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Produção de Papéis Indicadores Ácido-Base Naturais a Partir de

Extratos Repolho Roxo e Sementes de Couve de Rama

1 Introdução
Os indicadores ácido-base são substâncias que possuem a capacidade de
mudar de cor em resposta às variações de acidez (pH) de uma solução. Eles
desempenham um papel fundamental em diversas áreas da química, laboratórios,
análises e outras aplicações científicas. A função dos indicadores ácido-base é
fornecer uma maneira visual e prática de determinar o pH de uma solução,
determinando se ela é ácida, neutra ou alcalina (básica). Normalmente, esses
indicadores consistem em moléculas sintéticas ou orgânicas frequentemente obtidas
de substâncias vegetais (ALMEIDA, Célio dos Santos et al., 2021).
O pH de uma solução indica a concentração de íons hidrogênio (H⁺) presentes
nela. As soluções ácidas possuem um pH menor que 7, enquanto as soluções
alcalinas (básicas) têm um pH maior que 7. Uma solução com pH igual a 7 é
considerada neutra, como a água pura.
Uma alternativa viável e de baixo custo para viabilizar a experimentação é o
uso de indicadores ácido-base naturais, produzidos a partir de pigmentos facilmente
encontrados em tecidos vegetais de diversas espécies de plantas. Esses
indicadores de pH (potencial hidrogeniônico) são de fácil acesso e, segundo a
literatura, despertam o interesse dos estudantes devido à coloração natural das
substâncias químicas presentes nos tecidos vegetais e suas mudanças de cor em
função do pH (Mota e Cleophas, 2014).
As substâncias indicadoras de natureza visual são categorizadas devido à sua
capacidade de exibir variadas tonalidades, influenciadas pelo contexto químico
circundante. Parâmetros essenciais, como pH, potencial elétrico, formação de
complexos com íons metálicos e adsorção em materiais sólidos, desempenham um
papel significativo nesse processo (TERCI, 2002).
Além disso, sob uma perspectiva química, essas substâncias se destacam por
sua solubilidade em soluções aquosas, tornando o seu preparo como indicadores
uma tarefa simples, e também favorecem a sua degradação no ambiente, resultando
em um menor impacto ambiental (GUIMARÃES, 2012).
Além disso, a variação de cores que ocorre em resposta ao nível de acidez ou
alcalinidade do ambiente confere ao extrato de repolho roxo a função de um
indicador universal de pH. Essa característica torna-o uma alternativa aos papéis
indicadores universais, frequentemente disponíveis apenas em estabelecimentos
especializados, o que pode ser de difícil acesso em certas regiões do país (GEPEQ,
1995)
Este experimento aborda a produção de indicadores ácido-base naturais
utilizando extratos provenientes de duas fontes vegetais: Brassica oleracea var.
capitata f. rubra, conhecida como repolho roxo, e sementes de Basella alba,
conhecida como couve de rama. A utilização de indicadores ácido-base é crucial em
diversas aplicações analíticas, porém, frequentemente, os indicadores sintéticos
disponíveis apresentam prejuízos ambientais e de saúde. Nesse contexto, extratos
de plantas oferecem uma alternativa promissora devido à sua origem natural e
biodegradável.

2 Metodologia
2.1 Coleta das plantas
As espécies de plantas selecionadas para a produção dos indicadores
naturais de pH foram coletadas no mês de agosto de 2023, na zona rural do
município de Cuité-PB. As espécies escolhidas foram: Brassica oleracea var.
capitata f. rubra, conhecida como repolho roxo, e sementes de Basella alba,
conhecida como couve de rama (OLIVEIRA, Williana Silva de et al., 2021).

2.2 Preparação dos extratos


A preparação dos extratos foi conduzida por meio do processo de maceração
das folhas de repolho roxo e das sementes de Basella alba, utilizando um almofariz
e pistilo. Para cada extrato, umConstrução das fitas indicadoras de pH a quantidade
de 46g de folhas de repolho roxo ou sementes de Basella alba foi empregada. No
caso dos extratos de repolho roxo, foram utilizados dois solventes diferentes: 40 ml
de água destilada e 40 ml de álcool 70%. A mesma abordagem foi seguida para os
extratos de Basella alba, misturando 46g de sementes tanto em 40 ml de água
destilada quanto em 40 ml de álcool 70%. Esse procedimento visa extrair os
compostos ativos presentes em materiais vegetais para posterior utilização na
produção de indicadores ácido-base naturais. Ambas as amostras foram
acondicionadas em refrigeração durante o período de 24 horas para que seus ativos
fossem extraídos.
2.3 Construção das fitas indicadoras de pH
Na elaboração das fitas indicadores de pH, recortou-se pequenas tiras de
papel offset, a fim de permitir sua subsequente visualização nos extratos de cada
planta em análise. Uma vez submetidas a submersão com duração de 5 minutos
(Figura 1), as fitas foram cuidadosamente retiradas dos extratos e em sequência
iniciou-se o processo de secagem empregando um secador adequado (Figura 2) e
(Figura 3). A etapa subsequente consistiu na acomodação das fitas devidamente
secas em pequenos recipientes de plástico, com a finalidade de preservar suas
propriedades até a etapa de avaliação subsequente. O presente procedimento
viabilizou a fixação dos compostos bioativos das plantas sobre as fitas de papel,
constituindo-se como o substrato essencial para a realização dos ensaios de
detecção de pH.

Figura 1: etapa de submersão do papel no extrato vegetal para a obtenção do indicador

Fonte: Autoria própria 2023.

Figura 2: Processo de secagem dos papéis indicadores


Fonte: Autoria própria.

Figura 3: Papéis indicadores no último estágio de secagem

Fonte: Autoria própria.

3 Referências

ALMEIDA, Célio dos Santos et al. O uso de indicadores ácido-base naturais no ensino de
Química: uma revisão. 2021.

GEPEQ. Estudando o equilíbrio ácido-base. Experimentação no Ensino de Química.


Química Nova na Escola. N° 1, Maio 1995.
GUIMARÃES, W; ALVES, M. U. R. ANTONIOSI FILHO, N. R. Antocianinas em extratos
vegetais: aplicação em titulação ácido-base e identificação via cromatografia
líquida/espectrometria de massas. Química Nova vol. 35 no.8, São Paulo. 2012.

OLIVEIRA, Williana Silva de et al. Produção de indicadores ácido-base naturais em solução e


em papel a partir de extratos de plantas com pontencial aplicação no ensino de química. 2021.

TERCI, D.B.L.; ROSSI, A.V. Indicadores naturais de pH: usar papel ou solução? Química
Nova, v.25, n.4, p.684-688, 2002.

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