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E DE CAPITAIS
INTRODUÇÃO
O Sistema Financeiro Nacional possui a sua atual estrutura derivada das leis da
Reforma Bancária (Lei n.º 4.595/64) e do Mercado de Capitais (Lei n.º 4.728/65),
que o subdividiram em subsistema normativo e subsistema de intermediação.
No primeiro estão as instituições que normatizam e fiscalizam os participantes
do mercado financeiro; no segundo, estão as instituições participantes, dentre
as quais se verificam as instituições bancárias, não bancárias e auxiliares, com
destaque para os denominados agentes especiais (Banco do Brasil, Caixa
Econômica Federal e BNDES). Nas próximas linhas serão abordados os
participantes do sistema financeiro nacional, suas características e
particularidades. Também discutiremos a estrutura e o funcionamento dos
diferentes mercados financeiros: monetário, de crédito, cambial e de capitais.
O Sistema Financeiro Nacional, conforme nos ensina Assaf Neto (2018, p. 40),
“pode ser entendido como um conjunto de instituições financeiras e instrumentos
financeiros que visam, em última análise, transferir recursos dos agentes
econômicos (pessoas, empresas, governo) superavitários para os deficitários”.
Sua atual estrutura foi regulamentada logo nos primeiros anos dos governos
militares, que instituíram as leis da Reforma Bancária (Lei n.º 4.595/64) e do
Mercado de Capitais (Lei n.º 4.728/65), e, dessa forma, o sistema passou a ter a
seguinte estrutura:
Figura 1.1 - Sistema Financeiro Nacional
Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2018, p. 40).
O Subsistema Normativo
Como se verifica pelo nome, nesse subsistema estão os participantes que
normatizam e fiscalizam os participantes do subsistema de intermediação
financeira. Aqui falaremos sobre o Conselho Monetário Nacional, o Banco
Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários.
Os membros do CMN reúnem-se uma vez por mês para deliberar sobre assuntos
como adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da
economia; regular o valor interno e externo da moeda e o equilíbrio do balanço
de pagamentos; orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras;
propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros;
zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras; e coordenar as
políticas monetária, creditícia, orçamentária e da dívida pública interna e externa.
(BANCO CENTRAL DO BRASIL, [201-b]).
Entre suas atribuições, conforme destaca Assaf Neto (2018), temos:
No que tange à política monetária, sua ação como executor dá-se no exercício
do controle dos meios de pagamento, da execução do orçamento monetário e
da gestão das dívidas interna e externa. Aqui cabe destacar o seu papel de
executor das operações de compra e venda de títulos do governo: ao realizar
essas ações, não apenas atua captando recursos para o Governo Federal como
também exerce a política monetária, restritiva ou expansionista, conforme
execute operações de venda ou compra de títulos federais.
Por fim, o Bacen possui o monopólio das operações de câmbio, ou seja, apenas
a instituição, através de seus agentes autorizados, pode realizar a troca de
moeda local por moeda estrangeira – Dólar, Libra ou Euro basicamente, e vice-
versa. Negociações ocorridas fora de seu ambiente são consideradas ilegais.
Através do Banco Central é possível também receber ou enviar recursos
financeiros ao exterior.
O Subsistema de Intermediação
O Banco do Brasil
O Banco do Brasil é uma sociedade de economia mista, com seu controle
acionário exercido pelo Governo Federal. É uma instituição financeira comum,
que atua realizando empréstimos tanto para pessoas físicas como jurídicas em
suas diversas modalidades e captando recursos no mercado de capitais. No
entanto, realiza algumas operações exclusivas para o governo, como receber os
tributos e rendas federais, e receber os depósitos compulsórios realizados pelas
instituições financeiras assim como as operações de redesconto para o Bacen.
Para realizar suas operações, o BNDES dispõe, conforme Assaf Neto (2018),
das seguintes subsidiárias:
O Selic e a Cetip
O Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) foi desenvolvido no ano de
1979 pelo Banco Central e pela Andima (Associação Nacional das Instituições
de Mercado Aberto), para operar com títulos de emissão do tesouro nacional.
Conforme nos ensina Assaf Neto (2018, p. 62):
O Mercado de Crédito
No mercado de crédito são oferecidos os recursos necessários ao atendimento
das necessidades de recursos financeiros das pessoas físicas, que os usam para
o consumo, como das pessoas jurídicas, normalmente para o capital de giro.
Aqui as instituições financeiras atuam como intermediadores de recursos,
captando recursos de poupadores e os emprestando aos tomadores de
recursos. Para os poupadores, o banco remunera a uma determinada taxa,
emprestando-os aos tomadores a uma taxa expressivamente maior, pois ela
deve refletir os custos de captação, as despesas administrativas envolvidas na
atividade bancária, os impostos e o prêmio pelo risco. Essa diferença é
denominada, como observamos anteriormente, spread bancário. Existem
dezenas de modalidades de crédito, mas nos ateremos às mais comuns.
Cheque Especial
O cheque especial é uma modalidade de crédito rotativo destinado tanto para
pessoas físicas como jurídicas. É utilizado automaticamente tão logo os recursos
da conta corrente do tomador zerem e é coberto (pago) à medida que novos
recursos sejam creditados.
As contas Garantidas
As contas garantidas são produtos destinados exclusivamente a pessoas
jurídicas e possuem um uso similar ao do cheque especial, já que também se
trata de limite de caráter rotativo, contudo, existem algumas diferenças: a
liberação de recursos deve ser monitorada pelo gerente responsável pela conta
e, comumente, o produto possui garantias atreladas, ou seja, possuem garantias
extras ao aval dos sócios. Essas garantias podem ser:
• recebíveis, como duplicatas mantidas em uma carteira e, eventualmente,
cheques pré-datados.
• alienação fiduciária de veículos, máquinas e equipamentos.
• penhor mercantil.
Desconto de Recebíveis
É uma modalidade de crédito que pode ser concedida sobre a forma de uma
linha de crédito – um limite preestabelecido para que a empresa realize seus
descontos – ou através de uma operação pontual. Aqui é importante frisar que a
instituição financeira não faz a compra do título, apenas realiza a antecipação do
valor. Dessa forma, caso o sacado do título não honre o compromisso, quem
deverá fazê-lo é o cedente, caracterizando assim uma operação de crédito. O
funcionamento é extremamente simples: os valores são creditados na conta
corrente do tomador mediante um deságio, e o título migra de uma carteira
simples ou registrada para uma carteira descontada, na qual é feito o
acompanhamento da quitação da operação. Caso o título seja pago, é baixado
automaticamente; caso contrário, será debitado da conta corrente do cedente.
Idealmente, o prazo máximo de vencimento dos títulos é de 90 dias,
dependendo, claro, do perfil de cada cliente quanto aos seus prazos médios de
recebimentos.
Hot Money
As operações de Hot Money normalmente são realizadas por grandes empresas
e servem para necessidades de curtíssimo prazo.
Giro Parcelado
O giro parcelado é uma operação de empréstimo realizado para pessoas
jurídicas, similar ao empréstimo pessoal realizado para pessoas físicas: é uma
modalidade pela qual o tomador toma determinada quantia, que é creditada em
sua conta corrente, e seus pagamentos se dão de forma parcelada, normalmente
não superiores a 24 meses, dependendo, claro, dos valores envolvidos e do perfil
do cliente. É uma alternativa interessante quando a empresa está muito tomada
em operações rotativas e com dificuldade para cobri-las, pois as taxas de juros
são normalmente menores. É comum que a instituição financeira peça garantias
extras para concessão do risco, que podem ser veículos ou, dependendo dos
valores envolvidos, hipoteca de imóveis. A taxa de juros envolvida na operação
é prefixada. A Hipoteca é a dação de imóveis, como terrenos, casas e galpões,
como garantia em adicional ao crédito. Antes, porém, o bem deve ser avaliado
por uma empresa especializada, sendo que o laudo tem um custo significativo,
o que o torna então uma garantia cara para o tomador. Imóveis que possuem
residentes não são uma garantia boa a ser aceita, em função dos custos judiciais
de desocupação.
Operações de Vendor
A operação de vendor, conforme nos ensina Assaf Neto (2018, p. 72):
É uma operação de crédito em que uma instituição bancária paga à vista a uma
empresa comercial os direitos relativos às vendas realizadas e recebidos em
cessão, em troca de uma taxa de juros de intermediação. No vendor, a empresa
vendedora atua como cedente do crédito, e o banco como cessionário e
financiador do comprador. O banco paga à vista ao vendedor o valor dos créditos
recebidos, descontado dos respectivos encargos financeiros. A responsabilidade
principal do pagamento dos títulos ao banco é da empresa compradora, sendo
por isso geralmente exigido que seja cliente conhecida da instituição.
Dessa forma, a operação permite diversas vantagens para a empresa comercial
vendedora, como a possibilidade de recebimento à vista, a redução da base de
cálculo dos impostos e comissões incidentes sobre o faturamento (PIS, Cofins,
ICMS, IPI). Para a empresa compradora, a operação também pode ser atraente,
pois permite o acesso a taxas de juros mais baixas do que se tomasse
empréstimo para fazer a aquisição. Assim sendo, o objetivo da operação é
viabilizar as vendas a prazo, permitindo que a empresa vendedora receba a vista
e, ao mesmo tempo, conceda um crédito ao comprador, conforme se observa na
figura abaixo:
Leasing
O leasing não chega a ser exatamente uma operação de crédito, embora
funcione praticamente como se fosse. É uma operação que na prática se
constituiu de um “aluguel”, pelo qual o proprietário do bem – o arrendador –
concede ao locatário – denominado arrendatário – o direito de uso de
determinado bem por um período de tempo determinado. Os arrendadores são
empresas de leasing normalmente vinculadas a instituições financeiras, e os
arrendadores são empresas de diversos segmentos, destacando-se aqui as
empresas de aviação, grandes usuárias dessa modalidade.
O Mercado de Câmbio
Em uma definição mais restrita da palavra, câmbio vem de “cambiar”, que
significa trocar, e, no que tange a operações com moedas, o câmbio justamente
expressa as operações de troca de moeda local por moeda estrangeira, e vice-
versa, para realização de operações comerciais. A taxa de câmbio justamente
nos mostra quantas unidades de moeda local são necessárias para adquirir uma
unidade de moeda estrangeira. Por exemplo, no mês de junho de 2019, na
média, são necessários R$ 4,00 para compra de 1 dólar americano. Conforme
nos ensina Assaf Neto (2018, p. 99):
Esse mercado reúne todos os agentes econômicos que tenham motivos para
realizar transações com o exterior, como operadores de comércio internacional,
instituições financeiras, investidores e bancos centrais, que tenham
necessidades de realizar exportações e importações, pagamentos de
dividendos, juros e principal de dívidas, royalties e recebimentos de capitais e
outros valores. No Brasil, a política cambial é definida pelo CMN e executada
pelo Bacen.
É importante ressaltar que no Brasil o mercado de câmbio não é apenas
controlado, mas monopolizado pelo Banco Central, ou seja, apenas algumas
instituições – como bancos, corretoras e distribuidoras e agências de turismo –
autorizadas podem fazer operações de câmbio. Esse controle é necessário para
que possa ser possível controlar as reservas cambiais e manter o valor da moeda
nacional em relação às estrangeiras.
Mas, afinal, o que determina a taxa de câmbio? O que faz a moeda nacional – o
Real – se valorizar ou desvalorizar diariamente? Em linhas gerais, é
o mercado que faz a moeda oscilar de valor, ou seja, a demanda seja por moeda
local ou estrangeira. Se as perspectivas econômicas forem positivas, a tendência
é que haja uma entrada maior de moedas estrangeiras, para aproveitar
oportunidades de investimento. Dessa forma, em uma situação em que a oferta
é maior do que a procura por moeda estrangeira, ela tende a perder o valor;
contudo, o contrário ocorre quando o pessimismo toma conta do mercado, pois,
nesse caso, a tendência é que os dólares sejam mais comprados pelos
investidores, por se tratar de uma moeda mais estável. É importante frisar que o
otimismo e pessimismo do mercado não são influenciados apenas pela
conjuntura do mercado local, pois notícias boas ou ruins vindo de determinados
países, como a China, o Japão e os Estados Unidos, e da Europa como um todo
também podem impactar negativamente em nosso mercado, sobretudo porque
o Brasil possui uma economia ainda em estágio de desenvolvimento.
O Mercado de Capitais
O mercado de capitais é o meio ambiente em que as empresas buscam recursos
não exigíveis ou exigibilidade de longo prazo para realização de investimentos,
sobretudo em bens de capital. Conforme nos ensina Assaf Neto (2018, p. 81), o
mercado de capitais
a) Ações
As ações por definição são uma fração do capital social de uma sociedade
anônima de capital aberto. Podem ser adquiridas por qualquer pessoa que
possua uma conta em uma corretora de valores, podendo ser vendida também
a qualquer momento, com liquidação em D+2. Suas operações são
regulamentadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). É possível ganhar
dinheiro no mercado de ações das seguintes maneiras:
b) Debêntures
Conforme nos ensina Assaf Neto (2018, p.56), “Debêntures são títulos de dívida
de longo prazo emitidos por sociedades por ações e destinados, geralmente, ao
financiamento de projetos de investimentos (fixo e giro) ou para alongamento do
perfil de endividamento das empresas”. É importante frisar que, diferentemente
das ações, as debêntures possuem uma remuneração que não é vinculada ao
resultado das empresas, ou seja, o seu pagamento, que se dá sobre a forma de
juros, constitui-se em obrigações. Conforme Assaf Neto (2018), as taxas de juros
podem ser prefixadas, flutuantes ou mistas, ou seja, uma taxa prefixada
acrescida de uma taxa de juros acrescida de um índice de correção da economia.
Quanto à forma de remuneração, os juros podem ser pagos pelo período de sua
vigência ou apenas quando vencem, no momento de seu resgate.
c) Derivativos Financeiros
ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
GRANER, F.; ZAIA, C.; PUPO, F. Governo quer diminuir fatia do BB na área de
crédito rural. Valor Econômico. Brasília, 25 mar. 2019. Disponível:
https://www.valor.com.br/agro/6178383/governo-quer-diminuir-fatia-do-bb-na-
area-de-credito-rural. Acesso em: 16 jul. 2019.