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FABIANA DE OLIVEIRA ALMEIDA- RA: 2254

HOLOCAUSTO BRASILEIRO E A HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

Prof.ª Luciana Lima.

Marília
2022
Foi proposto pela Prof.ª Luciana Lima que os alunos do 9 termo de
Psicologia da Universidade Católica Paulista realizassem um trabalho historicizando
os acontecimentos presentes no documentário o Holocausto Brasileiro e vídeo a
história da saúde pública no Brasil.
Holocausto Brasileiro é um documentário, produzido pela jornalista
Daniela Arbex. Nele, a jornalista apresenta por meio de relatos, fotos e documentos
oficiais, várias histórias de pessoas que, consideradas “loucas” foram enviadas ao
maior hospício do Brasil, o Hospital Colônia, na cidade de Barbacena. O que se
descobre é que ao invés de ser um lugar onde as pessoas receberiam cuidados o
hospital se torna um depósito de pessoas consideradas indesejadas na sociedade.
No começo do documentário nos deparamos com um senhor narrando
como os pacientes chegavam em Barbacena, eram trazidos por trem em vagão
descrito como: “vagão para loucos”.
Logo em seguida, nos deparamos com o relato de uma ex-enfermeira que
trabalhava no hospital que relata que toda quarta-feira chegava pacientes novos
porque a policia pegava pessoas que estivessem na rua e mandava para um
hospital chamado Raul Soares e desse hospital essas pessoas eram encaminhadas
para Barbacena, ou seja, em muitos dos casos não eram encaminhados pacientes
com transtornos psiquiátricos para Barbacena, mas sim qualquer tipo de pessoa que
fosse considerada indesejada para a sociedade como: prostitutas, pessoas em
situação de rua, negros, inimigos políticos, homossexuais, pessoas alcoólatras, até
mesmo mulheres que ousassem desafiar seus maridos, transformando o hospital em
deposito.
No documentário também temos contato com uma filha de uma ex
funcionaria que explica que não era necessário ter nenhum tipo de especialização
para trabalhar no hospital, bastava saber distribuir a alimentação, dar banho nos
pacientes e entregar a medicação que era um comprimido azul e outro rosa, Haldol
e Fenergan, a mesma relata também que a mãe era orientada a fazer a ronda e se
os pacientes estivessem gritando ou agressivos era para dar o comprimido rosa e
azul se estivesse cantando era para dar o comprimido rosa.
Uma outra enfermeira relata que a alimentação dos pacientes era um
caldo branco e aquilo era o que era ofertado, porém em determinado momento
aquele caldo acaba e alguns pacientes morrem por falta de alimentação. O material
utilizado para dar medicações na veia eram compartilhados em diversos pacientes
sem higienização ou descarte e troca por novas seringas e agulhas.
Existia um guarda que ficava com uma arma e ameaça funcionários e
pacientes segundo relato de uma funcionaria do hospital esse guarda escolhia
medicações aleatórias e ia entregando também aleatoriamente para os pacientes
caso o paciente se recusa-se a tomar era ameaçado com a arma.
As enfermeiras relatam também que era realizado eletrochoque nos
pacientes e era o médico que estipulava a voltagem utilizada, e muitas vezes os
pacientes levavam choques como forma de castigo.
No início da década de 70, com o fechamento do hospital de
neuropsiquiatria infantil de oliveira, dezenas de crianças foram transferidas para o
hospital Colônia.
Os internados não tinham camas, nem água potável, na hora de dormir
eram necessário se amontoar para não morrerem de frio, mesmo assim, muitos
pacientes morreram de frio. Os corpos desses pacientes foram utilizados como
forma de lucrar, pois eram vendidos para faculdades de medicina, mais de 1.800
cadáveres foram vendidos para 17 faculdades do Brasil entre 1969 e 1980.
Alguns pacientes eram utilizados para prestar serviço aos municípios ou
levados para fazer serviços particulares de funcionários da Prefeitura, e o
“pagamento” era cigarro.
A década de 30 foi marcada pela entrada das irmãs Vicentinas e da igreja
Católica na administração da instituição. As enfermeiras relatavam que as freiras se
utilizavam dos pacientes para fazer serviços manuais sem pagamento.
Referência mundial na busca pela humanização dos modelos de
atendimento, o psiquiatra italiano Franco Basaglia visitou o colônia em 1979. Na
época, ele declarou que em lugar nenhum do mundo tinha visto uma tragédia como
aquela.
Em 2001, com a aprovação da lei de atenção ao portador de transtorno
mental no Brasil, os leitos psiquiátricos passaram a ser substituídos por modelos de
atendimentos mais humanizados. No Colônia foram instituídas as residências
terapêuticas.

A HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

O ano de 1808 marca a chegada da família real ao Brasil e também da


criação dos primeiros cursos de Medicina.
Após a Independência do Brasil, em 1822, D. Pedro II determinou a
criação de órgãos para inspecionar a saúde pública, como forma de evitar epidemias
e melhorar a qualidade de vida da população. Também foram adotadas medidas
voltadas para o saneamento básico.
No final do século XIX e início do XX, a cidade do Rio de Janeiro contou
com diversas ações de saneamento básico e campanha de vacinação contra a
varíola. Revolta da vacina (1904).
Ainda nessa época, o esgoto corria a céu aberto e o lixo não tinha o
destino adequado, assim, a população estava sujeita a uma série de doenças.
Em 1923, surgiram as caixas de aposentadoria e pensão (CAPS), foram
criadas pelos trabalhadores para garantir proteção na velhice e na doença, com o
passar do tempo e da pressão popular Getúlio Vargas decidiu ampliar o atendimento
também para outras categorias profissionais e as CAPS, passam a se chamar
Instituto de aposentadoria e pensões (IAPS) em 1930 e também no mesmo ano é
criado o Ministério da Educação, logo após a chegada de Getúlio Vargas ao poder.
Com o nome de Ministério da Educação e Saúde Pública, a instituição desenvolvia
atividades pertinentes a vários ministérios, como saúde, esporte, educação e meio
ambiente.
O período de Getúlio promoveu reformulações no sistema a atuação
passou a ser mais centralizada e focada no tratamento das epidemias e endemias,
só que as verbas da saúde acabaram desviadas, boa parte dos recursos dos IAPS,
eram utilizados para financiar a industrialização do país e dessa forma o
atendimento não chegava a todos.
A constituição de 1934 proporcionou aos trabalhadores novos direitos
como a assistência médica e a licença a gestante. Em 1943 veio a Consolidação das
leis do trabalho (CLT) que criou o salário mínimo e outras garantias trabalhistas.
Em 1953 foi criado o Ministério da Saúde que se ocupava principalmente
das politicas de atendimentos das zonas rurais, enquanto nas cidades o acesso a
saúde era um privilegio dos trabalhadores com carteira assinada.
Em 1956 Juscelino Kubitschek assumi a presidência do Brasil. JK estava
ocupado em construir a nova capital e dar impulso a industrialização.
Em 1964 veio a Ditadura Militar e os governos militares focaram os
investimentos na segurança e no desenvolvimento, mais uma vez a saúde sofreu
com a redução das verbas e doenças como a dengue meningite e malária se
intensificaram. Diante, das epidemias e do avanço da mortalidade infantil o governo
foi atrás de soluções.
Em 1966 nasceu o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) com a
missão de unificar todos os órgãos previdenciários que vinham funcionando desde
1930 e melhorar o atendimento médico.
A atenção primaria cada vez mais era vista como responsabilidade dos
municípios e os casos complexos ficavam a cargo dos governos estaduais e federal.
Nos anos 70 o FAS um fundo composto por recursos da loteria esportiva
destinava parte do dinheiro para a saúde. Mesmo assim, as verbas para a saúde
representavam apenas 1% do orçamento geral da união a piora dos serviços
públicos deu força para o crescimento dos grupos privados. Saúde passou a ser
sinônimo de mercadoria.
A oitava Conferência Nacional de Saúde em 1986 ampliou os conceitos
de saúde pública no Brasil e propôs mudanças baseadas no direito universal a
saúde com melhores condições de vida.
A Constituição Federal de 1988 implantou, no país, o SUS,
regulamentado dois anos depois pelas Leis nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 e
nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, sendo recentemente atualizada pelo Decreto
nº 7.508, de 28 de junho de 2011.
Embora ainda com participação do setor privado o SUS estabeleceu um
princípio de um sistema de saúde gratuito e de qualidade para todos os brasileiros.
O Brasil mudou de patamar na saúde pública, os avanços são inegáveis,
mas os desafios continuam,, até hoje o SUS não recebe verbas suficientes e isso
tem reflexos diretos na qualidade do atendimento, ainda estamos em busca de
saúde de qualidade para o povo brasileiro.

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