Unidade I – Atividade Financeira do Estado

 CIÊNCIA DAS FINANÇAS

Ruy Barbosa Nogueira, “as ciências não são isoladas, mas compõem um conjunto de
formas ou métodos para abranger todos os aspectos do conhecimento e alcançar a
verdade”

A Ciência das Finanças tem por objeto o estudo teórico da atividade financeira do Estado,
que se desdobra em receita, despesa, orçamento e crédito público, visando municiar os
agentes públicos de elementos necessários à formulação da política financeira do Estado.
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 CONCEITOS E OBJETOS DO DIREITO FINANCEIRO

Para Geraldo Ataliba o Direito Financeiro é a “ciência exegética, que habilita – mediante
critérios puramente jurídicos – os juristas a compreender e bem aplicarem as normas
jurídicas, substancialmente financeiras, postas em vigor”.

Ciência das Finanças x Direito Financeiros: são ciências afins, que se distinguem pelo
método de investigação científica, sendo uma teórica e a outra prática, daí porque a
ciencia das finanças é ministrada nos cursos de Economia e Administração enquanto o
direito financeiro nos cursos de Direito.
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 AUTONOMIA DO DIREITO FINANCEIRO

CF/88 – art. 24: Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

E aos Municípios? Competência concorrente

Art. 30. Compete aos Municípios:
(...)
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
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 AUTONOMIA DO DIREITO FINANCEIRO

União  estabelece normas gerais (§ 1º, art. 24);

Estados:
1. Havendo lei federal geral: suplementam ou editam normais gerais sup. (§ 2º, art. 24);
2. Não havendo lei federal geral: tem competencia legislativa plena (§ 3º, art. 24);
3. Superveniência de lei federal em sentido contrário: suspensão da lei estadual (§ 4º).

Hierarquia de normas:
Lei federal > Lei Estadual > Lei Municipal.
Não pode haver inteferência na competência privativa de um ente em outro.
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 AS FINANÇAS PÚBLICAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 Sistema Financeiro Nacional

Sistema: “conjunto de elementos inter-relacionados ao derredor de princípios comuns

formando um todo unitário”.

SFN: é o quadro orgânico de normas financeiras inscritas no plano constitucional e

implementadas no plano infraconstitucional, por meio de lei complementar, conforme
determina o art. 163, I, da Constituição Federal.
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 AS FINANÇAS PÚBLICAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 Sistema Financeiro Nacional: CF/88 + Lei 4320/64

 Plano Constitucional: esparsas.

 Normas de competência (art. 24 e 30);
 Repartição de receitas tributárias (art. 157 a 159);
 Normas de Orçamento Público: receitas e despesas;
 Fontes de obtenção de recursos financeiros (art. 20 e 173).

 Plano Ordinário: Lei n. 4320/64 (recepcionada como Lei Complementar).

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 AS FINANÇAS PÚBLICAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 Sistema Financeiro Nacional:
Conjunto de instituições, produtos e regras que compõem o mercado financeiro e
bancário.

Sistema Monetário
+
Sistema Bancário
+
Sistema de Capitais
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 AS FINANÇAS PÚBLICAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 Sistema Financeiro Nacional:
Níveis:
Normatizadores / Reguladores: Regras Gerais

Supervisores: detalham e fiscalizam

Operadores: cumprem as regras, atuando como intermediários em serviços financeiros.

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 AS FINANÇAS PÚBLICAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 Sistema Financeiro Nacional:
Normatizadores  Conselhos:
CMN – Conselho Monetário Nacional
CNSP – Conselho Nacional de Seguros Privados
CNPC – Conselho Nacional de Previdência Complementar

Supervisores  Órgãos:
BCB – Banco Central do Brasil
CVM – Comissão de Valores Mobiliários
SUSEP – Superintendência de Seguros Privados
PREVIC – Superintendência Nacional de Previdência Complementar
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 AS FINANÇAS PÚBLICAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 Sistema Financeiro Nacional:
Operadores  Instituições:
- Bancos comerciais públicos / privados;
- Cooperativas;
- Bolsa de Valores / Bolsa de Mercadorias e Futuros;
- Corretoras;
- Distribuidoras;
- Seguradoras;
- Financeiras;
- Fundos de Pensão;
- Instituições de Pagamento;
- Administradoras de Consórcios.
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 CMN – Conselho Monetário Nacional
Determina o conjunto de instrumentos e instituições que possibilitam a transferência de
recursos entre agentes superavitários e deficitários.

Atua nos seguintes mercados:

Mercado Monetário – emissão de papel-moeda e moeda escritural;
Mercado de Crédito – fornece recursos para o consumo de pessoas e empresas;
Mercado de Capitais – permite a captação de recursos de terceiros pelas empresas;
Mercado de Câmbio – compra/venda de moedas estrangeiras.
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 CMN – Conselho Monetário Nacional
Membros:
Ministro da Economia (antiga Fazenda)  preside o conselho;
Presidente do BCB;
Secretário Especial de Fazenda do ME.

OBS: BCB é o secretário-executivo do CMN, pois é quem publica, prepara as reuniões, dá

suporte, elabora atas, mantem arquivo etc.
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 Funções do CMN
1. Coordenar a Dívida Pública Interna / Externa;
2. Ser instância Máxima (não recursal) do SFN.

 Junto funciona a COMOC – Comissão Técnica da Moeda e do Crédito

 Assessora o CMN (órgão consultivo)
 Formado por membros do:
 ME
 BCB Supervisores do CMN
 CVM
 Tesouro Nacional
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 CNSP – Conselho Nacional de Seguros Privados
Regula os seguros privados, resseguros, previdência aberta e capitalização.

Seguros / Resseguros  proteção contra riscos;

Previdência Aberta  planos de aposentadoria, poupança, ou pensão à parte da

previdência oficial e aberta ao publico em geral.

Capitalização  depósito de valores para percepção de juros e prêmios.

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 CNPC – Conselho Nacional de Previdência Complementar
Regula a Previdência Fechada, os chamados fundos de pensão, voltada para funcionários
de empresas, organizações, conselhos.

Todos os conselhos normatizam por meio de Resoluções.

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 Supervisores
 Banco Central do Brasil
 Autarquia federal sem vinculação / tutela / subordinação com nenhum Ministério (LC
179/2021)
 Missão: garantir a estabilidade do poder de compra da moeda (inflação) – autoridade
monetária.
 Outros Objetivos:
 Zelar pela eficiência do SFN;
 Suavizar flutuações da atividade econômica;
 Fomentar o pleno emprego.
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 Supervisores
 Banco Central do Brasil
 Atribuições:
 Emissor de moeda;
 Executor do meio circulante;
 Banco dos bancos;
 Banqueiro do governo  Conta única do TN (ouro, moedas estrangeiras e reservas);
 Executor da politica monetária;
 Executor da política cambial;
 Supervisor do SFN
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 Supervisores
 Comissão de Valores Mobiliários (Lei 6385/76)
 Autarquia federal em regime especial vinculada ao ME, sem subordinação hierárquica,
mandato fixo, estabilidade dos dirigentes, autonomia financeira e orçamentária e
dotada de autoridade administrativa independente.
 Objetivos em relação ao Mercado de Capitais:
 Fiscalizar;
 Normatizar;
 Disciplinar;
 Desenvolver.
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 Supervisores
 SUSEP – Superintendência de Seguros Privados (Decreto-Lei 73/66)
 Autarquia federal vinculada ao ME.

 PREVIC – Superintendência Nacional de Previdência Complementar

 Autarquia federal em regime especial vinculada ao ME, dotada de autonomia administrativa,
financeira e patrimonio proprio.

 CRSFN – Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional

 Órgão Colegiado de segundo grau integrante da estrutura do ME.
 Julga em ultima instância administrativa os recursos contra sanções aplicadas pelo BCB e CVM, e
nos processos de lavagem de dinheiro, sanções do COAF, SUSEP, PREVIC etc.
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 Supervisores
 OBS: supervisores também são EXECUTORES, quando atuam por meio de
instituições especiais do SFN  atuam de forma diferente das demais, possuindo
papéis própios, como estabelecer regras e fiscalizar os operadores/usuários de crédito,
sendo também operadores.

 Banco do Brasil  executa política de crédito rural e industrial;

 BNDES  executa política nacional de desenvolvimento (financiador de longo prazo);
 CEF  executa politica habitacional e de saneamento.
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ENTIDADES NORMATIVAS
+
ENTIDADES SUPERVISORAS
=
SUBSISTEMA NORMATIVO DO SFN

INSTITUIÇÕES OPERADORAS = SUBSISTEMA DE INTERMEDIAÇÃO

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 Operadores
 São instituições que lidam diretamente com o público, ofertando produtos e prestando
serviços financeiros.

INSTITUIÇÃO FINANCEIRA = Intermedia (capta e aplica) e custodia recursos próprios ou

de terceiros no mercado financeiro.

NÃO SÃO INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

 Adm. De Consórcios;
 Instituições de Pagamento.
 Obs. Sofrem supervisao do BCB
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 Operadores
 ATENÇÃO!
 Estão autorizados a captar DEPÓSITOS A VISTA apenas:
 Bancos comerciais;
 Cooperativas;
 Bancos Multiplos com carteira comercial.

 Mecanismo denominado MULTIPLICADOR MONETÁRIO (de criação de moeda).

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 Operadores
 Para se caracterizar como banco múltiplo com carteira comercial, a instituição deve
ter, no mínimo, duas das seguintes carteiras, sendo uma obrigatoriamente comercial:
- comercial
- de investimento ou de desenvolvimento, a última exclusiva para bancos públicos
- de crédito imobiliário
- de crédito financiamento e investimento
- de arrendamento mercantil (leasing financeiro)
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 AS FINANÇAS PÚBLICAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 Princípios Constitucionais Financeiros
 Estrita Legalidade
 Anualidade
 Universalidade
 Unidade
 Exclusividade em Matéria Orçamentária
 Proibição de Estorno
 Especialização
 Publicidade
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 AS FINANÇAS PÚBLICAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 Princípios Constitucionais Financeiros
 Estrita Legalidade
Difere da legalidade em sentido amplo, pois não admite a introdução de critérios subjetivos na
aplicação da lei, sendo vedada a edição de atos administrativos discricionários e decretos.

Compete tão somente à lei a tarefa de estabelecer objetivamente a faixa de atuação da

administração pública.

José Afonso da Silva: “a legalidade in casu estende-se aos programas, às operações de crédito, à
transposição de recursos de uma dotação orçamentária para outra e à abertura de crédito
suplementar, dentre outras hipóteses”.
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 AS FINANÇAS PÚBLICAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 Princípios Constitucionais Financeiros
 Anualidade:
Duplo sentido:
1. Lapso temporal de vigência da lei orçamentária (D. Financeiro)
2. Autorização para cobrança de tributo num dado exercício financeiro (D. Tributário)

Jean-Marie Cotteret e Claude Emeri: “O princípio da anualidade orçamentária exprime

simplesmente que a autorização para despender e para receber não vale a não ser por um
ano. Além desse marco de tempo, todas as receitas e todas as despesas são proibidas, até a
nova autorização”
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 AS FINANÇAS PÚBLICAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 Princípios Constitucionais Financeiros
 Anualidade:
Periodicidade coincide com o ano-calendário

Atenuação: obras iniciadas e concluídas fora do ano-calendário  autorizações plurianuais (força

vinculante aos orçamentos posteriores).

Orçamento:
Regime de Fluxo de Caixa  simples registro e apuração de receitas e despesas até o fim do execício.
Regime de Competência  registra também créditos contraidos antes e efetivados no ano-calendario,
bem como despesas contraidas no ano-calendário e sujeitas à efetivação posterior.
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 AS FINANÇAS PÚBLICAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 Princípios Constitucionais Financeiros
 Anualidade:
Lei 4320/64 – adotou o regime de competência.
Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.
Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro:
I - as receitas nêle arrecadadas;
II - as despesas nêle legalmente empenhadas.
Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de
dezembro distinguindo-se as processadas das não processadas.
Parágrafo único. Os empenhos que sorvem a conta de créditos com vigência plurienal, que não tenham
sido liquidados, só serão computados como Restos a Pagar no último ano de vigência do crédito.
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 AS FINANÇAS PÚBLICAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 Princípios Constitucionais Financeiros
 Universalidade:
1. Obrigatoriedade de registro de todas as receitas e despesas; e
2. Não afetação das receitas públicas (não vinculação a uma despesa).

 Exprime rigor técnico, moralidade administrativa, transparência.

 CF/88 – 167, IV
 Exceções:
1. Fundos de Participação
2. Ensino (212)
3. Garantias às operações de crédito por antecipação de receita (165, § 8º)
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 AS FINANÇAS PÚBLICAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 Princípios Constitucionais Financeiros
 Unidade:
Existência de orçamento básico, em torno do qual se agregam orçamentos miniaturais
que se incorporam e integralizam o orçamento-base compondo um todo indivisível.

Atenuação: planos plurianuais e diretrizes orçamentárias.

Ex. https://www.gov.br/agricultura/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/ppa
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 AS FINANÇAS PÚBLICAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 Princípios Constitucionais Financeiros
 Unidade:
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I - o plano plurianual;  planejamento de longo prazo (4 anos)

II - as diretrizes orçamentárias;  metas e prioridades de curto prazo (1 ano)

III - os orçamentos anuais.  execução do planejado (1 ano)

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 AS FINANÇAS PÚBLICAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 Princípios Constitucionais Financeiros
 Exclusividade em Matéria Orçamentária:
 É a proibição expressa a que a lei orçamentária contenha disposições estranhas a receitas e despesas.

Art. 165, § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação
da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e
contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

Ex. o orçamento pode abrigar as despesas relativas à construção de uma universidade ou de uma escola,
mas não pode decidir sobre a criação dos mencionados estabelecimentos de ensino, porquanto tais
tarefas se encartam no âmbito competencial da legislação própria, refugindo, pois, da ambitude da lei
orçamentária.