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INICIATIVA HOSPITAL AMIGO DA CRIANÇA amamentação uma realidade nos estabelecimentos

de atenção ao parto e nascimento.


Definição: A IHAC é uma estratégia de intervenção na
assistência hospitalar ao nascimento com foco na POLÍTICAS PÚBLICAS E ALEITAMENTO MATERNO
implementação de práticas que promovem o
 1940 → Departamento Nacional da Criança do
aleitamento materno exclusivo desde as primeiras
Ministério da Educação e com apoio do Instituto
horas de vida e com o apoio, entre outras medidas de
Fernandes Figueira → primeira política pública
impacto positivo na amamentação, do Código
relacionada a perspectiva de nutrição infantil;
Internacional de Comercialização de Substitutos do
 1981 → Política Nacional de incentivo ao
Leite Materno.
aleitamento materno (PNIAM);
Benefícios: Para a mãe, a lactação é um dos fatores  1983 → Alojamento conjunto;
de prevenção do câncer de mama e ovários,  1988 → Licença-maternidade de 120 dias;
enfermidades cardiovasculares e diabetes melito  1988 → Disposição norma de comercialização
tipo 2 em mulheres que amamentam. O risco de dos substitutos do leite materno e bancos de
hemorragia pós-parto é menor quando o leite humano;
aleitamento começa imediatamente após o parto.  1990 → O estatuto da criança e do adolescente
(eca);
Para a criança, o aleitamento materno proporciona
 1992 → A IHAC;
nutrição ideal, tornando-se fundamental para reduzir
 2000 → Lei 11.108, lei do acompanhante durante
a morbidade e mortalidade nos primeiros anos de
o trabalho de parto, o parto e o puerpério
vida, além de estar relacionado ao quociente de
imediato;
inteligência. O aleitamento materno é capaz de
 2000 → Humanização no pré-natal e atenção ao
reduzir em 13% as mortes de crianças menores de 5
recém-nascido de baixo peso – Método Canguru
anos por causas evitáveis em todo o mundo. Além
– perinatal voltado para a atenção qualificada e
disso, o aleitamento materno auxilia na redução de
humanizada. Promove a participação dos pais e da
doenças crônicas como hipertensão, obesidade e
família nos cuidados neonatais -> posição canguru
diabetes melito na fase adulta da criança.
= consiste em manter o RN, em contato pele a
Histórico: A IHAC foi criada em 1991 pela pele, somente de fraldas, na posição vertical
Organização Mundial da Saúde (OMS) e UNICEF junto ao peito dos pais guardando o tempo
(Fundo das Nações Unidas para a Infância), em mínimo necessário para respeitar a estabilização
resposta ao chamado para a ação da Declaração de do RN e pelo tempo máximo que ambos
Innocenti: conjunto de metas criadas com o objetivo entenderem ser prazeroso e suficiente;
de resgatar o direito da mulher aprender e praticar a  2006 → Caderneta da Criança do Ministério da
amamentação com sucesso. Saúde, possibilitou, entre outros, a avaliação dos
riscos para desmame precoce por meio do
A Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) foi registro da informação dos fatores maternos e
lançada nos países membros da Organização das neonatais ao redor do nascimento;
Nações Unidas (ONU) em 1991 para assegurar a  2006 → Lei 11.265 mudanças na comercialização
prática do aleitamento materno e a prevenção do de alimentos para lactentes e crianças na
desmame precoce hospitalar. O documento primeira infância, bicos, chupetas e mamadeiras
10 Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno (NBCAL);
estabelece a diretriz básica para uma política  2008 → Lei 11.770 amplia a licença-maternidade
hospitalar que garante a prática do aleitamento para 180 dias;
materno. Consiste na mobilização e capacitação das  2013 → Estratégia amamenta e alimenta Brasil.
equipes de profissionais com foco na aquisição de Portaria 1920/GM -> integra ações do
habilidades necessárias para práticas clínicas e de componente hospitalar à atenção ambulatorial:
gestão efetivas para a promoção e proteção do possibilitar práticas de promoção ao aleitamento
aleitamento materno, além do apoio a ele. materno na atenção básica.
O Brasil foi um dos países selecionados para dar NORMAS E PROCEDIMENTOS DA INICIATIVA
início à IHAC ao assinar a Declaração de Innocenti, HOSPITAL AMIGO DA CRIANÇA
comprometendo-se a fazer dos dez passos da
A operacionalização foi fundamentada nos 10 Passos  Cumprir a Lei nº 11.265, de 3 de janeiro de 2006,
para o Sucesso do Aleitamento Materno, da OMS/ e a NBCAL.
UNICEF, listados a seguir:
Art. 1º O objetivo desta Lei é contribuir para a
adequada nutrição dos lactentes e das crianças de
• Passo 1: ter uma política de aleitamento materno primeira infância por meio dos seguintes meios:
escrita que seja rotineiramente transmitida a toda a
equipe de cuidados da saúde. I – regulamentação da promoção comercial e do
uso apropriado dos alimentos para lactentes e
• Passo 2: capacitar toda a equipe de cuidados da crianças de primeira infância, bem como do uso de
saúde nas práticas necessárias para implementar mamadeiras, bicos e chupetas;
essa política.
II – proteção e incentivo ao aleitamento materno
• Passo 3: informar todas as gestantes sobre os exclusivo nos primeiros 6 (seis) meses de idade; e
benefícios e o manejo do aleitamento materno.
III – proteção e incentivo à continuidade do
aleitamento materno até os 2 (dois) anos de idade
• Passo 4: ajudar as mães a iniciar o aleitamento
após a introdução de novos alimentos na dieta dos
materno na primeira meia hora após o nascimento. lactentes e das crianças de primeira infância.

• Passo 5: mostrar às mães como amamentar e como Art. 2º Esta Lei se aplica à comercialização e às
manter a lactação, mesmo se separadas dos seus práticas correlatas, à qualidade e às informações de
filhos. uso dos seguintes produtos, fabricados no País ou
importados:
• Passo 6: não oferecer aos recém-nascidos bebida
ou alimento que não seja o leite materno, a não ser I – fórmulas infantis para lactentes e fórmulas
infantis de seguimento para lactentes;
que haja indicação médica.
II – fórmulas infantis de seguimento para
• Passo 7: praticar o alojamento conjunto — permitir
crianças de primeira infância;
que mães e bebês permaneçam juntos 24 horas por
dia. III – leites fluidos, leites em pó, leites
modificados e similares de origem vegetal;
• Passo 8: incentivar o aleitamento materno de livre
demanda. IV – alimentos de transição e alimentos à base
de cereais indicados para lactentes ou crianças de
• Passo 9: não oferecer bicos artificiais ou chupetas a primeira infância, bem como outros alimentos ou
crianças amamentadas. bebidas à base de leite ou não, quando comercializados
ou de outra forma apresentados como apropriados para a
• Passo 10: promover grupos de apoio à alimentação de lactentes e crianças de primeira infância;

amamentação e encaminhar as mães a esses grupos


V – fórmula de nutrientes apresentada ou
na alta da maternidade. indicada para recém-nascido de alto risco;

OBS: Os hospitais e as maternidades tanto para a VI – mamadeiras, bicos e chupetas.


adesão ao programa quanto para a manutenção dele
devem garantir 80% do conjunto das metas Art. 4º É vedada a promoção comercial dos produtos
estabelecidas pela IHAC. a que se referem os incisos I, V e VI do caput do art.
2º desta Lei, em quaisquer meios de comunicação,
Além de cumprir os 10 Passos para o Sucesso do conforme se dispuser em regulamento.
Aleitamento Materno, é necessário que as
Art. 5º A promoção comercial de alimentos infantis
instituições públicas e privadas interessadas em referidos nos incisos II, III e IV do caput do art. 2º desta
receber o título e manter o credenciamento na IHAC Lei deverá incluir, em caráter obrigatório, o seguinte
cumpram outras exigências, redefinidas pela Portaria destaque, visual ou auditivo, consoante o meio de
divulgação:
nº 1.153, de 22 de maio de 2014, de acordo com os
itens listados a seguir: I – para produtos referidos nos incisos II e III do
caput do art. 2º desta Lei os dizeres "O Ministério da
 Apresentar requerimento por meio do sítio Saúde informa: o aleitamento materno evita infecções
eletrônico www.saude.gov.br/crianca e e alergias e é recomendado até os 2 (dois) anos de
idade ou mais";
preencher os formulários que estão disponíveis
no sistema de informação do Ministério da Saúde.
II – para produtos referidos no inciso IV do caput presença e permitir o apoio à mulher, de forma
do art. 2º desta Lei os dizeres "O Ministério da Saúde
contínua, se for a vontade dela.
informa: após os 6 (seis) meses de idade continue
amamentando seu filho e ofereça novos alimentos".  Assegurar às mães e aos recém-nascidos alta
hospitalar responsável e contrarreferência na
 Garantir livre acesso à mãe e ao pai e atenção básica, bem como acesso a outros
permanência da mãe ou pai junto ao recém- serviços e grupos de apoio à amamentação.
nascido durante 24 horas, conforme Portaria nº  Adotar ações educativas articuladas com a
930, de 10 de maio de 2012, devendo o hospital atenção básica, do pré-natal ao puerpério,
ter uma política escrita que seja rotineiramente visando ao estímulo das Boas Práticas de Atenção
transmitida a toda a equipe de cuidados. ao Parto e ao Nascimento, na forma da
recomendação da OMS no atendimento ao parto
 Incluir no processo de avaliação da IHAC o normal.
critério global Cuidado Amigo da Mulher,
devendo o hospital ter uma política escrita que  Entre outras exigências, é necessária a
seja rotineiramente transmitida tanto a toda a comprovação pelos hospitais de taxa de cirurgia
equipe assistencial quanto a toda a equipe de cesariana menor ou igual a 30% ou a
cuidados de saúde. apresentação de um plano de redução destas em
10% ao ano.
O critério global Cuidado Amigo da Mulher requer as
seguintes práticas: OBS: Após o credenciamento, o hospital deverá
manter um sistema de monitoramento das políticas
 Garantir a vinculação da gestante, no último
instituídas para sustentar as mudanças alcançadas. A
trimestre de gestação, ao estabelecimento
Secretaria Estadual de Saúde promove a reavaliação
hospitalar onde ocorrerá o parto.
anual, e o Ministério da Saúde, a cada triênio. O
 Assegurar às mulheres um acompanhante de
descredenciamento pode ocorrer durante o
livre escolha para oferecer apoio físico e/ou
monitoramento do processo.
emocional durante o trabalho de parto, o parto e
o puerpério imediato. Em relação à capacitação dos profissionais, o
 Ofertar às mulheres líquidos e alimentos leves Ministério da Saúde reconhece a necessidade de
durante o trabalho de parto. educação continuada dos profissionais envolvidos na
 Incentivar as mulheres a andar e a se assistência perinatal.
movimentar durante o trabalho de parto, se
DIFICULDADES PARA A IMPLANTAÇÃO DA
desejarem, e a adotar posições de sua escolha
INICIATIVA HOSPITAL AMIGO DA CRIANÇA
durante o parto, a não ser que existam restrições
médicas e isso seja explicado a elas, adaptando Os dez passos precisam ser seguidos para o sucesso
condições para tal. do aleitamento materno e dependem tanto das mães
 Garantir às mulheres um ambiente tranquilo e como da equipe de saúde. Um estudo sobre avaliação
acolhedor, com privacidade e iluminação suave. de hospitais credenciados mostrou que a dificuldade
 Disponibilizar métodos não farmacológicos de na implantação foi relacionada em 80% com os
alívio da dor, tais como banheira ou chuveiro, passos 6, 7 e 9. Em seguida foram os passos 3 e 5,
massageadores/ massagens, bola de pilates (bola com cerca de 70%; nos passos 1, 4, 8 e 10, em menos
de trabalho de parto), compressas quentes e frias de 50%.
— técnicas que devem ser orientadas à mulher
durante o pré-natal e de conhecimento da Em outra investigação, o não cumprimento do passo
parturiente. 6 foi ligado ao uso de complementos lácteos. Nesse
 Assegurar cuidados que reduzam procedimentos caso, o risco de redução do aleitamento materno
invasivos, tais como rupturas de membranas, exclusivo entre 30 e 60 dias e de interromper o
episiotomias, aceleração ou indução do parto, aleitamento aos 60 dias era de duas e três vezes
partos instrumentais ou cesarianas, a menos que maior, respectivamente.
essenciais em virtude de complicações e que, em IMPLICAÇÕES
caso de necessidade, isso seja explicado à mulher.
 Caso o hospital tenha em suas rotinas a presença  Melhoria nos índices de aleitamento materno e
de doula comunitária/voluntária, autorizar a aleitamento materno exclusivo;
 Abandono da utilização de fórmulas lácteas;
 Menor risco de intervenções desnecessárias após  Promoção de estabelecimento precoce de
parto em bebês nascidos em hospitais amigos da vínculo afetivo entre mãe e bebê;
criança.  Promoção do aleitamento materno (descida mais
rápida do leite, melhor atitude em relação ao
aleitamento materno, tempo mais prolongado
de amamentação);
 Oportunidade de mães aprenderem sobre
cuidados com o neonato;
ALOJAMENTO CONJUNTO  Tranquilidade para as mães;
 Troca de experiências;
Após a finalização dos procedimentos de sala de  Diminui o risco de infecção hospitalar.
parto, a mãe com o RN devem ir para um local
dentro da maternidade que permita a eles ficarem Normas básicas:
juntos 24 horas por dia até a alta hospitalar. Para Segundo normas básicas aprovadas pelo Ministério da
isso, foi implantado o sistema de alojamento saúde todo binômio com as seguintes características
conjunto nas maternidades. deve permanecer no alojamento conjunto até a alta
• 1977 → ministério da saúde passou a recomendar hospitalar:
que os RN saudáveis permanecessem com suas  Mães livres de condições que impossibilitem o
mães. contato com o RN;
• 1983 → o extinto determinado Inamps publicou  RN com boa vitalidade, capacidade de sucção e
uma portaria tornando o alojamento contínuo controle térmico, mais de 2000 g, mais de 35
obrigatório em todos os hospitais. semanas de gestação e índice de apgar maior
que 6 no quinto minuto.
• 1993 → portaria foi revisada e atualidade e contém
as normas básicas para o funcionamento dos Também estimula a presença no alojamento
alojamentos conjuntos. conjunto por até 48 h, se possível, uma vez configura
como uma oportunidade para a mãe aprender.
• Capítulo I, art 10º, inciso V do Estatuto da Criança e
do Adolescente: determina a obrigatoriedade da Atribuições:
manutenção do alojamento conjunto para  Encorajar o aleitamento materno sobre livre
possibilitar a permanência do neonato junto da mãe. demanda;
Objetivos:  Não dar nenhum outro alimento ou bebida além
do leite materno;
 Permitir aprendizado materno sobre como cuidar  Não dar bicos artificiais ou chupeta, pois esses
do RN; artefatos podem causar “confusão de bicos”,
 Estabelecer bom relacionamento psicoemocional uma vez que os movimentos da boca e da língua
entre os pais e o filho; na amamentação são muito diferentes dos
 Incentivar o aleitamento materno; utilizados para sugar mamadeira ou chupetas. A
 Reduzir a incidência de infecções hospitalares associação entre uso de chupeta e menor
cruzadas; duração da amamentação já está bem
 Permitir que a equipe de saúde possa observar o documentada;
comportamento que deve ser normal do binômio  Não amamentar outros RN e não deixar seu RN
mãe-filho. ser amamentado por outras lactantes,
Vantagens: considerando a possibilidade de transmissão de
doenças, p.ex. HIV;
 Humanização no atendimento;  Realizar visitas diárias para esclarecer e mãe
 Convivência contínua entre mãe e bebê (satisfaz sobre o estado de saúde da criança;
as expectativas e necessidades físicas e  Permitir presença da lei do acompanhante;
emocionais do bebê);  Boas práticas:
 Maior envolvimento dos pais no cuidado com a  Acolhimento;
criança;  Comunicação: Aconselhar não significa
dizer o que o outro deve fazer; significa,
por meio de diálogo, ajudá-lo, de forma São considerados fatores de risco ao nascer:
empática, a tomar decisões, após ouvi-lo,
o Residência em área de risco.
entendê-lo e discutir os prós e contras
o Baixo peso ao nascer (<2.500g).
das opções;
 Orientações: o Prematuridade (<37 semanas de idade
gestacional).
– Amamentação o Asfixia grave (Apgar <5 no quinto minuto).
o Necessidade de internação ou intercorrências na
o Importância do aleitamento materno.
maternidade ou em unidade de assistência ao
o Desvantagens da introdução precoce de
RN.
qualquer outro alimento, sólido ou líquido
o Necessidade de orientações especiais no
(incluindo água e chás).
momento da alta da maternidade / unidade de
o Recomendação quanto à duração da
cuidados do RN.
amamentação (dois anos ou mais, sendo
o Mãe adolescente.
exclusiva nos primeiros seis meses).
o Mãe com baixa instrução (<8anos de estudo).
o Importância do aleitamento materno sob livre
o História de morte de crianças com menos de 5
demanda.
o Flexibilidade quanto ao tempo de permanência anos na família.
na mama em cada mamada. Cabe aos profissionais de saúde identificar essas
o Prevenção de problemas relacionados à crianças já na maternidade e recomendar a
amamentação, tais como: ingurgitamento priorização do seu acompanhamento na atenção
mamário, traumas/fissuras mamilares, mastite, básica, inclusive com busca ativa.
entre outros.
o Manutenção de hábitos saudáveis da mãe, tais
como: alimentação e ingestão líquida adequadas e EXAME FÍSICO DO RN
restrição ao uso de fumo, drogas, bebidas
alcoólicas e medicamentos não prescritos, entre Exame físico minucioso deverá ser feito após algumas
outros. horas de vida, preferencialmente antes de o bebê
o Ordenha do leite. Toda mãe que amamenta deve completar 12 horas de vida.
receber alta do alojamento conjunto sabendo Deve ser realizado, sempre que possível, com a
ordenhar o seu leite, pois há muitas situações nas presença dos pais, o que reforça a relação entre
quais a ordenha é útil médico e familiares, permitindo o esclarecimento de
– Interação eventuais dúvidas dos genitores.

O melhor momento para interagir com o bebê é Deve ser realizado com o RN despido ou
quando ele se encontra no estado quieto-alerta. semidespido, porém com precauções para evitar
Nesse estado, o bebê encontra-se quieto, com os perda de calor e hipotermia da criança.
olhos bem abertos, atento. Ao longo do dia e da noite O exame deve ser sistematizado, iniciando a
a criança apresenta-se nessa situação várias vezes, sequência do geral para o específico e no sentido
por períodos curtos. Durante e após intensa craniocaudal, exceto nas situações emergenciais.
interação, os bebês necessitam de períodos de
repouso. ASPECTO GERAL DO RN

– Posição Ao fazer a inspeção da criança, o pediatra deve


observar:
Está bem documentada a associação entre síndrome
da morte súbita do lactente e posição prona. Em  características faciais;
diversos países observou-se queda significativa da  intensidade do choro;
mortalidade por essa condição após campanhas  estado de hidratação;
recomendando a posição supina para dormir, que é a  postura de semiflexão dos quatro membros com
única recomendada pelo Ministério da Saúde do simetria de movimentos;
Brasil.  lateralização da cabeça;
 tônus muscular;
– Identificação da criança de risco ao nascer  atividade espontânea;
 coloração da pele; • Mediana de peso de 3.325g (3.245 g: meninas; 3.402
 padrão respiratório; e g: meninos).
 presença de malformações externas.
• RN negros ou amarelos geralmente possui menor
Pela simples observação do RN, sem tocá-lo, já se peso considerando uma mesma IG.
conseguem diversas informações importantes:
Proporções entre os segmentos corporais
 Presença de malformações e faces típicas de
• Cabeça: ¼
algumas síndromes (como trissomias do 13,
18 e 21 e síndrome de Pierre-Robin). • Membros inferiores: 1/3.
 Sinais de angústia respiratória, como
gemidos inspiratórios ou expiratórios, Perímetro cefálico: 32-35 cm RN a termo.
batimento de aletas nasais, retrações de • Pode ser menor nas primeiras duas a três horas em
fúrcula ou torácica (caso a criança esteja decorrência do cavalgamento das suturas pelo
despida), cianose e alteração da frequência trabalho de parto.
respiratória.
 A postura do RN, que normalmente é • Não deve ser menor que o perímetro toráxico em 2
simétrica e fletida, semelhante à fetal, pode a 3 cm.
estar assimétrica se houver algum transtorno Perímetro torácico (PT): 30,5 a 33cm - 2 a 3 cm menor
como fratura de clavícula ou membros, que o PC
paralisia braquial, lues congênita
(pseudoparalisia de Parrot), infecções ou Pele
comprometimento neurológico.
Devem-se avaliar:
 Choro fraco ou gemência podem estar
presentes nas infecções e no desconforto  Textura.
respiratório.  Umidade.
 Choro monótono, agudo, intermitente (grito  Cor.
cerebral) pode ser encontrado em lesões  Presença de milium.
neurológicas graves.  Presença de lanugo.
 O timbre também pode auxiliar no  Presença de vérnix.
diagnóstico de síndromes genéticas, como da  Presença de mancha mongólica.
síndrome do miado do gato (síndrome de Cri  Presença de icterícia.
du Chat).  Presença de anomalias.

OBS: Essas informações poderão ser obtidas no Textura e umidade: depende muito da idade
decorrer do exame físico, não se recomendando gestacional. O RN pré-termo extremo possui pele
provocar o choro de uma criança que se encontra muito fina e gelatinosa, o RN a termo tem pele lisa,
dormindo. brilhante, úmida e fina, e o RN pós-termo ou com
insuficiência placentária, pele seca, enrugada,
Estatura média
apergaminhada e com descamação acentuada.
Estatura - 48 a 53cm
OBS: Nos casos de hipotireoidismo congênito podem-
• 50 cm: para sexo masculino. se observar pele seca e áspera.

• 49 cm: para o sexo feminino. Cor: A pele do RN deve ter coloração rósea, podendo
em algumas situações apresentar cianose periférica
Peso: extremamente variável e relacionado com o (acrocianose) em resposta ao frio.
tempo de gestação e uma série de condições
maternas, tais quais, nutrição, doenças, alteração na OBS: A cianose central deve ser sempre investigada
placenta. para afastar problemas pulmonares ou cardiopatias
congênitas.
•2500g a 4000g.
A palidez acentuada pode ser um dado importante
• Perda de 10% do peso na 1ª semana de vida. para o diagnóstico de anemia (aguda ou crônica),
• Pesar com o RN despido, antes da alimentação. vasoconstrição periférica ou choque; traduz situação
grave e deve ter sempre investigada a causa de seu
aparecimento.

A presença de uma linha delimitando um hemicorpo


com eritema e outro com coloração normal é
conhecida como fenômeno de Arlequim. É uma
ocorrência em geral benigna, não muito rara, de
causa desconhecida, sugerindo algum grau de
instabilidade vasomotora.

 Lanugo: denominação dada aos pelos finos que


costumam recobrir a região do ombro e da
escápula, encontrados de forma mais abundante
nos RN prematuros, e que desaparecem em
alguns dias.

 Alguns achados comuns não têm repercussão


clínica, como vérnix caseoso, milium, lanugo,
máculas vasculares e mancha mongólica.
 Máculas vasculares ou hemangiomas capilares:
manchas de cor salmão que desaparecem sob
 Vérnix caseoso: material cremoso de coloração
pressão e estão presentes principalmente na
esbranquiçada, que serve de proteção à pele do
região occipital, na pálpebra superior e na
RN. Pode acumular-se nas dobras da pele e está
glabela. Podem estar presentes em cerca de 30 a
presente em quantidades variáveis, de acordo
40% dos RN e desaparecem geralmente ao longo
com a maturidade e a nutrição fetal.
do primeiro ano de vida.
 Manchas mongólicas: manchas azul-
acinzentadas, localizadas preferencialmente no
dorso e nas regiões glútea e lombossacra. São
mais comuns nas raças negra e oriental e
regridem nos primeiros 4 anos de idade.

 Milium sebáceo: acúmulo de queratina nos


folículos pilosos, geralmente localizado no nariz e
no queixo, que desaparece espontaneamente em
algumas semanas.

 Achados que necessitam de avaliação quanto ao


diagnóstico diferencial e, eventualmente,
intervenção: eritema tóxico, equimoses,
petéquias, hemangiomas:
 Eritema tóxico: pápulas amarelo-esbranquiçadas tardiamente, após 24h de vida, pode ser
com hiperemia marginal, com caráter benigno, fisiológica ou patológica.
presentes em cerca de 50 a 70% dos RN.
Geralmente, aparecem em 24-48 horas após o
nascimento e desaparecem em torno de 10-14 Avaliação clínica da icterícia neonatal: como fazer
dias. Acredita-se que sejam reação de
hipersensibilidade da pele ao ambiente externo.  A principal manifestação clínica da icterícia
 Equimoses: sobretudo nos RN pré-termos, são neonatal é a coloração amarelada da pele e
manchas comuns cuja localização depende da mucosas do RN. A depender da porção do corpo
apresentação e dos traumas, especialmente
em que está ictérica, podemos classificá-la em
durante o parto.
 Petéquias: quando restritas à face, não são zonas, chamadas de zonas de Kramer:
motivo de preocupação, pois estão relacionadas à
apresentação. Quando generalizadas, o quadro
clínico precisa ser investigado.
 Hemangiomas: são formas vasculares mais
extensas e elevadas que podem ter significado
patológico. Por exemplo, quando localizadas em
segmento cefálico e face, com coloração vinhosa,
podem estar associadas a angiomas das
leptomeninges (síndrome de Sturge-Weber),
estando relacionadas a convulsões e
hemiplegias.  Zona 1 – Icterícia de cabeça e pescoço (BT = 6
mg/dL);
 Hemangioma cavernoso: elementos vasculares
 Zona 2 – Icterícia até o umbigo (BT = 9 mg/dL);
maduros e grandes que, na maioria dos casos,
 Zona 3 – Icterícia até os joelhos (BT = 12 mg/dL);
crescem durante o primeiro ano de vida,
 Zona 4 – Icterícia até os tornozelos e/ou
regredindo a partir daí.
antebraço (BT = 15 mg/dL);
 Impetigo: é a infecção piogênica, mais  Zona 5 – Icterícia até região plantar e palmar (BT =
comumente causada por Staphylococcus aureus. 18 mg/dL).
Inicia-se com lesões eritematosas puntiformes
que em um ou dois dias evoluem para vesículas,
 Com as zonas de Kramer, conseguimos ter uma
que a seguir se pustulizam ou tornam-se bolhas
(impetigo bolhoso). As lesões se propagam por ideia do nível de bilirrubina. Entretanto, como
inoculação e, quando se rompem, formam são parâmetros subjetivos, o ideal é obter
crostas amarelo-acastanhadas. Deve-se tomar a bilirrubina sérica e/ou transcutânea para
cuidado para não contaminar outras crianças
podermos avaliar a icterícia de um recém-nascido.
próximas. O tratamento pode ser tópico com
soluções antissépticas e cremes antibióticos, Vai aí um bizu da prática, que já devem ter
chegando, nos casos mais graves, a ser necessária escutado: ABAIXO DO UMBIGO, SINAL DE
antibioticoterapia sistêmica. PERIGO!
 Icterícia: síndrome caracterizada pela cor
amarelada da pele decorrente de sua Subcutâneo
impregnação por bilirrubina, é achado comum,
A quantidade de tecido subcutâneo pode ser aferida
especialmente nas crianças com idades entre 48
por meio da prega cutânea, que costuma ter cerca de
e 120 horas de vida. Para melhor detecção o
1 cm nos RNs a termo e ser uniformemente
exame deve ser feito sob luz natural. Devem-se
distribuída pelo corpo.
descrever a intensidade da coloração amarelada
detectada e sua distribuição nos diferentes Gânglios
segmentos do corpo, haja vista a icterícia evoluir
É necessário procurar palpar todas as cadeias
no sentido crânio-caudal. A icterícia sempre deve
ganglionares: cervicais, occipitais, submandibulares,
ter sua causa investigada se detectada nas
axilares e inguinais; e descrever o número de
primeiras 24h de vida ou quando apresentar-se
de forma intensa. Quando detectada mais
gânglios palpáveis, seu tamanho, consistência, quirodáctilo (dedo mínimo) é observada em
mobilidade e sinais inflamatórios. situações de hipotonia fetal, como na síndrome de
Down.
Mucosas
A articulação coxo-femural deve receber atenção
Avaliam-se cor, umidade e presença de lesões. O
especial. É importante que se afaste a presença de
exame da mucosa conjuntival costuma estar
displasia do desenvolvimento do quadril. Nessa
prejudicado devido à irritação causada pela solução
condição, há instabilidade da articulação coxo-
de nitrato de prata a 1% instilada nos olhos dos RNs
femural ao nascimento devido ao fato de o acetábulo
como medida de prevenção da conjuntivite
ser mais raso e a cápsula mais frouxa, o que permite
gonocócica. O exame da mucosa oral é mais
mobilização inadequada da cabeça do fêmur que fica
apropriado e pode ser feito em detalhes durante o
parcialmente desencaixada do acetábulo. Se não for
choro da criança.
adequadamente tratada no período neonatal por
Musculatura simples imobilização, a lesão poderá levar a graves
limitações na deambulação futura e poderá até
São avaliados o tônus e o trofismo. O RN a termo em haver necessidade de correção cirúrgica.
decúbito dorsal apresenta os membros superiores
fletidos e os inferiores semifletidos, cabeça Na manobra de Ortolani, a criança é colocada em
lateralizada e mãos cerradas. O tônus muscular decúbito dorsal, segurando-se os membros inferiores
depende da idade gestacional; quanto mais próximo com os joelhos dobrados, e quadris fletidos a 90º e
do termo, maior o tônus flexor. O trofismo pode ser aduzidos (juntos à linha média). A partir dessa
averiguado pela palpação do músculo peitoral. posição, faz-se a abdução das coxas com leve pressão
Devido ao tônus flexor, quando se faz uma leve nos joelhos. A manobra deve ser repetida várias
extensão do braço, o músculo peitoral apresenta-se vezes, simultaneamente, para os dois lados dos
fácil à palpação. Considera-se a espessura em torno quadris ou fixando-se um lado e testando-se o outro,
de 1cm como trofismo adequado. aplicando-se diferentes pressões. Quando existe
instabilidade coxo-femural a manobra de Ortolani
faz com que a cabeça do fêmur se encaixe no fundo
do acetábulo; esse deslocamento é percebido nas
mãos como um “click” (Ortolani positivo).

EXAME DETALHADO

CRÂNIO

Inicia-se o exame verificando assimetrias.


Esqueleto e articulações Frequentemente encontram-se assimetrias
transitórias, que variam de acordo com a
Deve-se avaliar cuidadosamente a presença de apresentação fetal.
deformidades ósseas, inadequações de mobilidade e
dor à palpação de todos os ossos e articulações do Parto normal, especialmente na raça negra, pode
RN. causar o aumento do diâmetro ântero-posterior
(dolicocéfalo).
Não é infrequente o achado de polidactilia,
especialmente nas mãos, com o dedo extranumerário Palpação das suturas cranianas:
fixado na face lateral da segunda ou terceira falange  São comuns as sobreposições das bordas dos
do dedo mínimo (autossômico dominante). Outras ossos do crânio (cavalgamentos) -> desaparecem
anomalias, como sindactilia (dedos unidos), em poucos dias, bem como as disjunções de
aracnodactilia (dedos muito longos), clinodactilia suturas, sem qualquer expressão patológica ->
(dedos desviados do eixo), agenesias (de rádio, parto normal.
fêmur, tíbia, úmero etc.), devem ser atentamente  Situação patológica: fusão intrauterina das
procuradas. suturas, o osso para de crescer e ocorre
No exame das mãos, atentar para as pregas afundamento local com assimetria do crânio, o
palmares. Prega palmar única em ambas as mãos que constitui a craniossinostose -> pode requerer
associada à ausência de prega falangiana no quinto tratamento cirúrgico.
Palpação das fontanelas: número de semanas que faltaram para que
completasse 40 semanas de gestação.
 Estar atento para o tamanho (medido em
centímetros nas diagonais), a tensão, os OLHOS
abaulamentos ou as depressões e pulsações.
 Geralmente permanecem na maneira fechada na
 A fontanela bregmática, na forma de losango,
maior parte do tempo, mas podem ser abertos
formada na confluência dos ossos frontal e
pelo estímulo de um movimento de balanço.
parietais, apresenta-se com tamanho variável no
 Pálpebras edemaciadas devido a conjuntivite
RN a termo. Quando abaulada sugere aumento
argentica que dispõe a administração de
da pressão intracraniana, como ocorre na
profilaxia.
meningite, hidrocefalia, edema cerebral ou
 Microftalmia: relaciona-se com a apresentação
hemorragia intracraniana. Quando deprimida,
de algumas doenças inflamatórias como exemplo
associa-se à desidratação.
toxoplasmose.
 A lambdoide, entre os ossos parietais e occipital,
 Escleras geralmente azuladas devido a
geralmente é pequena (justaposta). Quando
característica delgada.
grande, pode estar associada a doenças como
 Hemorragias na conjuntiva podem ser idiopáticas
hipotireoidismo e síndrome de Down.
ou estarem relacionadas com infecção
OBS: Fazendo-se pressão suave sobre os ossos do gonocócica.
crânio, podem-se detectar uma área depressível,  Estrabismo é comum e pode reverter com o
assemelhando-se à palpação de bola de pingue- início do domínio do movimento ocular.
pongue (craniotabes) -> Costuma desaparecer nos  Catarata: rubéola congênita, toxoplasmose,
primeiros meses de vida. galactosemia.
 Anisocoria: lesão no plexo braquial.
Palpação do couro cabeludo:
OUVIDOS
 Detectam-se abaulamentos com relativa
frequência, como na bossa serossanguínea e no  Devem-se verificar a forma, a consistência e a
céfalo-hematoma. implantação dos pavilhões auriculares, e a
 A bossa representa edema das partes moles na presença de condutos auditivos externos, fístulas
área da apresentação, não respeita o limite dos retroauriculares e apêndices pré-auriculares.
ossos do crânio, é depressível e regride nos  Nos RNs a termo = pavilhão possui
primeiros dias pós-parto. consistência cartilaginosa, voltando
 No céfalo-hematoma há rompimento de vaso rapidamente à posição normal quando solto
subperiostal secundário ao traumatismo do após ser dobrado.
parto. Sua consistência é de conteúdo líquido e  No RN pré-termo = pavilhão não retorna à
restringe-se ao limite do osso, geralmente o posição inicial após ser dobrado e é liso em
parietal. O tamanho do céfalo-hematoma deve sua borda superior.
ser acompanhado, mas é raríssimo ser necessária  A adequada implantação deve ser aferida.
alguma intervenção para estancar o  Geralmente a implantação baixa da orelha é
sangramento ou drenar eventual abscesso acompanhada de rotação posterior do eixo
decorrente de contaminação. do pavilhão auricular e está associada a
defeitos renais, à malformação do primeiro
Perímetro craniano:
arco branquial e às anomalias
 Informação indispensável e deve ser medido com cromossômicas.
fita métrica inextensível, passando pela glabela e  Deve-se observar se o RN responde piscando os
proeminência occipital. olhos à emissão de um ruído próximo ao ouvido
 No RN a termo varia de 33 a 37cm. Esse dado (reflexo cócleo-palpebral). Independentemente
(com os dados de peso e o comprimento) deve ser do resultado, é obrigatório o rastreamento da
lançado no gráfico de crescimento. deficiência auditiva por meio de medidas
 Se a criança for prematura, deve-se levar em fisiológicas da audição (teste da orelhinha).
conta sua idade cronológica corrigida. Essa é
NARIZ
calculada subtraindo-se da idade real da criança o
 Quando o RN está calmo, dormindo e com a boca  Na gengiva, deve-se verificar a presença de cistos
fechada, podem-se observar a permeabilidade de retenção gengival e dentes supranumerários
nasal ao ar inspirado e expirado. → habitualmente são frouxos e com raízes fracas
 Obstrução nasal e espirros frequentes são = devem ser extraídos, devido ao risco de
comuns e muitas vezes decorrentes do trauma aspiração.
causado pela aspiração das vias aéreas
superiores ao nascimento.  O tamanho e a mobilidade da língua devem ser
 Batimentos das aletas nasais são visíveis em RN avaliados;
com dificuldade respiratória.  macroglossia sugere hipotireoidismo ou
 Deformidades ou malformações, quando síndrome de Beckwith-Wiedemann
presentes, ocorrem por defeitos intrínsecos do (macroglossia, gigantismo, onfalocele e
osso próprio do nariz (observados nas trissomias hipoglicemia grave).
18 e 21) ou por pressão extrínseca intraútero ou
no momento do parto.  Deve também ser avaliado o tamanho da
 A presença de coriza mucoide, mucopurulenta ou mandíbula.
mucopiossanguinolenta é rara e sugere o  Micrognatia ocorre isoladamente ou
diagnóstico de sífilis congênita (geralmente em fazendo parte de alteração genética
torno da segunda semana de vida). (sequência de Pierre Robin). Nessa
situação, pode ocorrer glossoptose
BOCA
(queda da língua) com obstrução de vias
A cavidade oral deve ser observada cuidadosamente aéreas e consequente cianose.
→ exame pode ser feito durante o choro e, na
PESCOÇO
maioria das vezes, não há necessidade de se utilizar
abaixador de língua para sua melhor visualização. No RN, o pescoço é curto, dificultando o exame → a
discreta extensão da cabeça permite sua melhor
 O desvio da comissura labial durante o choro
visualização.
pode estar associado à paralisia facial decorrente
de posturas anormais intraútero ou trauma de  Deve-se palpar a parte mediana do pescoço, a
parto, como por exemplo na compressão pelo fim de que sejam detectados o crescimento
fórceps. anormal da tireoide (bócio) e a presença de
fístulas, cistos e restos de arcos branquiais.
 Observar inicialmente as mucosas.  Em sua parte lateral, deve-se verificar a presença
 Podem-se encontrar aftas de Bednar, de estase jugular e palpar o músculo
decorrentes de lesão traumática da mucosa esternocleidomastoideo para verificar a presença
por aspiração ou limpeza agressiva logo após de contraturas (torcicolo congênito). É
o parto. importante verificar a mobilidade e o tônus do
pescoço a fim de afastar anomalias das vértebras
 A presença de saliva espessa é indicação de cervicais.
desidratação, e a sialorreia pode ser sugestiva de  A presença de pele redundante na nuca pode
atresia de esôfago. estar associada à síndrome de Down, e na parte
lateral (o chamado pescoço alado) à síndrome de
 Avaliar a forma do palato, se normal ou em Turner.
ogiva, e sua integridade.
TÓRAX
 Fenda palatina pode ocorrer de forma
isolada ou associada a lábio leporino. A forma do tórax é cilíndrica, sem abaulamentos ou
 No palato podem-se ainda encontrar as retrações, e a respiração é do tipo toracoabdominal.
pérolas de Epstein, que são pequenas
formações esbranquiçadas junto à rafe  Clavículas: é mandatória a palpação de clavículas
mediana, compostas de restos celulares e para afastar fraturas, um dos mais comuns
sem repercussões clínicas. tocotraumatismos. A presença de crepitação na
 Avaliando-se o palato mole podem-se palpação faz o diagnóstico, podendo ser
detectar ainda úvula bífida e tumores. confirmada com a radiografia.
 Mamas: avaliar o tamanho (mede mais ou menos  O fígado pode ser palpável 1 a 2 cm do rebordo
1 cm) e a implantação dos mamilos, que no RNT costal direito e apêndice xifoide.
são protrusos. As aréolas apresentam contornos  O baço habitualmente não é palpável.
nítidos.  Os rins, especialmente o direito, podem ser
palpáveis nas primeiras 48 horas de vida.
OBS: É comum encontrar ingurgitamento mamário,
 O cordão umbilical é gelatinoso e possui duas
tanto em meninas quanto em meninos, podendo
artérias e uma veia.
existir saída de pequena quantidade de secreção
 Importante verificar a presença de
clara semelhante ao colostro, decorrente da ação
sangramentos ou sinais de onfalite.
dos hormônios maternos.
 A mumificação do umbigo ocorre nos
primeiros dias, e a queda ao redor do 7º
 Aparelho respiratório: a frequência respiratória ao 14º dia de vida.
varia de 40 a 60 incursões respiratórias por  Podem existir defeitos de fechamento da
minuto, podendo haver variações durante o sono parede abdominal: gastrósquise e
e estado de alerta. O murmúrio vesicular é onfalocele.
audível em todo o tórax.  Hérnia umbilical é frequente, e a sua
 Gemido, retrações intercostais, resolução espontânea pode ocorrer nos
batimentos de aletas nasais e aumento primeiros dois anos de vida.
da frequência respiratória indicam
GENITÁLIA MASCULINA
desconforto respiratório, com
necessidade imediata de intervenção.  Os testículos devem ser palpáveis na bolsa
escrotal, mas podem se apresentar no canal
 Aparelho cardiovascular: a ausculta cardíaca inguinal.
deve ser avaliada com relação a ritmo,  Devem-se avaliar a consistência e a coloração.
frequência e presença de sopros.  Hidrocele é o acúmulo de líquido em bolsa
 A frequência cardíaca geralmente oscila escrotal, sendo frequente ao nascimento
entre 120 e 160 batimentos por minutos, com involução posterior.
sendo menor durante o sono e maior  A maioria dos RN apresenta fimose ao
durante o choro. Os sopros cardíacos podem nascimento.
ser fisiológicos e desaparecem na maioria  Hipospadia e epispadia devem ser avaliadas e
dos casos em 48 a 72 horas. podem estar associadas às malformações renais,
 Entretanto, em algumas situações, quando presentes.
podem significar cardiopatias congênitas  O pênis deve ser medido, afastando-se o tecido
e, neste caso, radiografia de tórax e gorduroso. No caso de ser menor que 2,5 cm,
ecocardiograma devem ser solicitados. necessita de avaliação.
 Os pulsos femorais devem ser sempre
GENITÁLIA FEMININA
examinados, pois tanto sua ausência quanto
sua diminuição podem estar associadas à  A presença de edema de grandes e pequenos
coarctação de aorta. lábios é frequente.
 A avaliação da pressão arterial, que é em  Pode existir secreção vaginal esbranquiçada e,
torno de 80 x 40 mmHg com variação de +/- posteriormente, sanguinolenta secundária à
12 mmHg, deve ser aferida nos quatro alteração hormonal.
membros.  O hímen deve ser sempre visualizado, podendo
existir prolapso himenal, considerado normal.
OBS: O teste da triagem da oximetria de pulso deve
ser realizado a partir de 24 horas de vida, para OBS: Genitália ambígua -> quando existir suspeita
afastar grande parte das cardiopatias congênitas clínica, deve ser realizado cariótipo.
críticas.
ÂNUS
ABDOME
O orifício anal deve ser examinado quanto a sua
 O abdome é discretamente globoso e flácido e, permeabilidade, localização, tamanho (10 mm),
quando ao nascimento apresenta-se escavado, presença de pregas e fístulas.
deve-se suspeitar de hérnia diafragmática.
EXTREMIDADES quando levantados pelos braços. Movimentam-se
ativamente ao serem manipulados.
A presença de malformações de extremidades é
habitualmente observada em sala de parto.  Os reflexos primitivos característicos do RN
devem ser avaliados, pois podem trazer
 Verificar sempre o número dos dedos das mãos e
informações importantes sobre seu estado de
dos pés, a presença de sindactilia e polidactilia.
saúde:
 Pés: avaliar a presença de pé torto postural,
 São caracterizados por resposta motora
diferenciando-o do pé torto congênito, que
involuntária a um estímulo e estão presentes
necessita de intervenção.
em bebês desde antes do nascimento até por
 Articulação do quadril: as articulações devem ser
volta dos 6 meses de vida.
examinadas para afastar a presença de displasia
 São mediados por mecanismos
do desenvolvimento do quadril.
neuromusculares subcorticais, que se
 Com o RN em decúbito dorsal, com os joelhos
encontram desenvolvidos desde o período
flexionados e o quadril formando um ângulo
pré-natal.
de 90º com o abdome, devem ser feitos
 O desaparecimento desses reflexos durante o
movimentos de abdução das coxas, com leve
curso normal de maturação do sistema
pressão nos joelhos (manobra de Ortolani).
neuromuscular nos primeiros 6 meses de vida
Quando existe instabilidade coxofemoral, a
é atribuído ao desenvolvimento de
manobra de Ortolani faz com que a cabeça
mecanismos corticais inibitórios. São diversos
do fêmur se encaixe no fundo do acetábulo,
os reflexos primitivos encontrados no RN,
percebido nas mãos como um estalido.
porém não há necessidade de avaliação de
REGIÃO DORSAL todos durante o exame físico rotineiro do RN
a termo.
O RN deve ser avaliado em decúbito ventral,  Os que habitualmente devem ser avaliados são os
examinando-se a coluna em toda a extensão. seguintes:
 Verificar a região sacral, para avaliar a Sucção: A sucção reflexa manifesta-se quando os
presença de fossetas e cisto pilonidal para lábios da criança são tocados por algum objeto,
diagnóstico de defeitos de fechamento da desencadeando-se movimentos de sucção dos lábios
linha média (mielomeningocele). e da língua. Somente após 32 a 34 semanas de
SISTEMA NERVOSO gestação é que o bebê desenvolve sincronia entre
respiração, sucção e deglutição, tornando a
Quando se inicia o exame físico geral do RN, inicia-se, alimentação por via oral difícil em RN pré-termo.
simultaneamente, a avaliação neurológica, pois
postura, movimentação espontânea, resposta ao Voracidade: O reflexo da voracidade ou de procura
manuseio e choro são parâmetros importantes dessa manifesta-se quando é tocada a bochecha perto da
avaliação. boca, fazendo com que a criança desloque a face e a
boca para o lado do estímulo. Este reflexo não deve
Ao nascer, a criança costuma ficar durante cerca de 1 ser procurado logo após a amamentação, pois a
a 2 horas muito desperta e a seguir habitualmente resposta ao estímulo pode ser débil ou não ocorrer.
dorme profundamente por algumas horas, por vezes Está presente no bebê até os 3 meses de idade.
até 12 horas.
Preensão: A preensão palmoplantar se obtém com
OBS: Deve-se evitar a realização do exame leve pressão do dedo do examinador na palma das
neurológico nas primeiras 12 horas de vida, para mãos da criança e abaixo dos dedos do pé.
minimizar a influência do estresse do parto, que
pode mascarar algumas respostas normais, dando Marcha: A marcha reflexa e o apoio plantar podem
falsa impressão de comprometimento. ser pesquisados segurando-se a criança pelas axilas
em posição ortostática. Ao contato das plantas do pé
O tônus em flexão é relacionado à idade gestacional. com a superfície, a criança estende as pernas até
RNs a termo apresentam-se com hipertonia em então fletidas. Se a criança for inclinada para a
flexão dos membros, com postura semelhante à frente, inicia a marcha reflexa.
fetal. Conseguem inclusive manter a cabeça no
mesmo nível que o corpo por alguns segundos
Fuga à asfixia: O reflexo de fuga à asfixia é avaliado
colocando-se a criança em decúbito ventral no leito,
com a face voltada para o colchão. Em alguns
segundos o RN deverá virar o rosto liberando o nariz
para respirar adequadamente.

Cutâneo-plantar: O reflexo cutâneo-plantar em


extensão é obtido fazendo-se estímulo contínuo da
planta do pé a partir do calcâneo no sentido dos
artelhos. Os dedos adquirem postura em extensão.

Moro: O reflexo de Moro é um dos mais importantes


a serem avaliados, devido à grande quantidade de
informações que pode trazer. É desencadeado por
algum estímulo brusco como bater palmas, estirar
bruscamente o lençol onde a criança está deitada ou
soltar os braços semiesticados quando se faz a
avaliação da preensão palmar. O reflexo consiste em
uma resposta de extensão-abdução dos membros
superiores (eventualmente dos inferiores), ou seja,
na primeira fase os braços ficam estendidos e
abertos, com abertura dos dedos da mão, e em
seguida de flexão-adução dos braços, com retorno à
ELIMINAÇÕES
posição original. Tem início a partir de 28 semanas
de gestação e costuma desaparecer por volta dos 6  Evacuação frequente – reflexo gastro cólico, após
meses de idade. A assimetria ou a ausência do alimentação.
reflexo pode indicar lesões nervosas, musculares ou  Deve ocorrer eliminação de mecônio em 48
ósseas, que devem ser avaliadas. horas de vida nos RNs a termo.
 Pré-termos podem apresentar retardo da
 Outros reflexos são menos frequentemente
eliminação Intestinal.
pesquisados, como o de Magnus-De-Kleijn (do
 A primeira eliminação vesical ocorre nas
esgrimista) em que, com a criança posicionada
primeiras 24 horas de vida.
em decúbito dorsal, o examinador com uma das
mãos estabiliza a região anterior do tórax e com
a outra vira a cabeça da criança para o lado. A
resposta esperada é a extensão dos membros do ALTA HOSPITALAR
lado para o qual a face está voltada e a flexão No Brasil -> Portaria Ministerial GM Nº 2068, de 21
dos membros voltados para o outro lado. de outubro de 2016 -> artigo 9º, parágrafo único,
 Outro é o reflexo dos olhos de boneca, que é normatiza a permanência mínima da mãe e do RN
desencadeado quando se promove a rotação em AC, pelo período de 24 horas. A partir daí, a alta
lateral da cabeça do RN, e os olhos seguem pode ser considerada, desde que preenchidos 10
lentamente para o lado da rotação. critérios mínimos, relacionados à garantia da
 O reflexo de Babkin é uma reação à pressão assistência à saúde da mãe e da criança e da
simultânea das palmas das mãos do bebê. Com vinculação do cuidado hospitalar ao nível
esse estímulo, a criança abre a boca e mantém a ambulatorial. Aqueles critérios, fundamentais para
cabeça na linha média levantando sua cabeça. assegurar o cuidado neonatal, excepcionalmente
Pode também haver fechamento dos olhos e serão preenchidos antes de 24 horas para a quase
flexão do antebraço do bebê. totalidade das situações clínicas em virtude das
 Reflexos tendinosos podem ser avaliados grandes variações regionais de acesso qualificado ao
utilizando-se o martelo com ponta de borracha pré-natal e modelo assistencial após a alta.
ou o próprio dedo do examinador para o
estímulo. O reflexo patelar costuma ser O Departamento Científico de Neonatologia da SBP,
facilmente detectável. recomenda assegurar práticas clínicas pré-alta e a
continuidade do cuidado hospitalar à atenção
ambulatorial, como critérios de ALTA HOSPITALAR DE sejam atribuídas à alteração do frênulo, considerar
RECÉM-NASCIDOS TERMO, POTENCIALMENTE como uma boa prática a indicação de procedimento
SAUDÁVEIS: cirúrgico, embora a força de evidência seja
baixa/insuficiente quanto à melhoria na
01. Garantir práticas de cuidado perinatal hospitalar
amamentação e redução de dor nos mamilos após
efetivas de acordo com a história clínica e evolução
frenotomia
perinatal da mãe e do RN, resultados de testes de
triagem universal e, avaliação de fatores de risco 07. Definir o monitoramento clínico e/ou laboratorial
para condições assintomáticas; do RN com risco ao nascer para desenvolvimento de
sepse neonatal precoce -> prevenção da doença
02. Monitorar e registrar as condições da mãe e do
perinatal pelo Estreptococo do Grupo B. Vigência das
RN no parto e nascimento, e evolução e definições
seguintes situações: RN de mãe colonizada pelo
clínicas no período pós-parto;
estreptococo B hemolítico do grupo B no pré-natal
03. Garantir a administração da Vitamina K e ou com resultado desconhecido; quadro clinico
prevenção da oftalmia neonatal ao nascimento, e materno de corioamnionite, Infecção do Trato
vacina anti-hepatite B e aplicação do BCG ID; Urinário na gestação, bolsa rota maior que 18 horas
antes do parto e ou sinais e sintomas isolados como
04. Avaliar e documentar a presença de diurese e febre materna;
eliminação de mecônio, paralelamente ao
monitoramento clínico durante a permanência 08. Verificar o cartão de vacinas da mãe e os
hospitalar e antes da alta; resultados de exames sorológicos para infecções
crônicas perinatais, do grupo TORSCH (Toxoplasmose
05. Assegurar as triagens neonatais universais – Outras doenças (vírus varicela zoster (VVZ),
durante a permanência hospitalar: teste da parvovírus B19, HIV, hepatite) – Rubéola – Sífilis –
oximetria de pulso, teste do reflexo vermelho, Citomegalovírus – Herpes), lembrando que a maior
triagem auditiva e triagem biológica; parte dos RN doentes se apresenta assintomáticos
06. Verificar a prática do aleitamento materno, por ao nascimento. A sífilis, pela sua prevalência, precisa
meio da observação das mamadas e aplicação do ser excluída antes da alta hospitalar, a partir dos
protocolo de Bristol para avaliar o frênulo lingual; exames sorológicos da gestante.

09. Observar a coordenação da sucção, deglutição e


respiração enquanto o RN é amamentado, pelo
menos por duas vezes, com sucesso. É importante
verificar a “saciedade” do RN, pela presença de
estado de alerta calmo e/ou sono após a mamada,
sem sinais de exaustão ou esforço. O relato materno
de dor ou fissura na mama aponta para técnica
incorreta e demanda correção envolvendo
principalmente posição da mãe e do RN. A presença
de fissura mamilar acarreta postergar alta para
prevenir desmame precoce;

10. Documentar os sinais vitais da criança nos


intervalos das mamadas, com variações dentro da
normalidade e estáveis durante as 12 horas que
antecedem a alta. Esses incluem temperatura axilar
As pontuações para os quatro itens são somadas, de 36,5°C a 37,4°C, medida corretamente e com
podendo variar de 0 a 8. Em caso de interferência na roupas apropriadas; frequência respiratória abaixo de
amamentação atribuída ao frênulo lingual e escore 60 incursões respiratórias por minuto e ausência de
menor ou igual a 3, sugere-se que uma nova sinal de esforço respiratório; e frequência cardíaca
avaliação da mamada e do frênulo lingual sejam de 100 a 160 batimentos por minuto (bpm) com o RN
realizados antes da alta hospitalar. Caso esse escore acordado. Frequências cardíacas mais baixas são
se confirme, não existam outros fatores que aceitáveis se o neonato estiver dormindo, sem sinais
justifiquem as dificuldades na amamentação e essas de comprometimento circulatório e respondendo
ativamente a estímulos, com pulsos centrais 13. Garantir a coleta de sangue capilar em papel filtro
palpáveis e simétricos e perfusão vascular periférica para a realização do teste de triagem neonatal
adequada. Frequências cardíacas sustentadas biológica (teste do pezinho) entre 48 horas a cinco
próximas ao limite superior ou inferior exigem dias de vida - após, no mínimo, duas alimentações
avaliação acurada e precisa; plenas, em nível hospitalar ou ambulatorial; Nota:
Durante o período da pandemia por COVID-19, a
11. Avaliar a adequação nutricional ao nascimento e
recomendação é que a coleta seja realizada ainda na
durante a evolução nos primeiros dias de vida: peso
maternidade antes da alta hospitalar e a partir de 48
ao nascer, comprimento e perímetro craniano
horas de vida;
precisam ser acurados para possibilitar o
monitoramento do crescimento. O RN perde peso 14. Construir o plano de cuidados à alta a partir da
nos primeiros dias de vida, como parte do processo avaliação abrangente das condições de
fisiológico pós-nascimento, e sua avaliação precisa vulnerabilidade biopsicossocial da criança, mãe e
ser abrangente, para prevenção do desmame família;
precoce;
15. Garantir o princípio da continuidade e
12. Identificar os riscos e monitorar condições abrangência do cuidado neonatal centrado na família
clínicas que demandam abordagem hospitalar da com apoio da comunidade, no modelo em rede,
hiperbilirrubinemia, de acordo com a história coordenado pela APS;
perinatal (história clínica e familiar), exames
16. Registrar a informação perinatal, nos módulos
laboratoriais (tipagem sanguínea, teste de Coombs,
correspondentes, na Caderneta da Criança-MS-Brasil;
dosagem de bilirrubinas), gráficos de indicação de
fototerapia e excepcionalmente 17. Avaliar a família, o ambiente e os fatores de risco
exsanguineotransfusão, e o nomograma de Buthani social, como abuso de drogas ilícitas, alcoolismo,
para predição da evolução da icterícia na pré-alta. No fumo, antecedentes de negligência com irmãos,
plano de alta, é preciso especificar os sinais de alerta violência doméstica e doença mental, doenças
a serem monitorados na assistência ambulatorial. transmissíveis, suporte social e econômico
Níveis altos e prolongados de bilirrubina levam ao insuficiente, ausência de residência fixa. Como para
quadro grave de encefalopatia bilirrubínica ou outros riscos, retardar a alta quando esses fatores
kernicterus, podendo evoluir para morte ou sequelas estiverem presentes, com apoio do serviço social e
neurológicas graves. Na icterícia prolongada, após a psicologia, até definir estratégias de integração com
primeira semana de vida, é obrigatória a exclusão de APS e serviços de apoio comunitário comunidade;
hiperbilirrubinemia direta, assegurando o
diagnóstico precoce em casos de atresia biliar. O 18. Orientar a prevenção de onfalite nos cuidados
atraso no diagnóstico da atresia biliar podem resultar com o cordão umbilical, de outras infeções no
em óbito. Antes da alta, orientar os pais para a cuidado com a pele e região genital na troca das
verificação da cor das fezes, nas primeiras semanas fraldas;
de vida, de acordo com a Caderneta da Criança. Nos 19. Orientar a mãe, pais e família sobre a importância
casos suspeitos, os pais devem levar a criança da continuidade da imunização na prevenção de
imediatamente ao pediatra; infecções como uma das estratégias da puericultura;

20. Orientar o posicionamento supino para dormir


“barriga para cima”, mantendo o RN em um ambiente
livre de fumo, na prevenção de síndrome de morte
súbita. O RN deve dormir próximo dos pais, mas não
compartilhando a mesma cama;

21. Orientar aspectos de segurança infantil, como o


uso de assento apropriado para o carro, que atenda
ao padrão federal de segurança de veículo motorizado
e que deverá estar disponível na saída do hospital;

22. Devem ser feitos todos os esforços para que a


mãe e o filho tenham alta simultaneamente;
23. Agendar consulta ambulatorial com pediatra em
48 a 72 horas, após a alta, para reavaliação das
condições clínicas e de saúde do RN e da mãe, e dar
continuidade ao plano de cuidados na consulta do 5°
dia.

O Departamento de Neonatologia da SBP chama a


atenção ainda para o grupo de RN pré-termos
tardios, com idade gestacional de 34 a 36 semanas,
que podem apresentar peso ao nascer maior que
2500 gramas, recebem cuidados em alojamento
conjunto com suas mães, no modelo de RN termo,
mas se apresentam imaturos em vários aspectos
fisiológicos, metabólicos e nutricionais, e, portanto,
não podem ser conduzidos como RN termo. Essas
crianças apresentam risco maior para
desenvolverem, hipotermia, imaturidade do drive
respiratório, incoordenação sucção-deglutição-
respiração, com consequentes episódios de apneia,
aspiração e infecções.

OBS: O Departamento de Neonatologia da Sociedade


Brasileira de Pediatria alerta para os riscos da
permanência hospitalar mãe-filho inferior a 48 horas
após o nascimento, assegurando o cumprimento dos
critérios mínimos aqui elencados.

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