetária fazendo


o sangue se transformar em um “mingau”.

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Hemolisante:

Rompe a membrana das hemácias efetuando a “lise” ( destruição das células).

Sintomas no Local da Picada:

Dor, hemorragia, equimose ou hematoma.

Condutas em ofidismo:
137
ü Nunca tentar capturar a serpente, se possível, tente fotografar ou gravar
na cabeça as características de cor ou barulho emitido pela cobra;
ü Manter a vítima em repouso (a vítima não poderá efetuar nenhum tipo
de movimento para não acelerar a metabolização do veneno);
ü Realizar a assepsia do local;
ü Retira anéis e pulseiras;
ü Imobilizar o local da lesão (se for necessário);
ü Monitorar os sinais vitais;
ü Não amarrar membros fazendo um garrote e nem fazer torniquete (isso
poderá piorar as condições da vítima, pois concentrará o veneno em uma
região e não impedirá que ele circule pelo corpo da mesma);
ü Não fazer cortes e nem chupar o local da picada (isso não retira o
veneno);
ü Transportar a vitima, de maca, imediatamente ao hospital mais próximo,
pois apenas o soro poderá agir contra os sintomas.

3 - Araneismo:

Acidentes oriundos de picadas de aranhas.

3.1 Características Básicas das Aranhas:

Não são agressivas, abrigam-se sob folhas, troncos e árvores. Possuem


hábitos noturnos. Têm quatro pares de patas. As patas podem ter garras nas pontas.
Algumas espécies usam o primeiro par de patas como apêndices para capturar ou

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segurar a presa. Na parte de trás do corpo, as aranhas possuem órgãos, chamados


fiandeiras, que fabricam seda. São animais de hábitos noturnos e carnívoros.

2.2 Gêneros e Espécies de Importância Médica:

Viúva Negra (Latrodectus mactans):

138
De coloração bonita e tamanho minúsculo, são
espécies consideradas de importância médica e
encontradas em áreas de restinga. Os casos de picada
desta aranha não são frequentes em humanos e, geralmente, os ataques são
promovidos pelas fêmeas. Seu veneno possui vários componentes químicos como o
ácido aminobutírico, hialuronidase, fosfodiesterase, polipetídeos, além de proteínas
como latrotoxinas, característica do grupo. Essas toxinas atuam sobre terminações
nervosas sensitivas, provocando quadro doloroso no local da picada. Atuam também
no sistema nervoso autônomo.
O quadro clínico é dor no local da picada com intensidade variável, tipo
mialgia, evoluindo para sensação de queimação (ocorrendo 15 a 60 min. após o
acidente). Lesões puntiformes com uma ou duas perfurações de 1 a 2mm e edema
discreto no local da picada. Pode ocorrer Hiperestesia na área da picada, placa
urticariforme e infartamento ganglionar. Frequentemente há ocorrência de tremores,
contrações espasmódicas dos membros, sudorese local, ansiedade, excitabilidade,
insônia, cefaléia, prurido, eritema de face e pescoço, dor no tórax com sensação de
morte eminente, taquicardia inicial e hipertensão seguidas de bradicardia.
Para tratamento dos sintomas recomenda-se a utilização de compressas
mornas no local e o uso de analgésicos. Quando a dor é muito intensa, pode-se usar
meperidina ou morfina. O tempo de permanência hospitalar para doentes não
submetidos a soroterapia é de no mínimo 24 horas. O tratamento com soro
Antilatrodectus (SALatr) - SORO ANTIARACNÍDEO - é indicado nos casos
graves. A melhora do paciente ocorre de 30 min a 3h após a soroterapia.

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Aranha Marrom (Loxosceles):

Essas aranhas são animais do gênero Loxosceles, mas


que comumente são chamadas de aranhas marrons no Brasil.
São amarronzadas, variando o tom, e algumas possuem um
desenho no cefalotórax e podem medir até 4 cm (o corpo
mede apenas um terço disso). É distribuída por quase todo planeta, tendo mais de 30
espécies só na América do Sul. É uma das aranhas que mais gera mortes no mundo e 139
tem o veneno mais tóxico entre as aranhas brasileiras. Podem ser encontradas em
áreas livres, entre frestas de troncos, folhas secas, rochas, dentro de casa embaixo ou
atrás de móveis, em galpões, etc. As aranhas marrons não são agressivas. Os ataques
a humanos ocorrem como defesa quando, sem querer, alguém toca nela. É comum
acidentes com estes animais na hora de por calçados ou roupas, onde elas estão
escondidas, ou são vítimas que colocaram a mão em alguma fresta. Mas não é
comum elas atacarem sem ser por defesa, quando se sentem comprimidas. A picada
não é dolorida, mas cerca de 14 horas depois há desenvolvimento de edema
(inchaço) e eritema (vermelhidão), podendo ser acompanhado de prurido (coceira).
Sua toxina é hemolítica, podendo não causar problemas apenas na área picada, mas
na região visceral, levando o indivíduo a ter febre, urinar escuro e sem tratamento
adequado pode gerar necrose no tecido local da picada, falência renal e óbito. A
conduta do Bombeiro é não deixar a vítima se movimentar, solicitar ajuda e levar a
vítima, o mais rápido possível, para o atendimento médico para que possa tomar o
soro antiaracnídeo.

Armadeira (Phoneutria):

Essas aranhas não constroem teias para capturar suas


presas, elas imobilizam a vítima com o auxílio do veneno.
Estas aranhas caracterizam-se pela disposição dos olhos em
três filas (2-4-2); no abdômen há pares de manchas claras
formando uma faixa longitudinal. As pernas apresentam
espinhos negros implantados em manchas claras. Sua marca registrada é o
comportamento defensivo em posição ereta, com movimentos laterais do corpo e
com as pernas dianteiras elevadas: tal comportamento originou seu nome popular.

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Estão distribuídas por quase toda a América Central e do Sul, desde


a Guatemala até o norte da Argentina, podendo ser encontradas em bananeiras,
folhagens, entre madeiras e pedras empilhadas e no interior de residências.
As aranhas armadeiras possuem um veneno extremamente ativo em seres
humanos, aliado ao seu sinantropismo, ou seja, sua adaptação em ambientes urbanos,
faz com que as armadeiras sejam responsáveis por boa parte dos acidentes
com artrópodes peçonhentos no Brasil. Por outro lado, algumas propriedades
farmacológicas instigam cientistas que buscam por aplicações biotecnológicas de 140

compostos derivados das toxinas presentes no veneno.


Os acidentes provocados por Phoneutria ocorrem durante o ano todo,
aumentando a incidência nos meses de abril e maio. Este período coincide com a
época de acasalamento das armadeiras, o que as torna mais ativas.
As ações do seu veneno causam retardo da inativação dos canais neuronais de
sódio, o que pode provocar despolarização das fibras musculares e terminações
nervosas sensitivas, motoras e do sistema nervoso autônomo, favorecendo a
liberação de neurotransmissores, principalmente acetilcolina e catecolaminas.
Também isola peptídeos que podem induzir a contração da musculatura lisa vascular
e aumentar a permeabilidade vascular, independentemente da ação dos canais de
sódio.
No quadro clínico de um acidente com armadeiras predominam as
manifestações locais. A dor imediata é o sintoma mais frequente; apenas 1% dos
casos apresentam-se assintomáticos após a picada. Sua intensidade é variável,
podendo se irradiar até a raiz do membro acometido. Outras manifestações que
podem ocorrer são: edema, eritema, parestesia e sudorese no local da picada (onde
podem ser encontradas as marcas de dois pontos de inoculação), priapismo, choque
anafilático e edema pulmonar.

Os acidentes são classificados em Leve, Moderado e Grave:

· Leve: Predominam as manifestações locais como dor, inchaço, vermelhidão


da pele e suor na região da picada. Pode aparecer a marca da picada.
· Moderado: Além das manifestações locais, observam-se alterações
sistêmicas como aceleração da frequência dos batimentos cardíacos, aumento
na pressão sanguínea, suor, agitação e vômito.

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· Grave: Ocorrem principalmente em crianças que apresentam, além das


manifestações já descritas, vômito profuso, ereção peniana involuntária
persistente, diarreia, diminuição da frequência dos batimentos cardíacos,
pressão sanguínea baixa, arritmia cardíaca, edema agudo de pulmão e choque.

A conduta do Bombeiro é não deixar a vítima se movimentar, solicitar ajuda e


levar, o mais rápido possível, a vítima para o atendimento médico para que possa ser
administrado o soro antiaracnídeo. 141

Aranha de Jardim (Lycosa erythrognatha):

A aranha-de-jardim, também conhecida como aranha-de-


grama ou aranha-lobo (Lycosa erythrognatha) é uma
espécie de aranha da família Lycosidae. Esta aranha possui
aproximadamente 5 cm de comprimento. Apresenta
coloração marrom-clara ou cinzenta, ventre negro
e quelíceras com pêlos alaranjados ou avermelhados. Na
parte dorsal do abdome, há um desenho negro em forma de
seta, bem característico da espécie. O veneno da aranha-de-grama causa uma dor
intensa, com sensação de queimação e formigamento, e pode provocar reações
alérgicas como sudorese no local da picada. Mas geralmente a mordida não causa
problemas tão graves. Dada a ação meramente proteolítica do veneno, não há
necessidade de soroterapia específica. A conduta do Bombeiro é não deixar a vítima
se movimentar, solicitar ajuda e levar, o mais rápido possível, a vítima para o
atendimento médico para que possa tratar os sintomas de forma correta.

Condutas em Araneismo:
ü As picadas de Aranha deverão ter maior atenção, pois, acidentes com
aranha marrom e viúva negra o soro anti-aracnídeo se fará necessário;
ü Não tente capturar e nem apanhe com as mãos a aranha, isso poderá
provocar outro acidente;
ü Fique atento aos sinais vitais;
ü Não realizar torniquetes;
ü Não tentar chupar o veneno;
ü Sempre valorize um acidente com aranhas.

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4 - Escorpianismo:

Acidentes derivados de picadas de escorpiões.

4.1 Características Básicas dos Escorpiões:

Os escorpiões são animais de corpo alongado que possuem quatro pares de


patas, um par de pinças no extremo anterior e apresentam um ferrão com glândulas
de veneno na ponta da "cauda" articulada. Quando se sentem perturbados, picam com 142
facilidade, causando muita dor, e podem provocar até a morte em crianças e pessoas
debilitadas.
As espécies que habitam o estado do Rio de Janeiro têm coloração e hábitos
que as confundem com o ambiente em que vivem. Entre essas espécies encontramos
com muita frequência o "escorpião-amarelo" (Tityus serrulatus), que é considerado o
escorpião mais perigoso da América do Sul.
Os escorpiões procuram alimento durante a noite e, frequentemente, penetram
nas residências humanas, onde se instalam sem serem notados, pois durante o dia
"desaparecem" em esconderijos escuros e úmidos. Para capturar alimento e para
defesa utilizam-se do ferrão venenoso. Os escorpiões se proliferam sob pedras,
frestas de pedras e barrancos, debaixo de cascas de árvores, em paredes e muros mal
rebocados, madeira empilhada, entulhos, caixas de gordura, ralos, forros, etc. Gostam
muito de umidade, pouca luz e insetos em abundância (principalmente baratas e
outros insetos do gênero).
A picada de escorpião causa muitos transtornos ao organismo humano: dor
imediata, sudorese, febre, sensação de frio, contrações musculares, irregularidades
cardio-respiratórias, e pode levar à morte. Qualquer acidente com escorpião deve ser
avaliado por um médico. Em várias regiões do estado do Rio de Janeiro e em outros
estados da região sudeste tem ocorrido um significativo aumento na ocorrência de
escorpiões.

Medidas de prevenção para evitar acidente com escorpiões:

· Manter jardins e quintais limpos; evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas,


lixo doméstico, material de construção nas proximidades das casas; evitar
secar roupas no chão ou em cercas e muros.

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· Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras


e outras) junto a paredes e muros das casas; manter a grama aparada; limpar
periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a
dois metros junto das casas;

· Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois os escorpiões podem se


esconder neles e picar ao serem comprimidos contra o corpo; combater a
proliferação de insetos, para evitar o aparecimento de escorpiões que deles se 143
alimentam; verificar a presença de escorpiões em hortifrutigranjeiros e outros
produtos;

· Vedar frestas e buracos em paredes, ralos, assoalhos e vãos entre o forro e


paredes para impedir o trânsito de escorpiões pela residência.

4.2 Gêneros e Espécies de Importância Médica:

Tityus Bahienses:

Também conhecido como escorpião-preto, é uma


espécie de escorpião do Leste e Centro do Brasil. Mede 6
cm de comprimento, tem coloração marrom muito escura e
patas castanhas.

Tityus Serrulatus:

Coloração amarelada, encontrado nas cidades, mede 6


cm e seu veneno é duas vezes mais potente que o de o de
gênero Tityus bahienses.

Sintomatologia:

Varia de leve (dor intensa, eritema e flictena),


moderada (sudorese intensa, tontura, vômito, sialorréia e arritmias) e grave
(convulsão, edema pulmonar, coma, insuficiência cardíaca, bradicardia, hipotermia e

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choque). A gravidade dos sintomas esta relacionada com proporção entre a


quantidade do veneno injetado, massa corporal do individuo picado, espécie e
tamanho do escorpião, da sensibilidade ao veneno e do retardo no atendimento.

Condutas em escorpionismo:

ü A maioria das picadas de escorpião não necessitam de tratamento;


ü Os casos graves de acidentes com escorpiões podem precisar de soro
144
antiescorpiônico;
ü Em alguns casos são utilizados antiinflamatórios não esteróides;
ü Cuidado redobrado com idosos e crianças, o acidente com eles será
sempre considerado grave.

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Capitulo V
Assistência ao Afogado

1 - Dados Sobre Afogamento no Brasil:


A Organização Mundial da Saúde estima que 0,7% de todas as mortes no
mundo - ou mais de 500 mil mortes a cada ano - são devidas a afogamento não
intencional. O afogamento é uma das principais causas de morte em crianças e
adultos jovens no mundo, embora estejamos quantificando apenas 6% do problema.
Para a sociedade em geral, a palavra “afogamento” remete ao salvamento e às 145
medidas de primeiros socorros, no entanto a ferramenta de maior eficácia na luta
contra os afogamentos é a prevenção.
A tragédia do afogamento no Brasil está presente em nosso dia-a-dia com 17
mortes diárias (ano 2013). O resgate é um dos componentes vitais para salvar o
paciente e os primeiros cuidados são fornecidos em um ambiente altamente hostil - a
água e suas imediações. Saber realizar o suporte básico de vida ainda dentro da água
(ventilações dentro da água) e acionar o suporte avançado pode fazer a diferença
entre a vida e a morte do paciente.

· Afogamento é 2ª causa óbito de 1 a 9 anos, 3ª causa de 10 a 19 anos, e 4ª


causa de 20 a 25.
· A cada 84 min morre afogado um brasileiro – cerca de 6.000 todos os anos.
· Homens morrem 6 vezes mais.
· O Norte do Brasil tem a maior mortalidade
· 51% de todos os óbitos ocorrem até os 29 anos.
· 75% dos óbitos ocorrem em rios e represas.
· 51% das mortes na faixa de 1 a 9 anos de idade ocorrem em piscinas de
residências.
· Crianças < 9 anos se afogam mais em piscinas e em residências
· Crianças > 10 anos e adultos se afogam mais em águas naturais (rios,
represas e praias).
· Os incidentes não fatais chegam a mais de 100.000 casos ao ano
· Trauma raquimedular é menos comum em praias oceânicas onde a água é
mais clara (0,09% de todos os salvamentos realizados por guarda-vidas). Sua
incidência é maior em rios, cachoeiras, lagos e locais onde a visibilidade da
água não é boa.
· Estima-se que 94% da informação sobre os acidentes aquáticos em nosso
país seja desconhecida por subnotificação.
· 2% de todos os resgates realizados por guarda-vidas necessitam de cuidados
médicos, e 0,5% necessitam de ressuscitação cardiopulmonar (RCP).
ONDE ACONTECEM?
ÁGUAS NATURAIS = 90%

- 25% rios com correnteza

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- 20% represa
- 13% remanso de rio
- 5% lagoas
- 5% inundações
- 3% baía
- 2% cachoeiras
- 2% córrego
- 15% praias oceânicas

ÁGUAS NÃO NATURAIS = 8,5%


146
- 2.5% banheiros, caixas de água, baldes e similares
- 2% galeria de águas fluviais
- 2% piscinas
- 2% poço

DURANTE TRANSPORTE COM EMBARCAÇÕES = 1,5%

2 - Definição:
Nova definição de afogamento e terminologia foi estabelecida por consenso em
2002, em uso pela Organização Mundial de Saúde.

1. Afogamento é a “aspiração de líquido não corporal por submersão (abaixo da


superfície do líquido) ou imersão (água na face)”. Pessoa resgatada da água
com evidência de aspiração de líquido: tosse ou espuma na boca ou nariz.
2. Resgate é a retirada de vítima viva da água sem tosse ou espuma na boca ou
nariz. Quando consciente, pode ser liberada no local pelo socorrista, sem
necessidade de atendimento médico. Todos os casos podem apresentar
hipotermia, náuseas, vômitos, distensão abdominal, tremores, cefaleia,
cansaço, dores musculares e outros sintomas inespecíficos.
3. Já cadáver por afogamento, trata-se da “morte por afogamento sem chances
de iniciar reanimação. Identificada por tempo de submersão maior que uma
hora ou sinais evidentes de morte, como rigidez cadavérica, livor, ou
decomposição corporal”.

O afogamento, quanto ao desfecho, pode ser fatal ou não fatal. Como visto,
qualquer incidente de submersão ou imersão sem evidência de aspiração deve ser
considerado um resgate da água, não um afogamento. Termos como "quase
afogamento" (neardrowning), "afogamento seco ou molhado", "afogamento ativo e
passivo" e "afogamento secundário (re-afogamento horas após o evento)" ou apenas
“submersão” são obsoletos e devem ser evitados.

3-Classificação e Socorro do Afogado:


· Quanto ao tipo de água (importante para campanhas de prevenção)

· Quanto à Causa (identifica a doença relacionada ao afogamento):

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1 - afogamento primário: quando não existem indícios de uma causa base.


2 - afogamento secundário: quando existe alguma causa que impediu a vítima de
se manter na superfície da água, precipitando o afogamento.

· Quanto à Gravidade (ver figura 2)

147

Figura 1:Cadeia da sobrevivência no afogamento.

Prevenção:

Apesar da ênfase no resgate e no tratamento, a prevenção permanece a mais


poderosa intervenção e a de menor custo, podendo evitar mais de 85% dos casos de
afogamento. Campanhas de educação na prevenção podem ser visualizadas em
www.sobrasa.org.

Reconheça o afogamento e peça para ligarem para o 193

Qualquer atitude de ajuda deve ser precedida pelo reconhecimento de que


alguém está se afogando. Ao contrário da crença popular, o banhista em apuros não
acena com a mão e tampouco chama por ajuda. Encontra-se tipicamente em posição
vertical, com os braços estendidos lateralmente, batendo com os mesmos na água.
Indivíduos próximos da vítima podem achar que ele está apenas brincando na água.
A vítima pode submergir e emergir sua cabeça diversas vezes, enquanto está lutando
para se manter acima da superfície. Como a respiração instintivamente tem
prioridade, a vítima é geralmente incapaz de gritar por socorro. Ao reconhecer que
uma vítima está se afogando, a prioridade inicial é dar o alarme. Peça que alguém
ligue 193 (Corpo de Bombeiros) ou 192 (SAMU) e avise o que e onde está
acontecendo, assim como o que pretende fazer. Só então o socorrista deverá partir
para realizar o resgate, caso seja capaz.

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Forneça dispositivo de flutuação

Fornecer flutuação é uma estratégia muito importante, mas pouco utilizada,


apesar de ganhar tempo valioso até a chegada do serviço de emergência. A maioria
das ações de resgate por leigos tende a se concentrar em retirar a vítima da água,
mesmo que para isto exista um alto risco de vida ao resgatista. É fundamental que
profissionais de saúde tomem precauções para não se tornar uma segunda vítima na
hora de ajudar. Portanto, a prioridade inicial nas ações de resgate é oferecer
flutuação, se possível sem entrar na água. Dispositivos de flutuação nem sempre
148
estão disponíveis na cena, mas pode-se improvisar com objetos tais como garrafas de
plástico vazias, pranchas de surf, geladeira ou outros materiais em isopor e espumas
diversas.

Remover da água - só se for seguro

Após oferecer flutuação e interromper o processo de submersão, a próxima


ação é retirar a vítima da água. Sempre que possível, ajude a retirá-la sem entrar
totalmente na água, apontando direções mais próximas e seguras para que a própria
vítima tente o auto salvamento. Se não for possível, na sequência, tente utilizar
técnicas de arremesso de cabo. Se essas medidas mais seguras falharem, considerar a
entrada na água se, e somente se, tiver treinamento e condicionamento para tanto. A
fim de mitigar o risco de afogamento para o socorrista, deve-se trazer um objeto de
flutuação para interpor entre o ele e a vítima.
É importante considerar, na dependência da experiência do socorrista, realizar
ventilações de resgate (boca-a-boca) para o afogado inconsciente (0.5% das
ocorrências), ainda dentro da água, durante o salvamento. A ventilação ainda
dentro da água proporciona à vítima uma probabilidade 4 vezes maior de
sobrevivência livre de dano neurológico. Infelizmente, compressões torácicas não
podem ser realizadas de maneira eficaz na água.
Ventilação dentro da água não permite o uso de barreiras de proteção (máscara),
por impossibilidade técnica, sendo aconselhável a realização do boca-a-boca. A
incidência relatada na literatura de risco de contágio por HIV ou vírus das hepatites
(B e C) é muito baixa (centesimal a decimal). É recomendável ainda assim, que todos
os profissionais de saúde sejam vacinados para hepatite B. O risco é um pouco mais
elevado com a presença de vômito ou sangue visíveis na cavidade oral, quando deve
ser evitada a ventilação boca-a-boca.

Métodos de ventilação dentro da água:

· Sem equipamento de flutuação – só é recomendável com dois socorristas ou


com um socorrista em água rasa.

· Com equipamentode flutuação – Pode ser realizado com apenas um


socorrista, mas deve ter treinamento para tal procedimento. O material de

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flutuação deve ser utilizado no tórax superior, promovendo uma espontânea


hiperextensão do pescoço e a abertura das vias aéreas.

Considerando a baixa incidência de TRM nos salvamentos aquáticos e a


possibilidade de desperdício de precioso tempo para iniciar a ventilação e
oxigenação, a imobilização de rotina da coluna cervical durante o resgate aquático
em vítimas de afogamento sem sinais de trauma não é recomendada.

Suporte de Vida Básico e Avançado


149
O transporte da vítima para fora da água deve ser realizado de acordo com o
nível de consciência, mas preferencialmente na posição vertical para evitar vômitos e
demais complicações de vias aéreas. Em caso de vítima exausta, confusa ou
inconsciente, transporte em posição mais próxima possível da vertical, mantendo a
cabeça acima do nível do corpo sem, contudo, obstruir as vias aéreas.
Ao chegar à área seca, o corpo da vítima deve ser orientado paralelo à direção
do espelho d'água, o mais horizontal possível, em decúbito dorsal, distante o
suficiente da água a fim de evitar as ondas. Se estiver consciente, coloque o afogado
em decúbito dorsal com o tronco elevado a 30º. Se estiver inconsciente, porém
ventilando, coloque a vítima em posição lateral de segurança sobre o decúbito lateral
direito.As tentativas de drenagem da água aspirada são extremamente nocivas e
devem ser evitadas. A manobra de compressão abdominal (Heimlich) nunca deve ser
realizada como meio para eliminar água dos pulmões, pois é ineficaz e gera riscos
significativos de vômitos e bronco-aspiração. Durante a ressuscitação, colocar a
cabeça da vítima abaixo do nível do corpo, na tentativa de drenar água das vias
aéreas, aumenta a probabilidade de vômito em mais de cinco vezes, com aumento de
19% na mortalidade. O vômito ocorre em mais de 65% das vítimas que necessitam
de ventilação assistida e em 86% dos que necessitam de RCP. Mesmo naqueles que
não necessitam de intervenção após o resgate, o vômito ocorre em 50%. Em caso de
vômitos, role a vítima lateralmente e remova o vômito com varredura digital (mãos
com luvas e gaze) ou aspiração e continue prestando a assistência ventilatória.

4 - Classificação da Gravidade e Tratamento do Afogado:

Observações sobre o grau 6 – PCR (figura 2)

- DEA não tem utilidade em casos de afogamento primário, pois a PCR é de


causa respiratória (hipoxemia/hipóxia) e, portanto, ocorre em atividade
elétrica sem puso/assistolia na quase totalidade dos casos, quando não há
indicação de desfibrilação. No entanto o DEA é útil em situações de praias e
balneários com grande frequência de PCR em fibrilação ventricular (FV),
afogamento secundário, de pessoas com doença prévia.

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- RCP deve ser realizada no local, pois é onde terá a maior probabilidade de
sucesso. Nos casos do retorno da circulação espontânea e respiratória,
monitore a vítima com muita atenção até a chegada da equipe médica, pois
ainda não esta fora de risco de uma nova parada cardiorrespiratória.

150

- Quando vale à pena a RCP em afogamento?


Todos os afogados em PCR com um tempo de submersão inferior a uma
hora devem receber RCP. Três fatos juntos ou isolados, explicam o maior
sucesso da RCP nos afogados – o “reflexo de mergulho”, a continuação da
troca gasosa de O2 - CO2 após a submersão, e a hipotermia. O Centro de
Recuperação de Afogados (CRA) tem registrados 13 casos de PCR com
submersão maior do que 7 minutos, sendo 8 com mais de 14 minutos
ressuscitados com sucesso (2003).
Todos os casos de PCR que não apresentem rigidez cadavérica, sinais de
decomposição corporal ou livores.

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- Quando parar as manobras de RCP em afogados?

1o - Se houver recuperação da circulação espontânea (respiração, movimentos


e ritmo cardíaco organizado ao monitor, com pulso carotídeo);
2o - em caso de exaustão dos socorristas ou;
3o - ao entregar o afogado a uma equipe médica.

Existem casos descritos de sucesso na reanimação de afogados após 2 horas


de manobras, e casos de recuperação sem danos ao cérebro com até 1 hora de 151
submersão. Para a equipe médica, a ressuscitação deve ser encerrada apenas quando
a vítima estiver com temperatura corporal acima de 34oC e mantiver-se em assistolia.
Caso contrário, a ressuscitação deverá ser mantida.

- Suporte Avançado de Vida no local

Ao contrário de opiniões passadas, levar o equipamento médico à vítima,


ao invés de levá-la ao hospital, poupa um tempo precioso aos casos de
afogamento. O tratamento médico avançado é instituído de acordo com a
classificação do afogamento no local do incidente onde todo atendimento
inicial básico foi iniciado. Desta forma em situações críticas de atendimento
avançado a casos de afogamento, prepare-se para ficar ao menos por 15 a 30
minutos no local do incidente.

A aspiração das vias aéreas antes da intubação é geralmente necessária, mas


não deve ser excessiva a ponto de prejudicar a própria ventilação. Uma vez intubada,
a vítima pode ser ventilada e oxigenada adequadamente, mesmo na presença de
edema pulmonar. O acesso venoso periférico é a via preferencial para administrar
drogas. A dose de adrenalina utilizadas durante a RCP é a mesma recomendada pela
American Heart Association para qualquer PCR, 1 mg IV em bolus a cada 3 minutos
de RCP.

Indicações de Internação:

A hospitalização é recomendada para todos os pacientes com grau de afogamento


2 a 6. Pacientes grau 3 a 6, geralmente precisam de intubação e ventilação mecânica
e devem ser internados em Unidade de Terapia Intensiva.

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Capítulo VI
Emergências Psiquiátricas

1 - INTRODUÇÃO

1.1 Conceitos e Definições Sobre a Saúde Mental:

A OMS preconiza que a saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental,


social. Ainda de acordo com dados da OMS (2010), os estudos indicam que uma em 152

cada duas pessoa, no mundo, sofrerá de algum problema relacionado a saúde mental.
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria cerca de 30% da
população brasileira irá desenvolver algum transtorno mental ao longo de sua vida.
A atual política nacional de saúde mental nasceu das experiências européias que
buscavam mudanças no modelo assistencial aos portadores de transtorno mental.
A reforma psiquiátrica brasileira foi baseada na reforma psiquiátrica italiana, cujo
principal expoente foi Franco Basaglia, em 2001 foi promulgada a lei 10.216 de
autoria do Deputado Paulo Delgado, esta lei implementou a modificação do modelo
baseado em internações nos hospitais psiquiátricos para o modelo comunitário ,com
uma rede integrada de CAPS, NAPS, Hospital Dia, ambulatórios de saúde mental,
residências terapêuticas e setores em hospitais gerais para o atendimento a
emergências psiquiátricas com tempo máximo de internação. Foi estabelecido pela
lei a redução progressiva de leitos, estas ações têm como finalidade a reinserção
social dos portadores de transtorno mental na sociedade.

· Principais Causas e Alterações no Transtorno Mental:


Polanczyk (2009) afirma que os agentes etiológicos das psicopatologias são
multifatoriais que se inter-relacionam entre si e observamos três características
causais das psicopatologias:
· Nas características individuais de cada pessoa temos (fatores biológicos,
genéticos e psicológicos);
· Nas características ambientais (ações de familiares, relacionamentos
interpessoais, exposição a eventos estressores);
· Características sociais (rede de apoio social e nível socioeconômico).

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A alucinação e o delírio são as alterações mais encontradas nas psicopatologias,


além da agitação psicomotora seguida de agressividade nos casos graves.

Delírio: Envolve alterações do pensamento com equívocos da realidade, sobre


algo que existe, porém distorcido, como numa perseguição imaginária;
Alucinações: São percepções falsas, tais como ouvir, ver ou sentir algo que não
existe.

153
Diversos problemas enfrentados na infância podem produzir problemas
psiquiátricos na fase adulta.
De acordo com o Ministério da saúde, 3% da população sofre com transtornos
mentais severos e persistentes, mais de 6% da população brasileira apresenta
transtornos psiquiátricos graves decorrentes do uso abusivo de álcool e drogas,
necessitando de atendimento em saúde mental.
Murray e Lopes (1996 Apud Brasil, 2003) afirmam que estudos realizados pela
Universidade de Harvard apontam que, das dez doenças mais incapacitantes em todo
o mundo, cinco são de origem psiquiátrica: Depressão, transtorno afetivo bipolar,
alcoolismo, esquizofrenia e transtorno obsessivo-compulsivo.

Principais Problemas de Saúde Mental Encontrados no Ambiente Pré-


hospitalar:

· Tentativa de suicídio;
· Intoxicação e abstinência por álcool e drogas;
· Surto psicótico de origem orgânica ou funcional;
· Comportamento agressivo com ameaça iminente à própria integridade
física ou de terceiros.
· Transtornos de humor.

Legislações que Amparam o Atendimento aos Portadores de Transtorno Mental


no Ambiente Pré-hospitalar:

Lei 8080/90 e 8142/90 são as leis orgânicas que regulamentam o sistema único
de saúde, preconizam a atenção integral, acesso universal e com rede hierarquizada e
descentralizada dos serviços de saúde.

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Lei 10.216 /2001 a lei que regulamenta a assistência aos portadores de transtorno
mental, seus direitos e estabelece diretrizes sobre desinstitucionalização.
Lei Estadual 2.920 autoriza o poder executivo a criar uma central de
atendimento emergencial de remoções de portadores de transtorno mental sob a
coordenação do CBMERJ.
Portaria nº 2048/GM, de 5 de novembro de 2002, que institui o Regulamento
Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência
Portaria Nº 1.864, de 29 de setembro de 2003, institui o componente pré- 154

hospitalar móvel da Política Nacional de Atenção às Urgências, por intermédio da


implantação de Serviços de Atendimento Móvel de Urgência em municípios e
regiões de todo o território brasileiro: SAMU- 192.
Resolução do conselho federal de medicina nº 2057/2013, cap. vi, artigo 16
inciso 3, prescrição medica para contenção física ou mecânica.
Resolução do COFEN nº 427/2012 que autoriza a contenção em casos de
urgência e emergência sob a supervisão do enfermeiro.
Protocolo operacional padrão (POP) CBMERJ nº16: estabelece que compete ao
COGS (GSE-SAMU) regular o atendimento de emergência aos portadores de
transtorno mental na cidade do Rio de Janeiro, com viaturas do CBMERJ e do
SAMU; Cabe ao CBMERJ no Estado do Rio de Janeiro apoiar as equipes do samu
ou orgãos similares nas emergências psiquiátricas.

2 - AVALIAÇÃO DA CENA NO ATENDIMENTO AOS PORTADORES DE


TRANSTORNO MENTAL

- Avaliar ao chegar no local, os riscos para a guarnição como: agitação,


agressividade (com fala ameaçadora, objetos quebrados na cena, presença de
lesões) e desorientação (discurso com delírios ou alucinações);
- As viaturas deverão chegar ao local do evento de forma discreta;
- Em nenhum momento a equipe de socorro deverá colocar-se em perigo.
- Procurar colher histórico das patologias e das crises anteriores.
- Certificar-se que o ambiente está seguro para a vítima, seus familiares e a
guarnição envolvida no atendimento.
- Caso seja necessário solicite apoio policial.

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- Isolar o local, impedindo a aproximação de curiosos.

3 - AVALIAÇÃO DA VÍTIMA DURANTE O ATENDIMENTO AOS


PORTADORES DE TRANSTORNO MENTAL

A abordagem ao PTM deve ocorrer de forma tranquila, com um único socorrista


como interlocutor, porém de forma firme, com linguagem clara, mostrando a sua
intenção de ajuda-lo, para estabelecer um vínculo de confiança, mantenha uma
distância segura durante a abordagem. 155

Os demais componentes da guarnição deverão manter uma certa distância


É fundamental que o socorrista escute a vítima com atenção e demonstre interesse
para consolidar o vínculo, mantendo contato visual enquanto ele fala, não emita
nenhuma crítica.

- Informe a vítima sobre o que será realizado, mantendo sempre a cordialidade.


- Jamais discutir com a vítima.
- Não concordar com suas alucinações e delírios, porém não censurar.
- Controle a vítima de maneira que acredite que está fazendo sua própria
vontade, tentando a condução da vítima pelo diálogo.

4 - CONTENÇÃO FÍSICA E MECÂNICA DA VÍTIMA DE TRANSTORNO


MENTAL

Cabe ao MÉDICO regulador ou assistente prescrever a contenção física/mecânica


do Portador de Transtorno Mental (PTM).
Na ausência do profissional médico, em situações de risco iminente para saúde do
PTM ou da equipe, cabe ao ENFERMEIRO prescrever tal procedimento.
Resolução/COFEN-427/12
Caso não obtenha êxito pela intervenção verbal e necessite da contenção
mecânica.
O ideal seria a contenção por um grupo de oito pessoas, com dois a nível da
cabeça, dois no ombro, dois no quadril e dois nas pernas, segundo o POP nº 16 do
CBMERJ.
De acordo com o manual de enfermagem em emergências da SESDF são
preconizadas 5 pessoas nesta contenção, sendo um elemento em cada membro da

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vítima e um se posicionara atrás segurando a cabeça com uma das mãos e outra mão
no peito da vítima deslocando-o para trás.
Poderão ser utilizados espectadores externos que demonstrem preparo para
colaborar.
Deve-se manter o contato verbal com a vítima durante a contenção, tentando
acalmá-la, informando que tal medida é para protegê-la.
Utilizar quatro faixas acolchoadas com algodão ortopédico uma em cada membro
na prancha longa fixar com tirantes e head block. 156

· Contenção física: Caracteriza-se pela imobilização do paciente por várias


pessoas da equipe que o seguram firmemente ao solo. Mantovane et al 2010.
· Contenção mecânica: Caracteriza-se pelo uso de faixas de couro ou tecido,
em quatro ou cinco pontos que fixam o paciente ao leito. Mantovane et.al
2010.
Revistar a vítima em busca de drogas, armas ou objetos que representem algum
risco.

5 - REAVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DA VÍTIMA COM


TRANSTORNO MENTAL

Avalie cuidadosamente o paciente de forma constante objetivando detectar


possíveis síndromes organo-mentais, pois nestes casos os pacientes devem ser
atendidos por profissionais da clínica médica.
Deve ser avaliado a cada 30 minutos: nível de consciência, sinais vitais,
estado dos membros contidos e impressões do paciente.
Em todos os procedimentos realizados, deve-se falar o que será feito, sempre
num clima de cordialidade, mantendo o profissionalismo.
Lembrem-se: todo portador de transtorno mental é um ser humano, que
necessita de cuidados e atenção, como todos nós

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

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