Você está na página 1de 25

Texto de Apoio

Língua Portuguesa IV

1. Narração: relato de eventos logicamente organizados protagonizados por


personagem enquadradas espácio – temporalmente. Exemplo: noticia,
reportagem, cronica, relatos biográficos e autobiográficos, fabula, lenda, conto,
novela, romance. Pinto at. Al (S/D pag:54)

Narrar: é contar acontecimentos ou experiencias vividas, presenciadas ou ouvidas,


mas também situações imaginadas. Por isso, ao protótipo narrativo pertencem textos
tao diversos como notícia ou, no extremo oposto, o romance, sendo que a criação de
um universo ficcional através da linguagem é a essência da narrativa literária. São
vários os elementos que participam da construção da uma narrativa, ou seja, ao contar
uma história, o narrador esta a falar de personagem que se envolvem numa ação
ocorrida num determinado espaço e num certo tempo. Por outro lado, na narrativa, os
momentos de narração são, com frequência articulados com momentos de descrição
(das pessoas, dos lugares) e reproduções das falas das personagens.

Segundo Carlos Rei, texto narrativo: texto relativamente longo com


finalidade/função de contar, narrar ou descrever um acontecimento/facto ou situação
focalizando no tempo e espaço.

Sequencias narrativas

Num romance ou novela, as sequências de acontecimentos (eventos) podem


desenrolar-se, genericamente, de três maneiras:

Encadeamento – sucessão de unidades (a que simplificadamente chamaremos ações


por ordem cronológica, ao longo do tempo do tempo: a – b – c – d…

Encaixe – uma ação (geralmente secundaria) é introduzida numa outra, que fica de
momento suspensa no seu desenrolar: a – b – a…

Alternância – duas ou mais ações alternam entre si. Por exemplo, no caso de três
ações: a – b – c - a - b – c…

Categorias da Narrativa

1.1 Acão
Relevo {central, secundário

Delimitação {fechada (ação solucionada ate ao pormenor), aberta (ação não


solucionada)

Estrutura da ação {situação inicial (introdução), peripécias e ponto culminante


(desenvolvimento) desenlace (conclusão).

Organização das sequencias narrativas e/ ou das ações {encadeamento (ordenação


cronológica dos acontecimentos), alternância (entrelaçamento das sequencias e /ou
das ações), encaixe (introdução de uma sequencia e/ou ação noutra)

1.2 Personagens

Relevo/papel {central – principal, protagonista, secundaria, figurante}

Caracterização {física (traços fisionómicos, vestuário), psicológica (traços


psicológicos, de caracter e comportamento), social (grupo social a que pertencem)

Processos de caracterização {direta (através de palavras da personagem acerca de


si próprio, de palavras de outras personagens, de afirmações do narrador), indireta
(dedução do leitor acerca da personagem, a partir de atitudes ou comportamento da
mesma)

Conceção {moldada (individual), plana (coletiva), tipo.

1.3 Espaço {físico: o lugar onde a ação se realiza; descrição é o modo mais comum
de representação do espaço físico, social: o meio social a que pertencem e ondem se
deslocam as personagens, psicológico: o espaço vivenciado pela personagem, de
acordo com seu estado de espírito; por exemplo, vê o espaço alegre se esta alegre, e
vê-o triste, se esta triste, o lugar do pensamento, emoção, sonho ou memoria das
personagens; pode ser expresso, por exemplo, através do monologo interior.

1.4 Tempo

Cronológico {marca da passagem do tempo – dia, mês, ano, etc.}

Histórico {enquadramento histórico das ações, atmosfera epocal}

Psicológico {tempo vivenciado subjetivamente pelos personagens}


Da história {organização cronológica das ações}

Do discurso {organização das ações na narrativa}

1.5 Narrador

Presença {participante como personagem, participante como observador, não


participante.

Focalização ou ponto de vista {externa: o narrador limita-se a contar o que é


observável; interna: observa através do olhar, do ponto de vista de uma personagem,
omnisciente: sabe tudo, mesmo o que se passa no intimo das personagens}

Posição {objetivo (não toma posição face aos acontecimentos; é imparcial e isento)

{subjetiva (narra os acontecimentos, declarando ou sugerindo a sua posição


de adesão ou de recusa, fazendo comentário, relevando posições ideológicas, etc.;
parcial)

B. Modos de representação e de relato do discurso

Representação {narração representação dinâmica dos acontecimentos, das


ações} descrição {representação estática do espaço ou de uma personagem}

Relato do discurso {discurso direto (dialogo ou monologo), discurso indireto,


discurso indireto livre}.

Textos

A PREGUIÇOSA

Havia uma rapariga muito desmazelada. Foi pedida por um rapaz em casamento, e o
pai da rapariga disse ao rapaz que a rapariga não servia por ser muito desleixada.

Deixe-a comigo, respondeu o rapaz.

O marido foi trabalhar no seu campo e só voltou a casa, a noite. Encontrou a mulher
sentada com os abraços cruzados, sem jantar feito, a casa por varrer e a loiça por lavar.

O marido varreu a casa, lavou a loiça, preparou o jantar e sentou-se sozinho a comer.
Ao primeiro bocado que meteu na boca, disse: este é para quem varreu a casa; ao
segundo; é para quem lavou a loiça; ao terceiro; é para quem fez o jantar e assim foi
até acabar sozinho o seu jantar.

Vamo-nos deitar, disse para a mulher.

Deitaram-se. No dia seguinte repetiu-se a mesma coisa; ao terceiro dia, quando ele
recolheu a casa, encontrou-a varrida, a loiça lavada e o jantar preparado. Ambos
comeram muito satisfeitos.

Alguns dias depois do casamento, disse o pai da rapariga:

Vou ver a minha filha e o meu genro. O que não estará a acontecer por la! Uma
vergonha! Vou vê-los.

Partiu. Quase a chegar, viu a uma mulher a bordar a pressa. Apenas viu a porta
avistou-o, gritou:

Ó meu senhor

Traga boa lenha

Que na casa deste homem

Quem não trabalha não come.

Era a sua filha que o dizia…

Adaptado.

1.6 Funcionamento da Linguagem em Textos Narrativos

Características Linguísticas

• Modo indicativo e conjuntivo,


• Função informativa e apelativa de linguagem,
• Nível de língua corrente ou cuidada,
• Tipo de linguagem – objetiva/denotativa,
• Pessoas gramaticais privilegiadas – 1ª, 2ª e 3ª pessoa do singular/plural,
• Tempos gramaticais privilegiados – presente, pretérito perfeito, pretérito
imperfeito, futuro.
ADJECTIVOS: noção e funcionamento

O adjetivo: estes atribuem ao ser designado por substantivo qualidades (ou defeitos),
estados, aspetos: exemplo: corpo esbelto, rapaz alegre, aluno estudioso, palácio
arruinado, céu primaveril, espirito rebelde. Segundo Borregana (s/d)

Ele é modificador da realidade expressa pelo substantivo, modificando-o para melhor ou


para pior, alguns adjetivos estabelecem, com o substantivo a que se referem, relações de
espaço, tempo, propriedade e procedência são chamados adjetivos de relação: exemplo:
revolta citadina, ordenado mensal, revolta local, greve ferroviária, casa senhorial e
champanhe francês.

Certos nomes podem funcionar substantivos, ou como adjetivos: exemplo: um velho


chinês fumava cachimbo. Substantivo + adj, esta norma não é estática ele pode mudar
de acordo com cada situação comunicativa, (o adj.), pode aparecer antes do substantivo,
pois, atribui-lhe o reconhecimento implícito de que o peso semântico do primeiro é
superior ao do segundo. Ex: Um homem pobre/ um pobre homem; um grande homem/um
homem grande.

FLEXÕES DOS ADJECTIVOS

A semelhança do que acontece com os nomes (substantivos), também ocorre da mesma


maneira com os adjetivos, eles formam o plural obedecendo certas regras gramaticais
gerais como: exemplo: rosa vermelha/rosas vermelhas e particulares em adjetivos
compostos por justaposição, onde só o último componente toma a forma do plural:
exemplo: convénios anglo- germânicos. E os mesmos flexionam em número, género e
grau.

Flexão de Género

O adjetivo, geralmente, assume o género do substantivo a que se liga, porque em rigor


ele não possui género. De tal maneira, como acorre com os nomes, este pode ser uniforma
(com uma só forma para os dois géneros), ou biforme (com uma forma para o masculino,
outra o feminino)

Uniforme: dia feliz/estacão feliz, homem crente/mulher crente;

Biformes: vinho delicioso/fruta deliciosa, homem cru/mulher crua.


Flexão de Grau

Estes também variam em grau atribuindo as qualidades ou características dos seres em


determinados graus.

Normal Comparativo superlativo

(Lindo) (tao lindo como…) (muito lindo)

O superlativo pode indicar: o absoluto exemplo: João é muito ativo/ António é ativíssimo,
atribui à um ser qualidades elevada sem o comparar com outro ser. O relativo: um ser
apresenta um grau maior ou menor de uma determinada qualidade, em comparação com
os demais seres que também a possuem, exemplo: Pedro é o aluno mais aplicado da turma.

O superlativo absoluto pode ser: analítico exemplo: muito difícil, extraordinariamente


feliz, ou sintético acrescenta-se -íssimo- à forma normal do adjetivo, exemplo: leal/
lealíssimo, original/originalíssimo.

Advérbios e Locuções Adverbiais

Advérbios: são palavras que se juntam aos verbos, aos adjetivos e a outros advérbios para
lhes modificar a significação, isto é, para lhes determinar ou intensificar o significado.
Geralmente os advérbios indicam circunstâncias tais como: tempo, lugar quantidade,
modo, afirmação, negação, duvida, exclusão, inclusão, designação e estes podem ser
substituídos por sintagmas ou (expressões) preposicionais.

Ex: Ela respondeu inteligentemente. (verbo + adverbio)

• O soldado caminhou decididamente para a luta;


• O soldado caminhou com decisão para a luta.
Os advérbios que exprimem circunstância exercem a função sintática de complementos
circunstanciais:

Irei amanhã a Coimbra. (tempo)

Ele tem tanto dinheiro (quantidade)

Os advérbios interrogativos exprimem também circunstâncias de lugar, tempo, modo, e


causa, e introduzem uma ação interrogativa (direta ou indireta).
Ex: onde esta a tua fortuna? (lugar)

Porque não me falaste dos teus problemas? (causa)

Classificação dos Advérbios

Classificação Formas
Advérbio de lugar Aqui, acola, ca, la, perto, dentro, fora, atras, antes, adiante, detrás, etc.
Advérbio de tempo Hoje, ontem, amanhã, antes, depois, então, agora, já, nunca, sempre…
Advérbio de modo Bem, mal, melhor, pior, assim, alias, depressa, devagar, quase, como..
Advérbio de quantidade Muito, pouco, mais, menos, demasiado, bastante, quanto, quão, etc.
Advérbio de afirmação Sim, decerto, certamente, realmente…
Advérbio de negação Não, nunca, nem, jamais…
Advérbio de dúvida Talvez, porventura, acaso, quiçá, possivelmente, provavelmente, etc..
Advérbio de exclusão Só, somente, unicamente, simplesmente, exclusivamente, apenas, etc.
Advérbio de inclusão Ate, mesmo, também.
Advérbio de designação Eis (eis o mestre. Ei-lo)
Advérbio interrogativos De lugar – onde; de tempo – quando, de modo – como, de causa –
porque
LOCUÇÕES ADVERBIAIS

São geralmente formadas por uma preposição ligada a um substantivo ou a um advérbio:


exemplo: à antiga, a custo, à distância, à pressa, à vontade, às escondidas, às escuras, às
avessas, etc. A maior parte destas loucões adverbiais são de modo, sendo as outras de
lugar, ou de tempo.

Ex: ao acaso – casualmente; com efeito – efetivamente; na verdade – verdadeiramente…

Graus dos Advérbios: a semelhança dos adjetivos os advérbios também possui graus

Comparativo: de superioridade: mais longe, de igualdade: tao longe, de inferioridade:


menos longe

Superlativo: absoluto sintético: longíssimo, analítico: muito longe;

Relativo: de superioridade: o mais longe; de inferioridade; menos longe.


Funcionamento de Verbos: é considerado como o núcleo da frase é o ponto de partida
da expansão frásica. As múltiplas relações assumidas e realizadas na frase pelo verbo são
possibilitadas pela capacidade flexional do verbo. Segundo Mário Vilela (1999:55)

Quanto a flexão os verbos são: regulares aqueles que cujo radica, morfema lexical, não
sofre modificação na conjugação (amava, amo, amará, ame), estes por sua vez,
distribuem-se em três conjugações (ar, er e ir); irregulares há modificação na flexão do
verbo amo, em que desinência normal 1ª pessoa do presente indicativo é –o), ou em que
há alteração do radical ( peço do verbo pedir); defetivos os verbos que faltam certas
formas (falir, reaver), ou que apenas conhecem as 3ªs pessoas (singular/plural, os verbos
impessoais, nevar chover, etc.).

Tempo Verbal

Para Graça Vicente e Rita Veloso (SD: 509), o tempo linguístico serve para localizar
temporalmente as situações expressas nos enunciados, em particular que são constituídas
por frases. Existem três processos linguísticos especializados nesta função a saber:

• Os tempos verbais; (O Pedro comprou um livro)


• Os adjuntos adverbiais de valor semântico temporal, incluindo orações
subordinadas; (Amanhã chove de certeza ou está a chover desde que a Rita
chegou)
• Os verbos auxiliares ou semiauxiliares. (Estava a chover ou vai chover)
Nas línguas humanas, o eixo temporal articula-se em três domínios: passado, presente e
futuro. As situações descritas nas frases podem ser concebidas como não tendo duração,
porque acontecem num intervalo curto perspetivado como um momento único. Localizar
temporalmente a situação descrita numa frase significa, assim, associá-la a um momento
ou a um intervalo de tempo numa ordenação linear orientada desde o Passado até ao
Futuro.

Modalidade do verbo

Indicativo: é a forma básica dos modos, representa o conteúdo do enunciado como facto,
denota o realmente existente, o previsível e o que esta em vias de se realizar. O
conjuntivo: indica uma ação não realizada, ainda não realizada. Imperativo: o seu valor
esta ligado a situação, ao contexto, o falante pode esperar a realização do que é ordenado,
(ordem, conselho, ameaça e advertência).
Exemplos: verbo irregular (saber)

Indicativo Conjuntivo Imperativo

Eu sei saiba sabe

Tu sabes saibas sabei

Ele sabe saiba

Nós sabemos saibamos

Vós sabereis sabais

Eles sabem saibam

1.7 Gêneros e funções das narrativas de expressão oral


Narrativas orais, mais do que o relato de um facto, onde aparecem personagens
enigmáticos, seres que habitam lugares comuns, como os rios, matas, montanhas, grandes
árvores, casas abandonadas são narrativas da vida real, como destacam alguns teóricos.
São tesouros semeados na mente de quem um dia as ouviu, viveu ou viu. São relatos,
memória e poesia contados pelas vozes poéticas de homens e mulheres simples,
pescadores, lavradores (camponeses), domésticos, funcionários que, com a mesma
habilidade tecem, contam os factos, que também presenciaram, e fazem questão de dizer
“Aconteceu comigo!” e, por isso, deles são também personagens.
Há diferentes tipos de texto, de acordo com a finalidade, intenção, o contexto. Assim,
podemos dizer que as narrativas de expressão oral, pertencem um conjunto de modelos
textuais que são verdadeiros protótipos que temos ao nosso dispor para a utilizar de
acordo com as nossas intenções e necessidades comunicativas.
Alguns teóricos tais como: Gomes & Cavacas (2005), Rosário (2014), afirmam que os
gêneros narrativos de expressão oral são relatos de eventos logicamente organizados,
protagonizadas por personagens enquadradas no determinado espácio – temporalmente.
Frisar que, cada gênero contém características próprias, embora num mesmo texto, por
vezes usemos diversos protótipos.
Esperamos que os Gêneros que resumimos neste texto tragam uma singela contribuição
para os amantes da narrativa de expressão oral, no geral e nos estudantes em Moçambique
e que sirva de luz no fundo do túnel para futuras pesquisas.
Nos gêneros orais, como provérbios, lendas, mitos, fábulas, contos tradicionais,
advinhas, canções populares e romances tradicionais, a voz é o presente, é uma criação
momentânea que está encarregada de transmitir valores de geração para geração. Ela
representa uma tradição, e como tal, preserva traços específicos próprios desta mesma
tradição. Na literatura oral, portanto, a voz, além de transmitir sentimentos, ideias e
emoções, pode apresentar características de estilo literário e também transmitir saber, de
acordo com a função de cada gênero.
• Provérbio: são textos curtos que transmitem ensinamentos. Eles contêm
sabedoria popular, são usados em diferentes situações para os momentos alegres
e tristes, angústia e desespero, de orgulho e vaidade, de humildade, etc. Os
provérbios têm a função de aconselhar e advertir as gerações.
• Lendas: é uma história que assenta num facto real, modificado pelo imaginário
colectivo. Pode utilizar personagens com nome próprio, num tempo e espaço mais
ou menos identificáveis.
• Mitos: é mais forte que a história, pois esta pode ser manipulada, modificada, o
mito é intocável e não pode ser questionada. Os mitos enfatizam emoções que se
traduzem em orgulho de pertença. Permite que cada indivíduo se identifique com
a narrativa mítica que justifica a sua existência como indivíduo e como
pertencente ao seu grupo.

• Fábulas: é uma história ou pequena narrativa em que os animais ou forças da


Natureza falam e dialogam uns com os outros, como se fossem humanos. No final,
há sempre uma lição ou moral a retirar. Recorre para dar lições ao homem.
• Contos Tradicionais: transmitido pela via oral, curto e procura agradar, entreter
ou educar o ouvinte. De origem anónima, faz parte da tradição oral de uma
comunidade reflecte os mais variados os mais variados sentimentos e a cultura de
um povo. Os contos apresentam uma estrutura simples, a situação inicial "era uma
vez", situação de conflito "desenvolvimento da história" e o fim. O conto tem a
função de entreter e educar ou moralizar.
• Advinhas: Elas fazem parte da literatura popular e das brincadeiras folclórica. Em
sua estrutura é feita uma pergunta e, geralmente, as respostas são engraçadas e
algumas até bem difíceis. Assim, as adivinhas usam a lógica e diversos
trocadilhos. Por esse motivo, são muito disseminadas entre as crianças.
• Canções Populares: palavra canção se tornou um tipo "ícone" usada a toda hora
popularmente quando se referindo a uma variedade de pequenas composições
curtas ou com arranjos populares, na nossa sociedade as canções populares são
entoadas em eventos de felicidades e tristezas. Tem a função de entreter e consolar
a comunidade.
• Romances Tradicionais: é um texto grande e elaborado escrito em prosa.
Apresentam personagens fictícios que vivem actos criados pelo escritor e que se
desenrolam em determinado tempo e espaço. Os romances retratam um perfil
psicológico dos personagens e apresentam as características da época que está
acontecendo;
Os gêneros narrativos de expressão oral fazem parte do patrimônio cultural de um
determinado povo. A proteção deste patrimônio assegura a transmissão de
conhecimentos, valores, hábitos, crenças, costumes de geração em geração através da
memória que é o legado histórico, cultural e artístico dos nossos antepassados. A literatura
moçambicana é bastante oral, onde “o narrador retira da experiência o que ele conta: sua
própria experiência ou a relatada pelos outros. E incorpora as coisas narradas à
experiência dos seus ouvintes”. Nos gêneros apresentados neste texto, tecem se histórias
de vida; relatos de experiências. Cada gênero reflete uma experiência, mas também
comporta as experiências da comunidade onde vivem/viveram aqueles que relataram suas
histórias. E, como maior parte das pessoas que são fazedores destes gêneros são idosos e
poucos são letrados, nos é colocado o desafio de escrever o que está na memória dessas
bibliotecas vivas. Sob risco de termos uma perda irreparável ou destruição da nossa
cultura.

2. Textos jornalísticos
2.1 A Notícia

Conceito
A notícia, do latim, é o conteúdo de uma comunicação antes desconhecida, um evento
divulgado ou a divulgação de uma informação. Por outras palavras, a notícia é uma
narração que relata factos actuais e relevantes, relativos aos aspectos culturais, sociais,
políticos, religiosos, económicos, etc. do quotidiano de uma determinada sociedade.

No meio de comunicação em massa (rádio, televisão, internet, etc), uma notícia é uma
redacção ou um relato que informa ao público sobre uma situação nova ou atípica,
ocorrida no seio de uma comunidade ou determinado âmbito específico, que mereça ser
alvo de divulgação.

2.1.1. Estrutura/Organização da Notícia


Geralmente, a notícia como um texto escrito de comunicação social ou jornalístico
apresenta:
i. Titulagem, composto por um titulo acompanhado, por vezes, por um
antetítulo e/ou por um subtítulo.
De realçar que, a cabeça da notícia deve ser bem definida, espelhando a ideia de
forma clara e breve da noticia que difunde. Deste modo, ela deve constituir uma manchete
com três grandes funções, nomeadamente: a de anunciar (pré-revelação da novidade), a
de apelar (o título deve chamar atenção ao leitor) e a de expressividade (deve causar
impacto nos leitores).
ii. Parágrafo guia ou o "Lead", constitui o primeiro parágrafo da notícia e
o mais importante, visto que fornece as informações essenciais. É nesta parte do
texto que se responde as perguntas: quem? (os agentes activos e/ou passivos da
acção), o quê? (está acontecer ou acontecerá), quando? (em que momento ou dia
ocorreu ou ocorrerá a acção) e onde? (em que local se verificou ou se verificará o
acontecimento),
iii. Corpo da notícia, local reservado para a descrição pormenorizada da
notícia, devendo para tal responder as seguintes questões: como? (em que
circunstancias ocorreu o facto) e porque? (quais os motivos que determinaram a
ocorrência do facto).

2.1.2. Teoria da pirâmide invertida


Entre as principais características da notícia enquanto género jornalístico, destaca-se a
arrumação decrescente de importância das informações, com base nas respostas
adiantadas às questões colocadas, assim sendo:

Quem?
O quê?
Quando?
Onde?
Como?
Porquê?
2.1.3. Tipo de Linguagem
Pela sua natureza, a notícia envereda uma linguagem objectiva ou denotativa. Com efeito,
a função de linguagem que a caracteriza é a informativa e referencial, visto que é
centralizada no referente, quando o emissor procura oferecer informações, dar a conhecer
ao leitor sobre um determinado assunto ou acontecimento real.
Sendo um texto destinado a vários estratos sociais, a notícia vela por um nível de língua
corrente, de fácil compreensão para qualquer que seja o leitor.

Quanto ao discurso, é patente nesta tipologia textual o discurso indirecto, ou seja, aquele
que prima pelo uso de verbos declarativos, a partir da reprodução indirecta da informação.
Porém, não se quer dizer que na notícia não aparece expresso o discurso directo.
Ex. O Juiz perguntou ao réu se sempre tem ido ao cinema.

O réu respondeu que não, e que só tinha ido naquele dia.

É de salientar que, o discurso indirecto é o processo pelo qual o narrador informa o leitor
acerca do que uma personagem teria dito ou pensado, sem reproduzir exactamente as suas
palavras.

Nesta vertente, o narrador surge como elo de ligação entre a situação criada e o leitor.

Ex.: O Juiz perguntou ao réu se sempre tem ido ao cinema.

Portanto, em determinados momentos, pode-se verificar nesta tipologia textual o discurso


directo, o meio de expressão pelo qual o narrador põe a personagem, real ou fictícia, a
falar tal como ela as teria proferido.

Discursos desta natureza, permitem estabelecer um contacto mais estreito entre a situação
criada e o receptor, de forma actualizada e viva.

Ex.: Sempre tens ido ao cinema? Perguntou o Juiz ao réu.

Uma das marcas do discurso directo é o travessão na inicial da frase, como também a
colocação de aspas no inicio e fim da frase ou discurso.

Ex.: – Sempre vás ao cinema?

“Tudo está sendo feito para estabelecer a ligação com a maior brevidade possível”,
disse Aires Aly.

In: Notícia, nº 28395, Maputo, Janeiro de 2012:01.

Com efeito, sem quisermos transpor os discursos, notam-se alterações tanto nos tempos
e modos verbais assim como nos pronomes pessoais, entre outros aspectos.

Ex.: No discurso indirecto há marcas de pronomes pessoais da 3ª pessoa – “…tem ido…”,


ao passo que no directo há da 2ª pessoa – “…tens ido…” ou “…vás…”

Na classificação dos tipos de discurso, para além dos dois acima mencionados, existe o
discurso indirecto livre, aquele em que o narrador conjuga o discurso directo e indirecto
num mesmo discurso. Ou seja, ele conserva as características do discurso indirecto e as
interrogações, exclamações e palavras do discurso directo, do qual mantém a vivacidade
e a expressividade.

Ex.: Pudera! Só de pensar que ele a ia controlar, tinha preferido mudar de plano.

2.2 A Reportagem
Definição
A Reportagem é a cobertura completa e com todos os detalhes de um acontecimento. É
ainda a representação de um facto ou acontecimento enriquecido pela capacidade
intelectual, observação atenta, sensibilidade, criatividade e narração fluente do autor. De
certa forma, a reportagem é uma notícia que, pelo seu interesse, vai ser desenvolvida.
Portanto, a reportagem pode ser apresentada de forma oral ou por escrito/impressa. As
informações trazidas nesse tipo de texto jornalístico resultam de uma investigação
minuciosa sobre o caso. Com efeito, ela exige que o repórter esteja inloc, ou seja, no local
de ocorrência dos factos. Como também exige de quem a faz:
i. Capacidade intelectual – isto quer dizer que, o repórter tem que pôr aprova todas as
suas aptidões, a fim de abordar convenientemente o tema e esgotá-lo até os últimos
limites, para tal o aconselha-se que leia um dossier acerca da matéria;
ii. Observação atenta – aí aparece a questão de in loc, entra em jogo a capacidade de
funcionamento dos órgãos de sentido do repórter. A bagagem intelectual e as informações
prévias sobre a questão facilitarão ao repórter discernir o que é principal e secundário
durante o trabalho de campo e em meio a um mundo de informações. Agir com toda
curiosidade exigida de um repórter.
iii. Sensibilidade - embora influenciada pela bagagem cultural, ela é pessoal, íntima.
Portanto, o repórter deve saber contextualizar-se face às situações comportamentais.
iv. Criatividade - mesmo submetido às regras que orientam o trabalho jornalístico, aos
deveres com a empresa e ao livro de estilo, o repórter goza de boa margem de liberdade
para criar. Da sua capacidade depende o êxito do produto final. Toda a articulação e
exposição do tema precisam assentar-se, porém em bases reais, do contrário seria a
negação.
Jornalismo. Impõe-se a reconstituição honesta dos e do clima em que se
Desenrolam. Por maiores que sejam a imaginação e técnica narrativa do Repórter, o seu
dever fundamental é com a verdade.
v. Narração Fluente - a informação bruta/real transforma-se em reportagem através da
narração fluente. O repórter deve estar dotado de conhecimentos da língua a que se serve
para reportar, não deve mostrar muita preocupação com a forma, mas tem que expor os
assuntos de maneira que o leitor se sinta atraído do princípio ao fim do texto. Portanto, a
reportagem comporta a notícia, entrevista, inquérito, descrição dos aspectos do ambiente,
a análise dos dados, etc, por ser um género que exige consulta de fontes de informação
ou a observação directa dos acontecimentos.
Normalmente, a sugestão para fazer uma reportagem parte precisamente de uma notícia
que o chefe de redação quer ver desenvolvida, já que o assunto pode dar pano para mangas
e ser explorado, de acordo com as características do jornal. Esta preocupação por parte
dos redatores surge porque, por vezes, a reportagem possui o carácter de denúncia de algo
que importa corrigir: o mau estado de um hospital, de uma escola, situações de
marginalidade social ou de delinquência, de agressão ao meio ambiente, etc. São imensos
os assuntos possíveis e o posicionamento que pode adotar o repórter.
2.2.1 Estrutura da Reportagem
A semelhança da notícia, a reportagem apresenta:
i. A Titulagem – constituído por um título acompanhado, por vezes, por um antetítulo
e/ou por um subtítulo – objectiva resumir o que será dito. Além disso, deve despertar
interesse do leitor. Este elemento serve para indicar o conteúdo da reportagem.
ii. Parágrafo guia ou o "Lead" – pequeno resumo, ou seja, é a síntese da reportagem
que aparece depois do título, a fim de chamar mais ainda a atenção do leitor.
iii. Corpo da reportagem - é nesta parte do texto onde se apresenta o
desenvolvimento/explicação do sucedido, a opinião de determinadas testemunhas, entre
outros argumentos importantes para serem transmitidos aos receptores.
Portanto, o corpo funciona como a parte do desenvolvimento da reportagem, mais
complexo e extenso que na notícia
.
2.2.2. Características linguísticas
Sendo o objectivo da reportagem levar os ao leitor ou telespectador de maneira
abrangente, implica que se recorre a:
i. Linguagem objectiva/denotativa (clara e perceptível);
ii. Função de linguagem informativa/referencial, detendo-se essencialmente no como e
no porquê do facto/sucedido;
iii. Discursos directos, indirecto e indirecto livre;
iv. Exprimindo comentários pessoais (podendo ser, por isso, assinada);
v. Uso da 3ª pessoa com possíveis marcas da 1ª pessoa;
vi. Linguagem corrente.
2.2.3 Diferença entre a notícia e a reportagem
Da análise feita depreendeu-se que, enquanto a notícia informa de maneira mais objectiva,
areportagem traz as informações de forma mais aprofundada, visto que ela impõe
investigações, tece comentários e levanta questões com a finalidade de clarificar o como
e porquê das coisas relatadas.

2.3 A Entrevista
Definição: a entrevista é um texto que também pertence aos jornalísticos e prima pela
recolha de informação de algo que se pretende conhecer. Assim sendo, define-se por
entrevista a comunicação oral ou escrita que pressupõe um ou vários entrevistados e um
entrevistador.

Entrevistado – é a pessoa que responde às perguntas do entrevistador.


Entrevistador – é a pessoa que faz as perguntas ou que entrevista
Pode-se ver também a entrevista como um texto que se enquadra ao grupo dos de
organização de dados. Nesta perspectiva, entrevista constitui uma das técnicas de recolha
de dados que envolve perguntas e respostas com um sentido de direcção recíproco.

Mas para o nosso estudo, ver-se-á a entrevista como de natureza jornalística e enquadrada
no de comunicação social.

2.3.1 Grau de Flexibilidade da Entrevista


A entrevista pode ser conduzida respeitando vários graus de flexibilidades, a saber:
i. Alto grau de flexibilidade – são entrevistas que possuem um grau de flexibilidade
maior visando assegurar que todos os assuntos sejam discutidos e abordados na
entrevista, num determinado espaço de tempo. Para tal, são adicionadas de acordo
com as possíveis respostas do entrevistado face as predefinidas;
ii. Baixo grau de flexibilidade – acontece quando a entrevista é orientada por
questões ou lista fixa de perguntas.
O alto grau de flexibilidade ocorre quando o entrevistador detém maior domínio da
matéria/assunto em causa enquanto o baixo grau é frequente quando o entrevistador
possui conhecimentos razoáveis e quando o número de entrevistados é maior.

2.3.2 Organização do Texto da Entrevista


Quanto a organização, a entrevista apresenta uma titulagem, uma introdução, na qual se
destaca a ideia das questões da entrevista, ou seja, serve para apresentar o entrevistado:
quem é; a idade, o sexo, onde vive, actividades que exerce, ocupação, ou outros dados
curiosos ou de interesse; e ostenta um desenvolvimento/corpo, onde são
apresentados/adiantadas as perguntas do entrevistador, em caracteres
destacados/diferentes em relação as respostas dos entrevistados. Para além disso, as
perguntas e respostas são antecedidas pelos nomes dos intervenientes e, por fim tem-se o
fecho da entrevista, onde o entrevistador dá liberdade ao entrevistado para abordar algo
que, por ventura, não fora abordado ao longo da interacção ou, simplesmente, para
endereçar saudações para alguém.
2.3.3 Tipos de Entrevista
Normalmente, são concebidos dois tipos de entrevistas, designadamente: as dinâmicas e
as estruturadas.
i. Entrevistas dinâmicas – são aquelas em que o entrevistador segue o entrevistado,
faz perguntas ocasionais para ajustar o foco ou para clarificar aspectos
importantes. Geralmente, o entrevistador tem um guia com os tópicos cobertos na
entrevista, mas não tem uma ordem para perguntar sobre estes tópicos. Este tipo
é o que reflecte um alto grau de flexibilidade;
ii. Entrevistas estruturadas – são as que o entrevistador quer ter certeza que ele faz
as mesmas perguntas para cada entrevistado. As perguntas estão claramente
definidas e estas podem ser respondidas face a face. A estas relaciona-se a questão
do baixo grau de flexibilidade.

2.3.4 Tipos de Questões/Perguntas na Entrevista


A identificação dos graus de flexibilidade e dos tipos de entrevistas está intimamente
relacionada com os tipos de perguntas que o entrevistador pode fazer, entre eles:
i. Questões abertas – são as perguntas pelas quais o entrevistado responde como
quer, optando por vocabulários próprios e fazendo comentários que achar
pertinente e indispensável para a entrevista. Com efeito, são as que requerem uma
explicação para uma opinião para uma alternativa;
ii. Questões fechadas: normalmente, são as que possuem um número pré-
determinado de respostas, a partir das quais o entrevistador tem de fazer sua
escolha.
As perguntas feitas ao entrevistado obedecem certas regras. Vejamos algumas regras de
formulação das perguntas.

As perguntas devem ser:

• Claras e precisas;
• Abertas (não podem conduzir a respostas como sim e não);
• Bem encadeadas (seguir determinada ordem e não saltitar constantemente de um
assunto para o outro);
• Eticamente aceitáveis (não se deve fazer perguntas sobre a vida íntima das
pessoas).
2.4 Aviso

Aviso: é um acto notificativo que tem como objectivo chamar alguém a juízo ou para lhe
dar conhecimento de um facto ocorrido em qualquer processo. Ele também pode ostentar
a designação de anúncio. Em suma, o aviso é uma informação que faz saber ou dá
conhecimento de algo ao público.

2.4.1 Estrutura do Aviso

• Cabeçalho: que indica a origem a entidade que avisa ou anuncia o titulo do


documento "Aviso/anuncio", em caracteres bem destacados e em maiúsculas.
• Corpo: parte em que explicita o conteúdo ou objecto do Aviso/anuncio, a entidade
que avisa/anuncia, os sujeitos envolvidos pelo aviso/anuncio, a data, a hora, o
local e outros aspectos pertinentes.
• Fecho: parte final que compreende, o local e a data da emissão do aviso/anúncio,
a entidade que emite o documento e a respectiva assinatura.
2.4.2 Características Linguísticas do Aviso/Anuncio

• Possui marcas do tempo e espaço;


• Verbos na voz activa ou na passiva de "se" e de "ser";
• Ocorrência das formas de linguagem informativa e apelativa.

2.5 O Inquérito
Definição
A semelhança da notícia, o inquérito pode ser vista sob duas perspectiva, como texto
jornalístico, assim como texto de organização de dados. Assim sendo, tendo como texto
oral ou escrito de comunicação social, o inquérito constitui uma forma de “descobrir a
verdade” ou de fazer o ponto de situação sobre um dado problema.
Portanto, há circunstâncias em que importa conhecer a opinião de um grupo de pessoas
sobre algum assunto. Neste caso, essa opinião pode obter-se através de um inquérito,
dirigido a um número determinado de pessoas.

As respostas dadas pelos inquiridos servem para tirar ilações que podem representar a
opinião, mais ou menos geral, sobre o assunto do inquérito.

2.5.1 Objectivos

Os objectivos de um inquérito podem circunscrever-se ao seguinte:


(i) Estimar grandezas absolutas - avaliar uma determinada extensão dentro de um
conjunto que é o total;
(ii) Estimar grandezas relativas - são quantidades menores em relação àquilo que se
considera grandeza absoluta;
(iii) Descrever uma população ou subpopulação- população é um conjunto maior e
subpopulação é um conjunto mais pequeno;
(i) Verificar hipóteses sob a forma de relações entre duas ou mais variáveis, são
suposições que podem tomar valores diferentes. Por exemplo, entre a frequência
de determinado hábito e a idade, como no caso concreto da frequência dos campos
de “basquetebol”

Tendo terminado o inquérito e tiradas as ilações pode-se elaborar um relatório sobre o


inquérito realizado.

2.5.2 Passos a Aplicar na Produção dum Inquérito

Para a elaboração de um inquérito é fundamental seguir alguns passos,


especificadamente:

1. Preparação do Material necessário para o inquérito – antes de se deslocar ao


campo é necessária que se organize o material que achar pertinente para o cumprimento
da actividade (o roteiro de perguntas com possíveis respostas, lápis, esferográficas, etc.);
2. Recolha de informações sobre a questão – nesta fase, o entrevistador reúne
informações/dados sobre o assunto, com pessoas ou outras fontes com conhecimento de
causa.
3. Formulações de perguntas – nesta fase, as questões são ordenadas
cuidadosamente. Cada questão é colocada a cada pessoa, da mesma forma, sem
adaptações nem explicações adicionais. Uma boa questão nunca deve sugerir resposta,
nem exprimir expectativa. A ordem das questões deve ser impecável.
As questões do inquérito devem seguir-se umas as outras sem repetições desnecessárias.
Como resposta a isso, deve-se agrupar as questões sobre o mesmo assunto.

4. Levantamento de hipóteses – depois do inquérito e de acordo com as respostas


encontradas pode-se começar a colocar as hipóteses mensuráveis.

5. Verificação de hipóteses – estudo das hipóteses de acordo com o que se pretende.


A verificação de hipóteses é a interpretação dos dados obtidos através do inquérito.

6. Conclusão – feitas as verificações, conclui-se sobre a verdade que se pretendia


apurar.

2.5.3 Organização do Inquérito


O Inquérito apresenta uma titulagem, uma introdução, na qual se destaca, de vez
enquanto, o objectivo do inquérito e, de seguida, apresenta-se o inquerido (havendo casos
em que opta-se pelo anonimato) e compreende um desenvolvimento/corpo, no qual se
desenrola o questionário.

Tipo de Questões
As questões num inquérito podem ser:

1. Quanto ao conteúdo:

a) Que se debruçam sobre factos – são as que a resposta é objectiva e verificável de outra
forma, por exemplo: Que lições estudou ontem?

b) Aquelas que se debruçam sobre opiniões, atitudes, preferências, ou seja, questões


subjectivas, como por exemplo: Pensa que as lições de português são claras?

Quanto à forma
a) Abertas – são as que a pessoa responde como queira, recorrendo ao próprio discurso
e fazendo os comentários que achar relevantes.
Exemplo: “o que acha das aulas do Módulo de Língua Portuguesa?”

Nota-se que ao responder esta questão, o inquirido (aquele que responde as questões)
pode dizer o que quiser e como quiser.

b) Fechadas -nestas tipologias de questões, o inquirido escolhe apenas uma resposta de


um conjunto de questões fornecidas pelo inquiridor (aquele que faz as questões e
pergunta). Portanto, as questões fechadas exigem a escolha de uma só opção certa.

2.6 A Crónica
Conceito
A palavra crónica deriva do grego χρόνος ou chrónos (tempo). Logo, uma crónica é vista
como uma narração que segue uma ordem temporal.

Crónica é um texto que narra ou descreve factos do quotidiano (dia-a-dia) de uma


determinada sociedade visando a reflexão do leitor face ao real e o ideal.

A crónica distingue-se da notícia por constituir uma reflexão do autor, sobre uma
determinada realidade por ele vivido. É, na verdade, por essas razões que, o cronista
imprime uma grande subjectividade aos assuntos que narra e, recorrendo a uma série de
recursos de linguagem, enriquece o texto do ponto de vista literário.

O cronista é uma pessoa observadora e crítica, que narra factos recorrendo à descrição.
O seu discurso, ao apresentar um juízo de valor, é crítico pessoal.

A crítica do cronista é vista sob duas perspectiva, a saber positiva (eufórica) ou negativa
(disfórica), de acordo com o que se pretende reflectir.

2.6.1 Estrutura de uma Crónica

Quanto a estrutura, a crónica apresenta um título, uma introdução, um


corpo/desenvolvimento e a respectiva conclusão.

2.6.2 Características da Crónica


As características abaixo foram citadas por vários autores que percebem a crónica um
estilo literário:
Quanto a Temática
i. Aborda assuntos do quotidiano, ou seja, da vida social, estes que podem ser reais
ou imaginários;
ii. Uso da oralidade na escrita: linguagem coloquial – típica de interacção entre duas
pessoas;
iii. Sensibilidade no contacto com a realidade;
iv. Uso do facto como meio ou pretexto para o cronista exercer seu estilo e
criatividade;
v. Dose de lirismo;
vi. Diz coisas sérias por meio de uma aparente conversa leviana;
vii. Uso de humor;
viii. É um facto moderno: está sujeita à rápida transformação e à efemeridade da vida
moderna.
ix. Visão multicolorida e colorida da época;
x. Contrastes e contra-sensos do mundo em que vivemos.
Quanto à Linguagem
Nesta tipologia textual, atendendo e considerando que ele, até certo momento, aborda os
assuntos de maneira conotativa, privilegia-se:
i. Nível de língua literária;
ii. Linguagem subjectiva/conotativa;
iii. Função de linguagem informativa, expressiva1 e apelativa;
iv. Utilização da primeira pessoa e, por vezes, da terceira do singular ou plural;
v. Tempos verbais no pretérito perfeito e pretérito imperfeito;
vi. Vários modos de expressão, especificadamente: narração, descrição,
contemplação/fervor lírica, comentário/juízo de valor e reflexão.
3. Textos Descritivos
Descrever é mencionar as características de um objecto por meio de palavras. Segundo
REI (2000:99) descrever é " mostrar através de palavras, é fazer ver aos leitores ou
ouvintes, mentalmente, aquilo que temos diante dos olhos ou no espírito". O texto
descritivo é aquele cuja intenção de comunicação é transmitir/fotografar uma pessoa, uma
coisa, um ambiente, um sentimento por meio de palavras.
A descrição deve dar alusão a vida, através da constatação da imagem da realidade a
transmitir como se tratasse de uma imagem fotografada com uma câmara de filmar. Para
REI (op.cite:100) uma descrição é boa quando é viva, real visível e material.

Tipos de Descrição
A tipologia descritiva obedece duas ordens:

Descrição denotativa (exterior/material), que também é chamada descrição técnica ou


instrutiva, é a que visa dar a conhecer um objecto, partes e finalidades, deve ser precisa e
objectiva, deve ajustar-se à realidade.
Descrição conotativa (interior/psicológica), designada por descrição literária, é a que
pretende provocar uma impressão (positiva ou negativa, agradável ou desagradável) ou
um sentimento de (dor, alegria, admiração, terror….), mostrando aquilo que se descreve
de modo a produzir esses efeitos nos leitores, apresenta o objectivo da descrição não como
ele é, mas como o autor o vê, salientando as impressões que ele produz.

Didacticamente, quanto à sua organização, os textos podem ser compostos de descrição,


narração, e dissertação. No entanto, é difícil encontrar-se um trecho que seja só descritivo,
apenas narrativo, somente dissertativo. Levando-se em conta tal informação, um texto
pode seleccionar uma alternativa para a sua classificação:
- Narrativo/ descritivo: com predominância do descritivo;
- Dissertativo/ descritivo: com predominância do dissertativo;
- Descritivo /narrativo: com predominância do narrativo;
- Descritivo/ dissertativo: com predominância do dissertativo;
- Narrativo/ dissertativo: com predominância do narrativo.
Quer dizer, a descrição pode ser integrada noutros tipos de textos predominantes.
Teoricamente, pode ocorrer uma descrição quando o autor:
(I) Representa o seu objecto (paisagem, personagem ou ambiente) principal,
através de aspectos que o individualizam;
(II) Ressalta as condições físicas do seu objecto principal, podendo fazer
predominar uma descrição objectiva, com uma linguagem denotativa.
Características linguísticas
• Emprego metafórico de objectivos que transmitam impressões físicas ou morais,
despertando varias sensações (visuais, olfactivas, tácteis, gustativas, auditivas);
• Predomínio de verbos no presente e no pretérito imperfeito;
• Emprego de verbos que dão impressão de movimento;
• Emprego de nomes que participam da expressão das sensações;
• Uso de localizadores espaciais e temporais;
• Uso de comparações para tornar mais evidente, ou sensíveis os traços das
realidades que se descrevem.
Processos de descrição
A descrição baseia-se num mecanismo complexo, compreendendo:
1. Ponto de vista – corresponde à perspectiva individual que o observador tem
sobre o objecto a descrever;
2. Observação – é momento que supera o simples olhar para um objecto,
corresponde a fixação da atenção em alguma coisa por meio dos 5 sentidos quer
por observação directa, quer indirecta.
Diz se que a observação é directa quando descrevemos algo em presença e
corresponde a cópia do objecto, será indirecta quando ela revela o que não existe ou
seja o que não se tem à vista, recorrendo se à memoria.
• Reflexão – corresponde ao momento de interiorização e de
aprofundamento das coisas observadas para a descrição com intenção
de lhes atribuir valores ou diferentes significados;
• Plano – REI (op.cit101), é constituído por três etapas:
- Observação do maior numero de pormenores do objecto,
- Selecção dos pormenores mais típicos do objecto;
- Apresentação de mais relevante.
Tipos de Focagem
Da observação que se faz a um objecto, a focagem pode ser fixa ou móvel:
a) Focagem fixa – é a que é feita a observação de um objecto a partir de um ângulo;
b) Focagem móvel – é a que é feita a observação de um objecto a partir de vários
ângulos.
A focagem móvel pode ser feita a partir de um:
i. Plano afastado – não representa detalhes das partes do que se observa;
ii. Plano médio – apresenta poucos detalhes;
iii. Plano aproximado – detalha tudo até aos pormenores.
Defeitos da descrição
De entre muitos defeitos que uma descrição pode apresentar, deve se ter o cuidado de ela:
• Não aparecer nunca imaginaria fugindo da realidade;
• Não ser vulgar, oferecendo um estilo que nada tem com a singularidade do
objecto escrito;
• Não conter excesso de fantasia, contendo muita decoração literária, nas palavras
de REI "fogo-de-artifício ".

Você também pode gostar