Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................................ 28
PROFESSOR-AUTOR ................................................................................................................................................. 30
PESQUISA DE MERCADO
Além disso, é necessário que realizem uma análise circunstanciada das variáveis
que impactam, positiva ou negativamente, o marketing da organização. Tudo isso
envolve a pesquisa de mercado, atividade que, segundo o código de
autorregulamentação da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep), pode ser
definida da seguinte forma:
8
No esquema a seguir, apresentamos os elementos do sistema de marketing da
empresa e as variáveis ambientais internas e externas que o impactam.
9
das complexidades existentes no ambiente de negócios. Tomemos como exemplo a
variável ecológica/física/natural. Tendo em vista o aumento da preocupação com
questões relacionadas à preservação do meio-ambiente por parte de diversos setores da
sociedade e a disseminação de informações sobre esse tema, as organizações passaram
a ter de levar em conta os impactos dessa variável. Essa preocupação envolve não só
evitar possíveis ameaças e conflitos gerados pelo baixo entendimento da dinâmica desse
setor, mas também desfrutar de oportunidades geradas por essa nova perspectiva. O
mesmo se aplica à separação entre as variáveis sociológica, cultural e psicológica, pois as
sociedades também se tornaram mais complexas quanto a essas características. Daí a
necessidade de se estabelecer uma fronteira entre algo que é intrínseco à sociedade – ou
seja, à sua cultura – e algo de ordem psicológica (no nível tanto individual quanto
coletivo).
No esquema, também podemos observar a distinção entre as variáveis legal,
política e governamental, o que demonstra a separação entre aquilo que é proveniente:
de influências políticas (resultantes de determinada vertente adotada pelo
estado, munícipio ou país);
da legislação em si e
de fatores institucionais do governo vigente.
10
para que estas sejam propagadas aos profissionais que elaboram e executam decisões em
determinada empresa. Além disso, ao buscarem complementar o SIM, Kotler e Keller
(2012) propõem o chamado “Sistema de Inteligência de Marketing”, descrevendo-o da
seguinte forma:
11
viabilizam a identificação de oportunidades e problemas no mercado, assim como o
desenvolvimento e a avaliação de ações específicas na área de marketing da empresa.
Dessa forma, podemos concluir que, como repositório central de informações, o SIM
dá suporte a todos os processos de pesquisa de mercado, que têm como tarefa a criação de
métodos para obter informações, selecionar as mais relevantes, analisar e interpretar os
resultados, além de organizar todas essas descobertas antes de apresentá-las aos tomadores
de decisão.
12
da reação dos consumidores a determinados produtos. Tendo obtido esse cenário, os
gestores de marketing podem tomar decisões mais apuradas quanto a promoções
específicas, ao lançamento de novos produtos, ao gerenciamento do estoque, etc.
Uma das primeiras empresas a utilizar o Big Data Analytics foi a Amazon. Para
tornar a divulgação, a venda e a entrega da sua ampla gama de produtos mais eficiente,
a empresa quis aproveitar ao máximo o cruzamento das diversas informações dos seus
clientes. Não por acaso, a Amazon se tornou uma das maiores corporações no ramo do
e-commerce. No Brasil, a B2W, empresa que resultou da fusão entre a Americanas e o
Submarino, e dona de marcas como Shoptime e Ingresso.com, utiliza uma vasta
quantidade de informação não só dos seus clientes mas de toda a cadeia de fornecimento
para ajustar as suas ofertas às necessidades e aos desejos dos seus consumidores.
Apesar de ser um conceito fácil e intuitivo (o problema mais saliente que a empresa
enfrenta e que queremos resolver), a escolha do problema “certo” é complexa e difícil.
Isso acontece porque, em face das múltiplas iniciativas e dos múltiplos problemas que
cercam os executivos de uma empresa, sintomas (redução da base de clientes, redução
do nível de satisfação, redução de market share, etc.) e oportunidades (novos segmentos,
novos mercados, etc.) se confundem.
13
Sabemos que o dia a dia dos executivos é repleto de problemas que envolvem
diversos assuntos, mas alguns deles são mais salientes e, por isso, devem ser escolhidos
como problemas gerenciais. A formulação do problema de marketing deve, portanto, ter
relação com questões profundas, como:
Quais os motivos para a redução na base de clientes?
Quais os motivos para o baixo nível de satisfação dos nossos clientes?
Por que os novos produtos não decolam?
Problema de pesquisa
Uma vez estabelecido o problema de marketing, a empresa pode focar, de maneira
integrada, as variáveis e os contextos que estão ligados aos sintomas detectados, ou seja,
pode partir para a identificação do problema de pesquisa.
14
Hair et al. (2012) afirmam que as ideias de pesquisa que não fluem imediatamente
de um problema de negócios podem, muitas vezes, ser esclarecidas por meio do
questionamento a outros pesquisadores mais experientes, executivos e tomadores de
decisão que estão envolvidos com o problema. Além disso, podem-se examinar pesquisas
publicadas em áreas de interesse ou projetos de pesquisa anteriores. Os autores
destacam que pesquisas empíricas, de natureza tanto profissional quanto acadêmica,
realizadas na área são uma rica fonte de ideias.
Repenning, Kieffer e Astor (2017) afirmam que poucas habilidades gerenciais são
mais importantes e poderosas do que a de articular, com clareza, os problemas mais
relevantes de uma corporação. Apesar disso, e de maneira inusitada, essa habilidade não
é facilmente encontrada ou desenvolvida entre os executivos, pois a orientação pela ação
imediata fala mais alto no seu DNA. Nesse caso, os autores sugerem atuar na construção
do problema de maneira sistemática e consciente, utilizando o processamento lógico e
construindo uma ligação entre o que causa o problema e as suas possíveis soluções. Além
disso, afirmam ser necessário evitar associações anteriores e padrões mentais já
utilizados, o que dará à solução do problema um viés inovador.
A partir daí, constrói-se a pergunta de pesquisa, que vai variar de acordo com a sua
abrangência, podendo ser:
ampla – por exemplo, “Como funciona o sistema de incentivo a profissionais de
trade marketing?” ou
estreita – por exemplo, “No mercado de produtos de consumo, qual é a
relação da remuneração do diretor de marketing com o desempenho
15
financeiro das ações
de marketing?
Como podemos notar, a segunda pergunta foca um tema central (incentivos
financeiros do diretor de marketing em empresas de bens de consumo) e estabelece
uma relação clara entre duas variáveis (remuneração do profissional e desempenho
financeiro das ações de marketing). O grande desafio, no entanto, é chegar a um meio
termo, ou seja, não investigar nem a relação entre perguntas de pesquisa muito fáceis,
que podem ser respondidas com dados descritivos, nem entre perguntas de pesquisa
muito complexas, cujos custo total e tempo de desenvolvimento seriam proibitivos.
A formulação de problemas gerenciais relevantes é uma habilidade passível de
aprendizado. No entanto, requer prática e, por isso, deve ser executada constantemente.
O processo todo se torna mais fácil quando o material obtido nas investigações iniciais
é rico e quando as ações são realizadas em equipe, pois a visão conjunta facilita o
enquadramento do problema gerencial nos cinco elementos listados por Repenning,
Kieffer e Astor (2017).
a) Exploratória:
A pesquisa exploratória tem como foco a busca de dados primários ou secundários,
e recorre a procedimentos informais para realizar a sua interpretação.
Os principais métodos de pesquisa exploratória aplicadas ao comportamento do
consumidor, na maior parte das vezes, incluem revisões de literatura e abordagens
qualitativas (observação, grupos de foco e entrevistas em profundidade).
Pesquisas quantitativas também podem ser de ordem exploratória e ocorrem
quando pouco se sabe sobre o tópico em questão. A construção de escalas de medida para
conceitos abstratos (como um instrumento de coleta de dados sobre a satisfação de
clientes ou o engajamento da marca) também é um exemplo de pesquisa exploratória
realizada por meio de um método quantitativo.
b) Descritiva:
A pesquisa descritiva toma por base a busca de dados numéricos para responder às
questões de pesquisa. Esses dados numéricos podem relacionar-se a informações sobre
concorrência, mercado e variáveis ambientais.
Hair Jr. et al. (2010) afirmam que a pesquisa qualitativa é descritiva, pois, muitas vezes,
resulta em descrições textuais vívidas e detalhadas de consumidores, contextos de consumo
e cultura.
16
17
c) Causal:
A pesquisa causal consiste em encontrar relações de causa e efeito entre duas ou
mais variáveis. Por exemplo, há situações em que é preciso compreender como a
propaganda pode interferir no ritmo de vendas ou no grau de satisfação do consumidor.
No quadro a seguir, apresentamos exemplos de variáveis de pesquisas voltadas
para a área de marketing.
variável descrição
consciência
Porcentagem de respondentes que já ouviram falar de determinada marca.
(awareness) de
Nesse caso, a consciência pode ser auxiliada ou não.
marca
importância dos Até que ponto atributos específicos influenciam a escolha de compra de
atributos uma pessoa.
Ainda sobre o tipo de pesquisa, Kotler e Keller (2012) destacam que, no processo
de determinação do tipo de pesquisa, é preciso ter em mente também o tipo de fonte
dos dados, a metodologia de pesquisa, os instrumentos a serem adotados, o plano de
amostragem e os métodos de contato.
18
Fonte dos dados
Quanto à fonte, os dados podem ser:
primários – dados coletados para uma finalidade específica ou para um projeto
de pesquisa, ou
secundários – relatórios setoriais, artigos e publicações científicas sobre o
assunto, censos e plataformas com dados sobre tendências de consumo,
tecnologia e inovação, etc.
A coleta de dados primários pode ser realizada por meio de diferentes abordagens,
como pesquisa por observação, grupos de foco, survey, dados comportamentais e
experimentação. Esses processos serão detalhados mais adiante.
19
Hair et al. (2010) nos fornecem o seguinte exemplo para que possamos entender
melhor o processo de transformação de dados em conhecimento:
Exemplo
Uma grande rede hoteleira pretendia reduzir os seus custos e acreditava poder fazer isso reduzindo
a qualidade das toalhas e da roupa de cama. No entanto, antes de tomar essa decisão, o presidente
solicitou ao departamento de marketing que realizasse uma pesquisa com os clientes a fim de
identificar os critérios mais importantes antes de escolher um hotel.
Os respondentes utilizaram uma escala de importância de seis pontos que ia de “extremamente
importante” até “nada importante”. Entre os critérios apontados, havia: limpeza do quarto, toalhas e
roupas de cama de boa qualidade, opções do cartão de hóspede preferencial, gentileza no
atendimento, serviços VIP gratuitos, localização conveniente para negócios, TV e outras opções de
entretenimento.
Os resultados da pesquisa apontaram a qualidade das toalhas e da roupa de cama como um dos três
critérios mais importantes na escolha de um hotel. A partir desse dado, o departamento de
marketing pode então informar ao presidente que a diminuição de custos não deveria ser feita pela
redução da qualidade desses itens.
20
do marido e da mulher representando um domicílio no qual o
veículo é dirigido.”
Inicia-se então a seleção do tipo de pesquisa e das fontes de dados. Nesse
momento, o pesquisador deve levar em consideração os tipos de dado, o método de
coleta (levantamento/survey, observação, entrevista em profundidade, etc.), o método
de amostragem, as atividades e o orçamento (HAIR et al., 2010, p. 56).
Como vimos, há três grandes categorias de pesquisa: exploratória, descritiva e
causal. A seguir, vamos rever cada uma dessas categorias com mais detalhes.
Pesquisa exploratória
O objetivo da pesquisa exploratória é explorar, de maneira estruturada e lógica, um
problema ou uma situação. Para Sarstedt e Mooi (2014, p. 16), a pesquisa exploratória
tem sido extensivamente utilizada na solução de problemas cuja abordagem não parece
ser única ou que se mostram complexos, duvidosos e inexatos, pois o processo pode
ajudar o pesquisador a formulá-los de maneira mais precisa. Em outras palavras, por
meio da pesquisa exploratória, podem ser identificados artifícios e oportunidades que
ajudem a determinar ou aprimorar o problema de pesquisa. Essa pesquisa inicial
também ajuda a estabelecer prioridades quanto ao processo de pesquisa, às variáveis a
serem abordadas e às abordagens que trarão mais rapidez no entendimento do maior
número possível de informações.
Também é função da pesquisa exploratória focar nos aspectos principais e de maior
relevância para a pesquisa. Como exemplo, podemos citar a identificação das motivações
do microempreendedor brasileiro, entendendo quais são as diversas vertentes daqueles
que decidem empreender. A entrevista de atuais e potenciais empreendedores pode
ajudar entidades de fomento como o Sebrae a atenderem os anseios desse segmento. Para
essas entidades, é crucial discutir essa informação com os seus clientes, garantindo assim
que as suas descobertas sejam úteis.
21
principal motivador é o anseio por maior qualidade de vida ou por independência
financeira, por exemplo.
Sarstedt e Mooi 2014 (p. 16) destacam que por meio da pesquisa exploratória, é possível
ainda desenvolver instrumentos (escalas) para medir conceitos abstratos ou intangíveis.
Isso é importante para definir quais perguntas funcionam melhor no nosso contexto de
pesquisa e como os consumidores entendem a redação das questões. No processo de
desenvolvimento dessa escala, podemos utilizar a avaliação de outros pesquisadores (o que
ajuda a criar questões mais precisas), a avaliação de gestores interessados no tema
“engajamento de marca” e até mesmo um pré-teste com consumidores reais, garantindo
assim que a medida seja válida e confiável.
Pesquisa descritiva
Como destacam Sarstedt e Mooi (2014, p. 17), a principal função da pesquisa descritiva
é descrever certos fenômenos, características ou funções, sendo que podemos nos
concentrar em uma variável (por exemplo, rentabilidade) ou em duas ou mais variáveis ao
mesmo tempo (“Qual a relação entre lealdade do consumidor e rentabilidade?” ou “Como
a utilização de um aplicativo no celular afeta a percepção de promoções de uma empresa de
varejo?”).
As pesquisas descritivas baseiam-se, geralmente, em pesquisas exploratórias
anteriores. Afinal, para descrever algo, devemos ter uma boa ideia do que precisamos medir
e de como devemos medir. Principais formas pelas quais a pesquisa descritiva pode nos
ajudar a descrever clientes, concorrentes, segmentos de mercado e medir o desempenho.
Os pesquisadores de mercado realizam pesquisas descritivas com vários propósitos.
Por exemplo, retomando o exemplo do microempreendedor, poderíamos pensar nas
seguintes perguntas de pesquisa:
Qual é o tamanho da parcela da população que é microempreendedora neste
momento?
Quais são as características dessa população, o faturamento médio e a dispersão
geográfica entre os estados e municípios?
Qual é o gênero, o nível educacional, os aspectos étnicos e a religião de quem mais
empreende?
22
De maneira análoga, a pesquisa descritiva é frequentemente usada para segmentar
mercados. Como os custos para se conectarem diretamente a todos os clientes seriam
proibitivos, as empresas dividem os mercados em grupos de consumidores com
características, desejos ou necessidades semelhantes. Por exemplo, o Pnad contínuo do
IBGE (2018) apontou um crescimento sistêmico do grau de instrução do consumidor
brasileiro jovem e de baixa renda, o que afeta diretamente a percepção desse segmento
quanto a produtos e serviços.
Pesquisa causal
Sarstedt e Mooi (2014, p. 18) alegam que a pesquisa causal é menos frequente na
área de marketing, e é usada para entender como mudanças em uma variável afetam
outra variável. Por exemplo, como possíveis alterações na variável “execução de
campanha promocional” podem afetar a variável “retorno do investimento na
campanha”? Os autores alegam que o principal objetivo da pesquisa causal é, portanto,
descobrir a relação de causalidade entre as variáveis, o que vai muito além da pura
análise dos efeitos daquilo que é observado como fenômeno.
A relação temporal é extremamente importante nesse caso. Isso quer dizer que o
segundo fenômeno deve ser uma consequência do primeiro e, dessa forma, ser
23
observado posteriormente. No exemplo que acabamos de ver, o retorno do investimento
feito na campanha de marketing acontecerá após a execução da campanha. Esse exemplo
reflete um grande desafio do pesquisador que utiliza a pesquisa causal: isolar as variáveis
que possam gerar aumento nas vendas para poder demonstrar a relação esperada.
a) Laboratoriais:
Os experimentos laboratoriais ocorrem em um ambiente controlado, como um
laboratório ou uma loja, onde a configuração é simulada e o efeito de (quase) todas as
variáveis externas é minimizado. Dessa forma, busca-se entender como as mudanças em
uma variável (chamada “estímulo”) causam alterações em outra variável.
b) De campo:
Os experimentos de campo ocorrem em um local onde a configuração é natural,
semelhante ao contexto do estudo. Nesse caso, uma ou mais variáveis independentes
24
são manipuladas em condições relativamente controladas, com a mesma configuração
que o consumidor encontra na prática. Em outras palavras, um estímulo, que pode ser
um novo produto, uma mudança na publicidade, uma alteração na luz ou nos odores
presentes no ambiente de compra, é fornecido para que se possa analisar como ele afeta
as vendas.
É muito importante não confundirmos correlação com causalidade. Só porque existe algum tipo de
relação entre as variáveis, isso não significa que essa relação seja de causalidade.
Para ilustrar essas correlações, chamadas de espúrias, Tyler Vigen lançou um site em que
correlaciona dados factuais. Como podemos ver no gráfico a seguir, umas das mais altas taxas de
correlação encontradas por Vigen foi entre o número de divórcios no estado do Maine (EUA) e o
consumo per capita de margarina entre os americanos. No entanto, obviamente, o consumo de
margarina não é a causa dos divórcios.
25
Fonte: Spurious Correlation. Disponível em: <http://www.tylervigen.com/spurious-correlations>. Acesso em: maio 2018.
Resultados
Apresentação dos resultados
A apresentação dos resultados de pesquisa deve levar em conta diversos
componentes, uma vez que o processo de análise pressupõe não só a preparação das
informações obtidas mas também a reflexão acerca dessas informações. Em outras
palavras, nos resultados, devemos demonstrar o que as informações encontradas
efetivamente representam, os avanços obtidos, as limitações observadas, as perspectivas
futuras de retomada da pesquisa e os novos caminhos a serem seguidos.
Estudos futuros
Creswell (2009) afirma que a pesquisa é um processo contínuo cuja escrita deve ser
reflexiva e refletir a consistência do estudo realizado.
26
De acordo com Hair Jr. et al. (2010, p. 35), uma circunstância antiética ocorre, por
exemplo, quando um profissional de marketing que é “um tomador de decisão envia
uma proposta detalhada a várias empresas de pesquisa concorrentes sem a intenção de
conduzir a pesquisa.” Esse tipo de atitude revela que, no fundo, a organização quer
utilizar as informações obtidas por tais empresas (detalhamento do projeto de pesquisa,
etapas envolvidas e métodos selecionados) para realizar a pesquisa por conta própria.
As empresas que oferecem serviços de pesquisa também podem ter
comportamentos antiéticos. Por exemplo, quanto à condução do estudo, uma empresa
pode declarar que as entrevistas utilizadas serão breves, mas estas acabam sendo muito
mais longas e levam muito mais tempo. Outros exemplos, bem mais graves que esse,
envolvem a venda de dados dos respondentes para outras empresas, a falsificação ou
qualquer ato de manipulação desses dados.
Respondentes também podem assumir posturas antiéticas. Isso ocorre quando
fornecem respostas deliberadamente erradas ou não condizentes com a situação – por
exemplo, dizem pertencer a uma faixa de renda muito superior ou muito inferior àquela
em que se encontram verdadeiramente – ou quando respondem a um questionário, via
internet, no lugar de outra pessoa.
Em virtude dos diversos problemas envolvendo questões éticas e a veracidade das
informações obtidas, atualmente, as pesquisas de mercado têm procurado aprimorar os
métodos de coleta de dados secundários, utilizar práticas mais sofisticadas no
gerenciamento de recursos tecnológicos e bases de dados, além de incrementar a análise
das informações e a sua disponibilização.
27
BIBLIOGRAFIA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE PESQUISA. Código de
autorregulamentação da atividade de pesquisa de mercado, de opinião pública e de mídia.
São Paulo: Abep, [20--?]. Disponível em <http://www.abep.org/codigos-e-guias-da-
abep>. Acesso em: 25 jan. 2018.
BOTELHO, D.; DE LUCA, R. Faro para o negócio. GV-Executivo, São Paulo, v. 16, n. 1,
p.36-39, 2017.
BURNS, A. C.; BUSH, R. F.; VEECK, A. Marketing Research. New York, NY: Pearson, 2017.
CAYLA, J.; BEERS, R.; ARNOULD, E. Stories that deliver business insights. MIT Sloan
Management Review, Cambridge, v. 55, n. 2, 2014.
COOPER, H. Research synthesis and meta-analysis. 4. ed. Los Angeles: Sage, 2010.
HAIR JR., J. F.; CELSI, M. W.; ORTINAU, D. J.; BUSH, R. P. Essentials of marketing
research. Nova Iorque: McGraw-Hill/Higher Education, 2012.
KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2012.
28
KOZINETS, R. V. The field behind the screen: using. Netnography for marketing
research in online communities. Journal of Marketing Research, Chicago, v. 39, n. 1, p.
61-72, 2002.
KOZINETS, R. V. Netnography 2.0. In: BELK, R. W. Handbook of qualitative research
methods in marketing. Northampton, MA: Edward Elgar Publishing Inc., 2010.
REPENNING, N.; KIEFFER, D.; ASTOR, T. The most underrated skill in management.
MIT Sloan Management Review, Cambridge, v. 58, n. 3, p. 39-49, 2017.
SARSTEDT, E.; MOOI, A. Concise Guide to Market Research. The Process, Data, and
Methods Using IBM SPSS Statistics. Belin: Springer-Verlag. 2014.
YAOYUNEYONG, G.; WHALEY, J. E.; BUTLER, R. A.; WILLIAMS, J. A.; JORDAN JR., K.
L.; HUNT, L. Resort mystery shopping: a case study of hotel service. Journal of Quality
Assurance in Hospitality & Tourism, v. 20, p. 1-29, jan. 2018.
29
PROFESSOR-AUTOR
Carlos Eduardo Lourenço é doutor em Administração de Empresas pela FGV-
Eaesp, mestre em Administração de Empresas pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie e graduado em Engenharia de Materiais pela Universidade Federal de São
Carlos. Como professor, atua nas áreas de graduação, mestrado profissional e MBA da
Fundação Getulio Vargas, além de no Global MBA (part-time MBA da Manchester
Business School, em parceria com a FGV). É ainda coordenador do Programa de
Presidentes da FGV/YPO. Como executivo, trabalhou em empresas como 3M, Avery
Dennison e Chery Motors do Brasil, atuando nas áreas de marketing e marcas, gestão de
negócios, planejamento estratégico e relações públicas.
30
31