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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE ECONOMIA

LUANDA

DISCIPLINAS:

CONTABILIDADE BANCÁRIA

CONTABILIDADE DAS

INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO

DOCENTE: ARMANDA DE FÁTIMA JESUS FORTES

Com o apoio do Dr. Jorge Leão Peres (Apontamentos da disciplina de


Contabilidade Bancária na Universidade Lusíada de Angola) e do Instituto de
Formação Bancária de Angola (Manual do IFBA)

ANO LECTIVO 2022/2023

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1. A ACTIVIDADE BANCÁRIA E A DE OUTRAS INSTITUIÇÕES DE
CRÉDITO (IC) E AS SUAS FUNÇÕES

Vamos aqui ver alguns aspectos do sistema, importantes para uma melhor compreensão
da Contabilidade Bancária e da Contabilidade de Outras Instituições de Crédito (IC).

1.1. Posicionamento económico

1.1.1. Intervenção dos Sistemas Bancário e de Crédito na concretização dos


objectivos de Política Económica e Financeira

Diariamente sabemos de notícias sobre bancos e outras IC, isto significa que a Banca
tem uma intervenção activa na política económica e financeira do país.

Para atingir os seus objectivos macroeconómicos, o governo define políticas de


actuação:
 Orçamental;
 Monetária;
 Rendimento e Preços;
 Fiscal;
 Cambial;

As que mais nos interessam são:


 Política Monetária (Linhas de orientação sobre a evolução da massa monetária)
 Política de Rendimento e Preços.

Para concretizar estas políticas o governo desenvolve determinadas acções de controlo


em diferentes âmbitos:
- Controlo do crédito;
- Controlo da liquidez dos bancos;
- Controlo das taxas de juro.

É aqui que intervêm os sistemas bancário e de crédito para a concretização dos


objectivos de política económica e financeira do país.

Na seguinte situação “ Aos primeiros sinais de alta dos preços (inflação), as entidades
governamentais de um estado implementaram diversas medidas no sentido dos
objectivos económicos fixados não serem desvirtuados.

Estas medidas foram:


. Estabeleceram limites à expansão do crédito;
. Determinaram aumentos das reservas de caixa dos bancos, numa tentativa de diminuir
a moeda em circulação;
. Aumentaram as taxas de juro, através do Banco Central (Banco Emissor);
. Estimularam a poupança dos cidadãos, criando esquemas atraentes de depósitos.”

O objectivo destas medidas é a contenção do consumo dos cidadãos. O governo ao


conter esse consumo, controla a alta de preços. Tais medidas só seriam possíveis de
concretizar através do sistema bancário. Então os bancos funcionam implicitamente
como instrumentos de concretização da política económica e financeira do governo.

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1.1.2. Decomposição do Sector Interno da Economia

Sabemos que dois grandes sectores dominam a economia: o sector financeiro e o sector
não financeiro, conforme se pode ver no seguinte quadro.

Figura 1. O Sistema Financeiro no quadro da Sectorização da Economia


Ministério das Finanças
Autoridades
3º Monetárias
Sector BNA Banco Central
Monetário Instituições
2º de Crédito
1º Sector
Sector Interno Financeiro Sector não Sociedades e Outras Entidades
Monetário Financeiras não Bancárias
Administração Central
Economia Sector não Sector Público Administração Local
Financeiro Segurança Social
Sector Produtivo Empresas Públicas (Não Financeiras)
Outras Empresas (Não Financeiras)
Particular/Famílias

Sector Externo

Fonte: Instituto de Formação Bancária (2005) Contabilidade Bancária

1.1.3. Sistema Financeiro de Angola. O papel do Ministério das Finanças e do BNA

Dentro do sistema financeiro angolano, podemos diferenciar três grandes níveis, que são:
as autoridades político-decisoras; as autoridades de carácter executivo, de controlo, de
supervisão e também de carácter consultivo; e o conjunto das instituições financeiras.

A estrutura do sistema financeiro angolano, que aparece graficamente representada no


quadro abaixo, e que analisaremos superficialmente, está basicamente determinada pela
normativa seguinte:
˙ Decreto Presidencial 264/2020, de 14 de Outubro, que aprova o Estatuto Orgânico
do Ministério das Finanças e revoga DP 299/2014, de 04 de Novembro;
˙ Lei 24/2021, de 18 de Outubro, Lei do BNA, revoga a Lei 16/10, de 15 de Julho;
˙ Lei 14/2021, do Regime Geral das IF, DR 1ª série, nº 91, de 19.05.2021, revoga
Lei 12/15, de Bases das Instituições Financeiras, publicada no DR, I série, nº 89,
de 17 de Junho;
˙ Lei 1/00, de 8 de Fevereiro, Lei Geral da Actividade Seguradora;
˙ Decreto 25/98, de 7 de Agosto, que cria os Fundos de Pensões e aprova o
regulamento dos mesmos;
˙ Aviso 8/95, de 8 de Agosto, do BNA, sobre a actividade das Casas de Câmbio;
˙ Decreto Presidencial 264/2020, de 14 de Outubro, que aprova o EstatutoOrgânico
da Comissão do Mercado de Capitais e revoga o Decreto Presidencial 54/2013, de
6 de Junho.

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o Órgãos Político-Decisores

As autoridades político-decisoras são o Governo, o Ministério das Finanças (MF) e os


Ministérios do Planeamento, de Economia e o de Administração Pública, Trabalho e
Segurança Social (MAPTSS).

O Decreto Presidencial 264/2020, de 14 de Outubro, aprova o Estatuto Orgânico do


Ministério das Finanças e revoga o Decreto Presidencial 299/2014, de 4 de Novembro,
que revogou o Decreto Presidencial 93/10, de 07 de Junho de 2010.

O Ministério das Finanças tem, entre outras, as atribuições seguintes, alíneas d), g), j),
k), o), r), s), t), x), e y) do artigo 2º do Estatuto do MINFIN:
d) Proceder à gestão da dívida pública do Estado;
g) Superintender as actividades do Sector Empresarial Público, sociedades gestoras de
mercados regulamentados, instituições financeiras de capitais maioritariamente
públicos, seguros e fundos de pensões, jogos, contabilidade e auditoria e fundos
públicos;
j) Executar a política e o programa de privatizações, reestruturações, gestão e controlo
das participações do Estado;
k) Superintender o sistema financeiro não bancário e o mercado de valores mobiliários;
o) Conceber a política nacional de seguros e resseguros e de fundos de pensões, bem
como regular e supervisionar a sua execução;
r) Definir a política do exercício da actividade de Jogos;
s) Assegurar a coordenação e o relacionamento financeiro do Estado com as instituições
financeiras multilaterais, os organismos internacionais e as organizações regionais;
t) Definir a política de rendimentos e preços, assegurando a sua consistência;
x) Colaborar na elaboração da política monetária, cambial e de crédito, bem como
acompanhar a sua execução;
y) Colaborar com os órgãos competentes na formulação e aplicação da política
remuneratória na Administração Pública, das contribuições e prestações da segurança
social, em consonância com a política de rendimentos e preços;

Do Ministério de Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS)


dependem as Instituições de Previdência Social e os Fundos de Pensões. Estes últimos,
também estão subordinados ao Ministério das Finanças.

o Órgãos de Supervisão

A autoridade monetária máxima dentro do Sistema Financeiro Angolano é o Ministério


das Finanças o qual exerce as suas funções através do órgão executivo mais importante
que é o Banco Nacional de Angola que, por sua vez realiza as funções de carácter
consultivo, de controlo e supervisão.

Os Órgãos Executivos de Controlo e Supervisão são, além do BNA, que pela sua grande
importância, dedicaremos o capítulo seguinte, existem a ARSEG ( Agência Angolana de

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Regulação e Supervisão de Seguros) antes, Instituto de Supervisão de Seguros e o
Organismo de Supervisão do Mercado de Valores Mobiliários.

As instituições financeiras bancárias e as instituições financeiras não bancárias ligadas à


moeda e ao crédito estão sujeitas à jurisdição do BNA. Estas entidades, são: as casas de
câmbio; as sociedades cooperativas de crédito; as sociedades de cessão financeira
(factoring); as sociedades de locação financeira (leasing); as sociedades mediadoras do
mercado monetário ou de câmbios; as sociedades de micro crédito; as sociedades de
prestação de serviços de pagamentos; e as sociedades operadoras de sistema de
pagamentos, compensação ou câmara de compensação.

A Agência Angolana de Regulação e Supeervisão de Seguros (ARSEG), é uma entidade


de direito público, dotado de personalidade e capacidade jurídica e de autonomia
administrativa e financeira, à qual compete o controlo da actividade de seguros,
resseguros, fundos de pensões e mediação de seguros.

O Organismo de Supervisão do Mercado de Valores Mobiliários é o órgão a quem


compete supervisionar a actividade das instituições financeiras não bancárias seguintes:
sociedades corretoras de valores mobiliários; sociedades de capital de risco; sociedades
distribuidoras de valores mobiliários; sociedades gestoras de participações sociais;
sociedades de investimento; sociedades gestoras de patrimónios; sociedades gestoras de
fundos de investimento; sociedades gestoras de fundos de titularização; sociedades de
gestão e investimento imobiliário; e sociedades operadoras de sistema de câmara de
liquidação e compensação de valores mobiliários.

O governo criou a Comissão do Mercado de Capitais que é um órgão de supervisão de


capitais, dotado de personalidade jurídica e autonomia administrativa, financeira e
patrimonial que se rege pela Lei de Valores Mobiliários e por um estatuto interno.

Estes órgãos são tutelados pelo Ministério das Finanças.

Os mesmos terão a organização, as atribuições e o funcionamento que constarem dos


respectivos estatutos orgânicos, a serem aprovados pelo Conselho de Ministros ou pelos
órgãos que tenham esta competência, nos términos da legislação em vigor.

o Intermediários

A Lei 14/2021, do Regime Geral das Instituições Financeiras, DR 1ª série, nº91, de 19 de


Maio, refere-se à parte mais importante do conjunto do sistema financeiro angolano: os
estabelecimentos de crédito. Esta nova Lei revoga a Lei 12, de 17 de Junho de 2015 - Lei
de Bases das Instituições Financeiras, que revogou a Lei 13, de 30 de Setembro de 2005,
das Instituições Financeiras; Esta Lei de 2005 revogou a Lei 1 de 23 de Abril de 1999. As
Leis 1/99 e 13/2005 já consideram instituições financeiras as Casas de Câmbio, o que a Lei
5/91 não tinha em conta.

Este quadro tem em conta: a actividade seguradora em Angola que está basicamente
determinada pelo Decreto 17/78, de 1 de Fevereiro, que cria a Empresa Nacional de
Seguros e Resseguros de Angola - Unidade Económica Estatal (ENSA-UEE) e a Lei 1/00,
de 8 de Fevereiro, Lei Geral da Actividade Seguradora; os Fundos de Pensões,
basicamente o Decreto 25/98, de 7 de Agosto, que cria os ditos Fundos e aprova o

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BANCOS e INSTITUIÇÕES DE MICRO FINANÇAS
SOCIEDADES COOPERATIVAS DE CRÉDITO
SOCIEDADES DE MICRO CRÉDITO

DE CRÉDITO
INSTITUIÇÕES
CASAS OU AGÊNCIAS DE CAMBIO
SOCIEDADES DE CESSÃO FINANCEIRA OU FACTORING
SOCIEDADES DE LOCAÇÃO FINANCEIRA OU LEASING

BANCO
NACIONAL
S. MEDIADORAS DO MERCADO MONETÁRIO OU DE CÂMBIOS

DE ANGOLA
SOCIEDADES PRESTAMISTAS DE SERVIÇO DE PAGAMENTOS
S. OPERADORAS DE SISTEMA DE PAGAMENTOS, C .OU C.C.

Fonte: elaboração própria.


SOCIEDADES SEGURADORAS E RESSEGURADORAS
FUNDOS DE PENSÕES E SOCIEDADES GESTORAS DE F. P.

SEGUROS
AGÊNCIA A.
DE R. E S. DE
SEG. (ARSEG)
SOCIEDADES CORRETORAS DE VALORES MOBILIÁRIOS
SOCIEDADES DE CAPITAL RISCO

BANCÁRIAS
SOCIEDADES
SOCIEDADES DISTRIBUIDORAS DE VALORES MOBILIÁRIOS

FINANCEIRAS NÃO
SOCIEDADES GESTORAS DE PARTICIPAÇÕES SOCIAIS
FINANÇAS

SOCIEDADES DE INVESTIMENTO
MINISTÉRIO DAS

MOBILIARIOS
SOCIEDADES GESTORAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO
M. DE VALORES
ÖRGÃO DE S. DO

SOCIEDADES GESTORAS DE PATRIMÓNIOS


SOCIEDADES GESTORAS DE FUNDOS DE TITULARIZAÇÃO
SOCIEDADES DE GESTÃO E INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO
GOVERNO

S. OPERADORAS DE S. OU C. DE LIQUIDAÇÃO E C. DE V. M.
FUNDOS DE DESENVOLVIMENTO
Figura 2. Estrutura Actual do Sistema Financeiro de Angola

OUTRAS
ENTIDADES
INSTITUIÇÕES DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

FINANCEIRAS
A. P., E. e S. S.
MINISTERIO DE
Nacional de Desenvolvimento (FND) e o Fundo de Fomento Empresarial (FFE).

órgão
Órgãos
Órgãos
Político-

(o BNA é
Decisores

Supervisão

consultivo)

Financeiros
também um

Intermediários
de 8 de Agosto, do BNA; as Instituições de Previdência Social, em que se destaca o
Montepio Geral de Angola; e também, alguns Fundos, entre os quais, três tutelados pelo
regulamento dos mesmos; a actividade das Casas de Câmbio, especialmente o Aviso 8/95,

Ministério das Finanças: o Fundo de Apoio ao Empresariado Nacional (FAEN), o Fundo

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Executivos, de Controlo e
o Situação Actual

Actualmente o Sistema Financeiro de Angola está formado por:


 Banco Nacional de Angola (Banco Central);
 Entidades Financeiras Bancárias;
 Entidades Financeiras não Bancárias;
 Outras Entidades Financeiras.

Como Entidades Financeiras Bancárias encontram-se:


˙ Vinte e seis Bancos (Banco de Poupança e Crédito; Banco de Comércio e
Indústria; Banco Comercial Angolano; Banco Africano de Investimentos; Banco
Sol; Banco Regional do Keve; Banco de Fomento Angola; Banco Millennium
Angola; Banco Totta de Angola; Banco Espírito Santo Angola; O Novo Banco;
Banco Internacional de Crédito; Banco de Desenvolvimento de Angola; Banco
Privado Atlântico; Banco de Negócios Internacional; Banco Angolano de
Negócios e Comércio; Vneshtorgbank África e outros);
˙ As Agências de Representação de três bancos: Banque Paribas, Equator Bank y
Citibank;

Em relação às Entidades Financeiras não Bancárias existem:


˙ Onze Casas de Câmbio a funcionar (Açorango, Alvalade, Cambila, Carmorais,
Falankachange em Cabinda, Futur Exchange, Jardim do Éden, Luanda,
Lusocâmbios, Moneta, e Nev);
˙ Quatorze Companhias de Seguros (Empresa Nacional de Seguros e Resseguros
de Angola; Angola, Agora, Amanhã, Seguros & Pensões; A Mundial Seguros;
Nossa Seguros; Global Alliance – Angola Seguros e outras);
˙ Duas Entidades Gestoras de Fundos de Pensões; (Angola, Agora, Amanhã
Seguros & Pensões; Fénix – Sociedade Gestora de Fundos de Pensões);
˙ A Sociedade Operadora de Sistema de Pagamentos de Angola;
˙ Duas Sociedades Gestoras de Participações Sociais (Sociedade de Gestão e
Participações Financeiras SARL – holding GEFI, SARL e Leadergroup, SA);

Em relação a Outras Entidades Financeiras existem:


˙ Treze Fundos de Desenvolvimento (Fundo de Apoio ao Desenvolvimento
Agrário; Fundo de Desenvolvimento dos Desportos; Fundo de Fretes; Fundo de
Desenvolvimento do Cinema; Fundo de Desemprego; Fundo de
Desenvolvimento do Café de Angola; Fundo de Apoio e Desenvolvimento das
Pescas; Fundo de Apoio Social; Fundo de Desenvolvimento Rodoviário; Fundo
de Apoio ao Empresariado Nacional; Fundo Nacional de Desenvolvimento, o
Fundo de Fomento Empresarial e o Fundo de Capital de Risco; o Fundo de
Desenvolvimento Económico e Social foi extinto em 2006);
˙ Dez Instituições de Previdência Social (Montepio Geral de Angola; Caixa de
Aposentações dos Funcionários do Comissariado Provincial de Luanda, antes
Caixa de Aposentações dos Funcionários da Câmara Municipal de Luanda;
Caixa de Auxílios dos Correios e Telégrafos de Angola, antes Caixa de Auxílios
dos Empregados dos Correios, Telégrafos e Telefones de Angola; Caixa de
Pensões e Aposentações do Pessoal das Alfândegas de Angola; Caixa de
Previdência dos Caminhos de Ferro de Benguela, antes Caixa de Reformas,
Pensões e Sociedade do Pessoal do Caminho de Ferro de Benguela; Cofre de

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Previdência dos Funcionários Públicos de Angola; Cofre de Previdência do
Pessoal do Ministério do Interior, antes Caixa de Previdência do Pessoal da
Polícia de Segurança Pública de Angola; Caixa de Previdência das FAA;
Montepio Ferroviário de Angola e a Caixa de Crédito dos Funcionários de
Apoio à Presidência).

1.1.3.1. O Banco Nacional de Angola (BNA)

 Órgãos de Governo e Organização Administrativa

 Órgãos Reitores
A Lei do Banco Nacional de Angola, Lei 24/2021, de 18 de Outubro, que revoga a Lei
16/10, de 15 de Julho, que revogava a Lei Orgânica do BNA de 11 de Julho de 1997,
estabelece no seu artigo 48º 1 os seguintes órgãos reitores:
1. Governador
2. Vice Governador 2 ou Vice Governadores
3. Conselho de Administração
4. Conselho de Auditoria
5. Conselho Consultivo

O Governador é nomeado pelo Presidente da República e exerce as suas funções por um


período de cinco anos.

Os Vice Governadores são nomeados pelo Presidente da República sob proposta do


governador e exercerão as suas funções por um período de cinco anos.

As principais competências do governador do BNA, são:


a) Ostentar a sua representação legal a todos os efeitos e perante o Tribunal.
b) Actuar, em nome do Banco, junto de instituições nacionais, estrangeiras ou
internacionais.
c) Convocar e presidir as reuniões do Conselho de Administração e a quaisquer
reuniões de comissões emanadas do mesmo.
d) Actuar como seu representante máximo e responder perante o Conselho de
Administração, encarregar-se da implementação da política e da gestão diária do
Banco.
e) Assinar os livros gerais podendo fazê-lo por rubrica.
f) Praticar tudo o que legalmente lhe seja incumbido.

A Lei 12/15 de 04 de Novembro, Lei de Bases das Instituições Financeiras, diz que só
as instituições de crédito bancárias podem receber depósitos ou outros fundos
reembolsáveis, para utilização por conta própria e exercer a função de intermediário de
liquidação de operações de pagamento, artigos 6º e 9º da Lei 12/20153. Estas entidades
são os bancos em geral e as instituições de microfinanças.

1
Vid. artigo 48º da Lei 16/10, do BNA.
2
Por achar conveniente acrescentá-mo-lo. Está previsto na Lei do BNA a existência de vice governadores,
como diz o artigo 51º da Lei, mas o artigo 48º não o tinha em conta.
3
Vid. artigo 6º da Lei nova de 2015.

9
As actividades previstas na presente lei regulamentadas pelo BNA, órgão supervisor, só
podem ser exercidas, a título profissional, pelas instituições financeiras não bancárias,
segundo o artigo 9º da nova lei4. Estas entidades sujeitas à jurisdição do BNA são:
Casas de Câmbio, Sociedades Cooperativas de Crédito, Sociedades de Cessão
Financeira ou Factoring, Sociedades de Locação Financeira ou Leasing, Sociedades
Mediadoras do Mercado Monetário ou de Câmbios, Sociedades de Micro Crédito,
Sociedades que Prestam Serviço de Pagamentos, e Sociedades Operadoras do Sistema
de Pagamentos, Compensação ou Câmara de Compensação.

Figura 3. Organigrama do Banco Nacional de Angola


Governador

Dois Vice Governadores

Gabinete do Gabinete de
Departamento de Supervisão das Instituições Financeiras
Departamento de Sistemas de Pagamentos e Operações

Departamento de Contabilidade e Gestão Financeira


Governador Auditoria Interna

Departamento de Gestão de Recursos Humanos

Departamento de Tecnologias de Informação

Departamento de Património e Serviços


Departamento de Controlo de Câmbios
Departamento de Mercados de Activos

Departamento de Estudos e Estatística

Gabinete de
Departamento de Gestão de Reservas
Departamento do Meio Circulante

Departamento da Dívida Externa

Departamento Administrativo
Desenvolvimento
Departamento Jurídico

Delegações Regionais
Organizacional
Bancárias

Conselho de
Conselho de
Conselho Administração
Auditoria
Consultivo

Fonte: BNA vários anos e elaboração própria.

4
Vid. artigo 9º da Lei 12/15.

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1.1.3.2. Funções do Banco Nacional de Angola

As principais funções do BNA encontram-se reguladas na Lei do BNA de 2021, a qual


no seu artigo 3º 5 estabelece que, como Banco Central e Emissor, tem como atribuição
principal assegurar a preservação do valor da moeda nacional e serão de sua
competência as seguintes funções gerais:
a) Conduzir, executar, acompanhar e controlar a política monetária;
b) Actuar como banqueiro único do Estado;
c) Direito exclusivo de emissão de notas e moedas metálicas;
d) Aconselhar o Executivo nos domínios monetário, financeiro e cambial;
e) Participar com o Poder Executivo na definição, condução, execução,
acompanhamento e controlo da política cambial e o respectivo mercado;
f) Actuar como intermediário, nas relações monetárias internacionais do Estado;
g) Velar pela estabilidade do sistema financeiro nacional, assegurando a função de
prestamista ou financiador em última instância;
h) Gerir as disponibilidades externas (reservas de divisas) do país que lhe estejam
cometidas;
i) Participar na elaboração da programação financeira anual do Executivo, de
modo a compatibilizar a gestão das reservas cambiais e o crédito a conceder pelo
BNA com as necessidades de estabilização e desenvolvimento da economia;
j) Garantir e assegurar um sistema de informação, compilação e tratamento das
estatísticas monetária, financeira e cambial e outros documentos, como
instrumento eficiente de coordenação, gestão e controlo;
k) Elaborar e manter actualizado o registo completo da Dívida Externa do país e
efectuar a sua gestão;
l) Elaborar a Balança de Pagamentos externos do país;
m) Exigir a qualquer entidade, pública ou privada, que lhe sejam apresentadas,
directamente as informações necessárias para o cumprimento das suas funções
ou, por motivos relacionados com as suas atribuições em matéria de política
monetária e cambial e do funcionamento dos sistemas de pagamentos,
regulando-os, fiscalizando-os e promovendo a sua eficácia.

Mas, se considerarmos a classificação mais vulgarmente aceite das funções de um


Banco Central, se distinguem as seguintes:
- Definição e execução da política monetária.
- Responsável pela execução da política de taxa de câmbio e o controlo de
câmbios (Política cambial).
- Direito exclusivo de emissão de notas e posta em circulação de moeda metálica.
- Banqueiro do Estado.
- Gestor das reservas de divisas ou das disponibilidades externas do país.
- Banco do sistema bancário.
- Supervisor do sistema financeiro.
- Garantir e assegurar um sistema de informação, compilação e tratamento das
estatísticas.

1.1.4. O Sistema de Crédito


5
Vid. artigo 3º da Lei 24/2021, do BNA.

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1.1.4.1. Evolução Histórica na Banca

1.1.4.1.1. No Mundo

Tal como a história da humanidade, a origem dos bancos está revestida de certa
controvérsia e pontos de descontinuidade, até porque não tem sido consensual quanto à
data de criação do primeiro banco, que se perde na infinidade do tempo, tal como certa
vez caracterizou o Prof. Joaquim Teles, que foi presidente do Sindicato dos
Contabilistas do Rio de Janeiro e contador-geral do Banco Carlo Pareto, SA:
“Perde-se no turbilhão de muitos séculos, consumidos no cabriolar constante da
Terra em torno do Sol, a origem dos Bancos”.

Até onde a descrição histórica, em seus primeiros ensaios, nos deixa perceber, vamos
encontrar, muitos anos antes da era cristã, no comércio que faziam os hindus e os
chineses os primeiros vestígios de operações bancárias.

Os hindus estendiam então o seu comércio para a China, para a Pérsia e para o Egipto,
iam em suas caravanas ao Mar Cáspio, em busca da Cólchida, nas margens do Ponto
Euxino que, como relata A. Conrado, se tornou centro importante das riquezas da Índia.

Seguindo ainda esse caminho, os produtos hindus vinham do importante empório da


Cólchida até às cidades gregas do Mar Negro, donde se supõe que eram levados à
Europa.

O extraordinário desenvolvimento do comércio Índico exigia avultados capitais, que


não possuíam os caravanistas, obrigados por isso a recorrerem aos capitalistas, que lhes
emprestavam a juros de 1 a 1¼ % ao mês, sob a caução de pedras preciosas e outros
valores.

Como descreve Boucher, citado por A. Conrado em sua obra “O Comércio e a


Navegação na História”, era usada a letra de câmbio, chamada undkgundi e por
abreviatura undengui, que significa valor-papel, pequena bola, como querendo dizer
papel que rola, que circula.

Muitos anos depois da época a que nos reportamos, mais acentuadas se nos deparam as
origens dos bancos e dos banqueiros nas operações que efectuavam os atenienses,
romanos e lombardos, dos quais a notícia, zombando e resistindo à acção destruidora de
muitos séculos, transmitindo-se de povo a povo, de nação a nação, conseguiu chegar até
aos nossos dias.

Os trapezistas atenienses já se notabilizavam pela lisura com que procediam, recebendo


dinheiro em conta corrente, de cuja operação não lhes era exigido recibo.

Os argentários romanos também faziam operações de depósito de dinheiro, pelas quais


pagavam reduzida taxa de juros, coberta pela diferença de taxa que pagavam os
mercadores, aos quais faziam empréstimos, proporcionando assim a frutificação de
capitais e lançando as primeiras bases para a constituição do banco.
Foram, entretanto, os judeus da Lombardia que concorreram para que a tais operações
se desse o nome de operações de banco.

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Era costume entre judeus lombardos, trazer para a praça ou feira uma banca sobre a qual
efectuavam as operações de compra e troca de moedas, de compra e venda de ouro e
pedras preciosas e de depósitos ou restituição de dinheiro.

Talvez venham dessa espécie de operações e dessa banca, sobre a qual eram realizadas,
as palavras banco e banqueiro, constituindo tais palavras o baptismo tradicional chegado
até nós.

Se por analogia nos foi dado achar a origem das palavras banco e banqueiro, vejamos
pelo mesmo processo se nos é possível encontrar a origem da palavra bancarrota, cuja
locução queria designar o fracasso de um banco.

A esse fracasso não escapavam os inexpertos banqueiros desses tempos, alguns dos
quais pagaram muito caro pelo facto de se arrastarem à ruína. Quando tal fracasso
sucedia, a população, em incontido e irreprimível enfurecimento, lançava-se contra o
banqueiro, fazendo-lhe a banca em cacos e não raro deixando-o também em farrapos.

Dessa destruição da banca e do estado a que ficava reduzido o infeliz banqueiro


originou-se, sem dúvida, a palavra bancarrota, que significa banco ou banqueiro
quebrado, falido.

Tanto para os romanos como para os gregos a profissão de comércio era considerada
coisa desprezível, pois tais operações eram efectuadas por gente humilde, por escravos
ou estrangeiros prisioneiros ou escravizados.

Roma, que era rica e senhora do mundo, quando lhe faltou a fonte da qual hauria toda a
sua riqueza, caíra em negra miséria.

Esse estado de miséria a que chegara a rainha do mundo, onde entretanto havia grandes
tesouros de arte, atraíra a cobiça de estrangeiros, que para ela afluíram com grandes
capitais, empregando-os em diversas especulações. Entre as que mais seduziram esses
estrangeiros estavam o comércio e a indústria, especialmente o comércio bancário.

Foi assim que, segundo os melhores historiadores, se criara em 1157, conforme opinam
alguns, ou em 1171, na opinião de outros, o primeiro banco – La Banca di Venezia – na
mesma cidade.

Pouco mais de um século após e nos moldes do então célebre Banco de Veneza, criaram
os barceloneses a Taula de Cambi, em 1349.

Meio século depois que se criara a Banco de Barcelona, se fundava no limiar da Idade
Média, em 1409, o Banco de São Jorge, de Génova, o mais célebre banco desse tempo,
segundo Girolamo Boccardo.

O Banco de São Jorge, que chegou a tornar-se perigoso para o Estado pela sua grande
importância, durou quase quatro séculos, vindo a falir em 1797.

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Em seguida, 1472, fundou-se, em Florença a Banca Salimberni, cuja importância foi
também notável, pois chegou a possuir cerca de cem agências espalhadas por diversas
partes do mundo.

A Idade Média, com as cruzadas religiosas, trouxe ao comércio um grande


desenvolvimento económico. Foi durante essas cruzadas que os europeus, entretanto em
contacto com os orientais por terra e descobrindo o caminho marítimo das Índias, deram
extraordinária expansão ao seu comércio, criando para ele a necessidade de grande
movimentação de capitais. Essa expansão comercial concorreu, sem dúvida, para uma
extraordinária difusão de bancos na Itália, Alemanha, França, Inglaterra e em outros
países da Europa.

Dos bancos então criados, dois conseguiram resistir aos embates das lutas oriundas de
tal expansão e chegar até aos nossos dias, ostentando na sua grandeza actual uma
tradição gloriosa.

O primeiro, fundado com o nome de Banca della Pietà, em 1539, tem hoje o nome de
Banca di Napoli e é um dos maiores bancos do mundo e de mais perfeita organização.

O segundo, fundado em 1622, é o Monte dei Paschi di Siena, que existe ainda e é
considerado a melhor instituição da Toscana. O Jornal de Angola de 6ª feira, 08 de
Março de 2013 diz que é um dos Bancos mais antigos do mundo e o terceiro maior da
Itália.

Além desses, outros bancos surgiram, os quais, pela sua organização e funcionamento,
mereceram destaque como instituições que marcaram presença em suas épocas:

O Banco de Amsterdam, em Amsterdam, Holanda, fundado em 1609.

O Banco de Hamburgo, em Hamburgo, Alemanha, fundado em 1619.

O Banco de Inglaterra, em Londres, Inglaterra, fundado em 1694 e cuja estrutura serviu de


modelo aos demais bancos organizados naquela e em épocas posteriores.

O Banco de França, em Paris, França, fundado em 1716.

O BanK of North America, em Filadélfia, Estados Unidos, fundado em 1781.

E é assim que, em lugar do obscuro judeu, do trapezista ateniense e do argentário romano,


em lugar da modesta “banca”, cujo despedaçar constituía desastrada perda, temos os
grandes bancos hodiernos, o moderno banqueiro, homem versado em Economia Política e
Finanças, hábil no manejo dessa coisa complexa que se chama câmbio e nas grandes
operações de crédito, seguro dos resultados desse manejo, encarando sem receio o jogo
constante de grandes e avultadas somas.

Sobre o actual banqueiro pesa, em grande parte, a responsabilidade de árbitro da expansão


económica da nação, pelo muito que pode e deve cooperar no desenvolvimento de seu
comércio, de sua indústria e de sua agricultura.

14
1.1.4.1.2. Em Angola

Data de 21 de Agosto de 1865 a abertura da primeira sucursal do Banco Nacional


Ultramarino (BNU) em Luanda, e as suas notas passaram a constituir a moeda oficial.
Pode-se afirmar que este facto marca a criação do sistema bancário angolano.

O descontrolo ao nível da emissão monetária conduziu a uma situação financeira


insustentável. Para contornar esta situação, as autoridades coloniais criaram a Junta da
Moeda para iniciar um processo de Reforma Monetária, cuja acção imediata era a
constituição de um banco emissor independente e a estabilização da moeda (o Escudo
português foi substituído pelo Angolar).

Em 31 de Outubro de 1926 o BNU encerrava as suas portas enquanto que em 17 de


Agosto do mesmo ano era criado o Banco de Angola, SARL, constituído por escritura
pública de 08 de Setembro de 1926, com sede em Lisboa.

O Banco de Angola deteve até 1957 o exclusivo comércio bancário na colónia, altura em
que foi criado o Banco Comercial de Angola (BCA) que não era mais do que uma
dependência do Banco Português do Atlântico (BPA).

O Decreto 36114 de 24 de Janeiro de 1947 introduziu alterações ao estatuto do Banco de


Angola, aprovado pelo Decreto 35670 de 28 de Maio de 1946 e, no seu artigo 3º definia
que “a sociedade (o Banco de Angola) destina-se, em geral, a promover o
desenvolvimento económico da colónia de Angola e, em especial, a explorar o privilégio
de emissão de notas de banco na referida colónia e exercer todas as demais operações que
lhe forem permitidas nos termos do presente estatuto e da lei”.

Por força daquele diploma legal as competências do Banco de Angola foram alargadas,
dotando-lhe o verdadeiro estatuto de banco emissor. Dentre as várias funções ressalte-se as
seguintes: criar e emitir notas de banco; descontar e redescontar letras e livranças;
conceder, por período não superior a cento e oitenta dias, empréstimos em conta corrente e
suprimentos devidamente caucionados; emitir saques, à vista e a prazo, e cheques
nominativos ou ao portador; negociar, descontar e comprar cheques e saques à vista e
ordens de pagamento; fazer empréstimos sobre penhores; comprar e vender ouro e prata
em moeda ou em barras, letras cambiais, títulos de crédito nacionais e estrangeiros;
recolher depósitos de quaisquer somas à ordem, a prazo ou em conta corrente; etc.

Desta infinidade de operações de crédito comercial, industrial e agrícola do Banco de


Angola faz sobressair a natureza, não só de banco emissor, mas fundamentalmente a
actividade comercial, e só a partir de 1957 é que o Banco de Angola começou a contar
com a concorrência de outros bancos e instituições financeiras, contava já com a sede em
Luanda, na Avenida Paulo Dias de Novais.

Assim, às vésperas da independência nacional o sistema bancário angolano era composto


pelo Banco de Angola, como banco emissor e banco comercial; por cinco bancos
comerciais, nomeadamente, o Banco Comercial de Angola (BCA), o Banco de Crédito
Comercial e Industrial (BCCI), o Banco Totta Standard de Angola (BTSA), o Banco Pinto
& Sotto Mayor (BPSM) e o Banco Inter Unido; e quatro estabelecimentos de crédito, a
saber, Instituto de Crédito de Angola, o Banco de Fomento Nacional, a Caixa de Crédito
Agro-Pecuário e o Montepio Geral de Angola.

15
Angola ascendeu à independência em condições adversas marcada por certa hostilidade, a
começar pelo fim que se pôs ao monopólio bancário que servia os interesses de grandes
grupos económicos estrangeiros. Em 14 de Agosto de 1975 a banca foi tomada para, em
1976 nacionalizar-se o Banco de Angola e o Banco Comercial de Angola (BCA).

Em decorrência da Lei 69/76 de 05 de Novembro, (publicada no Diário da República nº


226 de 10 de Novembro de 1976) o Banco de Angola foi confiscado e em sua substituição
foi criado o Banco Nacional de Angola (BNA). O diploma seguinte, Lei 70/76 da mesma
data, confiscou o BCA, instituindo em seu lugar o Banco Popular de Angola (BPA).

A actividade bancária passou a ser exclusivo monopólio do Estado, fortemente


influenciada pela Resolução sobre Política Económica aprovada pela 3ª Reunião Plenária
do Comité Central do MPLA, em Outubro de 1976 e ratificada pelo 1º Congresso do
MPLA, em Dezembro de 1977. Instituiu-se assim um rigoroso sistema de controlo da
economia nacional através do plano, das finanças e da banca.

Apesar de existirem dois bancos, na realidade o modelo era de monobanco, onde o BNA
assumia as funções de banco central, banco emissor e banco comercial, enquanto que o
BPA funcionava apenas como caixa de captação de poupanças, sendo-lhe vedado o
exercício da actividade creditícia.

Refira-se que o modelo económico adoptado era o de economia centralizada e planificada,


assente no modelo socialista. A partir de 1987, com o colapso do bloco socialista, deu-se
início ao processo de rompimento com este modelo de desenvolvimento, que só viria a
concretizar-se em 1991 com a abertura do negócio bancário à inicitaiva privada, com
excepção à faixa de banco central.

A Lei 04/91 – Lei Orgãnica do BNA, de 20 de Abril efectiva um sistema financeiro de


dois níveis, atribuindo-se a função de banco central e de reserva ao BNA e as funções
comerciais e de investimento e outras instituições financeiras, estas criadas ao abrigo da
Lei 05/91 de 20 de Abril que introduz no panorama financeiro as figuras de instituições
bancárias (bancos comerciais e de investimento ou desenvolvimento), as instituições
especiais de crédito (cooperativas, caixas e mútuas de crédito e instituições de poupança e
crédito imobiliário) e as instituições parabancárias (sociedades financeiras).

Neste novo panorama o BNA passou a dedicar-se à função de banco central, transferindo
de forma gradual a faixa comercial aos bancos comerciais. Assim o BPA de simples caixa
de captação de poupanças viu alargado o âmbito da sua actividade passando a ter funções
de banco comercial, e através do Decreto 47/91 de 16 de Agosto, altera a designação para
Banco de Poupança e Crédito (BPC). Duas novas instituições públicas foram criadas,
nomeadamente o Banco de Comércio e Indústria (BCI), pelo Decreto 08-A/91 de 16 de
Março, com início de actividade a 11 de Julho de 1991 e a Caixa de Crédito Agro-Pecuária
e Pescas (CAP), pelo Decreto 08-B/91 de 16 de Março, e com início de actividade em 29
de Maio de 1991. Entretanto, esta última instituição abriu falência e foi extinta a 26 de
Maio de 2000, pelo Decreto 28/00.

Apesar do enquadramento jurídico-legal o permitir, só a partir de 1993 é que começa a


surgir no mercado financeiro nacional, instituições bancárias estrangeiras e privadas,
nomeadamente, sucursais de bancos portugueses, como: o Banco Totta & Açores (BTA)
em 29 de Abril de 1993 e transformado em banco de direito angolano, com a designação

16
de Banco Totta de Angola (BTA), por decisão do Conselho de Ministros de Angola de 22
de Fevereiro de 2002; o Banco de Fomento e Exterior (BFE) em 09 de Julho de 1993, e
transformado em banco de direito angolano, com a designação de Banco de Fomento
Angola (BFA), por decisão do Conselho de Ministros de Angola de 22 de Fevereiro de
2002; e o Banco Português do Atlântico (BPA) a 14 de Maio de 1994, entretanto,
transformado sucessivamente em Banco Comercial Português (BCP) em 30 de Janeiro de
2002 e, posteriormente em Banco Millennium Angola, por decisão do Conselho de
Ministros do dia 22 de Fevereiro de 2006; e bancos privados de direito angolano como o
Banco Africano de Investimento (BAI) a 03 de Outubro de 1997; o Banco Comercial
Angolano (BCA) a 08 de Fevereiro de 1999; o Banco Sol (BS) a 08 de Outubro de 2001; o
Banco Espírito Santo Angola (BESA) a 24 de Janeiro de 2002; o Banco Regional do Keve
(BRK) com início de actividade a 01 de Outubro de 2003; o Novo Banco (NB) autorizado
a operar a 19 de Novembro de 2003 e o Banco Internacional de Crédito (BIC) autorizado a
operar a 11 de Abril de 2005; e ainda outros bancos que têm estado a ser criados.

Actualmente o sistema creditício angolano está estruturado da seguinte maneira, como se


pode ver no quadro 4:

O Banco Nacional de Angola aparece como órgão reitor das entidades de crédito, que são:
os bancos, o Fundo de Desenvolvimento Económico e Social, o Fundo de Fomento
Empresarial, as Sociedades Cooperativas de Crédito e as Sociedades de Micro Crédito.

Figura 4. Entidades de Crédito em Angola

Banco Nacional de Angola

Sistema Bancário Sociedades Sociedades de Outras


Fundo Nacional de Fundo de
Desenvolvimento Cooperativas Micro Crédito Entidades
Fomento
Empresarial de Crédito

Bancos Instituições de Caixa de Crédito


Microfinanças dos Funcionários
de Apoio à
Presidência

Fonte: elaboração própria.

De acordo com a Lei 14/2021, das Instituições Financeiras, entende-se por instituição de
crédito toda entidade financeira bancária ou não bancária que coloca ou promete colocar
fundos à disposição de uma pessoa singular ou colectiva contra a promessa de esta lhe
restituir na data de vencimento ou contrai, no interesse da mesma, uma obrigação por
assinatura, tal como uma garantia.

De acordo com esta Lei são consideradas instituições de crédito as entidades financeiras
bancárias (bancos e instituições de microfinanças); as sociedades cooperativas de crédito;
e as sociedades de micro crédito.

Como não existia um banco público de fomento, o Governo criou, segundo o Decreto
21/99 de 27 de Agosto, o Fundo de Desenvolvimento Económico e Social (FDES), com o

17
objectivo de financiar acções que garantissem o desenvolvimento económico e social
nacional. Este Fundo é uma instituição de crédito oficial e tem carácter transitório, até que
estejam criadas as condições para a existência de um banco de fomento. Este Fundo foi
extinto em 2006, com a criação do Banco de Desenvolvimento de Angola /BDA).

No ano 2006 criou-se o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) que é uma


instituição de crédito pública que tem como objectivo o estímulo da iniciativa privada,
visando a dotação de bens e equipamentos, a capacitação e o acesso às novas
tecnologias necessárias para a actividade produtiva das pequenas, médias e grandes
empresas.

Existe actualmente o Fundo de Fomento Empresarial criado em 2008. É uma entidade


de crédito pública que tem como objectivo servir de mecanismo para potenciar o sector
empresarial privado angolano. Este fundo será dirigido preferentemente às empresas do
sector industrial e ajudará a reestruturar diversos projectos de investimentos já
iniciados.

1.2. Intermediação Financeira e Prestação de Serviços

1.2.1. Intermediação Financeira

1.2.1.1. Caracterização e função económica das Instituições de Crédito (IC)

Uma das funções fundamentais dos bancos e de outras IC no sistema económico é a


canalização da poupança para o investimento e consumo, e isto não é mais do que
intermediação financeira.

A Intermediação Financeira é a canalização, efectuada pelos bancos (e outros


intermediários financeiros) dos fluxos financeiros de sujeitos com excedentes
(Poupança) para os que deles têm carência (Investimento e Consumo).

Esta função, que se materializa na captação das poupanças sob a forma de depósitos e
na sua cedência através da concessão de crédito, reveste-se das seguintes características:

 O portador e o tomador de fundos não se conhecem;

 Os riscos inerentes à colocação (rentabilidade ou rendibilidade, solvabilidade e


liquidez) são assumidos pelas instituições financeiras intermediadoras.

Paralelamente à actividade de intermediação financeira que é a fundamental, os bancos


desempenham ainda outras funções de natureza complementar a esta, como sendo a
realização de operações cambiais, a realização de operações de desconto de títulos de
crédito, a prestação de garantias, guarda e gestão de carteira de títulos de clientes,
guarda de valores, aluguer de cofres, emissão de ordens de pagamento, etc.

A contabilidade bancária e a de outras IC como instrumentos para o acompanhamento


da actividade de uma instituição bancária ou afim assume os dois seguintes tipos
complementares de interesses:

18
̶ Do ponto de vista interno, de gestão, a contabilidade bancária ou a de uma IC
permite, de acordo com determinadas regras e procedimentos, acompanhar a
actividade do banco ou de outra IC em termos de conhecimento da sua situação
patrimonial (liquidez, solvabilidade, compatibilização dos fundos próprios)
resultados de exploração, etc.

̶ Do ponto de vista macro-económico, a contabilidade bancária ou a de uma IC


produz informação cujo interesse para a condução da política económica é
indiscutível, quer ao nível da política monetária (reservas obrigatórias, redesconto,
crédito interno) e quer ao nível da política cambial (taxa de câmbio, disponibilidades
sobre o exterior).

O posicionamento de um banco ou de uma IC no sistema económico envolve a


necessidade de pautar a sua actividade assente num conjunto de requisitos que vai da
segurança ao sigilo bancário. O problema da segurança está ligado à volatilidade da
“mercadoria” transaccionada: o dinheiro. Desse facto, uma das mais relevantes funções
da banca consiste na responsabilidade que assume na sua função creditícia substituindo-
se ao sujeito que cede as poupanças. Esta função configura importantes ganhos sociais
graças à especialização e à dispersão de riscos que, deste modo são conseguidos.
Complementarmente a este aspecto de confiança recíproca em termos de solvência
patrimonial, coloca-se uma outra questão também muito ligada à especificidade da
função, a necessidade de manter sigilo sobre a natureza das operações.

1.2.1.2. Evolução da função sócio-económica de um banco ou de uma IC

Actualmente, com os ventos da globalização e os significativos avanços nas tecnologias


de informação e comunicação, verifica-se novas tendências nos sistemas financeiros
modernos, com particular realce para os bancos e demais IC que cada vez mais vão
diversificando o seu âmbito de actividade e de negócios, adoptando hoje a figura de
banca universal.

Mais do que simples intermediários financeiros os bancos e outras IC direccionam as


suas acções em várias vertentes: desintermediação, concorrência, titularização,
universalização, inovação, liberalização e internacionalização.

Tradicionalmente o financiamento das economias era realizado, sobretudo, por


intermédio das instituições bancárias, e ainda hoje o é, em larga medida.

Todavia, a actuação das instituições bancárias tem vindo a afastar-se cada vez mais da
sua função clássica de intermediação financeira, receber depósitos e conceder créditos,
ou seja, transformar os depósitos em créditos.

Os bancos passaram a competir directamente com outras empresas financeiras na


prestação de novos serviços, e estas, por sua vez, apresentam também produtos dirigidos
aos clientes tradicionais da banca. Esta “despecialização” institucional dos bancos tem
permitido o surgimento da concorrência, que se impõe cada vez mais com uma certa
agressividade e a inovação que ocorre nas técnicas utilizadas para realizar as operações
tradicionais e nas formas de operar.

19
Regra geral, a actividade bancária e de crédito, pela sua especificidade e repercussões
económicas, foi sempre alvo de uma cerrada regulamentação por parte dos poderes
instituídos. No entanto, devido às pressões resultantes das rápidas transformações
económico-financeiras mundiais, tem havido necessidade de ultrapassar esses limites,
procurando novos produtos, mais concorrenciais e que possam satisfazer as
necessidades cada vez mais diversificadas dos clientes. A desregulamentação, uma das
tendências observadas nos sistemas financeiros modernos, significa o aligeiramento, em
geral, da legislação sobre mercados financeiros.

Isto significa que é necessário estabelecer um equilíbrio entre a regulamentação


indispensável e a flexibilidade suficiente, de modo a permitir a adaptação e a expansão
do mercado.

1.2.1.3. Conceito e Objectivos dos Intermediários Financeiros

Um sistema económico é muito mais que uma constelação de mercados, pressupõe a


existência de um quadro institucional, dentro do qual actua uma estrutura de poder capaz
de exercer o controlo e coordenar as actividades económicas.

A economia dos nossos dias, é cada vez mais complexa. A sua análise e o seu
entendimento requerem processos sofisticados e grandes doses de imaginação. As inter-
relações entre a economia real e os sistemas financeiros são de tal tenor que, não
somente a actividade e o comportamento de um afecta sensivelmente à conduta do outro,
senão que determinadas entidades financeiras e agentes produtivos de outros sectores,
são partes integrantes de uma mesma unidade de decisão. Tudo isto deve entender-se
como uma resposta ao processo de crescimento seguido por determinado sistema
económico.

Os activos financeiros emitidos pelas unidades económicas de gasto para cobrir o seu
déficit podem ser adquiridos directamente pelos que poupam últimos da economia. Mas,
à medida que esta se desenvolve torna-se necessária a aparição de instituições que
medeiem entre os agentes com superávit e aqueles que possuem déficit com o fim de
tornar baratos os custos na obtenção de financiamento, e de facilitar a transformação de
uns activos em outros, tornando-os mais atractivos para ambos.

O processo de transformação, exige um custo que naturalmente teremos que acrescentar


ao preço da matéria prima - os depósitos, etc. - para determinar o preço do produto - o
crédito -. Parece que o papel da banca será o de tentar obter a matéria prima ao menor
preço e reduzir ao máximo os gastos de transformação, para conseguir um produto
barato. Quanto mais reduzidos forem os gastos de transformação por unidade de
produto, mais eficiente será o sistema.

Citando Antonio Torrero, “as empresas financeiras têm características específicas que
tornam aventurado alargar a elas a lógica que normalmente se admite em empresas
dedicadas a actividades produtivas. As mais importantes são, por um lado, a maior
possibilidade de fuga em situações difíceis, com a tentação que isto supõe de aceitar
níveis crescentes de risco, com o objectivo de manter a rentabilidade; e, por outro lado, a
superior capacidade de demorar a aparição de perdas reais, o que implica que estas
podem-se acumular e que, quando se manifestam, a sua dimensão cause surpresa”.

20
“Os intermediários financeiros se definem como o conjunto de instituições
especializadas na mediação entre os prestamistas e os que pedem emprestado últimos da
economia”. Em qualquer economia, muitos outros agentes são ao mesmo tempo
prestamistas e os que pedem emprestado. Muitas famílias e empresas têm depósitos
bancários ou Letras do Tesouro, e são titulares de crédito ou investem em outras
empresas e ao mesmo tempo, desfrutam de linhas de crédito.

“Ao buscar-se uma caracterização precisa do papel dos intermediários financeiros, não
bastaria dizer que são agentes económicos que emprestam e pedem emprestado fundos,
pois o mesmo fazem muitos outros agentes, mas deveria precisar-se que tal actividade de
emprestar e pedir emprestado constitui o eixo básico da sua actividade mercantil e na
razão da sua existência e que estão sempre dispostos a receber todos os fundos que se
deseje depositar a taxas de juros anunciadas”.
“Neste sentido, os intermediários financeiros diferenciam-se dos agentes mediadores
(dealers) em que estes compram e vendem activos financeiros para manter um
património, não originando na sua actividade nenhum câmbio nos activos negociados,
pois os dealers não criam novos nem diferentes activos. Pelo contrário, os intermediários
financeiros adquirem activos como forma de investimento e não os revendem, mas, com
base neles, criam activos novos que colocam entre os que poupam, obtendo destes os
fundos necessários para a realização dos seus investimentos”.

1.2.1.4. Vantagens da Intermediação Financeira

A função de mediação financeira é geralmente vantajosa para todas as unidades


económicas, tanto para os prestamistas como para os que pedem emprestado. Com efeito,
para os primeiros porque os intermediários financeiros lhes oferecem novos activos
financeiros (indirectos) em que materializar a sua riqueza, a uns custos muito inferiores aos
que pagariam se tivessem que ir ao mercado para consegui-los. Por outro lado, a mediação
financeira também gera vantagens para os que pedem emprestado últimos ao facilitar-lhes a
movimentação dos fundos de financiamento e a redução do custo do mesmo, melhorando
as oportunidades de obter recursos dos pequenos poupadores que, na ausência dos
intermediários, na maioria dos casos, não iriam ao mercado, diminuindo assim os fundos
disponíveis para serem adquiridos pelas unidades económicas deficitárias.

Como vantagem adicional dos intermediários, podemos dizer que, em igualdade de


rendimento, o prestamista preferirá obter um direito sobre as receitas futuras do
intermediário em vez de um direito sobre as receitas futuras do que pede emprestado
último. Unicamente preferirá a este sobre aquele, no caso de que os seus passivos sejam
oferecidos a uma taxa de juro superior.

O papel chave dos intermediários financeiros numa economia é o de "aceitar passivos dos
que pedem emprestado últimos que os poupadores últimos não aceitariam e emitir passivos
para estes agentes, cuja duplicação não está ao alcance dos que pedem emprestado". Este
processo de transformação de activos constitui a base de actuação dos intermediários
financeiros que, ao exercê-la, criam activos de características únicas, dentro da diversidade
de formas que podem revestir (contas correntes, depósitos a prazo, bónus bancários,
apólices de seguros, etc.).

Os recursos da economia são movimentados no mercado, na sua maior parte, por


intermediários financeiros, que trabalham de forma especializada e voltados para entrosar

21
expectativas e interesses de agentes económicos com capacidade de poupança, com os
tomadores de recursos.

O objectivo de crescimento e desenvolvimento económico dos países elevou a importância


do papel do sistema financeiro, por meio, principalmente do seu aporte de liquidez ao
mercado e oferta diversificada de recursos para financiamento.

O aperfeiçoamento dos mecanismos de intermediação financeira contribui de forma


relevante para o bem estar económico de um país, actuando sobre os níveis de poupança,
investimento, rendas, taxas de emprego, consumo, entre outros.

Um país para se desenvolver tem de investir, aumentando desta forma a sua capacidade
produtiva, promovendo o emprego, factor determinante de melhoria das condições sociais
da população. Com a elevação do nível de vida os sujeitos económicos estarão em
condições de alocar cada vez mais recursos em poupanças, factor crítico para as
necessidades financeiras de investimento, e assim, retoma-se o círculo virtuoso de
desenvolvimento, com os bancos a exercerem o papel de impulsionador do
desenvolvimento, pois na sua actividade de intermediação financeira, transformam recursos
ociosos (poupanças) em recursos produtivos (investimentos), combinando, de forma
racional e equilibrada, as expectativas dos agentes, detentores de poupanças, às
necessidades dos agentes tomadores de recursos.

Portanto, a intermediação financeira é de longe a mais importante fonte de recursos para as


necessidades de investimento, com vantagens e comodidade para os seus intervenientes.
Estas vantagens decorrem dos seguintes factores:

 Custos de transacção: são os custos de tempo e dinheiro gastos ao se tentar efectuar


uma troca de activos financeiros, bens ou serviços. O sistema financeiro actua como
intermediário entre aforradores e tomadores de empréstimos, pois reduz os custos de
transacção ao prover serviços financeiros;

 Economias de escala: é a redução de custos por unidade monetária transaccionada


decorrente do aumento do número de transacções;

 Assimetria de informação: problemas de assimetria de informação surgem sempre


que uma das partes envolvidas numa transacção não tem toda a informação relevante
para tomar uma decisão correcta;

 Selecção adversa: é o problema gerado pela assimetria de informação antes que a


transacção seja efectuada. Em mercados financeiros o problema de selecção adversa
ocorre porque os tomadores de empréstimos que têm a maior probabilidade de
produzir um resultado indesejável do ponto de vista do emprestador de recursos são
exactamente aqueles que mais activamente procuram tomar empréstimos e portanto
são os que mais provavelmente sejam seleccionados para recebê-los.

 Risco moral: em mercados financeiros o risco moral ocorre quando, depois que
uma transacção foi efectuada, existe o risco de que o tomador dos recursos se engaje
em actividades indesejáveis (que reduzam o retorno ou aumentem o risco do
investimento) do ponto de vista do emprestador.

22
1.2.1.5. Tipos de Intermediários Financeiros

Podem existir (e existem de facto) diferenças entre os países. Segundo as suas


características e modalidades, pode-se distinguir em linhas gerais dois tipos de
intermediários financeiros: os intermediários financeiros bancários e os não bancários.

. Intermediários Financeiros Bancários

Estes estão constituídos pelo Banco Central e as entidades bancárias, e se caracterizam


porque uma parte dos seus passivos (notas e depósitos à vista) são passivos monetários, isto
é, aceites geralmente pelo público como meio de pagamento e, portanto, são dinheiro. Estas
instituições podem gerar recursos financeiros, não se limitando a realizar uma função de
mediação bancária.

Dentro dos intermediários financeiros bancários, o Banco Central é o encarregado de


executar a política monetária do governo, enquanto que as entidades bancárias realizam
operações activas com particulares, empresas e outras instituições, para o qual necessita
captar recursos mediante a geração de depósitos à vista, a prazo, etc.

. Intermediários Financeiros não Bancários

Estes, à diferença dos anteriores, os seus passivos não são dinheiro, por isso, a sua
actividade é mais mediadora do que a daqueles. Dentro dos intermediários financeiros não
bancários podem-se incluir uma grande variedade de instituições, com características
próprias para cada país, mas que se podem recolher nos seguintes subgrupos:

a) Intermediários financeiros não bancários cujos passivos, ainda que não sejam
dinheiro, têm, em linhas gerais, um valor monetário fixo e podem ser convertidos
em dinheiro com facilidade. Neste subgrupo se incluem as instituições de poupança
(caixas de poupança e cooperativas de crédito de alguns países, sociedades de
empréstimo à construção) que captam recursos através de depósitos de poupança, a
prazo e certificados de depósito, que ao serem de giro lento, lhes permitem
conceder empréstimos a médio e longo prazo e adquirir activos de renda fixa a
longo prazo.

Na actualidade, as Caixas de Poupança e as Cooperativas de Crédito aparecem, em


muitos países, dentro dos intermediários financeiros bancários pois que, como a
banca, captam recursos à vista mobilizáveis mediante cheque, que constituem
dinheiro.

Também neste subgrupo incluem-se por um lado os bancos de negócios que captam
recursos a médio e longo prazo mediante depósitos a prazo ou emissão de bónus ou
acções e proporcionam financiamento a médio e longo prazo aos interessados, e as
companhias de financiamento de vendas a prazo, que tomam crédito a curto e
médio prazo ou recebem depósitos para financiar vendas a prazo, em especial bens
de consumo duradouro.

b) Instituições cujos passivos têm um valor monetário que pode variar com
frequência. Trata-se basicamente dos fundos e sociedades de investimento que

23
colocam os seus participantes ou acções, geralmente, entre os pequenos poupadores
com o fim de obter recursos para a aquisição de valores bolsistas, sobretudo acções.

c) Instituições seguradoras, entre as que se incluem as companhias de seguros, cuja


função mediadora é subsidiária da sua actividade seguradora de riscos, que é a
principal. Estas instituições se caracterizam por acumular importantes reservas a
partir dos prémios dos segurados, que investem em obrigações, acções, etc.
À diferença dos anteriores, os seus passivos só podem ser convertidos em dinheiro
antes do momento previsto (sinistro, aposentação, etc.) com fortes perdas e grandes
restrições.

1.2.1.6. Serviços Prestados pelos Intermediários Financeiros aos Agentes Económicos

 Redução do Risco

A actuação dos intermediários financeiros permite reduzir o risco dos diferentes activos
mediante a diversificação da carteira. Além disso, estes podem obter, a longo prazo, um
rendimento de suas carteiras superior ao obtido por qualquer agente individual ao
aproveitar as economias de escala que se derivam da gestão das mesmas. Estas economias
de escala aparecem por três razões fundamentais:

1. Indivisibilidades: dado o volume elevado de recursos que dispõem os


intermediários financeiros podem adquirir activos de qualquer valor nominal,
circunstância que pode estar vedada a muitos indivíduos cujos recursos sejam
inferiores a estes nominais mínimos. Por isto, o intermediário financeiro pode
diversificar mais, porque a sua carteira de activos é maior.

2. Economias de gestão: num mercado financeiro, caracterizado por correntes


contínuas de informação, é necessário obter os conhecimentos mais completos,
rápidos e fiáveis sobre a evolução dos mercados, preços, desenvolvimento futuro
dos mesmos, etc. Dado o volume de operações de um intermediário financeiro, este
pode dedicar maior quantidade de recursos para aceder a esta informação e, o fará
de forma mais eficiente, dado que estas instituições (Bancos, Caixas de Poupança,
Companhias de Seguro, etc.) têm um grande número de profissionais que se
dedicam a tempo completo a manejar as suas carteiras de activos em função desta
informação que obtêm.

3. Economias de transacção: refere-se a que as carteiras dos indivíduos não


permanecem constantes ao longo do tempo, mas que, pelo contrário, requerem
câmbios nos seus activos, os quais supõem custos de transacção (impostos, direitos
e comissões de mediadores, etc.).

Ao estabelecer estes custos normalmente como uma quantia fixa, ou de forma decrescente
ao valor da operação, os intermediários financeiros incorrem em custos mais baixos e
obtêm rendimentos mais altos que os de um investidor particular.

Estas três razões permitem aos intermediários financeiros obterem um rendimento da sua
carteira de activos superior, para qualquer nível de risco, comparando com o que poderia
obter um agente particular que só dispusesse de um volume de fundos relativamente
pequeno. Desde o ponto de vista económico, provavelmente o oferecer direitos sobre uma

24
carteira diversificada de activos é a função crucial dos intermediários financeiros e a que
melhor explica o seu papel na economia.

 Adequação às necessidades de prestamistas e dos que pedem emprestado

A actuação dos intermediários financeiros permite adequar-se às necessidades de


prestamistas e dos que pedem emprestado. Com efeito, mediante, basicamente, a
transformação dos prazos das suas operações, podem realizar tal adequação. Esta
transformação significa de maneira simples que captam recursos a curto prazo, e cedem-
nos a prazos maiores. Desta forma, esta actuação permite que prestamistas e os que pedem
emprestado não necessitem pôr-se previamente de acordo sobre o prazo da operação
concertada.
Não obstante, a transformação do prazo das operações pelos intermediários financeiros
supõe um risco para eles, não reduzível através da diversificação e, consistente na
possibilidade de que as taxas de juros a curto prazo se elevem, tendo que pagar mais pelos
recursos captados neste período de tempo que pelos emprestados a prazo mais longo. Para
fazer frente a este risco, o intermediário estabelece um diferencial favorável de interesses
entre ambos prazos.

 Gestão do Mecanismo de Pagamentos

Os intermediários financeiros realizam a denominada gestão do mecanismo de pagamentos.


Para isto, os intermediários financeiros bancários admitem, entre outros, depósitos em
conta corrente, cujos talões comprovativos são utilizados habitualmente como meios de
pagamento. Assim, os intermediários têm um papel central neste mecanismo de
pagamentos da economia através do abono ou do encargo destes talões nas contas dos
agentes económicos.

1.2.1.7. O Risco das Operações de Crédito

1.2.1.7.1. O Risco no Crédito Bancário e no de Outras IC

Em qualquer operação de crédito está subjacente o risco que em certa medida é coberto
pelo juro. A cobrança de juro, prática comum nos dias de hoje, começou por ser
condenada, na idade média, pela Igreja Católica. A condenação da cobrança do juro pela
Igreja, causou uma certa paralisação na actividade bancária durante aquela época e foram
os judeus que passaram a desempenhar um papel preponderante nesta actividade.

A contrariar a tese de São Tomás de Aquino, segundo a qual quem receber juro por
empréstimo está a praticar um acto injusto, porque está a vender algo que não existe,
surgem duas teorias:

 A do lucro cessante; quem tem dinheiro pode aplicá-lo de modo a obter um lucro e,
se o empréstimo impede a obtenção desse lucro, então é legítimo cobrar um juro em
compensação do lucro que se deixou de obter;

 A do dano emergente; quem empresta dinheiro corre o risco de este lhe não ser
restituído e, portanto, o juro será uma compensação por esse risco.

25
O risco é um dos elementos fundamentais, ligado à essência do próprio crédito, na
apreciação e decisão de qualquer operação. Toda e qualquer operação de crédito comporta
em si um risco e neste sentido deve ser considerado.

É evidente que o risco tem um campo de análise muito vasto, por vezes, difícil, complexo,
e, em muitos casos, até subjectivo.

Desde logo porque tem origens, razões e natureza muito diversificadas. Depois porque,
também, os diversos intervenientes ou agentes têm perante o risco atitudes diferenciadas
que resumiríamos nos seguintes tipos:

 Há os que têm aversão ao risco; isto é: não querem correr riscos ou, quando muito,
ponderam demoradamente o risco que podem correr e só o correm se a
rentabilidade lhes for elevada e muito atractiva.
 Há os que são indiferentes ao risco; não ponderam suficientemente os riscos que
correm, quando não mesmo os ignoram ou negligenciam.

 Há, ainda, o “jogador” que gosta de correr riscos ou tem perante eles uma atitude
de confrontação ou desafio; sente-se atraído pelo abismo e gosta de experimentar a
sensação.

 Há, finalmente, aqueles – e julgamos que os mais avisados – que aceitando,


conscientemente, correr riscos, sabem ponderá-los e avaliá-los correcta e
sensatamente no momento próprio.

Por outro lado, as técnicas de análise do risco têm vindo, ao longo dos tempos, a
experimentar diversas adaptações face a crescente complexidade e volume do crédito e,
também, às novas tecnologias e recursos de gestão disponíveis, mas visando sempre
minorar a influência dos riscos de natureza subjectiva.

Encontramos, assim, técnicas baseadas em documentos financeiros (balanços,


demonstração de resultados, orçamentos, etc.) e que se apoiam em simples indicadores
relacionados com a liquidez, solvabilidade, grau de endividamento, de autonomia
financeira, etc.

Outras, mais recentes e em desenvolvimento, baseadas em dados de mercado, estatísticas


externas e outras que, utilizando o sistema de rácios, permitem situar a empresa no
respectivo sector de actividade em termos de risco comparado.

Uma dessas técnicas, em fase de adaptação e desenvolvimento, mas cuja prática se vem
gradualmente implementando, é o chamado “scoring”.

Como método de análise do crédito, fundamentalmente aplicável ao “crédito aos


particulares”, visa a análise objectiva do risco, procurando avaliar a capacidade e
solvabilidade do cliente. Baseia-se na combinação sistematizada de indicadores,
principalmente através da quantificação de certos elementos do crédito, mais ou menos
relevantes e considerando as características da operação. A pontuação final, comparada
com uma notação padrão previamente definida, marcará objectivamente a decisão,
visando, também deste modo, reduzir o carácter subjectivo mas que, apesar de tudo, se
torna muito difícil evitar.

26
O “scoring” como método ainda, relativamente, recente de avaliação aplicado ao “crédito
pessoal a particulares” tem, também em vista a celeridade ou quase automatização do
processo de concessão de crédito, uma vez que se trata duma modalidade prática mais ou
menos simples, em rápida e crescente expansão suscitando grande dinamismo e
agressividade entre a concorrência bancária e de outras IC.

Associado à natureza intrínseca do crédito, toda a operação de crédito envolve risco, ou


seja: a possibilidade ou probabilidade de não ser paga em tempo devido, por razões de
vária ordem.

O risco é, assim, um elemento básico na apreciação do crédito e que, normalmente, se


mantém ao longo do decurso da respectiva operação.

1.2.1.7.2. Sua Origem

A origem do risco, pode ser muito diversa e poderíamos, globalmente, ordená-la da


seguinte forma:

1. De origem geral, relacionada com:

 Situação político-económica nacional e internacional;

 Conflitos sócio-laborais;

 Catástrofes naturais;

 Revoluções, conflitos militares, razões políticas, etc.

2. De origem particular, relacionada com:

 Situação concreta do cliente: Sua reputação, idoneidade, experiência profissional,


capacidade e conhecimentos de gestão, situação económico-financeira,
posicionamento na concorrência e seu grau de domínio ou dependência, condições
de instalação e exploração da empresa, etc. Apreciado de outra forma poderíamos
assim sintetizar:

 Risco de negócio: Associado à gestão da exploração e às condições do


negócio;

 Risco financeiro: Associado à estrutura e situação financeira da empresa.

 Condições concretas da operação: Relacionadas com o seu objectivo ou finalidade,


montante, prazo, forma de utilização, plano de pagamento, modalidade do crédito,
tipo e valor das garantias, etc.

 Situação e perspectivas do sector de actividade ou ramo profissional:


Competitividade, tendências sectoriais de evolução, condicionamentos de natureza
interna e externa, origem e condições de abastecimento dos mercados nacionais e
internacionais, fontes e stocks das matérias primas, grau de evolução tecnológica,
características próprias da actividade (agrícola, comercial, industrial, turística,

27
serviços, etc.) ou do ramo profissional e seu enquadramento nas condições,
exigências e garantias do mercado de trabalho e outras.

1.2.1.7.3. Sua natureza

Também o risco pode advir ou estar associado a situações, origens e razões de variada
natureza, entre as quais destacaremos:

1. Subjectiva

O risco de natureza subjectiva não é quantificável e depende:

 Das análises pessoais, dos conhecimentos, experiência, isenção, senso e


sensibilidade dos analistas e decisores do crédito;

 Da valoração feita, diferente de indivíduo para indivíduo, de certos aspectos,


especialmente de natureza pessoal, como sejam: idoneidade, seriedade,
competência, vocação, confiança, etc. Neste particular dificilmente um sujeito será
apreciado exactamente da mesma maneira por duas pessoas diferentes, porque
diferentes serão, também, os juízos de valor, as sensibilidades e os conceitos – é a
subjectividade em presença com os seus efeitos.

Só por estas razões se poderá afirmar que há sempre um risco potencial em qualquer
operação de crédito, que deve ser minorado independentemente do rigor técnico da análise
ou da natureza das garantias. Hoje em dia existe uma clara tendência, até pelos meios
tecnológicos disponíveis, mais ou menos sofisticados, de reduzir o peso e influência dos
riscos de natureza subjectiva nas decisões de crédito.

2. Objectiva

O risco de natureza objectiva é quantificável, por isso, susceptível de tratamento e


verificação por:

 Análises cuidadas de balanços, fichas de posição e de responsabilidades;

 Apreciação das características e condições concretas das operações e dos negócios;

 Estudos económicos de mercado, de sectores de actividade, etc.

3. Previsível

Por factos mais ou menos identificáveis ou apreendidos pelo senso comum ou através da
consulta de elementos ou instâncias fidedignas e, ainda, por via de captação de sinais de
alerta mais ou menos reveladores.

Estes sinais ou a sua interpretação, contendo uma natural carga subjectiva, podem, no
entanto, despertar ou direccionar a atenção para uma atitude mais cuidadosa e preventiva.

28
4. Imprevisível

Por factos desconhecidos ou de difícil ou impossível determinação e controlo, como sejam,


por exemplo: a concorrência inesperada de uma grande multinacional que provoque
distorções profundas no mercado, falência do principal cliente ou fornecedor,
encerramento inesperado da principal fonte de abastecimentos de matéria prima, incêndio,
catástrofe, conflito armado, etc.

No entanto, em qualquer destes dois últimos aspectos do risco – previsível e imprevisível –


é sempre de interesse avaliar e considerar o grau respectivo, para se ponderar sobre a maior
ou a menor exposição ao risco e daí se anteciparem medidas adequadas à sua prevenção e
defesa. A experiência ou maturidade, associadas à capacidade de observação e
interpretação e análise, podem ter, também aqui, a sua benéfica influência.

1.2.1.7.4. Divisão e Prevenção

Sendo o risco um elemento intimamente associado ao crédito bancário, haverá que atender
a algumas recomendações, procedimentos ou cautelas para o prevenir, ou sempre que
possível, para dividir e amortecer o seu peso e influência. Indicamos algumas delas:

1. Divisão/Diversificação da clientela
Evitando concentração excessiva das responsabilidades, mas alargando o leque de clientes
e, assim, dividir o risco.

2. Divisão do montante das operações


Evitando excessivas responsabilidades num número muito restrito de operações e, assim,
reduzir os efeitos negativos de uma operação mal sucedida.

3. Diversificação dos sectores de actividade


Evitando excessiva concentração ou dependência de um só sector de actividade ou de um
único mercado e dos seus riscos próprios, face às crises ou perturbações graves a que
possam estar sujeitos.

4. Diversificação territorial
Minorando o risco duma excessiva concentração territorial ou regional e dos prejuízos,
crises, catástrofes ou conflitos graves que a possam afectar.

1.2.1.7.5. Classificação do grau de risco

Tendo a sua importância na análise da situação geral do banco também o grau de risco é
variável consoante a área de análise em que é avaliado. Podemos destacar três:

1. Por clientes

Para o efeito, deverá tomar-se particularmente em conta:

 Montante, natureza e tipo das suas responsabilidades e prazos;


 Tipo e valor das garantias existentes;

29
 Finalidade das operações, sabendo-se que consoante o objectivo, o interesse e a
oportunidade da sua aplicação, assim poderá variar o grau de risco;
 Situação económico-financeira e conclusões da análise de balanços com destaque
para os coeficientes de liquidez, solvabilidade e endividamento;
 Outros elementos de análise relativos à idoneidade, competência e comportamento
do cliente perante o banco, ao grau de modernização e eficiência do seu
equipamento e instalações, ao conceito e influência no mercado, etc.

2. Por sectores de actividade económica

Embora, aqui, a classificação seja um tanto aleatória de elementos que encerra, convirá
reter alguns aspectos como sejam:

 Se estamos perante uma actividade em expansão, em recessão ou em crise; de


futuro, tradicional ou em vias de extinção; de grande exigência tecnológica, de
predominância artesanal ou intermédia, etc. Cada uma destas situações terá,
necessariamente, um grau de risco diferente que convirá identificar com alguma
objectividade.
 Ponderar as suas características ou tipo de risco a que a actividade esteja sujeita,
consoante pertença ao sector primário, secundário ou terciário, sendo certo que
mesmo entre sectores há, por vezes diferenciação assinalável de grau de risco.
 Conhecer o tipo e grau de concorrência a que o sector esteja exposto e os meios de
defesa de que, eventualmente, disponha.
 Avaliar se o risco a que o sector esteja sujeito é, normalmente, prolongado,
efémero ou acidental ou, ainda, de natureza ciclo-sazonal, estrutural ou,
simplesmente conjuntural.

3. Por países/regiões

O recurso a estudos ou relatórios de entidades ou organismos internacionais e a consulta de


publicações ou revistas da especialidade poderão, entre outras fontes de informação,
constituir um importante auxiliar no conhecimento de situações que interessam à
classificação do grau de risco do país ou região, como sejam:

 A situação sócio-política e económico-financeira;


 O conceito e credibilidade internacional;
 O grau de endividamento interno e externo;
 O posicionamento no ranking internacional relativo ao risco-país;
 E ainda informação sobre a influência e posição relativa no comércio internacional
e, também, sobre os usos e costumes próprios seguidos nas práticas comerciais.

4. Sua importância na análise da situação do banco ou doutra IC

A classificação do grau de risco assim ordenada, constituindo um valioso suporte na


apreciação do crédito, tem ainda, manifesta importância para:

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 A análise da situação geral da IC, designadamente poder fazer uma avaliação mais
correcta das áreas mais sensíveis de risco em que está envolvido;
 O estudo da composição qualitativa da sua carteira de crédito/clientes e daí poder
fundamentar critérios selectivos e rigorosos para a constituição de provisões de
crédito;
 A definição de uma mais adequada política de crédito;
 A estruturação dum plano estratégico e de desenvolvimento orientado.

1.2.1.7.6. Influência do grau de risco

O conhecimento do grau de risco do crédito concedido é de particular interesse para a


gestão da IC, pois que lhe confere elementos com especial influência e relevância:

 Na selecção e classificação da sua carteira de clientes;


 Na política de concessão de linhas e limites de crédito;
 Na fixação das taxas de juro e condições à clientela, dado que, o grau de risco da
operação e do cliente é um importante factor a ponderar nesta matéria.

Hoje em dia vai-se acentuando a prática de estabelecer a taxa de juro, também em função
do grau de risco-cliente, partindo duma taxa base como a “prime-rate”, “lisbor” ou
“euribor” por exemplo, nas operações domésticas. Também nos empréstimos
internacionais o grau de risco-país é elemento fundamental na definição da respectiva taxa
de juro. Daí haver países com taxas de juro bem mais gravosas que outros, face ao seu
posicionamento mais desfavorável no ranking internacional:

 Na definição do seu posicionamento e participação nas operações de crédito


internacional, ou até na sua integração em sindicatos bancários para participação em
certos tipos de operações;
 Na orientação geral da política de crédito procurando, assim, faixas de clientela,
sectores de actividade e mercados preferenciais.

1.2.1.8. O MERCADO DE CRÉDITO

1.2.1.8.1. Caracterização Geral

O crédito bancário e o das IC, especialmente pela sua componente técnica e efeito
económico, baseia-se num conjunto de princípios, práticas e fundamentos que o
caracterizam e diferenciam das outras modalidades de crédito.

Destacaríamos algumas destas características fundamentais:

1. Sua natureza e funções

 Praticado pelas diversas instituições do conjunto do sistema bancário e


financeiro;

31
 Gerador e mobilizador, por excelência, dos diferentes tipos ou modalidades
de crédito;
 Elemento regularizador da massa monetária na medida em que cria moeda;
 Presta apoio efectivo ao tecido social e empresarial, satisfazendo
necessidades individuais, facilitando as transacções comerciais, fomentando o
investimento e favorecendo a activação do consumo, a circulação, a transformação e
a produção de bens e serviços.
 Em suma, promove e impulsiona o desenvolvimento sócio-económico pela
acção do crédito directo (concedendo fundos a favor das empresas e particulares) e
do crédito indirecto (caucionando responsabilidades/compromissos ou obrigações
dos seus clientes perante terceiros).

2. Condições-base que deve satisfazer

 Idoneidade, confiança, honestidade e credibilidade dos


peticionários e demais intervenientes;
 Conhecimentos e capacidade de gestão dos empresários;
 Situação e capacidade económico-financeira das empresas
ou particulares;
 Finalidade e condições do pedido de crédito (montante,
modalidade, tipo de negócio aplicado, prazo, plano de pagamento e garantias);
 Confiança e segurança do crédito que assegurem o seu
reembolso atempado, eliminando ou reduzindo, assim, o risco inerente a qualquer
operação de crédito;
 E, também, não tanto como condição-base mas como
elemento importante, a rentabilidade, tendo em particular atenção os factores: tempo,
prazo, risco e natureza da operação e/ou do cliente.

3. Imobilização

Uma característica base e importante a que nem sempre se dá o devido relevo é a


mobilidade ou a renovação do crédito, evitando, assim, os inconvenientes de imobilização
– causa grave de crises bancárias no passado – que, fundamentalmente, representa um
risco e um custo.

 Um risco, porque reduz a mobilidade dos fundos que, em situação limite, pode até
bloquear a capacidade de concessão de crédito, pondo em perigo a própria actividade
da instituição. Daí, por exemplo, a importância duma carteira de créditos ou de
outros recursos facilmente mobilizáveis, também como forma de contribuir
positivamente para a composição dos rácios de liquidez ou atenuar situações de
grave crise económica, normalmente propícias ao agravamento das imobilizações
pelo natural crescimento do crédito mal parado.

É óbvio que se o risco de imobilização é perigoso o risco de perda é grave, pois que é à sua
responsabilidade que o banqueiro aplica os fundos nele depositados e não deve, por isso,

32
dentro duma gestão prudente, praticar operações de crédito de risco muito exposto ou
excessivo.

 Um custo que é inerente à imobilização de capitais. Não havendo renovação dos


capitais não haverá crédito novo, não se pode alargar o crédito a novos clientes.
Limita-se assim a expansão das actividades do banco e restringe-se o gerar de
receitas.

E quanto mais rígido e mais volumoso for esse imobilizado maior será o custo.

Com efeito, o crédito, como o sangue, deve circular pelas vias certas e no ritmo adequado
para alimentar e revigorar as células do tecido económico e social. Quanto mais circular
mais gente serve e mais actividades suporta e desenvolve. A imobilização, pelo contrário,
corresponde à estagnação, é improdutiva, não gera riqueza, tem custos e pode ser fatal.

4. Impacto económico

O crédito bancário e das outras IC assume-se como um vector poderoso, autêntica


alavanca, no desenvolvimento sócio-económico, em particular pelas duas seguintes razões:

a. Meios e recursos que mobiliza

Efectivamente mobiliza avultados recursos e fundos, grande parte dos quais representados
pelos depósitos recolhidos dos clientes e doutras fontes nacionais e internacionais, que
distribui pelos mais diversos beneficiários, agentes económicos e sectores de actividade,
criando moeda e dinamizando os mercados e a economia em geral.

b. Influência que exerce

Especialmente pela vasta rede geográfica dos sistemas bancário e de crédito e pela intensa
divulgação e distribuição do crédito, este passa a exercer poderosa influência quer nos
hábitos de consumo e satisfação doutras necessidades dos indivíduos quer, ainda, no
desenvolvimento das relações comerciais, no apoio ao tecido empresarial, na criação de
infraestruturas, no fomento de obras públicas, etc.

Esta influência reforça-se ainda pelo prestígio, dimensão, segurança e credibilidade


generalizada das IC, parceiros indissociáveis do progresso e desenvolvimento.

Particularmente no contexto actual, dominado pela globalização da economia, a influência


das vastas redes internacionais dos bancos e das demais instituições financeiras, por vezes
associadas ou cruzadas, revela-se dum poder e duma força planetária decisiva e
fundamental.

1.2.1.8.2. Sua relação com a empresa

A relação e funções do crédito bancário e das IC na empresa, que ao longo dos tempos têm
vindo a ser sujeitas a profunda evolução são hoje, por demais variadas e complexas para
que se esgotem numa qualquer listagem que se pudesse elaborar.

33
Particularmente numa época de internacionalização e modernização da economia e com a
frequente criação de novos instrumentos de crédito e práticas inovadoras para acorrer a
situações e necessidades novas que surgem no mercado, essas relações são cada vez mais
estreitas e as funções e objectivos do crédito cada vez mais vastos e complexos.
No entanto, à guisa de caracterização geral, poderíamos destacar um conjunto de
elementos definidores que enquadram essa relação, como sejam:

 Segundo a linha mais tradicional, que vem perdendo gradualmente o seu peso, o
crédito bancário e de outras IC apresenta-se como um mobilizador dos activos da
empresa, em particular pelo desconto do seu papel comercial e como garante dos
seus compromissos ou obrigações perante terceiros;

 Constitui-se, cada vez mais, como um reforço/complemento dos seus capitais


próprios, facilitando e promovendo o desenvolvimento da sua actividade, seja pelo
apoio às necessidades correntes ou periódicas de tesouraria, seja pelo financiamento
aos ciclos de exploração ou investimento, incluindo novos projectos;

 Contribui, também, para o restabelecimento de desequilíbrios financeiros


temporários.

Em situações especiais, pode permitir a reestruturação ou saneamento financeiro das


empresas, desde que economicamente viáveis e sob determinadas condições.

 Não deve, no entanto, substituir-se à função ou obrigação do empresário ou gestor,


nem confundir-se com os capitais próprios da empresa – o que nem sempre é bem
observado.

A função e o posicionamento do banqueiro ou do trabalhador das instituições de crédito


perante a empresa devem ser sempre bem distintos dos do empresário, gestor ou dos
comanditários; pois que eles, pela concessão de crédito bancário ou de outras IC, apenas
emprestam dinheiro em determinadas condições e para determinados fins, e que devem
receber no prazo contratado.

 Assim sendo, o crédito bancário e o das outras IC, como capital alheio, deve ter
permanência temporária e não definitiva ou excessivamente prolongada dentro da
empresa, mas ajustada à finalidade de crédito e da operação que o suporta;

 Deve atender ao desejável equilíbrio entre capitais próprios e capitais alheios da


empresa, tendo em conta que essa relação varia, principalmente, de acordo com a
natureza, dimensão e área da sua actividade. Uma empresa comercial, por exemplo,
não apresentará a mesma relação de capitais que uma empresa industrial com um
elevado imobilizado em equipamentos e infraestruturas;

 Deve atender ao risco que resulta duma concessão de crédito imprudente ou


excessivamente arriscada que, em regra, exigirá novo crédito para liquidação do
anterior, por vezes em rotação ou cadeia insustentável e perigosa.

Tal prática, a maior parte das vezes, não serve senão para disfarçar a situação de crise da
empresa, deteriorar as relações com a IC e protelar decisões cada vez mais gravosas.

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 Deve, ainda, ter sempre em conta a estreita co-relação existente entre objectivo-
prazo-segurança.

1.2.1.8.3. As Instituições de Crédito como agentes privilegiados na concessão de


crédito bancário e de crédito de outras IC

No passado as Instituições de Crédito estiveram sempre submetidas a rigorosa legislação e


cuidada fiscalização no exercício da sua actividade, naturalmente por imperativo da sua
própria natureza e importância e a fim de lhes conferir a imprescindível credibilidade e
confiança junto dos seus depositantes e do público em geral.

Porém, face às rápidas e profundas transformações sócio-económicas, às permanentes


exigências dos mercados e às inovações tecnológicas, tem-se vindo a assistir à frequente
criação de novas práticas, conceitos e produtos que visam satisfazer essas variadas
necessidades e, também, ao aparecimento duma rede cada vez mais diversificada de
Instituições Financeiras.

Daqui que se verifique um crescente movimento de liberalização e desregulamentação que,


sem perda do desejável rigor, permita uma maior flexibilização para mais rápida adaptação
aos mercados.
Por outro lado, há que proteger os interesses de todos os intervenientes no sistema e
regular o bom funcionamento da actividade financeira de modo a prevenir crises ou
rupturas e orientá-la no apoio à política económica.

Por isso, continua a existir uma rigorosa legislação e supervisão das Instituições
financeiras, embora, naturalmente, adaptadas às condições dos novos tempos. Delas
ressaltam algumas imposições e regras de funcionamento que, em essência, representam
condicionantes à sua actividade geral e ao crédito em particular, como sejam:

 Exigência de capital social mínimo;

 Composição dos fundos próprios (capital social + reservas legais, de reavaliação,


estatutárias, etc.), limites mínimos e sua compatibilização com os activos;

 Condicionamentos à concessão de crédito e limites à concentração de riscos;

 Constituição obrigatória de provisões para riscos de crédito e outros;

 Definição de rácios de solvabilidade que, para além do mais, devem condicionar a


composição da carteira de crédito;

 Exigência de reservas mínimas de caixa e de rácios de liquidez.

Estando as Instituições de Crédito sujeitas ao cumprimento das disposições legais e regras


deste tipo, terão que ter em devida conta por um lado a origem, a natureza e o volume dos
recursos (próprios e alheios) de que dispõem; por outro o seu grau de exigibilidade. E,
assim, na articulação destas duas vertentes, poderão definir uma adequada política de
crédito em conjugação óbvia com outras componentes.

35
É evidente que a “origem, natureza e volume dos fundos e recursos” é particularmente
relevante na definição da política e capacidade de crédito de qualquer IC. Desde logo
porque, de acordo com o seu maior ou menor volume, aumenta ou diminui a capacidade
creditícia e os depósitos, nas suas diversas formas e modalidades, são o recurso essencial
do comércio bancário.

Depois, porque a sua composição influenciará a selecção do tipo de operações de crédito e,


consequentemente, a opção pelos sectores de actividade e mercados onde elas prevaleçam.
Assim, fácil se torna compreender que, estando a instituição condicionada, para além das
disposições legais, à evolução destas duas variáveis e sujeita ao peso das imobilizações, às
repercussões nefastas das crises económicas ou outras, é importante a adopção duma
política de crédito criteriosa e segura. Política essa que deverá, também, ter em conta a
indispensável flexibilidade para permitir, a qualquer momento, uma rápida adaptação às
condições da instituição e do mercado.

Como forma de ultrapassar dificuldades que derivam do cumprimento de disposições


legais, designadamente dos limites de concentração de crédito ou de outro tipo de razões
ligadas à insuficiente capacidade de crédito, divisão de risco ou outras é, por vezes,
frequente constituírem-se sindicatos de bancos para certos tipos de operações. Entre elas
destacam-se financiamentos de montante muito avultado ou que comportem uma margem
de risco mais exposta, em regra associadas a importantes projectos de investimento de
longo prazo de grandes empresas ou consórcios e mais frequentes ainda na montagem de
operações internacionais de vulto expressivo e ainda a grandes investimentos públicos.

1.2.1.9. Estruturas Bancárias

1.2.1.9.1. Especialização bancária

Os imperativos da regulamentação prudencial destinada à protecção dos depositantes do


sistema bancário e outros investidores ou credores e a necessidade de disciplina das
operações de crédito e de financiamento por razões macroeconómicas exigem que se
identifique o conjunto de instituições sujeitas a esses regimes. Além disso, é necessário
estabelecer a distinção entre instituições de crédito e outras instituições financeiras.

As transformações estruturais a que se tem assistido nos mercados financeiros,


nomeadamente em matéria de novas tecnologias, inovações financeiras, diversificação da
actividade das instituições financeiras, formação de grupos financeiros de diferente
estrutura, etc., têm tornado cada vez mais difícil a tarefa de estabelecer claras linhas
divisionárias entre IC e outras instituições financeiras e mesmo, por vezes, entre
instituições financeiras e empresas não financeiras.

Segundo a directiva 77/780/CEE de 12 de Dezembro de 1997 da União Europeia,


instituição de crédito é definida como “uma empresa cuja actividade consiste em receber
do público depósitos e outros fundos reembolsáveis e em conceder créditos por sua própria
conta”.

A recepção de depósitos e outros fundos reembolsáveis do público, constitui um dos


critérios de base para a definição de instituição de crédito, residindo nisto a especialização
bancária.

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Apesar da definição da União Europeia, os estados-membros não estão inibidos em
adoptarem conceitos mais amplos de instituição de crédito. A este respeito, merece
especial referência a lei bancária francesa de 1984 que considera instituição de crédito
qualquer empresa que efectue, a título de profissão habitual, qualquer dos seguintes três
tipos de operações: recepção de fundos do público, operações de crédito e emissão ou
gestão de meios de pagamento.

A respeito, Lei 14/2021, do Regime Geral das Instituições Financeiras, de 19 de Maio, que
substituiu a Lei 12/15, de 30 de Setembro, Lei das Instituições Financeiras, classifica
instituições financeiras em dois tipos: instituições financeiras bancárias e instituições
financeiras não bancárias.

São instituições financeiras bancárias os bancos em geral, cujas actividades são:

a) Receber do público depósitos ou outros fundos reembolsáveis;


b) Exercer a função de intermediário de liquidação de operações de
pagamento;
c) Realizar operações sobre metais preciosos, nos termos estabelecidos pela
legislação cambial;
d) Operar na comercialização de contratos de seguro;
e) Promover o aluguer de cofres e guarda de valores;
f) Realizar operações de capitalização;
g) Realizar operações de locação financeira e cessão financeira;
h) Conceder garantias e outros compromissos;
i) Realizar operações de crédito;
j) Realizar operações no mercado de capitais através das sociedades de
intermediação;
k) Prestar serviços de pagamento;
l) Efectuar transacções por conta própria ou alheia sobre instrumentos do
mercado monetário, financeiro ou cambial;
m) Participar em emissões ou colocações de valores mobiliários e prestações
de serviços correlativos;
n) Prestar consultoria, guarda, administração e gestão de carteira de valores
mobiliários;
o) Praticar o comércio de compra e venda de notas, moedas estrangeiras ou de
cheques de viagem;
p) Tomar participações no capital de sociedades;
q) Outras operações análogas e que a lei não proíba.

As instituições financeiras não bancárias enquadram-se em três categorias:

1. Instituições financeiras não bancárias ligadas à moeda e ao crédito, sujeitas à


jurisdição do BNA (na função de Banco Central);

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2. Instituições financeiras não bancárias ligadas à actividade seguradora e
previdência social, sujeitas à jurisdição da Agência Reguladora de Seguros de
Angola (ARSEG);

3. Instituições financeiras não bancárias ligadas ao mercado de capitais e ao


investimento, sujeitas à jurisdição do organismo de Supervisão do Mercado de
Valores Mobiliários.

1.2.1.9.2. Concentração bancária

Da definição de instituição de crédito, pode-se resumir que se trata de empresa que, a título
profissional:

 Receba fundos reembolsáveis do público;

 Tenha a faculdade de os utilizar por sua própria conta;

 Conceda crédito.

O conceito de fundos reembolsáveis do público baseia-se nos seguintes três elementos:

 Uma entrega de fundos (numerário ou, num primeiro momento, valores


para cobrança se, e na medida em que o produto desta ficar sujeita a determinadas
condições, feita por uma pessoa a outra);

 Obrigação, por parte desta, de restituição da quantia recebida;

 Faculdade, atribuída a esta pessoa, de disposição, por sua conta, dos fundos
assim recebidos.

O conceito de utilização de fundos por conta própria remete-nos para o facto de que se a
actividade típica da instituição consiste na recepção de depósitos ou outros fundos
reembolsáveis do público e na concessão de crédito por conta própria, é natural, dada a
natureza económica desta actividade, a possibilidade da utilização daqueles fundos por
conta própria.

Deste modo, são excluídas do conceito de instituição de crédito as instituições que não
tenham por objecto actividades por conta própria, por exemplo, as Sociedades Gestoras de
Fundos de Investimento, as Sociedades Corretoras, as Sociedades Gestoras de Patrimónios
e as Sociedades Gestoras de Fundos de Pensões.

Entretanto, as instituições que recebem depósitos e concedem crédito por conta própria e
que, além disso, realizam operações por conta alheia, por exemplo, no domínio dos valores
mobiliários, não devem deixar, por este facto, de estar submetidas à rigorosa disciplina
prudencial que é aplicada às Instituições de Crédito, essencialmente para defesa dos
interesses dos depositantes e investidores não institucionais.
O conceito de concessão de crédito deve ser entendido em sentido muito amplo, e deverá
incluir:

38
 Os contratos reais pelos quais alguém entrega fundos a outrem, com a
obrigação por parte deste de os restituir (mútuo, desconto bancário);
 Os contratos consensuais, através dos quais alguém coloca à disposição ou
promete entregar a outrem fundos reembolsáveis (abertura de crédito);
 A prestação de garantias (fiança, aval, garantia bancária autónoma);
 Os contratos de locação financeira;
 Os contratos de factoring;
 A aquisição de obrigações e outros títulos de dívida.

Elemento comum a todas as operações abrangidas é o seu carácter oneroso, traduzido,


normalmente, na obrigação de pagamento de juros ou de uma comissão.

Um outro aspecto essencial para a relevância do conceito de concessão de crédito, no


quadro da caracterização da concentração bancária, é o seu carácter habitual.

No âmbito da concentração da actividade bancária podemos incluir entre as IC as empresas


que realizam operações de colocação à disposição e a gestão de meios de pagamento

São considerados como meios de pagamento todos os instrumentos que, seja qual for o
suporte ou o procedimento técnico utilizado, permitam a qualquer pessoa transferir fundos.
A faculdade de emissão de notas e moedas é exclusivo do banco central e
apenas as instituições de crédito estão autorizadas a abrir contas sobre as quais possam ser
sacados por determinados instrumentos de pagamento, como o cheque e o cartão de débito.

1.2.1.9.3. Regime bancário

Em todos os países a constituição e o exercício da actividade das instituições de crédito


carecem de autorização concedida pelas autoridades designadas para esse efeito (Conselho
de Ministros, Ministério das Finanças e o Banco Central).

A exigência de autorização e a inscrição obrigatória num registo especial têm por


objectivo evitar o estabelecimento e o funcionamento de IC em condições susceptíveis de
afectar a liquidez do sistema financeiro e a confiança dos depositantes ou outros credores,
por exemplo, quando a gestão dos riscos não obedece a padrões adequados.

A política de concessão de autorização tem de atender a dois objectivos que estão


parcialmente em conflito: por um lado, permitir o desenvolvimento de uma concorrência
activa no sector financeiro; e, por outro, assegurar que apenas sejam autorizadas
instituições financeiramente sólidas e que ofereçam garantias suficientes de uma prudente
gestão.

A concessão de autorização para a instalação ou o exercício de actividade, como IC,


depende normalmente da satisfação de um certo número de requisitos sobre a sua
previsível viabilidade e solidez financeira, o capital mínimo, a idoneidade dos accionistas,
a capacidade profissional dos administradores, o compromisso de adopção de sãos
princípios de organização e de uma gestão prudente, etc.

39
O regime para o exercício da actividade bancária em Angola vem expresso na Lei 14/21 de
19 de Maio, e em Avisos, Instrutivos e Directivas dimanadas pelo BNA, sendo de realçar
as seguintes disposições:

 Capital social mínimo: O Aviso 04/13 de 11 de Maio do BNA, determina que os


bancos só poderão constituir-se com um capital social mínimo integralmente
realizado em dinheiro não inferior a USD 25 milhões, ou seja Kwanzas 2 biliões e
500 milhões.

 Compatibilização dos fundos próprios com o grau de risco da estrutura dos seus
activos: o Aviso 3/2000 de 10 de Março do BNA determina que as instituições
financeiras independentemente do limite de capital mínimo realizado, são obrigadas
a manter o valor dos seus fundos próprios compatibilizados com o grau de risco da
estrutura dos seus activos; e o valor mínimo dos fundos próprios deverá
corresponder a 10% do valor calculado com base na ponderação de risco dos
respectivos activos;

 Gestão do risco: O Aviso 5/96 de 17 de Abril do BNA determina que todas as IC


devem proceder a uma adequada gestão dos riscos que assumem no
desenvolvimento da sua actividade, a fim de prevenirem situações que possam
afectar a sua solvabilidade;

 Limite de endividamento: O limite do endividamento dos bancos está fixado em 15


vezes o valor dos seus fundos próprios;

 Publicação do Balanço e contas de cada exercício: O Aviso 2/2000 de 10 de Março


determina que as Instituições Financeiras, após o encerramento do exercício de cada
ano, deverão publicar no Diário da República e em jornal nacional de grande
circulação os seguintes documentos:

 Balanço global;
 Demonstração de Resultados;
 Inventário de títulos e participações financeiras;
 Inventário de imobilizações corpóreas e incorpóreas;
 Anexo, contendo notas explicativas e quadros suplementares, quando
aplicáveis.

1.2.1.10. Técnicas de Intervenção do Estado na Economia, via Sistema Bancário

O Estado exerce influência na economia de diversas formas, quer produzindo e


aprovisionando um conjunto de bens e serviços, que o mercado é incapaz de satisfazer, por
ineficiência, são os chamados bens comuns, quer procedendo à redistribuição dos
rendimentos, por imposição aos agentes económicos do pagamento de uma tributação, e
quer ainda exercendo influência directa ou indirecta no rumo da economia, através do
exercício da política macro-económica.

Assim, um estado moderno desempenha quatro funções económicas:

40
√ Estabelece o enquadramento legal da actividade económica: constituição, leis e
regras do jogo económico;
√ Afecta os recursos necessários para os bens colectivos através dos impostos, da
despesa e da regulamentação quando existem falhas do mecanismo de mercado;
√ Redistribui os recursos através de transferências para melhorar o bem-estar socil;
√ Determina a política de estabilização macro-económica para esbater as
flutuações do desemprego, conter a inflação e promover o crescimento económico
de longo prazo.

A política macro-económica apresenta-se subdividida em várias políticas que concorrem


para a promoção do desenvolvimento económico e do bem estar social.

Uma das componentes da política macro-económica, que é exercida pelo sistema bancário,
é a política monetária. Através da política monetária, cuja autoridade e execução,
normalmente, é delegada ao banco central, o estado procura preservar o valor da moeda,
tornando-a ajustada às reais necessidades da economia.

É nisto que, em termos gerais, consiste a política monetária, cuja intervenção no mercado
financeiro processa-se através de um conjunto de instrumentos, de natureza directa e de
natureza indirecta.

1.2.1.10.1. Directas

As intervenções directas constrangem os intermediários financeiros que concedem


créditos, submetendo-os a normas fixadas pelas autoridades monetárias. Este tipo de
intervenção deve ser efectuada a título excepcional, em certas circunstâncias que exigem
uma actuação mais directa do banco central, em caso de se registar uma taxa de inflação
muito alta, por exemplo.
São instrumentos directos de política monetária:
 Política de fixação das taxas de juro;
 Política de fixação de limites quantitativos de crédito;
 Política selectiva de crédito.

1.2.1.10.2. Indirectas

As intervenções indirectas são exercidas sobre a liquidez dos bancos e permitem actuar
sobre a criação monetária sem criarem entraves à sua iniciativa.
São instrumentos indirectos de política monetária:

 Política de redesconto;
 Política de reservas obrigatórias;
 Política de mercado aberto (open market).
Podemos assim concluir que são instrumentos de política monetária o conjunto de
instrumentos e acções para controlar a moeda pelo banco central a fim de garantir o poder
de compra da moeda.

1.2.1.11. Interdependência entre os Intermediários Financeiros

41
A interdependência entre os intermediários financeiros, especialmente a empresa bancária
ou outra instituição de crédito e as empresas que conformam a denominada economia real,
produz-se não somente porque aquelas canalizam a poupança ao investimento e facilitam o
movimento de pagamentos entre os diferentes agentes da economia, mas também porque
proporcionam um input importante: serviços de assessoramento. A provisão destes dois
input constituem um veículo de importantes laços entre a empresa financeira e a não
financeira.
Estes laços costumam ser mais estreitos no caso dos grandes bancos e das grandes
empresas não bancárias.

Determinadas distorsões económicas dependem da maior ou menor complementaridade


entre o sistema financeiro e a economia real. Portanto, não pode suster-se uma
subordinação do aparelho produtivo ao sistema creditício.

Para que seja possível que o sistema financeiro seja visto como intermediação entre os que
poupam e os investidores, se requer que a intermediação possa oferecer um incentivo
suficiente no que diz respeito à segurança e ao rendimento, para fomentar a poupança em
lugar do consumo. Os intermediários financeiros não podem ser meros mediadores sem
ausência de risco, mas devem actuar como verdadeiros agentes económicos que, ao mesmo
tempo que prestam o serviço, acrescentam valor económico e conseguem um benefício que
compense o ter assumido o risco.

1.2.1.12. Modelo simplificado de Economia Fechada

O diagrama seguinte sintetiza um modelo simplificado de economia fechada onde se


patenteia a importância da banca na intermediação financeira.

Figura 5. MODELO DO SISTEMA ECONÓMICO FECHADO DO PONTO DE


VISTA DE UM BANCO COMERCIAL /Famílias – Empresas – Banca

(fluxo real)

EMPRESAS

(fluxo monetário)

Factores RRemune- Financiamento


RECURSOS Pagamento Bens
Produ- ração dos ao de e Bens
Investimento
tivos Factores Bens Serviços e
(Trabalho, Produtivos APLICAÇÕES e Serviços
capital,...) (Salários, RECURSOS Serviços
Juros,...)

Poupança

(fluxo monetário)

FAMÍLIAS

(fluxo real) 42
Fonte: Instituto de Formação Bancária (2005) Contabilidade Bancária
Nesta representação gráfica distinguimos três circuitos:

 Um primeiro circuito em que as Famílias fornecem às Empresas factores de


produção (fluxo real) e estas, em troca, entregam-lhes salários, lucros rendas
(fluxo monetário).
 Um segundo circuito em que as Empresas entregam às Famílias bens e serviços
(fluxo real) e estas, pagando bens e serviços, devolvem às Empresas os meios de
pagamento (fluxo monetário).

 Um terceiro circuito em que os fluxos de Poupança e de Investimento têm um


único sentido: das Famílias para os Bancos e destes para as Empresas (fluxos
financeiros).

Explicação da Figura 5

Famílias

Factores Salários, lucros,


produção rendas 1º Circuito
(fluxo real) (fluxo monetário)

Empresas

Empresas

Meios de
Bens e
pagamento
Serviços
(fluxo
(fluxo real) 2º Circuito
monetário)

Famílias

Famílias

Bancos 3º Circuito

Empresas

Poupança e investimento
(fluxos financeiros)

43
Podemos concluir que:

 Na actividade económica, aos fluxos reais se contrapõem os fluxos monetários


(1º e 2º circuitos).
 Na economia os fluxos financeiros traduzem o importante papel das instituições
monetárias, como elemento fundamental no encontro de sujeitos que poupam
(famílias) e dos que investem (empresas) (3º circuito).

1.2.2. Prestação de Serviços Bancários

1.2.2.1. Caracterização

No ponto anterior abordámos uma função fundamental da actividade bancária – a


intermediação financeira. Temos conhecimento que nem só de recursos (depósitos) e
aplicações (crédito) vive a banca.

Se um cliente pretender comprar ou vender moeda estrangeira, receber os juros das suas
obrigações, ou guardar objectos importantes de natureza pessoal, onde se deve dirigir?

Sabemos que a resposta a esta pergunta passa por uma das funções da actividade
bancária – a prestação de serviços bancários.

Prestação de serviços bancários – função complementar à intermediação financeira, que


os Bancos colocam à disposição dos seus clientes e que incide sobre os meios de
pagamento (por exemplo: cobranças, etc.) ou assume natureza diversa (por exemplo:
aluguer de cofres, concessão de garantias bancárias, etc.)

1.2.2.2. Aspectos Relevantes

Ao abordarmos esta função podemos referir a três aspectos importantes, que são:
- Contributo indirecto na captação de depósitos;
- Qualidade e diversidade dos serviços bancários;
- Proliferação de instituições financeiras não monetárias.

Contributo indirecto na captação de depósitos

Sendo muitos destes serviços de reduzida relevância, exercendo, inclusivamente, um


peso bastante modesto na formação dos resultados de exploração dos Bancos, eles
valem pelo seu contributo indirecto na captação de depósitos.
Exemplos:
- A cobrança de valores;
- O depósito e guarda de títulos;
- O pagamento de consumos (água, telefone, electricidade, etc.);
- O pagamento de ordenados.

Qualidade e diversidade dos serviços bancários

44
A qualidade e a diversidade dos serviços bancários oferecidos ajudam a estreitar a
relação entre o cliente e o Banco, permitindo melhorar a imagem deste e aumentar o
grau de fidelização daqueles.

Proliferação de instituições financeiras não monetárias


Actualmente, com a proliferação de instituições financeiras não monetárias, assiste-se a
uma tendência crescente para a desintermediação financeira.
Se juntarmos a este facto, a existência duma propensão para a redução da margem
financeira diferencial entre as taxas de juro que os bancos cobram nas suas aplicações
(taxas activas) e as que pagam pela captação de recursos (taxas passivas), os bancos
sentem-se impelidos, cada vez mais, a melhorar e aumentar o leque de serviços
bancários, por forma a compensar a eventual diminuição de resultados na intermediação
financeira.

1.2.2.3. Sistematização por Natureza

Apresentamos os serviços mais vulgarmente prestados pelos bancos comerciais.

Figura 6. Serviços

Guarda e Manutenção de Títulos


Operações de Bolsa
Créditos Abertos
Cofres Nocturnos
Aluguer de Cofres
Gestão de Carteiras
Relativos a Meios de Pagamento Numismática e Medalhística
Garantias Bancárias
Informações Comerciais

SERVIÇOS Compra e Venda de moeda estrangeira


Cobranças
Ordens de Transferência
Ordens de Pagamento
Ordens de Pagamento Permanentes
Diversos Emissão de Cheques
Traveller Cheques
Cartão de Débito
Cartão de Crédito
Recebimentos de Impostos
Seguros

Fonte: Instituto de Formação Bancária (2005) Contabilidade Bancária

1.3. Enquadramento legal da actividade das Instituições de Crédito

Os documentos mais importantes são:

 A Lei 14/2021, do Regime Geral das Instituições Financeiras Bancárias


(PCIFB), estudada anteriormente;
45
 O Plano de Contas das Instituições Financeiras Bancárias (PCIFB).
 O Plano de Contas das Instituições Financeiras Não Bancárias
(PCIFNB), para os estudantes do 4º Ano, Disciplia: Contabilidade das Instituições
de Crédito.
2. A NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA NA ACTIVIDADE DAS
INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO

2.1. Evolução do Plano de Contas

A Contabilidade contém uma linguagem fundamental na actividade das IC. Como todas
as formas de comunicação, vai sofrendo adaptações e alterações para manter a sua
actualidade.

A comunicação a este nível estabeleceu-se através da evolução do conceito de


Normalização Contabilística que foi influenciando a evolução paralela do Plano de
Contas das Instituições Financeiras.

O princípio da normalização da contabilidade de estabelecimentos de crédito tem


evoluído nos tempos, tendo surgido, pela 1ª vez em Angola no final do século XIX.

2.2. Cronologia Legislativa

Seria complicado analisar a realidade económico-financeira de um país sem


normalização contabilística, em que as instituições bancárias e outras adoptassem
apenas princípios próprios relativamente à sua contabilidade.

Isto só seria possível se cada instituição possuísse uma organização individualista da sua
contabilidade em que a ausência de padrões oficiais, apontaria para a inexistência de
critérios idênticos quanto:

- À terminologia;
- Ao âmbito das contas;
- Às regras de valorimetria dos elementos patrimoniais;
- À determinação dos resultados;
- À elaboração e apresentação das peças contabilísticas.

A multiplicidade de critérios apontada não traria vantagens: nem para os bancos e outras
instituições de crédito, que não teriam possibilidade de se situarem comparativamente;
nem para a didáctica, dado que as escolas e os profissionais de contabilidade usariam
critérios diferentes; nem para a análise económica, por não permitir análises sectoriais,
regionais e nacionais; nem para o Estado, porque os elementos estatísticos necessários
para o planeamento da economia, seriam diversos.

É esta gama de inconveniência que tem gerado nos técnicos, gestores e poderes públicos
uma preocupação constante que se consubstancia na Normalização Contabilística.

A actividade bancária não escapa a tal tipo de preocupação e constitui mesmo um sector
pioneiro na matéria. Justifica-se bem tal situação pela importância de que o sector se
reveste na condução da vida económica das sociedades modernas.

46
2.2.1. Legislação Publicada
Podemos apresentar o seguinte quadro:
Figura 7. Legislação Publicada e Ano
Data Legislação
1896 Regulamento da Lei de 3 de Abril, aprovado por Decreto de 27 de
Agosto
1925 Decreto 10634 de 20 de Março
1954 Decreto 39525 de 2 de Fevereiro
1959 Decreto-Lei 42641 de 12 de Novembro
1990 Publicação Oficial do Plano de Contas (PCIF)
1999 Publicação do Plano de Contas das Instituições Financeiras (PCIF)
instituído pelo Instrutivo 13/99 de 1 de Setembro, do BNA
2007 Publicação do Plano de Contas das Instituições Financeiras (CONTIF)
instituído pelo Instrutivo 09/07, de 19 de Setembro, do BNA.
2019 Publicação do Plano de Contas das Instituições Financeiras Bancárias
(PCIFB) instituído pelo Instrutivo 14/19, de 06 de Setembro, do BNA.
2019 Publicação do Plano de Contas das IF Não Bancárias (PCIFNB)
instituído pelo Instrutivo 15/19, de 06 de Setembro, do BNA.
Fonte: IFBA (2005); J. Peres (2011) Contabilidade Bancária e elaboração própria

Pela observação do quadro podemos constatar a evolução que houve.


Vamos estudar, de forma breve, o conteúdo desta legislação.

Regulamento da Lei de 3 de Abril de 1896, aprovado por Decreto de 27 de Agosto


Determinava a obrigatoriedade de todos os bancos ou estabelecimentos afins enviarem à
Repartição de Comércio um balancete referido ao último dia do mês anterior, elaborado
em conformidade com a classificação de contas estabelecida no modelo apenso ao
mesmo regulamento.
O balanço anual era organizado de harmonia com a mesma classificação.
Facultava, no entanto, conforme a especialidade das operações a que os bancos se
dedicassem e sempre seguindo a classificação indicada no modelo (plano), a inserção de
quaisquer outras contas que se entendessem como necessárias.
Devido ao reduzido número de contas previsto ou por falta de fiscalização adequada,
não foi conseguida a desejada uniformidade na apresentação de balanços e balancetes e
muito menos se atingiu a pretendida normalização da contabilidade bancária.

Decreto 10634 de 20 de Março de 1925


Retomam-se com ligeiras alterações os processos contados no anterior Regulamento.

Criam-se sensivelmente por essa altura novos modelos de balancete, balanço e


desenvolvimento das contas de lucros e perdas, adoptados obrigatoriamente a partir do
início de 1931.

47
Ainda aqui o objectivo da normalização não foi alcançado, dado que o Decreto
continuava a permitir a inserção de outras contas tidas por necessárias.
A contabilidade era, ainda, organizada de modo quase livre.
Só posteriormente se efectuava a adaptação para a informação oficial, dado que a
obediência aos modelos oficiais se limitava ao conteúdo dos documentos a enviar à
Inspecção de Comércio Bancário.

Decreto 39525 de 2 de Fevereiro de 1954


Critica a situação anterior, fala em normalização contabilística, mas mantém apenas a
normalização dos balanços, balancetes e contas de ganhos e perdas que as instituições
de crédito eram obrigadas a enviar à Inspecção Geral de Crédito e Seguros (IGCS).

Decreto-Lei 42641 de 12 de Novembro de 1959


Este Decreto-Lei é o que definitivamente consagra a normalização contabilística das
instituições bancárias e outras afins.
Com ele, passou a vigorar o seguinte regime:
- Normalização dos modelos informativos (balancetes mensais, balanço e contas
de lucros e perdas) a enviar à IGCS por parte das instituições de crédito;
- Normalização dos modelos a publicar (balancetes trimestrais, balanços e contas
de exportação) por parte das instituições de crédito;
- Os elementos a publicar e a contabilidade (incluindo os critérios valorimétricos)
dos bancos comerciais, têm de obedecer às normas definidas por aquela
Inspecção.

Relativamente às normas a observar na organização e movimentação da contabilidade,


salienta-se:
- Obrigatoriedade de abertura no razão principal e nos razões auxiliares das contas
previstas bem como a proibição de abertura de novas contas no razão principal
sem prévia autorização da IGCS;
- Liberdade de desdobramento das contas criadas;
- Proibição de compensação entre contas com terceiros e de receitas e encargos;
- Agrupamento das contas em conjunto de relativa homogeneidade, antecipando,
de certo modo, a noção de classes de contas:

Figura 8. Agrupamento de contas

- Disponível e Realizável
- Imobilizado
ACTIVO - Outras Contas do Activo
- Contas de Ordem

- Exigível
- Outras Contas do Passivo
- Provisões
PASSIVO - Capital e Reservas
- Resultados
- Contas de Ordem
Fonte: Instituto de Formação Bancária (2005) Contabilidade Bancária

48
Plano de Contas 1990

De 1975 a 1990 vigorou no país o modelo de mono-banco, como resultado do sistema


económico então prevalecente que era de economia estatizada e planificada
centralmente. A normalização contabilística, estava assente entre o Plano de 12 de
Novembro de 1959 e os princípios orientadores do modelo socialista de
desenvolvimento económico e social, com omnipresença do Estado em quase todas as
actividades.

Foi a 22 de Agosto de 1990 e perante a cedência de implementação de um quadro


descentralizado da actividade bancária que se instituiu um Plano de Contas que
atendesse à estruturação de um sistema bancário de dois níveis.

Assim, a 20 de Agosto de 1991, em pleno ano da reestruturação da economia e da


democracia multipartidária, o Despacho 62/91 do BNA determina que o Plano de
Contas aprovado pelo Despacho 36/90 de 22 de Agosto, passa a constituir o Plano de
Contas das Instituições Financeiras (PCIF).

Plano de Contas de 1999

O Plano de Contas de 1990 vigorou até 1999, altura em que, em resultado das mudanças
operadas no sistema bancário e no sistema creditício angolano e do surgimento de novas
instituições bancárias e de crédito, foi publicado o Plano de Contas das Instituições
Financeiras (PCIF) revisto e alterado, que entrou em vigor em Janeiro de 2000, através
do Instrutivo 13/99 de 1 de Setembro, do BNA.

Este Plano de Contas obedecia às seguintes linhas de orientação:

- Aproximação do sistema contabilístico dos sectores bancário e creditício


nacionais às regras e práticas em vigor nos sistemas financeiros mais evoluídos,
em particular às exigências da comunidade europeia sobre a matéria;
- Uniformização, simplificação e compatibilização dos sistemas de tratamento de
dados contabilísticos e estatísticos, fornecidos pelas instituições de crédito às
autoridades monetárias.
- Criação de condições para que, num futuro próximo, a prestação de informação
contabilística e estatística se venha a realizar através de transmissão automática
de dados, facilitando, deste modo, a informatização da informação da gestão
bancária e creditícia.

O PCIF, por força de uma tendência crescente para o interrelacionamento e


interdependência dos mercados financeiros nacionais, não poderia afastar-se
significativamente dos padrões internacionalmente seguidos, nas suas várias vertentes:
nomenclatura; quadro de operações; critérios valorimétricos; e princípios
contabilísticos.

Procurava-se que a informação financeira obtida a partir do quadro de contas,


complementado por desdobramento em função da aplicação de tabelas, respondesse, de
modo sistemático e adequado às necessidades de informação contabilístico-financeira:

49
- Ao nível da gestão interna, proporcionando elementos que permitissem a
análise da situação financeira, da rendibilidade e da situação de risco;
- Ao nível das estatísticas monetária e financeira, assegurar o nível exigível de
compatibilidade;
- Ao nível dos utilizadores externos, em particular da supervisão do sistema
financeiro nacional, espelhar, de modo claro e verdadeiro, a situação financeira
desta área de actividade.

A estrutura classificativa do plano assentava na lógica de classificação decimal,


apresentando uma repartição por 9 classes, de 1 a 9, ficando vaga a classe 0 que,
eventualmente, poderia ser preenchida pela contabilidade analítica.

O agrupamento das contas encontrava-se reflectido nas classes seguintes:


 Classe 1 – Disponibilidades
 Classe 2 – Aplicações
 Classe 3 – Recursos Alheios
 Classe 4 – Imobilizações
 Classe 5 – Contas Internas e de Regularização
 Classe 6 – Capitais Próprios e Equiparados, Provisões e Resultados
 Classe 7 – Custos por Natureza
 Classe 8 – Proveitos por Natureza
 Classe 9 – Contas Extrapatrimoniais

As 3 primeiras classes concentravam e davam relevo à intermediação financeira – na


classe 3, a captação de recursos; nas classes 1 e 2, a sua aplicação.

As restantes classes estavam organizadas de modo a que a sua estrutura interna


correspondesse ao conteúdo interno das principais classes geradoras de custos e
proveitos.

O Plano Contabilístico das Instituições Financeiras de 2007 (CONTIF)

O CONTIF veio substituir o PCIF e entrou em efectividade em Janeiro de 2010.

Este Plano tem por objectivo uniformizar os registos contabilísticos, sistematizar os


procedimentos e critérios de registo, estabelecer regras para divulgação de informações,
tudo em consonância com as melhores práticas internacionais. O CONTIF visa
racionalizar e padronizar a utilização das contas, de modo a possibilitar o
acompanhamento do sistema financeiro, particularmente no que se refere à análise,
avaliação do desempenho e controlo das actividades desenvolvidas pelas instituições
supervisionadas pelo BNA.

Neste contexto foram incorporados critérios contabilísticos recomendados


internacionalmente como a mensuração pelo valor justo, hedge accounting, método da
equivalência patrimonial, reavaliação de activos, actualização monetária, imparidade
(impairment), entre outros, bem como procedimentos para propiciar o melhor
conhecimento da situação económico-financeira do conglomerado ou do grupo

50
económico no qual a instituição está inserida, como a consolidação de demosntrações
financeiras e as regras de evidenciação.

Adicionalmente a estrutura conceitual do CONTIF tem o propósito de simplificar e


reduzir a quantidade de informações a serem prestadas pelas instituições de forma
segmentada. Concebido para atender plenamente as necessidades actuais do BNA em
termos de informações financeiras, o plano é flexível e permite alterações e expansões
teoricamente ilimitadas, que propiciarão a inclusão, alteração ou exclusão de quaisquer
tipos de informações. Essa imunidade a obsolescência e a simplificação das informações
a serem remetidas pelas instituições são aspectos relevantes para a adopcão do
CONTIF.

Elenco de Contas

O elenco de Contas do CONTIF é formado por codificação alfanumérica. A parte


numérica, código, é constituída pelo número de dígitos necessário à identificação do
grupo, classe, subclasse, conta, subconta e detalhamentos, enquanto a parte alfabética
representa a denominação da conta.

A codificação das contas observa a seguinte estrutura:

1 2 3 4 5 6 7
X XX XX XX XX XX XX

Nível 1 – GRUPO: representado pelo primeiro dígito.


Nível 2 – CLASSE: representada pelos segundo e terceiro dígitos.
Nível 3 – CONTA : representada pelos quarto e quinto dígitos.
Nível 4 – SUBCONTA: representada pelos sexto e sétimo dígitos.
Nível 5 – DETALHAMENTO: representado pelos oitavo e nono dígitos.
Níveis 6 e 7 – SUBDETALHAMENTO: representado pelos 10º, 11º, 12º e 13º dígitos.

Os grupos contabilísticos são assim divididos:

1. Activo;
2. Passivo;
3. Interesses Minoritários;
4. Fundos Próprios;
5. Resultado do Exercício;
6. Fluxo de Caixa do Período;
7. Mutações nos Fundos Próprios;
9. Contas Extrapatrimoniais.

1. ACTIVO
1.10 . DISPONIBILIDADES
1.20. APLICAÇÕES DE LIQUIDEZ
1.30. TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS
1.40. INSTRUMENTOS FINANCEIROS DERIVADOS
1.50. CRÉDITOS NO SISTEMA DE PAGAMENTOS
1.60. OPERAÇÕES DE CÂMBIO
1.70. CRÉDITOS

51
1.75. CLIENTES COMERCIAIS E INDUSTRIAIS
1.80. OUTROS VALORES
1.85. INVENTÁRIOS COMERCIAIS E INDUSTRIAIS E ADIANTAMENTOS A
FORNECEDORES
1.90. IMOBILIZAÇÕES

2. PASSIVO
2.10. DEPÓSITOS
2.20. CAPTAÇÕES PARA LIQUIDEZ
2.30. CAPTAÇÕES COM TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS
2.40. INSTRUMENTOS FINANCEIROS DERIVADOS
2.50. OBRIGAÇÕES NO SISTEMA DE PAGAMENTOS
2.60. OPERAÇÕES DE CÂMBIO
2.70. OUTRAS CAPTAÇÕES
2.80. OUTRAS OBRIGAÇÕES
2.85. FORNECEDORES COMERCIAIS E INDUSTRIAIS
2.90. PROVISÕES PARA RESPONSABILIDADES PROVÁVEIS
2.95. PROVISÕES TÉCNICAS

3. INTERESSES MINORITÁRIOS
3.10. CAPITAL SOCIAL
3.20. RESERVA DE ACTUALIZAÇÃO MONETÁRIA DO CAPITAL SOCIAL
3.30. RESERVAS E FUNDOS
3.40. RESULTADOS POTENCIAIS
3.50. RESULTADOS TRANSITADOS
3.60. (-) DIVIDENDOS PAGOS ANTECIPADAMENTE
3.70. RESULTADO DA ALTERAÇÃO DOS CRITÉRIOS CONTABILÍSTICOS
3.80. (-) ACÇÕES OU QUOTAS PRÓPRIAS EM TESOURARIA

4. FUNDOS PRÓPRIOS
4.10. CAPITAL SOCIAL
4.20. RESERVA DA ACTUALIZAÇÃO MONETÁRIA DO CAPITAL
4.30. RESERVAS E FUNDOS
4.40. RESULTADOS POTENCIAIS
4.50. RESULTADOS TRANSITADOS
4.60. (-) DIVIDENDOS ANTECIPADOS
4.70. RESULTADO DA ALTERAÇÃO DE CRITÉRIOS CONTABILÍSTICOS
4.80. (-) ACÇÕES OU QUOTAS PRÓPRIAS EM TESOURARIA

5. RESULTADO DO EXERCÍCIO
5.10. RESULTADO OPERACIONAL
5.20. RESULTADO NÃO OPERACIONAL
5.30. ENCARGOS SOBRE OS RESULTADOS CORRENTES
5.80. INTERESSES MINORITÁRIOS
5.90. APURAMENTO DO RESULTADO

6. FLUXO DE CAIXA DO PERÍODO


6.10. FLUXO DE CAIXA DAS OPERAÇÕES
6.20. FLUXO DE CAIXA DOS INVESTIMENTOS
6.30. FLUXO DE CAIXA DOS FINANCIAMENTOS

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6.90. VARIAÇÕES NAS DISPONIBILIDADES

7. MUTAÇÕES NOS FUNDOS PRÓPRIOS


7.10. MUTAÇÕES NO CAPITAL SOCIAL
7.20. MUTAÇÕES NA RESERVA DE ACTUALIZAÇÃO MONETÁRIA
7.30. MUTAÇÕES NAS RESERVAS E FUNDOS
7.40. MUTAÇÕES NOS RESULTADOS POTENCIAIS
7.50. MUTAÇÕES NOS RESULTADOS TRANSITADOS
7.60. MUTAÇÕES NOS RESULTADOS ANTECIPADOS
7.70.MUTAÇÕES NO RESULTADO DA ALTERAÇÃO DOS CRITÉRIOS
CONTABILÍSTICOS
7.80. MUTAÇÕES EM ACÇÕES OU QUOTAS PRÓPRIAS EM TESOURARIA
7.90. VARIAÇÕES NOS FUNDOS PRÓPRIOS

9. CONTAS EXTRAPATRIMONIAIS
9.10. CONTAS DE CONTROLO
9.20. RESPONSABILIDADES POR VALORES CONTINGENTES
9.99.DEVEDORES
E CREDORES POR RESPONSABILIDADES EXTRAPATRIMONIAIS

2.3. O Plano de Contas das IF Bancárias 2019 (PCIFB)

O PCIFB veio substituir o CONTIF.

Este Plano tem por objectivo uniformizar os registos contabilísticos, sistematizar os


procedimentos e critérios de registo, estabelecer regras para divulgação de informações,
tudo em consonância com os princípios estabelecidos nas Normas Internacionais de
Contabilidade/ Normas Internacionais de Relato Financeiro (IAS/IFRS) emitidas pelo
International Accounting Standards Board (IASB), bem como racionalizar e padronizar
a utilização das contas, de modo a possibilitar o acompanhamento do sistema financeiro,
particularmente no que se refere à análise, avaliação do desempenho e controlo das
actividades desenvolvidas pelas Instituições Financeiras Bancárias, supervisionadas
pelo BNA.

A estrutura conceitual do PCIFB tem o propósito de simplificar e reduzir a quantidade


de informações a serem prestadas pelas instituições de forma segmentada. O plano é
flexível e permite alterações e expansões teoricamente ilimitadas, que propiciarão a
inclusão, alteração ou exclusão de quaisquer tipos de informações. As normas e
procedimentos consolidados neste manual do plano de contas são de uso obrigatório por
parte de todas as Instituições sob supervisão do BNA, para além daquelas que vierem a
ser definidas. O PCIFB ou CONTIF Ajustado não dispensa a consulta das IAS/IFRS por
parte das Instituições. Sempre que se verifiquem divergências entre o PCIFB e as
IAS/IFRS, devem prevalecer as normas emitidas pelo IASB.

2.3.1. Elenco de Contas

O elenco de Contas do PCIFB é formado por codificação alfanumérica. A parte


numérica, código, é constituída pelo número de dígitos necessário à identificação do

53
grupo, classe, conta, subconta e detalhes, enquanto a parte alfabética representa a
denominação da conta.

A codificação das contas observa a seguinte estrutura:

1 2 3 4 5 6 7 8
X XX XX XX XX XX XX XX

Nível 1 – GRUPO: representado pelo primeiro dígito.


Nível 2 – CLASSE: representada pelos segundo e terceiro dígitos.
Nível 3 – CONTA : representada pelos quarto e quinto dígitos.
Nível 4 – SUBCONTA: representada pelos sexto e sétimo dígitos.
Nível 5 – DETALHE: representado pelos oitavo e nono dígitos.
Níveis 6, 7 e 8 – SUBDETALHES: representados pelos 10º, 11º, 12º, 13º, 14º e 15º
dígitos.

Os grupos contabilísticos são assim divididos:

1. Activo;
2. Passivo;
3. Interesses que não Controlam;
4. Fundos Próprios;
5. Resultados;
8. Contas Extrapatrimoniais.

GRUPO/CLASSE

1. ACTIVO
1.10. CAIXA E DISPONIBILIDADES
1.20. APLICAÇÕES EM BANCOS CENTRAIS E EM OUTRAS IC
1.30. TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS
1.40. DERIVADOS DE COBERTURA COM JUSTO VALOR POSOTIVO
1.50. CRÉDITOS NO SISTEMA DE PAGAMENTOS
1.60. OPERAÇÕES CAMBIAIS
1.70. CRÉDITOS A CLIENTES
1.75. CLIENTES COMERCIAIS E INDUSTRIAIS
1.80. OUTROS VALORES
1.85. INVENTÁRIOS COMERCIAIS E INDUSTRIAIS E ADIANTAMENTOS A
FORNECEDORES
1.90. OUTROS ACTIVOS FIXOS

2. PASSIVO
2.10. RECURSOS DE CLIENTES E OUTROS EMPRÉSTIMOS
2.20. RECURSOS DE BANCOS CENTRAIS E DE OUTRAS IC
2.30. RESPONSABILIDADES REPRESENTADAS POR TÍTULOS
2.35.PASSIVOS FINANCEIROS AO JUSTO VALOR ATRAVÉS DE RESULTADOS
2.40. DERIVADOS DE COBERTURA COM JUSTO VALOR NEGATIVO
2.50. OBRIGAÇÕES NO SISTEMA DE PAGAMENTOS
2.55. PASSIVOS NÃO CORRENTES DETIDOS PARA VENDA
2.60. OPERAÇÕES CAMBIAIS

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2.65. PASSIVOS FINANCEIROS ASSOCIADOS A ACTIVOS TRANSFERIDOS
2.70. PASSIVOS SUBORDINADOS
2.75. ADIANTAMENTOS DE CLIENTES
2.80. OUTROS PASSIVOS
2.85. FORNECEDORES COMERCIAIS E INDUSTRIAIS
2.90. PROVISÕES
2.95. PROVISÕES TÉCNICAS

3. INTERESSES QUE NÃO CONTROLAM


3.10. CAPITAL SOCIAL
3.30. RESERVAS
3.40. OUTROS INSTRUMENTOS DE CAPITAL
3.50. RESULTADOS TRANSITADOS
3.60. (-) DIVIDENDOS ANTECIPADOS
3.70. RESULTADO DA ALTERAÇÃO NAS POLÍTICAS CONTABILÍSTICAS
3.80. (-) ACÇÕES PRÓPRIAS OU QUOTAS PRÓPRIAS EM TESOURARIA

4. FUNDOS PRÓPRIOS
4.10. CAPITAL SOCIAL
4.30. RESERVAS
4.35. OUTROS INSTRUMENTOS DE CAPITAL
4.50. RESULTADOS TRANSITADOS
4.60. (-) DIVIDENDOS ANTECIPADOS
4.70. RESULTADO DA ALTERAÇÃO NAS POLÍTICAS CONTABILÍSTICAS
4.80. (-) ACÇÕES PRÓPRIAS OU QUOTAS PRÓPRIAS EM TESOURARIA

5. RESULTADOS
5.10.RESULTADO ANTES DE IMPOSTOS DE OPERAÇÕES EM CONTINUAÇÃO
E DE INTERESSES QUE NÃO CONTROLAM
5.20.RESULTADO DE OPERAÇÕES DESCONTINUADAS E/OU EM
DESCONTINUAÇÃO
5.30. ENCARGOS SOBRE O RESULTADO CORRENTE
5.80. INTERESSES QUE NÃO CONTROLAM
5.90. APURAMENTO DO RESULTADO

9. CONTAS EXTRAPATRIMONIAIS
9.10. CONTAS DE CONTROLO
9.20 .OUTRAS CONTAS EXTRAPATRIMONIAIS
9.99.DEVEDORES E CREDORES POR RESPONSABILIDADES
EXTRAPATRIMONIAIS

2.3.2. Conteúdo e Movimentação das Contas (VER ANEXOS 1, e 2)

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