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Recomendações de um bipolar para uma bipolar:

Escolha um bom psiquiatra – certifique-se de que seu médico estará sempre à disposição para
lhe atender caso uma mudança repentina do humor ou algum efeito adverso dos remédios
aparecerem. Dê preferência aos que trabalham com algum número de WhatsApp que
possibilite a comunicação entre médico e paciente, em especial àqueles que respondem num
prazo máximo de 48h e trabalham com consultas online e receitas online, receitas essas que
podem ser renovadas sem a necessidade de pagar uma nova consulta. Um bom médico
costuma custar caro, por isso, se possível, tenha um plano de saúde e o cadastre no aplicativo
Doctoralia. Nele você encontrará facilmente profissionais que te atenderão pelo plano e
poderá escolher aquele com o qual você mais se identificar e se sentir segura. Aproveite sua
consulta e peça a seu médico um encaminhamento para consultas com algum psicólogo, isso
facilita quaisquer reembolsos que forem requeridos por você enquanto usuária de um plano de
saúde. Faça consultas mensalmente se for necessário (no início é necessário) ou a cada dois
meses. Evite ficar mais de dois meses sem se consultar com seu médico. Sei que é difícil, mas
se não conseguir se lembrar, talvez seja uma boa ideia anotar todas as datas em que lhe
ocorrer alguma alteração do humor – leve isso à consulta. Conscientize familiares, amigos e
colegas de trabalho da sua confiança sobre sua doença e lhes peça que lhe digam caso
notarem “algo estranho” no seu humor. Como há muitos remédios disponíveis para o
tratamento do nosso transtorno, espero que se sinta à vontade para recusar tomar algum que
lhe faça ter sintomas incômodos. Isso com exceção do lítio, pois ele costuma ser o arroz com
feijão dos bipolares na medida em que é em boa parte das vezes bastante efetivo e
relativamente mais barato do que outros remédios. Sempre deixe marcada sua próxima
consulta ao final de uma consulta. Seu médico deverá entrar em contato contigo poucos dias
antes da data escolhida para remarcar ou confirmar a consulta a ser feita. Uma boa consulta
dura em torno de cinquenta minutos a uma hora, evite os médicos apressadinhos e dê
preferência aos que realmente se importam contigo – eles existem!

Faça terapia cognitiva comportamental – a análise não se adequa às exigências imediatas do


nosso dia a dia com a doença.

Vá a um nutricionista e faça dieta – para comer bem e não para comer pouco. Isso é muito
importante porque o intestino de pacientes bipolares costuma ser problemático e, assim como
qualquer intestino, tem um enorme impacto em nosso humor. Um intestino funcionando bem
tende a melhorar nossas depressões – no plural porque não será só uma. Dê preferência a
profissionais que trabalham com aplicativos de celular para que você tenha acesso facilitado à
sua dieta e que prezam por dietas fáceis que podem tranquilamente serem feitas com
alimentos comuns (arroz, feijão, salada, iogurte natural, pão, leite etc.).

Faça exercícios físicos diariamente. Os de exaustão são os que melhor combatem a depressão.
Dito isso e levando em consideração a comum falta de tempo entre as pessoas, dentre elas eu
e você, recomendo crossfit, pois são treinos curtos e intensos. De toda e qualquer forma, toda
forma de exercício continua sendo válida, inclusive sexo – esse em especial tem ótimos
benefícios, mas não pode, claro, ser o único a ser feito. É preciso suar, fazer os músculos
doerem e entender que cada treino é uma forma de zelar por nós mesmos.

Introduza seu filho aos poucos no universo da sua doença e, com o tempo, incentive-o a
estudar mais sobre o assunto. Isso é de grandissíssima importância para que ele lide contigo
da melhor maneira possível e para que ele lide com ele mesmo enquanto seu filho da melhor
maneira possível. Além disso, o fazer é também importante porque seu filho, devido ao
vínculo genético que partilham, pode um dia também se tornar bipolar. Aventurem-se nos
estudos e aproveitem para estudar outras doenças como o TPB (Transtorno de Personalidade
Borderline) e o TPN (Transtorno de Personalidade Narcisista).

Leia (e releia) obrigatoriamente “O demônio do meio-dia” de Andrew Solomon.

Conviva com a ideia de que sobreviver é um legado.

Um abraço!

M.G

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