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Perícias de Engenharia –
Documentação e Redação Técnica
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL.................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
ASPECTOS CONCEITUAIS........................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
PRINCIPAIS MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO UTILIZADOS NA ENGENHARIA CIVIL – PARTE 2............. 26
CAPÍTULO 3
EFICÁCIA DAS AÇÕES DE PRESERVAÇÃO NO CURTO PRAZO................................................... 50
CAPÍTULO 2
RECURSOS RELACIONADOS À PERÍCIA DE ENGENHARIA.......................................................... 63
CAPÍTULO 3
TESTEMUNHAS E LAUDOS DE ENGENHARIA............................................................................... 72
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 89
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
Outro fator que ocorre em paralelo está relacionado à subvalorização dos imóveis
antigos, que inviabiliza a aquisição de novas habitações por grande parte das famílias de
classes sociais menos favorecidas economicamente. Além disso, a busca por segurança
e qualidade de vida nos imóveis está cada vez maior e, por esse motivo, a reabilitação de
edifícios tende a ganhar mais importância com a necessidade de respostas ao contexto
apresentado.
7
arquivamento para auxiliar futuras análises, de modo a ajudar na antecipação para a
resolução de problemas recorrentes.
Objetivos
Este material objetiva atender os requisitos propostos pela ementa do curso,
apresentando conceitos e definições relacionados à Engenharia Diagnóstica e Perícias
de Engenharia. Dessa forma, o foco está alinhado em duas vertentes:
8
DIAGNÓSTICO EM UNIDADE I
ENGENHARIA CIVIL
CAPÍTULO 1
Aspectos conceituais
Engenharia Diagnóstica (ED) é caracterizada por ser uma disciplina que contempla
processos de diagnósticos associados à patologia de diversos níveis de elementos
presentes em construções. Por meio de pesquisas técnicas, pode-se apresentar a filosofia
Tetra IN, cujo conceito visual é mostrado na Figura 1, e objetiva apresentar sequência
de ações direcionadas para identificar a necessidade de reparos e aprimoramentos
que apresentem maior robustez aos conceitos da qualidade total, em paralelo com a
identificação das responsabilidades presentes (GOMIDE, 2015).
Observação
I INiciação Descrição
VISTORIA
N Questionamentos
D
V I
E A
INtuição Experiência
Análise
S INSPEÇÃO Q. I. G
T 3ª visão
N
I Ó
Atestamento
N Padrões técnicos S
G Inter-relação
AUDITORIA
Normas
T
A Especificações
I
Ç C
à O
MEC de Ação
Evidências
O INferência
Origens
Causas
Cálculos
PERÍCIA
Resultados
9
UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
A ED teve origem, no Brasil, a partir de 2005. Desde então, passou a ser conceituada
como a arte para elaborar ações proativas que, por meio de prognósticos, diagnósticos
e prescrições técnicas, objetivam atender aos aspectos da qualidade total. Já em 2011, a
disciplina passou a ser conceituada como a arte que, mediante ensaios e procedimentos
técnicos, objetiva identificar e distinguir anomalias em diversos elementos de
construção. Em 2013, o conceito passou a ter novo foco: seguiu para pesquisas (ou
amplas abordagens) técnicas direcionadas para identificar fatores patológicos em obras
de construção, para ampliar conceitos característicos da qualidade ou para identificar e
definir as atribuições de suas responsabilidades.
Atualmente, dentro das normas vigentes pelas novas normas da ABNT, a abrangência
da ED assume uma amplitude maior em construções e edificações, considerando
abordagens inovadoras para a realização de diagnósticos relacionados ao desempenho,
extrapolando os tradicionais processos de tratamento dessas patologias, seguindo a
maneira natural de evolução dos conceitos da disciplina, englobando novos enfoques.
VISTORIA
INSPEÇÃO
ENGENHARIA
DIAGNÓSTICA
P P E E U R D
AUDITORIA
CONSULTORIA PERÍCIA
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
* Estanqueidade
* Conforto térmico e acústico
* Conforto luminoso
* Adequação * Conforto tátil e antropodinâmico
* Intensidade * Saúde, higiene e qualidade do ar
* Gestão
* Produtividade * Segurança
* Operação
* Planejamento
* Durabilidade
Uso * Manutenibilidade
Manutenção Habilidade * Impacto ambiental
* Projeto Sustentabilidade
* Execução
* Materiais Construção
Responsabilidade
social
Patologias
* Funcionalidade
* Acessibilidade
Desempenho * Instalação coletiva
ENGENHARIA
DIAGNÓSTICA
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Homem
Responsabilidade
Meio Ambiente
Sustentabilidade
Qualidade edilícia
Habitat
Engenharia diagnóstica
V I A P C P A I V
P U
P
R
E
E D
QUALIDADE
Desempenho Durabilidade
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
As técnicas contempladas por esse conjunto são agrupadas por métodos de diagnóstico
mais simples e, em alguns casos, menos técnicos. Ao utilizá-las, o profissional recorre,
principalmente à experiência e aos próprios sentidos para avaliar as situações
identificadas, podendo eventualmente recorrer a equipamentos mais específicos que
certifiquem impressões tidas sobre o fato (CÓIAS, 2006).
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Ressalte-se que todos esses recursos têm extrema importância a partir da experiência
aliada à prática, à perspicácia e ao conhecimento dos profissionais que os utilizam,
uma vez que os resultados não deixam de ser subjetivos (CÓIAS, 2006). Essa técnica
contempla duas técnicas específicas: detecção acústica e inspeção direta.
Detecção acústica
Essa técnica é caracterizada por ser não destrutiva e apresentar simplicidade em sua
utilização. Requer apenas um aparelho para medir os dados acústicos e, eventualmente,
gravá-los, para que, em situação oportuna, possam ser comparados com a base de dados
sonoros armazenados.
Inspeção direta
Essa técnica serve como o primeiro passo para identificar anomalias. Embora algumas
pessoas contestem sua conceituação de ação propriamente dita, sua aplicação,
em diferentes áreas da construção, torna-se uma etapa elementar no processo de
diagnóstico.
O processo de inspeção deve ser executado por técnicos ou especialistas, de modo que o
conhecimento sobre o assunto seja fator preponderante para a correta interpretação das
condições da estrutura verificada, bem como para determinar a forma mais adequada
de inspeção a ser utilizada para a obtenção de maiores detalhes.
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Este ensaio é semelhante ao ensaio que recorre a macacos planos, com a característica
de determinar as propriedades internas que possam provocar deformabilidade no
material, buscando sua aplicação, por meio de uma pressão hidrostática.
Essa pressão é caracterizada pela força da água no interior da sonda, que é composta
por um corpo rígido, de formato cilíndrico, revestido externamente por uma membrana
emborrachada, que age nas paredes do orifício com secção circular aberta. Esse processo
tem o propósito de identificar o coeficiente de elasticidade na área analisada, por meio
da medição do nível de deslocamentos nos perfis aplicados (OLIVEIRA, 2008).
Também são medidas as deformações dos diâmetros decorrentes das cargas de pressão,
dentro de quatro direções desfasadas, com 45° entre si e perpendiculares ao furo.
Aplica-se, sobretudo, nas alvenarias, devido ao grande desconhecimento dos materiais
constituintes no interior de paredes duplas.
O ensaio com dilatômetro pode ser alternado com o de macacos planos, em que se pode
obter maior nível de detalhamento do índice de deformabilidade presente na secção
transversal, em especial, pela razão obtida entre os níveis de deformabilidade interna e
externa presentes na alvenaria (OLIVEIRA, 2008).
Trata-se de uma técnica de inspeção destrutiva que, embora seja de baixo grau de
destruição, requer trabalhos de reparação no elemento construtivo analisado, ao final
da aplicação do ensaio, conforme mostra a Figura 6.
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Pode-se realizar esse ensaio durante as fases de execução para o controle da qualidade,
ou na pós-ocupação para verificar o desempenho do serviço.
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Esse ensaio pode ser realizado tanto no próprio local, como em laboratórios específicos.
Assim como os ensaios duplos, seu propósito consiste na fase de análise das características
dos elementos construtivos (CÓIAS, 2006).
O equipamento utilizado tem por característica, uma furadeira com broca de 4,5mm e
fixadores de tipo retro-tie e dispositivo de arranque.
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Este método possibilita identificar a resistência de uma argamassa, desde que sejam
disponibilizados os resultados dos ensaios de calibração do equipamento.
Assim, sua aplicação pode ser realizada em obras, tanto para atender ao controle da
qualidade como para efeitos de diagnóstico do local (CÓIAS, 2006). A Figura 7 mostra
a aplicação do ensaio.
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Esse tipo de procedimento de diagnóstico tem como base a detecção ou análise das
vibrações causadas por obras de construção ou por elementos construtivos, que objetiva
identificar as formas que as ondas elásticas são propagadas.
O choque entre o material sólido e a cabeça da uma estaca gera uma onda sonora,
que percorre todo seu comprimento. No caso de a estaca avaliada não apresentar
imperfeições ou descontinuidades, a onda sonora é refletida apenas na sua base.
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Figura 10. Procedimento para análise da integridade de estacas por ensaio sonoro.
Ensaio de ultrassom
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
As informações obtidas por meio desse procedimento podem ser úteis para identificar:
» características mecânicas;
» homogeneidade;
Esse estudo, pode seguir duas vertentes, de forma genéricas (RODRIGUES, 2010):
» Análise dos dados obtidos por meio das respostas dinâmicas impostas
pela camada envolvente, como o tráfego de automóveis, as operações com
equipamentos mecânicos na estrutura (ar-condicionado, ventiladores
etc.), proximidades de obras, entre outras.
Esse procedimento de ensaio é considerado não destrutivo e tem por objetivo, analisar
e acompanhar o comportamento dinâmico das construções nos locais mais suscetíveis
à capacidade de resistência sísmica.
Sua aplicação é realizada por equipamentos específicos, conforme mostra a Figura 11,
e pode ser relevante na condução de obras para medidas de reabilitação e efetivação,
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
verificando as ações corretivas mais adequadas. O estudo, pode seguir duas variantes
(RODRIGUES, 2010):
Figura 11. Tipo de equipamento utilizado para monitorar níveis de vibração em estruturas.
Esse método é executado por meio de microssismógrafos, conforme mostra a Figura 12,
e consiste no monitoramento das vibrações de diferentes origens, como circulação de
pessoas, trânsito de veículos, funcionamento de equipamentos e maquinários, dentre
outros.
Figura 12. Tipo de equipamento utilizado para monitorar níveis de vibração em estruturas.
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Estas duas causas podem ser agravadas pelo surgimento de fendas ou defeitos de
compactação do cimento, possibilitando a penetração de agentes indesejados, por
falhas na proteção das armações metálicas (OLIVEIRA, 2008).
Esse método de resistência por polarização é bastante utilizado para quantificar taxas
de corrosão em armações metálicas, aplicadas em elementos de concreto armado. Por
meio da aplicação, principalmente, em estruturas de concreto bastante carbonizadas,
ou com elevados níveis de cloretos, auxilia no monitoramento das condições estruturais
e na projeção do seu desempenho futuro (OLIVEIRA, 2008).
A análise das taxas de corrosão em armações metálicas é um fator essencial para avaliar
estruturas de concreto armado com riscos de corrosão passiva, bem como a velocidade
de propagação dessa corrosão.
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Dessa forma, esse processo desencadeia corrosão nas armações em estruturas de concreto
armado, pois, deixa as armações mais expostas quando os valores do pH atingem níveis
inferiores a 10,5 e, por esse motivo, o ensaio utiliza soluções de fenolftaleína para valores
de pH superiores a 8 (OLIVEIRA, 2008).
Esse procedimento permite identificar áreas com propensão a corrosão, antes mesmo
que suas características se tornem visíveis. Assim, possibilita identificar áreas onde o
concreto armado precisa de reparos ou proteção.
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Nesse diagnóstico, dois tipos de ensaios são adotados: fitas colorimétricas e kits de
campo, que avaliam praticamente todos sais, mas apresentando seus valores de maneira
diferente.
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CAPÍTULO 2
Principais métodos de diagnóstico
utilizados na Engenharia Civil – parte 2
Este método de inspeção utiliza uma tecnologia por radar, trabalhando, basicamente
por reflexão de ondas, onde, ao diminuir a frequência das ondas de funcionamento,
induz uma maior penetração nos materiais construtivos.
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
esses impulsos são captados por uma antena receptora localizada próximo da antena
emissora, tendo ambas associadas por um receptor gráfico.
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Essas substâncias podem ser cloretos que provocam corrosão, mas armações metálicas,
além de penetrarem nos poros do concreto armado e afetarem seu aço de composição,
quando suscetíveis a ambientes agressivos (FLORES-COLEN, 2009).
A absorção de água por capilaridade é definida como a entrada de água na rede porosa
do concreto por forças capilares, resultantes da diferença de pressão entre a superfície
livre da água no exterior e a superfície nos poros capilares, dependendo do diâmetro
capilar. Quanto menor for a absorção do material, mais protegida será a estrutura
(SILVA, 2010).
Este ensaio, recorre ao tubo de Karsten e sua aplicação objetiva avaliar, no ambiente,
ou em laboratório, o nível de resistência dos elementos de construção à água em
sua superfície, medindo a propriedade de absorção de umidade por baixa pressão
atmosférica. Geralmente sua aplicação é direcionada a paredes e revestimentos, com
diferentes propósitos, dentre os quais, temos (FLORES-COLEN, 2009):
Ensaio de permeabilidade
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
A relutância magnética trata da resistência ao fluxo magnético entre dois polos, que
se estabelece quando uma corrente percorre uma bobina elétrica, criando um campo
magnético.
A detecção de armações, baseada nessa efeito, utiliza uma bobina que, ao ser percorrida
por uma corrente alternada, induz um fluxo magnético que, quando está presente em
um elemento ferromagnético, sua relutância magnética diminui com o aumento esse
fluxo. Uma segunda bobina (com sensor) detecta esse acréscimo de fluxo (CÓIAS,
2006).
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Ensaio termográfico
Os resultados obtidos não tratam são valores absolutos, pois baseiam-se na comparação
entre as temperaturas observadas em uma superfície (GUERRERO, 2003). A partir da
observação dos termogramas, é possível, por exemplo, detectar:
» Perdas de calor.
Esse ensaio tem interesse direto na fase de pós-ocupação, para avaliação do desempenho
em serviço, sob o ponto de vista da manutenção preventiva.
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Figura 14. Exemplo de equipamentos utilizados para a detecção de armaduras e avaliação dos diâmetros.
Esse tipo de diagnóstico não apresenta caráter destrutivo, embora possa afetar de
alguma forma o funcionamento da construção em análise, visto que, por norma, essas
avaliações apresentam longa duração. Seu principal método de análise é:
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
O conforto térmico é um fenômeno caracterizado por ser “não é linear”, pois várias pessoas
em um mesmo ambiente podem sentir diferentes condições térmicas, dependendo das
próprias características físicas ou das características das construções. Esse nível de
conforto, ou desconforto, depende diretamente do tipo de atividade realizada no local,
o metabolismo do utilizador e as variáveis do ambiente (PINTO, 2009).
O conceito de umidade relativa está associado com a relação presente entre vapor
presente em um volume de ar qualquer, e a quantidade máxima que esse volume pode
conter de vapor, sob uma mesma temperatura.
Método de pressurização
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Preservação do sistema
Os sistemas de Engenharia civil, na maioria dos países, são compostos por ampla gama
de instalações de propriedade pública, e a manutenção desses sistemas, muitas vezes,
representa uma parte dominante dos orçamentos governamentais e privados.
Pesquisas apontam que uma economia de até 1% pode ser alcançada com a adoção de
práticas prudentes de preservação, que podem ser traduzidas em vários milhões ou até
bilhões de dólares por ano.
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Fase final
Identificação de problemas,
de vida
avaliação de necessidades,
estabelecimento de metas
Sistema de
Preservação
Planejamento
do sistema
Sistema de
Projeto do
Monitoramento
sistema
e Inspeção
Sistema de Sistema de
Operações construção
Essas tarefas incluem o detalhamento dos níveis de condições atuais dos sistemas para
as partes interessadas, o desenvolvendo das curvas de deterioração para fins de previsão
da condição futura do sistema, aferição da eficácia nas atividades de preservação,
avaliando e selecionando tratamentos de preservação econômicos e cronogramas de
ciclo de vida das construções, identificando a quantidade e o tempo ideal do trabalho de
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
O início deste capítulo será caracterizado pela apresentação das motivações contínuas
e dos princípios de preservação dos sistemas, seguidos de uma discussão sobre os dois
principais níveis de gestão em que são tomadas as decisões de preservação: nível de
instalação e nível da rede. Em seguida, discutiremos os diversos mecanismos utilizados
para a tomada de decisões relativas à preservação, ao reconhecendo e ao problema do
uso inconsistente de terminologias.
Nos Estados Unidos, mais de um quarto das 600.000 pontes do país são consideradas
estruturalmente deficientes ou funcionalmente obsoletas. Aproximadamente um
terço delas excedeu sua vida útil e estão precisando de manutenção, reabilitação ou
substituição (FHWA, 2011).
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
A política de preservação deve ser baseada no desempenho. Para que isso seja possível,
os objetivos políticos devem ser alinhados, conforme medidas de desempenho do
sistema para fins operacionais (dia a dia) e táticos, bem como para a gestão estratégica
dos recursos de preservação.
Reconhecendo que várias opções, muitas vezes, existem para preservar um sistema com
base no tipo e no tempo de tratamento de preservação, a política de preservação deve
facilitar a análise das opções de investimento e trade-off (compensações). Isso, muitas
vezes, é realizado usando conceitos de custeio no ciclo de vida na análise econômica,
análise de múltiplos critérios e otimização.
A política deve ajudar a agência a tomar boas decisões sobre como alocar fundos de
preservação nos diferentes tipos de sistema em uma rede ou em diferentes componentes
de um sistema individual, bem como da finalidade de investigar rapidamente e de forma
interativa para provocar devidas trocas entre diferentes projetos de preservação, grupos
de projetos e níveis de financiamento, ou entre despesas de preservação e desempenho.
O uso de modelos não confiáveis, muitas vezes produz previsões de condição do sistema
que se desviam longe das condições reais e, assim, levam a um timing incerto de
aplicações de tratamento de preservação, o que constitui um desperdício de fundos já
escassos.
A política de preservação deve ser consistente com as decisões baseadas em dados. Esses
dados incluem informações de custo e desempenho. Somente através desses dados que
se pode efetivamente avaliar os custos, a eficácia dos tratamentos e as estratégias de
preservação, para analisar os trade-off através das medidas de desempenho e modelar
as tendências da deterioração do sistema. Assim, um bom o processo de coleta e
gerenciamento de dados é essencial para a preservação do sistema como um todo.
37
UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Uma desvantagem desse nível é que, muitas vezes, ele utiliza dados que são apenas
agregados na natureza, nem sempre considerando todos os fatores associados à
preservação do sistema no nível de instalação e, portanto, podem não ser confiável para
tomar decisões em nível de instalação.
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Decisões de
preservação
Por exemplo, a opinião de especialistas pode ser solicitada por meio de pesquisa para
determinar o melhor tratamento em determinado conjunto de condições (como a
natureza dos defeitos existentes, taxa de deterioração, material do sistema e tipo de
projeto e outros fatores). Isso poderia ser melhorado ainda mais, mediante aplicação
de técnica Delphi, em que os resultados da primeira pesquisa são enviados de volta aos
especialistas para suas considerações acerca dos resultados gerais e para dar-lhes a
oportunidade de rever suas respostas iniciais.
As decisões também podem ser tomadas utilizando o mecanismo da prática histórica. Por
exemplo, se no passado certo tipo de tratamento era aplicado sempre que determinado
defeito era percebido sob uma ou mais condições, então essa prática (particularmente,
se documentada) pode servir de base para as decisões do engenheiro responsável pela
manutenção.
O problema com esse mecanismo de decisão com base histórica é que as práticas são
frequentemente influenciadas pelas condições econômicas (ou seja, a indisponibilidade
de financiamento no passado pode ter impedido a aplicação oportuna de tratamentos
adequados). Assim, do ponto de vista puramente técnico, as práticas passadas, muitas
vezes, não servem adequadamente como um guia adequado para práticas futuras.
De forma ideal, qualquer decisão de preservação deve ser realizada com base em um
mecanismo que seja objetivo e não seja influenciado por diferentes vieses pessoais ou
influenciados por práticas anteriores.
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
A eficácia pode ser medida no curto ou longo prazos. O curto prazo inclui a redução da
taxa de deterioração e o salto imediato na condição física. O longo prazo, a eficácia pode
ser medida com base em alguns fatores, dentre os quais, temos:
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Reconstrução
Intervalo
decrescente
entre Aumento do
aplicações custo por
atividade Reabilitação
Preservação
Manutenção
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Para um determinado tipo de sistema, a vida de reabilitação pode ser longa ou curta,
dependendo da política de manutenção, do carregamento, do clima, da disponibilidade
de financiamento e afins.
De uma forma ideal, os intervalos entre as reabilitações não devem ser uma função
da disponibilidade de financiamento. No entanto, as limitações de financiamento são
situações comuns que provocam adiamento de ações de reabilitação até um momento
em que fundos adequados estejam disponíveis.
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Corretiva
Função de
tratamento
Preventiva Contrato
Interna Forma de
Manutenção Manutenção Reabilitação Reabilitação trabalho
de rotina periódica menor maior
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Para avaliar até que ponto o objetivo proposto está sendo alcançado, algumas medidas
de desempenho podem ser aplicadas, dentre as quais, buscam identificar:
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
O nível atual de uso (operações) do sistema é um dado útil para estimar adequadamente
as consequências técnicas e econômicas do tempo de inatividade do sistema quando o
tratamento de preservação estiver sendo aplicado. Os dados também devem incluir a
idade primária do sistema (anos desde a construção), idade secundária (anos desde a
última reabilitação de maior dimensão) e histórico de reabilitação e manutenção (quais
tratamentos foram aplicados, o contratante de implementação, o custo do contrato e a
eficácia do tratamento).
Dados relevantes sobre o ambiente do sistema também são importantes, tais como
os fatores climáticos e ambientais: precipitação média, temperatura, índice de
congelamento, ciclos de congelamento/degelo, velocidade do vento, tempestades,
características geotécnicas, condições geológicas e natureza da hidrogeologia.
47
UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Todos esses dados são úteis para o desenvolvimento de modelos matemáticos que o
engenheiro de manutenção pode usar para executar suas tarefas, incluindo:
Em muitas empresas, esses limites são estabelecidos por pessoas com vários anos de
experiência em tais trabalhos de preservação. Já em outras, isso é feito com base em
práticas anteriores, ou seja, os limites que foram usados no passado, serão utilizados
atualmente, assim como no futuro também.
No entanto a definição desses limites é obtida por meio do uso da otimização de múltiplos
critérios que consideram devidamente as consequências quantificadas de cada limite
(KARBHARI, 2011). Para fazer isso, o engenheiro de manutenção deve inicialmente
considerar uma faixa de níveis de limite que contemplem a condição do sistema, para o
tratamento de preservação.
Para cada limite, o engenheiro deve determinar os benefícios (por exemplo, o aumento
da condição ou vida útil do sistema), os custos para a empresa, usuários e comunidade,
além da relação custo-benefício associada a esse limite.
Depois que os limites ótimos são definidos para cada tratamento, pode ser que a
empresa não consiga realizar o tratamento adequado, conforme os níveis ótimos
devido a algumas razões, como: influências políticas ou falta de financiamento para o
tratamento de preservação.
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Por outro lado, os dados de custo de manutenção podem ser desagregados (itens de dados
que envolvem preços de lances detalhados e elaborados para cada base específica “itens
de pagamento”). Nesse caso, os itens de pagamento, com preço por comprimento, área,
volume ou peso do produto acabado, são relatados separadamente ou combinados para
os fatores de produção (materiais, mão-de-obra e supervisão e uso de equipamentos).
Em qualquer nível de agregação, os dados de custo podem ser usados para prever o
custo futuro esperado de um tratamento de preservação, usando o custo médio ou o
modelo de regressão estatística.
Os custos de manutenção são incorridos não apenas pelo proprietário do sistema, mas
também pelo usuário (por atraso e inconveniência devido ao tempo de inatividade
do sistema) e pela comunidade (devido aos gastos extras incorridos para prevenir ou
mitigar os impactos adversos decorrentes do trabalho de manutenção).
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CAPÍTULO 3
Eficácia das ações de preservação no
curto prazo
A eficácia da preservação do sistema pode ser vista no curto ou longo prazo. Assim, a
avaliação da eficácia no curto prazo é tipicamente usada para um tratamento individual
ou um conjunto de tratamentos aplicados em um dado momento.
As parcelas de condição obtidas, conforme o tempo, são mostradas pela Figura 19,
e apresentam os possíveis padrões de deterioração da fase pós-manutenção, que
caracteriza: mudanças instantâneas nas condições, na inclinação, ou em ambos os
casos.
Figura 19. Alterações no padrão das condições de curto prazo, devido a um tratamento de preservação: (a)
sem salto e com taxa reduzida de deterioração; (b) com salto, mesma taxa de deterioração; (c) com salto, taxa
reduzida de deterioração.
∆S
∆C
∆S ∆C
Para o engenheiro de manutenção que busca avaliar até que ponto um tratamento de
preservação aborda efetivamente a deterioração do sistema, três questões elementares
e sequenciais são necessárias:
» Como a eficácia deve ser medida e qual indicador de condição deve ser
utilizado para esta medição?
Essa etapa envolve a seleção de uma medida adequada de Eficácia de Curto Prazo, ou
Measure of Short-Term Effectiveness (MOE), como o aumento da condição física do
sistema ou a diminuição da taxa de deterioração.
Os valores do MOE são expressos em termos dos indicadores de condição que são
diferentes para cada tipo e componente do sistema. Por exemplo, o indicador de
condição para medir a eficácia do tratamento de remendos de convés de ponte pode ser
uma porcentagem da área remendada que precise ser novamente remendada, alguns
anos após o tratamento.
MOE I – Salto de Desempenho, ou Performance Jump (PJ). Isso pode ser simplesmente
considerado como a elevação instantânea na condição do sistema, devido a um
tratamento de preservação (ΔC). Isto é computado por meio do uso dos valores de
deterioração tomados pouco antes e logo após o tratamento (MARKOW, 1991).
51
UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Essa etapa avalia se o tratamento de preservação foi realmente eficaz, com base nos
valores computados do MOE em termos do indicador de condição. Os valores relatados
dos indicadores de desempenho (e, consequentemente, os valores do MOE) são os
resultados médios, coletados por intermédio de um número tipicamente grande de
instâncias para um dado sistema ou diferentes sistemas que receberam o tratamento em
questão. Portanto, a distribuição dos valores do MOE pode ser considerada como uma
distribuição estatística amostral de meios. Se essa suposição se mantiver verdadeira,
então a hipótese para a eficácia do tratamento de preservação, em termos do MOE
selecionado, pode ser formulada da seguinte maneira:
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Figura 20. Medidas de indicadores de condição não crescentes de efetividade a longo prazo.
Condição do
sistema
Efetividade = Área
Limite
Tempo ou uso
acumulado/carga/clima
Tempo de vida do tratamento
53
UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Figura 21. Medidas de eficácia de longo prazo para indicadores não decrescentes.
Condição
do sistema
Efetividade = Área
Limite
Tempo ou uso
acumulado/carga/clima
Tempo de vida do tratamento
Sendo x uma variável relacionada ao tempo, contra o qual a deterioração está sendo
monitorada, como tempo (anos), carga acumulada (em termos de número acumulado
de usuários) ou efeitos climáticos acumulados (em termos de índice de congelamento,
ciclos de congelamento-degelo, temperatura, precipitação etc.).
Conforme ilustrado nas Figura 20 e 21, dada a curva de deterioração F(x) e a condição
de limite estabelecida, a identificação do tempo de vida do tratamento torna-se uma
tarefa simples, ou seja, é simples determinar tempo necessário para que a condição do
sistema atinja a condição de limite.
54
DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
» Estimar o tempo que passa antes que a instalação tratada reverta para
um limite de condição estabelecido (ou seja, a condição antes do último
tratamento ou um gatilho de condição pré-estipulada.
Para este último método, um limite precisa ser especificado. Muitas empresas
estabeleceram limites de condições para os diversos tratamentos de preservação em
seus sistemas.
55
UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
No começo do último século, entre 1918 e 1929, foram publicados os primeiros artigos
relacionados a avaliações de engenharia no Brasil. O engenheiro Vitor da Silva Freire
tratava sobre aspectos relacionados ao rendimento do espaço e a profundidade dos
terrenos, com base em estudos norte-americanos.
Em 1939, por meio da instituição do Código Civil, a prática pericial foi caracterizada
pelos artigos que preveem a indicação de um perito do juiz e dos assistentes técnicos,
sendo indicado pelas partes, em ações judiciais.
Em 1941, um dos precursores da perícia no Brasil, publica o primeiro livro sobre esse
tema: Avaliação de terrenos, passando, em edição seguinte, para Avaliação de imóveis,
ambos editados na Livraria Freitas Bastos.
A primeira Norma Técnica sobre avaliações de imóveis teve sua origem em 1952. A partir
de 1957, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publica o anteprojeto
dessa Norma de avaliações de imóveis, a PNB-74R, que teve autoria do engenheiro
Augusto Luiz Duprat.
Em 1953, foi fundado o Instituto de Engenharia Legal, localizado no Rio de Janeiro, cujo
fundador, Alberto Lélio Moreira, editou o livro Princípios de engenharia de avaliações,
na década de 1980.
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Código Civil
Engenharia de
Aumento nas
avaliações
Engenharia Patologias das demandas de
diagnóstica edificações perícias técnicas
ordinárias
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
O engenheiro civil deve trazer para a área forense seu treinamento acadêmico,
conhecimento prático e experiência (incluindo sucessos e decepções) e depois
transformar seu papel no papel de um detetive ou repórter investigativo para uma
análise de sucesso. Todas as evidências do caso, incluindo cálculos, desenhos, materiais
de construção e produtos, devem ser documentadas para revisão como parte do processo
de coleta de informações para análise antes da formulação de uma opinião.
Quando aplicável, o engenheiro forense deve visitar o local da área afetada, examinar
visualmente as falhas, fotografar e documentar os componentes da falha e solicitar que
certos testes sejam realizados, se e quando aplicável, antes de emitir uma opinião.
Às vezes, um relatório por escrito pode ser solicitado por uma das partes. Na maioria
das vezes, o engenheiro forense será retido como testemunha especializada. Quando
confrontado durante um litígio por advogados contrários e/ou especialistas contrários
no tribunal, ele deve demonstrar um entendimento completo do processo forense,
bem como do processo de design e construção, e possuir a confiança e a capacidade de
formular e emitir opiniões profissionais com ética e moral tecnicamente corretos.
Para cumprir essa missão, é preciso estar totalmente familiarizado com todo o espectro
de eventos que levaram à construção de uma estrutura desde o início até o uso final. Os
papéis dos engenheiros civil e forense podem ser destacados, com sutis distinções, da
seguinte forma:
58
DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Os primeiros passos após um colapso estrutural são críticos. Eles abrirão o caminho
para investigações subsequentes e podem impedir mais danos ou perda de vidas. As
atividades imediatamente após um colapso influenciam profundamente o sucesso das
investigações técnicas subsequentes. Muitas das evidências associadas a um colapso são
de natureza perecível – e algumas altamente perecível –, por esse motivo, é necessário
adotar ação rápida para preservar o máximo possível.
O engenheiro forense, assim que chamado após um colapso desempenha papel crucial
na determinação de quais devem ser os primeiros passos. Ele é frequentemente o
mais qualificado para reconhecer evidências perecíveis e seu valor potencial; pode
recomendar ação e pode estar em uma posição de persuadir aqueles que estão no
controle do canteiro de obra As decisões tomadas afetarão diretamente a abundância –
ou escassez – de evidências, das quais as investigações dependerão.
Uma investigação bem-sucedida pode ser definida como aquela que satisfaz seus
objetivos declarados da maneira mais eficiente possível. Embora as investigações
possam ter outros objetivos de maneira justificável, para os propósitos desta abordagem,
supõem que o objetivo seja determinar, dentro de um grau razoável de segurança de
engenharia, a (s) causa (s) mais provável (s) da falha.
59
UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
As investigações periciais devem esperar até que a estrutura seja estabilizada e o risco
de colapso adicional seja reduzido. Além disso, as operações de resgate e recuperação
sempre terão precedência sobre uma ação de perícia.
Se o engenheiro não for chamado para periciar até algum tempo após a aparição de um
problema, é necessário fazer uma avaliação dos riscos reais. É realmente um colapso se
a estrutura estiver em pé por um período de tempo considerável, mostrando algumas
pequenas sinais de desgastes? As cargas mudaram? A capacidade estrutural diminuiu?
Normalmente, um engenheiro não é chamado para investigar uma falha estrutural até
muito tempo após o evento. O ambiente foi limpo e a reconstrução ou reparo foi incerta.
Os dados são frequentemente perdidos ou ocultos, aumentando a dificuldade de obter
uma certeza razoável na causa.
Âmbito da perícia
Esse tema remete à importância do motivo pelo qual uma investigação de falha deve
responder à pergunta: Por que a estrutura falhou? Embora isso possa parecer trivial, é
crítico. O engenheiro nunca deve tentar tomar medidas corretivas até que tenha certeza
da (s) causa (s) técnica (s) da falha.
Além disso, é tolice opinar sobre quem é o culpado no processo que levou ao fracasso,
se não tiver certeza de como ocorreu o fracasso. Um engenheiro não deve aceitar uma
tarefa de investigação que não inclua em seu escopo a questão do motivo porque a
estrutura falhou.
Desconfie dos clientes que afirmam: “Não precisamos saber porque a estrutura falhou,
só precisamos saber que não a causamos”. Um engenheiro precisa realizar uma
investigação completa antes de tirar conclusões. O objetivo principal de uma perícia
de falha estrutural é determinar o motivo real que a demanda na estrutura excedeu a
capacidade de operação ou vice-versa, porque a capacidade não atendeu à demanda.
60
DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Dividir o escopo em fases, com uma revisão no final de cada fase e a confirmação das
próximas etapas, é útil para evitar mal-entendidos em investigações complexas. O
engenheiro deve equilibrar as necessidades do cliente e a complexidade da investigação
para fornecer um valor significativo pelo tempo, esforço e despesa incorridos.
Problemas simples não devem ser estudados tão a fundo como uma tese de doutorado.
Acima de tudo, como os clientes precisam de especialistas em engenharia independentes
para investigar falhas, os engenheiros devem verificar possíveis conflitos dentro de sua
própria organização que impeçam ou parecem impedi-los de atuar como especialistas
independentes.
Poucas coisas podem ser mais assustadoras para alguém envolvido em um projeto de
construção do que as palavras falha estrutural. Nem a indústria da construção nem o
público em geral esquecem as principais catástrofes causadas por defeitos de construção.
Considere os incidentes bem crônicos que ocorreram nas últimas décadas, que
permanecem vivos na mente de engenheiros e de outros participantes da indústria
da construção. Esses projetos são lembrados por causa dos prejuízos ambientais, das
perdas humanas e econômicas associadas a eles, mas também porque fornecem lições
valiosas sobre o que pode dar errado em um projeto e quais respostas devem ser dadas
quando ocorrer uma falha.
61
UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Em vez disso, ocorrem quando uma instalação construída falha em funcionar conforme
o planejado. Essas falhas podem incluir:
» A falha repentina, como em uma turbina a gás, que faz com que uma
instalação de geração de energia seja desligada.
Algumas falhas funcionais têm o mesmo impacto prático que as falhas estruturais
– exigindo atenção imediata no modo de “gerenciamento de crises” devido ao alto
potencial de impacto na segurança da vida. No entanto, a maioria envolve perdas
econômicas que, embora não representem uma iminente ameaça à saúde pública e ao
bem-estar, pode criar grande exposição financeira às pessoas afetadas.
62
CAPÍTULO 2
Recursos relacionados à perícia
de Engenharia
Normas brasileiras
Como em qualquer atividade, o profissional deverá buscar a regulamentação sobre o
trabalho que está realizando. Na atividade de engenharia de avaliações, é imprescindível
a consulta às normas atuais de avaliações, como a NBR 14653, que se divide em 7 partes
específicas, relacionadas aos mais diversos tipos de avaliações, incluindo-se avaliação
de imóveis urbanos, rurais, empreendimentos, máquinas, equipamentos, instalações e
bens industriais em geral, recursos naturais e ambientais e patrimônios históricos.
Na área pericial, os profissionais dispõem da NBR 13752, que é específica sobre as perícias
de engenharia na construção civil. Existem muitas normas, cada uma relacionada a
um caso específico, e o profissional deverá buscar auxílio às recomendações existentes.
Outra norma muito utilizada na elaboração dos trabalhos técnicos é a NBR 12721, que
se refere à avaliação de custos.
NBR 14653
Dentro das diretrizes das normas o profissional deverá estar atento a: classificação e
natureza do bem; terminologias e definições; descrições gerais; definição da metodologia
a ser adotada no seu trabalho; nos requisitos básicos para a elaboração de laudos e
pareceres técnicos.
63
UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
[...]
[...]
Na parte 1, item 10, define-se os requisitos mínimos para a elaboração de laudos técnicos
de avaliação, tópico que será abordado nesta publicação.
A segunda parte da NBR 14653 refere-se à avaliação de imóveis urbanos. Tal como
na primeira parte, no terceiro item da norma há uma série de definições pertinentes
e ligadas ao tema em estudo, porém, mais especificamente a trabalhos relacionados à
área de avaliações. Dessas definições, as que mais serão utilizadas no presente caso são:
[...]
64
DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Na norma anterior, NBR 5676/1989, havia a distinção entre avaliações de nível normal
e rigoroso. Nas novas normas NBR 14653-2, os trabalhos avaliatórios passaram a ser
classificados pelos graus de fundamentação e de precisão, estabelecendo-se três níveis
em função da caracterização do imóvel, da coleta e qualidade de dados de mercado
utilizados no estudo e em função da metodologia utilizada nos cálculos de valor.
NBR 13752
A NBR 13.752 trata das perícias de engenharia na construção civil. Fixa as diretrizes
básicas, os conceitos, os critérios e os procedimentos na realização de perícias de
engenharia.
3.76. Vícios redibitórios – vícios ocultos que diminuem o valor da coisa ou a torna
imprópria ao uso a que se destina e que, se fossem do conhecimento prévio do
adquirente, ensejariam pedido de abatimento do preço pago ou inviabilizariam a
compra.
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
» natureza da falha;
Embora os métodos para realizar uma análise jurídica possam diferir daqueles usados
nas análises técnicas e de negócios, os objetivos finais dos estudos são idênticos:
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Não obstante, esses interesses divergentes, existem várias ações que todas as partes
interessadas devem executar no processo de resposta a uma falha. Essas etapas incluem
a montagem de uma equipe de resposta investigativa/legal, o desenvolvimento de um
plano de ação, o estabelecimento de um plano para proteger a confidencialidade, a
cooperação e o relacionamento com órgãos públicos e o trabalho com a mídia.
Equipe interna
Essa pessoa deve ser capaz de emitir opiniões objetivas e lidar com as notícias
potencialmente negativas, que possam surgir à medida que a investigação prossegue.
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
No entanto, pode não ser apropriado que a equipe interna seja liderada por alguém com
conhecimento direto sobre os fatos associados à falha.
De uma forma ideal, essas funções serão executadas pelo líder interno da equipe. Em
alguns casos, no entanto, pode ser melhor atribuir essas responsabilidades a pessoas
diferentes. Isso não apenas dará ao líder da equipe alguma “cobertura política”, mas
também poderá capacitar o líder da equipe a canalizar suas energias e atenção para as
questões mais urgentes em um determinado momento.
Equipe externa
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Na maioria dos casos, a equipe externa deve ser liderada pelo advogado responsável
pela estratégia legal – seja o advogado interno ou de uma empresa externa contratada
especificamente para lidar com a falha.
Se o advogado estiver representando partes lesadas, ele deverá ser capaz de identificar
todas as partes potencialmente responsáveis e determinar as teorias de recuperação
que o cliente possa ter contra essas partes.
Dois pontos adicionais devem ser feitos sobre o papel e as qualificações do advogado.
Primeiro, é essencial que os advogados tenham entendimento forte e claro da meta
geral do cliente. Por exemplo, se os objetivos de negócios de longo prazo do cliente
forem seriamente afetados por publicidade negativa associada a uma falha, pode ser
benéfico para o cliente “acelerar o processo” e resolver o problema sem se envolver em
uma discussão prolongada sobre a causa. O advogado deve ser capaz de reconhecer
esses objetivos e usá-los para determinar o curso de ação legal apropriado, em vez de
simplesmente assumir a posição legal mais benéfica.
69
UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Segundo ponto, o advogado que representa uma parte em uma investigação deve ser
objetivo e ter mente aberta sobre a exposição de seu cliente. As partes não são bem
atendidas quando o advogado assume uma forte posição de advocacia no início de
uma investigação. Esses tipos de abordagens podem suprimir a troca de informações
e o desenvolvimento de fatos – que mascaram uma avaliação verdadeira da possível
exposição a passivos do cliente. Há um tempo para a advocacia, e geralmente não é na
fase investigativa, antes do desenvolvimento do contexto.
De um modo geral, um perito forense deve ter uma forte experiência educacional e prática
nas áreas da falha que irá investigar. Embora o histórico do perito seja importante,
outros fatores são úteis na seleção do melhor especialista – incluindo a disposição
do consultor em ser um bom membro da equipe que trabalha e sua capacidade de se
relacionar bem com um fato. Essas qualificações foram identificadas como “os sete C”
imprescindíveis, que contemplam:
Além disso, como sempre há uma chance de os casos serem levados a julgamento, as
partes devem estar cientes de quaisquer posições que o perito forense tenha registrado
que possam impactar o caso ou seu testemunho.
70
DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
As principais informações para a perícia legal e forense serão obtidas dos indivíduos
que estavam diretamente envolvidos com o projeto, no momento que ele estava sendo
planejado e executado.
Dada a quantidade de tempo que pode decorrer entre a conclusão do projeto e uma
falha, pode ser difícil localizar esses indivíduos e obter sua cooperação. Esforços devem
ser feitos no início da investigação para identificar e localizar testemunhas críticas e
torná-las parte da equipe de investigação. Se possível, isso deve ser feito antes que
qualquer litígio seja arquivado.
71
CAPÍTULO 3
Testemunhas e laudos de engenharia
Para se tornar uma testemunha especialista, essa pessoa deve testemunhar sobre suas
qualificações e deve ser oferecido ao tribunal. O advogado oponente pode solicitar um
voto à testemunha, que é basicamente um interrogatório das credenciais da testemunha
com a esperança de desqualificar essa pessoa como especialista. Após esse processo de
qualificação, o tribunal decide se a testemunha pode testemunhar como especialista.
O desafio ético
Em teoria, o testemunho do especialista não deve ser afetado por quem o reteve. O
papel da testemunha especialista é ser testemunha verdadeira, obrigada a colaborar
da maneira mais clara e honesta possível. O especialista não é um advogado. Embora
existam diferenças nas opiniões de testemunhas especializadas, essas diferenças devem
surgir de opiniões técnicas diferentes, não de advocacia.
72
DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
73
UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Em muitos casos, uma determinada atribuição irá combinar várias dessas funções.
Mas é importante entender o papel a ser desempenhado e garantir que se tenha as
habilidades e o temperamento para executar as tarefas.
Consultor confidencial
Exceto em raras circunstâncias, nada que o consultor confidencial faça ou diga pode ser
descoberto pelas partes opostas.
Essa abordagem pode ser usada para avaliar o caso do cliente ou preparar o advogado - ou
mesmo outro especialista – para antecipar as perguntas da parte contrária. O consultor
confidencial geralmente ensina ao advogado os princípios técnicos envolvidos no caso
e fornece informações importantes sobre o setor e suas personalidades. O consultor
confidencial desempenha um papel inestimável ao avaliar francamente os méritos
técnicos do caso do cliente e os argumentos do advogado.
Investigador
Mistérios técnicos abundam em casos complexos de engenharia. Quem fez isso? e como
foi feito? São enigmas que o engenheiro forense deve resolver.
74
DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Como arqueólogos, eles reúnem esses fatos em uma reconstrução dos eventos que
levaram à reivindicação. Como essa reconstrução deve atender aos padrões probatórios,
eles devem preservar cuidadosamente as principais evidências e registrar a metodologia
usada para a reconstrução.
Embora seja intelectualmente desafiador, alguns engenheiros não gostam dos aspectos
tediosos do trabalho de investigar e podem não ter o tempo – ou a equipe – necessária
para desempenhar corretamente essa função.
Professor
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Técnico
Juiz
Uma ação de negligência de engenharia gera uma opinião crítica: o engenheiro violou
o padrão de atendimento? Na maioria dos casos, isso é determinado por opiniões de
especialistas quanto ao padrão violado.
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Advogado
Híbridos
Muitas atribuições mesclam aspectos de cada função. O detetive pode precisar tornar-
se professor para fornecer antecedentes suficientes para explicar o significado das
descobertas.
Os resultados podem ser a base para julgar o padrão de atendimento. Mas porque cada
função requer habilidades diferentes, deve-se considerar quais papéis desempenhará
antes de assumir uma tarefa. Com muita frequência, os especialistas iniciam um projeto
interessante apenas para descobrir mais tarde que não gostam - ou não são adequados
para - uma fase posterior do trabalho.
77
UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Sem dúvida, eles perguntarão sobre sua experiência e suas taxas e podem querer sua
“reação instintiva” ao caso. Mas, que informações você precisa deles?
Primeiro, quem são os clientes e o que você sabe sobre eles? Você pode confiar nesses
clientes? Eles compartilham suas opiniões sobre honestidade e integridade? Você teria
orgulho de dizer aos colegas que trabalhou para esses clientes?
Se você não conhece esses clientes, solicite referências da mesma forma que eles
solicitam referências. Ser um perito está no contexto de uma tarefa comercial e
profissional significativa, deve ser realizada com o mesmo cuidado que você usaria para
outros projetos de grande relevância.
A fonte de financiamento pode pagar lentamente e pode não permitir parte ou todas
as suas taxas. Se você depende do pagamento de um terceiro desconhecido, talvez não
tenha nenhuma garantia de pagamento diretamente do cliente.
Segundo, determine quem mais está envolvido no caso. Você precisa dos nomes de
partes, advogados e outros especialistas, se conhecidos. Você deve identificar e divulgar
os relacionamentos da sua empresa com qualquer uma dessas pessoas, mesmo que as
considere insignificantes.
Terceiro, determine qual papel você servirá. Você é um consultor não divulgado ou um
especialista em testemunho? Você está sendo solicitado a liderar uma investigação
ampla ou a prestar testemunho específico sobre um único problema, como o padrão
de atendimento? Você é competente para resolver a questão substantiva?
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Você tem conflitos de agendamento? Se você planejou férias ou outras obrigações, deve
aconselhar o cliente durante as entrevistas iniciais.
Peritos em disputa
Especialistas podem ser críticos para o caso de um cliente, e bons advogados geralmente
identificam e retêm especialistas muito antes de qualquer trabalho ser necessário. Eles
querem “prender” um bom especialista antes que ele ou ele seja contratado por outra
parte. Eles também vão entrevistar vários especialistas para identificar o que melhor se
adequa ao seu caso. Esta é uma boa prática legal.
Mas alguns advogados entrevistam uma variedade de especialistas para uma finalidade
diferente. Os advogados desejam entrar em contato com o maior número possível de
especialistas, para criar um problema de conflito de interesses, se um for posteriormente
contratado por outra parte.
Se você suspeitar que isso possa ocorrer, informe o advogado - de preferência por
escrito - para não divulgar informações confidenciais até você ser realmente retido;
que você continua disposto a discutir suas qualificações, mas se reserva o direito de ser
contratado por outra parte, caso o advogado ou o cliente decida não retê-lo.
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Contratos
» Se a autorização precisar ser feita por escrito, sua confirmação por escrito
será suficiente?
80
DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Embora essa seja uma abordagem razoável do ponto de vista do advogado, você e seu
cliente devem ter um entendimento claro sobre o escopo do seu trabalho, o custo e o
cronograma.
Taxas e Orçamentos
Terceiro, pode ser necessário que você aguarde períodos substanciais enquanto outras
pessoas testemunham ou o tribunal esteja envolvido em outros assuntos. Quarto,
repetir o trabalho é uma raridade. Os clientes esperam não precisarem dos seus serviços
novamente. O tempo que você gasta desenvolvendo relacionamento com o cliente e
o advogado pode não ter nenhum benefício futuro. Por fim, muitos engenheiros não
gostam de ser interrogados. Assim, eles solicitam “pagamento de combate” para
testemunhar tarefas.
81
UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Na conclusão dessa fase, o especialista fornece uma impressão inicial verbal, um escopo
e cronograma do trabalho para o desenvolvimento da opinião e um orçamento para
este trabalho. Com um bom entendimento do problema e a natureza e qualidade das
informações disponíveis, o especialista deve ser capaz de desenvolver uma estimativa
precisa dos custos.
Marketing
Em geral, eles podem sugerir outros interessados ou podem ser contatados por outros
advogados que procuram especialistas. Sua seguradora de responsabilidade profissional
também pode ser uma boa fonte de referências. Seu corretor de seguros pode apresentá-
lo aos supervisores de sinistros da sua área.
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DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
O Laudo Pericial
Os instrumentos periciais apresentam características particulares, pois estão
relacionados à diversas questões jurídicas. Nesse sentido, compete ao profissional
perito conhecer e conduzir todos os trâmites e procedimentos processuais.
O perito, ao tomar ciência de todas as questões existentes nos autos bem como de toda
a documentação apensa, deverá verificar as questões em litígio, relacionar os bens que
precisarão ser vistoriados, definir quais os exames eventualmente necessários e que
documentação nos autos do processo deverá requisitar para esclarecer as questões
existentes.
83
UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
Causa
Assistente
Assistente
técnico do Perito judicial
técnico do réu
autor
Juízo
Sentença
A seguir, deve-se relacionar os nomes das partes envolvidas no processo, pois isto
facilita a identificação, bem como o tipo de ação a que se refere o processo.
84
DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
Quando a perícia envolve aspectos que fazem com que as características do terreno
tenham relevância para o bom entendimento da questão, o mesmo deve ser descrito
o mais detalhadamente possível. Assim, devem-se verificar os dados constantes no
cadastro do Cartório de Registro Geral de Imóveis, identificando-se dimensões e área.
Descrever sua topografia, sua forma e dimensões reais, sua ocupação e se está coberto
por vegetação. Outro ponto importante, em determinadas situações, é a caracterização
de seus confrontantes.
Na descrição das benfeitorias, podem ser listados detalhes sobre instalações prediais,
tais como: elevadores, dispositivos mecânicos, reservatórios, sistemas de iluminação
e comunicação, dispositivos de segurança, circuitos internos de TV, tubulações de
água, esgoto sanitário e pluvial. Os revestimentos, esquadrias, acabamentos e demais
detalhes construtivos devem ser todos relacionados. Após a análise da edificação como
um todo, dependendo do tipo da ação, o profissional deverá analisar detalhadamente a
questão em litígio.
VI. Vistoria: é a visita ao local em que se encontram os bens objetos de análise, tanto
imóveis, quanto máquinas, equipamentos e outros mais. Em perícias que abrangem
85
UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
A idade da edificação deverá ser observada assim como a evolução de sua vida útil e o
controle adequado ou não de sua depreciação física.
Na vistoria, deverão ser observados os efeitos das intempéries sobre a construção, tais
como incidência de chuvas, ventos, insolação, salinidade, umidade, poluição e outros.
Além dos agentes da natureza, o modo de vida dos usuários também poderá interferir
na edificação em análise. A forma de ocupação, o número de habitantes, se o imóvel é
próprio ou locado por temporada, se está vazio por muito tempo, se está sendo utilizado
com fins diferentes do seu projeto etc.
É notório que imóveis que ficam longos períodos desocupados, com suas instalações em
inatividade, podem ter deterioração dos materiais que propiciem futuros problemas no
uso. A forma de utilização está diretamente relacionada à durabilidade das benfeitorias.
Como exemplo, pode-se citar um caso real, em que um apartamento foi alugado por
temporada. Findado o contrato, era necessária pintura como recomposição do imóvel à
condição de manutenção original. Porém, por economia, o locatário, ao invés de pintar
as paredes, lavou-as.
O imóvel foi devolvido ao proprietário e ficou desocupado e fechado por um mês, sem
que houvesse circulação de ar e dissipação de calor. Após esse período, o imóvel foi
vistoriado e se constatou a existência de manchas na pintura do teto e das paredes de
toda a unidade habitacional.
Analisado o caso, concluiu-se que o possível vazamento que ocasionou aquele dano à
pintura foi a lavagem, seguida do período de desocupação, identificando-se, assim, a
real causa da patologia existente.
86
DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ DIAGNÓSTICO EM ENGENHARIA CIVIL
No item final do laudo, sugere-se que o perito transcreva os quesitos formulados pelas
partes e os responda.
Esses quesitos devem ser pertinentes à matéria que está sendo analisada. Ao elaborar seu
laudo, apresentando toda a descrição do problema, o relato da vistoria e o diagnóstico
normalmente já abordaram a maioria das situações, senão todas elas relacionadas ao
problema em tela, tendo, portanto, respondido às indagações apresentadas.
Nesse caso, ao responder às perguntas, basta citar em que ponto de suas explanações
encontra-se a explicação para o ponto específico questionado.
88
Referências
CÓDIGO de processo civil e constituição federal. 38ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
89
REFERÊNCIAS
FIKER, José. Avaliação de Terrenos e Imóveis Urbanos. São Paulo: Pini, 1990.
90
REFERÊNCIAS
91