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Até o século XVII não havia diferença no ato de brincar dos adultos e das crianças,

já que as crianças não eram reconhecidas como crianças e, sim, como adultos em
miniatura.

Hoje, há muita importância no ato de brincar. O processo de desenvolvimento


psicomotor da criança e também as influencias e as consequências desse ato,
podem exercer grande diferença na sua relação com o mundo.

“ É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou


adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é
somente sendo criativo que o individuo descobre o eu (self).
Winicott – o brincar e a realidade, pág.80

Estudiosos concluíram que a criança que brinca, revela uma experiência cultural
adquirida com a relação individuo e o meio ambiente. O ato de brincar pode
acontecer de forma livre ou tendo como suporte o brinquedo no cotidiano,
envolvendo, também uma serie de atividades físicas, mentais, sociais, comunicativas
e emocionais, fundamentais para o ser humano. Brincar, muitas vezes há o
predomínio da colaboração sobre a competição e o individualismo. As atividades
grupais permitem que as relações se concretizem e se ampliam, deixando pouco
espaço para o isolamento.

As transformações das ocorridas neste século, em sua grande maioria das


sociedades contemporâneas, produto das mudanças sociais e econômicas, impõem
novos hábitos na maneira de vida e consequentemente o brincar sofre as
transformações e em alguns lugares chegam a desaparecer.

O consumo alimenta o isolamento, o que o brincar, torna contrario tal isolamento.

É nesse momento, que pesquisadores e estudiosos concluem que o papel da escola


torna-se inexoravelmente importante.

E, QUAL É A FUNÇÃO DO BRINQUEDO?

“ a palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar, e


estão incluídos os jogos, brinquedos e brincadeiras e a
palavra é relativa também a conduta daquele que joga, que
brinca e que se diverte.” Maria Cristina Trois D. Rau – A
ludicidade na educação. (2011) P. 32
Autores, pesquisadores esclarecem que ele tem um valor simbólico que domina a
função do objeto , ou seja, o simbólico torna-se função do próprio objeto. A função
do brinquedo é a brincadeira. A brincadeira é tida como livre, sem regras
determinadas de como e quando fazer. Deve gerar prazer. As brincadeiras que
observa-se nas cidades tem algumas particularidades: são limitadas aos espaços
internos das casas, ao recreio das escolas, aos espaços lúdicos ou brinquedotecas,
aos condomínios e clubes. Raramente acontecem na rua.

As brincadeiras das crianças quilombolas, ribeirinhas, de comunidades indígenas ,


alem de revelar culturas particulares, são permeadas de mitos, costumes ancestrais
dos grupos nos quais nascem e se desenvolvem.

“ Os ‘brincares’ dessas crianças ‘nascem’ das árvores,


da terra, dos rios, dos mitos e costumes, por meio da
imaginação, do corpo, dos ensinamentos dos pais e avós.
Barquinhos, casinhas, piões, espingardas, petecas e muitas
brincadeiras de faz de conta reproduzem sua vida e o universo
dos adultos, contam quem são essas crianças.” Adriana
Friedmann - O brincar na educação infantil – pag 26.

Algumas das principais preocupações com o brincar, está relacionada diretamente


à escola. A escola precisa urgentemente recuperar sua saúde. Nela deve ser
encontrada sua verdadeira construção de um mundo melhor para se viver com
afeto, amorosidade, alegria, respeito e ludicidade. Um verdadeiro espaço de
convívio, experimentação e construção do saber. O espaço coletivo deve ser o
melhor de uma escola. Não somente o pátio, ou o lugar do recreio. Mas até mesmo
dentro de uma sala de aula, onde os saberes são divididos, acrescidos,
complementados precisamos da alegria e do colorido das brincadeiras.

A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO

A ludicidade se define pelas ações que se tornaram necessárias numa


organização elencadas da seguinte maneira: o jogo, o brinquedo e a brincadeira. E
ensinar utilizando-se desse recurso é considerar que a brincadeira faz parte da
necessidade humana.

Antunes(2003, p. 11) contribui para compreensão do termo jogo:

A palavra jogo provém de jocu , substantivo masculino


de origem latina que significa gracejo. Em seu sentido
etimológico, portanto, expressa um divertimento, brincadeira,
passatempo sujeito a regras que devem ser observadas
quando se joga. Significa também balanço, oscilação, astúcia,
ardil, manobra.
Percebe-se o jogo uma imitação da vida real. O jogo serve para
iludir a si mesmo, para dar mudanças nas nuances, para dar movimento
ao espírito , para modificar e aperfeiçoar mudanças no humor.

O filosofo alemão Kant, afirmava que por meio do jogo a criança vai
aprendendo a coagir a si mesma, a conhecer e desenvolver forças e
potencialidades de seu corpo, misturando-se com o uso de exercícios de
habilidades e exercícios que exerçam os sentidos.

O jogo é o melhor caminho ao inicio ao prazer estético, a


descoberta da individualidade e à percepção de si mesmo, em todas as
suas potencialidades. Entretanto, deve ser usado pedagogicamente com
rigor e cuidadoso planejamento, marcados por etapas bem definidas e
que acompanhem efetivamente o progresso do aluno.

Este ato da fase infantil significa vivenciar experiências que


envolvam o corpo, os objetos ao redor, o tempo e o espaço.

Brincar pode ser a base da capacidade de


discriminação necessária ao processo de
aprendizagem criativo que envolve a autoria e
a apropriação criativa de conhecimentos.
Neves e Santiago (2010. P. 69)

As escolas necessitam cultivar a espontaneidade, diálogo, convivência em


grupo, pois as crianças geralmente não brincam sozinhas, sendo que o jogo
proporciona oportunidades para ela pensar e falar, saber combinar momentos de
brincadeiras livres (lazer) e atividades orientadas (escola)

  Rizzo (1996), cita alguns procedimentos que auxiliam ao educador na realização de


jogos, sendo que alguns destes itens são comuns a qualquer disciplina:

 incentivar a ação do aluno;

 apoiar as tentativas do aluno, mesmo que os resultados, no momento, não


pareçam bons;

 incentivar a decisão em grupo no estabelecimento das regras;

 apoiar os critérios escolhidos e aceitos pelo grupo para decisões, evitando


interferir ou introduzir a escolha destes critérios;
 limitar-se a perguntar, frente ao erro ou acerto, se concordam com os
resultados ou se alguém pensa diferente e porquê, evitando apontar ou
corrigir o erro;

 estimular a comparação, termo a termo, entre grandezas lineares;

 estimular a tomada de decisões que envolvam sempre que possível avaliação


de grandeza;

 estimular a discussão de ideias entre os jogadores e a criação de argumentos


para defesa de seus pontos de vista;

 estimular a criação de estratégias eficientes, discutindo os possíveis


resultados;

 estimular a antecipação dos resultados, no encaminhamento que se quer dar


a partida;

 incentivar a criação e uso de sistemas próprios de operar (ação mental).

    Neste sentido, o jogo, pelo seu caráter propriamente competitivo, apresenta-se
como uma atividade capaz de gerar situações-problema “provocadoras”, onde o
sujeito necessita coordenar diferentes pontos de vista, estabelecer várias relações,
resolver conflitos e estabelecer uma ordem.

Para conseguir intervir, interceder, planejar, executar e avaliar, o professor


deve estar bem preparado para se colocar diante de situações que necessite sua
orientação quanto aos jogos e atividades dirigidas em sala de aula.

 A intenção, parte do professor, sendo estabelecida segundo seu plano de ensino


que esteja vinculado a um projeto pedagógico da escola, como um todo. O objetivo
do jogo é definido pelo educador através de sua proposta de desencadeamento da
atividade de jogo, que pode ser o de construir um novo conceito ou aplicar um já
desenvolvido. Assim sendo, um mesmo jogo pode ser utilizado, num determinado
contexto, como construtor de conceitos e, num outro contexto, como aplicador ou
fixador de conceitos. Cabe ao professor determinar o objetivo de sua ação, pela
escolha e determinação do momento apropriado para o jogo. Neste sentido, o jogo
transposto para o ensino passa a ser definido como jogo pedagógico.

    Através dos jogos e brincadeiras, as crianças se preparam para a vida adulta, e
sabemos o quanto é necessário ensinar e aprender a conviver, uns com os outros,
na sociedade, pois as brincadeiras tem um grande poder educativo. Para isso, é
preciso criar uma pedagogia baseada no respeito, ajuda mútua, cooperação e no
amor, os seres humanos precisam de alegria para viver com plenitude.

  Conforme as orientações dos novos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’ s,


MEC, 1998, p.47), as atividades com jogos podem representar um importante
recurso pedagógico, já que:

   “Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem
que estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na
elaboração de estratégias de resolução e busca de soluções. Propiciam a simulação
de situações-problema que exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula o
planejamento das ações”

    Além disso, nos PCN's existe a defesa de que os jogos podem contribuir na
formação de atitudes – construção de uma atitude positiva perante os erros, na
socialização (decisões tomadas em grupo), enfrentar desafios, desenvolvimento da
crítica, da intuição, da criação de estratégias e dos processos psicológicos básicos.

O PAPEL DO PROFESSOR

O ser humano se constitui ao longo de sua existência. Ele é o resultado de


potencialidades, que se atualizarão ao longo do tempo, através das experiências,
vivenciadas positiva e/ou negativamente vivenciadas de cada um, familiares,
comunitárias, étnicas, sócio-culturais. Cresce e se desenvolve fisiologicamente, mas
também cognitiva, emocional e espiritualmente. O crescimento e o desenvolvimento
se fazer através da prática. O ser humano é um ser ativo e dessa forma aprende e,
por aprender se desenvolve.

O educador é um ser humano que já fez um determinado caminho de


desenvolvimento na existência. É um adulto e, em sua bagagem, há muitas histórias
e experiências a serem divididas e compartilhadas. Por isso, coloca-se no lugar de
um líder de processos formativos para outros educandos. Como tal, ele é um
servidor e gestor de um processo de oferta de condições para que outros também se
formem. Para tanto, o educador necessitará de forma-se minimamente em quatro
linhas de desenvolvimento: fisiologicamente (necessita de ser minimamente
saudável), cognitivamente (necessita de desenvolver seus recursos de compreensão
da vida o que implica em apropriação e uso de recursos metodológicos e
conceituais); emocionalmente (todos ser humano necessita de um equilíbrio
emocional; sem ele nada se faz com adequação na vida), espiritualmente
(necessitamos de aprender que há algo de sagrado que é maior do que cada um de
nós). O educador, para ser educador, necessitará de minimamente chegar à vida
adulta. Só dessa forma poderá ser o líder servidor e gestor do processo educativo
de outros.

Assim, o trabalho pedagógico do professor de educação infantil e nos anos


iniciais do ensino fundamental deve considerar o papel das interações no processo
de ensino-aprendizagem.

Assim, quando o educando apresenta algum tipo de


dificuldade de aprendizagem em uma área de conhecimento, o
educador pode buscar metodologias e recursos pedagógicos que o
auxiliem na significação dos conteúdos. Rau ( 2010 p.105)

A prática do jogo espontâneo possibilita ao professor fazer e analisar um


diagnóstico do grupo e /ou individualmente e perceber em que nível de
desenvolvimento se encontram. Ainda mais , quando se conhecem os valores, as
necessidades, a experiência individual e principalmente, os conflitos das crianças, é
possível construir um quadro com as informações obtidas.

Segundo Moyles (2002, p.117) , alguns questionamentos, destacam-se para


visualizar e utilizar a ludicidade como recurso pedagógico:

 O que vou oferecer?


 Porque estou oferecendo isso, especificamente?
 De onde as crianças estão partindo?
 Que habilidades eu espero que as crianças adquiram?
 Que áreas do currículo será possível cobrir?
 Qual será minha abordagem?
 Tarefas, atividades, brincar livre/brincar dirigido?
 Que observações devo fazer de cada criança, dos grupos,
da classe? Que registros precisarei manter?

Compreendemos, então que por meio do uso dos jogos e brincadeiras é


possível compreender algumas ou quase todas as atitudes infantis.
Segundo Moratori (2003, p.14), ao optar por uma atividade lúdica o educador
deve ter objetivos bem definidos. Esta atividade pode ser realizada como forma de
conhecer o grupo como qual se trabalha ou pode ser utilizada para estimular o
desenvolvimento de determinada área ou promover aprendizagens específicas (o
jogo como instrumento de desafio cognitivo).

    De acordo com seus objetivos, o educador deve:

 propor regras ao invés de impô-las, permitindo que o aluno elabore-as e tome

 decisões;

 promover a troca de ideias para chegar a um acordo sobre as regras;

 permitir julgar qual regra deve ser aplicada a cada situação;

 motivar o desenvolvimento da iniciativa, agilidade e confiança;

 contribuir para o desenvolvimento da autonomia. (MORATORI, 2003, p.14).

 A inserção de jogos, segundo Grando (2001, p. 6), no contexto de ensino-


aprendizagem implica em vantagens e desvantagens:

Tabela 1. Vantagens e desvantagens dos jogos (Grando, 2001, p. 6)


Tati, acrescentei alguns a referencia bibliográfica.

Não sei se podia !! Estao em vermelho...

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ALVES, Fernando Donizete; SOMMERHALDER, Aline. Jogo e a Educação da
Infância: muito prazer em aprender. 1ª edição. Curitiba. Editora CRV, 2011.

AZEVEDO, Cristina P. de. Brinquedoteca: no diagnóstico e intervenção em


dificuldades escolares. Campinas, SP. Alínea, 2013. Edição Especial.

FRIEDMANN, Adriana. O Brincar na Educação Infantil: Observação, adequação e


inclusão. 1ª edição. Moderna, 2012.

GRANDO, Regina Célia. O Conhecimento matemático e o uso de jogos na sala de


aula. Tese de doutorado da Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de
Educação, 2000.

MORATORI, Patrick Barbosa. Por que utilizar jogos educativos no processo de ensino


aprendizagem? Universidade federal do Rio de Janeiro - Instituto de matemática. Rio
de Janeiro, RJ, 2003

NEVES, Libéria Rodrigues; SANTIAGO, Ana Lydia B. O uso dos jogos teatrais na
Educação: Possibilidade diante do fracasso escolar. 2ª edição. Papirus,2010

RIZZO, G. Jogos Inteligentes: a construção do raciocínio na escola natural. Rio de


Janeiro: Bertrand Brasil, 1996.

RAU, Maria C. T. D. A Ludicidade na Educação: uma atitude pedagógica. 2ª edição,


ver., atual. e ampl. Curitiba. Ibpex, 2011.

WINNICOTT, D.W. O Brincar & a Realidade. Imago, 1975.

http://www.efdeportes.com/efd186/jogos-e-brincadeiras-em-
aula.htm acesso em abril 2015

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