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EDUCAÇÃO
Muito antes que houvesse escolas, houve uma integração à vida social a
partir da educação. Por esse motivo, temos que nos voltar para refletir sobre
esse sentido da educação, para observar se o que aprendemos nos permite
uma melhor integração social, uma vida ética. Assim entendemos a Freire
quando diz:
Pelo elo que existe entre educação e ética é que acreditamos que uma
disciplina de filosofia não pode deixar de abordar a ética e ainda, a ética deve
ser aprendida como o fim de nossa educação, nela devem confluir os demais
conhecimentos.
A ética grega é uma ética da “meia medida”: tudo o que o grego deve
fazer no plano moral é moderar os desejos, os “impulsos”, por meio da razão,
de modo a poder compartilhar tudo com a natureza e com a polis. Esse caráter
de integração entre o individual e o coletivo, que ao mesmo tempo define e
mostra um comportamento racional, é o ideal grego de perfeição moral.
Para Schiller o estado estético é o estado mais valioso. Este estado não
é unicamente um estado intermédio entre a necessidade e a liberdade, em uma
atenuação do rigor da lei moral pela liberdade inerente às formas da beleza; o
estético é a condição da moralidade, a forma que adota a conciliação do
sensível e do moral. A “liberdade autêntica” (humana) não é como a “liberdade
natural”, sem regras, mas consiste em fazer que o próprio ser humano seja o
fundamento ou fonte de suas normas e leis. (RENAUT, 1995). A liberdade
proposta por Schiller é um equilíbrio que a própria experiência estética permite,
por isso podemos afirmar que a estética é anterior à ética como condição de
liberdade.
Chamo feliz aquele que para fruir não necessita cometer uma
injustiça e que para atuar de forma correta, não necessita de
renunciar. O ser humano que é ininterruptamente feliz nunca
encara portanto o dever, uma vez que as suas inclinações,
conformes às leis e ordenadas, sempre antecipam o comando
da razão e nenhuma tentação de violar a lei lhe lembra a
existência da lei. Governado apenas pelo sentido de beleza,
representante da razão no mundo dos sentidos, ele irá para o
túmulo sem haver experimentado a dignidade da sua
determinação. (1993, p. 122, grifo nosso).
A educação para a cidadania passa por ajudar ao aluno a não ter medo
do poder do Estado, a aprender a exigir dele as condições de trocas livres de
propriedade, e finalmente a não ambicionar o poder como forma de subordinar
seus semelhantes.
O bem agir, tão defendido pelos gregos antigos, vinculava o saber a uma
prática: a formação de hábitos morais e de atitudes responsáveis, integradas
com os fins da sociedade. O exercício do poder demanda, pois, um sentido
moral, sem o qual se podem ter gênios sem caráter, cientistas sem ética e
cidadãos desumanos. Poder-se-ia perguntar se é possível ensinar valores e
como fazê-lo. Respondemos: não é nas solenes declarações de princípios que
se manifestam a solidariedade. Não se aprende solidariedade, a não ser sendo
solidário na vida cotidiana (FERREIRA, 2000).
A práxis tem que ter um fim social, para que o crescimento humano não
seja um crescimento egoísta, senão um crescimento social; para que o homem
possa atingir a tão desejada felicidade e não unicamente o prazer. Para que o
indivíduo alcance o equilíbrio e possa ter a oportunidade de viver numa
sociedade equilibrada, esta educação deve ser uma oportunidade para todos.
A educação para a cidadania não pode deixar que o jovem se feche num
saber pautado em algumas noções essenciais, nem deve submetê-lo a práticas
disciplinares desprovidas de sentido, sob o argumento da necessidade da
organização política. De pouco adiantaria ir a museus, ler livros de história ou
participar de solenidades cívicas se essas situações não forem significativas,
ou seja, se não tiverem valor para os alunos. (FERREIRA, 2000).
Sendo a ética um esforço pessoal por uma participação social que
respeite os direitos e deveres do cidadão, ao final, esperamos que a prática da
ética nos leve a um exercício político responsável, a uma prática de cidadania.
Mas, para poder falar de cidadania, o próprio professor precisa romper com sua
leitura superficial da sociedade, mergulhando em oceano interdisciplinar e
transdisciplinar de saberes: sociologia, história, psicologia, economia, ciência
política, lingüística e outros que vai descobrindo. Esse conjunto é que vai dotá-
lo de competência técnica suficiente para orientar seus alunos, ensiná-los a
analisar a estrutura social, os momentos conjunturais de seu país.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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