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AULA 3
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CONVERSA INICIAL
Orçamento empresarial
Orçamento de vendas
Orçamento de capital
Projeção dos demonstrativos contábeis
Aspectos comportamentais do orçamento
CONTEXTUALIZANDO
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os envolvidos no processo fazendo-os seguir alinhados e comprometidos com o
que foi estabelecido. Dessa forma, os controles gerenciais fazem seu papel,
auxiliando no cumprimento das normas e dos padrões organizacionais,
funcionando como um elo entre as atividades operacionais e os objetivos
estabelecidos pelo plano estratégico.
Uma das mais importantes ferramentas de controle gerencial utilizada
nesse aspecto é o orçamento empresarial. Conforme descrito por Atkinson et al.
(2000, p. 465), “os orçamentos representam um papel semelhante no
planejamento e no controle para gerentes que estão dentro de unidades
empresariais e que são parte central no projeto e na operação de sistemas de
contabilidade gerencial”.
Para entender o funcionamento do orçamento, é necessário antes
entender o seu significado. Para Atkinson et al. (2000, p. 465), orçamento é a
“expressão quantitativa das entradas e saídas de dinheiro para determinar se um
plano financeiro atingirá as metas organizacionais”. De acordo com Padoveze
(2010, p. 517), “orçar significa processar todos os dados constantes do sistema
de informação contábil de hoje, introduzindo os dados previstos para o próximo
exercício, considerando as alterações já definidas para o próximo exercício”.
Nesse entendimento, o orçamento pode ser entendido como uma forma
de previsão de gastos e receitas que envolve todas as áreas da empresa e,
conforme Figueiredo e Caggiano (2004, p. 103), uma “importante característica
do planejamento é a coordenação das várias atividades de uma empresa e de
seus departamentos, para que eles se harmonizem em busca de uma única
meta, que é a realização dos objetivos da corporação”.
De acordo com Frezzatti (2009), o orçamento deve estar subordinado e
decorrer do planejamento estratégico e, para tanto, é preciso entendê-lo,
compreender o papel que os gestores desejam atribuir a ele e qual a extensão
do processo. Diante desse aspecto, para entender como o orçamento funciona
e a forma como ele pode auxiliar no alcance dos objetivos almejados no
planejamento estratégico, é importante conhecê-lo, saber qual o seu objetivo e
suas características.
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prazo”. Complementarmente, Figueiredo e Caggiano (2004) afirmam que no
processo orçamentário, a administração deve, antes de tudo, planejar mudanças
que venham a ocorrer nas condições do negócio, afim de que a ação apropriada
seja implementada, mesmo que sejam necessárias mudanças nas premissas do
plano.
Diante desse aspecto, observa-se a conexão direta do orçamento com o
planejamento estratégico, sendo o primeiro utilizado pela administração para
atingir metas e objetivos de curto prazo, levando a organização a atingir o
objetivo estipulado para o longo prazo. Nesse sentido, é observado por Anthony
e Govindarajan (2002) que o orçamento operacional geralmente cobre o período
de um ano e inclui as receitas e despesas previstas para esse período. Conforme
os autores supracitados, o orçamento tem as seguintes características:
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Dessa forma, seguindo essas funções básicas, os gestores tentam
garantir que o orçamento conduza a empresa ao objetivo traçado no plano
estratégico, uma vez que, mantendo o constante monitoramento do plano, a
entidade consegue corrigir os possíveis desvios para garantir o alinhamento com
o que foi estabelecido.
Padoveze (2010, p. 532) apresenta um esquema do plano orçamentário:
Orçamento de
vendas
Orçamento de
produção
Orçamento de
estoques
Orçamento Orçamento de
operacional compras
Orçamento de
consumo de
materiais
Orçamento de
CPV
Orçamento de
despesas
departamentais
Projeção da
demonstração de
resultados
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Depois, temos que considerar que, para alcançar o que foi planejado no
orçamento operacional, a empresa necessita de capital para investir, ou seja,
necessita de dinheiro para financiar o que foi proposto no orçamento operacional,
uma vez que o aumento nas vendas resulta em aumento de produção, que por
sua vez resulta em aumento de consumo de recursos e assim por diante. Dessa
forma, é necessário também fazer o orçamento de capital, visando projetar os
investimentos e financiamentos necessários para financiar toda a parte
operacional.
Por fim, o esquema mostra que, como resultado das projeções
operacionais e financeiras, a empresa terá como fruto as demonstrações
projetadas. Assim, após toda a parte de projeção, será possível ter uma visão de
como ficarão o balanço patrimonial e a demonstração de resultados da empresa,
considerando que se confirmem as projeções orçamentárias.
De modo geral, o orçamento de vendas é que vai nortear todos os demais
orçamentos da empresa, pois é por meio das vendas orçadas que se dará a
projeção das receitas e despesas das demais áreas.
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De acordo com Sanvicente e Santos (2006), na elaboração do orçamento
de vendas devem ser consideradas algumas variáveis, sendo elas:
Variáveis de produção
Variáveis de mercado fornecedor
Variáveis de recursos financeiros
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deve-se considerar que, em muitos casos, para o aumento da produção, é
necessário aumentar a capacidade produtiva, e isso pode demandar a ampliação
da fábrica, a aquisição de novos equipamentos, o aumento das despesas com
marketing para divulgação do novo produto, bem como a contratação de novos
funcionários. Assim, a empresa também deve considerar o capital a ser utilizado
para alcançar o que foi projeto no orçamento.
De acordo com Tung (1994, p. 97) “a previsão de venda pode ser definida
como a fixação prévia das vendas, em quantidade e em valor, tendo em conta
as limitações impostas à empresa e a ação desta sobre tais limitações”. Assim,
entende-se que a empresa poderá definir a melhor forma de fazer as projeções
de venda, estabelecendo as premissas do que se acredita que se concretizará
no período de abrangência do plano orçamentário, mas devendo considerar
tanto o ambiente interno quanto o externo, podendo dessa forma encontrar as
suas limitações, bem como suas oportunidades de expansão.
Para as projeções de vendas, a empresa pode estabelecer seus próprios
métodos de previsão, pois não existe uma forma única que seja 100% assertiva
e que leve a empresa a acertar em tudo o que foi projetado — por isso são
estabelecidas premissas. Deve-se ter em mente que o orçamento é um método
subjetivo, uma técnica que leva em conta o julgamento dos profissionais de cada
área da empresa, e que também conta com dados de eventos passados, tais
como relatórios gerenciais com índices de tendências sobre a evolução das
vendas.
Sobre esse aspecto, Figueiredo e Caggiano (2004) apontam alguns
exemplos de métodos de projeção de vendas:
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variações irregulares na demanda. A análise de séries temporais analisa
dados históricos do comportamento de vendas com base nesses fatores.
4. Técnicas matemáticas de projeção de vendas: utilizam-se de dados
históricos lançando mão de técnicas matemáticas que visem verificar as
tendências econômicas e os padrões de vendas da empresa.
políticas econômicas;
mercado fornecedor;
falta de mão de obra;
ações dos concorrentes.
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a empresa e sim todo o mercado do qual ela faz parte. Dessa forma, a entidade
não tem como se preparar para diminuir a interferência desses fatores nas suas
decisões.
Por outro lado, há as restrições internas. Estas a empresa consegue
controlar pois, de um modo geral, dizem respeito a sua estrutura, à forma como
são conduzidas suas operações e aos envolvidos no processo. As limitações
internas podem ser atenuadas ou mesmo eliminadas, bastando que a alta cúpula
da organização decida por isso. É importante ressaltar que, para isso,
provavelmente a empresa terá que arcar com recursos, ou seja, será necessário
fazer investimentos de capital.
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investimentos para a aquisição de itens necessários para fazer face às
necessidades da empresa. Assim, a elaboração desse orçamento vai levar em
conta as necessidades organizacionais, as quais implicam em alguma forma de
investimento, tendo como base um motivo que leva a gastos de capital.
Embora na maioria das vezes a empresa acabe por ter gastos de capital
em decorrência de expansão de suas atividades, outros motivos podem ser
elencados para justificar esses gastos. Importante destacar que, no
desenvolvimento de suas operações, corriqueiramente a empresa realiza
diversos tipos de gastos relacionados a suas atividades, mas eles podem ser
distinguidos pelo seu potencial de gerar benefícios econômicos em relação a um
determinado período.
Diante do exposto, para um melhor entendimento sobre os motivos que
levam a empresa a incorrer nesse tipo de gasto, é importante antes conhecer os
dois conceitos de gasto no contexto organizacional. Assim, temos os conceitos
de gastos de capital e gasto operacional. Conforme exposto por Gitman (2005,
p. 304), “um gasto de capital é um desembolso de fundos com o qual a empresa
espera obter benefícios em um período superior a um ano. Um gasto operacional
é um desembolso que deve gerar benefícios [a] um prazo inferior a um ano”.
Nesse entendimento, os gastos de capital são aqueles relacionados à
aquisição de bens que venham a gerar benefícios econômicos para a empresa
num prazo superior a um ano. Assim, Gitman (2005) aponta os principais motivos
para os investimentos de capital:
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resultado futuro, como seria o caso de propagandas, pesquisa e
desenvolvimento, consultoria e gestão de novos produtos etc.
Uma vez que os gastos com capital geralmente implicam uma saída
grande de recursos por se tratar de ativos fixos, a análise desses investimentos
é feita de forma cuidadosa, buscando-se principalmente verificar se existe
viabilidade para a empresa na aquisição de tais ativos. Nesse sentido, Groppelli
e Nikbakht (1999, p. 121) dizem que “o primeiro passo importante para decidir
se um projeto deve ser aceito é o cálculo de seu custo inicial. O custo inicial, ou
custo do investimento inicial, é simplesmente o custo efetivo para se iniciar um
investimento”.
Complementarmente ao exposto, Atkinson et al. (2000, p. 523) abordam
o ponto de que “o assunto fundamental dessa avaliação, em se tratando de
ativos de longo prazo, é se seus resultados futuros justificam seu custo inicial”.
No entendimento dos autores, a análise de orçamento de capital visa evidenciar
se os fluxos de caixa futuros que se esperam do ativo adquirido compensarão o
investimento feito.
Dessa forma, a implementação do projeto estará condicionada ao
resultado obtido da confrontação entre os fluxos de caixa de saída e os de
entrada, ou seja, investimento e retorno. Conforme destacam Gropelli e Nikbakht
(1999, p. 121), “uma vez que os administradores saibam quanto custa o
funcionamento de um projeto, eles podem comparar o investimento inicial com
os benefícios futuros e julgar se o projeto deve ser implementado”.
Portanto, o orçamento de capital deverá demonstrar não somente o custo
de implementação de um determinado ativo, mas também os futuros benefícios
econômicos que se espera receber com ele, seja na forma de entradas de fluxos
de caixa ou mesmo de economias de caixa.
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fatores principais, os quais são descritos por Figueiredo e Caggiano (2004,
p. 91):
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visualizada no balanço patrimonial, e a situação econômica é evidenciada no
demonstrativo de resultado (DRE).
Embora a elaboração desses demonstrativos, ao final de cada exercício,
funcione como uma espécie de prestação de contas aos stakeholders, para os
gestores, diretores e demais tomadores de decisões internas da entidade eles
têm uma função mais dinâmica. Isso porque funcionam, acima de tudo, como
uma forma de avaliação de desempenho para todos os envolvidos no processo
operacional, uma vez que o resultado apresentado na DRE (lucro ou prejuízo)
evidenciará se houve eficácia na alocação dos recursos colocados à disposição
da empresa.
Assim também acontece com o balanço patrimonial. Ao fim do exercício,
uma visão sobre esse demonstrativo poderá dizer muito sobre a estrutura
patrimonial e financeira da entidade. A composição das contas pode demonstrar
a forma como o patrimônio foi gerenciado e os recursos foram empregados. A
maneira como as contas do ativo estão dispostas evidencia como os recursos
foram geridos, e a confrontação entre as contas do passivo e PL demonstra sua
estrutura financeira.
Conforme visto anteriormente, o plano orçamentário é dado em algumas
fases, iniciando pelas projeções das áreas operacionais — em especial, da área
de vendas da empresa. Depois disso, com base nas projeções das áreas
operacionais, a empresa deverá verificar se será necessário investimento de
capital em decorrência do que foi proposto no plano orçamentário. Assim, a
segunda fase é o orçamento de capital. Por fim, com a junção do orçamento
operacional e das projeções do orçamento de capital, a empresa pode projetar
os demonstrativos contábeis, os quais visam demonstrar como ficará a situação
patrimonial, econômica e financeira da entidade baseando-se na confirmação
das projeções orçamentárias.
Para a visualização dessas informações, a empresa precisará
basicamente da projeção de dois relatórios financeiros. Assim, de acordo com
Padoveze (2015, p. 177), “a base da segmentação do plano orçamentário segue
a lógica da estrutura dos demonstrativos contábeis básicos, a demonstração de
resultados e o balanço patrimonial”. No mesmo sentido, no que tange aos
elementos fundamentais para o levantamento desses relatórios, Gitman (2005,
p. 102), afirma que “dois dados são necessários para a elaboração de
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demonstrações projetadas: (1) demonstrações financeiras referentes ao ano
precedente e (2) previsão de vendas para o ano seguinte”.
Diante do exposto, entende-se que a empresa iniciará as projeções
utilizando-se de dados das demonstrações precedentes ao ano em que forem
feitas as projeções do orçamento. Lembrando que o orçamento busca levantar
projeções das áreas operacionais da empresa, objetivando com isso projetar o
resultado para o período de sua ocorrência — o foco principal da empresa é
apurar o lucro desse período orçado. Assim, o foco das demonstrações
projetadas é a demonstração de resultados, pois é nesse relatório que fazemos
a confrontação de receitas e despesas para a apuração do resultado do
exercício.
Nesse entendimento, Padoveze (2015) reconhece que todos os
componentes da demonstração do resultado fazem parte do orçamento
operacional, uma vez que ela abrange desde a receita operacional bruta dada
pela previsão de vendas até a apuração do lucro operacional. No mesmo sentido,
Figueiredo e Caggiano (2004, p. 137) afirmam que “o objetivo da projeção da
demonstração de resultado do exercício é sintetizar e integrar todos os
orçamentos operacionais para que, finalmente, seja apurado o lucro da
empresa”.
Dessa forma, a projeção da demonstração do resultado tem um papel
primordial nesse processo, pois é essa demonstração que vai evidenciar a
situação econômica da entidade caso se confirmem as projeções orçamentárias.
Assim, para a alta cúpula organizacional, o levantamento da demonstração do
resultado já é suficiente para determinar se o orçamento atinge ou não o objetivo
proposto, mas, lembrando que o plano orçamentário também pode impactar na
situação patrimonial e financeira da entidade, é importante também projetar o
balanço patrimonial.
O balanço projetado vai demonstrar todos os investimentos de recursos
feitos pela empresa para colocar em ação o plano orçamentário. Nessa
demonstração, serão somados ao saldo do balanço precedente todos os valores
referentes ao que a empresa espera receber, o que ela terá que financiar e
também os investimentos em ativos permanentes, os quais são projetados no
orçamento de capital. Diante disso, Figueiredo e Caggiano (2004) colocam a
projeção do balanço patrimonial como sendo o último estágio do plano
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orçamentário, o qual demonstra a posição financeira da empresa ao final do
período de abrangência do orçamento.
Conforme visto, as projeções dos demonstrativos contábeis são
realizadas com base nas premissas de crescimento da organização, as quais
são colocadas no plano orçamentário. Nesse entendimento, Padoveze (2010,
p. 517) descreve que “não há basicamente nada de especial para se fazer o
orçamento; basta apenas colocar no sistema de informação contábil, no módulo
orçamentário, os dados que deverão acontecer no futuro, dentro da melhor visão
de que a empresa tem no momento de sua elaboração”.
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encorajar os executivos a serem eficazes e eficientes no cumprimento das metas
da organização” (Anthony; Govindarajan, 2002, p. 496).
Ainda de acordo com Anthony e Govindarajan (2002, p. 475):
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como reduzir as despesas com pesquisa e desenvolvimento, não cumprir
com os padrões adequados de manutenção e assim por diante.
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atenuar a subjetividade decorrente do comportamento dos envolvidos no
processo operacional da organização.
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
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d. Estão corretas somente as assertivas II, III, V e IV.
e. Todas as assertivas estão corretas.
a. Planejamento estratégico
b. Plano orçamentário
c. Orçamento de vendas
d. Orçamento de capital
e. Orçamento operacional
a. Desvios no orçamento
b. Má qualidade da comunicação
c. Limitação à iniciativa
d. Reação às pressões
e. Grande ênfase no longo prazo
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FINALIZANDO
Orçamento empresarial
Orçamento de vendas
Orçamento de capital
Projeção dos demonstrativos contábeis
Aspectos comportamentais do orçamento
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REFERÊNCIAS
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GABARITO DAS QUESTÕES DA SEÇÃO NA PRÁTICA
1. e.
2. e (As variáveis de MERCADO FORNECEDOR dizem respeito às relações da
empresa com seus fornecedores).
3. d.
4. e (Grande ênfase no CURTO prazo).
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