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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, disse em entrevista à CNN neste
domingo (7), em Nova York, que o projeto que permitiu o processo de capitalização da
Eletrobras, em 2022, foi profundamente debatido no Congresso, traz ganhos para a
empresa e para o país e que questionar processos já realizados de privatização, como
quer o governo em relação à Eletrobras, “preocupa”.
“Essas questões de rever privatização preocupam”, disse Lira. “Você pode não propor
mais nenhuma privatização, mas mudar um quadro que já está jogado e definido, e com
muitos grupos, muitos países investindo, é realmente causa ao Brasil uma preocupação
muito forte.”
A Advocacia-Geral da União (AGU) entrou, na sexta-feira (5), com uma ação direta de
inconstitucionalidade (ADI), no Supremo Tribunal Federal (STF), contestando o
modelo de privatização da Eletrobras.
Na ação, que é subscrita pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a AGU
pede decisão em caráter liminar, com efeitos retroativos, até o julgamento final do
processo pelo STF
“Vamos, então, acompanhar, ver qual será a real intenção em discutir isso no âmbito do
Judiciário. Mas penso que, no âmbito do Legislativo, esse assunto foi bem discutido e
transformado em uma capitalização que está dando sucesso.”
“Eu não entrei contra a privatização da Eletrobras, eu ainda pretendo entrar”, afirmou.
Agenda do Congresso
Lira também comentou sobre os desafios do governo Lula em lidar com um Congresso
mais conservador nessa legislatura. “O Brasil elegeu um Congresso bem conservador, e
liberal, e um Executivo mais do campo progressista”, disse. “Essa dualidade é quem vai
fazer com que essas forças tenham que viver harmonicamente.”
Congresso deve incluir punições mais duras em nova regra fiscal, diz Lira à CNN /
Projeto apresentado pelo governo abrandou penalidades em caso de
descumprimento de metas; presidente da Câmara dos Deputados falou de Nova York
em entrevista exclusiva à CNN neste domingo (7) – CnnBrasil 7/5
Mariana Janjácomo
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, disse à CNN, neste domingo (7),
que, na tramitação da nova regra de controle de gastos no Congresso, os parlamentares
devem endurecer as regras e incluir punições mais duras para o caso de descumprimento
das metas fiscais anuais estipuladas pela proposta.
O projeto para a legislação que deverá substituir o teto de gastos foi apresentado pelo
governo no final de março e está agora sendo analisado pelo relator, na Câmara dos
Deputados, para ter sua análise e votação iniciada nos próximos dias.
“Não posso adiantar, claro, o texto que será feito pelo relator, mas acho que os
‘enforcements’, como falam, deverão vir no texto da Câmara, e não tenho dúvidas de
que o Senado dará também sua contribuição para que isso não fique no limbo”, disse
Lira, que falou em entrevista exclusiva à CNN em Nova York.
“Nós não devemos incluir uma responsabilização à pessoa do agente público, mas o
governo como um todo tem que ter alguma restrição quando não cumprir as metas a que
se propõe no arcabouço fiscal”, acrescentou.
Lira elogiou a proposta apresentada pelo governo – “é um texto com uma espinha dorsal
equilibrada, o Congresso está ali para aprimorar”, disse -, e afirmou que a nova versão,
com as alterações a serem propostas pelo relator do texto e a ser analisada pelos
deputados, deve ser apresentada ainda nesta semana, “entre os dias 8 e 9 [de maio]”.
“A partir de como o texto venha, e de como as alterações serão recebidas, teremos uma
ideia de qual será a facilidade ou a dificuldade da aprovação no Plenário”, afirmou.
São dois aspectos que causam inquietação, segundo fontes ouvidas pelo Valor.
Primeiro, a ideia pouco usual de indicá-lo para, primeiro, ocupar uma diretoria
colegiada no Banco Central e, depois, ser alçado ao comando, substituindo Roberto
Campos Neto. Também causa aflição o seu histórico acadêmico. Ele assina, por
exemplo, com o economista André Lara Resende, um texto com propostas na linha da
Nova Teoria Monetária (conhecida pela sigla em inglês, MMT). Há apenas dois anos,
defendia em “lives” uma política econômica não ortodoxa.
A eventual nomeação de Galípolo como diretor do Banco Central poderia minar tanto a
presidência de Campos Neto como a sua própria aspiração de ocupar o cargo mais tarde.
Pelo que foi vazado por fontes oficiais, o governo petista, que quer uma baixa imediata
dos juros, comeria o Banco Central pelas bordas. Nomearia os dois primeiros membros
pró-juros baixos agora e outros dois no fim do ano, quando abrem outras vagas. Não
seria a maioria no Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que tem nove
membros, mas chegaria bem próximo disso - e poderia alterar o equilíbrio de forças em
algumas reuniões. No fim de 2024, termina o mandato de Campos Neto, e o governo
petista teria o controle do BC.
Galípolo já tem se movimentado nos bastidores para ganhar terreno no Banco Central.
Quatro dos nomes mais fortes considerados para ocupar uma das vagas no Copom
abertas em fevereiro têm ligações próximas com ele.
A principal preocupação ouvida pelo Valor no mercado é que suas ideias econômicas,
pelo que tudo indica, são bem diferentes do paradigma em que opera a política
monetária, não só no Brasil, mas também nas economias avançadas.
Desde que entrou no governo, Galípolo tem sido moderado nas críticas ao Banco
Central. Ele reconheceu, por exemplo, o direito do presidente Lula de fazer cobranças
sobre a política monetária. Mas, por outro lado, tem destacado que, no fim, essa é uma
decisão na alçada dos membros do Copom, um gesto de respeito à autonomia do órgão.
Caberia à area econômica criar condições, na política fiscal, para o BC cortar os juros.
Nos seus pronunciamentos, ele tem sido sutil ao ponto de não fazer uma ligação direta e
mecânica entre a política fiscal e monetária. Numa live do UOL, por exemplo, destacou
um canal em que a política fiscal influencia a monetária: os preços de ativos, como o
dólar e a curva de juros.
O que preocupa é o que ele disse e escreveu num passado não tão distante. Em 2021, no
podcast “Direito e Economia”, Galípolo faz uma crítica bem elaborada da ortodoxia
econômica. Vale ouvi-lo na íntegra para entender, sem recortes, um pouco da formação
intelectual do candidato a presidente do BC.
Ele faz sérias restrições ao tratamento da economia como uma ciência natural e,
discorre, por exemplo, sobre os modelos de projeção econômica - que são ponto de
partida para qualquer análise feita pelo Copom e pelos BCs modernos. “Os modelos
econômicos são úteis como uma contabilidade do passado”, disse. “Por isso há tantos
vexames nas projeções.”
Nova regra fiscal: relator sinaliza volta de bloqueios obrigatórios, mas sem punição a
gestores / Cláudio Cajado concedeu entrevista à GloboNews. Relator na Câmara
ainda conversará com bancadas e pretende finalizar o texto da proposta na próxima
quarta-feira (10). – Globo 7/5
Analistas e políticos ouvidos pelo g1 e pela TV Globo entendem que o fim dos crimes
de responsabilidade para autoridades pelo não atingimento de metas fiscais e o término
do bloqueio obrigatório de gastos públicos para atingir objetivos pré-determinados
fragilizam as regras de controle de despesas.
Cajado, que ainda não finalizou o texto que apresentará para análise dos demais
deputados, defende a inclusão de gatilhos para conter as despesas do governo em caso
de não cumprimento das metas.
"Nós estamos construindo um meio termo que possamos fazer com que essas metas
sejam perseguidas e os gestores têm de fato essa viabilidade de atingir esse objetivo,
mas ao mesmo tempo, afastemos essa questão do crime de responsabilidade que em
última análise seria o impeachment do presidente da república", afirmou.
Pelo texto, no lugar dos crimes de reponsabilidade pelo descumprimento das metas, que
consta na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), bastará que o presidente da República
encaminhe uma mensagem ao Congresso Nacional e explique as razões para o
descumprimento das metas de resultado das contas públicas.
Relatório
Cajado afirmou que sua 'meta' é apresentar o relatório da nova regra fiscal na quarta-
feira (10). Antes, ele terá reuniões com as bancadas do PL, PSDB, PSB e PSD. O
deputado também terá novas conversas com representantes da equipe econômica do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Avaliados todos esses cenários com as bancadas que integram a Câmara dos
Deputados, ouvidas as críticas das sugestões que apresentamos ao ministro da Fazenda e
à ministra do Planejamento, eu espero estar com o relatório completamente equacionado
para poder disponibilizar. Se até quarta-feira, ótimo. Essa é a minha meta", disse.
Arcabouço terá novo nome; veja essa e outras 3 mudanças preparadas pelo relator /
Indicadores que ditarão o ritmo de crescimento das despesas serão blindados de
trocas de governo em texto relatado pelo Cláudio Cajado (PP-BA) – Folha SP 8/5
BRASÍLIA
"Arcabouço remete a ossada, a restos mortais. Vamos fazer uma coisa mais moderna,
né?", afirmou, em entrevista à Folha, o deputado Cláudio Cajado (PP-BA), relator da
proposta que procura equilibrar as contas públicas (para evitar um crescimento
descontrolado da dívida em proporção do PIB).
O novo nome, segundo ele já aprovado em acordo no Congresso, será Regime Fiscal
Sustentável.
Além dessa novidade, veja outros três pontos adiantados pelo relator do novo marco
fiscal em tramitação no Congresso —ele espera apresentar seu texto nesta quarta (10).
A nova regra fiscal tem indicadores que ditam o ritmo de crescimento das despesas:
prevê que os gastos vão subir de 0,6% a 2,5% acima da inflação por ano, mas essas
referências seriam válidas apenas entre 2024 e 2027.
Depois disso, a escolha dos parâmetros poderia ser feita na LDO (Lei de Diretrizes
Orçamentárias), e aí é que o relator enxerga um problema. A LDO é mais fácil de
mudar: precisa do aval de apenas metade dos presentes na sessão mais um, desde que
compareçam 257 deputados e 41 senadores (maioria simples).
Segundo Cajado, na média a LDO tem sido alterada três vezes por ano.
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O relator pretende fixar esses parâmetros já no texto do projeto de lei complementar, um
texto mais difícil de ser alterado: precisa do aval de ao menos 257 deputados e 41
senadores (maioria absoluta).
Fixá-los no novo marco fiscal dificultaria que fossem alterados a partir de 2028. "Traz
segurança e mais confiabilidade", disse Cajado.
O relator cogita tornar mais rígidas as exigências para o cumprimento da regra. Pela
proposta do governo, se a meta fiscal não for cumprida, o ritmo de crescimento real das
despesas cai de 70% para 50% da alta das receitas, e o presidente precisa enviar uma
mensagem ao Congresso citando iniciativas de ajuste.
Entre as mudanças estudadas pelo relator pode vir a obrigação de contingenciar recursos
durante o ano se houver ameaça de que a meta fiscal não será obtida. Na versão do
governo, o bloqueio seria opcional.
"Estamos avaliando o que chamamos de gatilhos. Seriam punições a mais. Sanções pelo
não cumprimento da meta", disse Cajado.
LISTA DE DESPESAS QUE FICAM FORA DO TETO PODE SER SERÁ REVISTA
O relator indicou que estuda modificar a lista de despesas que ficam fora do limite –
segundo ele, houve muitas críticas às excepcionalidades —o governo deixou 13 casos
de fora das amarras da nova regra.
"Tem muita sugestão, para incluir e para tirar [da lista de exceções]. Muito mais para
tirar", disse Cajado, embora tenha evitado explicitamente declarar sua posição a
respeito: "Não quero emitir opinião, porque a discussão pode travar. (...) Estou colhendo
as informações".
Ele indicou, no entanto, que espera mexer em despesas que hoje estão
constitucionalizadas pela PEC da Transição e deixariam de ter a proteção constitucional
com a sanção do arcabouço.
Nova regra fiscal pode liberar R$ 120 bilhões em época eleitoral / Para pesquisadores
do Ibre, cenário serve de estímulo para governo respeitar arcabouço- Valor 7/5
O cumprimento de metas de resultado primário da nova regra fiscal pelo menos até
2025 pode permitir ao governo abrir na segunda metade do atual mandato um espaço
fiscal adicional de R$ 80 bilhões a R$ 120 bilhões em despesas, a preços de hoje. Isso
poderá funcionar como um estímulo político eleitoral para que o novo arcabouço seja
sustentado, mesmo com a eliminação proposta de dispositivos da Lei de
Responsabilidade Fiscal que buscavam garantir o cumprimento de regras fiscais.
O cumprimento da consolidação fiscal sugerida, porém, demanda crescimento de
receitas de 1,2% a 1,7%, como proporção do PIB, até 2026, dependendo do cenário.
Também são necessárias medidas em paralelo, como a mudança na regra de gastos com
saúde e educação e a ampliação da Desvinculação de Receitas da União (DRU), que
deve ser revista em 2024.
A ênfase do ajuste pelo lado das receitas não inviabiliza que o novo arcabouço leve à
esperada redução do nível de endividamento, ainda que depois de 2027, e resulte em
impactos positivos para o PIB no médio prazo. O governo tem sinalizado para aumento
de receitas com agenda da redução de isenções e “jabutis” tributários, o que pode levar a
um ganho de receitas com baixo custo marginal. O caminho exige, porém, apuro
técnico, habilidade e força política.
Essas são algumas das análises sobre o novo arcabouço fiscal, tema de encontro entre
pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV
Ibre) e o Valor. Artigo resultante de debate será veiculado na “Carta do Ibre” de maio.
Bráulio Borges, pesquisador associado do Ibre, calcula que o cumprimento das metas de
resultado primário demanda no cenário base aumento de carga tributária equivalente a
1,5% do PIB no acumulado de 2023 a 2026. Para que as metas sejam cumpridas ano a
ano, o aumento de carga no cenário base deve ser, em 2023, 2024, 2025 e 2026,
respectivamente, de 0,49%, 0,24%, 0,58% e 0,2% do PIB.
O cenário-base de Borges pressupõe que o PIB per capita real cresça 1,5% a partir de
2025, com diferença entre o deflator do PIB e o IPCA de 0,9 ponto percentual ao ano. O
crescimento do PIB potencial é de cerca de 2% ao ano. Esse cenário embute
crescimento da produtividade anual do trabalho de 1,5% a partir de 2025, comparado à
média de 0,9% de 1995 a 2022 (Ver cenários no quadro abaixo).
Nos cenários com aumento de carga tributária, a dívida líquida, pós-2027, se estabiliza e
começa a cair. Entre as premissas, Borges considerou o reconhecimento do “esqueleto
fiscal” dos precatórios, em 2027, e Selic real de 4,5% ao ano no médio prazo.
Manoel Pires, também pesquisador do Ibre, destaca que a regra proposta converge com
as diretrizes do governo, que quer aumentar investimento público e preservar gastos
sociais “Então a válvula de escape para recuperar o resultado primário é focar em
arrecadação. Mas isso não pode subverter ganhos econômicos da reforma tributária,
senão vamos enxugar gelo”, diz, referindo-se ao risco de se perder o efeito da reforma,
que visa tornar o sistema mais racional e consistente com o aumento de eficiência e de
produtividade.
A literatura sobre as experiências internacionais considerando os efeitos das mudanças
tributárias, diz Borges, mostra que há uma diferença importante dos impactos
macroeconômicos de aumentos de carga tributária. Majorações de alíquotas, diz,
resultam em impactos muito negativos e persistentes sobre PIB, aumentando a
probabilidade de ajustes fiscais contraproducentes. Já ampliações de bases tributáveis
geram efeitos negativos menores e mais concentrados no curto prazo.
Para Pires, a literatura mostra paralelo muito grande com o que parece que o governo
quer. “As medidas apresentadas vão no sentido de aumentar arrecadação, reduzindo
distorções do sistema tributário, exatamente para reforçar o efeito da reforma tributária.
É um desafio e se o governo conseguir isso irá melhorar o resultado primário a um
baixo custo marginal em termos de atividade econômica.”
Na busca de receitas, Luiz Guilherme Schymura, pesquisador do Ibre, avalia que saídas
rápidas como Refis não deveriam ser usadas tão cedo. “Isso seria para quando as coisas
estão apertando demais e passa-se a sacrificar o futuro.”
Olhando para despesas, Pires observa que apesar de a regra no nível macro ser mais
flexível, do ponto de vista micro ela enrijece o Orçamento, em razão do piso de
investimentos e da volta de vinculações à receita de gastos de saúde e educação. “Há
risco de se conviver com alguma situação de ‘shutdown’”, diz, referindo-se ao cenário
em que o corte de gastos é tão restritivo que impede o próprio funcionamento da
máquina pública. Para ele, são duas as possibilidades de “shutdown”.
A primeira é a receita ficar baixa por alguns anos e a regra de gastos ser aplicada pelo
piso, num mundo parecido com o teto de gastos, na ausência de reformas. A outra
possibilidade é o governo conseguir muita receita e fazer o Orçamento aplicando teto de
2,5%, mas os gastos vinculados à arrecadação crescerem muito e comprimirem o resto.
“O risco está nos extremos.” Mas Pires ressalta que o cenário mais provável é o governo
conseguir algum ganho de arrecadação, já que há esforço claro nesse sentido.
A regra fiscal proposta estabelece que o crescimento real das despesas é dado pela
variação real de receitas recorrentes em 12 meses terminados em junho do ano anterior.
A variação tem teto de 2,5%. Um piso de alta real de 0,6% é garantido, aplicado quando
não houver crescimento de receitas.
Para Borges, é exatamente a regra de crescimento das despesas que pode criar estímulo
político eleitoral. Ao garantir receitas para cumprir as metas de primário pelo menos até
2025, o governo garante maior espaço fiscal para despesas nos dois últimos anos do
mandato.
Para Samuel Pessôa, pesquisador do Ibre, o ajuste pode dar certo se o discurso político
do governo for bem-sucedido e o Congresso entregar 1,5% do PIB em receitas líquidas
de repasses obrigatórios a Estados e municípios. Além disso, o Congresso também
precisa entregar, diz, emenda alterando a regra de gastos na saúde e educação.
Especialistas consideram, contudo, que não será fácil reverter a venda da Eletrobras,
uma vez que a capitalização foi feita em bases jurídicas sólidas. A situação cria, porém,
incerteza sobre o futuro da companhia e tem impactos sobre as ações na bolsa. As ações
ordinárias da Eletrobras acumulam queda de 18,85% no ano, enquanto as preferenciais
caem 10,24%.
Em conversa com jornalistas, em Londres, o petista disse novamente que não concorda
com os termos colocados à época da operação, que estabelecem valores elevados para
uma reestatização da companhia, e frisou que não considera justas as condições
estabelecidas. "Eu não entrei contra a privatização da Eletrobras, eu ainda pretendo
entrar."
Neste mesmo dia, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., disse que não foi
procurado por nenhum enviado do Planalto a respeito de trocas no conselho de
administração ou da diretoria-executiva. Ferreira acrescentou que a empresa está
disposta a compartilhar todas as informações necessárias.
Não é novidade para o mercado a desaprovação do novo governo em relação à
privatização, porém a declaração deixa em alerta os investidores, pois as falas de Lula
contribuem para a queda do preço das ações.
Enquanto as tentativas do governo ainda forem vistas como apenas um ruído, as ações
seguem atrativas. Caso o governo encontre mecanismos que consigam reverter esse
cenário, a desvalorização se torna um fato e certamente afugentará os investidores.
Há quem diga que seja jogo de cena de Lula para a militância, já que a venda da Copel
avança com o pragmatismo do governo. Isso porque a publicação de regras para a
renovação de concessões foi vista como um aceno de que a União não vai se intrometer
na privatização da elétrica paranaense.
O mesmo serve para a Cemig, já que o governo mineiro quer seguir o modelo de
corporação da Eletrobras como referência para vender as ações da estatal de energia no
mercado financeiro.
Marinho explica que tem recebido reclamações nas redes sociais de trabalhadores que
usaram essas linhas e, como consequência, ficaram impossibilitados de acessar o FGTS
em casos de demissão.
Ainda que a antecipação não seja um saque do Fundo, o valor precisa ser
contingenciado, segundo o Ministério do Trabalho. Por isso, o governo avalia que a
mudança também pode melhorar o resultado líquido das contas do FGTS e impactar
políticas públicas de habitação e saneamento.
O setor da construção civil, que se beneficia dos recursos do FGTS, apoia a ideia, mas
economistas dizem que o FGTS é a aplicação com o menor rendimento do sistema
financeiro e é preciso fazer o contrário: ampliar as formas para que a população consiga
usar esse dinheiro.
Pela proposta em estudo por Marinho, quem já tem empréstimo contratado pela
antecipação do saque-aniversário não seria afetado. Mas, a partir da publicação de uma
resolução do Conselho Curador no Diário Oficial da União (DOU), novas operações
não seriam autorizadas.
Esse é o principal atrativo da linha, porque, se bem usado, permite a quem tem dívidas
escapar de outros empréstimos mais caros, como o rotativo do cartão de crédito, que
tem juros médios de 14,92% ao mês, e o cheque especial, com taxa de 7,15%, segundo
dados do Banco Central de março.
De acordo com a Caixa, até março de 2023, 14,5 milhões de trabalhadores contrataram
mais de R$ 90 bilhões em operações de antecipação do saque-aniversário do FGTS. O
banco oferece até cinco anos de antecipação. No Itaú, são até sete anos.
Ainda que os juros sejam baixos, técnicos do governo afirmam que há abusos por parte
de instituições financeiras, como casos de assédio a trabalhadores, que acabam fazendo
a opção pelo saque-aniversário e antecipam os recursos sem ter noção das implicações e
dos juros cobrados.
Essa é a mesma queixa relatada em outras modalidades de empréstimos, como o
consignado de aposentados e pensionistas.
Rendimento baixo
Ele diz que o FGTS é uma poupança que pertence aos trabalhadores e tem baixo
rendimento, de 3% ao ano, mais a Taxa Referencial (TR):
— Defendemos que o FGTS seja usado unicamente com o fim para o qual foi criado.
FGTS é patrimônio. Patrimônio foi feito para ser usado em casos especiais, não como
complemento de renda. O ideal é acabar com o saque-aniversário.
Rio, 07/05/2023 - A plataforma flutuante Anna Nery produziu o seu primeiro óleo neste
domingo, no campo de Marlim, na bacia de Campos, informou em vídeo o presidente da
Petrobras, Jean Paul Prates. Ele destacou a importância da revitalização do campo de
Marlim, onde será possível extrair mais de 50% do óleo originalmente in situ (no local).
Além da FPSO Anna Nery, embarcação que produz, armazena e transfere petróleo, mais
duas FPSOs serão instaladas no campo para interligar 100 poços nos próximos cinco
anos. A previsão é alcançar, em 2027, um volume de 900 mil barris de óleo equivalente
(boed) na bacia de Campos, com a entrada em produção de três novos sistemas e
investimento em projetos complementares em plataformas existentes. Esse volume
representa cerca de três vezes a produção que a Petrobras atingiria se não tivesse
investido nas novas plataformas e nos sistemas existentes.
A Petrobras era dona da BR Distribuidora que, privatizada em duas etapas na gestão Jair
Bolsonaro, tornou-se Vibra.
A ideia dada por eles a Lula foi a recompra da Vibra. Mas, caso a empresa recuse, a
Petrobras poderia negociar somente a marca BR e partiria para adquirir outra operação
de distribuição, como a da Alesat.
Os bancos querem aumentar o valor das ações da Vibra, que acumula queda nos últimos
doze meses do ano. A Petrobras, com dinheiro em caixa, ampliaria sua atuação no
campo das energias renováveis (a Vibra comprou a Comerc, forte nesse segmento). Para
isso, a estatal tem dinheiro em caixa.
Investidor local reduz pessimismo com ativos brasileiros / Gestores tentam surfar
momento positivo dos juros e do câmbio, mas cautela com o cenário macro e com os
riscos fiscais permanece – Valor 8/5
“Estamos com um problema fiscal seríssimo no curto prazo? Talvez não da forma que o
mercado imaginava na virada do ano. Acho que ganhamos mais alguns anos nessa
frente”, diz Ferman. O executivo enfatiza, ainda, que o ambiente internacional contribui
para visões mais construtivas em mercados emergentes, o que tem apoiado os ativos
locais, “principalmente câmbio e juros; na bolsa nem tanto, até porque o governo
precisa puxar a arrecadação de algum lugar e a bolsa acaba afetada”.
É no mercado de juros reais que está a maior aposta em ativos brasileiros da XP Asset
Management no momento, de acordo com Júlio Fernandes, gestor macro da casa. Ele
relata que a XP Asset tem montado posições compradas em NTN-Bs desde março e que
tem preferência por títulos com vencimento entre três e cinco anos.
Outro aspecto citado pelo gestor é a possibilidade de ganhos com a posição no médio
prazo. Na visão da XP Asset, o novo presidente do BC, que deve suceder Roberto
Campos Neto ao fim do mandato, deve demonstrar alguma preferência por níveis de
inflação um pouco mais elevados e juros nominais mais baixos. “A gente acha que a
nova diretoria do BC, e provavelmente o novo presidente, vão querer trabalhar com
juros reais mais baixos. Vão aceitar trabalhar com uma inflação mais elevada que o
centro da meta.”
Os gestores da família Global Dinâmico, da Itaú Asset Management, têm optado por
atuar taticamente no real, ao mesmo tempo em que seguem com posições aplicadas em
juros nominais e compradas em NTN-Bs.
Bolsa é tratada com ‘otimismo cauteloso’ / Ações locais aparecem um degrau abaixo
dos demais mercados domésticos nas discussões recentes de alocação, dado o
elevado patamar dos juros – Valor 8/5
A bolsa brasileira aparece um degrau abaixo dos demais mercados domésticos nas
discussões recentes de alocação, dado o elevado patamar dos juros. Mas tem crescido,
nas últimas semanas, um discurso “cautelosamente otimista” em relação à renda
variável, na medida em que agentes buscam antecipar o início do movimento de
reversão do ciclo de aperto monetário do Banco Central.
Mesmo sem apoio de ações ligadas a commodities, que sofreram com temores de
recessão global e a reabertura fraca da indústria na China, o Ibovespa avançou 2,50%
em abril e 0,69% na primeira semana de maio, puxado por ações ligadas à economia
local. Vale observar que investidores estrangeiros sacaram R$ 1,68 bilhão do segmento
secundário da B3 no início deste mês, enquanto os institucionais locais e os individuais
têm saldo positivo de R$ 316,6 milhões e R$ 940,6 milhões, respectivamente.
Ricardo Almeida, diretor de renda variável da ASA Investments, afirma que ficou
levemente mais construtivo durante as últimas semanas. O fundo “long only” (que
aposta na valorização das ações em que investe) da gestora opera sem caixa atualmente
e o “long bias” (que faz arbitragem e calibra o tamanho da exposição em bolsa de
acordo com o cenário) tem posicionamento neutro após rodar mais conservador no
início do ano.
“No exterior, a impressão é que o pior passou. O Federal Reserve (Fed) parou de subir
juros e a crise bancária não parece ser importante o suficiente para dragar a economia”,
diz. “Localmente, existia pessimismo com o arcabouço, e, apesar de o projeto
apresentado não ser como o mercado vislumbrava, afasta a tese de descontrole total nos
gastos. Ademais, o petróleo caiu e o real segue se apreciando, o que reduz a pressão
inflacionária.”
Assim, e com uma reversão no ciclo de aperto monetário parecendo menos distante, o
executivo afirma que a relação risco/retorno das ações ligadas à economia local começa
a ficar atraente. “Temos posição relativa grande em ‘small caps’ e gostamos de setores
como construção civil e shoppings.”
“O impacto de uma eventual queda de juros deveria ser significativamente mais alto nas
ações em comparação aos instrumentos de renda fixa, mesmo os atrelados à inflação
com vencimentos longos, pois parte do principal é devolvida ao longo do tempo”, diz o
texto. (Colaborou Gabriel Roca)
A percepção de que mudanças no Focus costumam demorar muito mais para acontecer
do que os preços dos ativos já indicam pode estar, novamente, prestes a ser testada,
justamente no momento em que as discussões sobre o nível dos juros tomam os
holofotes e colocam o Banco Central no centro das discussões. O ponto central dos
debates entre os agentes de mercado recentemente está nos rumos da inflação - mais
precisamente, das expectativas de inflação.
“Se a meta ficar em 3% e as expectativas caírem, por exemplo, para 3,5%, embora elas
permaneçam um pouco distantes do alvo central, elas terão tirado um risco de
desancoragem e de mudança institucional”, diz Rocha. Ele aponta que algumas
pesquisas têm indicado que, no geral, o mercado acredita que o Copom pode começar a
reduzir a Selic mais cedo se a meta for mantida em 3% e se mais tarde houver um
aumento para 4%.
“Se eu tivesse que optar, não mudaria a meta. Deixaria como está, até porque isso
geraria menos ruído, mas a minha sensação é de que não seria o fim do mundo se
tivesse uma alteração agora. A minha percepção é de que esse assunto já está
parcialmente incorporado.”
Com a safra recorde de grãos esperada para este ano e exportações em alta, a renda
agropecuária no Brasil deve atingir R$ 1 trilhão em 2023. O destaque fica com os R$
647 bilhões do setor agrícola. Já a renda do segmento pecuário tende a ficar um pouco
acima de R$ 350 bilhões. As estimativas, da MB Agro, reiteram a importância do
agronegócio para a economia brasileira, com impacto positivo sobre a indústria e os
serviços.
O total da renda agropecuária neste ano ficará muito próximo ao de 2022 - um pouco de
1% menor que o R$ 1,010 trilhão do ano passado, em valores atualizados a preços de
2023. Enquanto a renda agrícola deve crescer 1,6%, a da pecuária vai recuar 5%, nas
estimativas da MB Agro. Em 2019, a renda somada dos dois setores ficou em R$ 698
bilhões. Desde então, o indicador, calculado levando em conta os preços e as
quantidades produzidas pela agropecuária, saltou mais de 40%.
O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, diz que a alta dos últimos anos se
deu por causa do forte choque de preços e do câmbio. “Neste ano não temos esse efeito,
mas temos uma safra muito boa, que ajudará a manter a renda elevada”, diz Vale,
ressaltando a da soja e a do milho. No caso da pecuária, ele atribui a queda da renda a
preços mais moderados num ano de evolução normal da produção.
Nunca houve tantos brasileiros adultos inadimplentes, especialmente aqueles que vivem
em centros urbanos ligados à indústria e à prestação de serviços, que ainda sentem o
baque da pandemia. Em março, na média do País, 43,4% da população com mais de 18
anos de idade tinha deixado de pagar dívidas. É uma marca recorde da série iniciada em
novembro de 2016 pela Serasa, empresa especializada em informações financeiras.
O calote elevado emperra o crescimento da economia - tanto que o tema foi alvo de
várias promessas de campanha dos candidatos à Presidência da República na última
eleição. O lançamento do Desenrola, programa do governo federal de renegociação de
dívidas das pessoas físicas, está atrasado, à espera de soluções para questões técnicas.
Quem liderou o ranking dos Estados mais inadimplentes foi o Rio de Janeiro, com
52,6% da população adulta no vermelho, seguido por Amapá (52,4%), Amazonas
(52,3%), Distrito Federal (51,1%) e Mato Grosso (50,2%). O Ceará, apesar do índice
menor (45%), foi o Estado que mais avançou entre março de 2020 e março de 2023 no
calote: mais de oito pontos porcentuais.
“Estados mais ligados ao setor de serviços, à indústria ou grandes centros urbanos estão
em situação pior”, diz o economista Luiz Rabi, da Serasa. Em março de 2020, o Rio de
Janeiro ocupava a sexta posição no ranking dos mais inadimplentes e hoje está na
liderança.
Além da falta de dinamismo da economia do Rio, sem um setor rural forte ou cadeia
exportadora - exceto o petróleo em alguns municípios -, o Estado depende dos serviços,
especialmente do turismo, que parou na pandemia, diz Rabi. (Márcia de Chiara)
Ele trabalhava como motorista de aplicativo e viu suas despesas com combustíveis e
manutenção do veículo crescerem e as receitas das corridas irem diminuindo. “Comecei
acumular despesas no cartão de crédito, peguei empréstimo no banco para quitar e aí
começou a bola de neve”, conta.
A dívida com o banco, que chegou a R$ 15 mil, Laurentino conseguiu quitar na semana
passada porque voltou a trabalhar com carteira assinada em uma empresa de alarmes.
Estudante de Fisioterapia, agora a sua pendência é com a faculdade, onde acumula
dívida de R$ 8 mil. “Ainda não sentei para conversar com eles, mas pretendo voltar a
estudar em agosto e preciso estar com isso regularizado até lá.”
Michael Burt, economista da LCA Consultores, lembra que desde o início da pandemia
a inadimplência caiu para a mínima histórica porque houve uma grande renegociação de
dívidas e a taxa básica de juros, a Selic, recuou para 2% ao ano. “Houve um
alongamento da curva de dívida das famílias”, afirma.
Ela, que tem 28 anos e vive em Tauá, a 330 km de Fortaleza, está sem pagar
financiamento estudantil desde novembro. Empregada e com renda de R$ 2,5 mil, ela
deve cerca de R$ 6,5 mil e nunca tinha ido parar na lista do calote.
POLO OPOSTO. Enquanto o Rio está no topo da lista do calote, três Estados estão no
polo oposto. Piauí com 36,7% da população adulta inadimplente, é o último do ranking,
superando Santa Catarina (36,7%) e Maranhão (38,4%).
Rabi aponta que os benefícios sociais, tanto do governo federal como programas
específicos dos Estados, como fator de peso para o bom desempenho da inadimplência.
“Até o ano passado, Piauí e Maranhão eram Estados que porcentualmente mais
recebiam benefícios do Bolsa Família.”
Já os motivos que levaram Santa Catarina a estar bem na foto da inadimplência são a
combinação da forte cadeia exportadora ligada ao agronegócio de carnes e aves, com
renda média alta e uma taxa de desemprego que chega a ser a metade da média
nacional. (Márcia de Chiara)
PetroRio negocia compra de participação em petroleira - Por Lauro Jardim- O Globo
7/5
Em sua petição, a Infra destaca que o “desinvestimento tido como premissa para a
aprovação não se concretizou” até o momento e pede que a Compass se manifeste
acerca desse compromisso. No mercado, circulam informações de que Compass e
Mitsui estariam divergindo sobre a cisão dos ativos na região — além da participação
via Commit, a companhia japonesa detém participação direta de 41,5% nas
concessionárias de Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Ceará.
O Palácio do Planalto dá sinais de que manterá sua forma de articulação política com o
Congresso Nacional mesmo após a primeira derrota expressiva do governo Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) na Câmara dos Deputados e diante da crescente pressão por
celeridade na liberação de emendas e nomeações de indicações políticas em cargos do
Executivo.
As emendas parlamentares são recursos para deputados e senadores enviarem para obras
e projetos em suas bases, com ganho de capital político eleitoral —e, por isso, são
usadas como moeda de troca nas negociações.
O próprio presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), além de líderes de partidos que
compõem a base do petista, defendem que o modelo seja mais descentralizado,
permitindo a participação do Legislativo, o que fortalece os líderes e os presidentes da
Câmara e do Senado.
Lula foi eleito presidente contando com uma pequena base de parlamentares de
esquerda no Congresso, cerca de um quarto das cadeiras. Com isso, tem buscado
aproximação e alianças com partidos de centro e de direita, mas há ainda muita
insatisfação e ameaças de rebelião.
Parlamentares criticam, principalmente, a atuação dos ministros Alexandre Padilha
(Secretaria de Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil) na articulação política.
Auxiliares de Lula, no entanto, afirmam que uma reforma ministerial está descartada
neste momento.
O próprio presidente da República sinalizou que não fará mudanças em seu time.
Apesar de ter cobrado Padilha publicamente na quinta (4) durante reunião do
Conselhão, Lula disse neste sábado (6) que "em hipótese alguma" cogita mexer na
equipe.
"O Padilha é o que o país tem de melhor na articulação política", afirmou o presidente
em Londres, onde acompanhou a festa para a coroação de Charles 3º.
"Se tiver desavença em política, tudo se acerta. O mais difícil é ir sempre acertando. São
513 deputados e um só coordenador político. Às vezes pode acontecer um certo
desacordo que vamos acertar. Na política tudo tem jeito. A única coisa impossível é
Deus pecar. O resto, tudo é possível", disse o presidente.
Aliados de Lula afirmam, nos bastidores, que cabe ao Executivo, não aos líderes no
Congresso, a tarefa de formar a sua base política.
Além disso, acrescentam, o petista foi eleito com discurso de dar mais transparência à
negociação envolvendo emendas e cargos, desde sempre o principal procedimento de
negociação entre Executivo e Legislativo.
Aliados do petista também reforçam que isso se dará por meio de diálogo com os
parlamentares. A partir desta semana, serão realizados encontros com as bancadas
partidárias e os respectivos ministros de cada legenda com o presidente.
Segundo auxiliares de Lula, essas reuniões já estavam previstas e deverão ser realizadas
com frequência numa tentativa de aproximar os parlamentares do Executivo. Nelas, de
acordo com relatos, o presidente irá ouvir as demandas e entender como o governo
poderá dar celeridade a elas, além de reforçar os compromissos que já foram firmados,
mas sem que isso ocorra em tom de cobrança.
Nas palavras de um auxiliar de Lula, não se trata de cobrar fidelidade dos partidos, mas
que eles entendam que fazem parte de um projeto de governo e que tem compromisso
com ele.
Ele ressalta ainda que a liberação de emendas está prevista no "cronograma normal",
que já começaram a ser liberadas emendas de exercícios anteriores (inscritas nos
chamados restos a pagar) e que os compromissos assumidos pelo governo ainda na
aprovação da PEC da Transição, em dezembro, serão honrados.
Também está prevista para ocorrer na quarta-feira (10) uma reunião do fórum de
partidos que se definem como progressistas, que reúne presidentes do PT, PV, PC do B,
Rede, PSOL, PDT e PSB, na qual, além de outros temas, serão discutidos a articulação
política e o apoio ao governo.
Como a Folha mostrou, a derrota na última quarta-feira evidenciou, por parte dos
parlamentares, a necessidade de mudança na articulação política no Congresso.
Segundo eles, há uma fila de derrotas a ser aplicada ao Planalto num momento em que
projetos prioritários para o Executivo estão prestes a ser votados, caso das primeiras
MPs (medidas provisórias) do governo e do novo arcabouço fiscal.
Após derrota na Câmara, Lula deixa 'isolamento' e busca diálogo com lideranças
políticas / Até então, o terceiro mandato do presidente estava marcado por uma
rotina de menos encontros, em comparação com seus dois governos anteriores – O
Globo 8/5
Descrito há anos por apoiadores e adversários como “um animal político”, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva tem deixado em segundo plano conversas com lideranças
partidárias e personagens do mundo empresarial, setores com os quais mantinha
contatos permanentes durante seus outros dois mandatos. Para antigos aliados, na
prática, o petista está mais distante da política, e isso se reflete nas dificuldades que o
governo está encontrando para arregimentar uma base sólida no Congresso Nacional.
Nas palavras de um parlamentar que tem relações com o atual presidente há mais de
duas décadas, o “Lula 1 e 2, da conversa, simpático, que abraçava, desapareceu”. Antes,
mesmo fora do Planalto, o petista nunca deixou a articulação política de lado. Ele foi a
campo, por exemplo, para tentar evitar o impeachment da então presidente Dilma
Rousseff, em 2016.
Mudança de hábitos
Em sua nova passagem pelo governo, o petista mudou hábitos. Hoje, evita jantares que
avançam até a madrugada. Nos dois governos anteriores, ele ainda tinha uma rotina de
almoços com líderes partidários, momentos em que, em meio a conversas informais,
exercia o poder de persuasão. Para um auxiliar, diferentemente do passado, Lula até
agora optou por exercer a Presidência no campo da institucionalidade.
O mundo empresarial também tem ficado distante do Planalto. Entre 2003 e 2010, o
presidente costumava receber com frequência representantes dos setores financeiro,
como Luiz Trabuco (Bradesco) e Emílio Botín (presidente mundial do Santander);
industrial, caso de Jorge Gerdau; e do varejo, a exemplo de Abílio Diniz e Carlos
Jeireissati; além de executivos de empresas instaladas no Brasil e do setor da construção
civil.
Desses, apenas Abílio teve uma agenda com Lula, em fevereiro, no Planalto. Nem o ex-
ministro Walfrido dos Mares Guia, que nunca se afastou do petista, mesmo durante a
sua prisão, tem vivido uma rotina de conversas com o presidente. Ele diz que passou os
três primeiros meses do ano fora do país. Desde o começo do mandato, encontrou-se
com Lula apenas na reunião do Conselho Econômico e Social (Conselhão) realizada na
quinta-feira, em Brasília.
— Não tive a oportunidade de solicitar nenhum contato devido ao exíguo tempo em que
estou aqui e ao meu trabalho em São Paulo e em Belo Horizonte. Mas fiquei com a
melhor impressão ao encontrá-lo. Achei que ele está muito bem e superenergizado —
afirmou o ex-ministro.
Hoje, Lula almoça praticamente todos os dias apenas com a primeira-dama, Rosângela
da Silva, a Janja, no Planalto. Na ausência de ministros com liberdade para contestar as
decisões, a grande influência sobre o presidente é, na avaliação de integrantes do
governo, exercida por ela. Pessoas próximas a Janja, porém, relativizam o grau de
ingerência e lembram que até agora a primeira-dama não conseguiu nem montar uma
estrutura formal para a sua atuação no governo. Ela gostaria de comandar o Gabinete de
Ações Estratégicas em Políticas Públicas, vinculado à Presidência. Janja não seria
remunerada pela função.
De acordo com um integrante da equipe de articulação política, Lula não tem feito
reuniões diretas com parlamentares porque hoje, aos 77 anos, não pode seguir uma
rotina de trabalho tão intensa como a de 20 anos atrás. Ressalta ainda que a interação
com o mundo político se dá com convites para que deputados e senadores o
acompanhem nessas viagens, como aconteceu na visita à China.
Rotina no exterior
Auxiliares alegam também que o presidente optou neste início de mandato por priorizar
viagens ao exterior para tentar reconstruir a imagem do país e teve uma dedicação
grande à reorganização de governo por causa da situação deixada por Jair Bolsonaro.
Um outro argumento no entorno de Lula é que não se pode comparar a rotina do
presidente no período de oito anos com a verificada agora em apenas quatro meses.
O avanço do acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul esbarra tanto
em novas condicionantes pedidas pelos europeus como em divergências internas do
governo Lula sobre a necessidade de renegociar pontos específicos do tratado.
Os entraves colocam em risco a promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
de dar um desfecho para as negociações ainda neste ano —desfecho que, na prática, não
depende só de Lula, mas, sim, da aprovação de 31 países membros dos dois blocos.
O próprio chefe do Executivo critica os termos pactuados em 2019 pelo então governo
Jair Bolsonaro (PL). Em janeiro, durante visita do primeiro-ministro da Alemanha, Olaf
Scholz, Lula disse que o texto precisa passar por mudanças. Ele citou as compras
governamentais como ponto central de preocupação, argumentando que elas "fazem
crescer pequenas e médias indústrias brasileiras".
Esse é um tema visto como crucial para o Brasil por corresponder a uma parcela
significativa do PIB (Produto Interno Bruto) do país e por ser o mecanismo pelo qual o
governo pode exercer suas políticas públicas para cumprir objetivos de
desenvolvimento e redução de desigualdades.
Procurada, a pasta disse que, no momento, "realiza uma revisão sobre o acordo que
havia sido iniciado na administração passada".
O argumento encontra eco em outras alas políticas do governo Lula, como o grupo
ligado ao ex-chanceler Celso Amorim –hoje chefe da Assessoria Especial do
presidente– e a Casa Civil. O atual teor do acordo nesse dispositivo afetaria áreas como
Saúde, Educação e Ciência e Tecnologia, que são mais dependentes de políticas
públicas.
As alas mais pragmáticas consideram que o tratado, ainda que insatisfatório e aquém do
esperado pelo governo brasileiro mesmo após ter sido negociado nas duas últimas
décadas, traria benefícios para o país, como uma maior diversificação das exportações.
Também acreditam que uma eventual reabertura do acordo poderia implicar um
prolongamento indefinido das discussões.
Na interpretação de interlocutores do governo, há também maneiras de se chegar a
termos mais favoráveis ao Mercosul usando brechas do próprio texto original. No
quesito das compras governamentais, por exemplo, há um artigo que trata
especificamente de modificações e retificações de cobertura, o que viabilizaria uma
revisão de questões mais incômodas.
A Casa Civil, por sua vez, afirma que, "como órgão responsável pela coordenação de
governo, precisa ouvir as observações e análises em construção pelos diversos órgãos
que estão trabalhando no material do acordo, seus termos, anexos, referências e, agora, a
side letter."
De modo geral, os participantes das conversas veem correntes distintas no país atuando
para influenciar o desfecho do acordo. Uma ala avalia que os termos atuais são
incompatíveis com a agenda do governo Lula. Outra vê espaço para negociar as
condições de forma que se alinhem aos interesses da administração petista, enquanto
alguns atores individuais desejam fechar o tratado de qualquer jeito.
Para a Casa Civil, possíveis divergências entre os ministérios são "naturais e saudáveis".
O ponto final nas negociações, por outro lado, também passa pela reação dos europeus à
contraproposta do Mercosul. Há ceticismo quanto à ratificação da proposta no
Parlamento europeu em meio à resistência de países como França, Áustria e Irlanda.
Um encontro entre as partes está previsto para o fim de maio, em Buenos Aires.
Teixeira diz que Lula anunciará R$ 500 milhões para programa de reforma agrária –
Valor 7/5
Por João Valadares e Rafael Walendorff, Valor — Brasília
Às vésperas da instalação da CPI das invasões de terras rurais dominada pela oposição
na Câmara, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que o
governo irá fazer um programa de reforma agrária “dentro da Constituição” e que
respeite o direito de propriedade privada. Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva vai anunciar esse programa em maio, com orçamento de R$ 500 milhões, fruto de
remanejamentos de outros ministérios, já que o caixa para a reforma agrária estava
esvaziado. “Eu reitero aqui que o governo vai respeitar a Constituição e vai respeitar a
propriedade privada”, afirmou.
Em relação à CPI, Paulo Teixeira questiona qual seria o fato determinado para embasar
sua instalação. “O fato determinado para a CPI que foi pedida no mês de fevereiro são
irregularidades na relação do MST com o governo, mas nós estamos começando um
governo agora. Não temos nenhum convênio. Então, quais irregularidades que possam
existir nessa relação? Nenhuma.”