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CURSO DE PSICOLOGIA

LÊDA DO SANTOS ALVES SOUSA


LUCIANA SANT’ANNA MASCARENHAS VIEIRA

A CONSOLIDAÇÃO DA PSICOLOGIA: 1930 A 1962

Salvador/Ba
2023.1
LEDA DOS SANTOS ALVES SOUSA
LUCIANA SANT’ANNA MASCARENHAS SANTOS

A CONSOLIDAÇÃO DA PSICOLOGIA: 1930 A 1962

Trabalho apresentado à disciplina Psicologia,


Epistemologia e Cuidados em Saúde do curso de
Psicologia, da Faculdade Santa Casa da Bahia,
como parte dos requisitos para aprovação.

Professor: Luiz Lopes Guimarães Neto

Salvador/Ba
2023.1
INTRODUÇÃO

Este trabalho está pautado no período histórico de 1930 a 1962, considerado como a
consolidação da psicologia e será descrito destacando três aspectos, a saber: o contexto
político e econômico brasilerio, os saberes e práticas psicológicas e os profissionais que se
destacaram.

Contexto político e econômico brasileiro

Abordar a história da psicologia no Brasil atrelada a um contexto político e econômico é uma


tarefa um tanto quanto complexa e multifacetada, partindo do pressuposto de que o período
histórico de 1930 a 1962 foi bastante significativo por representar a Era Vargas e
significativas mudanças econômicas.

A linha do tempo desse período político foi representativa constituindo-se pelo período que
vai da era agrícola, passando pela industrialização e intensificação da urbanização no Brasil
até construção de Brasília datada a partir da década de 50.

CRONOLOGIA: Contexto político e econômico brasileiro

PERÍODO DESCRIÇÃO
1937 a 1945 - Estado Novo
1940 Período da industrialização e intensificação da urbanização no Brasil
1941 Criação da Companhia Vale do Rio Doce
1942 Fábrica Nacional de Motos
1943 Companhia Nacional de Álcalis
A partir de 1955, desenvolvimento da indústria automobilística e a construção de Brasília.
Período conhecido pelo Plano de Metas do governo: “50 anos em 5 anos”. Presidente
Juscelino Kubitschek

O contexto ao qual o país se encontrava passava por profundas transformações a exemplo da


Revolução de 30, que foi gestada a partir do descontentamento dos empresários em relação à
política econômica que favorecia a economia agrícola em detrimento da industrialização. Essa
revolução beneficou a classe industrial burguesa iniciando assim o processo de
industrialização no Brasil. Essa nova fase desencadeou novas necessidades relacionadas às
relações sociais atreladas à demanda por uma diversidade de aprendizados, tornando a
educação uma feramenta fundamental nesse processo.

Na década de 40, no Governo Vargas foram criadas algumas indústrias estatais tais como a
Companhia Vale do Rio Doce (1941), a Fábrica Naciona de Motos (1942) e a Companhia
Nacional de Álcalis (1943).

A psicologia torna-se nessa época um dos principais fundamentos científicos nesse processo
industrial. Foi o momento de expansão do ensino da psicologia, inicialmente na psicologia da
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educação e posteriomente na organização do trabalho e na prática clínica, houve também, e
não menos importante o aumento da publicação de livros, artigos científicos e periódicos, bem
como a criação de associações de psicologia.

A Psicologia, como disciplina científica, inicou a sua constituição na Europa – em países


como Alemanha, França, Inglaterra, Itália – e nos Estados Unidos no século XIX. O Brasil
receberia ainda naquele século, as teorias e práticas advindas desses países e foram difundidas
por meio do ensino e da produção de teses nas Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e de
Salvador (Bahia).

Importante destacar que o setor governamental utilizou da psicologia para promover


intervenções sociais e a racionalização do trabalho, o que alçou a psicologia a outro patamar,
ou seja, o fato de responder às questões impostas por um modelo econômico e político,
considerado desenvolvimentista à época, se estabeleceu como uma ciência devido às suas
práticas, favorecendo mais tarde a sua consolidação no país como profissão.

Os saberes e práticas psicológicas

A Psicologia foi se fortalecendo enquanto profissão ao mesmo tempo em que o país passava
por profundas transformações nos seus modelos de produção. Algumas práticas foram se
fortalecendo e os saberes desta profissão se solidificando enquanto ciência. Desse modo, a
psicologia se consolida como ciência e profissão ao tempo em que responde às necessidades
provenientes do projeto político, econômico e social que naquele momento era demandado
pela nova classe dominante e emergente, a burgesia industrial. Essa burguesia tem nessa fase,
a ideia moderna de gestão de negócios e com isso utiliza-se da psicologia para suas práticas
voltadas à racionalização e otimização das atividades laborais.

CRONOLOGIA: Os saberes e práticas psicológicas

PERÍODO DESCRIÇÃO
Entre 1930 e 1940 Instituto de Seleção e Orientação Pessoal (ISOP)
Surgiram as primeiras associações e os primeiros periódicos da
categoria;
A Associação de Psicologia de São Paulo – fundada em 1945 – e seu
periódico O Boletim de Psicologia – fundado 1949;
1940 Lançamento do primeiro número da revista - Arquivos Brasileiros de
Psicoténica – alterado por – Arquivos Brasileiros de Psicologia
Aplicada, hoje – Arquivos Brasileiros de Psicologia;
A Associação Brasileira de Psicotécnica é criada por técnicos e
frequentadores das atividades do ISOP em setembro de 1949

Diversas instituições fizeram parte desta trajetória da solidificação do curso de psicologia em


alguns estados do Brasil, a saber, em ordem de criação:
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 1º curso: Curso de Psicologia – PUC-RJ (Pontífica Universidade Católica no Rio de
Janeiro) em 1953;
 2º curso: curso de Psicologia criado no Rio Grande do Sul.

Antes da regulamentação da Psicologia, duas instituições católicas criaram o curso de


Psicologia:

 A Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUCMinas) em 1959;


 A Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) em 1961.

Porém, apenas em 1957 surgiu na Universidade de São Paulo (USP), o primeiro curso de
Psicologia numa universidade pública e laica. E em 1958 – foi realizado o 1º Congresso
Brasileiro de Psicologia em Curitiba – PR.

Em 27 de agosto de 1962 é aprovada a lei que regulamenta profissão de psicólogo e estabelece o


currículo mínimo para sua formação. No ano seguinte, o Ministério da Educação publica uma portaria
sobre a atuação da Comissão Especial de Registro de Psicólogos. Em 1964, o Decreto n° 53.464, de
21/01/64, regulamenta a Lei nº 4119/62.

Mas é na década de 70 que muitos cursos em instituições particulares são criados em função
de uma demanda cada vez maior pelo ensino superior e em particular pelo curso de
Psicologia. E nesse sentido, a psicologia passou a se procupar com as pessoas e seus
problemas, num claro intuito social, com o objetivo de trasformação da sociedade.

E por fim, a implantação de cursos de pós-graduação garantiu a expansão da psicologia e um


salto de qualidade na produção de significativo acervo na área de conhecimento científico
original e criativo.

Os profissionais que se destacaram

Diversos profissionais se destacaram nesse período histórico, estão Helena Antipoff, Ulisses
Pernambuco e Waclaw Radecki.

CRONOLOGIA: Os profissionais que se destacaram

PERÍODO DESCRIÇÃO
Helena Antipoff e Ulisses Pernambuco pioneiros na educação de crianças
1930 com deficiência intelectual, além da educação dos chamados superdotados
e da educação rural
Projeto pioneiro no ensino de Psicologia – criação de um Instituto de
Psicologia, criado por Waclaw Radecki – criou e dirigiu o Laboratório de
1932 Psicologia Experimental da Colônia de Psicopatas de Engenho de Dentro
(RJ). Foi transformado ainda em 1932 – no Instiruto de Psicologia – durou
apenas 7 meses
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1940 Surgiram os primeiros cursos especializados em Psicologia – Institutos
Sedes Sapientall – em São Paulo – sob a direção da Madre Cristina
Nesse período o profissional de Psicologia passou a ser chamado de
Psicotécnico ou Psicologista. Deixando o campo da Educação para se
constituir em um campo próprio

Helena Antipoff através de sua pesquisa realizada em Belo Horizonte concluiu que os testes
mediam muito mais do que supunha ser inteligência, como também a condição de existência
da criança quer sejam materiais ou sociais. Foi pioneira, na década de 30, junto com Ulisses
Pernambuco por trabalhar na educação rural, bem como na educação de crianças com
deficiência intelectual, além dos superdotados.

O Instituto de Psicologia foi criado por Waclaw Radecki sendo considerado um projeto
pioneiro, criou e dirigiu o Laboratório de Psicologia Experimental da Colônia de Psicopatas.

Em 1940 surgiram os Serviços de Orientação infantil, sendo considerada uma base


extremamente importante para o desenvolvimento da clínica, destinado ao atendimento de
crianças com queixas escolares. Em paralelo a esse Serviço, é fundada e dirigida por Madre
Crsitina Sodré Dórea, a Clínica do Instituto Sedes Sapientiae, com a mesma finalidade.

Além desses, destaca-se também à época, Mira y Lopez, diretor do referido ISOP, foram
considerados adeptos do pensamento de esquerda, e, por esse motivo, perseguidos e limitados
em suas possibilidades de ação e de expressão de ideias. Vale dizer que, na década de 40,
Henri Wallon esteve no Brasil, a convite do Partido Comunista, fato esse não referido ou
apenas pontualmente citado na historiografia da área no Brasil.

Ainda nesse período destacam-se:


 A Clínica de Orientação Infantil – criada por Durval Marcondes – São Paulo;
 A Clínica de orientação Juvenil criado por Helena Antipoff – Rio de Janeiro.

Pode-se afrmar que a Psicologia no Brasil enfrentou dificuldades em relação às limitações


teóricas, precariedade na formação, limitação nos campos de atuação etc, porém, com o
decorrer dos anos a Psicologia caminhou a um novo patamar de produção de conhecimento e
reconhecimento de suas práticas e se consolidou como ciência que dialoga e se aprofunda em
outros saberes e na comprovação de pesquisas científicas.

REFERÊNCIAS
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Memórias da Psicologia – A Prática antes da regulamentação 1940 a Lei 4.11962;

Memórias da Psicologia – A prática antes da regulamentação século XIX aos anos 1940 do
século XX;

50 anos da Psicologia no Brasil – história da psicologia no país

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