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Marília
2022
Foi proposto pela Prof.ª Luciana Lima que os alunos do 9 termo de
Psicologia da Universidade Católica Paulista realizassem um trabalho historicizando
os acontecimentos presentes no documentário o Holocausto Brasileiro e vídeo a
história da saúde pública no Brasil.
Holocausto Brasileiro é um documentário, produzido pela jornalista
Daniela Arbex. Nele, a jornalista apresenta por meio de relatos, fotos e documentos
oficiais, várias histórias de pessoas que, consideradas “loucas” foram enviadas ao
maior hospício do Brasil, o Hospital Colônia, na cidade de Barbacena. O que se
descobre é que ao invés de ser um lugar onde as pessoas receberiam cuidados o
hospital se torna um depósito de pessoas consideradas indesejadas na sociedade.
No começo do documentário nos deparamos com um senhor narrando
como os pacientes chegavam em Barbacena, eram trazidos por trem em vagão
descrito como: “vagão para loucos”.
Logo em seguida, nos deparamos com o relato de uma ex-enfermeira que
trabalhava no hospital que relata que toda quarta-feira chegava pacientes novos
porque a policia pegava pessoas que estivessem na rua e mandava para um
hospital chamado Raul Soares e desse hospital essas pessoas eram encaminhadas
para Barbacena, ou seja, em muitos dos casos não eram encaminhados pacientes
com transtornos psiquiátricos para Barbacena, mas sim qualquer tipo de pessoa que
fosse considerada indesejada para a sociedade como: prostitutas, pessoas em
situação de rua, negros, inimigos políticos, homossexuais, pessoas alcoólatras, até
mesmo mulheres que ousassem desafiar seus maridos, transformando o hospital em
deposito.
No documentário também temos contato com uma filha de uma ex
funcionaria que explica que não era necessário ter nenhum tipo de especialização
para trabalhar no hospital, bastava saber distribuir a alimentação, dar banho nos
pacientes e entregar a medicação que era um comprimido azul e outro rosa, Haldol
e Fenergan, a mesma relata também que a mãe era orientada a fazer a ronda e se
os pacientes estivessem gritando ou agressivos era para dar o comprimido rosa e
azul se estivesse cantando era para dar o comprimido rosa.
Uma outra enfermeira relata que a alimentação dos pacientes era um
caldo branco e aquilo era o que era ofertado, porém em determinado momento
aquele caldo acaba e alguns pacientes morrem por falta de alimentação. O material
utilizado para dar medicações na veia eram compartilhados em diversos pacientes
sem higienização ou descarte e troca por novas seringas e agulhas.
Existia um guarda que ficava com uma arma e ameaça funcionários e
pacientes segundo relato de uma funcionaria do hospital esse guarda escolhia
medicações aleatórias e ia entregando também aleatoriamente para os pacientes
caso o paciente se recusa-se a tomar era ameaçado com a arma.
As enfermeiras relatam também que era realizado eletrochoque nos
pacientes e era o médico que estipulava a voltagem utilizada, e muitas vezes os
pacientes levavam choques como forma de castigo.
No início da década de 70, com o fechamento do hospital de
neuropsiquiatria infantil de oliveira, dezenas de crianças foram transferidas para o
hospital Colônia.
Os internados não tinham camas, nem água potável, na hora de dormir
eram necessário se amontoar para não morrerem de frio, mesmo assim, muitos
pacientes morreram de frio. Os corpos desses pacientes foram utilizados como
forma de lucrar, pois eram vendidos para faculdades de medicina, mais de 1.800
cadáveres foram vendidos para 17 faculdades do Brasil entre 1969 e 1980.
Alguns pacientes eram utilizados para prestar serviço aos municípios ou
levados para fazer serviços particulares de funcionários da Prefeitura, e o
“pagamento” era cigarro.
A década de 30 foi marcada pela entrada das irmãs Vicentinas e da igreja
Católica na administração da instituição. As enfermeiras relatavam que as freiras se
utilizavam dos pacientes para fazer serviços manuais sem pagamento.
Referência mundial na busca pela humanização dos modelos de
atendimento, o psiquiatra italiano Franco Basaglia visitou o colônia em 1979. Na
época, ele declarou que em lugar nenhum do mundo tinha visto uma tragédia como
aquela.
Em 2001, com a aprovação da lei de atenção ao portador de transtorno
mental no Brasil, os leitos psiquiátricos passaram a ser substituídos por modelos de
atendimentos mais humanizados. No Colônia foram instituídas as residências
terapêuticas.