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Psicologia e Educação 57

Promover as competências de estudo na Universidade: Projecto


“Cartas do Gervásio ao seu Umbigo”
Pedro Rosário*
Rosa Mourão*
Serafim Soares*
Joaquim Filipe Araújo*
José Carlos Nunez**
Júlio Gonzalez Pienda**
Paula Solano**
Luísa Grácio***
Elisa Chaleta***
Fátima Simões****
Carina Guimarães****

Resumo: O processo de auto-regulação da aprendizagem é referenciado a ideias,


sentimentos e comportamentos governados pelo próprio para reduzir o espaço que
o separa dos seus objectivos. Neste sentido, a auto-regulação exige activar e manter
no tempo as cognições e os comportamentos, o que sugere encarar o aluno como
um governador do seu processo de aprendizagem. Apresentamos as “cartas do Gervásio
ao seu Umbigo”, uma ferramenta que promove as competências de estudo dos alunos
do 1.º ano da Universidade, desenhada no quadro da perspectiva sóciocognitiva da
aprendizagem auto-regulada. Resultados preliminares da aplicação deste projecto de
promoção de competências de auto-regulação da aprendizagem a 29 alunos do 1º ano
da licenciatura em Administração Pública, ainda que exíguos, apontam no sentido da
utilidade desta ferramenta na promoção das competências de auto-regulação da
aprendizagem. São discutidas implicações destes dados para a prática educativa.
Palavras-chave: Aprendizagem; Auto-regulação da aprendizagem; Estratégias de
aprendizagem; Programa de competências de estudo.

Enhancing study competencies in higher Education:


Project “Letters from Gervásio to his belly-bottom”

Abstract: Self-regulated learning process refers to students’ self-generated thoughts,


feelings and behaviours oriented toward the attainment of their learning goals. This
way activating and sustaining one’s own cognitions and behaviours implies the piloting
of one’s own learning process. The “Letters from Gervásio to his belly-bottom”, designed
under the social-cognitive theoretical perspective, are an educational tool intended to

_______________
* Instituto de Educação e Psicologia, Departamento de Psicologia, Universidade do Minho, 4700 Braga.
E-mail: prosario@iep.uminho.pt
** Universidade de Oviedo, España.
*** Universidade de Évora.
**** Universidade da Beira Interior.

Vol. IV, nº 2, Dez. 2005


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promote college students’ study competences. Data, collected from an intervention pilot
project with 29 students from first year Public Administration course at Universidade
do Minho prove the usefulness of this tool and how profitable it can be on the
development of college students’ self-regulated learning competences. Practical teaching
implications of the outcomes are so far discussed and highlighted.
Key-words: Learning; Self-regulated learning; Learning strategies; Study skills programs.

Introdução conceito está a assumir uma importância


cada vez maior na literatura, uma vez que
O desenvolvimento de competências pes- a investigação tem sugerido que os alunos
soais e profissionais na Universidade é participam activamente no seu processo de
considerado, de uma forma cada vez mais aprendizagem monitorizando e regulando
generalizada, como um indicador de qua- os processos de aprendizagem orientados
lidade, tendo-se convertido, no marco do para produtos (Boekaerts, 1995; Pintrich
Espaço Europeu de Educação Superior, & Schrauben, 1992; Rosário, 2001, 2004).
numa prioridade para todos os agentes Contrariamente a uma crença instalada, a
implicados neste nível educativo. “(…) auto-regulação da aprendizagem não apre-
Numa era onde estas qualidades para a senta uma natureza nem uma origem
aprendizagem ao longo da vida estão associal. Cada processo ou comportamen-
ausentes da vida de muitos alunos, o ensino to auto-regulatório, tal como o estabele-
de estratégias e processos de auto- cimento de um objectivo, a realização de
regulação da aprendizagem é especialmente um sumário ou o estabelecimento de auto-
relevante” (Zimmerman, 2002, p.70). Se consequências, pode ser ensinado directa-
assumirmos a preocupação geral de for- mente ou modelado pelos pais, professo-
mar profissionais dinâmicos e apetrecha- res ou colegas. De facto, os alunos auto-
dos para a vida em sociedade e nos res- reguladores da sua aprendizagem procu-
ponsabilizarmos – a partir da Universida- ram ajuda social no sentido de a melho-
de – com compromissos tais como: ques- rarem. O que, definitivamente, os define
tionar, construir e estimular a iniciativa, como “auto-reguladores” não é a sua
o espírito crítico e a resolução de proble- proficiência na utilização isolada de estra-
mas, estaremos a dirigir as nossas metas tégias de aprendizagem, mas sim a sua
na educação superior para uma formação iniciativa pessoal, perseverança na tarefa
global, permanente e integral; numa ideia: e competências exibidas, independente-
para uma educação ao longo de toda a vida mente do contexto onde tal aprendizagem
(Hernández-Pina, Clares, Rosário, & Espín, ocorre. Os alunos auto-reguladores foca-
2005). lizam-se no seu papel agente, activando,
Neste contexto o desenvolvimento da auto- alterando e sustentando estratégias de
regulação assume particular destaque. A aprendizagem num contexto individual ou
auto-regulação da aprendizagem não deve social. Zimmerman e Martinez-Pons (1988)
ser encarada como uma aptidão mental, tal observaram uma correlação de .70 entre
como a competência verbal, mas como: os relatos da utilização de estratégias de
“(...) o processo de auto-direcção, através auto-regulação na aprendizagem em alu-
do qual os alunos, transformam as suas nos do Ensino Secundário e os seus re-
aptidões mentais em competências sultados escolares. Estes dados sugerem
académicas” (Zimmerman, 1998, p.2). Este que as estratégias de auto-regulação da sua

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aprendizagem se revelaram altamente curricular específico criado para o efeito.


preditivas do seu desempenho escolar A infusão curricular, por sua vez, tem
(Zimmerman & Martinez-Pons, 1988, como objectivo integrar o ensino das
1992). Aprender é encarado como uma estratégias de aprendizagem na dinâmica
actividade que os alunos desenvolvem de cada uma das disciplinas e conteúdos
proactivamente, exigindo processos de de aprendizagem. Trabalhando as estra-
auto-iniciativa motivacional, comportamen- tégias de auto-regulação da aprendizagem
tal e metacognitivos, mais do que proces- em contexto promove-se a sua
sos reactivos despoletados por reacção ao conceptualização como ferramentas úteis
ensino (Zimerman, 2002; Zimmerman, para aplicar em diversos domínios, e não
Greenberg, & Weinstein, 1994). Nas pa- apenas no curso específico de técnicas de
lavras de Boekaerts (1996), “Os estudan- estudo onde estas são, habitualmente,
tes que regulam a sua própria aprendiza- trabalhadas de uma forma avulsa e
gem são aqueles que possuem a capaci- desancorada teoricamente (Rosário, 2004).
dade de por um lado exercer controlo sobre Utilizando as estratégias de auto-regulação
as diferentes dimensões do processo de da aprendizagem em diferentes contextos,
aprendizagem, incluindo a selecção, com- tarefas e áreas de conteúdo, os projectos
binação e a coordenação das estratégias de infusão curricular incrementam a
cognitivas num determinado contexto, e por probabilidade de ocorrência da transferên-
outro, de canalizar recursos para os dife- cia dessas aprendizagens (Rosário, Soa-
rentes aspectos do processo de ensino- res, Núnez, González-Pienda, & Rúbio,
aprendizagem, sem muitos custos para o 2004a; Salomon & Perkins, 1989;
seu bem-estar” (p.102). Simpson et al., 1997). Apesar de não
Em 1997, Simpson, Hynd, Nist e Burrel existir nesta área um corpo sólido de in-
apresentaram uma revisão da literatura vestigação comparando programas de
sobre os programas e intervenções na área infusão versus programas de justaposição,
das competências de estudo, focalizando os dados sugerem que os programas de
a sua meta-análise no critério da transfe- infusão seriam mais efectivos na Esco-
rência das estratégias de aprendizagem. laridade Básica e Secundária. No entanto,
Desenvolveram uma taxonomia organiza- não é evidente a partir desta meta-análise
da em cinco categorias gerais. As conclu- se tais resultados se devem a diferenças
sões sugeridas apontam para a conveniên- desenvolvimentais dos alunos ou a carac-
cia, urgência – atrevemo-nos a pontuar – terísticas específicas das intervenções
, de incorporar o ensino das estratégias de realizadas nos níveis etários analisados
aprendizagem nos programas de formação (Hadwin & Winnie, 1996; Hattie, Biggs,
dos professores, incluindo os da Univer- & Purdie, 1996; Simpson et al., 1997).
sidade, para, posteriormente, estas pode- Apesar dos resultados da investigação
rem ser infundidas nos respectivos currí- reforçarem a importância dos alunos uti-
culos das áreas de conhecimento. Outro lizarem processos de auto-regulação na
aspecto considerado no trabalho, e funda- sua aprendizagem, poucos professores pre-
mental na arquitectura das intervenções, é param efectivamente os seus alunos para
o desenho dos projectos. As intervenções uma aprendizagem autónoma
de justaposição estão organizadas para (Zimmerman, 2002). O projecto que
proporcionar instrução na área das estra- apresentamos seguidamente é um contri-
tégias de aprendizagem num espaço buto para colmatar esta lacuna.

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Projecto “Cartas do Gervásio ao seu Neste sentido, construímos um modelo de


Umbigo” promoção da aprendizagem implícita do
A auto-regulação da aprendizagem não é um processo auto-regulatório, evitando a
processo de aprendizagem de tudo ou nada. descontextualização das experiências con-
Refere-se, pelo contrário, ao grau no qual os cretas de aprendizagem, amplamente san-
estudantes estão metacognitiva, motivacional cionada na literatura. As estratégias de
e comportamentalmente activos na sua apren- aprendizagem não são um pacote avulso de
dizagem. Muitos alunos que apresentam tácticas para utilizar, indiferenciada-mente,
dificuldades no seu percurso académico atri- face às tarefas, mas sim uma abordagem
buem o seu problema à falta de capacidade, compreensiva a uma tarefa, envolvendo um
quando o problema pode estar relacionado trabalho metacognitivo sobre os seus recur-
com o facto de estes nunca terem sido ins- sos, a natureza da tarefa e as constrições
truídos em processos e estratégias de apren- contextuais que a envolvem. Zimmerman
dizagem. O projecto de promoção da apren- apresentou em 1998, e depois em 2000, um
dizagem auto-regulada na Universidade modelo explicativo da aprendizagem auto-
“Cartas do Gervásio ao seu Umbigo”, está regulada. As “Cartas do Gervásio ao seu
alicerçado na convicção de que todos os alunos Umbigo” é um projecto que, embora an-
são capazes de aprender, podem auto-regular corado no modelo cíclico da aprendizagem
a sua motivação e aprendizagem, sempre que auto-regulada (Zimmerman, 2000), apresen-
decidam aprender, assumindo esse controlo. ta, a exemplo de um outro projecto de
Esta ferramenta de promoção de auto- promoção da aprendizagem auto-regulada
regulação da aprendizagem no contexto no Ensino Básico (Rosário, 2002, 2004),
universitário é suportada pela convicção de um modelo cíclico mais parcimonioso: o
que a aprendizagem auto-regulada pode ser PLEA (Planificação, Execução e Avaliação
promovida através da modelação e da das tarefas). Como pode ser observado na
experienciação de múltiplas oportunidades figura seguinte, o modelo apresenta uma
para o desenvolvimento de uma aprendiza- abordagem processual à auto-regulação da
gem autónoma. Por este motivo, o início de aprendizagem, caracterizando a sua estru-
mais uma etapa na formação dos alunos é tura em três fases: a Planificação, a Exe-
uma excelente oportunidade para trabalhar cução e, por último, a fase de Avaliação
estas competências. das tarefas desenvolvidas.
Figura 1. Modelo PLEA da aprendizagem auto-regulada (Rosário, 2004)

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Estas fases estão organizadas, descreven- indutivamente um modelo auto-regulatório


do um movimento cíclico. A fase de para enfrentar as suas experiências de
planificação ocorre a montante, quando os aprendizagem. Esta aprendizagem estraté-
alunos analisam a tarefa específica de gica envolve um processo de meta-análise
aprendizagem com a qual se defrontam. dos comportamentos de estudo e reflexões
Esta análise envolve o estudo dos seus oferecidas ao longo do texto “Cartas do
recursos pessoais e ambientais para enfren- Gervásio ao seu Umbigo”. A narrativa
tar a tarefa, o estabelecimento de objec- segue um guião consonante com o marco
tivos face à tarefa e o desenho de um plano teórico auto-regulatório apresentado, desen-
concreto para reduzir a distância que os volvendo em cada carta um conjunto de
separa da meta final. A fase de execução estratégias de aprendizagem relativas a
da tarefa refere-se à implementação das cada fase do processo de auto-regulação
estratégias para alcançar as metas desenha- da aprendizagem analisado (cf. Quadro 1
das. Na sua abordagem à tarefa, os alunos página seguinte) (e.g., tomada de aponta-
utilizam um conjunto organizado de estra- mentos, gestão do tempo, sumários, ansi-
tégias e auto-monitorizam a sua eficácia edade face aos testes, procrastinação).
tendo em vista o alcance dos objectivos A intervenção que propomos apresenta um
estabelecidos. A fase de avaliação tem lugar formato de justaposição curricular. As
quando o aluno analisa a relação entre o “Cartas do Gervásio ao seu Umbigo”
produto da sua aprendizagem e o objec- podem ser trabalhadas em sessões de uma
tivo estabelecido. O núcleo fundamental duração entre os 60 e os 90 minutos, nas
desta fase do processo auto-regulatório não quais é fundamental que os alunos leiam
se centra na mera constatação de eventu- as cartas, individualmente ou em grupo e
ais discrepâncias, mas sim no redesenho as discutam, trabalhando as estratégias de
de estratégias que possam diminuir essa auto-regulação da aprendizagem embebi-
distância e atingir o objectivo marcado. A das no discurso narrativo. A proposta de
natureza cíclica deste modelo sugere-nos, trabalho a realizar com os alunos a partir
ainda, que cada uma das fases descritas das diferentes cartas (e.g., em contexto de
e respectivas tarefas sejam analisadas de sala de aula, seminário, consulta psicoló-
acordo com o guião interactivo que as gica) sugere a identificação das estratégias
caracteriza (Rosário, 2004; Rosário et al., e procedimentos subjacentes ao discurso,
2004a). construindo, a partir da narrativa auto-
O Projecto “Cartas do Gervásio ao seu regulatória oferecida pelo “Gervásio”, a
Umbigo” tem por base um conjunto de 13 própria. O discurso auto-regulatório
cartas escritas num registo intimista e explicitado não é, pois, um produto final,
narrativo onde um aluno do 1º ano des- apresenta-se como o ponto de partida para
creve e reflecte sobre o seu processo de a construção pessoal de itinerários auto-
adaptação à Universidade e sobre as regulatórios. O papel do psicólogo ou do
experiências e estratégias de auto-regulação professor que coordena as sessões é fun-
da aprendizagem experienciadas no con- damental, uma vez que lhe compete impelir
texto académico (Rosário, no prelo). a reflexão metacognitiva a partir do
Seguindo uma metodologia de caso, os material de aprendizagem, explicitado nas
alunos-leitores são convidados a cartas. Apesar de seguirem uma determi-
experienciar uma aprendizagem vicariante nada lógica psico-educativa, e de cada carta
através desta narrativa, aprendendo estar alocada preferencialmente a uma

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Quadro 1
Estratégias de auto-regulação da aprendizagem organizadas segundo as fases do
processo de auto-regulação PLEA (Rosário, 2004; Zimmerman, 2000)
1. Auto-avaliação
(…) as avaliações dos alunos sobre a qualidade ou progressos do seu trabalho
3. Estabelecimento de objectivos e planeamento
(…) planeamento, faseamento no tempo e conclusão de actividades relacionadas
Fase com esses objectivos
de 6. Estrutura Ambiental
planificação (…) esforços para seleccionar ou alterar o ambiente físico ou psicológico de modo
a promover a aprendizagem
9-11. Procura de ajuda social
(…) as iniciativas e esforços dos alunos para procurarem ajuda dos pares (9),
professores (10) outros adultos (11)
2. Organização e transformação
Fases (…) as iniciativas dos alunos para reorganizarem, melhorando-os, os materiais de
do processo aprendizagem.
auto-regulatório 4. Procura de informação
Fases (…) os esforços dos alunos para adquirir informação extra de fontes não-sociais
de quando enfrentam uma tarefa escolar.
execução
5. Tomada de apontamentos
(…) os esforços para registar eventos ou resultados.
8. Repetição e memorização
(…) as iniciativas e os esforços dos alunos para memorizar o material.
7. Auto-consequências
(…) a imaginação ou a concretização de recompensas ou punições para os
Fase sucessos ou fracassos escolares.
de
avaliação 12-14. Revisão de dados
(…) os esforços-iniciativas dos alunos para relerem notas (12), exames (13), livros
de texto (14) afim de se prepararem para uma aula ou para um exercício escrito

determinada fase do processo auto- lir o aluno à construção de um projecto


regulatório (e.g., planificação, execução e auto-regulatório pessoal (Rosário, no pre-
avaliação, cf. Rosário, 2004), o projecto lo). O material para trabalhar nas sessões
apresenta um desenho plástico. Permite, é alargado de modo a permitir a escolha
por exemplo, que a opção cirúrgica de final das actividades a desenvolver, aten-
trabalhar apenas algumas cartas, e, por dendo à idiossincrasia da população-alvo.
conseguinte, apenas alguns dos conteúdos Na linha do já enunciado, reforçamos a
e estratégias de auto-regulação da apren- ideia de que as “Cartas do Gervásio ao
dizagem propostos, não desorganize a seu Umbigo” são uma ferramenta de tra-
lógica conceptual do projecto. O carácter balho na área da promoção das competên-
não formatado das sessões, sem tempos cias de auto-regulação da aprendizagem
rígidos nem actividades normalizadas, não formatada rigidamente com passos e
apela à reflexão metacognitiva e à cons- tempos claramente demarcados, pelo que
trução de um percurso auto-regulatório os educadores deverão sentir-se estimula-
pessoal. Por fim, os sumários teóricos dos a desenvolver outros sumários, outras
resumindo os conteúdos auto-regulatórios actividades, materiais e abordagens aos
trabalhados em cada carta, e as respectivas conteúdos das cartas, respeitando sempre
pistas de trabalho apresentadas no livro do as linhas de força que pautam este pro-
projecto, concorrem também para compe- jecto: a escolha e o controlo do próprio

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processo de aprendizagem. Seguidamente senta uma proposta de organização do


apresentaremos o relato da primeira apli- sistema pedagógico da Universidade, onde
cação deste projecto. o ensino deixaria de ser presencial e
passaria a ser realizado via Internet. Após
a leitura, os alunos são convidados a
Método elaborar comentários e sugestões sobre as
implicações da implementação dessa
Participantes “medida”. Esta tarefa foi avaliada recor-
O projecto foi desenvolvido com alunos rendo à taxonomia SOLO (Biggs & Collis,
do 1º ano da licenciatura em Administra- 1982; Rosário, 1999; Rosário, Almeida,
ção Pública da Universidade do Minho, no Núnez, & González-Pienda, 2004b) uma
2º semestre do ano lectivo de 2004/5. grelha de análise da complexidade estru-
Inscreveram-se 29 alunos, 24% do sexo tural da informação.
masculino e 76 % do sexo feminino. A
idade dos sujeitos oscilou entre os 18 e Procedimentos
os 23 anos (M=19.6; DP=1. 49). O projecto “Cartas do Gervásio ao seu
Instrumentos Umbigo” (Rosário, no prelo) decorreu em
Os processos auto-regulatórios dos alunos 6 sessões, de uma hora cada, ao longo de
foram avaliados através do Inventário do seis semanas entre Março e Maio de 2004,
Processo da Auto-regulação dos Alunos nas instalações da Universidade do Minho.
(IPAA; Rosário, 2004). Este questionário Após apresentação do projecto pelo direc-
é constituído por um total de 13 itens tor de curso (Administração Pública),
representantes de um único factor ou inscreveram-se 29 alunos voluntariamen-
dimensão. Os itens são apresentados num te, embora apenas 15 (51.5%) tenham
formato likert de 5 pontos. Para avaliar frequentado todas as sessões, recebendo o
as abordagens à aprendizagem foi utiliza- respectivo certificado. As sessões foram
do o Inventário de Processos de Estudo orientadas por 3 investigadores que ori-
(IPE; Rosário, Ferreira, & Cunha, 2003), entaram as discussões e os trabalhos
que avalia as formas mais comuns de os desenvolvidos pelos alunos. A recolha da
alunos abordarem as tarefas de aprendi- informação sobre os processos de auto-
zagem tendo em conta as suas caracterís- regulação da aprendizagem decorreu em
ticas pessoais e as situações de aprendi- dois momentos: na primeira e na última
zagem em que estão inseridos. Este ques- sessão do projecto. Os sujeitos responde-
tionário é composto por 12 itens, repre- ram voluntariamente e foi garantida a
sentativos de dois factores ou dimensões, confidencialidade das respostas. O trata-
uma abordagem superficial e uma abor- mento estatístico dos dados foi realizado
dagem profunda. Os itens são apresenta- com o programa SPSS 12.0 para Windows.
dos num formato likert de 5 pontos.
Para avaliar a complexidade estrutural da
informação, foi desenhada uma tarefa que Resultados
requer, para a sua execução, o desenvol-
vimento das competências transversais de Dos 6 alunos que inicialmente apresenta-
análise da informação e reflexão crítica. vam uma abordagem superficial, apenas 2
A tarefa apresentada aos alunos é uma mantiveram essa abordagem no final das
hipotética notícia de jornal. O texto apre- sessões do projecto; os outros 4 mudaram

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para uma abordagem profunda à aprendi- dizagem não têm cruzado dados da inves-
zagem. Dos 7 alunos que apresentaram uma tigação. Em 2004, a “Educational
abordagem profunda à aprendizagem no Psychology Review” apresentou um núme-
pré-teste, 5 mantiveram-na no final do ro temático concretizando uma primeira
projecto, e 2 mudaram a sua abordagem, tentativa de encontro entre os dois mode-
dividindo-se entre uma abordagem super- los teóricos SAL (Students Approaches to
ficial e uma indiferenciada. Por sua vez, Learning) e SRL (Self-Regulated
as três abordagens indiferenciadas, Learning). Apesar da ausência de dados
verificadas no pré-teste, mantiveram-se com os quais contrastar os nossos, os
após a aplicação do projecto. Globalmen- resultados que apresentamos são coerentes
te, estes dados, ainda que limitados aten- com a estrutura dos conceitos de auto-
dendo ao número, sugerem um incremento regulação e de abordagem à aprendizagem
na qualidade das aprendizagens destes reflectindo o esperado, ou seja, os alunos
alunos na linha do referido na extensa que exibem um repertório de estratégias
literatura SAL, que relaciona abordagens de aprendizagem mais auto-regulada en-
profundas à aprendizagem com resultados caram o estudo e a aprendizagem mais
escolares mais qualitativos (Biggs, 1993; proficientemente, optam por abordagens
Biggs, Kember, & Leung, 2001; mais profundas que sugerem um compro-
Richardson, 2000; Rosário, 1999; Rosário, metimento superior com a construção de
Hernández Pina, Clares, & Marta, 2004c; um significado pessoal e um trabalho
Rosário et al., 2005). escolar mais qualitativo (Biggs, 1993;
Antes de iniciarmos o projecto de promo- 2001; Lonka, Olkinura, & Makinen, 2004;
ção de competências de estudo na Univer- Pintrich, 2004; Rosário et al., 2004ab).
sidade, analisámos a relação entre as Relativamente ao desempenho dos alunos
abordagens à aprendizagem exibidas pelos na tarefa concreta de aprendizagem, qui-
alunos e a auto-regulação da aprendiza- semos comparar a qualidade das produções
gem. Verificámos que a abordagem super- dos alunos antes e depois das sessões do
ficial à aprendizagem apresenta uma re- projecto. Dos 13 alunos que apresentaram
lação negativa e significativa com a auto- inicialmente níveis de complexidade estru-
regulação da aprendizagem (r=-.247, tural superficiais, 2 mantiveram os mes-
p<.05), e encontrámos ainda uma relação, mos níveis de realização da tarefa no final
desta feita positiva e também significati- das sessões, e os restantes exibiram níveis
va, entre a abordagem profunda e a auto- de complexidade estrutural profundos. Os
regulação da aprendizagem (r=.522, p<.01). outros dois alunos realizaram inicialmente
Repetimos as análises no pós-teste e a tarefa num nível profundo, contudo no
verificámos uma relação negativa e sig- final das sessões completaram a tarefa com
nificativa entre a abordagem à aprendiza- níveis de comprometimento diferenciados:
gem superficial e a auto-regulação da um superficial e um profundo. Por último,
aprendizagem, embora mais robusta (r=- e referenciando-nos apenas aos dados do
.428, p<.05), assim como uma relação pós-teste, tentámos analisar se os alunos
positiva e significativa entre a abordagem que referem utilizar habitualmente uma
profunda e a auto-regulação da aprendi- determinada abordagem no seu estudo, na
zagem, igualmente mais próxima (r=.750, realização de uma tarefa concreta, apre-
p<.01). A literatura da auto-regulação da sentavam um produto qualitativamente
aprendizagem e a das abordagens à apren- congruente. Nesse sentido, analisámos a

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distribuição dos alunos em função das seus objectivos escolares? Como é que o
abordagens à aprendizagem e dos níveis ambiente físico e social afecta os proces-
de complexidade estruturais exibidos na sos de auto-regulação da aprendizagem?
realização da tarefa. Por fim, e talvez a questão mais premente,
Assim, os 2 alunos que apresentaram uma como é que um aluno, quando aprende,
abordagem superficial, distribuíram-se adquire a competência de auto-regular o
igualmente pelos dois níveis de comple- seu conhecimento? O esforço inicial dos
xidade estrutural; um deles manteve um investigadores desta linha de investigação
resultado superficial, coerente com a sua sócio-cognitiva foi dirigido para a com-
abordagem à aprendizagem; o outro com- preensão dos processos e componentes
pletou a tarefa num nível de complexidade específicas da auto-regulação. Assim, os
estrutural mais complexo. Por outro lado, primeiros estudos mapearam e caracteri-
dos 12 alunos que apresentaram aborda- zaram 14 tipos de estratégias de auto-
gens profundas à aprendizagem, 10 rea- regulação referenciadas nos auto-relatos
lizaram a tarefa com níveis de complexi- dos alunos (Zimmerman & Martinez-Pons,
dade estruturais profundos e 2 alunos 1986, 1990, 1992), registando, por exem-
realizaram a tarefa com níveis de complexi- plo, que o grupo de alunos com melhores
dade estrutural baixos. O aluno que apre- classificações escolares, comparativamen-
sentou uma abordagem indiferenciada te aos seus pares, utiliza mais treze das
realizou a tarefa apresentando níveis de catorze estratégias descritas. Contudo,
complexidade estruturais elevados. Estes talvez os dados mais significativos desta
dados relativos às avaliações realizadas linha de investigação estejam relacionados
após as sessões do projecto, relatando com o facto de ser possível classificar
produções de uma complexidade estrutu- correctamente, através do estudo do pa-
ral mais qualitativa e referenciando o drão de estratégias de auto-regulação
aumento do número de abordagens pro- utilizado, 93% dos alunos quanto ao seu
fundas à aprendizagem, são claramente nível de rendimento escolar (Zimmerman
consonantes com a literatura SAL que & Martinez-Pons, 1986). Na mesma linha,
associa abordagens de aprendizagem pro- Rosário e colaboradores (2001, 2004c)
fundas a produtos de mais elevada com- afirmam que os alunos do Ensino Secun-
plexidade estrutural (Biggs & Collis, 1982, dário com um padrão comportamental mais
1989; Rosário et al, 2003; Rosário et al., auto-regulado, obtêm um melhor rendimen-
2004b). to escolar nas disciplinas de Matemática
e Língua Portuguesa e, inversamente, as
médias escolares mais baixas correspon-
Discussão e conclusão dem a padrões auto-regulatórios menos
proficientes.
A investigação sobre os processos de auto- Apesar da reduzida amostra de alunos que
regulação da aprendizagem tem sido gui- completaram as sessões do projecto, os
ada por algumas questões que materiali- dados da nossa investigação aportaram
zam preocupações muito frequentes entre elementos que corroboram a literatura,
os educadores. O que motiva os alunos à sugerindo a importância de trabalhar es-
auto-regulação durante a sua aprendiza- tratégias de aprendizagem com alunos
gem? Quais são os processos-chave ou as universitários, uma vez que como sugere
respostas dos alunos auto-reguladores aos Zimmerman (1998) “o ensino de estraté-

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gias é considerado uma das chaves prin- consequência dos comportamentos dos
cipais na promoção da aprendizagem auto- alunos” (p.22), mas estamos convictos que
regulada” (p.227). Os primeiros resultados é importante nutrir estas competências,
recolhidos no projecto “Cartas do Gervásio equipando os alunos para poderem respon-
ao seu Umbigo” – embora sem der autonomamente aos reptos da acade-
significância estatística – apontam para mia. Este projecto é um primeiro esforço
mudanças no comportamento dos alunos nesse sentido.
no sentido de um trabalho académico
qualitativamente mais robusto e auto-re- Agradecimento: Este trabalho foi possí-
gulado. No final do projecto os alunos vel com o subsídio de investigação con-
apresentaram abordagens à aprendizagem cedido pela F. Ramada, Aços e Indústrias,
mais profundas e níveis de complexidade S.A.
estrutural igualmente profundos na reali-
zação das tarefas, sugerindo a importância
de trabalhar estas competências também Referências
na Universidade. “A tarefa fundamental dos bibliográficas
professores é conseguir que os alunos se Biggs J. B. (1993). What do inventories
envolvam nas actividades de aprendizagem, of students’ learning processes really
alcançando os resultados pretendidos... measure? A theoretical review and
Convém recordar que aquilo que os alu- clarification. British Journal of
nos realizam é mais importante para a Educational Psychology, 63, 3-19.
determinação daquilo que é aprendido do Biggs, J. B. (2001). Enhancing learning:
que aquilo que o professor faz” (Shuell, A mater of style or approach? In R.
1986, p.429). Apesar destes indicadores Sternberg & L. Zhang (Eds.),
promissores, é importante testar o projecto Perspectives on Thinking, Learning,
“Cartas do Gervásio ao seu Umbigo” numa and Cognitive Styles (pp. 73-102).
amostra mais alargada e diferenciada de Mahwah, NJ: Erlbaum.
alunos do 1.º ano da Universidade e, na Biggs, J. B., & Collis, K. F. (1982).
linha da avaliação da auto-regulação como Evaluating the Quality of Learning: The
um evento (Perry, 2002), construir outros SOLO Taxonomy. New York, NY:
elementos de avaliação da auto-regulação Academic Press.
dos sujeitos, mais centrados na resolução Biggs, J. B., & Collis, K. F. (1989).
de tarefas. A construção de ferramentas de Towards a model of school-based
promoção da aprendizagem auto-regulada curriculum development and
é um dos reptos à investigação na área dos assessment: Using the SOLO
processos de auto-regulação. Na Univer- Taxonomy. Australian Journal of
sidade existem poucos projectos Education, 33, 149-61.
referenciados na literatura (Hofer, Yu, & Biggs, J., Kember, D., & Leung, D. Y.
Pintrich, 1998; Weinstein, Husman, & (2001). The Revised Two Factor Study
Dierking, 2000), pelo que continuaremos Process Questionnaire: R-SPQ-2F.
a trabalhar esta ferramenta alargando a British Journal Educational
aplicação a outros alunos, cursos e Uni- Psychology, 71, 133-149.
versidades. Defendemos como Zimmerman Boekaerts, M. (1995). Self-regulated
(1989) que “aprender não é algo que learning: Bridging the gap between
acontece aos alunos, é algo que ocorre em metacognitive and metamotivation

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Psicologia e Educação 67

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